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SUMÁRIO

13 CAPA
A classe C
no paraíso
A Credit Performance é a primeira e única
revista especializada na indústria brasileira de das compras
crédito e cobrança. A publicação é idealizada
pela CMS People do Brasil, promotora dos

5
mais importantes eventos deste mercado
em 12 países, e conta com o apoio do EDITORIAL
Instituto GEOC e da Serasa Experian.
Com periodicidade trimestral e tiragem de

7
quatro mil exemplares, a revista oferece
ENtrevista
conteúdo especialmente desenvolvido para
os executivos líderes de grandes corporações O sucesso da gestão
e empresas da área. Distribuição exclusiva e da presidente da Caixa
gratuita. Econômica Federal

10
Conselho Editorial
Análise Setorial
Adilson Melhado, Cícero de Toledo Piza Filho,
Cláudio Kawasaki, Fernanda Bortolussi, João Os principais motores
Leme, João Paulo de Mattos, Juliana Azuma, da economia
Leila Martins, Luciana Felletti, Luis Barbuda,
Pablo Salamone, Renata Joseph, Silvina
Virga, Victoria Iturrieta.
19 Caso de sucesso
GRAACC é fórmula
de sucesso no tratamento
Redação e produção
Burson-Marsteller Brasil do câncer no Brasil
Diretor de redação: Pedro Corrêa

Editora e jornalista responsável


Luciana Morassi (MTB 34.765)                                       
20 Indicadores
Um balanço de 2009 e as
perspectivas para 2010
Colaboraram nesta edição
Christiane Marcondes, Daniela Saragiotto,
Fabio Barros, Luiz Gustavo Pacete, Luiz Vita,
Regina Ielpo, William Messias                                          
21 Idéias e Tendências
Crédito e cobrança em 2010,
sem tempo para reflexões
E-mail da redação
creditperformance@cmspeople.com

Projeto gráfico e diagramação


23 NOVIDADES E AGENDA
SISCOM abre filial; Serasa
Experian tem nova logomarca
Multi Propaganda e CastillaSozzani&Assoc.

capa
Fernanda Bortolussi
Marketing CMS
24 Tendência
Cobrança como a primeira
etapa da nova venda

26
Responsável Comercial
Opinião
Madleine Rose M. Sprocatti
madi@cmspeople.com A qualificação dos gestores
Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013 em um mercado cada vez
mais exigente

28
Credit Performance, a revista da
Pelo mundo
indústria de crédito e cobrança.
Endereço na internet Lisboa: história, cultura
www.creditperformance.com.br  e modernidade

Credit Performance® é uma publicação da


CMS People. Todos os direitos reservados,
proibida a reprodução total ou parcial sem
29 Sofisticação & luxo
Prazer nacional, fama global
prévia autorização.

30 Ponto de vista
O mercado de crédito no
Brasil: o que esperar de 2010
2 Pontos

4 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


EDITORIAL

crEdit
performance

Juan Pablo Buceta


Pablo Salamone
Presidente CMS

P
rezado Leitor, A Credit Performance também traz uma
Ao fazermos um balanço de 2009, lem- interessante entrevista com Maria Fernanda
bramos de situações difíceis e grandes Ramos Coelho, principal executiva da Caixa
desafios enfrentados pelo mercado, quando Econômica Federal, que relata os principais
muitas variáveis prejudicaram os principais se- desafios na revolução no sistema de crédi-
tores da economia mundial. Porém, felizmen- to, inclusão de pessoas de classes populares
te, notamos que a América Latina foi uma no sistema bancário e objetivos pretendidos
das regiões menos atingidas por estes acon- com a parceria com o Banco Panamericano.
tecimentos e que muitos países já estão pró- A encantadora Lisboa e o universo do café
ximos da recuperação. O Brasil é um deles! são os temas retratados nas seções Pelo
Iniciamos o ano dentro de um cenário com Mundo e Sofisticação, respectivamente. No
perspectivas econômicas mais positivas, complementadas texto sobre a capital portuguesa, é possível desvendar os
pelo crescimento sustentável extremamente promissor, locais mais interessantes para visitar nessa cidade cosmo-
graças à preparação feita previamente à crise, à posição polita, que mistura tradição e modernidade. Já a reporta-
macroeconômica forte do País e à sua diversidade de negó- gem “Prazer nacional, fama global” aborda o sucesso e
cios com outras economias mundiais. crescimento de uma das bebidas mais consumidas no País,
Os fortes incentivos do governo para a redução de im- mostrando a relação histórica do brasileiro com o café e a
postos nos segmentos de construção civil, mobiliário, au- febre das cafeterias.
tomobilístico e o aumento de crédito imobiliário para as Assim, você está convidado a apreciar os artigos desen-
classes menos favorecidas foram medidas que ajudaram a volvidos por nossa equipe de redação para se manter sem-
aquecer o consumo e geraram oportunidades de emprego pre informado das novidades sobre o mercado financeiro e
para a população. o segmento de crédito e cobrança.
A matéria de capa está relacionada, justamente, à im- Começamos 2010 com a perspectiva de que será um
portância das classes emergentes brasileiras na retomada período repleto de oportunidades, como sinalizam as pá-
da evolução econômica: retrata o constante crescimento ginas da primeira edição do ano da Credit Performance –
da classe C no contexto social, seus hábitos, perfis, rendi- uma publicação que procura levar aos leitores informação
mento, entre outros aspectos que a tornam especialmente de qualidade e especializada, dentro da certeza de que o
relevante para o desenvolvimento equilibrado do Brasil. A conhecimento é o único bem que se multiplica quando se
matéria ainda explora a contribuição das empresas de cré- compartilha. Boa leitura.
dito para alavancar as potencialidades desta classe e o que  Cordialmente,
empresas de recuperação de crédito fizeram para ajudar na
mudança do perfil deste novo consumidor.
Como parte do exercício para entender o atual momento
da vida nacional, opiniões otimistas e estudos de especia-
listas podem ser conferidos na seção Análise Setorial, que
relata, nesta edição, os principais setores que alavancam a
economia para a expansão do crédito e do consumo.

Credit Performance, a revista do mercado de crédito e cobrança no Brasil. Para visualizar apresentações e notícias acesse www.creditperformance.om.br.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 5


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6 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


ENTREVISTA

Caixa consolida
revolução no sistema de crédito

Divulgação
Christiane Marcondes Alves de Brito
Especial para Credit Performance

H
á quatro anos, a profissional de carreira Maria Fernanda Ra-
mos Coelho “furou a fila” e não só afastou os sucessores na-
turais ao cargo como se tornou a primeira presidente mulher
da Caixa Econômica Federal. Assumiu com a missão de revolucio-
nar o sistema de crédito, segundo anunciou o Ministro da Fazenda,
Guido Mantega. Jovem, pernambucana, ex-sindicalista, a executiva
capitaneou com garra e simpatia a reestruturação operacional e
o processo atinge, agora em 2010, a maturidade, embasando a
plataforma de lançamento de novos negócios da tradicional insti-
tuição, que completa 150 anos em 2011.

Credit Performance – Ex-sindicalista, correndo por fora na


sucessão à presidência da CEF, primeira mulher a assumir o
cargo, quais os maiores desafios e conquistas nessa arrojada
empreitada?

Maria Fernanda – O que mais me instiga na minha administra-


ção, considerando-se que completo 26 anos de Caixa no dia 1.º
de maio e quatro anos de presidência em março, foi a oportuni-
dade de construir, a partir de 2007, um novo modelo de gestão,
que incluiu revisão de valores e ações de mobilização nas quais a
instituição reforçou a sua identidade de agente de transformação
social, que pode e deve proporcionar grandes avanços na comuni-
dade em geral. Acredito que a melhora na
qualidade de nossa carteira
Credit Performance – Como aconteceu e está acontecendo
de crédito, com mais de 77%
esta revolução no sistema de crédito da CEF?
com rating AA-B, aliada à
Maria Fernanda – A revolução de crédito é resultado de uma es- redução da inadimplência –
tratégia política do governo, que elevou o PIB de 22% a 45%, que em 2009 atingiu os
desde 2003, com a democratização de acesso ao crédito, princi- níveis mais baixos de nossa
palmente por parte das famílias, uma das alavancas do consumo e
história –, são provas
desenvolvimento. Com a medida, ampliamos 4,9 vezes o volume
de crédito no mercado e obtivemos a inclusão de mais de 20 mi-
inequívocas do bom trabalho
lhões de pessoas no sistema financeiro, seja por meio de abertura que vem sendo realizado
de conta bancária ou da criação de micro e pequenas empresas. com reconhecimento dos
Nossa estratégia fundamental é consolidar a posição relevante da órgãos de controle.”
Caixa no mercado como instituição financeira promotora do desen-
volvimento econômico relevante para a democratização do crédito.
Maria Fernanda Ramos Coelho,
Esta, que é a essência da CAIXA, havia sido esquecida durante o
presidente da Caixa Econômica Federal
período das privatizações. Acredito que o fato de avançarmos sig-
nificativamente na concessão de empréstimos em 2009, com quali-
dade e responsabilidade, demonstra que temos capacidade técnica

