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. ese e cece eeees Marina de Andrade Marconi Eva Maria Lakatos METODOLOGIA CIENTIFICA Ciéncia e Conhecimento Cientifico Métodos Cientificos Teoria, Hipdteses e Varidveis Metodologia Juridica 5? Edicao SAO PAULO EDITORA ATLAS S.A. = 2007 sek acai Copyright © 1982 by Faitora Atlas SA os 1. ed. 1982; 2. ed, 1991; 3. ed. 2000; 4. ed. 2004; 5. ed. 2007 = Capa: Roberto de Castro Polisel ‘Composiyao: Lino-Jato Editoragio Grafica Dados Internacionais de Catalogagao na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lakatos, Eva Maria. Metodologia cienifica / Eva Maria Lakatos, Marina de Andrade Marconi, ~ 5. ed. - io Pau- |p : Atlas, 2007. Bibliografia, ISBN 978-85-224-4762.6 1, Cigncia ~ Metodologia I. Marconi, Marina Andrade. 1, Titulo. cDp.501.8 90-1838 indice para catélogo sistemitico: 1, Metodologia cientifia 501.8, ‘TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - # proibida a reprodugto total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violagdo dos direitos de autor (Lei n* 9.610798) € erime estabelecide pelo antigo 184 do Cédigo Penal Depdsito legal na Biblioteca Nacional conferme Decreto n* 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasil/Printed in Brazil @ Editora Atlas S.A. Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elisios) 1203-904 Sio Paulo (SP) Tel: (0-11) 3357-9144 (PABX) ‘www. EditoraAtlas.com.br SUMARIO 1 CIENCIA E CONHECIMENTO CIENTIFICO, 15 1.1 © Conhecimento Cientifico e outros tipos de conhecimento, 15 1.2 13 Tel 11.2 113 Correlagdo entre Conhecimento Popular e Conhecimento Cientifico, 16 Caracteristicas do Gonhecimento Popular, 17 Os Quatro Tipos de Conhecimento, 18 1.1.3.1 Conhecimemto popular, 18 1.1.3.2. Conhecimento filoséfico, 19 1.13.3. Conhecimento religioso, 19 1.1.3.4 Conhecimento cientifico, 20 Gonceito de Ciéncia, 21 121 maa 1.2.3 124 dias, Conceito de Ander-Bgg, 21 Conceito de Trujillo, 22 ‘Visdo Geral dos Conceitos, 23 Natureza da Giéncia, 23, Componentes da Ciéncia, 24 Classificagéo ¢ Diviséo da Ciéncia, 25 ae 13.2 1.3.3 1.3.4 Classificagao de Comte, 25 Variagio da Classificagio de Comte, 25 Classificagdo de Carnap, 26 Classificagao de Bunge, 26 8 MeroDoLoGIA cIENTIFICA 14 15 1.3.5 Classificacio de Wundt, 27 1.3.6 Classificacéio Adotada, 28 Ciéncias Formais e Ciéncias Factuais, 28 1.4.1 Aspectos Relacionados Divisdo em Ciéncias Formais e Fac- tuais, 29 Caracteristicas das Ciéncias Factuais, 30 1.5.1 © Conhecimento Cientifico ¢ Racional, 30 1.5.2 © Conhecimento Cientifico é Objetivo, 31 1.5.3 O Conhecimento Cientifico é Factual, 31 1.5.4 © Conhecimento Cientifico ¢ Transcendente aos Fatos, 32 15.5 © Conhecimento Cientifico é Analitico, 33 1.5.6 © Conhecimento Gientifico ¢ Claro e Preciso, 34 1.5.7 © Conhecimento Cientffico é¢ Comunicavel, 35 15.8 0 Conhecimento Cientifico é Verificavel, 35 1.5.9 © Conhecimento Cientifico ¢ Dependente de Investigacao Me- tédica, 36 1.5.10 © Conhecimento Cientifico é Sistematico, 37 1.5.11 © Conhecimento Cientifico é Acumulativo, 37 1.5.12 Conhecimento Cientifico é Falivel, 38 1.5.13 © Conhecimento Cientifico ¢ Geral, 38 1.5.14 © Conhecimento Cientifico € Explicativo, 39 1.5.15 O Conhecimento Cientifico é Preditivo, 40 1.5.16 © Conhecimento Cientifico é Aberto, 41 1.5.17 0 Conhecimento Cientifico é Ui, 42 Literatura Recomendada, 42 2 METODOS CIENTIFICOS, 44 21 22 23 24 Coneeito de Método, 44 Desenvolvimento Histérico do Método, 46 2.2.1 © Método de Galileu Galilei, 47 2.2.2 © Método de Francis Bacon, 48 2.2.3 O Método de Descartes, 50 2.2.4 Concepgao Atual do Método, 51 ‘Método Indutivo, 53 2.3.1 Caracterizacao, 53 2.3.2 Leis, Regras e Fases do Método Indutivo, 54 2.3.3. Formas ¢ Tipos de Inducao, 56 2.3.4 Criticas ao Método Indutivo, 61 ‘Método Dedutivo, 63 2.4.1 Argumentos Dedutivos e Indutivos, 63 24.2 243 24.4 2.4.5 sumirio 9 Argumentos Condicionais, 65 Explicagao Dedutivo-Nomolégica, 67 Generalidade e Especialidade do Método Dedutivo, 69 Griticas ao Método Dedutivo, 70 2.5 Método Hipotético-Dedutivo, 71 25.1 25.2 25.3 25.4 25.5 Consideragées Gerais, 71 ‘A Posigio de Popper perante a Indugio ¢ 0 Método Cientifico, 72 Etapas do Método Hipotético-Dedutivo segundo Popper, 74 2.5.3.1 Problema, 76 2.5.3.2 Conjecturas, 76 2.5.3.3 Tentativa de falseamento, 77 0 Método Hipotético-Dedutivo segundo Outros Autores, 78 Criticas a0 Método Hipotético-Dedutivo, 80 2.6 Método Dialético, 81 261 2.6.2 2.63 Hist6rico, 81 As Leis da Dialética, 83 2.6.2.1 Acdo reciproca, 83 2.6.2.2 Mudanca dialética, 85 2.6.2.3 Passagem da quantidade a qualidade, 86 2.6.2.4 Interpenetragdo dos contrérios, 87 Criticas ao Método Dialético, 89 2.7 Métodos Espectficos das Giéncias Sociais, 90, ‘© Método e os Métodos, 90 Método Histérico, 91 ‘Método Comparativo, 92 Método Monogréfico, 92 Método Estatistico, 93 Método Tipolégico, 93 Método Funcionalista, 94 Método Estruturalista, 95 Literatura Recomendada, 97 3 FATOS, LEIS E TEORIAS, 99 3.1 Teoria e Fatos, 99 311 Papel dla Teoria em Relagdo aos Fatos, 100 3.1.1.1 Orienta os objetos da ciéncia, 100 3.1.1.2 Oferece um sistema de conceitos, 100 3.1.1.3 Resume o conhecimento, 102 3.1.1.4 Prevé fatos, 102 3.1.1.5 _ Indica lacunas no conhecimento, 103 [METODOLOGIA CIENTIFICA, 3.1.2 Papel dos Fatos em Relacdo @ Teoria, 104 3.1.2.1 0 fato inicia a teoria, 104 3.1.2.2 fato reformula e tejeita teorias, 105 3.1.2.3 0 fato redefine e esclarece teorias, 106 3.1.2.4 © fato clarifica os conceitos contidos nas teorias, 106 3.2 Teoria e Leis, 107 3.2.1 Abordagem de Graduacdo, 108 3.2.2 Abordagem Qualitativa, 109 3.3. Conceitos e Sistema Conceptual, 113 3.3.1 Conceitos, Constructos e Termos Tedricos, 115 3.3.2 0 Conceito como Abstragio, 119 3.3.3. Conceitos e Comunicagao, 119 3.3.4 Limitagbes no Emprego dos Conceitos, 120 3.3.5 Definigéo Operacional dos Conceitos, 122 3.4 Teoria: Definigbes, 125 3.5 Desideratos da Teoria Cientifica ou Sintomas de Verdade, 127 3.5.1 Requisitos Sintéticos, 127 3.5.1.1 Corregéo sintatica, 127 3.5.1.2. Sistematicidade ou unidade conceitual, 127 3.5.2 Requisitos Seménticos, 128 3.5.2.1 Exatidao lingtifstica, 128 3.5.2.2 Interpretabilidade empirica, 128 3.5.2.3 Representatividade, 128 3.5.2.4 Simplicidade semantica, 129 3.5.3 Requisitos