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TERRA LIVRE

PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

BOLETIM Nº13 OUTUBRO DE 2009

- POR UMA ECOLOGIA SOCIAL

- ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E POBREZA

- LAGOA DO FOGO: USAR E DEITAR FORA?

- DESABAFO: A VIDA É TÃO EFÉMERA

- 4 DE OUTUBRO, DIA MUDIAL DO AIMAL

- ESTE MÊS AJUDE A SALVAR UM CAGARRO


POR UMA ECOLOGIA SOCIAL

Texto de : Murray Bookchin sistema competitivo. O que esta em discussão não


é simples questão de moralidade, de psicologia ou
A partir de um diagnostico social e político das de voracidade. Num mundo em que cada qual esta
causas dos problemas ecológicos, Murray reduzido ao papel de comprador ou de vendedor,
Bookchin traça neste artigo os contornos do que em que toda empresa deve se expandir dentro de
possa ser um desenvolvimento integral de homem um contexto económico de aves de rapina, o
e comunidade dentro de uma sociedade crescimento ilimitado é inevitável. Adquire a
descentralizada. Importante pensador da inexorabilidade de um a lei física que funciona,
Ecologia Social, Bookchin ressalta ainda as independente das intenções individuais, das
diferenças entre uma visão ecológica radical e o propensões psicológicas, das considerações éticas.
que chama de "primitivismo" e "tecnicismo".

Não é possível, actualmente, considerar os


problemas ecológicos como marginais, sem
importância e ate burgueses. Os dados sobre o
aumento da temperatura do planeta devido a
crescente taxa de gás carbónico na atmosfera - o
conhecido efeito estufa -, o descobrimento de
buracos na camada de ozono, fenómeno atribuído
ao uso imoderado de clorofluorcarbono, que
permite a penetração das radiações ultravioletas, a
contaminação da água potável, do ar, dos oceanos
e alimentos, a extensa eliminação de florestas
pelas chuvas acidas e cortes indiscriminados, a
disseminação de material radioactivo ao longo da
cadeia alimentar...Tudo isso proporcionou a Quais são as causas de nossos problemas
ecologia uma importância que jamais teve no ecológicos?
passado. A sociedade actual esta destruindo o
planeta a níveis tais que superam a capacidade de Atribuir a culpa de nossos problemas ecológicos a
auto-saneamento da Terra. Estamos nos tecnologia, a mentalidade tecnológica ou a
aproximando do momento em que o planeta não explosão demográfica é incoerência. A tecnologia
poderá manter a espécie humana, nem as - a ma tecnologia, como os reactores nucleares -
complexas formas de vida que se desenvolveram amplifica problemas existentes; porem, de per si,
através de milhões de anos de evolução orgânica. não os produz. O aumento da população é relativo,
se é que seja um problema. Os demógrafos (os que
Frente a este cenário catastrófico, apresenta-se o estudam estatisticamente as populações nos seus
risco de querermos eliminar os sintomas em vez aspectos de natalidade, migrações, mortalidade,
das causas, e de que pessoas ecologicamente etc.) ha muito tempo já sabem que o que faz as
comprometidas pretendam soluções parciais e não estatísticas crescerem são a pobreza material e a
respostas duradouras. O avanço dos movimentos ruína cultural, e não as melhores condições de
verdes, pôr todo o mundo, confirma a existência vida. Na verdade não sabem quantas pessoas
de um novo impulso para as pessoas ocuparem-se poderiam viver decentemente no planeta sem
concretamente do desastre ecológico. Porem, se provocar transtornos ecológicos. Os Estados
torna cada vez mais clara a necessidade de algo Unidos, na última metade do século XIX,
mais fundamental do que um impulso. Ainda que exterminaram milhares de bisões, vastas áreas de
seja importante deter aglomerações urbanas, uso florestas primitivas, e todo esse prejuízo
de substancias químicas mortíferas na agricultura aconteceu com a população inferior a cem milhões
e industria alimentar, é necessário estar convicto de habitantes, e com a tecnologia muito atrasada
de que as forcas que conduzem a sociedade para a para os níveis actuais.
aniquilação planetária tem suas raízes numa
economia de mercantil de "crê ou morre", num
modo de produção que deve se expandir enquanto
Na realidade, não era a tecnologia e a pressão completamente absorvida pôr ele. Refiro-me a
demográfica que operavam quando aconteceu esse mentalidade estruturada em termos da hierarquia e
grande drama de exploração. O praga que afligia o domínio, na qual a dominação do homem pelo
continente americano era mais devastadora que homem deu origem a concepção de que dominar a
uma invasão de gafanhotos. Era uma ordem social natureza fosse o destino e inclusive a necessidade
que se deveria citar em cerimoniais: capitalismo, da humanidade. O fato de que o pensamento
em sua versão privada no Ocidente e em sua ecológico começou a difundir a ideia de que esta
forma burocrática no Leste. Eufemismos como concepção é perniciosa, certamente é
sociedade tecnológica ou sociedade industrial, reconfortante. Pôr outro lado, ainda não se
termos tão confundidos na literatura ecológica compreendeu claramente como surgiu essa
contemporânea, tendem a mascarar, com concepção, porque existe e como pode ser
expressões metafóricas, a brutal realidade de uma eliminada. Devemos explorar as origens da
sociedade predatória. Com isso distraímos nossa hierarquia social e da opressão, se quisermos
atenção de uma economia estruturada sobre a encontrar uma solução para a destruição da
competição. ecologia. É fato que a hierarquia em todas as
formas - domínio do ancião sobre o jovem, do
Tecnologia e industria são representados como os homem sobre a mulher, do homem em forma de
protagonistas perversos desse drama, no lugar do subordinação de classe, de casta, etnia ou de
mercado e da ilimitada acumulação de capital, que quaisquer outras possíveis estratificações de status
consubstanciam um sistema de crescimento social - não foi identificada como um âmbito de
(acumulação) que pôr fim deglutira toda a domínio muito mais amplo do que o domínio de
biosfera. classe. Esta tem sido uma das falhas cruciais do
pensamento radical. Nenhuma libertação será
completa, nenhuma intenção de criar uma
harmonia entre os seres humanos e entre a
humanidade e a natureza poderá jamais ter êxito
enquanto não sejam erradicadas todas as
hierarquias, e não só das classes, todas as formas
de domínio, e não somente da exploração
económica.

