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(começo: 26/10/08 3:00)

Essa história é baseada em


fatos fictícios.
Qualquer semelhança com a
realidade é meramente
coincidência.
Obs.: não é coincidência a
grande maioria dos números
aqui presentes somarem, ou
quando juntados, dão 6, 9,
13 ou 23. Como também não
é coincidência haver um
ritual na página 43.
São apenas fatos!!!

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PREFÁCIO

13–12–1990 08:50 am

De nuvens densas e escuras, uma forte chuva


caia, com uma manhã fria, de 13º C, numa cidade
com cerca de treze mil habitantes no interior do
Paraná, nascia uma criança que este mundo
encarregará de cuidar. Assim como seus passos
serão monitorados pelo ser mais duro e rigoroso
existente no mundo. O DESTINO.
Na sala de cirurgia, um parto perigoso e
arriscado tanto para mãe quanto para o bebe. O
feto estava sendo estrangulado pelo cordão antes
mesmo de nascer. O parto deveria ser normal, mas
o risco era enorme.
– Não dá! Temos que fazer cesárea! Assim
tiraremos o bebe com segurança. Sem riscos de
perdermos a paciente!
Na sala ao lado, Iracema e Ângelo, os pais de
Ana, e alguns irmãos, esperavam ansiosos por
notícias. Até que um grito horrível foi ecoado pelos
corredores do hospital.
– Ah, Deus! Ajude minha filha! Te peço, por
tudo que é mais sagrado! – Implorava Iracema.
Mas era quase impossível ter qualquer tipo de
esperança. Os gritos ecoavam no ar. Momentos de
terror. Até que tudo ficou em silêncio, quando um
choro o irrompeu. O médico aparece para dar a
notícia.
– O bebe nasceu sadio. Um belo menino. Parto
normal, a mãe passa bem.
O choro percorreu a sala. Iracema, apesar de
idosa e uma grave doença na perna, ajoelha e
começa a orar, muito emocionada. José, o pai da
criança, que ficou fora do hospital para não
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transmitir nervosismo chega correndo na sala e
recebe a notícia e cai aos prantos.
A partir deste momento, o Destino se
encarregará de manipular a criança, como
manipula todos neste mundo. A criança mal sabia
que para continuar viva, seria preciso manipular
toda e qualquer coisa que ele virá a ver. Deveria
ser mais esperto que o próprio Destino e até
mesmo que a própria Morte. A partir de agora, ele
estava correndo contra o relógio.
Sua jornada começou!

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CAPÍTULO 1 – UMA NOVA CIDADE

08–12–1991

A cidade inteira ainda comenta sobre o


nascimento de Rafael e do caso que Ana teve com
um andarilho chamado José, e que desse amor,
nasceu o fruto. Envergonhada e não aguentando
mais bárbaros comentários, Ana briga com a
família e resolve sair da cidade. Resolve recomeçar
num lugar onde não houvesse gente que os
conhecesse.
A cidade a que se referia era a muitos
quilômetros dali. Seu Ângelo ia quase direto fazer
frete para este lugar desconhecido. Um pouco de
seus irmãos também estavam residindo nessa
cidade.
– Mais pai, não tenho mais o que fazer aqui,
pai. Todo mundo me olha como se eu fosse uma
espécie de prostituta por fazer o que fiz. Não quero
que meu filho cresça ouvindo isso. Eu quero sair
daqui.
– Filha! Este lugar é longe de mais. É uma
viagem muito longa. Mais de dez dias de viagem. É
uma tortura pra você e para meu neto.
– Pai! Se você não me levar, eu pego carona
com outra pessoa qualquer.
O pai já sabendo do que a filha era capaz de
fazer, se viu obrigado a levá-la.
*****
Após seis dias de viagem, por sinal muito
desgastante, todos estavam bem. Rafael adorou
entrar no caminhão. Quase não dormia de tão
elétrico que ficava. Não passava fome, pelo
contrário, Ana até ficava perplexa em ver como

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comia de tudo. Não relutava nada. Comia mais que
qualquer outro no caminhão.
– Que bebezinho mais fofinho. – Dizia Ana.
– É bom ver que ele passa bem nessa viagem.
Muita gente morre fazendo esse percurso. Dos
mais experientes caminhoneiros até as mais
atrevidas pessoas que querem vir apenas para
uma vida nova.
Mais uma noite chegando, o sol abandonando
tudo e indo clarear a outra parte do mundo. E mais
uma vez a lua sorrindo no céu limpo e estrelado.
Seu Ângelo encostou o caminhão à beira de
uma árvore enorme, que se diz ser uma
Castanheira. Tudo à volta escuro, exceto pela
fogueirinha acesa próximo ao caminhão.
Já jantados, iam dormir.
– Boa noite pai.
– Boa noite, filha. Cadê o Rafael?
– Não está com o senhor? O senhor o pegou
após comer.
– Não! Eu o entreguei... Por Deus... Está na
árvore...
Ambos descem depressa para alcançar Rafael.
Um pouco depois da árvore havia um grande
precipício e Rafael estava indo em direção a ela. O
pânico enche o ar. Rafael achando engraçado um
pequeno grilo que o levava para o precipício.
Desesperados, começam a correr para agarrá-lo
antes que seja tarde...
Em cima da hora, o pai de Ana agarra a frauda
da criança e o puxa com força para longe do
precipício. Ana, às lágrimas, agarra Rafael como se
fosse um brinde e o abraça com muita força. O pai
todo sujo, a camisa rasgada, os abraça também.
Não foi dessa vez...