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 7


ENTREVISTA

e operacional. A “revolução” que empreendemos internamente res níveis de inadimplência. Em 2010, pretendemos ampliar esse
garantiu o resultado, principalmente, na busca de novas estruturas crédito – que chegou a 125 bilhões – para uma soma entre 180
de gestão e governança, tecnologia e mudança cultural. Particular- a 200 bilhões. O destaque maior é em habitação, segmento em
mente, a atuação junto à pessoa jurídica (PJ) demonstra todo esse que nossa participação de mercado chegou a atingir a marca
processo, pois, historicamente, não tínhamos uma atuação rele- de 83,6% no último trimestre de 2009, sendo que, em média,
vante no setor e, nos últimos anos, essa linha de negócio ganhou essa participação é de aproximadamente 75%. Particularmente
grande destaque. no crédito à pessoa física (PF), nossa participação de mercado
encontra-se em cerca de 4,5%. Mas é no crédito à PJ, como eu
Credit Performance – A crise econômica global, de 2008, atra- já disse, que temos obtido uma maior satisfação, pois saímos
sou o processo de reestruturação? de praticamente zero de participação em 2002 para fecharmos
2009 com aproximadamente 4,6%.
Maria Fernanda – De modo algum, porque o governo bancou
o crédito. Enquanto os bancos privados restringiram sua liquidez, Credit Performance – Na habitação popular, ainda é a insti-
os estatais não puxaram o freio de mão, continuaram atuando tuição que mais financia crédito?
no mercado. Agora, em 2010, estamos consolidando esse novo
modelo. Temos como missão nos tornarmos uma instituição es- Maria Fernanda - A Caixa é reconhecida pela excelência na ges-
tratégica do Estado brasileiro na sustentação deste novo ciclo de tão de fundos públicos e privados e pela grande experiência no
desenvolvimento econômico. Neste sentido, a perspectiva é am- financiamento a projetos de infraestrutura e saneamento. Mais
pliar nossa carteira total de crédito na ordem de 25% a 30% para recentemente, no período da crise, ampliou seu relacionamento
este ano. Também está previsto concurso público para contratação com grandes empresas de diversos setores. Mas, sem sombra de
de 5.000 novos empregados, o que permitirá ampliação de nossa dúvida, habitação continua sendo um dos carros chefes de nossos
rede de agências. Ao mesmo tempo, estudamos oportunidades negócios. Atingimos em 2009 R$ 47 bi de aplicação, sendo que
de aquisições no mercado que venham a ampliar nossa carteira acreditamos superar em 2010 a marca histórica de 1 milhão de uni-
de produtos e garantir complementaridade operacional de nossas dades habitacionais financiadas, com mais de R$ 55 bi aplicados,
atividades. Ou seja, o fato de nossa grande rede, distribuída em mantendo com isso, a liderança absoluta no segmento com mais
todo o país, ser extremamente útil para realização de negócios e de 75% de participação do mercado
relacionamento com os clientes, é um fator competitivo que só se
fortalece com essa ampliação da rede bancária. Credit Performance – A CEF fala também na inclusão de 4
milhões de pessoas que ainda não possuem conta corrente
Credit Performance – Ao que parece, só há motivos, então, no sistema bancário. São pessoas da classe C, D e E? Elas
para comemoração, já que a CEF completa 150 anos em 2011. serão contempladas com quais tipos de política ou planos de
Alguma surpresa para a data? concessão de crédito?

Maria Fernanda – O sesquicentenário não pode ser comemora- Maria Fernanda – Esta meta será alcançada com a parceria do
do em um só ano, por isso já entramos em clima de aniversário. Ministério do Desenvolvimento Social. Vamos fechar 2010 com
A grande novidade é que estamos abrindo uma superintendência 4 milhões de beneficiários do Bolsa Família contando com conta
cujo objetivo é dar atendimento à Petrobras e ao BNDES. A propos- bancária. Hoje já temos algo próximo a dois milhões de beneficiá-
ta é focar os setores que trabalham em toda a cadeia energética. rios bancarizados. No total, atualmente são 7,1 milhão de clien-
Vamos investir mais de um milhão de reais em tecnologias alterna- tes com contas simplificadas, correntistas que, em muitos casos,
tivas, como a da energia eólica, entre outras. nunca haviam anteriormente entrado num banco. Essas contas
permitem movimentação, execução de pagamentos com cartão
Credit Performance – A aposta alta em energia vem se somar de débito e acesso a crédito, que já conta com um saldo de utili-
aos já consagrados investimentos em cultura e esporte? zação, no caso do crédito rotativo, de R$ 65 milhões. Nossa meta
é fechar 2010 com um total de aproximadamente 10 milhões de
Maria Fernanda – Sem dúvida. Na política em relação aos espor- contas simplificadas, consolidando a Caixa como referência na
tes priorizamos o atletismo, que tem forte identidade com a insti- inclusão bancária.
tuição, porque beneficia populações de baixa renda. Além disso,
temos ginástica artística, rítmica e somos patrocinadores oficiais do Credit Performance – Quais os novos produtos que a CEF
paradesporto. Só para este ano, estimamos um investimento de pretende ampliar ou criar para os consumidores das clas-
quase 40 milhões de reais no esporte. ses C, D e E em pleno crescimento? Vai privilegiar carros,
eletrodomésticos, móveis ou investir mais numa carteira
Credit Performance – Falando em números, como está o habitacional?
posicionamento da CEF hoje no segmento de crédito e no
ranking das maiores? Maria Fernanda – Buscar adequar produtos às necessidades dos
clientes é uma regra de qualquer instituição financeira e, na Cai-
Maria Fernanda – Em 2009, nós tivemos um crescimento de xa, isso não é diferente, tendo como foco todos os públicos, mas
56% na carteira de crédito, com participação de 8,9% no mer- dedicando especial atenção ao público de baixa renda, pequenas e
cado total. Além disso, historicamente, estamos com os meno- médias empresas. A recente parceria que firmamos com o Paname-

8 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


ENTREVISTA

a formalização do pequeno empreendedor informal e, neste senti-


do, constituímos pacotes de produtos específicos, tendo como um
importante canal de distribuição os contadores e correspondentes
bancários. Ainda no âmbito do governo federal, a Caixa aderiu ao
A grande novidade é que estamos Fundo Garantidor de Operações, que permite a redução das taxas
abrindo uma superintendência de juros para as pequenas empresas. Além disso, temos buscado
firmar parcerias com associações comerciais e entidades setoriais
cujo objetivo é dar atendimento à
para estabelecer formas adequadas para superar as restrições de
Petrobras e ao BNDES. A proposta é acesso ao crédito.
focar os setores que trabalham em
toda a cadeia energética.” Credit Performance – Como a CEF tem lidado com a falta de
garantias desse setor para obtenção de crédito? Algum ins-
trumento especial?

Maria Fernanda - De modo geral, nossos sistemas de avaliação de


risco (credit e behavior score) e a busca de estreito relacionamento
ricano, a partir da compra de parte de seu controle acionário, per- com o cliente (principalmente micro e pequenas empresas), apoia-
mitirá, por exemplo, obtermos maior ênfase em linhas de negócios da por uma estrutura de governança em permanente aperfeiçoa-
antes pouco desenvolvidas, como financiamento a automóveis. No mento, têm sido as formas de manter os bons níveis de qualidade
caso de eletrodomésticos e móveis, o nosso Crediário Caixa Fácil de nossa carteira de crédito.
tem sido um sucesso junto às pequenas, médias e grandes redes
lojistas. Com menos de um ano, já conta com um saldo contratado Credit Performance – Há bancos que liberam créditos para
de R$ 100 milhões no financiamento das compras de clientes do empreendedores sem a necessidade de um fiador ou com-
varejo, sem que estes necessariamente sejam nossos correntistas. provação de bens, apenas a partir da avaliação do perfil do
correntista. Como a Caixa avalia essa situação e qual é a po-
Credit Performance – Quais as garantias de bom retorno des- lítica da instituição para promover o desenvolvimento dos
se investimento? Como minimizar a inadimplência? empreendedores que têm bons planos de negócios, mas não
dispõem de capital ou bens?
Maria Fernanda – Com gestão e controle do risco. Este talvez
tenha sido, nos últimos seis anos, um de nossos maiores objeti- Maria Fernanda – A utilização de sistemas de análise de crédi-
vos. Ou seja, garantir estruturas de governança, boas práticas de to baseada no comportamento do cliente (behavior score) e em
gestão e sistemas tecnológicos que permitam aos nossos gerentes seus parâmetros (credit score) tem sido uma regra no sistema
a concessão do crédito com qualidade e respeito às condições do bancário brasileiro e a Caixa adota as melhores práticas do mer-
cliente. Para tanto, realizamos pesados investimentos em tecno- cado para garantir uma política de crédito responsável. Temos
logia, algo em torno de R$ 200 milhões/ano, e em treinamento, linhas de crédito que não exigem a comprovação dos bens, nem
aproximadamente R$ 65 milhões somente no último ano, para garantias formais, como o microcrédito da Caixa, operado por
aperfeiçoar nossas práticas. A ampliação de nossa carteira de crédi- meio da parceria com instituições de microfinanças e Prefeituras.
to obviamente gera um efeito denominador em nossa inadimplên- A operação se realiza com base na avaliação do plano de negó-
cia, contudo, não explica completamente a permanente redução cio do empreendedor e em seu histórico. Formas alternativas de
da inadimplência em nossas linhas de negócio desde 2005. Acre- garantias são estruturadas como aval solidário ou alienação do
dito que a melhora na qualidade de nossa carteira, com mais de bem a ser adquirido.
77% com rating AA-B, aliada à redução da inadimplência – que em
2009 atingiu os níveis mais baixos de nossa história –, são provas Credit Performance – Há programas para ajudar os pequenos
inequívocas do bom trabalho que vem sendo realizado com reco- negócios que queiram ingressar no comércio exterior?
nhecimento dos órgãos de controle.
Maria Fernanda – Sim. O PROGER Exportação é uma linha de
Credit Performance – Quais os planos da CEF para as micro crédito cujo objetivo é financiar capital de giro a micro e pequenas
e pequenas empresas, que ainda têm dificuldade de acesso empresas exportadoras. Os recursos utilizados no PROGER provêm
ao crédito? do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e destinam-se a empre-
sas legalmente estabelecidas e com faturamento anual de até R$
Maria Fernanda – A Caixa tem como meta crescer neste segmen- 5.000.000,00, cooperativas e associações de produção.
to algo em torno de 30%. Temos buscado acompanhar as inova-
ções do mercado no que tange à constituição de mecanismos para Credit Performance – E as classes A e B, como ficam nesse
inclusão de micro e pequenas empresas com dificuldades de acesso contexto de sistema de crédito?
ao crédito, um deles as Sociedades Garantidoras de Crédito. Atu-
almente participamos do programa do governo federal “Microem- Maria Fernanda – A Caixa tem uma política de praticar as meno-
preendedor Individual”, que busca criar condições favoráveis para res taxas e os melhores serviços para todas e todos os brasileiros.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 9


ANÁLISE SETORIAL

Os principais motores da
Especialistas preveem que oferta de crédito deve continuar em evolução em 2010, graças
economia
Fabio Barros

C
rise? Que crise? Do ponto de vista da oferta de crédito, o
mercado brasileiro passou ao largo da crise, principalmente
se considerado o último trimestre do ano passado. Um exem-
plo: de acordo com o Banco Central (BC), as operações de crédito
do sistema financeiro cresceram, em dezembro de 2009, 14,9% em
relação ao mesmo período de 2008, puxadas fundamentalmente
pelas operações de pessoas jurídicas. Com este desempenho, estas
operações passaram a representar 45% do PIB (Produto Interno Bru-
to) brasileiro, contra 39,7% do ano anterior.

