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Mateus 26:63-65
Q
uando Jesus afirmou que ele é o "caminho, a verdade e a vida" (João 14:6)
e que ninguém chega até Deus a não ser através dele, ele estava
conscientemente dando início a uma luta sem tréguas no mundo.
Embora Jesus, também chamado O Príncipe da Paz, tenha afirmado que veio ao
mundo para que tenhamos vida e, ao partir para junto do Pai tenha deixado com
os seus seguidores a sua paz (João 14:27) , ele deixou claro, em Mateus 10:35-
37, que para que haja paz e vida verdadeiras no mundo, é necessário antes que
seja feita a distinção entre os filhos de Deus e os filhos do mundo:
Obviamente Jesus não estava com isto autorizando que seus seguidores
declarassem guerras santas contra os infiéis, nem qualquer tipo de perseguição
aos seus opositores. Ele apenas afirmou que essa distinção seria feita
naturalmente, através da livre escolha de cada um, pois quem não toma a sua
cruz e não o segue não é digno dele (Mateus 10:38).
Na realidade, Copérnico nunca foi perseguido pela igreja. Giordano Bruno foi
condenado à morte, mas não por questões de disputa entre suas idéias
científicas e a teologia da igreja, mas sim por heresia, conforme afirma o
historiador Thomas Kuhn: “Bruno não foi executado por causa do
copernicanismo, mas por causa de uma série de heresias teológicas que se
centravam em sua visão da trindade.”
A maioria das pessoas discute religião como discute filosofia,ou seja, com base
em um conhecimento apenas superficial. Poucos são os que se dão ao trabalho
de aprofundar o conhecimento das diversas religiões e da história do
cristianismo. A ignorância espiritual do homem o leva instintivamente a
repudiar a idéia da hegemonia cristã. Independentemente do conflito ideológico
causado pelo evangelho cristão, que aponta as tendências naturais humanas,
produzidas pelo egocentrismo e pelo hedonismo como frontalmente contrárias à
salvação espiritual, o homem sempre julgou absurda a noção da existência de
uma verdade absoluta. Assim, a hegemonia cristã, inerente à sua própria
doutrina, é sempre vista com antipatia pelos adeptos de outras religiões e
também por aqueles que afirmam não professar religião alguma.
Segundo estas religiões, Cristo foi apenas mais um entre os grandes mestres
espirituais que vieram ao mundo ensinar aos homens um único caminho de
realização espiritual. Isso não é verdade. O caminho que Jesus mostrou aos
homens é essencialmente diferente de todos os outros caminhos espirituais
ensinados pelos mentores espirituais das religiões do mundo. Na verdade, Jesus
não ensina um caminho espiritual, mas ele disse que ele próprio era o caminho e
que nenhum homem poderia chegar a Deus a menos que fosse levado por ele
(João 14:6). Isto significa que mesmo que um dos grandes mestres espirituais
do mundo houvesse ensinado exatamente a mesma mensagem de Jesus, ainda
assim este ensinamento não poderia salvar um único de seus discípulos.
Somente Jesus tem o poder não só para ensinar, para curar e para libertar da
escravidão do mal, mas acima de tudo, tem o poder para perdoar os pecados e
para salvar os quebrantados, porque só ele é o Salvador.
Cristo afirma que apenas aquele que crê nele pode ser salvo. Isto significa que
não podemos, por nossos próprios atos, conquistar a nossa realização espiritual;
mas que apenas pela graça de Deus, através do sacríficio vicário de Jesus,
podemos receber a salvação e nos realizarmos espiritualmente. Este é um
conceito totalmente estranho a todas as outras religiões; que afirmam que o
indivíduo deve construir, através de suas obras e da devoção a seus deuses, o
caminho de sua própria realização espiritual. Fica claro portanto que a idéia de
que todos os caminhos levam a Deus é absurda. Ou é Cristo que reconcilia o
homem com o Criador ou são as religiões do mundo que conduzem o homem a
Deus. Esta é uma conclusão que produz uma grande tensão existencial, cultural
e até mesmo política e por isso a ideologia humanista que rege o mundo prefere
ignorá-la, insistindo na isonomia das doutrinas religiosas.
Esta atitude conciliadora, ecumênica e universalista entretanto não subsistirá
por muito tempo. Cristo demanda de cada homem uma decisão, um
posicionamento com relação à sua vida espiritual. Não existem posições de meio
termo, a escolha é clara: com Cristo ou contra Cristo, como ele afirmou: "Quem
não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha." (Mateus
12:30). Crer que Jesus é o único caminho para Deus implica crer na Bíblia, de
forma integral. Não se pode crer em algumas coisas que estão escritas nela e não
em outras. Não se pode mutilar o Evangelho como fazem várias doutrinas
espiritualistas e ecumênicas. Ou cremos que Deus é poderoso o bastante para
preservar a integridade de sua mensagem ao longo dos séculos, apesar da
interferência humana, ou vamos nos tornar ateus, agnósticos ou o que é
pior,buscar falsos caminhos espirituais ou ainda, como fazem muitos, inventar o
nosso próprio Deus e a nossa própria religião.
O Reino de Deus já chegou ao mundo e no fim dos tempos o anjo do Senhor fará
a colheita e a separação entre o joio e o trigo. Os cidadãos do Reino de Deus
reinarão com Cristo, mas os cidadãos do mundo perecerão, por sua própria
escolha, com o Príncipe deste mundo.