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Nunca se falou tanto sobre ele no Oriente. Nunca se leram tantos livros seus no
Brasil. Afinal, o que o pensamento desse monge tibetano tem de tão
especial?
Karen Gimenez
Ele tem o riso fácil, a cabeça raspada, usa óculos enormes e veste sempre um manto
amarelo e vermelho. Calça humildes chinelos de dedo mesmo diante dos mais
poderosos chefes de Estado. É alegre e curioso. Demonstra querer saber tudo como se,
aos 66 anos, ainda fosse uma criança descobrindo o mundo. Inquire seus circundantes a
todo o momento. Como se todas as pessoas lhe interessassem. Seu nome é Tenzin
Gyatso. Mas você pode chamá-lo de Dalai Lama.
Para os adeptos do budismo em suas mais diversas ramificações, ele é a Sua Santidade.
Corresponderia à figura do Papa na Igreja Católica. A grande diferença é que, quando
um Papa morre, seu substituto é eleito. Quando o Dalai morre, a cúpula do budismo sai
pelo mundo em busca da sua reencarnação em um bebê que tenha nascido, no máximo,
alguns anos depois da morte do seu antecessor.
Identificado por meio de uma série de longos testes nos quais precisa reconhecer objetos
pessoais do último Dalai Lama em meio a bugigangas comuns, o futuro Dalai passa a
morar em um mosteiro onde, desde criança, é educado para a função que vai assumir
aos 18 anos. Ao entrar no templo, tem seu nome mudado. Tenzin Gyatso, por exemplo,
nasceu Lhamo Thondup.
Quanto ao Dalai Lama, nome que significa "Oceano de Sabedoria", acredita-se que ele e
os seus 13 antecessores são reencarnações de um desses budas, Avalokiteshvara,
conhecido como o Buda da Compaixão. O título de Dalai Lama foi concedido pela
primeira vez em 1578, pelo príncipe mongol Altan Jan, à terceira reencarnação do Buda
da Compaixão. O agraciado foi o abade Gedun Drub, um difusor do budismo que
recebeu o título postumamente, junto com seus antecessores, o primeiro e o segundo
Dalai Lama.
Eis o que o Dalai significa para os budistas. Para os chineses, no entanto, ele
é simplesmente uma pedra no coturno. E, para ocidentais devoradores de pizza como
você e eu, ele é uma figura simpática, talvez um pouco exótica, que só agora
começamos a conhecer melhor.
Exilado na Índia desde 1959, quando a China invadiu o Tibete (veja quadro na pág.
YY), o Dalai atrai multidões onde quer que vá. Ele mora em Dharamsala, uma cidade ao
norte do continente indiano. Trata-se de uma comunidade fundada nos anos 60 pelos
refugiados tibetanos e por monges budistas. Hoje, ela abriga cerca de 100 000 pessoas.
Foi nessa cidade, que se apresenta como a sede do governo do Tibete no exílio, que o
Dalai Lama promulgou a última constituição tibetana, em 1963. Ele vive atualmente em
um mosteiro, que também funciona como um centro de estudos filosóficos e religiosos,
onde alguns estrangeiros passam temporadas fazendo pesquisas.
Um desses estrangeiros foi a jornalista Lia Diskin, uma argentina que mora há 30 anos
no Brasil, onde ajudou a fundar e dirige o Centro de Estudos Filosóficos Associação
Palas Athena, em São Paulo. Em Dharamsala, em 1984, ela conheceu o Dalai Lama e
acabou organizando suas duas visitas ao Brasil.
O Dalai viaja muito e acaba ficando pouco tempo em Dharamsala. As visitas ao Brasil
foram agendadas com mais de dois anos de antecedência. Num dia, suas palavras
encontram milhares de pessoas no Vale do Silício, o cérebro eletrônico da indústria
tecnológica americana. No dia seguinte, ele conversa com comunidades isoladas nas
montanhas do Nepal.