O bom desempenho não ocorreu sem razão. De acordo com Te-


reza Maria Fernandez Dias da Silva, diretora da MB Associados, a
oferta de crédito depende basicamente de duas coisas: emprego e
renda. “O Brasil vem conseguindo manter as duas coisas. O cres-
cimento na oferta de emprego e o aumento do salário mínimo
acima da inflação deram tranquilidade para que as instituições
dessem crédito para as pessoas”, explica.

A este crescimento devem se somados os incentivos dados pelo


governo aos setores automotivo, de materiais de construção e ele-
trodomésticos (linha branca), que estimularam o crédito e ainda
reverteram tendências de queda em alguns setores, como o au-
tomotivo. A eficácia da medida também se traduz em números.
Segundo o BC, a inadimplência de pessoas físicas caiu de 8,1% em
novembro de 2009 para 7,8% em dezembro. Por setor, a menor
taxa foi registrada justamente na modalidade de empréstimo para
aquisição de veículos: 4,4%. Efeitos da expansão
O setor imobiliário também sentiu, positivamente, os impactos das • O que o crescimento de crédito trouxe
medidas do governo. Dados divulgados pelo BC e pelos agentes ao setor automobilístico
do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), respon-
sáveis pelas operações com recursos das cadernetas de poupança,
o saldo dos empréstimos habitacionais a pessoas físicas e coope- 3,22 milhões de carros produzidos em 2009, com
rativas, incluindo o FGTS, chegou a R$ 88,9 bilhões, ou 40,6% previsão de 3,39 milhões em 2010. Com faturamento de R$ 146
mais que as demais linhas de crédito pessoal. O balanço do SBPE bilhões em 2009, o setor fecha o ano representando quase 6% do
mostra que o volume de contratações cresceu 13,3% sobre 2008, PIB nacional e 23,3% do PIB da indústria
chegando a R$ 34 bilhões. Fonte: Anfavea

O crescimento trouxe impactos indiretos. No vácuo do boom imo- • O que o crescimento de crédito trouxe ao setor imobiliário
biliário, as redes do segmento de móveis e decoração, que so-
mente em São Paulo movimentam cerca de R$ 7 bilhões ao ano,
preveem para este ano um crescimento em vendas que pode bater 310 mil imóveis foram financiados em 2009 com recursos
na casa de 40%. A estratégia está pronta, e deve focar a abertura da poupança
de lojas em regiões onde há previsão de entrega dos imóveis ven- Fonte: Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança)
didos nos últimos dois anos.

10 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


ANÁLISE SETORIAL

economia
A ação do governo incluiu também os bancos públicos que,
durante a crise, foram engajados na estratégia de estímulo ao
crescimento. Como resultado, em novembro de 2009, o volu-
me de crédito dos bancos públicos representava 18,4% do PIB,
contra 13,8% em 2008. A Caixa Econômica Federal, por exem-
plo, bateu em 2009 seu recorde na oferta de crédito, chegando
à expectativa de crescimento da economia a R$ 125 bilhões para empresas e pessoas físicas. Deste total,
R$ 46,9 bilhões foram operações de crédito para habitação, o
que representou um crescimento de 100% em relação a 2008.
Divulgação

2010

Se o balanço do setor de crédito em 2009 é positivo, as perspec-


tivas para 2010 são ainda melhores. “Tudo leva a crer que de-
vemos manter a expansão porque estamos em um momento de
crescimento da economia, principalmente na indústria”, diz Tereza
Maria. Mas não só. A executiva destaca a previsão de crescimento
de renda em 4,5% acima da inflação, número que ela avalia como
bastante forte. “A inflação não deve ter um aumento dramático, o
que faz prever que o crédito deve continuar crescendo.”

Entre os segmentos que devem continuar alavancando o cres-


cimento do crédito, Tereza Maria aponta a construção civil, que
deve avançar com um ritmo de expansão acima da média, e tam-
bém o setor de alimentos.

O otimismo é compartilhado pelo mercado, que apresenta um ce-


nário favorável para que se repitam os recordes de financiamento
de 2009, quando foram contratadas 686 mil operações, contra
627 mil do recorde anterior, de 1980. Por conta disso, o SBPE pro-
jeta um crescimento de 50% nos empréstimos, bem mais que a
previsão de aumento de 10% na captação da poupança.

Tereza Maria afirma que o mercado vive um momento de conti-


nuidade de um processo positivo iniciado em 2009, e para o qual
muitos setores já estão minimamente preparados. Um exemplo é
o processo de consolidação do setor de varejo, que está provo-
cando novas entradas. “Temos novos investidores chegando e o
A força da pessoa física movimento do Pão de Açúcar como exemplos de que o setor vive
um momento muito interessante. De outro lado, o varejo online
• Quanto cresceu a oferta de crédito para pessoa física, vem crescendo em volume e em novos modelos, como a criação
por setor de clubes de vendas na internet”, reforça.

Setor Crescimento Saldo Processo semelhante vive o setor petroquímico. A especialista


Financiamento imobiliário 40,6% R$ 88,9 bilhões garante que estas mudanças não ocorrem por acaso. Ao con-
Financiamento de veículos 12,9% R$ 157,1 bilhões trário, mostram que o mercado está passando por mudanças
Empréstimo consignado 34,6% R$ 106,1 bilhões e se adequando a novas condições criadas pelo foco maior no
Fonte: Banco Central mercado interno. “Isso ocorre justamente porque o poder aqui-
sitivo da população está crescendo, as pessoas podem deman-
• Operações de crédito envolvendo dar mais. Tudo isso, de alguma maneira, é consequência da
pessoa física x pessoa jurídica expansão do crédito”, diz.

Setor Crescimento Saldo Toda esta movimentação deve trazer um novo cenário para o mer-
Pessoa jurídica R$ 396 bilhões 1,1% cado, que deve ver um crescimento ainda maior do crédito às pes-
Pessoa física R$ 319,8 bilhões 17,4% soas jurídicas. Algumas previsões dão conta de que o crédito para
Fonte: Banco Central as empresas poderá crescer 25% em 2010, contra 20% no crédito
às pessoas físicas.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 11


CAPA

A classe C vai ao

paraíso...
...das compras! Cerca de 20 milhões de pessoas passam
a integrar o ranking de clientes preferenciais não só das
grandes redes de varejo como dos agentes financeiros.
Elas formam a grande classe média, que vem conquistando
poder aquisitivo desde o início do Plano Real, há quinze anos.

Christiane Marcondes Alves de Brito


Especial para Credit Performance

F
ernando Henrique Cardoso deu o pontapé inicial no
jogo. Luiz Inácio Lula da Silva fez os gols da virada.
Quem mais vibrou com a vitória da classe média foram,
em princípio, as grandes redes varejistas. Que faturaram
muito com um público assalariado – portanto, menos sujei-
to às intempéries dos pacotes econômicos – e fiel não só ao
estabelecimento de compras como ao próprio sobrenome
de família. Picado pelo bichinho da febre consumista, esse
sujeito prefere deixar faltar pão em casa a não pagar o car-
tão de crédito. É um zelador eterno do nome limpo.