A Concepção de Ecologia Social

Estas idéias constituem o núcleo essencial de


minha concepção de ecologia social contidas no
livro "Ecology of Freedom". Tenho afirmado com
muito cuidado o uso que faço do termo social,
quando trato de questões ecológicas, para
introduzir outro conceito fundamental: nenhum
dos principais problemas ecológicos que
enfrentamos hoje pode ser resolvidos sem uma
profunda mudança social. Esta é uma ideia cujas
implicações não foram plenamente assimiladas
pelo movimento ecológico. Levada a conclusão
lógica, significa que não se pode pensar em
transformar a sociedade presente gradativamente
com pequenas mudanças. Estas são freadas que
podem apenas reduzir a louca velocidade com a
Os problemas da Hierarquia e da Dominação qual a biosfera é destruída. Certamente, devemos
ganhar o maior tempo que pudermos para evitar a
Aos enormes problemas sistémicos criados pôr destruição, entretanto o biocidio prosseguira a não
essa ordem social devemos agregar os enormes ser que possamos convencer as pessoas de que é
problemas sistémicos criados pela mentalidade necessária uma mudança radical e que nos
que começou a se desenvolver muito antes do organizemos para tal fim. Deve-se aceitar que a
nascimento do capitalismo e que foi
actual sociedade capitalista precisa ser substituída naturais, frequentemente com acentos racistas que
pôr aquela que chamamos de sociedade ecológica, cheiram a fascismo.
isto é, uma sociedade que implique nas radicais
mudanças sociais indispensáveis para eliminar os Por outro lado, esta em vias de construção um
abusos ecológicos. mito tecnocrático, segundo o qual a ciência e a
engenharia resolveriam todos os males ecológicos.
A Sociedade Ecológica Como nas utopias de H.G. Welles, afirma-se que é
necessária uma nova elite para planificar a solução
Devemos reflectir e debater profundamente sobre da crise ecológica. Fala-se de exigência de maior
a natureza dessa sociedade ecológica. Ela não centralização do estado que desaguaria na criação
devera ter hierarquia, nem classes, nem o conceito de um Mega-Estado, em paralelo com as
de domínio sobre a natureza. Pôr isso não multinacionais. E como a mitologia se tornou
podemos de deixar de revalorizar os fundamentos popular entre eco-misticos, entre os sustentadores
do eco-anarquismo de Kropotkin e os grandes de um primitivismo em versão ecológica, do
ideais iluministas (razão, liberdade, força mesmo modo e teoria sistêmica se tornou muito
emancipadora dos ensinamentos) levados a frente popular entre eco-tecnocratas, entre partidários do
pôr Malatesta e Berniere. Os ideais humanistas futurismo, em versão ecológica. Em ambos os
que direccionaram os pensadores anarquistas de casos, os ideais libertários do iluminismo - sua
um certo tempo devem ser recuperados em sua valorização da liberdade, do conhecimento, da
totalidade, e transformados na forma de um autonomia individual - são negados pela
humanismo ecológico que encarne uma nova sistemática pretensão de jogar-nos a um passado
racionalidade, uma nova ciência, uma nova obscuro, mistificado e sinistro, ou de catapultar-
tecnologia. nos como mísseis num futuro radiante, porem
igualmente mistificante e sinistro.
Os motivos que me levaram a acentuar os ideais
iluministas libertários não foram os meus gostos e
minhas predilecções ideológicas. Tratam-se, na
realidade, de ideais que não podem deixar de ser
levados em conta pôr qualquer pessoa
comprometida ecologicamente. Em todo mundo
aparecem inquietantes alternativas aos
movimentos ecológicos. Pôr outro lado, esta se
difundindo, na América do Norte assim como na
Europa, uma espécie de enfermidade espiritual,
uma atitude contra iluminista. Com o nome de
retorno a natureza, evocam-se atávicos
irracionalismos, misticismos, religiosidades
declaradamente pagas. Culto das divindades
femininas, tradições paleolíticas, rituais
ecológicos vão se formando em nome de uma
nova espiritualidade. Esse retorno do primitivismo
não é um fenómeno inócuo. Frequentemente esta
