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TRIBUNAL DE eONT AS DO ESTADO

Processo Te n° 02786/06

Prefeitura Municipal de São José


de Piranhas Prestação de Contas do
exercício de 2005. Emissão de
Parecer Contrário. Imputação de
débito. Aplicação de multa.
Recomendações.

ACÓRDÃO APL - TC)Jl_1l12008

Vistos, relatados e discutidos, os presentes autos do Processo TC N° 02786/06, referente


à Prestação de Contas Senhor José Ferreira de Carvalho, Prefeito do Município de São José de
Piranhas, relativa ao exercício de 2005, ACORDAM os integrantes do Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba, por unanimidade, em sessão plenária realizada hoje, em: a) declarar o
atendimento às exigências da LRF, por parte do Poder Executivo do Município de São José de
Piranhas, exercício de 2005 quanto a: 1) repasse ao Poder Legislativo; 2) publicação dos REO e
RGF; 3) registro das disponibilidades financeiras e restos a pagar; 4) equilíbrio entre receitas e
despesas; 5) despesas com serviços de terceiros; 6) utilização dos créditos adicionais; 7)
arrecadação de receitas tributárias; 8) suficiência financeira para saldar compromisso de curto
prazo; 9) aplicações constitucionais mínimas: 9) gastos com pessoal; 10) montante da dívida
consolidada e o não atendimento quanto a correta elaboração dos demonstrativos fiscais; b) por
maioria de votos, imputar débito ao gestor, no valor de R$ 26.250,00, em decorrência de
despesas não comprovadas com serviços jurídicos; c) conceder o prazo de 60 dias para o
recolhimento aos cofres do Município, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na
hipótese de omissão, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; d) aplicar ao
mesmo a multa de R$2.805,10, nos termos do que dispõem os incisos I e II do art. 56 da
LOTCE; e) assinar ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o recolhimento da
multa, ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do não
recolhimento voluntário, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de
omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; 1) recomendar ao
gestor a observância das normas legais, adotando medidas com vistas a não cometer as falhas
verificadas no presente processo, especialmente no que tange ao controle dos bens patrimoniais e
a estrita observância aos preceitos constitucionais, legais e normativos, em especial, a legislação
referente à Previdência Social, o parecer PN-TC-52/2004 e as Leis 4.320/64 e 101/00, com vistas
à não repetição das falhas cometidas.

Assim decidem, tendo em vista a ocorrência de irregularidades não sanadas pelo


interessado no decorrer da instrução do processo.

A receita arrecadada correspondeu a 99,41% da despesa realizada, não sendo capaz de


ocasionar desequilíbrio financeiro do Ente.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo TC nO 02786/06

Apesar das divergências entre demonstrativos e a falta de algumas informações não terem
influenciado na análise das contas, deve o gestor cuidar para que não haja a repetição das falhas,
demonstrando desta forma a real situação patrimonial da Prefeitura.

Tocante às obrigações patronais previdenciárias, foram recolhidas apenas R$ 388.883,10


quando o devido seria de R$ 847.473,69, ou seja, o município recolheu apenas 45,89% do que
deveria, que corresponde a apenas 9,63% da folha, quando o correto seria 21 %, permanecendo a
irregularidade. Mesmo se se considerar o parcelamento ocorrido em 30 de março de 2007, no
total de R$ 249.603,90, referente ao exercício em análise, permanece ainda o valor de R$
301.446,85, que deveria ser recolhido. Quanto à parcela dos empregados, o mesmo ocorreu, o
repasse feito ao INSS foi de R$ 183.501,65, enquanto o valor retido dos servidores foi de R$
291.082,21.

No que diz respeito ao não recolhimento, junto ao INSS, das contribuições


previdenciárias incidentes sobre os serviços diversos prestados à Prefeitura, a irregularidade não
se insere entre àquelas previstas no Parecer Normativo 52/04, que levam o Tribunal a decidir
pela reprovação das contas, pois, o contrato entre a Prefeitura e o prestador de serviço não
configura vínculo empregatício. Cabe, no entanto, comunicação ao INSS, com vistas à adoção
das medidas cabíveis ao caso.

Em relação aos juros pagos, em decorrência de parcelamento de débitos previdenciários,


o Relator entende quer não cabe imputação de débito ao gestor, como sugere a Auditoria.

Quanto às despesas pagas e não comprovadas, no valor de R$ 526,69, referentes ao INSS,


não está devidamente demonstrada nos autos a falta de comprovação.

No tange às despesas com locação de veículos, no total de R$ 370.239,55, a Auditoria


entendeu que, pelo elevado gasto, houve desrespeito ao princípio da economicidade, já que, com
os valores despendidos somente com locação de veículos (R$ 129.750,00), daria para adquirir
quatro carros populares. Em sede de análise de defesa, o órgão técnico permaneceu com o
entendimento pela irregularidade, tendo em vista falhas nas licitações e devido a alguns contratos
terem sido realizados com pessoas que não eram proprietárias dos veículos. O Relator considera
elevado tal gasto, com indício de irregularidade, no entanto, não existe qualquer denúncia quanto
a estas despesas, e, em nenhum momento, a unidade técnica de instrução apontou sobre-preço
nos valores pagos ou que os serviços não haviam sido realizados. Imputar débito ao gestor de
todo o valor pago, como quer a Auditoria, com fundamento no princípio da economicidade ou
falhas em licitação realizada, entende, o Relator, que é temerário.

No tocante às despesas com advogados, no total de R$ 62.250,00, com a defesa


apresentada, ficou comprovada a atuação do advogado Damião Cavalcanti de Lira,
permanecendo, ainda, segundo a Auditoria, sem comprovação, a atuação dos causídicos Marcos
Antônio Souto Maior (R$ 12.000,00) e Josias Gomes dos Santos Neto (R$ 14.250,00) e do
Escritório de Advocacia e Assessoria Jurídica Nobel Vita (R$ 16.000,00). Em relação ao
Escritório Nobel Vita, a Unidade Técnica não aceitou os argumentos da defesa de que tal

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Processo Te n° 02786/06

juízo, não caberia ao município o pagamento desses gastos. O Relator aceita os argumentos da
defesa, quanto às despesas com este Escritório, uma vez que, pelos nos presentes autos, está
comprovada sua atuação, quando elaborou defesa escrita, em mais de uma oportunidade, para
presente prestação das contas. Em relação aos demais causídicos, não há qualquer comprovação
dos serviços prestados, inclusive, não houve nem citação dos mesmos na defesa apresentada.
Portanto, deve ser glosada a despesa no valor de R$ 26.250,00.

No que tange à licitação, a Prefeitura realizou procedimento licitatório para aquisição de


medicamentos junto à firma Francisca Rosilene Pereira, no valor de R$ 19.624,55, tendo
adquirido, durante o exercício, o montante de R$ 54.989,33. Todavia, as aquisições efetuadas,
além do valor licitado, foram realizadas no período de abril a dezembro de 2005, não atingindo,
o valor de cada aquisição, o limite de dispensa.

Em relação aos gastos com ações e serviços público de saúde, com a defesa apresentada,
o percentual passou de 13,23% para 13,32%, ainda abaixo do mínimo de 15%. Nos cálculos
efetuados pela Auditoria, já estão incluídas as despesas com obrigações patronais e aquelas
referentes aos restos a pagar quitados no primeiro trimestre de 2006, até o limite das
disponibilidades financeiras. No tocante aos precatórios, não se pode excluir o valor gasto da
receita base, vez que o valor previsto no orçamento superou o que foi despendido durante o
exercício.

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