A primeira parte da resposta está no fato de que a maioria das sociedades ocidentais está
vivendo um processo de mudança antropológica: de uma cultura mais materialista,
imediatista e individualista para uma outra mais espiritualizada, mais holística, mais
solidária. Isso explica em parte a evidência que o Dalai Lama e suas idéias vêm
ganhando no Ocidente nos últimos tempos. A segunda parte tem a ver com o teor
mesmo da sua mensagem e pode ser resumida em duas palavras: simplicidade e lógica.
Para o Dalai, tudo é muito simples. Estar no mundo é fácil, viver é descomplicado.
Segundo ele, ninguém precisa sair em peregrinação ou praticar mendicância para se
tornar um ser humano melhor. Em sua filosofia, que tem muito menos a ver com
religião do que com um manual de condutas éticas para viver e deixar viver, de modo a
que cada um possa se inserir harmonicamente no meio dos outros, a verdadeira
transformação espiritual do indivíduo está nas pequenas e fundamentais atitudes do dia-
a-dia, independente do credo, do estilo de vida, das preferências sexuais ou políticas que
se possa ter.
Quem for assistir a uma de suas conferências achando que vai escutá-lo falando das
vantagens de se converter ao budismo perderá a viagem. O Dalai deixa muito claro em
seus discursos que cada um deve seguir a fé que escolher. Ou até mesmo nenhuma, caso
lhe pareça mais conveniente. A devoção das pessoas, ao contrário da esmagadora
maioria dos líderes religiosos, é o que menos interessa ao Dalai, segundo ele mesmo
diz. Quem já assistiu a uma de suas palestras sabe que o eixo básico do seu discurso é a
universalidade dos conceitos. Para ele, há alguns valores, como a ética, que são
constitutivos do ser humano em qualquer cultura ou tempo e que deveriam ser cultuados
por todos.
Ação e Engajamento
Quem vê o Dalai falando em meditação não pressupõe que ele considera a ação e o
engajamento fundamentais. E que ambos, para ele, devem andar de mãos dadas com a
espiritualidade. Para o Dalai, rezar é importante, mas não basta. É preciso arregaçar as
mangas, deixar de lado a preguiça e o eterno álibi da falta de tempo e agir sobre as
situações. Não há necessidade de atos heróicos nem de uma grande alteração de rotina.
Afinal, segundo o Dalai, o mundo depende mais dos pequenos do que dos grandes atos
para ser transformado. Para ele, colocar a mão na massa faz toda a diferença. É como
cruzar uma ponte numa noite gelada e ver uma criança passando frio. Você pode se
encher de pena e rezar para que a Providência faça chegar a ela um agasalho. Pode
também seguir seu caminho indignado porque o Estado não faz nada. Mas você pode,
por outro lado, fazer alguma coisa a respeito. Um gesto, uma ação. Que opção tem mais
chances de diminuir o sofrimento imediato daquela criança?
Desapego
Para o Dalai, amor requer desapego. Isso soa torto para mentes ocidentais, acostumadas
a pensar o contrário: amor e apego como sinônimos. A intensidade do apego, segundo
ele, é a mesma da raiva quando se perde a pessoa. Portanto, o apego está relacionado à
posse e ao desamor. No limite, apegar-se é hipotecar o amor que se sente. Afinal, que
diabo de amor é esse que se transforma em ódio quando não se pode mais ter o ser
amado ao lado?
Você certamente já ouviu falar de algum casal que, depois que se separou, se dedicou a
infernizar um a vida do outro. Ou buscando uma reconciliação ou um tentando impingir
ao outro o sofrimento que a perda lhe causou. Ou, ainda, os dois trancafiando a sua
própria felicidade naquele falecido projeto de vida em comum. Isso, para o Dalai,
é apego e não amor. Afinal, impedir que o ser amado seja feliz, em nome da sua própria
infelicidade, é um ato de rancor e ódio e não de amor.
Caminho do Meio
Carma
No senso comum, a palavra carma está sempre associada a um castigo imutável, a uma
situação ruim e invencível. Para o Dalai, o carma nada mais é do que uma lei eterna de
causa e efeito que cada um de nós pode modificar todo dia. Na sua visão, não somos
seres impotentes diante da vida. Nem há sinas inelutáveis. Portanto, aceitar esse ou
aquele revés como um carma e se conformar com ele seria apenas um ato de preguiça.
