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A escola por seu turno não pode negar que pela organização sequencial das tarefas
e aprendizagens se inscreve num quadro global de taylorismo, isto é no âmbito
organizacional do trabalho em empresa. A Escola demonstra, no mínimo, a sua
cedência ao taylorismo e comportamentalismo, lógicas dominantes no mundo
capitalista numa perspectiva de rentabilidade.
4. Antipatia pelo ensino de conteúdos: "os factos não contam tanto como a
compreensão", "os factos ficam desactualizados", "menos é mais", "aprendizagem
para a compreensão".
6. Crítica do uso da memória e recusa das actividades de repetição, tidas como não
significativas, portanto inúteis.
7. Defesa da ideia falsa de que as crianças só compreendem o que lhes está próximo
e o que é concreto e manipulável.
O Jad, comentador regular do ProfBlog, deu um contributo com o texto que se segue.
Convido-o a dar continuidade ao debate.
Mas, penso que, uma vez que todo o trabalho pedagógico e educativo se faz numa
língua e recorre à linguagem, o grande problema está no domínio da língua e da
linguagem. Ou seja, o sucesso/insucesso, quer dizer, a eficácia/ineficácia do
ensinar e do aprender tem que ter em consideração o domínio da língua e da
linguagem em que se ensina e se aprende. Mas também acho que George Steiner tem
razão quando diz que, mesmo que os alunos não percebam tudo o que o professor diz,
se recorrer a conhecimentos rigorosos e saberes importantes o efeito neles
provocado é sempre muito importante para os alunos.
O que o eduquês trouxe foi a deslocação do ensinar para o aprender e, com ele,
a produção de mil e um documentos que mostrassem o que e como se aprende.
Jad
A caracterização do eduquês
"Onde o eduquês cai, cresce a burocracia."
Esta frase é epigramática e diz muito sobre essa vulgata nascida nas cada vez mais
desertificadas Licenciaturas em Educação dos moribundos departamentos de ciências
da educação de algumas Universidades e ESE's.
Quer dizer, tal como na produção económica, o ensino heterónomo torna os meios no
seu próprio fim, perdendo-se de vista o objectivo que seria suposto servir – a
aprendizagem, o saber, autonomia, a liberdade e responsabilidade das crianças e
adolescentes. Pior ainda, com a preocupação burocrática da ocupação dos
professores em trabalho heterónomo e contraprodutivo (improdutivo mesmo)
desperdiçam-se recursos humanos valiosos assim atolados em burocracia cujo
resultado não é senão dar a impressão perante a opinião pública que agora, sim, os
professores trabalham e logo (subentenda-se) os alunos aprendem!
Sei de uma escola cujo lema é: “Se não sei onde quero chegar, qualquer caminho é
um caminho válido”.
É uma escola com história, devidamente institucionalizada, com uma identidade
muito forte. Não, não tem projecto educativo. Ali vigora uma Compromisso Educativo
onde se evidencia claramente a sua Missão, Visão, Princípios e os Valores.
O sentido de pertença de cada membro conduz à naturalização do conceito de
comunidade educativa e à celebração de rituais e cerimónias que reflectem os
valores próprios da organização.
A “prestação de contas” está sempre presente e o grau de satisfação do cliente é
medido com regularidade.
É uma escola que tenta promover o progresso de todos os alunos em todos os
aspectos do seu rendimento e aproveitamento mas que reconhece que o sucesso ou
insucesso das aprendizagens depende em larga escala do domínio da língua materna e
das competências comunicativas.
É uma escola onde os professores procuram ensinar e os alunos tentam aprender. Os
alunos compreendem, memorizam, relacionam e aplicam factos e conhecimentos na
resolução de problemas.
É uma escola onde os alunos são obrigados a pensar antes de agir! Aprendem a
aprender mas aprendendo sempre alguma coisa!
Equipas pedagógicas acompanham e monitorizam a evolução dos alunos e promovem
mecanismos conducentes a graus crescentes de autonomia perante o estudo e perante
a vida.
A liderança está perfeitamente legitimada. E porque tem uma visão sistémica da
realidade, o director aproveita as pequenas margens de uma autonomia ministerial
para inovar, fugindo à submissão de decisões centralistas absurdas.
Sim, sim… os resultados são bons.
Eduquês… não sei o que isso é!
António Cardoso