Epistemolégicos, 129 3.5.3.1 Coeréncia externa, 129 3.5.3.2 Poder explanatério, 130 3.5.3.3 Poder de previsio, 130 3.5.3.4 Profundidade, 131 3.5.3.5 Extensibilidade, 131 3.5.3.6 Fertilidade, 131 35.3.7 Originalidade, 132 3.5.4 Requisitos Metodolégicos, 132 3.5.4.1. Escrutabilidade, 132 3.5.4.2 Refutabilidade ou Verificabilidade, 132 3.5.4.3 Confirmabilidade, 133 3.5.4.4 Simplicidade metodologica, 133 Literatura Recomendada, 133 suwARnio 11 es: Definigées, 136 Definigdes, 136 Andlise das Definigdes, 137 Conceito Adotado, 139 Tema, Problema e Hipstese, 139 42.1 Tema e Problema, 139 Problema e Hipétese, 140 Formulago de Hipéteses, 141 neia e Fungo das Hipéteses, 143 Importincia das Hipdteses, 143 Fungo das Hipéteses, 145 de Hipéteses, 147 CClassificacdo de Selltiz, Jahoda, Deutsch e Cook, 147 Glassificagdo de Goode ¢ Hatt, 148 lassificagao de Mario Bunge, 150 443.1 Classificagao sintdtica, 150 44.3.2 Classificagéo semantica, 154 44.3.3 Classificagéo epistemolégica, 155 de Elaboracéo de Hipéteses, 158 Conhecimento Familiar, 158 Observacao, 159 Comparagao com Outros Estudos, 159 Deducio Logica de uma Teoria, 160 ‘A Cultura Geral na qual a Ciéneia se Desenvolve, 160 Analogias, 161 Experiéncia Pessoal, Idiossincrética, 161 Casos Discrepantes na Prépria Teoria, 161 jeristicas das Hipdteses, 162 Caracteristicas, 162 Andlise das Caracteristicas, 165 4.6.2.1 Consisténcia Igica, 165 4.6.2.2 Yerificabilidade, 166 4.6.2.3. Simplicidade, 166 46.2.4 Relevancia, 167 46.2.5 Apoio tedrico, 169 46.2.6 Especificidade, 170 4.6.2.7 Plausibilidade e clareza, 170 4.6.2.8 Profundidade, fertilidade e originalidade, 171 Recomendada, 172 12 METoDOLOGIA caENtietcA 5 VARIAVEIS ~ ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS HIPOTESES, 174 5.1 Conceitos, 174 5.2 As Varidveis no “Universo” da Cigncia, 175 5.3. Composi¢ao das Varidveis, 179 5.4 Significado das Relagdes entre Variaveis, 180 5.4.1 Relagio Simétrica, 180 5.4.2 Relacéo Reeiproca, 183 5.4.3 Relagio Assimétrica, 185 5.5 Varidiveis Independentes e Dependentes, 189 1 Conceito ¢ Diferenciagao, 189 2 Fatores Determinantes do Sentido da Relacéio Causal entre Varidveis Independentes e Dependentes, 192 5.5.2.1 Ordem temporal, 192 5.5.2.2 Fixidez ou alterabilidade das variaveis, 194 5.5.3 Tipos de Relagées Causais entre Varidiveis Independentes ¢ Dependentes, 195 5.6 Varidveis Moderadoras e de Controle, 197 5.6.1 Varidvel Moderadora — Conceito e Identificagao, 197 5.6.2 Varidvel de Controle — Gonceito e Aplicacio, 198 5.7 Fator de Teste, 200 5.8 Varidveis Extrinsecas e Componentes, 205 5.8.1 _Varidveis Extrinsecas e as “Relacdes” Esptirias, 205 5.8.2 Varidveis Componentes e Apresentacio “em Bloco”, 208 5.9 Variaveis Intervenientes e Antecedentes, 211 5.9.1 _Varidveis Intervenientes, 211 5.9.2 Varidveis Antecedentes, 214 5.10 Varitiveis de Supressdo e de Distorgio, 218, 5.10.1 Variaveis de Supressao, 218 5.10.2 Varidveis de Distorefio, 220 5.11 0 Fator de Teste como Suporte de uma Interpretagio, 222 Literatura Recomendada, 226 6 PLANO DE PROVA: VERIFICAGAO DAS HIPOTESES, 228 61 Método da Concordincia, 228 6.1.1 Método da Concordancia Positiva, 228 6.1.1.1 Vantagens do Método da Concordancia Positiva, 230 6.1.1.2 _Desvantagens do Método da Concordncia Positiva, 230 6.1.2 Método da Goncordancia Negativa, 231 6.2 Método da Diferenea ou Plano Classico da Prova, 232 62.1 Problemas do Método da Diferenga, 233 sumAnio 13 ‘Método Conjunto de Goncordéncia e Diferenga, 234 ‘Método dos Residuos, 236 Método da Variacdo Concomitante, 238 Variantes do Plano Experimental Clissico, 241 6.6.1 Projeto Antes-Depois, 241 6.6.2 Projeto Antes-Depois com Grupo de Controle, 242 6.6.3 Projeto Quatro Grupos ~ Seis Estudos, 244 6.6.4 Projeto Depois Somente com Grupo de Controle, 245 6.6.5 Projeto Ex Post Facto, 247 6.6.6 Projeto de Painel, 247 (© Plano Experimental e as Relacdes Propriedades-Disposicoes, 248 67.1. Caracteristica de Contigitidade, 249 6.7.2 Caracteristica da Especificidade, 250 6.7.3 Caracteristica de Comparacao ou de Controle, 250 6.7.4 Caracteristica de Unidirecionalidade, 251 Recomendada, 252 )DOLOGIA JURIDICA, 253 Conceito de Método, 253 Método Juridico, 253 7.2.1. Método Indutivo ou Indugdo, 254 7.21.1 Fases de Aplicagio, 255 7.2.2. Método Dedutivo, 256 ‘Metodologia do Ensino Juridico, 258 7.3.1 Obstéculos Mudanca, 259 7.3.2 Fatores de Crise, 260 ‘Monografia Juridica, 261 7.4.1 Conceitos, 262 7.4.2 Caracteristicas, 262 7.4.3 Objetivos, 264 7.4.4 Escola do Tema, 264 7.4.5 Tipos de Monografia, 265 7.4.6 Estrutura da Monografia, 266 7.4.7 Esquema, 266 74.7.1 Esquema de t6picos, 267 itura Recomendada, 268 ]OLOGIA QUALITATIVA E QUANTITATIVA, 269 Origem, 270 Coneeitos e Garacteristicas, 271 14 metopo1ocia cenriaca 8.3 Método Etnogréfico, 273 8.4 Estudo de Caso ou Método Monogrifico, 273 8.5 Observagio, 275 8.5.1 Observagio Assistematica, 276 85.2 Observacdo Sistemética, 276 8.5.3 Observacio ndo Participante, 276 8.5.4 Observacdo Participante, 277 85.5 Observacio Individual e de Equipe, 278 8.6 Entrevista, 278 8.6.1 Tipos de Entrevista, 279 8.6.2 Vantagens e Limitagées, 280 8.7 Historia de Vida, 280 8.7.1 Pases da Histéria de Vida, 281 8.7.2 Fases da Pesquisa, 281 8.8 Histéria Oral, 282 89 Técnica da Triangulacao, 283 8.10 Metodologia Quantitativa, 283 8.10.1 Origem, 283 8.10.2 Conceitos, 283 8.10.3 Caracteristicas, 284 8.10.4 Fases da Anélise de Contetido, 284 8.10.4.1 Apresentacdo do material, 285 8.10.4.2 Tratamento e interpretagdo dos resultados, 285 8.10.5 Vantagens da Metodologia Quantitativa, 286 8.10.6 Desvantagens, 286 8.10.7. Escalas de Medicéo, 286 8.10.8 Medidas de Posi¢ao, 287 Literatura Recomendada, 287 Bibliografia, 289 indice Remissivo, 303 METODOLOGIA QUALITATIVA E QUANTITATIVA ‘Além dos tradicionais métodos espectficos das Giéncias Sociais, como o de Abordagem e o de Procedimento (ver 2.7) outros dois, © Qualitativo e o Quan- titativo também séio muito importantes nas investigagdes cientificas. Embora alguns autores nao facam distincao entre qualitativos ¢ quantitati vos (Goode e Hatt, 1969:398), ha uma diferenca marcante em relagdo & manei ra como so abordados 0 fatos, dependendo do tipo de estudo. © método Quantitativo, segundo Richardson et al. (1999:70), “caracteri- za-se pelo emprego da quantificacao tanto nas modalidades de coleta de infor- magées quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatisticas, desde as ‘mais simples como percentual, média, desvio-padrao, as mais complexas como coeficiente de correlacio, andlise de regressio etc.” © método qualitativo difere do quantitative nao sé por no empregar ins- trumentos estatisticos, mas também pela forma de coleta e andlise dos dados. ‘A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. For- nnece andlise mais detalhada sobre as investigacdes, habitos, atitudes, tendéncias de comportamento etc. No método quantitativo, os pesquisadores valem-se de amostras amplas de informagées numéricas, enquanto que no qualitativo as amostras sio reduzi- das, os dados so analisados em seu contetido psicossocial e os instrumentos de coleta nfo sao estruturados. 