embebido de um pérfido neo-malthusianismo, que
substancialmente propõe deixar morrer de fome de
preferência as vitimas do Terceiro Mundo, com a
finalidade de diminuir a população. A Natureza,
afirmam, deve estar livre para continuar o seu
curso. A fome não é causada pelos problemas
agrários nem pelo saque das grandes empresas,
nem pelas rivalidades imperialistas, nem pelas
guerras civis nacionalistas, e sim pela A Ecologia que Defendo
superpopulação. Deste modo os problemas
ecológicos são esvaziados de seu conteúdo social A ecologia social, como a pretendo, lança
e reduzidos a mística interacção das forcas mensagem que não é primitiva nem tecnocrática.
Tenta definir o posto da humanidade na natureza -
posto singular e extraordinário - sem cair no potencialidade humana de dar autodirecao
mundo tecnológico cavernicular, pôr um lado, e consciente seja enorme, devemos entretanto
sem voar para fora do planeta com astronaves e recordar que somos ainda sub-humanos.
estações orbitais de ficção científica. Sustento que
a humanidade é parte da natureza ainda que dela Nossa espécie está dividida antagonisticamente:
difira profundamente pela capacidade que tem de pôr idade, género, classe, renda, etnia, etc. Falar
pensar conceitualmente e se comunicar de humanidade em termos zoológicos como fazem
simbolicamente. A natureza, pôr outro lado, não é tantos ecologistas, inclusive tratando as pessoas
simplesmente uma cena panorâmica para ser vista como mera espécie e não como seres sociais que
passivamente através da janela. É o conjunto da vivem em complexas criações institucionais e não
evolução, a evolução em sua totalidade, em primitiva região selvagem, é ingenuamente
precisamente como o indivíduo é sua biografia pôr absurda. Uma humanidade iluminada, junta para
completo, não uma simples soma de dados se aperceber de suas plenas potencialidades, em
numéricos que indicam seu peso, altura, uma sociedade ecológica harmoniosa, e somente
inteligência e assim sucessivamente. Os seres uma esperança, um dever ser e não um ser.
humanos não são apenas uma de tantas formas de
vida, uma forma meramente especializada para Como será possível conseguir as transformações
ocupar um dos tantos nichos ecológicos do mundo que proponho? Não acredito que elas possam
natural. São seres que, pelo menos acontecer através do aparato estatal, isto é, um
potencialmente, poderiam fazer a evolução biotica sistema parlamentar. Minha experiência com o
auto consciente e conscientemente dirigida. Com movimento parlamentar alemão me clarificou que
isso não quero afirmar que a humanidade não o parlamentarismo e moralmente daninho e
chegue a ter nunca um conhecimento suficiente da corrupto. A representação dos verdes no
complexidade do mundo natural para poder tomar Bundenstag confirmou, nesses últimos tempos,
o timão da evolução natural e dirigi-la segundo meus piores temores: sua maioria realista e
sua vontade. Pelo contrario, minhas reflexões favorável a participação da Alemanha na OTAN e
sobre a espontaneidade apontam para sugerir sustenta uma forma eco-capitalista incompatível
prudência nas intervenções sobre o mundo natural com qualquer aproximação radical da ecologia.
e sustentar que se deve modifica-lo com grande
cautela. Porem, como argumentei em "Thinking Outro dado importante: o parlamentarismo
Ecologically", o que verdadeiramente nos faz invariavelmente mina a participação popular na
únicos, singulares no esquema ecológico das política, no sentido que foi atribuído a esta palavra
coisas, e que podemos intervir na natureza com durante séculos. Para os antigos atenienses, a
um grau de auto-consciencia e de flexibilidade palavra política significava gestão da polis
desconhecidos de todas as outras espécies. (cidade) pôr parte dos cidadãos em assembléias,
mulheres, estrangeiros e escravos estavam
excluídos. Também é verdade que eram os
cidadãos ricos os que dispunham de recursos
materiais e gozavam dos privilégios negados aos
cidadãos pobres.