“Quando o Plano Real conseguiu reter o processo de in-


flação, que chegava a 80% ao mês, as pessoas passaram
a fazer planos de longo prazo para suas vidas. E as redes
de varejo enxergaram aí a oportunidade de criar planos de
pagamento igualmente a longo prazo, que coubessem no
bolso do consumidor de baixa renda”, explica Renato Mei-
relles, sócio-diretor do Data Popular. A empresa divulgou
estudo recente em que ilustra a inversão da “pirâmide”
econômica: a classe média, se o assunto é compras, está
por cima, já que as classes A e B refrearam o consumo. (ver
quadros na página 14)

Esta revolução comportamental começou com os “private


labels”, cartões customizados e comercializados por redes
como Casas Bahia e C&A. Essas lojas acabaram fornecendo
“munição” para o sistema financeiro que, de posse do ca-
dastro desse público, passou a distribuir cartões de crédito
com baixo limite. “O setor varejista foi corresponsável pelo
início do relacionamento desse consumidor com o sistema
financeiro. Anteriormente, as classes C, D e E odiavam tra-
balhar com bancos”, conta Meirelles.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 13


CAPA

Divulgação

E odiavam porque odeiam – por definição


– tudo o que não compreendem. O consu- As instituições de varejo que
midor de baixa renda é mais criterioso, não apostaram no consumidor
pode errar na compra, mas, muitas vezes,
de baixa renda ganharam e
não entende o que e como está compran-
do e, se não entende, se sente enganado.
vão continuar ganhando nos
Ele não consegue entender, por exemplo, próximos 15 anos.”
uma forma de poupança que não seja a
Renato Meirelles, sócio-diretor
caderneta, uma forma de investimento
do Data Popular
que envolva juros e cálculos complicados,
porque quer conservar o relacionamento
de longo prazo, que tanto preza e, para
isso, precisa compreender o que está sen-
do acordado. “Dentre os itens que permi-
tiram o ingresso das classes C e D no mer- O Brasil sofreu
mudanças
DE
cado de consumo, além da estabilidade
econômica, estão o aumento real de renda
profundas
dos trabalhadores e o fim dos juros estra-
tosféricos, apesar do Brasil ainda ter uma
em sua estrutura
das taxas mais altas do mundo”, esclarece de consumo
Flávio Corrêa, presidente da Brand Motion A inversão da pirâmide de
Consultoria de Estratégias de Marketing renda colocou milhões de
Corporativo e presidente do conselho da brasileiros dentro do universo
das compras
Associação dos Dirigentes de Vendas de

C
São Paulo (ADVB-SP).
Hoje o consumidor
Outro fator que impulsionou o crescimento
pode escolher
da classe C foram os bancos populares, que
passaram a financiar a produção de pequenos
empreendedores. Eles ofereciam um emprés- 86,9 milhões
timo único que beneficiava o grupo e esse de cartões de crédito estão
grupo se cotizava para pagar a dívida, como é na mão de pessoas com renda até R$ 1.700,00
o caso do Banco do Nordeste, que representa
111,8 bilhões
AB
um case de sucesso nesse campo de atuação.

Todas estas mudanças tiveram início há cer- Foi o volume de transações das classes
ca de quatro anos e, hoje, o cenário do co- C, D e E em 2008 (52%)
mércio é bem diferente, e está posicionado
cada vez mais distante da inadimplência, 134,9 milhões
porque não é o dono do cartão de crédito
de private label estão na mão de pessoas
que define valores e formas de pagamen- com renda de até R$ 1.700,00
to e, sim, a administradora. Explicando em
detalhes: a empresa que fornece o cartão
administra as compras do usuário, já que 69%
esse não poderá ultrapassar um valor pré- dos cartões de crédito estão na base da pirâmide
fixado de prestação mensal. Quer adquirir
uma televisão de plasma? Tudo bem, des-
de que seja em prestações a perder de vista
78%
com valores que estejam dentro do teto de dos cartões de loja estão na base da pirâmide
comprometimento de renda já estipulado
Fonte: Projeção Data Popular / AvBr com base nos dados da abecs, 2008
pelo varejista ou agente financeiro.

14 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


CAPA

Divulgação

Dentre os itens que permitiram o ingresso das classes


C e D no mercado de consumo, além da estabilidade
econômica, estão o aumento real de renda dos
trabalhadores e o fim dos juros estratosféricos, apesar
do Brasil ainda ter uma das taxas mais altas do mundo.”
Flávio Corrêa, presidente da Brand Motion Consultoria de Estratégias
de Marketing Corporativo e presidente do conselho da Associação dos
Dirigentes de Vendas de São Paulo (ADVB-SP)

Famílias e capital produtivo


impulsionam economia
Em novembro de 2009, segundo indicador de comparação, pesaram negativamente so-
da Serasa Experian, o consumo das famílias e bre a taxa final de crescimento da economia
investimentos das empresas lideraram cresci- brasileira em novembro último.
mento econômico, que chegou a 4,5%
Os destaques do mês de novembro, no que
A entrada do consumidor de baixa renda A economia brasileira registrou avanço de se refere à oferta agregada, foram os setores
no mercado de cartões de crédito levou a 4,5% no mês de novembro do ano passa- de serviços e a indústria, cujas taxas anuais
uma revisão de modelo de negócios. Esse do em comparação ao mesmo mês do ano de crescimento foram de 4,9% e 4,8%, res-
público, que não compreende a dinâmica anterior. Foi a primeira vez, em 2009, que pectivamente. O resultado de 4,8%, da in-
da renda rotativa, prefere refinanciar uma os investimentos registraram uma taxa anual dústria, foi a primeira taxa de variação anual
dívida, trabalhando sempre com juros e positiva de crescimento. A retomada injetou positiva de 2009. Já a agropecuária registrou
prestações fixas. E se uma coisa leva a ou- confiança nos empresários quanto ao futuro queda de 9,3% em relação a novembro do
tra, chegamos ao mercado atual, onde a da economia. ano passado.
regra não é ganhar muito de poucos – e ter
de lidar com o perfil A/B, que negocia, se Esta expansão anual, de 4,5%, pode ser No acumulado do ano – de janeiro a novem-
arrisca –, mas, sim, ganhar pouco de mui- atribuída à reação dos investimentos pro- bro de 2009 –, o Indicador Serasa Experian
tos. O bolão, no final, é o mesmo. dutivos (Formação Bruta de Capital Fixo), de Atividade Econômica (PIB Mensal) mos-
que passaram de uma variação negativa de trou queda de 0,8%. Não há motivo de pre-
Flávio Corrêa comemora o atual momento, 7,3% em outubro para uma alta de 8,1% ocupação, já que as variações acumuladas
que não o surpreende: “Há muitos anos, de- em novembro. O consumo das famílias atin- negativas vêm se reduzindo ao longo dos
fendo que o Brasil precisa ampliar a massa giu 7,5% e também foi responsável pela últimos meses. Pelo lado da oferta, a queda
de consumidores para se transformar numa consolidação do crescimento econômico no acumulada é explicada pela variação nega-
grande economia. Finalmente estamos che- penúltimo mês do ano passado. tiva de 6,8% da indústria e, em segundo
gando lá! Os avanços da classe C são uma plano, pelo recuo de 6,0% da agropecuá-
notícia importante para a consolidação do Com relação ao governo federal, o consumo ria. Já sob o prisma da demanda, o recuo de
mercado interno, colchão que permitiu ao atingiu alta de 2,9%. Se esta taxa é modesta, 11,6% da Formação Bruta de Capital Fixo e
Brasil sair da crise financeira internacional por outro lado as exportações de bens e ser- de 11,3% das exportações de bens e servi-
mais rápido do que a maioria dos países.” viços, que recuaram 5,4% frente a novembro ços são os elementos responsáveis pela que-
Agora a classe D, antes rotulada de “des- de 2008, e as importações de bens e servi- da acumulada anual do Indicador Serasa Ex-
prezível”, passou a ser “desejada”, explica o ços, com alta de 4,2% neste mesmo critério perian de Atividade Econômica (PIB Mensal)
executivo da Brand Motion.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 15


CAPA

E não são só os executivos, institutos de


pesquisas, redes varejistas e entidades fi-
nanceiras que visualizam o potencial de
consumo da classe C: no mercado editorial,
o tradicional Grupo Lance, que criou fama
com o jornalismo esportivo, estreou dia 20
de janeiro um jornal de atualidades feito
sob medida para a classe C.

Com a intenção de ocupar o posto deixado


por publicações como “Notícias Populares”,
o “Mais” – nas bancas ao custo de R$ 0,50
– chega para atender uma demanda já con-
solidada, segundo Walter de Mattos Jr., que
há três anos vem desenvolvendo o projeto
de um periódico popular para São Paulo, a
exemplo do que já existe em outros estados,
Não erre o alvo como Rio de Janeiro, com os jornais Extra
(das Organizações Globo) e O Dia.
À primeira descrição, uma pessoa que público-alvo, uma empresa precisa dispor
possui dois automóveis, três televisores e não só de dados estatísticos, mas também O público leitor das faixas C e D, vale avisar,
mora num bairro nobre, como Perdizes, na criteriosos e que forneçam uma análise fiel é mais formal e rejeita as propostas gráficas
zona oeste da capital paulista, é um clien- da situação sócio-econômica do indivíduo. mais ousadas. Simplicidade e preço baixo,
te potencial para produtos destinados às Com base nessa premissa, a Serasa Expe- portanto, definem os novos parâmetros de
classes B e C, correto? Errado! Este tipo de rian criou o maior e mais completo estudo vendas em qualquer área, inclusive editorial.
quadro, enganador, a Serasa Experian con- da área, o Mosaic. Ele cruza dados cadas- Nos últimos cinco anos, o Instituto Verifica-
segue delatar a partir de uma ferramenta trais da própria Serasa Experian, do Censo dor de Circulação (IVC) comprovou que o
sofisticada que, como o próprio nome diz, do IBGE e da Pesquisa Nacional de Amostra mercado de jornais no Brasil cresceu turbi-
forma um “mosaico” verossímil somando Domiciliar (PNAD). O produto, inédito no nado por lançamentos para camadas popu-
as diversas informações de um perfil. A mercado nacional, proporciona um retrato lares, com custos que não ultrapassam R$
pessoa pode ter dois automóveis velhos e acurado dos grupos sociais do País. Com 1,00. Com toda a certeza, os varejistas estão
morar num verdadeiro cortiço, ainda que ele, estudiosos, empresários e gestores de entre os grandes anunciantes dessas mídias
em bairro nobre, e as tevês podem ser to- políticas públicas contam com uma ferra- e tendem a ser recompensados pelo esforço:
das de segunda mão. menta tecnicamente exemplar para traçar “As instituições de varejo que apostaram no
estratégias, desenvolver produtos e falar a consumidor de baixa renda ganharam e vão
Para se comunicar corretamente com o mesma língua do público-alvo. continuar ganhando nos próximos 15 anos”,
conclui Meirelles.