270 mETODOLOGIA CIENTIFICA “As quest6es que se abordam desde sua perspectiva qualitativa s4o bastan- te diferentes das que empregam os investigadores qualitativos”, afirma Janesick (1994: 210). 8.1 ORIGEM Todos 0s autores concordam em que a metodologia qualitativa teve sua origem na prética desenvolvida pela Antropologia. Depois, empregada pela So- ciologia e Psicologia. Posteriormente, a investigacfio qualitativa comeca a ser aplicada em Educacdo, Satide, Geografia Humana etc. O surgimento da pesquisa qualitativa deu-se quando os antropSlogos, que estudavam individuos, tribos e pequenos grupos égrafos, perceberam que os da- dos niio podiam ser quantificados, mas sim interpretados. No campo da Antropologia, a investigacéo era conhecida como pesquisa etnografica. Trivifios (1987:121) recomhece que a etnogtafia ¢ uma forma especifica de investigagio qualitativa, admitindo ser ela referente ao estudo da cultura (defi nicdo geralmente empregada, mas genérica). Para ele, certas posicoes devem ser levadas em considerago como o reconhecimento: a) da existéncia de um mundo cultural desconhecido; b) da necessidade de descrever o modo de vida dos povos, para compreen- der seu significado, para melhor entender o funcionamento de socieda- des e grupos: ©) da participagdo ativa na vida da comunidade, a fim de conhecé-la melhor. A investigagao qualitativa em Sociologia retoma a etnometodologia, a and- lise do discurso e as histérias de vida. Os primeiros estudos da Sociologia esta- vam voltados para comunidades. Em Psicologia, a metodologia qualitativa se incorpora A hermenéutica, @ fenomenologia, & investigacéo naturalista, etnogréfica e investigacao etc. Em Educagéo, 0s primeiros textos fazem referéncia a investigacdo natura- lista, evolucdo iluminativa e qualitativa, emografia e teoria critica, investiga- o-acéo participativa e colaborativa. Para R. Tesch (1990), “a etnografia, a fenomenologia e o interacionisme simbélico fazem referéncia a tradigdes e perspectivas que os investigadores que litativos adotam, embora a analise de casos refirase a formas ou métodos investigacdo e as historias de vida e/ou a observacio participante a formas de c Teta de dados”. [METODOLOGIA QUALITATIVA E QUANTITATIVA 271 Para Bisman et al. (1998:228) “a investigacéo qualitativa supde adocéo de determinadas concepgées filoséficas e cientificas e férmulas especificas de cole- ta e anélise dos dados. O que origina uma nova linguagem metodoligica’. 8.2 CONCEITOS E CARACTERISTICAS Os métodos, em geral, englobam dois momentos distintos: a Pesquisa, ou coleta de dados, e a Anélise e Interpretagao, quando se procura desvendar 0 significado dos mesmos. Richardson (1999:90) afirma que a pesquisa qualitativa “pode ser caracte- rizada como a tentativa de uma compreensao detalhada dos significados e ca- racteristicas situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produ- ‘cdo de medidas quantitativas de caracteristicas ou comportamentos” Para Minayo (2002:21-22) a pesquisa qualitativa “responde a questdes particulares”, Em Ciéncias Sociais, preocupa-se com “um nivel de realidade que ndo pode ser quantificado”, ou seja, “ela trabalha com o universo de significa- dos, motivos, aspiracées, crencas, valores, atitudes, 0 que corresponde a um es- aco mais profundo das relacdes, dos processos e dos fendmenos que nfio po- dem se reduzidos & operacionalizacao de varidveis”. Segundo Menga (1986:18) 0 estudo qualitative “é 0 que se desenvolve ‘numa situacio natural; é rico em dados descritives, tem um plano aberto e fle- xivel e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada”. Lazarfeld (In: Haguette, 2001:64) admite que, em relacdo a indicadores qualitativos, hd trés situagbes: a) aquelas que substituem uma simples informacéo estatistica referente a épocas passadas; b) as que siio usadas para captar dacios psicolégicos como atitudes, moti- ‘vagoes, pressupostos ete.; ) aquelas que sao usadas como indicadores do funcionamento das estru- turas e organizacées complexas. Na pesquisa qualitativa ha um minimo de estruturagio prévia. Nao se ad- mitem regras precisas, como problemas, hipéteses e varidveis antecipadas, € as teorias aplicdveis deverdo ser empregadas no decorrer da investigacio. Alves e Mazzotti (1999:158) admitem que a “adogao prévia de um quadro teérico, a priori, turva a visio do pesquisador, levando-o a desconsiderar aspec- tos importantes, que nao se encaixam na teoria ¢ a fazer interpretagées distorci- das dos fendmenos estudados”. 