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DRELVT – Turma 1 - Práticas e modelos na auto-avaliação das

Bibliotecas Escolares
3ª Sessão - Tarefa 2

1 - O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria.


Conceitos implicados.

O presente Modelo pretende dotar a escola de um instrumento que


permita aos órgãos de gestão e ao professor bibliotecário (PB) avaliar o
impacto do trabalho desenvolvido pela BE nas aprendizagens dos alunos e
no funcionamento global da escola, identificando pontos fortes e pontos
fracos de forma a ajustar/melhorar as suas práticas.
Este modelo assenta nos seguintes conceitos:

• Valor - avaliação centrada nos resultados (outcomes)/mais-valia em


detrimento dos processos e dos recursos (inputs). Não são os
processos, as acções e intenções que colocamos no funcionamento da
BE que interessam, mas o seu resultado, o valor que acrescentam nas
atitudes e competências dos utilizadores.
• Processo – a auto-avaliação entendida como um processo
pedagógico e regulador que conduza à reflexão e à mudança de
práticas.
• Factores Críticos de Sucesso – identificação de pontos fracos e
fortes na sequência da recolha de evidências, partindo de um quadro
referencial que o Modelo aponta.
• “Evidence-Based practice (evidência baseada na prática) –
prática sistemática de recolha de evidências.
• Pesquisa-acção – estabelece a relação entre os processos e o
impacto ou valor que produzem, sendo que o processo contempla:
identificação do problema, recolha de evidências, avaliação e
interpretação das evidências recolhidas, orientação de futuras acções.

2 - Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as


bibliotecas escolares.

Tendo em conta o actual contexto educacional português, onde se


acentuou o protagonismo das BE, bem como todo o trabalho desenvolvido
no âmbito da Rede de Bibliotecas Escolares, a implementação do Modelo de
Auto-avaliação das BE é, não só um processo natural, como necessário.
Assim sendo, este modelo permite dotar as escolas/ bibliotecas de um
quadro referencial e de um instrumento que lhes permite a melhoria
contínua da qualidade, partindo da recolha sistemática de evidências (auto-
avaliação sistemática) que nos guiará no caminho a seguir.

A Literatura Internacional na área das bibliotecas escolares é clara em


identificar o impacto positivo das bibliotecas na aprendizagem e no sucesso
educativo dos alunos.

3 - Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos.

O Modelo de Auto-avaliação organiza-se em quatro domínios:


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Gina Mª Carreira Nicolau Rodrigues – ES c/ 3 º Ciclo do EB de Matias Aires
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Bibliotecas Escolares
3ª Sessão - Tarefa 2

A. Apoio ao Desenvolvimento Curricular


A.1 Articulação curricular da BE com as estruturas pedagógicas e
os docentes
A.2. Desenvolvimento da literacia da informação
B. Leitura e Literacias
C. Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à
Comunidade
C.1. Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de
enriquecimento curricular
C.2. Projectos e parcerias
D. Gestão da Biblioteca Escolar
D.1. Articulação da BE com a Escola/ Agrupamento. Acesso e
serviços prestados pela BE
D.2. Condições humanas e materiais para a prestação dos
serviços
D.3. Gestão da colecção/da informação

Podemos agrupar estes domínios em três áreas:



• Integração na escola e no processo de ensino/ aprendizagem
 - Integração institucional e programática, de acordo com os
objectivos educacionais e programáticos da escola;
 - Desenvolvimento de competências de leitura e de um programa
de Literacia da Informação, integrado no desenvolvimento
curricular;
 - Articulação com departamentos, professores e alunos na planificação
e desenvolvimento de actividades educativas e de aprendizagem;

• Acesso. Qualidade da Colecção.


 - Organização e equipamento de acordo com os standards
definidos, facultando condições de acesso e de trabalho
individual ou em grupo;

 - Disponibilização de um conjunto de recursos de informação, em


diferentes ambientes e suportes, actualizada e em extensão e
qualidade adequadas às necessidades dos utilizadores;

• Gestão da BE

 - Afectação de um professor bibliotecário qualificado e de uma


equipa que assegure as rotinas inerentes à gestão, que articule e
trabalhe com a escola, professores e alunos.

 - Liderança do professor bibliotecário e da equipa.

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 - Desenvolvimento de estratégias de gestão e de integração da


BE na escola e no desenvolvimento curricular.”

Estes domínios são identificados por estudos internacionais como


essenciais ao desenvolvimentos da BE, e assentam no reconhecimento de
que esta dispõe não só de um conjunto de equipamentos e recursos, sendo
também um espaço formativo e de aprendizagem.

4 - Integração/ Aplicação à realidade da escola.

O modelo indica o caminho, a metodologia, a operacionalização, no


entanto a melhoria contínua da qualidade exige que a escola no geral, e a
equipa da BE em particular, estejam preparadas para a aprendizagem
contínua.

A integração do Modelo de Auto-avaliação da BE na minha escola será,


igualmente, um processo natural que irá de encontro a uma prática já
instalada de avaliação sistemática dos diferentes sectores, tendo,
inclusivamente, sido criada há alguns anos uma Comissão de Avaliação
Interna.

O Modelo deverá constituir-se como um instrumento aglutinador da


escola em torno da sua BE, uma vez que a sua implementação contribuirá
para uma reflexão colectiva e participada em torno da sua acção e dos
respectivo impactos nas aprendizagens.