Perfil do consumidor
O consumidor emergente aspira um sonho que está ao alcance das mãos

Tradicional Emergente
Sempre consumiu / busca: Passou a consumir / busca:

• Exclusividade • Inclusão
• Diferenciação • Pertencimento
• Consumo do intangível • Vantagens e razões concretas

• Menos fiel • Mais fiel


• Mais solitário • Mais solidário

• Vergonha do desconto • Orgulho do desconto


• Prazer em ostentar • Prazer em oferecer

Fonte: Data Popular

16 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


Gestão de Estratégia
Uma nova dimensão para
a gestão do risco de crédito
Automatização do processo de decisão
Independência e flexibilidade na gestão de estratégias
Rápida reação às mudanças impostas pelo mercado

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desenvolver a mais avançada solução de gerenciamento de
estratégia na medida das suas necessidades de negócios.

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CASO DE SUCESSO

GRAACC é fórmula de sucesso no


tratamento do câncer no Brasil
Hospital atende milhares de crianças por mês
e também atua no desenvolvimento
de pesquisas no combate ao câncer infantil

Regina Ielpo

O
Antônio Carreiro

s números impressionam: mais de 19 mil consultas


médicas e 1.300 cirurgias. Esse é o balanço médio de Dados que traduzem
um ano de trabalho nos corredores e salas adminis- o GRAACC
trados pelo Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Os números de 10 anos de
Câncer (GRAACC). atividades do GRAACC evidenciam
a importância da instituição. Entre
O GRAACC foi criado em 1991, fruto de uma parceria entre a 1998 e 2008 foram realizados:
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), empresas priva-
das e entidades do terceiro setor para garantir aos jovens com 183.875
câncer o direito de alcançar todas as chances de cura com consultas médicas
qualidade de vida, dentro do mais avançado padrão científi-
ANTônio SÉRGIO PETRILLI: co. O projeto, que nasceu de um ideal acadêmico, atualmente 189.768
superintendente médico funciona como uma instituição sem fins lucrativos, que conta exames
do GRAACC com um hospital de 11 andares exclusivamente dedicados ao
tratamento de crianças e adolescentes portadores de câncer, 162.601
além de mais de 60 leitos para internações e assistência às famílias dos pacientes. consultas multidisciplinares

De acordo com o superintendente médico Antonio Sergio Petrilli, o segredo do GRAACC 88.474
está na disponibilização de recursos e de pessoas para dar andamento às ações sociais. “Nós sessões de quimioterapia
nascemos com a responsabilidade de levar apoio complementar à sociedade e nosso resulta-
do não está em números para uma balança, mas em vidas salvas”, afirma Petrilli. 9.119
internações
A fórmula de sucesso sempre leva em consideração o tripé de sustentação: universidade, par-
cerias público-privadas e sociedade. E não faltam boas oportunidades de investimento para 8.743
as empresas interessadas em alocar recursos em um projeto social amplamente reconhecido. cirurgias
De acordo com Petrilli, o GRAACC despertou em grandes companhias, empresas e institui-
ções a confiança para investir em um projeto que alia competência profissional e visão social. 215
transplantes de medula óssea
Atualmente, o GRAACC possui três projetos aprovados pelo Fundo Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente (FUMCAD), que beneficia entidades de apoio a crianças e ado-
lescentes por meio de doações de parte do Imposto de Renda de pessoas físicas e empresas. Serviço
Entre os projetos do GRAACC que podem receber donativos via FUMCAD estão: a ampliação GRAACC– Grupo de Apoio ao
do Hospital do GRAACC, a implementação de Residência 1 para formação de professores Adolescente e à Criança com Câncer
residentes em atendimento escolar hospitalar e a criação do serviço de atendimento psicoló- www.graacc.org.br
gico pré-operatório à criança com câncer. Telefone: (55 11) 5080-8400

No entanto, Antonio Sérgio Petrilli explica que, apesar de toda estrutura adquirida ao longo FUMCAD
da existência da instituição, nem sempre os recursos se mostram suficientes para dar anda- http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br/
mento rápido ao desenvolvimento de algumas ações. Um exemplo é a expansão do Instituto forms/principal.aspx
de Oncologia Pediátrica. É nessa hora que o time de ponta do GRAACC coloca em prática
sua arma mais poderosa: o sonho de oferecer melhores condições de tratamento aos porta- (*) Para doar ao GRAACC basta
dores de câncer brasileiros. selecionar a entidade

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 19


INDICADORES

um balanço de 2009 e
perSpectivas para 2010
Tendência de queda da inadimplência dos consumidores e das
empresas no primeiro semestre deste ano, além da expansão
do crédito, geram otimismo entre analistas e economistas

William Messias

A
expectativa para o cenário econômico em 2010 começa de A explicação para esse resultado, aponta o indicador, é que a qualida-
forma otimista na visão de analistas e economistas, e o refe- de de crédito tende a ser positivamente correlacionada com a renda
rencial para tanto otimismo vem da queda da inadimplência mensal do trabalhador, que é reforçada pela recente pesquisa divul-
do consumidor registrado no 4º trimestre de 2009 e da sinalização de gada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
redução das dívidas do consumo pelas empresas no início deste ano. Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), sobre a percepção de aumento
de crédito: 82% dos 2.200 entrevistados com renda mensal acima de
Para o gerente de economia da Federação das Indústrias do Esta- 10 salários mínimos acreditam que conquistar um empréstimo para
do de São Paulo (FIESP), André Rebelo, o Brasil vive um momento comprar a prazo neste ano estará mais fácil do que em 2009.
de expansão de crédito para pessoas físicas e jurídicas. “Os perigos
econômicos foram afastados. Essa crise financeira que surprendeu Segundo o professor de economia da Fundação Escola de Comércio
diversos países é o resultado de uma ‘ressaca econômica’, devido ao Álvares Penteado (FECAP) e doutorando em economia pela Univer-
forte crescimento no primeiro semestre de 2008.” Rebelo aponta que sidade de Campinas (Unicamp), Erivaldo Costa Vieira, o mercado de
a redução da taxa tributária imposta pelo governo e a postura dos crédito para pessoas físicas em 2010 continuará em expansão devido
bancos públicos em oferecer crédito para o consumidor foram deter- aos riscos de inadimplências serem menores do que em anos anterio-
minantes para o equílibrio econômico no ano passado. res, que marcaram a crise financeira mundial. ”Hoje o cenário econô-
mico é mais favorável e os riscos são menores. É mais vantajoso para
De acordo com o Indicador Serasa Experian da Qualidade de Crédito os bancos emprestarem mil reais para 100 pessoas, do que 100 mil
do Consumidor, que avalia numa escala de 0 a 100 a qualidade do reais para uma única empresa”, justifica.
crédito, o 4º trimestre de 2009 registrou alta de 0,5%, chegando ao
patamar de 78,6. Com este resultado, quanto mais próximo do pa-
tamar 100, menor a probabilidade de inadimplência, tendência que
seguirá no primeiro semestre deste ano. Inadimplência das empresas deve cair

Outro indicador que sinaliza um cenário econômico positivo para este


primeiro semestre é o Indicador Serasa Experian de Perspectiva da
Indicador Serasa Experian Inadimplência das Empresas, que recuou 7,6% em novembro do ano
da Qualidade de Crédito do Consumidor passado, chegando ao patamar de 102,1.

80,5
Essa perspectiva também é defendida pelo economista Ricardo
80,2 Jacomasi, da consultoria de crédito Lafis e colunista do site In-
79,8 79,7 79,7 fomoney. De acordo com Jacomasi, o Brasil deverá ultrapassar a
79,4 79,5 especulação dos analistas e economistas que prevêem crescimento
79,3
79,0 econômico de 5% ao ano e um dos motivos para tanto otimismo
79,1
78,8 78,8 78,8 vem do desbloqueio de linhas de crédito para empresas, o que fa-
78,6
cilita a exportação. “Temos a linha do Adiantamento de Contrato
78,4 78,2
de Câmbio (ACC), na qual, com o desloqueio dessa linha de cré-
dito, empresas como a Sadia e Aracruz, por exemplo, encontrarão
77,7
facilidade para exportação e, consequentemente, impulsionarão a
economia nacional. Hoje existe uma percepção de que, com a vol-
77,0
1T07 2T07 3T07 4T07 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 ta do consumo, as empresas precisarão aumentar seus estoques e
os bancos públicos já começaram a definir suas linhas de créditos
Fonte: Serasa Experian
para as empresas”, aponta.

20 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


IDÉIAS & TENDÊNCIAS

Crédito e cobrança em 2010,


sem tempo para reflexões
Ricardo Loureiro
Presidente da Serasa Experian

Divulgação

C
om o crescimento econômico ao Vale lembrar também que a relação cré-
redor dos 5%, o crédito em 2010 dito/PIB ainda é baixa, de 45%. Estima-se
deve evoluir 20%, mais uma vez para 2010 um patamar próximo a 55%.
sustentando o mercado interno. O fi-
nanciamento para as empresas repre- De qualquer modo, as lições da crise ca-
sentará a maior parte dessa evolução, bem no cotidiano. Por isso, é bom notar
recuperando parte do impacto causado que o endividamento da população cres-
pela crise financeira internacional, que ce mais rápido que a renda. Como 2010
escasseou o crédito corporativo no ano promete ser um ano de forte crescimen-
passado. to econômico, espera-se que a geração de empregos e a massa
salarial atenuem este fato. Enquanto isso, melhorar a decisão de
O avanço dos recursos deve levar à retomada dos investimentos, crédito é determinante para qualquer cenário. A inadimplência
por parte das empresas nacionais, que estavam suspensos desde mostra tendência de crescimentos menores no 1º semestre, mas
o último trimestre de 2008, por conta do evento global. O Brasil ainda é alta nas referências internacionais.
também está na mira dos investidores internacionais, pela rápida
recuperação econômica e por ser um porto seguro. A recuperação de crédito tem um grande trabalho a fazer neste
ano. Como o emprego está crescendo, mais consumidores estão
Na análise setorial, o comércio é destacado e deve ter um ano buscando a regularização de sua situação financeira. Mais do que
ainda melhor, lembrando-se que, além da economia aquecida, nunca, a recuperação de crédito será relacionamento.
há a Copa do Mundo. As vendas de TVs de alta definição devem
disparar e, como se sabe, produtos de maior valor agregado exi- Enquanto o cadastro positivo não entra em operação, ampliar
gem crédito. A indústria seguirá o comércio no atendimento à a qualidade do crédito deve ser um compromisso de todos. Isso
demanda interna. não significa ser mais conservador nas decisões de crédito. Sig-
nifica tomá-las com cientificidade e inteligência especialmente
Nesse contexto, o crédito para pessoa física também crescerá, desenvolvida para tal.
tendo como destaque o crédito imobiliário. Representando 3%
do PIB, os recursos para aquisição de moradias no país estão en- Para concluir, este é um ano eleitoral e, portanto, as atenções es-
tre os mais baixos das economias emergentes. Nas mais desen- tão voltadas para as realizações econômicas. A implantação do
volvidas, essa carteira fica próxima dos 100%. Este será o ano cadastro positivo complementará o sucesso econômico do país.
do crédito imobiliário no Brasil e outras modalidades de crédito Com ele, novas relações de crédito e de sua recuperação serão
ao consumidor que continuarão crescendo são a de veículos e estabelecidas e maiores graus de confiança serão conquistados
o consignado. pelo país.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 21