272 weropo.octa cimxriica Todavia, um minimo de estruturago, de embasamento teérico geral e um. planejamento cuidadoso o investigador necessita pata nao se perder no contex- to geral, que Ihe serve de apoio. Acescolha do método remete para uma posigio tedrica (positivista, estrutu- ralista, dialética, fenomenoldgica etc.) que deve ser explicada evidenciando a forma de abordagem (ver Capitulo 2). A teoria é constituida para explicar ou compreender um fendmeno, um processo ou um conjunto deles. Na pesquisa qualitativa, primeiramente faz-se a coleta dos dados a fim de oder elaborar a “teoria de base”, ow seja, 0 conjunto de conceitos, prinefpios & significados. O esquema conceitual pode set uma teoria elaborada, com um ou mais constructos. Desse modo, faz-se necessrio correlacionar a pesquisa com 0 universo teérico. A finalidade da pesquisa cientifica nao é apenas a de fazer um relatério ou descrigao dos dados pesquisados empiricamente, mas relatar o desenvolvimen- to de um cardter interpretativo no que se refere aos dados obtidos. Para haver contetido vilido é necessdrio muita leitura e reflexio sobre obras selecionadas, que tratem de teorias e de conhecimentos ja existentes, re- lativos ao problema da investigacao. pesquisador tem liberdade de escolha do método ¢ da teoria para reali- zar seu trabalho; entretanto deve, no momento de seu relatério, ser coerente, ter consciéncia, objetividade, originalidade, confiabilidade e criatividade no momento da coleta e andlise dos dados. © bom resultado da pesquisa depende da sensibilidade e intuigfio do pesquisador, que deve ser imparcial, procurando no interferir nas respostas dos entrevistados e nao deixar sua personalidade influenciar as respostas. ‘A dareza ¢ outro ponto importante, ou seja, é regra bésica da redagao. Por meio do método qualitativo, o investigador entra em contato direto € prolongado com o individuo ou grupos humanos, com o ambiente ¢ a situagiio que est sendo investigada, permitindo um contato de perto com os informantes, Em relagdo & pesquisa qualitativa, Borgan (in: Trivifios, 1987:128-130) aponta as seguintes caracteristicas: a) ter ambiente natural como fonte direta dos dados; b) ser descritiva; ©) analisar intuitivamente os dados; 4d) preocupar-se com 0 processo € néo sé com os resultados e produto; ©) enfatizar 0 significado. Para Martins (1989:52), a descrigéo constitu “importdncia significativa no desenvolvimento da pesquisa qualitativa”. [METODOLOGIA QUALITATIVAE QUANTITATIVA 273 A medida que os dados s&o coletados, sio também interpretados, 0 que pode levar & necessidade de novos levantamentos. A pesquisa qualitativa pode empregar varios métodos e técnicas. A escolha depende do tipo de investigacao. 8.3 METODO ETNOGRAFICO Refere-se a anélise descritiva das sociedades humanas, principalmente das “primitivas” e de pequena escala. Consiste no levantamento de todos os dados possiveis sobre sociedades dgrafas ou rurais e na descricio delas, visando co- nhecer melhor o estilo de vida ow a cultura especifica de determinados grupos. Tradicionalmente usado pelos antropélogos, 0 método etnografico é uma modalidade de investigacdo naturalista, tendo como base a observacio e a des- crigao. Pretende descrever, explicar e interpretar a cultura. Para Wilcox (1993:95-127), 0 processo de investigacao implica: a) ceder, manter e desenvolver a uma relagio com as pessoas que dao origem aos dados. £ a chamada fase “acesso ao campo”. Exige certas habilidades e recursos: b)_empregar diversas técnicas a fim de obter um maior niimero de dados e/ou informagoes; ©) permanecer no campo 0 tempo necessério para assegurar uma inter- pretacio correta dos fatos observados; @)_empregar teorias e conhecimentos para orientar e informar as proprias observacées, 0 que viu ou ouviu, desenvolvendo hipsteses especificas e categorias pertinentes. Outro ponto importante ¢ 0 de seguir certas normas bésicas, como deixar de lado preconceitos ¢ esterestipos ¢ agir como participante. Questionar sobre © que parece comum e observar o tipo de relacdes encontradas no meio am- biente. O investigador deve tentar entender o sistema de significados dos indivi- duos ou grupos. Por isso, no deve comecar formulando hipdteses € categorias, antecipadamente. 8.4 ESTUDO DE CASO OU METODO MONOGRAFICO A metodologia qualitativa tradicionalmente se identifica com o Estudo de Caso. Vem de uma tradigdo de socidlogos e se caracteriza por dar especial aten- 274. MsETODOLOGIA CIENTIFICA lo a questdes que podem ser conhecidas por meio de casos. O Estudo de Caso foi criado por La Play, que o empregou ao estudar familias operérias na Europa. Existem distintos motivos para estudar casos: a) intrinsecos - representacdo de tragos particulares; ‘p) instrumentais - esclarecimentos de tragos sobre algumas questbes; ©) coletivos — abordagem de varios fenémenos conjuntamente, © Estudo de Caso refere-se ao levantamento com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos. Entretanto, € limitado, pois se restringe ao caso que estuda, ou seja, um tinico caso, no po- dendo ser generalizado. Para Trivifios (1987:133), © Estudlo de Caso “é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente”, No Estudo de Caso qualitativo nao ha um esquema estrutural aprioristica- mente; assim, ndo se organiza um esquema de problemas, hipsteses e variaveis com antecipacio. Retine o maior mimero de informagées detalhadas, valendo-se de diferen- tes téenicas de pesquisa, visando aprender uma determinada situacdo © des crever a complexidade de um fato. Para Ludke e André (1986:18-20), no Estudo de Caso, algumas caracterls- ticas sfio fundamentais, como: a) visar a descoberta; 'b) enfatizar a interpretacéio do contexto; ¢) retratar a realidade de forma ampla; 4) valer-se de fontes diversas de informagdes; ¢)_ permitir substituicdes; ) representar diferentes pontos de vista em dada situagéo; g) usar linguagem simples. Os dados qualitativos descrevem detalhadamente os individuos ou grupos em sua prépria terminologia. ‘A investigagao procura entender o significado do sistema préprio dos en- trevistados. No se podem antecipar os aspectos do sistema significativo, nem 0 contexto do funcionamento da totalidade que s6 é possivel conhecer posterior- mente. Para Luna (In: Fazenda (Org.), 1989:38), 0 que caracteriza fundamental. mente 0 método etnografico é METODOLOGIA QUALITATIVA QUANTITATIVA 275 a) contato direto e prolongado do pesquisador com a situagio € as pes- soas e/ou grupos selecionados; b) a grande quantidade de dacos descritivos, com 0 actimulo de locais, fatos, acbes, pessoas, relacées, formas de linguagem etc.; ©) existéncia de um esquema aberto que permite transitar entre observa- do € anélise, entre teoria e empirismo; ) utilizar diferentes téenicas de coleta e de fontes de dados. Na Metodologia qualitativa as téenicas fundamentais de coleta de dados so: observacao, entrevista e histéria de vida 8.5 OBSERVAGAO ‘A Observacao é uma técnica de coleta de dados para conseguir informa- Ges utilizando os sentidos na obtencio de determinados aspectos da realidade. Nao consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fend- menos que se deseja estudar. £ um elemento basico da investigagao cientifica, utilizado na pesquisa de campo e se constitui na técnica fundamental da Antropologia. A Observacio ajuda o pesquisador na identificacdo e obtencio de provas a respeito de objetivos sobre os quais os individuos ndo tém consciéncia, mas que orientam seu comportamento. Desempenha papel importante nos processos ob- servacionais, no contexto da descoberta, e obtiga o investigador a um contato mais direto com a realidade. E 0 ponto de partida da investigacdo social. Para Selltiz (1967:233), a Observagio torna-se cientifica A medida que: a) “convém a um formulado plano de pesquisa; b) ¢ planejada sistematicamente; ©) é registrada metodicamente e esté relacionada a proposigies mais ge- rais, em vez de ser apresentada como uma série de curiosidades inte- ressantes; d) estd sujeita a verificacdes e controles sobre a validade e seguranca”. A Observagio tem como principal objetivo registrar e acumular informa- bes. Deve ser controlada e sistematica, Possibilita um contato pessoal e estreito do investigador com o fendmeno pesquisado. Sob a visio cientifica, a Observactio oferece certas vantagens ¢ limitagbes: 276 MEETODOLOGIA CIENTIFICA Vantagens: Estuda uma ampla variedade de fendmenos, permite identificar conjunto de atitudes € de comportamentos e pode perceber sinceridade nas respostas. Limitagbes: De duragdo varidvel, pode ser demorada, pois os aspectos da vida cotidiana nem sempre s80 acessiveis ¢ pode ter restrigbes no campo temporal € espacial. HA varias modalidades de observacao. Segundo Ander Egg (1978:96): a) segundo os meios utilizados: nfo estruturada ou assistemética e estrue turada ou sistematica; b) segundo a participacdo do observador: ndo participante ¢ participante; ©) segundo o niimero de observacées: individual e em equipe; 4) onde se realiza: na vida real (trabalho de campo ou em laboratério). 8.5.1 Observagio Assistemdtica ‘A técnica da Observacio nfo Estruturada ou Assistemética, também deno- rminada Espontinea, Informal, Ordindria, Simples, Livre, Ocasional ¢ Acidental rana ee em recolher e registrar fatos da Tealidade sem que o pesquisador utilize corres denicos espediais ou precise fazer perguntas diretas. E mais empregada sees dos exploratdrios € néo tem planejamento e controle previamente ela borados. Para Ander Egg (1978:97), # Observactio Assistemética “ndo é totalmente espontlinea ou casual, porque um minimo de interaglo, de sistema ¢ de contr Tevce impée em todos os casos, para chegar a resultados vilidos”. 8.5.2 Observagéo Sistemdtica -ambém recebe varias designagées: Estruturada, Planejada, Controlada. Uiliza instramentos para a coleta dos dados ou fendmenos observados ¢ reall aenc em condigSes controladas, para responder a propésitos preestabelecidos. Pout, as normas nao devem ser rigidas ou padronizadas, pots situagdes, obje- tos e objetivos podem ser diferentes. 8.5.3 Observagdo ndo Participante © pesquisador entra em contato com comunidade, grupo ou realidade estudads, sem integrar-se a ela. Apenas participa do fato, sem participacdo efe- [METODOLOGIA QUALITATIVAE QUANTITATIVA. 277 tiva ou envolvimento. Age como espectador. Porém, 0 procedimento tem caré- ter sistemtico. 8.5.4 Observagéo Participante Implica a interagao entre investigador € grupos sociais, visando coletar modos de vida sistemdticos, diretamente do contexto ou situagdo especifica do grupo. Para Mann (1970:96), a Observacao Participante ¢ uma “tentativa de colo- car 0 observador e 0 observado do mesmo lado, tornando-se o observador um. membro do grupo de modo a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referéncia deles”, O observador pode enfrentar dificuldades para manter a objetividade, pelo fato de exercer influéncia sobre o grupo ou ser influenciado pelas atitudes ou comportamentos pessoais do entrevistado, objetivo é ganhar a confianga do grupo, fazer os individuos compreen- derem a importéncia da investigagio, sem ocultar 0 seu objetivo. So apontadas, geralmente, duas formas de observagao: a natural, quando © observador pertence 4 mesma comunidade ou grupo investigado; e artifical, quando ele integra-se ao grupo, visando informacées. A Observaco Participante é uma das técnicas mais utilizadas pelos pesqui- sadores qualitativos. Segundo Alves-Mazzotti (1999:167), algumas habilidades devem ser exigi- das do observador, como: a) “ser capaz de estabelecer uma relagio de confianca com os sujeitos; b) ter sensibilidade para pessoas; ©) ser bom ouvinte; @)_formular boas perguntas; ©) ter familiaridade com as questées investigadas; £) ter flexibi g) nao ter pressa de identificar padrées ou atribuir significados aos fend- menos observados”. lade para se adaptar a situacées inesperadas; A Observacio Participante nao utiliza instrumentos como questionétio ou formuldrio; a responsabilidade do sucesso da investigagao depende exclusiva- mente do investigador, como habilidade, flexibilidade, aspecto emocional, pro- fissional e ideol6gico. 278 METODOLOGIA ctENTIFICA. 8.5.5 Observagéo Individual e de Equipe Como 0 proprio nome indica, ¢ a técnica de observaciio realizada apenas por um investigador. Nesse caso, a personalidade dele pode projetar-se sobre 0 observado, fazendo algumas inferéncias ou distorgdes, pela limitada possibili- dade de controle. Por outro lado, pode intensificar a objetividade de suas infor- ‘magoes, anotando os eventos reais. ‘A Observaciio em equipe ¢ mais aconselhével do que a individual, pois © grupo pode observar a ocorréncia por varios Angulos, podendo corrigir distor- goes, enxergando aspectos diferentes. # também chamada Observagao Macica ou Em Massa. 