No entanto, não será um caminho fácil já que se trata de um modelo


complexo, que implica mudanças significativas nas rotinas de todos, e que
se traduz num aumento substancial do volume de trabalho. Tal facto, num
contexto de profundas mudanças no funcionamento das escolas poderá ser
um obstáculo à implementação do modelo, para já não falar da reconhecida
resistência do ser humano à mudança.

5 - Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na sua aplicação.

De acordo com Tilke (1999), o professor bibliotecário deve evidenciar as


seguintes competências:
a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição;
b. Ser proactivo;
c. Saber exercer influência junto de professores e do órgão directivo;
d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros membros da comunidade
educativa;
e. Ser observador e investigativo;
f. Ser capaz de ver o todo - “the big picture”;

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g. Saber estabelecer prioridades;


h. Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade;
i. Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;
j. Saber gerir recursos no sentido lato do termo;
k. Ser promotor dos serviços e dos recursos;
l. Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de
apoiar e contribuir para as aprendizagens;
m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola.
n. Saber trabalhar com departamentos e colegas.”

Tais competências só poderão ser implementadas por um PB com uma


capacidade de liderança forte capaz de motivar e envolver os diferentes
intervenientes em todo o processo, assumindo o papel de actor principal na
escola (central players in our schools), como diz Mike Eisenberg. Para tal,
segundo o mesmo autor, é possível criando e manipulando programas de bibliotecas
(“creating and managing exemplary library programs”), garantindo que, a gestão, os
professores e os pais, compreendam que bibliotecas com programas eficazes são essenciais
para incentivar a aprendizagem dos alunos, sendo para tal preciso desenvolver uma
estratégia simples que passa por:

• articular uma visão e agenda (Articulate a Vision and Agenda) –


resumida na declaração Information Power (ALA, 1998) em que o
programa da biblioteca assegura que os estudantes são utilizadores
eficazes de ideias e informações, sendo que o PB é considerado
sobretudo um professor de literacia da informação, devendo
desempenhar esse papel em articulação com os outros professores.
Assim sendo, como parceiro, o bibliotecário escolar deve juntar-se com
os outros professores, para identificar as ligações entre as
necessidades de informação do estudante, os conteúdos curriculares,
os resultados da aprendizagem, e uma grande variedade de
informação impressa e não impressa, nomeadamente recursos
electrónicos. Como administrador do programa, o PB trabalha em colaboração com os
membros da comunidade para definir políticas e gerir as actividades relacionadas com a BE.
Tal exige competências no uso da informação e das tecnologias da informação, na capacidade
de fornecer o conhecimento, visão e liderança, ser capaz de planear, executar e avaliar o
programa regularmente e em níveis diferentes. Esta visão tem um impacto directo na
aprendizagem dos aluno.
• ser estratégico (Be Strategic) - a implementação do programa exige
duas características essenciais a uma boa gestão: pensamento
estratégico e planeamento estratégico. O pensamento estratégico está
relacionado com a abordagem dos problemas e oportunidades, sendo
que o sucesso começa com a atitude. Assim, uma atitude positiva gera
resultados positivos. Bibliotecários escolares bem sucedidos são
frequentemente caracterizados por uma atitude positiva. O planeamento
estratégico implica uma abordagem de sistemas (olhar para uma organização em termos de
inputs, processos e outputs), análise e planeamento, e execução e documentação dos
resultados. Uma abordagem de sistemas significa olhar para uma organização em termos de
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entradas (inputs), processos (processes) e resultados (outputs). Por exemplo, os inputs


referem-se aos recursos, nomeadamente às tecnologias da informação, instalações e
orçamento. O processo transforma os inputs em outputs. Os outputs são os serviços que o
programa oferece a estudantes e professores. Os processos, por sua vez, incluem a análise,
tomada de decisão, estratégias de implementação, planeamento, gestão e comunicação.
• comunicar continuamente (Communicate Continuously) – o sucesso da
implementação do programa da biblioteca implica uma comunicação permanente do PB com a
comunidade escolar, encontrando-se regularmente com os diferentes intervenientes,
nomeadamente aproveitando as novas tecnologias para o fazer (ex: criação de uma página
Web).

No que ao Modelo de Auto-avaliação concretamente diz respeito ele


será implementado num período de quatro anos, pelo que deverá ser
faseado por etapas. Assim, o PB deverá seleccionar o domínio a ser objecto
de avaliação em cada um dos anos, até o referido ciclo se completar. Cada
etapa, por sua vez, compreende :
• Identificação de um problema ou de um desafio;
• Recolha de evidências;
• Interpretação da informação recolhida;
• Realização das mudanças necessárias;
• Recolha de novas evidências acerca do impacto dessas mudanças.

Os resultados da avaliação deverão ser partilhados com a Escola (Director,


Conselho Pedagógico, ...) devendo os mesmos ter impactos no processo de
planificação e na gestão.

Em jeito de conclusão, poderemos dizer que a avaliação não é um fim


em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar informação de
qualidade capaz de apoiar as tomadas de decisão. Deste modo a informação
resultante do processo de auto-avaliação das BE terá um valor estratégico
fundamental para a escola.

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