NOVIDADES

Divulgação
C A L END Á R I O
Acompanhe os principais eventos da CMS em 2010:
2 e 3 de junho
2º Congresso Nacional de Microfinanças
Lima | Peru
10 de junho
8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança
Buenos Aires | Argentina
12 de agosto
5º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança
Santiago l Chile
7 e 8 de setembro
7º Congresso Andino de Crédito e Cobrança
Bogotá l Colômbia
21 de setembro
1º Congresso Nacional de Crédito e
Recuperação

Grupo Siscom inaugura filial Lisboa l Portugal


22 e 23 de setembro
5º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança
Com o objetivo de consolidar sua história de sucesso e sofisticar ainda mais seus Lima l Peru
serviços, o Grupo Siscom inaugura, em abril, uma nova filial de operações. Localiza-
23 de setembro
da em Limeira, interior do Estado de São Paulo, a unidade terá capacidade inicial de 4º Congresso Nacional de Financiamento
300 pontos de atendimento (PA) e nos próximos anos incluirá mais 700, contabili- de consumo e Meios de Pagamento
zando um total de 1.400 colaboradores. O investimento do grupo na nova filial foi Buenos Aires l Argentina

de R$ 10 milhões distribuídos em estrutura física, equipamentos de infraestrutura 08 de outubro


3º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança
de dados, voz e elétrica. Quito l Equador
14 de outubro
3º Congresso Nacional de Financiamento
de consumo, Pagamento e Recuperação
Nova logomarca Serasa Experian Montevidéu l Uruguai
14 e 15 de outubro
consolida união das duas empresas 1º Congresso Nacional de Microfinanças
Bogotá l Colômbia
novembro
• • • A Serasa Experian lançou em dezembro 2º Congresso Nacional de Crédito
nova logomarca. “Potencializamos a integra- e Recuperação
Madri l Espanha
ção dos atributos mais fortes que as duas
marcas oferecem: credibilidade e confiança 1 e 2 de novembro
2º Congresso Internacional de Crédito
com agilidade”, declara o presidente da Se- ras de informação que atendem todo o ciclo e Cobrança e 1º Congresso Venezuelano
rasa Experian e CEO da Experian na América de negócios, abrangendo empresas de todos de Microfinanças
Latina, Ricardo Loureiro. A nova logomarca os segmentos e portes, e reafirmando seu Caracas l Venezuela

representa uma evolução da anterior, unifor- compromisso de gestão comprometida com 9 e 10 de novembro
6º Congresso Nacional e 8º Congresso Latino-
mizando a logotipia e unindo o nome da em- a máxima qualidade para seus 2.500 profis- americano de Crédito e Cobrança
presa com o símbolo global da Experian. Em sionais, clientes, acionistas, fornecedores e a São Paulo l Brasil
junho de 2007, a Experian, líder global no sociedade. “A marca Serasa Experian nasceu
mercado de informações, atuante em mais sintetizando união, tradição, evolução e qua-
de 65 países, adquiriu o controle acionário lidade para a empresa, a comunidade, seus
da Serasa e, a partir da consumação do ne- clientes e os negócios”, resume Francisco
gócio, as duas empresas integraram pessoas Valim, CEO da Experian para Europa, Oriente
Informações: www.cmseventos.com
e expertises. Hoje, oferece soluções inovado- Médio, África e América Latina.

Serasa Experian traz ao Brasil o guru do pensamento analítico empresarial


• • •   A Serasa Experian traz ao Brasil o São Paulo. O tema da palestra é “Capa- dências, para descobrir o que é realmente
economista americano Thomas Daven- cidade Analítica em Ação: Decisões mais relevante. Entre outros palestrantes con-
port, responsável pela palestra inicial do Inteligentes, Resultados Melhores”. Da- firmados estão o economista José Alexan-
Credit and Marketing Vision 2010, evento venport é um dos criadores da competição dre Scheinkman, o CEO Experian Europa,
sobre crédito e marketing, realizado nos analítica, conceito que envolve processar Oriente Médio, África e América Latina,
dias 18 e 19 de maio, no Hotel Hyatt, em informações com base em fatos e evi- Francisco Valim, entre outros.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 23


tendências

A cobrança
como etapa da nova venda
Mudança da imagem das empresas de cobrança
tem melhorado a relação com os consumidores e
aumentado o número de adimplentes no mercado

Luiz Vita

A
reabilitação do crédito de um da empresa de cobrança agradece. E se o
cliente inadimplente é a primei- devedor ficar satisfeito com o tratamento
ra etapa para reinseri-lo no mer- recebido, continuará cliente da mesma
cado. Por esse motivo, as empresas de instituição com a qual estava inadimplen-
cobrança têm investido em treinamento te no passado.
e tecnologia para realizar essa tarefa de
maneira cada vez mais eficiente, tanto A imagem das empresas de cobran-
para a instituição que representam, como ça mudou e o consumidor já percebeu
para o consumidor. Além de atenderem isso. Luís Carlos Bento, sócio-diretor da
seu cliente, resgatando o valor devido, Intervalor, conta um episódio que pre-
prestam um importante trabalho econô- senciou casualmente na Colômbia e que
mico, social e até humanitário a quem foge completamente do padrão brasilei-
está na outra ponta, em dificuldades ro. Ao entrar em um edifício comercial, As instituições descobriram
para honrar seus compromissos. “As ins- Bento viu afixado no elevador a relação que a cobrança é uma forma
tituições descobriram que a cobrança é dos condôminos em débito, com os va-
de fidelizar o cliente devedor,
uma forma de fidelizar o cliente devedor, lores devidos relacionados mês a mês.
tornando-o adimplente e concedendo- “Se alguém tiver que fazer negócio com
tornando-o adimplente e
lhe crédito novamente”, afirma Cícero de essa empresa, com certeza vai pensar concedendo-lhe crédito
Toledo Piza, diretor do Grupo Aval e dire- duas vezes antes de se decidir”, afirma. novamente”
tor administrativo e financeiro do Institu-
to GEOC. Com isso, ele volta a consumir Esse exemplo negativo de cobrança, se- Cícero de Toledo Piza, diretor do Grupo Aval e
e a instituição que contratou os serviços gundo o empresário, é impensável no diretor administrativo e financeiro do Instituto GEOC

24 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


O inadimplente tem que ser tratado de
forma séria, com dignidade. Defendemos
formas de pagamento que possam ser
cumpridas pelo devedor para que o
pagamento não seja inviabilizado”
Jefferson Frauches Viana, diretor executivo da Way Back