A ecologia radical não pode ser indiferente à


realidade material da vida humana, não pode ser
indiferente às relações sociais nem as económicas.
O delicado equilíbrio existente entre o uso da
tecnologia com finalidade de libertação e seus
usos com fins destrutivos para o planeta é matéria
de juízo social, porem um juízo que vem
incessantemente ofuscado quando ecologistas sui
generis denunciam a tecnologia como um mal
Que possamos actuar de modo criativo ou irrecuperável ou a exaltam como uma virtude
destrutivo constitui o maior problema que indiscutível. Os místicos e tecnocratas têm uma
devemos enfrentar em toda reflexão sobre nossa importante característica em comum: não se detêm
interacção com a natureza. Ainda que nossa para examinar a fundo a questão ecológica, nem
projectam a lógica para além das mais elementares "The Rise of Urbanization and Decline of
e simples premissas. Civilizenship" (Sierra Club, 1987). Pôr polémico
que possa parecer na Europa, porem menos nos
Uma ova Política EUA, creio na possibilidade de uma confederação
de municípios livres como contra poder de base
Uma nova política deveria, segundo minha que se oponha a crescente centralização pôr parte
opinião, implicar na criação de uma esfera publica do Estado-nação. Neste terreno, uma política
de base extremamente participativa a nível da ecológica e possível e coerente com uma ecologia
cidade, do povoado, da aldeia, do bairro. O concebida como o estudo das comunidades
capitalismo produziu tanta desestruturação dos humanas/não humanas. A ecologia não e nada se
laços comunitários quanto a devastação do mundo não se ocupa da interacção entre as formas de vida
natural. Em ambos os casos, nos encontramos para construir comunidades e desenvolverem-se
frente a simplificação das relações humanas e não como comunidades.
humanas, sua redução as mais elementares formas
interactivas e comunitárias. Entretanto, onde Para todos, Anarquismo.
existirem ainda laços comunitários e justamente ai
que devem ser cultivados e desenvolvidos. Estudei Fonte:
este tipo de política comunal (repito: entendo http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/ecosoci
política no sentido helénico, não no significado al/02porumaecosocial.htm
actual que designo com estatal) em meu livro