8.6 ENTREVISTA A Entrevista representa um dos instrumentos basicos para a coleta dos dados. “Trata-se de uma conversa oral entre duas pessoas, das quais uma delas & 0 entrevistador ¢ a outra 0 entrevistado. O papel de ambos pode variar de acordo com o tipo de entrevista. Todas elas tém um objetivo, ou seja, a obtengo de in- formacées importantes ¢ de compreender as perspectivas ¢ experiéncias das pessoas entrevistadas Para Alves-Mazzotti (1999:168), a entrevista, por ser de natureza intera- tiva, “permite tratar de temas complexos, que dificilmente poderiam ser inves- tigados adequadamente através de questiondrios, explorando-os em profundi- dade”. ‘Trata-se, pois, de uma conversagiio efetuada face a face, de maneira meté- dica, que pode proporcionar resultados satisfatorios e informacées necessérias, ‘As entrevistas qualitativas sio muito pouco estruturadas. O principal inte- esse do pesquisador 6 conhecer o significado que 0 entrevistado da aos fend- menos e eventos de sua vida cotidiana, utilizando seus proprios termos. A en trevista permite 0 tratamento de assunto de cardter pessoal. Todavia, seria aconselhavel o uso de um roteiro simples, que guie o entrevistador pelos princi- pais tOpicos, caso ele seja iniciante. Por ser a entrevista um intercimbio de comunicacéo, é importante ter pre- sente toda uma série de aspectos que tornam eficaz a inter-relacao, a fim de ob- ter um testemunho de maior qualidade. pesquisador, antes da entrevista, deve informar ao entrevistado sobre 0 interesse, a utilidade, 0 objetivo, as condigdes da mesma e 0 compromisso do anonimato. & também importante que na conversacao o pesquisador demonstre motivacdo e credibilidade. Além de tudo, deve ser prudente. METODOLOGIA QUALITATIVAE QUANTITATIVA 279 Para Goode e Hatt (1969:237), a entrevista “consiste no desenvolvimento de preciso, focalizacio, fidedignidade e validade de um certo ato social co- mum a conversacao”. A entrevista qualitativa, junto com a observacio participante, ¢ a técnica ‘mais usual na investigacao qualitativa. A diferenca entre ambas as técnicas é, segundo Bisman (1997:275), a “artificialidade com a qual se leva a cabo a en- trevista frente & naturalidade dos cendrios de observacio”. ( objetivo da entrevista é compreender as perspectivas ¢ experiéncias dos entrevistados. Por ser a entrevista um intercdmbio de comunicac&o, torna-se importante ter presente toda uma série de aspectos que tornam efieaz a inter-relagao, a fim de se obter um testemunho de qualidade. 8.6.1. Tipos de Entrevista HA diversos tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propésito do investigador: a) padronizada ou estruturada — quando o pesquisador segue um roteiro previamente estabelecido. As perguntas feitas a0 individuo sio predeterminadas; b) despadronizada ou semi-estruturada — também chamada de as- sistemética, antropolégica e livre ~ quando o entrevistador tem liberda de para desenvolver cada situacio em qualquer direcao que considere adequada. E uma forma de poder explorar mais amplamente a questo. Esse tipo de entrevista, segundo Ander-Eeg (1978:110), apresenta trés modalidades: Focalizada Quando ha um roteiro de t6picos relativos ao problema a ser estudado e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser, sobre razbes, mo- tivos, esclarecimentos. Para isso, fazem-se necessdrias certas qualidades ao pes- quisador como habilidade e perspicécia. Clinica Quando se estudam os motivos, os sentimentos e a conduta das pessoas. Nao Dirigida Quando ha liberdade por parte do entrevistado, que poderd manifestar li vremente suas opiniGes e sentimentos. 280 MeropoLoaia cientifica ‘A pesquisa semi-estruturada é a que os investigadores qualitativos mais utilizam. 86.2 Vantagens e Limitagées Como técnica de coleta de dados, a entrevista oferece vérias vantagens € limites: a) vantagens - pode ser usada com todos os segmentos da populagao. Ha maior flexibilidade e oportunidade para avaliar atitudes e compor tamentos, podendo 0 entrevistado ser mais bem observado. Possibilita também a coleta de dados importantes que nio se encontram em fon- tes documentais; b) limitagdes — quando hé dificuldade de expresso, de comunicagéo ou incorporagio clara dos significados, levando a uma falsa interpretacao. Ha possibilidade de o entrevistador sofrer influéncia do questionado. Outros aspectos sao: retencéo de dados importantes ¢ ser de longa du- ragio, ndo sendo econdmica. Os autores, em geral, colocam a Historia de Vida e a Histéria Oral como ti- pos de entrevistas. 8.7 HISTORIA DE VIDA A Historia de Vida refere-se a uma narracao em torno de determinados fa- tos ou fendmenos, nos quais se evidenciam valores e padr6es culturais. E uma técnica de coleta que pode complementar dados jé levantados. Consiste em um modo de interpretar e reinterpretar os eventos, para me- Ihor compreender as acdes, 0s conceitos e os valores adotados pelo grupo ou in- dividuo em pauta. Essa técnica de campo permite ao pesquisador um maior controle sobre @ situago ou as motivagées do entrevistado. © objetivo do investigador é, portanto, o de complementar dados coleta- dos, a fim de obter maior conhecimento sobre a vida do individuo. Ela tem como funco bésica estimular a pessoa, visando conseguir respos- tas claras e precisas sobre determinado estudo. ‘A Historia de Vida pode favorecer 0 surgimento de novas questées e conse- guir mais detalhes. METODOLOGIA QUALITATIVAE QUANTITATIVA 281 8.7.1 Fases da Histéria de Vida Segundo Pujadas (1992:59-84), a montagem da pesquisa Historia de Vida abrange as seguintes fases: Etapa Inicial Consiste em: a) planejamento tedrico do trabalho; b) justificativa da metodologia; ©) delimitaglo do universo da pesquisa; 4) explicagdo dos critérios de selecdo ou dos informantes. 87.2 Fases da Pesquisa Englobam: a) escolha de bons informantes; 'b) selecio de individuos que representam bem o universo sociocultural; ©) verificacéo da disponibilidade e predisposicao dos informantes. Para Haguette (2001:81-82), a Histéria de Vida serve como ponto de refe- réneia para avaliar teorias que tratam do mesmo problema, ajuda em reas de pesquisa que abordam superficialmente o assunto e serve de base para suposi- Oes. Pode ainda ser tiil no esclarecimento de aspectos subjetivos de virios es- tudos, fornecendo maiores detalhes. Pujadas (1992:68) propde as seguintes regras na elaboracao da Histéria de Vida: a) estimular a vontade de falar do informante e criar condicSes ambien- tais para que se realize de forma cOmoda; +) evitar a monopolizacao da palavra e no dirigir excessivamente a en- revista; ©) elaborar um esboco geral da biografia que inclua as etapas de vida e maior nimero de dados cronolégicos do individuo. Em Histéria de Vida, a técnica mais