Compaixão
Eis o que essa metáfora geométrica quer dizer: ter pena, segundo o Dalai, é olhar
alguém como um ser inferior, que precisa de caridade. É, em resumo, o sujeito se sentir
melhor e mais digno do que o seu interlocutor. Já a compaixão enxergaria o sofrimento
de forma solidária. A postura aí seria encarar aquele que sofre como um ser em
igualdade de condições que precisa de ajuda naquele determinado momento.
Ter compaixão, para o Dalai, é lembrar que a dor do outro poderia ser sua. E é mostrar a
capacidade de reconhecer o sofrimento do próximo e ajudá-lo a superar o momento
difícil. A compaixão estaria intimamente ligada à ação. Na visão do Dalai, somente
condoer-se está muito longe de ser uma atitude suficiente.
Ecologia
Nada é mais precioso que a vida. Não só a humana, mas a de todos os seres que habitam
o planeta. O Dalai recomenda dieta vegetariana para evitar que se tire o direito à vida
dos animais, já que para o budismo eles também têm alma e as pessoas podem
reencarnar como animais, até mesmo como ostras e camarões.
Segundo ele, no entanto, é possível se preocupar com a natureza sem precisar adotar
atitudes que a maioria das pessoas considera indigestas, como se alimentar
exclusivamente de vegetais ou colocar o peito na frente do arpão de um baleeiro no
meio do oceano. Bastaria ter sempre a preocupação de se relacionar eticamente com os
demais seres do planeta.
Ética e Religião
Segundo o Dalai, não é preciso ter religião para ter ética. Ou seja, a retidão do
comportamento humano não dependeria de leis divinas. Para ele, espiritualidade e
religião não são sinônimos. O Dalai é um grande defensor de ações sociais ecumênicas.
Ele acredita que a ética transita em qualquer fé e é a viga central na construção de um
mundo mais feliz. Ter fé é importante, ele reconhece. Mas a ética seria mais do que
suficiente. Isso inclui ateus e agnósticos nesse projeto de mundo mais solidário e
integrado de que fala o Dalai.
Mas, para ele, o que é a ética? Aqui, ele concorda com o dicionário. Trata-se de um
conjunto de valores morais e princípios de conduta que devem ajustar as relações entre
os diversos membros da sociedade. Nada mais é, no fim das contas, do que a velha
premissa de não fazer a ninguém o que não se deseja para si mesmo. A sutileza trazida
pelo Dalai é a consciência de que o não prejudicar os outros começa nos pequenos atos.
Algo que pode não soar como prejudicial a você, como marcar um encontro e
simplesmente não aparecer, pode atrapalhar a vida da outra pessoa que desmarcou um
outro compromisso por sua causa.
Felicidade
Humildade
Associados com freqüência no Brasil, humildade e pobreza não têm nenhuma relação
entre si na visão do Dalai Lama. Descrever como humildes aqueles que passam fome ou
vivem debaixo da ponte, para ele, não faz sentido. Humildade nada tem a ver com a
presença ou a ausência de posses materiais. Trata-se, segundo o Dalai, de uma forma de
comportamento das mais veneráveis. Ser humilde seria enxergar todos os circundantes
como seres iguais – o garoto que pede um trocado no semáforo ou o presidente da
República. É difícil pensar dessa forma quando a sociedade relaciona humildade com
inferioridade, submissão e pobreza. Mas é fácil ser humilde em uma sociedade que
associa essa condição à simplicidade, à clareza, à elegância. A humildade, segundo o
Dalai, deixa o homem mais confiante. Só quem tem plena consciência do seu valor não
precisa demonstrar, às vezes de forma grosseira, o seu poder ou a sua erudição.
Imparcialidade
Para o Dalai, a verdade é relativa. Perceber que não há axiomas inquestionáveis e tentar
enxergar as situações sob todos os ângulos antes de tomar uma atitude é fundamental.