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E POBREZA

As mudanças climáticas poderão aumentar a pobreza nos países em


desenvolvimento

Texto: Por Henrique Cortez, do EcoDebate, com Purdue University

Pesquisas recentes demonstram que o desenvolvimento. De acordo com o estudo, os


aquecimento global e as mudanças climáticas trabalhadores urbanos em Bangladesh, México e
terão severos impactos na agricultura e na Zâmbia foram identificados como os que estão
disponibilidade hídrica, o que, por sua vez, expostos ao maior risco potencial.
afetarão a segurança alimentar em escala global.

Nesta hipótese, os trabalhadores urbanos dos


países em desenvolvimento seriam os mais
afetados com a elevação dos custos dos alimentos,
como ficou demonstrado na crise alimentar de
2008.

Agora, um novo estudo [Climate Volatility


Deepens Poverty Vulnerability in Developing
Countries] de pesquisadores da Purdue
University, quantifica os efeitos do clima sobre as
populações pobres do mundo.

Os pesquisadores examinaram a influência


econômica potencial de eventos climáticos
extremos, tais como ondas de calor, secas e
chuvas intensas, sobre 16 países em
“Eventos climáticos extremos afetam a períodos de tempo. Os experimentos climáticas
produtividade agrícola e podem aumentar o preço globais modelo desenvolvido pelo Painel
dos alimentos básicos, como grãos, que são Intergovernamental sobre Mudança Climática, ou
importantes para as famílias pobres nos países em IPCC, foram utilizados para as projeções futuras
desenvolvimento”, diz Noah Diffenbaugh, o de eventos extremos.
professor e diretor interino do Climate Change
Research Center, da Purdue University. “Estudos De acordo com os pesquisadores, ondas de calor e
mostraram que o aquecimento global irá secas no Mediterrâneo mostraram um potencial de
provavelmente aumentar a freqüência e 2.700% e 800%, respectivamente, de aumento na
intensidade de ondas de calor, secas e inundações ocorrência e o aumento de precipitação extrema
em muitas áreas. É importante compreender quais no sudeste da Ásia foi projetado para um aumento
grupos sócio-econômicos e países poderão sofrer potencial de 900 %”.
mudanças nos índices de pobreza, a fim de tomar
decisões políticas”. Além disso, Sudeste da Ásia apresentou um
aumento projetado de 40% na magnitude das
A equipe utilizou dados do final do século 20 e piores chuvas; África Central, mostrou um
projeções para o final do século 21 para aumento de 1.000% na magnitude da pior onda de
desenvolver uma estrutura que examinou o risco calor e no Mediterrâneo a projeção indica um
de eventos climáticos extremos e seus potenciais aumento de 60% na pior seca.
choques na produção de grãos, identificando o
impacto sobre o número de pessoas pobres em Grandes reduções de produtividade de grãos,
cada país. devidas a eventos climáticos extremos, são
suportadas por dados históricos. Em 1991, a
“A alimentação é uma despesa significativa para produtividade de grãos no Malawi e na Zâmbia
os pobres e, enquando aqueles que trabalham na diminuiu cerca de 50% em razão de uma grave
agricultura até poderiam ter algum benefício com seca.
o aumento dos preços de grãos, os pobres urbanos
só teriam os efeitos negativos”, diz Thomas
Hertel, diretor executivo do Center for Global de
Purdue Trade Analysis. “Este é um dado
importante, uma vez que a ONU preve um
contínuo aumento nos processos migratórios, da
população das zonas rurais para áreas urbanas, em
praticamente todos esses países em
desenvolvimento.”