utilizada para investigar 6 a entrevista semi-estruturada, pois permite aprofundar-se cada vez mais na vida do entre- vistado. Mas nao é a tinica. (282 METODOLOGIA CIENTIFICA 8.8 HISTORIA ORAL Enquanto a Histéria de Vida levanta a vida de uma pessoa, evidenciando valores e padrées culturais, a fim de compreender as agGes, os conceitos ¢ os significados de atitudes e de comportamentos, a Historia Oral investiga os fatos ¢ acontecimentos registrados na meméria de pessoas ce destaque na comunida- de. B uma técnica de coleta de dados bem ampla, ‘A Historia Oral preocupa-se com o que é importante e significative para a compreenséo de determinada sociedade. Esse levantamento, realizado por meios mecanicos ou manuais, tem como finalidade preservar as fontes pessoais, obtendo dados que podem preencher lacunas em documentos escritos, regis trando, inclusive, a linguagem, os sotaques, as inflexdes, até mesmo as entona- ges dos entrevistados. Tudo o que se pode coletar sobre 0 passado de certos individuos, suas opinides e maneiras de pensar e agir, procurando captar princi- palmente dados desconhecidos. Na selecdo dos entrevistados deve-se escolher, primeira, os mais idosos, porque vivenciaram fatos do passado (antes que desaparecam) ¢ profissionais especializados em determinado assunto, De acordo com o tipo de entrevista, a Histéria Oral pode ser classificada como: 2) biografiea ~ quando o individuo exerce papel importante na vida da comunidades b)_tematica — quando a pessoa tiver participagao restrita na sociedade. Hé sempre, como em todas as entrevistas, uma interacéio entre pesquisa~ dor e entrevistado. Segundo Haguette (2001:94), alguns autores fazem certas criticas & Hist6ria (Oral, dizendo que ela nio pode ser totalmente confiével, pelo fato de basear-se em: a) depoimentos parciais; )_versdes dos acontecimentos € nfo em reconstitui ‘)_ impresses distorcidas, em virtude de a memeéria ser falha ou deficiente. A Histéria de Vida ¢ uma técnica de levantamento de dados com depoi- ‘mentos orais de pessoas que testemunharam fatos ¢ eventos do passado, que podem ser escritos ou gravados pelo investigador. ‘A Historia Oral, que tem como uma de suas finalidades a de preencher la- cunas nos documentos escritos, é considerada importante porque pode interes sar a varias ciéncias como Antropologia, Sociologia, Ciéncia Politica, Historia etc. Seria, portanto, a reconstituicao de um perfodo ou de um evento histérico por meio das pessoas envolvidas. METODOLOGIA QUALITATIVAEQUANTITATIVA 283 8.9 TECNICA DA TRIANGULAGAO Consiste na combinaciio de metodologias diversas no estudo de um fend- ‘meno. Tem por objetivo abranger a maxima amplitude na descrigio, explicagio © compreensao do fato estudado. Os estudiosos apresentam quatro tipos de triangulagao como fontes, méto- dos, investigadores e teorias, quando se fazem comparagées entre dados coleta- dos na entrevista: a) fontes — entre diferentes relatos ou funcdes de informantes; b) métodos - entre dados coletados por meio de varias metodologias como qualitative ¢ quantitativo; ©) investigadores — entre dados levantados por diferentes pesquisado- res com varias pessoas entrevistadas; 4) teorias ~ entre positivismo e construetivismo ou outras. As duas primeiras séio mais empregadas. Quando ha um triplice enfoque no estudo de um fenémeno social, descri- to, explicado ou compreendido, tem-se a Técnica da Triangulacao. 8.10 METODOLOGIA QUANTITATIVA 8.10.1 Origem Ao longo da Histéria da Ciéncia, surgiram varias correntes de pensamento que originaram diferentes rumos na procura do conhecimento. Face a tais cor- rentes, desde a metade do século XX, surgem dois enfoques prineipais da inves- tigagdo: 0 qualitativo e o quantitativo A metodologia quantitativa predominou primeiramente no horizonte cien- Uifico internacional, porém, nos tiltimos anos, a investigagdo qualitativa tem tido mais aceitacao. 8.10.2 Conceitos Berelson (in D’Ancora, 2001:351) define metodologia quantitativa como a “descricéio objetiva, sistemética e quantitativa do contetido manifesto da comu- nicagao”. Para Sabino (1966:204), a analise quantitativa se efetua “com toda infor- ‘magio numérica resultante da investigacao”, que se “apresentaré como um con- Junto de quadros, tabelas ¢ medidas’. 284 MeTopoLoGIA ciENTIFICA Segundo Bauer ¢ Gaskell (2003:22), a pesquisa quantitativa “lida com niimetos, usa modelos estatisticos para explicar os dados ¢ é considerada pes- quisa hard”. Goldemberg (2002:61) afirma que os métodos quantitativos “simplificam 1 vida social limitando-a aos fendmenos que podem ser enunciados” e acrescen- ta que “as abordagens quantitativas sacrificam a compreensio do significado em troca do rigor matemético”. ‘A-amostragem, no método quantitativo, reduz as amostras, sintetizando os dados de forma numérica, tabulando-os. 8.10.3 Caracteristicas 0 enfoque quantitativo emprega trés fases: a) evidencia a observagio € a valorizagfio dos fendmenos; b) estabelece idéias; ©) demonstra o grau de fundamentagéo; @) revista idéias resultantes da andlise; e €) prope novas observacdes e valorizagies para esclarecer, modificar e/ou fundamentar respostas e idéias. ‘Trés tragos bem definidos no contetido quantitativo devem ser observados: objetividade, sistematizacio e quantificago dos conceitos, evidenciados na co- municagio. Na anilise do contetido quantitativo, a énfase deve recair na quantificacdo de seus ingredientes, ou seja, na freqiéncia da aparicao no texto de certas pala- vras, expressbes, frases, temas ete, € néio nos aspectos semanticos do texto. Essa quantificagio deve ser de forma sistematica © objetiva: a) sistemética: ser ordenada, metédica; b) objetiva: proceder de forma rigorosa e reaplicavel, ou seja, objetivagio dos fenémenos, hierarquizagao das aces. Deve descrever, compreen- der e explicar os fatos. 8.10.4 Fases da Andlise de Contetido De acordo com Bardin (in D’Ancora, 2001:353), existem trés momentos cronoldgicos bésicos na organizagao da andlise de contetdo: METODOLOGIA QUALITATIVA E QUANTITATIVA 285 a) especificagdo dos objetivos da pesquisa e formulagao das hipéteses; b) elaboraco dos indicadores em que se apoiardo as hipéteses obtidas a partir das definigdes operacionais dos conceitos teéricos apoiados na investigagio; ©), elei¢ao dos documentos a analisar. 