Brasil, até porque nosso Código do Con-


sumidor impede que o credor exponha o
inadimplente à situação vexatória. “Nosso
Código é extremamente evoluído, nos co-
Os desafios da cobrança
loca em situação de destaque perante ou-
tros países”.
em um mercado aquecido
Não por acaso, profissionalização, gestão diferentes formas, porém em conteúdos
Como exemplos positivos, o diretor da In- de pessoas, investimentos em TI e, princi- iguais, compartilhados”, acredita.
tervalor cita o exemplo da Associação de palmente, o compartilhamento de proce-
Cobrança dos Estados Unidos, que criou dimentos, processos e informações foram Por isso, no cenário atual, é imprescindível
um serviço intitulado Doutor Dívida, que os temas mais destacados durante o 5º conhecer o cliente. Pesquisas sobre pro-
valoriza a figura do cobrador, que se tor- Congresso Nacional de Crédito e Cobran- dutos consumidos e a melhor maneira de
nou importante aliado do inadimplente ça, realizado em outubro do ano passado abordagem são diferenciais importantes
ao explicar os direitos e vantagens que ele no Teatro Alfa e no Hotel Transamérica, para atrair novamente este consumidor,
obterá na reabilitação de seu crédito. Na em São Paulo, com representantes do se- desta vez com capital saudável dentro do
França, por sua vez, uma empresa colocou tor de cobrança e recuperação de crédito. ciclo de crédito.
o serviço de psicólogos à disposição de de-
vedores, que recebem ajuda para solucio- A valorização do setor, com o crescimento De acordo com Adilson Sil Melhado, di-
nar os problemas pessoais que os levaram econômico do País e a ascensão de uma retor presidente do Instituto GEOC, o rit-
à inadimplência. “Hoje, no Brasil, toda co- nova classe média, permite antever um mo forte de crescimento do País vai criar
brança é orientada para a reabilitação do cenário positivo para o futuro. Os núme- muitas oportunidades de trabalho. “O
cliente, para que ele seja disputado pelo ros comprovam essa euforia: mais de 100 Brasil possui um diferencial muito grande
mercado”, explica Bento. milhões de brasileiros estão aptos a abrir e uma capacidade de concessão de crédi-
crediário e cerca de 330 mil cartões de to potencializada, que gera muita opor-
Para chegar a esse ponto, as empresas de crédito movem os negócios no comércio. tunidade de trabalho para a indústria”,
cobrança têm investido pesado na forma- Mas há ainda um aspecto preocupante – comenta. “Essa fase que o País atravessa
ção de pessoal e em tecnologia. A empresa a falta de consciência no uso do crédito é extremamente favorável ao nosso seg-
Way Back, por exemplo, dá ênfase ao trei- causa inadimplência. Os participantes do mento, pois gera uma baixa demanda de
namento com uma carga de 1.800 a 2.000 Congresso defenderam a importância de inadimplência”, emenda.
horas/ano, envolvendo estratégias que vão se conscientizar o consumidor para evitar
da argumentação até o fechamento seguro o endividamento sem critério, que acaba Além das frentes acadêmicas, o Instituto
de um acordo. “O inadimplente tem que repercutindo na economia. GEOC detém programas como o Selo de
ser tratado de forma séria, com dignidade. Qualidade, implementado pela Fundação
Defendemos formas de pagamento que No passado, a regulamentação do setor Getulio Vargas, que certifica as empresas
possam ser cumpridas pelo devedor para ainda era incipiente e não havia ferramen- de cobrança, o núcleo de recrutamento e
que o pagamento não seja inviabilizado”, tas de gestão e otimização da recuperação formação para recuperadores de crédito e
defende Jefferson Frauches Viana, diretor de crédito. Atualmente, de acordo com projetos de desenvolvimento profissional
executivo da Way Back. “O fundamental é José Roberto Roque, presidente da Asso- como o Comprar, o Tribunal, o Performan-
que esse cliente volte ao mercado”. ciação Nacional das Empresas de Recupe- ce e o Basiléia, entre outros. No início de
ração de Crédito (ASERC), a questão que 2010, o Instituto GEOC criou, em parceria
Para Piza, do Grupo Aval, a cobrança pas- envolve o futuro das empresas de cobran- com a Universidade Anhembi Morumbi, o
sou a ser vista como uma atividade nobre ça no País abrange a questão de capacita- primeiro curso de graduação em crédito e
da empresa. “Ela não está mais no andar ção pessoal e o desenvolvimento de novas cobrança, com uma turma de 50 alunos.
de baixo”, afirma. “Mas temos ainda mui- plataformas na área da informática. “Te- No segundo semestre, o Instituto lançará
to mercado a ser explorado. O nosso mer- mos que pensar em processos mais ágeis. o MBA Executivo de Crédito e Cobrança.
cado de crédito imobiliário, por exemplo, é Nossas atuações podem se manifestar em
menor que o do Chile”.

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 25


OPINIÃO

A qualificação em um mercado
cada vez mais EXIGENTE
Claudio Kawasaki
Vice-Presidente do Instituto GEOC

Carol Carquejeiro
V
ivemos um momento de retoma- as contratações aumentaram e parte da
da do mercado, destacando-se o mão de obra migrou temporariamente,
fato de que o Brasil foi um dos dificultando a contratação no segmento
últimos países a entrar e um dos primei- de cobrança. Outro ponto é o perfil dos
ros a sair da crise. O ano começa com candidatos, pois boa parte é composta
perspectivas muito favoráveis para a pelos que buscam o primeiro emprego ou
economia como um todo e o mercado que não têm experiência em cobrança,
de crédito terá um papel de destaque exigindo investimentos em preparação.
neste cenário.
Para reverter este cenário e atender as demandas dos clientes, as
As expectativas de crescimento da carteira de crédito passam por empresas de cobrança investirão em dois segmentos: tecnologia e
todos os produtos: veículos leves, veículos pesados, motos, crédito treinamento. Atualmente, existem muitos produtos disponíveis no
imobiliário, cartão de crédito, crédito consignado e crédito para mercado para a indústria de cobrança, desde modelos de cobran-
pessoa jurídica. Todos os setores da economia serão beneficiados ça a softwares de localização, permitindo maior automação dos
e as previsões indicam que o total de crédito representará mais de processos. A grande barreira a ser vencida é o elevado custo para
50% do PIB até dezembro. aquisição destes produtos, o que, diante da redução das margens
operacionais, inviabiliza sua utilização nas operações. Já observa-
O cenário para a inadimplência é positivo, pois com a retomada mos alguns avanços e entendemos que neste ano as condições
do crescimento econômico tudo indica que o comportamento será de negociação possam ser mais atraentes, considerando-se maior
melhor em 2010. O aumento da renda e do emprego ajudarão volume da carteira em cobrança.
na manutenção de bons índices de inadimplência, apagando da
memória os maus resultados de 2009. Na questão da mão de obra, os investimentos estão crescendo
a cada ano. O movimento é muito interessante: hoje é comum
Para as empresas de cobrança as previsões também são boas. O as empresas contratarem consultorias renomadas para treinar
aumento da base de crédito provoca o crescimento natural do vo- equipes em todos os níveis – diretores, gerentes, coordenadores,
lume da carteira em cobrança, independentemente do aumento supervisores e operadores. A equipe operacional é a que recebe
da inadimplência, fato que vem acontecendo nos últimos anos. a maior atenção, com a realização de treinamentos específicos e
Para atender este volume, as empresas investem não somente em desenhados para cada tipo de produto e cliente. Estas ações têm
infraestrutura e tecnologia, mas, principalmente, em treinamento apresentado bons resultados, e certamente contribuirão para a re-
de mão de obra. dução da rotatividade e retenção da mão de obra.

Hoje, um dos nossos principais desafios está no treinamento e re- A busca por tecnologia e pela qualificação dos especialistas está
tenção de talentos, já que a rotatividade é algo que preocupa o provocando uma revolução no setor, fato inevitável diante dos de-
setor. A demanda por profissionais em áreas ligadas à prestação de safios que teremos nos próximos anos. Gestores e empresas terão
serviços tem provocado um movimento maior nas empresas. O co- que se qualificar para conseguir bons resultados num mercado
mércio varejista serve como exemplo: com as festas de final de ano, que vai exigir cada vez mais excelência em desempenho.

26 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


Centro Educacional IGEOC capacita profissionais da
área de crédito e cobrança
O Instituto GEOC oferece cursos de principalmente capacitação (por meio de deixando a cargo das empresas associadas
especialização indispensáveis à formação e treinamentos intensivos) desses novos os treinamentos específicos de cada opera-
ao enriquecimento intelectual dos profissionais. Ao passarem pelo Núcleo, os ção. Hoje, cerca de 300 vagas estão
colaboradores de suas associadas. Ministra- profissionais saem preparados com o disponíveis mensalmente para quem deseja
dos em módulos, por meio do Centro primeiro nível de especialização na área e integrar este mercado“, afirma João Paulo
Educacional IGEOC, esses cursos proporcio- complementam seus conhecimentos a Mattos, do IGEOC.
nam a evolução continuada dos profission- partir da contratação, ao receber, da O Instituto também está em busca de
ais de cobrança que atuam no ciclo e nas empresa associada, as especificações de acordos operacionais com ONGs, universi-
operações de recuperação de crédito. São cada operação. dades, escolas, fundações, prefeituras e
também importantes para a preparação de Esse programa de primeiro nível foi subprefeituras (no Estado de São Paulo) para
quem está iniciando sua carreira. desenvolvido pela equipe de recursos recrutamento de profissionais. A partir do
Como complemento, o IGEOC está humanos do IGEOC, que conta com os segundo semestre, o site www.igeoc.org.br
finalizando a criação do Núcleo de Forma- principais especialistas de cada associada. vai dispor de um espaço exclusivo para
ção de Operadores de Cobrança, respon- “Nosso objetivo é aprimorar o processo de oferta de vagas em todos os níveis, além dos
sável pelo recrutamento, seleção e trabalho, oferecendo a formação básica e programas de capacitação e especialização.

Convênio com INATEL aperfeiçoará


soluções em telecom
O Instituto Geoc está desenvolvendo especialistas das associadas, busca novas Instituto e também com o Núcleo de
convênio com o Instituto Nacional de tecnologias e processos para ter a melhor Pesquisa e Desenvolvimento, será possível
Telecomunicações (INATEL) para aprimorar a solução em telecom. desenvolver modelos mais inteligentes e
infraestrutura de telefonia de seus associa- Como grande destaque no Brasil e capazes de introduzir novas tecnologias
dos. Hoje, o IGEOC conta com 18 empresas elevada competência no segmento, o direcionadas, o que fará toda a diferença
associadas e um dos principais pilares de INATEL será responsável pela avaliação da para a criação de alternativas ainda mais
sustentação das operações é sua estrutura infraestrutura atual de telecomunicação competitivas ao segmento de crédito e
de telefonia. Diante desta preocupação, que das associadas, otimizando contatos e o cobrança.
impacta diretamente o resultado do relacionamento entre as empresas. Em
negócio, o IGEOC, juntamente com os conjunto com as frentes de TI e telecom do

INFORME PUBLICITÁRIO
Divulgação
PELO MUNDO

A cidade esbanja
vitalidade às margens
do rio Tejo

lisboa Mercado de
crédito em
HISTÓRIA, CULTURA Portugal
E MODERNIDADE Em Portugal, o setor de crédito se-
gue em ascensão, resultando em
Luiz Gustavo Pacete oportunidades para empresas por-
tuguesas e também brasileiras. De
acordo com Antônio Gaspar, profes-