Mas isso, segundo o Dalai, leva tempo e requer alguns exercícios. A mente humana
teria a tendência de elevar as próprias idéias à condição de verdades inexoráveis. Diante
de uma situação de discórdia, diz o Dalai, o sujeito se enche de argumentos que o levam
a tomar determinadas atitudes a partir do seu ponto de vista unilateral, desconsiderando
a trajetória dos outros envolvidos.
Impermanência
A única certeza que um ser humano pode ter, segundo o Dalai, é a de que vive o
momento presente e de que pode morrer a qualquer momento. Por mais catastrófica que
essa idéia possa parecer, para o Dalai ela é uma verdade incontestável e um motivo de
alegria. Significa que, se as coisas boas podem ficar ruins de um momento para o outro,
as coisas ruins também podem ficar boas de repente. Para ele, essa certeza também
serve para que preparemos o que ele chama de "boa morte" – a tentativa de manter um
saldo positivo na própria existência. Ou de, pelo menos, zerar a contabilidade entre as
atitudes boas e más de que inevitavelmente se compõe uma vida.
Para o Dalai, a incerteza do que pode acontecer no próximo momento – o sujeito pode
perder a vida ou o emprego, a mulher ou a fortuna a qualquer momento – ajuda-o a
sofrer menos com os revezes da vida. E a se apegar menos às coisas e às pessoas que
ama, dependendo menos delas para ser feliz. Por outro lado, a noção da própria
impermanência faria com que o workaholic que passa 16 horas por dia no escritório
revisse suas prioridades ao perceber que o seu cargo não vai durar para sempre. E que o
marido que há mais de ano não reserva tempo para namorar a esposa percebesse que ela
não vai ficar do seu lado para sempre. E que o sujeito que há décadas tem um pedido de
desculpas entalado na garganta finalmente verbalizasse o seu arrependimento, porque
nem ele e nem o seu antigo desafeto vão durar para sempre.
Interdependência e Rela
As pessoas morrem de fome no Nordeste. Você sente pena, se lamenta pelo povo
castigado, mas vê aquela realidade como algo distante do seu dia-a-dia. A coisa não
funciona bem assim, segundo o Dalai. Afinal, tudo no mundo estaria relacionado. Uma
atitude banal que se toma aqui pode iniciar uma cadeia que vai refletir do outro lado do
Atlântico daqui a anos. (Se você lembrou aquela metáfora clássica da teoria do caos que
dizia que o bater de asas de uma borboleta em Hong Kong pode causar um tornado no
Texas, bingo.)
Paciência e Pressa
A paciência é a maior defesa que um sujeito pode desenvolver, diz o Dalai. Ela serve
para que tudo seja colocado no seu devido lugar antes de se tirar conclusões ou fazer
julgamentos. Às vezes é preciso ficar em silêncio, recuar antes de voltar à cena e dar um
passo adiante. Paciência, no entanto, para o Dalai, não é omissão. É a determinação do
tempo ideal para cada coisa. É o sujeito saber tratar do seu inimigo interior antes de
lidar com as adversidades externas. Trata-se de um conceito difícil de entender, pois a
cultura ocidental cultua a pressa. É fato que as pessoas vivem cada vez em maior
velocidade, comem cada vez mais rápido. É como se estivéssemos todos, você e eu
inclusive, em busca de algo que nunca vem. Fazer o maior número de coisas no menor
espaço de tempo virou sinônimo de eficiência. Sujeitos entre nós que se mostrem
tranqüilos e pacientes são considerados omissos e passivos.
Raiva
Talvez o ponto mais difícil de aprender na doutrina do Dalai seja lidar com a raiva. Ele
a divide em dois tipos: a raiva proveniente do apego e aquela proveniente da
compaixão. O primeiro tipo distorce a visão dos fatos e prejudica a capacidade de
julgamento. Se o sujeito se sente ofendido por alguém, tem a vontade de prejudicar
quem ele julga lhe ter feito mal. Só que, pelas regras do carma e da interdependência, a
vingança só vai aumentar o seu saldo negativo. Em outras palavras: prejudicar quem
teoricamente lhe fez mal vai trazer uma satisfação imediata e ilusória e nenhum lucro
futuro. Afinal, o julgamento ocorreu sob a intensidade da raiva. O perigo aí, segundo o
Dalai, é criar uma bola de neve de ações e reações ruins. O correto seria o sujeito
sublimar a sua raiva por meio da dedicação a coisas que façam bem a ele e aos outros.
