Professional Documents
Culture Documents
Amor-te
Paulo Ribeiro
Azul e Vermelho - as cores
E o meu espanto...
Parvo!
Podia até ser. Mas o que ía sabendo era que cada pessoa
tinha a sua história para contar.
E quando não havia uma luz azul que fosse entre os bafos
de fumo que se moviam com o passar de um outro autotanque que
ligava as sirenes bem alto já fora do largo em direcção ao
próximo combate e embate com as labaredas. Com o vermelho.
E quando não havia uma luz sequer azul que não se via no
meio do nevoeiro de mata queimada e a vaguear por ali sem
destino, como se fosse mesmo ficar por ali sem que nem o vento o
quisesse levar, os sinais de chamamento nos rádios dos outros
carros, piquetes ou de comando onde as portas não se fechavam-
nem valia a pena, o calor e o fumo eram tudo o que havia no ar,
e os apitos entre chamadas via rádio feitas sem que ninguém
tivesse mais a coragem de responder. Como se fosse uma questão
de coragem. Como se fosse preciso ter coragem para tomar conta
de uma criança ou para se ser criança por vezes. Como se fosse
preciso coragem para por vezes amar o combate às chamas e não só
porque ali não havia mais ninguém que não pudesse ajudar.
E depois voltavam...
- Pereira!
- Quanto é?
- Quanto é?
- Não.