Com cerca de 1 bilhão de pobres que vivem no


mundo com menos de 1 dólar por dia e os eventos
extremos podem ter um impacto devastador sobre
eles

“Bangladesh, México e Zâmbia apresentaram o


maior percentual da população reduzida à
pobreza, na sequência de uma seca extrema, com Os dados da pesquisa amplificam as questões
um adicional 1,4%, 1,8% e 4,6%, expostas pela crise alimentar de 2008. A crise
respectivamente. Isso se traduz em um adicional alimentar atual é causada pela conjunção de
de 1,8 milhões de pessoas pobres em Bangladesh fatores associados: especulação agrofinanceira,
e no México e meio milhão de pessoas na aumento artificial do preço das commodities,
Zâmbia”. fatores climáticos adversos, consumo e
desperdício obscenos, agricultura intensiva e
A equipe identificou a precipitação máxima, secas asfixia da agricultura familiar, entre outros.
e ondas de calor para períodos de 30 anos, em
1971-2000 e 2071-2100 e, em seguida, O aumento dos preços dos alimentos, no início de
compararam os valores máximos para os dois 2008, chegou a desencadear motins e revoltas
populares em vários países. Um relatório do Esta e outras pesquisas sugerem que os sistemas
Banco Mundial, em 2007, constatou que 74% dos agrícolas serão seriamente afetados pelo
pobres do mundo pertencem ao setor rural aquecimento global nas próximas décadas. Se
agrícola, que é muito dependente do clima, de nenhuma medida de adaptação for tomada, até
terras marginais (áreas agrícolas subtilizadas ou de 2030 o aumento das temperaturas e o declínio das
pequeno valor) e ameaçado por secas. É por isto chuvas em regiões do planeta que sofrem com a
que os elevados preços dos alimentos, combinado insegurança alimentar provavelmente reduzirão a
com as secas endêmicas, ameaçam a vida de produção de cultivos essenciais para as
centenas de milhões de pessoas, especialmente na populações dessas áreas, o que pode diminuir
África.[in Desertificação, a degradação dos solos e ainda mais a disponibilidade de comida [in
a seca ameaçam a produção de alimentos, Mudanças climáticas podem reduzir
aumentando a crise global da fome]. disponibilidade de alimentos do mundo até 2030].

Em muitos países – em especial na África e na A insegurança alimentar é hoje a mais gritante,


Ásia –, o potencial de crise é maximizado pelos abjeta e desnecessária realidade mundial. Com as
“grandes interesses econômicos internacionais” mudanças climáticas atingirá a escala de uma crise
(entenda-se os países economicamente humanitária em escala global.
desenvolvidos), que não têm o menor escrúpulo
em especular, em manipular os preços das O artigo “Climate Volatility Deepens Poverty
commodities e em incentivar a substituição da Vulnerability in Developing Countries”,de Syud A
produção de alimentos pela de agrocombustíveis. Ahmed, Noah S Diffenbaugh and Thomas W
Afinal, se os países economicamente Hertel, foi publicado na Environmental Research
desenvolvidos já não se importam com a fome de Letters, Volume 4, Number 3, July-September
800 milhões de indivíduos, porque se importariam 2009, doi: 10.1088/1748-9326/4/3/034004
com a fome de 1 bilhão e meio?