Para o Dalai, não vale a pena trocar horas de sono ou de prazer brincando com os filhos
para arquitetar uma vingança que só adicionará mais sofrimento àquela situação.
Isso não quer dizer que se deva ficar passivo diante das injustiças. A raiva motivada
pela compaixão, pela solidariedade ao ser vilipendiado, segundo o Dalai, deve ser usada
para gerar uma ação que busque justiça de uma forma imparcial, serena e que ande
sempre pelo caminho do meio.
Serenidade
Sofrimento
Situações que causam sofrimento jamais faltarão nem para a mais contente das
criaturas. E se o sofrimento é um fato, é preciso aprender a lidar com ele. Não apenas
lamentar a sua existência e se acomodar com a dor. Para o Dalai, é sempre possível
minimizar o sofrimento ou extrair dele algo de positivo. Para tanto, é preciso tratar as
causas do sofrimento e não, apenas, os sintomas. Ao identificar as causas, diz o Dalai, a
imparcialidade e a serenidade são fundamentais para que não haja erro no julgamento.
É que, segundo ele, é sempre possível que parte do sofrimento seja criado pelo próprio
ser que sofre, independente dos fatores externos. Ele diz que há duas reações ao
sofrimento: entregar-se à dor ou descobrir a si mesmo na tragédia.
É que os momentos difíceis, por piores que sejam, desenhariam uma grande
oportunidade para o sujeito avançar no último e talvez mais essencial dos pontos do
pensamento do Dalai Lama, combustível para a efetivação de todos os outros: o
autoconhecimento. É isso, por fim. Conhecer-se melhor, mais fundo, com mais detalhes,
sem máscaras nem retoques é a primeira e a última coisa que um ser humano em busca
de ser mais feliz e de fazer mais gente feliz deve realizar. Não é tarefa fácil nem rápida.
Melhor começar já.
1935
1937
Monges o descobrem. Começam os testes para verificar se ele é a reencarnação do 13º
Dalai Lama
1939
Ele é levado para Lhasa, capital do Tibete. Passa a morar no Potala, centro religioso e
político do país
1941
1951
Dois anos antes do que rege a tradição tibetana, aos 16 anos, ele é reconhecido como o
14º Dalai e vira chefe de Estado. Tenta diálogo com a China e pede ajuda à ONU
1953
Temendo o avanço chinês, começa a enviar as reservas de ouro do Tibete para a Índia
1954
Depois da recusa de ajuda da ONU, parte para Pequim para um encontro com Mao Tsé-
Tung, aos 19 anos
1959
Conclui os estudos. A China se prepara para capturá-lo. Ele foge para a Índia. A China
bombardeia Lhasa. Já refugiado, busca novamente ajuda da ONU
1960
1963
1982
1987
Inaugura as Conferências Mente e Vida, encontros bienais com cientistas para discutir a
influência do espírito na mente e no corpo.
1989
Recebe o Prêmio Nobel da Paz
1991
Pede ajuda ao Congresso dos EUA. Os americanos reconhecem o Tibet como parte da
China
1992
1999
2001
Encontra o presidente americano George W. Bush, que o recebe como líder religioso e
não como líder político, e promete ajuda na tentativa de diálogo com a China
No fim dos anos 40 havia cerca de 7 milhões de tibetanos. Hoje eles são apenas 2,5
milhões, segundo levantamento do United States Census Bureau, órgão recenseador
internacional sediado nos Estados Unidos. A invasão chinesa, perpetrada em 1950,
anexou o Tibete ao mapa da China e inaugurou um longo processo de genocídio cultural
no país.