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Após o susto e mais dois dias de viagem,
finalmente chegam à fronteira entre Mato Grosso e
Rondônia. Não havia como falar “que lugar bonito”.
Do mesmo jeito que estava há oito dias atrás na
estrada estava agora. Muito mato, floresta
fechada, insetos, a estrada era uma piscina de
lama, água amarela e alguns caminhões atolados e
abandonados. Uma estrada sombria, não havia
mais ninguém, totalmente esquecida por tudo e
por todos.
– Bom. Chegamos perto do fim. – Seu Ângelo
tentou animá–la.
– Fim?!? Fim do mundo? Fim dos tempos? Que
lugar é esse?
– Rondônia! Aonde eu venho fazer fretes, onde
alguns de seus irmãos moram. É aqui.
– Puxa! Confesso que estou surpresa!
– Todos ficam com a primeira vez! Afinal, é um
território que em parte ainda não é de ninguém.
Quem chega, toma posse, e quem quer tomar,
morre!
– Inspirador... – há sarcasmo na voz de Ana. Ta
certo que ela queria sair do Paraná, mas, chegar a
esse ponto, não passava pela sua cabeça.
A viagem continua mais para dentro do novo
estado. Mais um dia de viagem e chegam a Rolim
de Moura. Uma micro cidade coberta de poeira,
não tinha nem dois quilômetros de extensão.
– É aqui, filha. Rolim de Moura. Dizem que há
muitos projetos para a cidade. Dizem que é pra ser
a capital do estado. Cidade de exemplo de
organização e crescimento.
– To vendo a organização espalhada no ar!
Quanta poeira, hein!
Só havia uma grande rua que saia de uma
ponta e ia a outra ponta da cidade. Às margens,
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muitas casas aglomeradas e feias, comércios de
madeira, uma farmácia que mais parecia o antro
das infecções e pessoas mal encaradas e
rabugentas.
Seu Ângelo virou às esquerdas na primeira
entrada que se dizia ser uma rua. Mais à frente,
havia algumas casinhas de madeira e muito mato.
Seu Ângelo virou à direita e parou frente a uma
casa de madeira, que não parecia aconchegante. A
buzina do caminhão é acionada. Ninguém sai da
casa. Mais uma vez o barulho da buzina. Então,
para a surpresa de Ana, sua irmã Mara sai de
dentro da casa. Reconhece o caminhão de seu pai
e corre para o portão.
– Pai! Eu não acredito que você chegou!
– Olha quem veio também. Ana e Rafael, seu
filho.
– Ana!? Meu Deus! Ana!
As duas se abraçam, se beijam, se apertam.
– Entrem!
A casa não era lá grande coisa. Tinha uma
pequena semelhança com a casa de sua mãe no
Paraná. Fresca, um pouco confortável, mas a
alegria de ver a irmã, não deixou Ana ver os
detalhes.
– O que você veio fazer nesse fim de mundo?
– Cansei de ficar lá no Paraná. Não aguentei a
pressão. E como você está?
– Quase não há o que fazer aqui. Meu marido
está na floresta arrancando árvores pra vender. E
eu fico aqui, nessa casa olhando o movimento,
tentando dar uma limpeza, mas a poeira é
tamanha! Olha só. O céu fica vermelho de tanta
poeira. Os outros estão bem também, esperem até
eles ficarem sabendo que vocês chegaram. E mãe,
como ta? A ferida está melhor?
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– Sim. Está um pouco melhor. Ela está bem.
Está com saudades de você, mandou eu te abraçar
bem pra matar a saudade.
– E esse toquinho de gente, essa coisinha mais
fofinha que eu já vi. Que lindinho.
– Fez um ano na estrada. Acredita que ele
comeu mais que eu na viagem. Minha irmã! Que
fome que ele tinha.
– Que bom! Se você soubesse o que passei pra
chegar até aqui. Mas graças a Deus cheguei bem.
Bem de mais, diria.
Ali, dias se passaram. Anos se foram. O tempo
correu. Dificuldades foram superadas. Rafael foi
crescendo, tudo mudando, a cidade ficando cada
vez maior, se desenvolvendo de forma rápida e
precisa.

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