8.10.4.1 APRESENTAGAO DO MATERIAL a) escolha das unidades de codificagdo, enumerando a freqiiéncia e a in- tensidade surgida no documento; D) determinacdo das categorias a serem empregadas na codificacdo do contetido dos dados, a partir das hipéteses da investigacao; ©) registro e quantificagdo dos dados, conforme os indicadores escolhidos. 8104.2 TRATAMENTO E INTERPRETACAO DOS RESULTADOS Inicia-se com a andlise invaridvel. Aos resultados somam-se provas estatis- ticas e teste de validez, podendo, posteriormente, fazer inferéncias ¢ interpreta- bes dos resultados da investigacao. Em geral, 0 estudo quantitative elege uma idéia que transforma em uma ou varias perguntas relevantes, das quais derivam hipdteses e varidveis. De acordo com Grinnell (in Sampieri et al., 2003:5), os enfoques quantita- tivos e qualitativos valem-se de fases similares, relacionadas entre si, ou seja: a) evidenciam a observagio e a valorizagao dos fendmenos; b) estabelecem suposicdes ou idéias, resultantes da observacao e valoriza- ao tealizadas; ©) demonstram e provam 0 grau nas quais as suposigées ou idéias tém fundamentos; ) fazem revisbes as tais suposigdes ou idéias baseadas nas provas das andlises; ) sugerem novas observagdes ¢ valoragées para esclarecer, modificar, consolidar e/ou fundamentar as suposigdes e idéias, inclusive para ge- neralizar outras. O enfoque quantitativo vale-se do levantamento de dados para provar hi- péteses baseadas na medida numérica e da anélise estatistica para estabelecer padrées de comportamento, Ele procura principalmente a expansfio dos dados, ou seja, a informacao. Fundamenta-se no método hipotético-dedutivo, levando em consideracao: 286 MEropoLoGIA CIENTIFICA fa) estabelecimento de teorias ¢ levantamento das hipéteses; b) comprovacdo das hipéteses; e ©) aceitacio ou refutagao das mesmas. 8.10.5 Vantagens da Metodologia Quantitativa © pesquisador procura expressar as relacées funcionais entre as varidveis € identificar os elementos basicos do fato estudado, evidenciando a evolugao das relagGes entre os diferentes elementos. Visa a: a) preciso e controle; ) integragdo dos métodos de quantificacao e qualificacao; ©) explicitagio dos passos da pesquisa; d) prevencdo da inferéncia e da subjetividade do pesquisador. 8.10.6 Desvantagens a) excessiva confianca dos dados; ) falta de detalhes do processo e de observacdo sobre diferentes aspectos e enfoques; ©) certeza nos dados colhides; d) desenvolvimento com a situagao da pesquisa. 8.10.7 Escalas de Medi¢aéo De acordo com as operagées matematicas que se podem realizar com os valores ou simbolos levantados dos fendmenos observados, podem-se distinguir quatro nfveis ou escalas de medigao. Isso permite classificar os dados socials, que dependerao dos critérios do pesquisador. (Os quatro tipos de classificagio dos dados so: nominal, ordinal, intervalos € proporeional, colocados em ordem, do geral a0 especifico. a) Eseala Nominal: consiste em nomear os objetos com 0 tinico fim de classificd-los. Exemplo: descrever uma populagio em determinado momento histérico. METODOLOGIA QUALITATIVA E QUANTITATIVA 287 b) Eseala Ordinal: quando se estabelece uma ordem entre as diferentes categorias. Exemplo: estabelecer trés categorias de niveis salariais: classe alta, mé- dia e baixa. ©) Escala por Intervalos ou Proporgées: quando, além da ordem, é ossivel classificar por intervalos proporcionais. Exemplo: as cifras eleitorais dos diferentes partidos. Essa escala constitui o nivel mais alto da medigao. d) O Agrupamento de Dados: de acordo com as necessidades da in- vvestigacio. Exemplo: uma lista de profissionais em determinado perfodo. Assim, estdo-se reagrupando os dados. 8.10.8 Medidas de Posigéio Dividem-se em: a) Média: quando os dados nao sao tabulados, a mé uma férmula. b) Mediana: é medida de posigéo mais do que de grandeza, também é calculada por formula, €) Moda: consiste no valor mais freqiiente em uma ia € calculada por istribuicao. Os Quartis dividem a distribuico em quatro partes iguais: os Decis em 10 © 05 Percentis em 100 partes (ver: Marconi & Lakados: Teoria de Pesquisa, Cap. 1). LITERATURA RECOMENDADA ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. 2. ed. 0 méto- do em ciéncias naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualificativa. Sao Pau- lo: Thonsom, 1999. Capitulo 7. ANDER-EGG, Ezequiel. Introduccién a las técnicas de investigacién social: para trabajadores sociales. 7, ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. Capftulo 8. EISMAN, Leonor Buendia; BRAVO, Pilar Cols; PINA, Fuensanta Hernéndez, ‘Métodos de investigacién en psicopedagogia. Madri: McGraw-Hill, 1997. Capitu- los 8, 9 e 10. 288 METoDOLOGIA ciEntiPICA FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. Sao Paulo: Cortez, 1980. Capitulos 2 e 4. GOLDENBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciéncias sociais. 6. ed. Sao Paulo: Record, 2002. GONSALVES, Elisa Pereira. Iniciagdo pesquisa cientifica. 2. ed. Campinas: Ali- nea, 2001 GOODE, William J.; HATT, Paulo K. Métodos em pesquisa social. Sa0 Paulo: Na cional, 1969. Capitulo 13. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. 8. ed. Metodologia qualitativa na sociologia. Petrépolis: Vozes, 2001. LUDKE, Menga; ANDRE, Marli, E. D. Pesquisa em educago: abordagem qualita tiva. Sao Paulo: EPU, 1986. Capitulos 2, 3 € 4. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria, 5. ed. Técnicas de pesqui- sa, Sao Paulo: Atlas, 2002. Capitulo 3. MINAYO, Maria Cecilia de Souza (Org.). 21. ed. Pesquisa social: teoria, métodos e criatividade. Petrépolis: Vozes, 1993. PUJADAS, Mifioz J. J. El método biografico: el uso de las historias de vida en ciencias sociales. Cuadernos Metodoldgicos. Madri: Centro de Investigaciones Sociolégicas, 1992. RICHARDSON, Roberto Jarry et al. 3. ed. Pesquisa social: métodos e técnicas. Sao Paulo: Atlas, 1999. Capitulos 5 e 6. SELLTIZ, C. et al. Mérodos de pesquisa nas relacdes sociais. 3. ed. S40 Paulo: Her- der: Edusp, 1969. TRIVINOS, Augusto N. S. Introdugdo a pesquisa em ciéncias sociais: a pesquisa qualitativa em educacao. Séo Paulo: Atlas, 1987.

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