Pelo seu caráter pacífico e isolado geograficamente, o Tibete era um alvo fácil para os
ideais de expansão territorial chineses. O país, rico em recursos minerais, despertava há
tempos a cobiça do grande vizinho. A razão alegada pelos chineses para a anexação é o
fato de que o Tibete foi parte da China até meados do século XVII. Naquela época, o
governo chinês, enfraquecido pelas constantes invasões estrangeiras em busca de novos
territórios no Oriente, assistiu ao quinto Dalai Lama ser proclamado rei e declarar a
região um país independente.
A tomada do Tibet por Pequim foi violenta. O insignificante exército tibetano mal
conseguia se manter em pé. A resistência deu-se em tentativas de diálogo por parte do
Dalai Lama. Poucos países apoiaram o Tibet e os que o fizeram como a Índia, agiram de
forma discreta e nem sempre oficial.
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959, pedindo ajuda internacional, quando foi
decretada a sua transferência para a China. O impasse existe até hoje. O Dalai é um
chefe de Estado no exílio – situação que não é de todo reconhecida, porque a maior
parte da comunidade internacional, inclusive o Brasil, vê o Tibet como território chinês.
Mapas, como os da National Geographic, apontam o Tibet como parte da China.
"Em 1992, na Eco 92, a delegação chinesa ameaçou não comparecer ao evento,
realizado no Rio de Janeiro, se o Dalai Lama desembarcasse por aqui", afirma Lia
Diskin, responsável pelas duas visitas do Dalai Lama ao Brasil. Ela lembra que o
Itamarati dificultou ao máximo o visto do Dalai e que foi necessária a ajuda do
deputado federal Fernando Gabeira para que os empecilhos fossem desembaraçados.
"Em 1999, em visita ao país, outra vez a burocracia brasileira complicou as coisas", diz
Lia. Naquela ocasião, o presidente Fernando Henrique Cardoso não recebeu o Dalai
Lama no Palácio da Alvorada. Só aceitou conversar com o Dalai fora do círculo oficial,
em uma visita informal à casa do então senador Antônio Carlos Magalhães, na Bahia.
• "Nada garante que no futuro teremos uma vida melhor e mais feliz do que a que
vivemos hoje"
• "Não existe nada absoluto, tudo é relativo. Por isso devemos julgar de acordo com as
circunstâncias"
• "É ilógico esperar sorrisos dos outros se nós mesmos não sorrimos"
• "Para lidar com o sofrimento é preciso perceber que ele faz parte da nossa vida"
• "Um inimigo externo não tem como destruir a nossa tranqüilidade de espírito"
• "Reagir com raiva costuma não dar certo. Sem ódio, agimos de modo mais eficaz"
• "É muito importante que o homem tenha ideais. Sem elas não se vai a parte alguma"
• "A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância"
• "Aprimorar a paciência requer alguém que nos faça mal e nos permita praticar a
tolerância"
• "É triste passar pela vida causando problemas a outras pessoas e ao ambiente"
• "O maior juiz de seus atos deve ser você mesmo e não a sociedade"
• "A opressão nunca conseguiu suprimir nas pessoas o desejo de viver em liberdade"
• "A vingança não vai reduzir ou prevenir o mal, porque ele já aconteceu"
• "Uma poderosa ferramenta para nos ajudar a gerir com habilidade a nossa vida
é perguntar antes de cada ato se isso nos trará felicidade. Isso vale desde a hora de
decidir se vamos ou não usar drogas até se vamos ou não comer aquele terceiro pedaço
de torta de banana com creme” Na livraria: Uma Ética para o Novo Milênio
Sua Santidade, o Dalai Lama, Tradução de Maria Luiza Newlands. Editora Sextante
Transformando a Mente
Sua Santidade, o Dalai Lama. Tradução de Waldéa Barcellos. Editora Martins Fontes
O Caminho da Tranqüilidade
Sua Santidade, o Dalai Lama. Tradução de Maria Luiza Newlands Silveira e Márcia
Cláudia Alves. Editora Sextante