Populações expostas à pobreza nos países em desenvolvimento.

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2009/08/27/as-mudancas-climaticas-poderao-aumentar-a-pobreza-nos-
paises-em-desenvolvimento/
LAGOA DO FOGO: USAR E DEITAR FORA?

Texto: T.B.

Criada a 15 de Abril de 1974, ao abrigo da Lei nº - A implantação da Central Geotérmica da


9/79, a Reserva Natural da Lagoa do Fogo tem Ribeira Grande;
assistido ao longo dos tempos a um conjunto de - A tentativa de ajardinar e plantar
atropelos à sua integridade enquanto área ornamentais na encosta Sul, por parte dos Serviços
destinada prioritariamente à salvaguarda dos Municipais de Ponta Delgada;
ecossistemas, características naturais ou espécies - O pastoreio por cabras e as queimadas
de flora e fauna. provocadas por cabreiros;

Não sendo exaustivos, registamos aqui alguns Se é certo que algumas das acções mencionadas
exemplos: ocorreram num período em que ainda se
“acreditava” que os recursos da Terra eram
- A plantação de extensas matas de ilimitados e não havia uma forte consciência e
criptoméria; conhecimento ambientais, sendo portanto de
- A apanha de “leiva” para o cultivo do algum modo “compreensíveis” ou “toleradas”,
ananás; também é certo e inadmissível, mesmo à luz da
- Associada à extracção de leiva, a legislação de protecção daquela área protegida,
propagação das espécies exóticas e invasoras que, recentemente, se autorize a replantação com
como a Clethra arborea, Leycesteria formosa, a criptoméria da área que entretanto está a ser
conteira, a silva, o pica-rato e o gigante. cortada nos últimos anos.
- A plantação de vastas áreas de eucaliptos
na encosta Sul; Também é inadmissível que se tenha deixado à
sua sorte um conjunto de plantas infestantes,
algumas delas introduzidas inconscientemente por educação ambiental, através da implantação de
organismos oficiais, que paulatinamente têm pelo menos uma ecoteca por concelho
vindo a alterar a paisagem do local. Felizmente, (investimento anual de cerca de um milhão de
nos últimos meses notamos que tem havido algum euros) foram colocadas no caixote do lixo da
trabalho de combate às infestantes, mas muito Secretaria Regional do Ambiente e do Mar
ainda há por fazer… (consulte-se: Fórum 2013. Açores ilhas de Futuro,
p. 19).
Então, o que é preciso ser feito?
Este não é o local, nem pretendemos perder tempo Numa altura, em que o objectivo principal é “fazer
enunciando um conjunto de medidas, que são por dinheiro”, não respeitando os outros seres,
demais conhecidas de todos, tendentes a combater humanos ou não, uma possível aposta na
todos os males de que padece aquele e outros massificação das visitas no interior na Reserva
espaços protegidos dos Açores, como a Natural poderá constituir um perigo acrescido que
monitorização, a implementação de um sistema de terá de ser evitado. Estamos em perfeita
vigilância, etc. concordância com Aldo Leopold quando no seu
livro Pensar como Uma Montanha (tradução
Pelo contrário, aproveitamos para reafirmar que a portuguesa de A Sand County Almanac), escrito
grande aposta dever ser na educação ambiental e na década de 60 do século passado, considerou
esta quanto a nós tem sido descurada. Basta desequilibrado “um sistema de conservação da
vermos que nos programas eleitorais dos grandes natureza baseado apenas no interesse económico
partidos que concorrem às próximas eleições próprio” porque tendia a “ignorar, e por isso
legislativas nenhuma palavra há sobre o assunto e eventualmente a eliminar numerosos elementos da
que entre nós, parece que a mesma terá os dias comunidade da terra desprovidos de valor
contados. Com efeito, todas as promessas feitas, comercial, mas que são (tanto quanto sabemos)
pelo partido que suporta o governo, de reforço da essenciais para que ela funcione saudavelmente”.

DESABAFO…

A vida é tão efémera…


A vida é tão efémera…
Num instante surgimos,
Uns fruto de um grande amor, outros do acaso…
Num ápice desaparecemos,
Um a um ou numa extinção global…

E o que deixamos para trás?


Paz… harmonia… um mundo lindo,
Ou um planeta destruído?
Sedento das suas florestas outrora verdes, hoje de cimento e metal…
Do seu azul mar e rios de águas transparentes, agora lamacentos e contaminados…

Tudo isto porquê?


Não seremos capazes de viver em harmonia com a natureza?
Não é da nossa natureza…
O Homem desde os primórdios que mata para caçar…
Destrói por guerras insípidas…

A vida é tão efémera…


Será que vale a pena tudo isto?

EMCAL
4 DE OUTUBRO, DIA MUDIAL DO AIMAL

Desafio aos Candidatos e às Candidatas às Câmaras Municipais de São Miguel

companhia (cães e gatos) que são anualmente


abandonados. Que medidas irão tomar para
reduzir aquele número?

2- Como é do conhecimento público estão longe


de ter terminado os maus tratos aos animais.
O que pensam fazer para que os seus
munícipes passem a melhor respeitar os
animais?

3- Como é de todos conhecido as touradas não


constituem qualquer tradição a ilha de São
Miguel e em nada contribuem para educar os
cidadãos e as cidadãs para respeitar os
animais, para além de causarem maus tratos
Desde 1930, em vários países do mundo, o dia 4 aos animais e porem em risco a vida das
de Outubro é dedicado aos animais. Neste dia, são pessoas. Vão apoiar, com dinheiros públicos,
homenageados os nossos amigos animais que, ou promover touradas no seu concelho?
infelizmente, continuam, ainda hoje, a ser
desrespeitados por muitos humanos. 4- Os canis municipais na maior parte dos casos
não passam de depósitos de animais. Que
Nós, grupo de cidadãos e cidadãs residentes em actividades pensam fazer para dinamizar o
São Miguel, neste dia 4 de Outubro de 2009, canil e alterar a situação actual?
apelamos, aos futuros autarcas a eleger nas
próximas eleições, para que tomem medidas para 5- Considerando que as questões do bem-estar
que num futuro próximo os direitos dos animais animal/ direitos dos animais devem ser
sejam devidamente respeitados.
resolvidos em conjunto com a comunidade,
Além disso, embora a questão do bem-estar que pensam fazer para envolver as pessoas do
animal e dos direitos dos animais seja da seu concelho?
responsabilidade de toda a sociedade, desafiamos
os candidatos e as candidatas às Câmaras Ponta Delgada, 4 de Outubro de 2009
Municipais de São Miguel a, publicamente, (texto subscrito por um grupo de
responderem às seguintes questões: residentes na ilha de São Miguel, Açores)

1- Um dos problemas existentes em alguns


concelhos é o do número de animais de
ESTE MÊS AJUDE A SALVAR UM CAGARRO

O cagarro é uma ave oceânica que vem a Sendo os Açores uma das zonas mais
terra apenas durante a época de reprodução. Este importantes no que respeita à reprodução dos
período decorre entre Março e Outubro altura em cagarros é muito importante que um máximo de
que as crias já suficientemente desenvolvidas aves seja salva para que o nível populacional da
partem com os seus progenitores em direcção ao espécie se mantenha.
mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e
regressando apenas no próximo ano. Se encontrar durante o dia um cagarro
devolva-o ao mar. Se o encontrar à noite
A sua partida realiza-se de noite e muitas recolha-o, de preferência numa caixa fechada
delas são atraídas pelas luzes das nossas vilas e (de papelão), não tente alimentá-lo e devolva-o
cidades, acabando por cair em terra e sendo-lhes ao mar logo na manhã seguinte.
neste caso impossível voltar a levantar voo se não
forem ajudadas.

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