“N ão importa se a estação do ano muda. Se o século vira, se o milênio é curto. Se a


idade aumenta. Conserve a vontade de viver. Não se chega a parte alguma sem
ela”. A frase do poeta português Fernando Pessoa, nascido em Lisboa, lembra a
sor universitário (PhD) e diretor exe-
cutivo da Associação Portuguesa das
Empresas de Recuperação e Gestão
vitalidade de uma cidade que, em 1755, foi quase totalmente destruída por um terremo- de Crédito (APERC), “o idioma fa-
to e se reconstruiu tornando-se a mais rica de Portugal e uma das mais cosmopolitas da vorece a oportunidade de negócios
Europa. Favorecida pelo acesso proporcionado pelo rio Tejo, a capital lusitana teve contato também para empresas brasileiras”.
com inúmeras culturas, desde o Oriente passando pela Índia, África e América. Basta
passear pelas ruas do centro histórico ou locomover-se pelo metrô para ter contato com Atualmente a APERC é responsável por
a variedade de idiomas falada ali. apoiar cerca de 70 empresas relaciona-
das ao setor de leasing e sociedades
A Torre de Belém, construção militar que vigiava as margens do rio Tejo, desde 1520, é o ponto financeiras de aquisição a crédito.
inicial para quem quer conhecer a cidade. Aos derredores é possível ver o Palácio de Belém, resi- • • • O crédito com maior proporção
dência do Presidente da República, o Museu Nacional dos Coches e o Centro Cultural de Belém. no mercado português é o de habita-
ção, com participação de 80%.
Lisboa leva em sua essência forte influência religiosa e resquícios do estilo romano. É pos- • • • Os 20% restantes estão divididos
sível ter contato com esse ambiente visitando bairros como Belém, onde estão os famosos entre crédito pessoal, crédito automo-
pastéis; Chiado, onde é possível visitar galerias de arte; e Bairro Alto, onde está o Mosteiro tivo, cartões de crédito e leasing.
dos Jerônimos, construído pelo monarca Manuel I em 1501, uma mescla de estilo gótico • • • Ainda não existe um enquadra-
e influencias renascentistas. mento legal no mercado português.
O objetivo da APERC é incrementar o
Para quem busca um roteiro ao ar livre, a cidade oferece boas opções de parques e áreas número de iniciativas em 2010 para
arborizadas, como o Parque Florestal de Monsanto e seus espaços verdes. O local é co- ajudar os clientes na recuperação dos
nhecido como o pulmão da cidade, já que ali surgiu o primeiro jardim botânico do país. montantes de créditos.
Há também o Parque Eduardo VII, o aquário Vasco da Gama, além do Campo de Santana.
No circuito cultural destacam-se a sala de espetáculos Coliseu dos Recreios e a Praça de
Touros do Campo Pequeno.
A CMS realizará o 1º Congresso
Nacional de Crédito e Recuperação,
Para os que não abrem mão de boas compras, os centros comerciais portugueses são
em setembro, em Lisboa.
referências na Europa. Ali estão o Dolce Vita Tejo e o moderno Centro Comercial Vasco da
Gama. E, é claro, não é possível falar de Lisboa sem citar sua referência em gastronomia, Para maiores informações,
com um bom vinho do Porto desfrutado em restaurantes como A Travessa, localizado na acesse o site www.cmspeople.com
Travessa do Convento das Bernardas.

28 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


sofisticação & luxo

Prazer Nacional
fama global

IStockpphto
A qualidade do café nacional,
reconhecida mundialmente, aumenta
a paixão dos brasileiros pela bebida
e faz país viver a febre das cafeterias

Daniela Saragiotto

P
uro, carioca, de coador, expresso, com leite ou apenas com
“uma espuminha”... São muitas as formas de se pedir um ca-
fezinho e muito particulares as preferências, mas todos con-
cordam com uma coisa: o brasileiro é apaixonado por café. Maior
produtor mundial do grão, maior exportador e segundo maior mer-
cado consumidor – perdendo apenas para os Estados Unidos –, o
Brasil tem sido cada vez mais reconhecido pela qualidade do seu
café, resultado de um relacionamento antigo da sociedade brasileira
com a bebida. Cada vez mais sofisticadas, as cafeterias hoje investem em blends di-
ferenciados, receitas variadas de drinks com a bebida e na apresen-
A influência do café permeia a história do país. “Costumo dizer que tação perfeita do produto. Tudo isso – e a formação de um público
ela não é só econômica, social ou cultural, mas tudo isso junto e mais consumidor muito exigente – resultou no aparecimento de uma nova
alguma coisa”, diz Clara Versiani, historiadora, cientista política e di- profissão: a de barista. Entre suas funções está a de transformar grãos
retora técnica do Museu do Café. “Dos produtos agrícolas o café é, de qualidade em um café perfeito. “Cada expresso é um filho, pois
certamente, o que mais nos identifica como brasileiros”. nenhum sai exatamente igual ao outro. Mesmo assim, sabemos pela
cremosidade e cor da espuma que ele foi bem tirado”, explica Cecília
Localizado em Santos, litoral do Estado de São Paulo, o museu rece- Sanada, barista premiada que começou a carreira na Octávio Café,
be mensalmente cerca de 50 mil pessoas interessadas em embarcar luxuosa cafeteria na capital do Estado de São Paulo (SP).
numa viagem no tempo recheada com detalhes da nossa história
com o café. “A atividade cafeeira tem uma ligação profunda com a Com dois anos e meio de experiência na área e atualmente ministran-
modernização das cidades, construção de ferrovias e rodovias, profis- do cursos para formação de baristas, Cecília diz que o café brasileiro
sionalização da mão de obra e o surgimento de uma cultura verdadei- está muito próximo dos importados em qualidade. “Temos excelen-
ramente urbana”, explica Clara. O café também inseriu o Brasil nas tes cafés nas regiões montanhosas da Bahia, por exemplo. Eles
relações mundiais de comércio, além de trazer muitos outros benefí- possuem aroma mais frutado e agradam ao público brasileiro, que
cios diretos e indiretos. tem preferência pelos cafés mais encorpados”, conta a barista.

Marco mundial para a popularização do consumo da bebida, o


Serviço
surgimento das cafeterias ocorreu no século XVIII, na Europa.
“Elas eram locais de encontro para o debate cultural, intelectual; Museu do Café
por aqui esse modelo ficou mais comum no final do século XX”, Rua XV de Novembro, nº 95 – Centro – Santos (SP)
conta a historiadora. Consideradas verdadeiros santuários pelos Contato: (13) 3213-1750
Visitas: de segunda a sábado, das 9h às 17h
amantes do café, as cafeterias ainda são ambientes que inspiram
Ingresso: R$ 5,00
a conversa e a troca de idéias e vêm se multiplicando. Em 2007,
somavam 2,5 mil no País, segundo a Associação Brasileira da Unioctavio – Universidade do Café
Indústria do Café (ABIC), entidade que, na época, projetava cres- Curso: Treinamento e Formação de baristas (curso básico)
cimento de 20% ao ano para esse formato de negócio. Contato: 11 3741-5782

CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 29


PONTO DE VISTA

O mercado de crédito no Brasil:


o que esperar de 2010
Rubens Sardenberg
Economista-chefe da Federação
Brasileira de Bancos (FEBRABAN)

Divulgação
saldo total das operações de crédito por parte dos bancos, mas tam-
crédito fechou 2009 em R$ 1,4 bém porque a reabertura dos mercados
trilhão, o equivalente a 45% do externos e de capitais deve atrair parte
PIB nacional, crescimento de 14,9% na da demanda de crédito das grandes em-
comparação com o ano anterior. Trata- presas, o que deve liberar mais recursos
se de um desempenho bastante positi- para as PME;
vo, principalmente se considerarmos o
pessimismo que dominava o cenário no • • • Também deveremos ter um desem-
início do ano. penho mais equilibrado entre bancos
públicos e privados. Se por um lado os
Algumas características dessa evolução bancos públicos deverão manter a pos-
merecem destaque: (a) em primeiro lu- tura agressiva de 2009 – e devem refor-
gar, o crédito foi “puxado” pelas ope- çar sua base de capital para manter a
rações direcionadas, com destaque para capacidade de emprestar –, os privados
as do BNDES; (b) no segmento livre, des- devem ter uma presença mais ativa em
taque para o crédito para pessoas físicas função da melhora nas condições da
(PF), que cresceu 19,4%, ante 1,2% das economia, aqui e no exterior;
pessoas jurídicas; (c) houve um aumen-
to na participação (market share) dos • • • A inadimplência deverá seguir em
bancos públicos, que acabaram desem- queda. Nossa expectativa é que o índi-
penhando um importante papel contra- ce geral recue para a faixa de 4,5% em
cíclico num momento em que os ban- dezembro, uma redução importante em
cos privados tiveram uma postura mais relação ao fechamento de 2009 (5,6%);
cautelosa; (d) a inadimplência registrou
piora e os spreads subiram especialmen- • • • Os setores que devem crescer mais
te no primeiro semestre de 2009, por conta do agravamento da são o imobiliário e o de infraestrutura. No caso do setor imobiliário,
crise. Lembre-se, contudo, que já no final do ano a inadimplência a estabilização da economia, a expansão da renda e o potencial do
registrava queda e os spreads haviam praticamente retornado ao setor tornam essas operações atraentes para os bancos. Do mesmo
patamar pré-crise. modo, a necessidade que o país tem de ampliar os investimentos
para sustentar o crescimento deve gerar grandes oportunidades
Mas e agora, o que podemos esperar para 2010? Quais as pers- para as instituições financeiras no segmento de infraestrutura.
pectivas para a evolução do mercado de crédito? A partir do que
vimos no final do ano passado e no início deste, já é possível Como se vê, as perspectivas para o crédito em 2010 são posi-
considerar que: tivas, com ampliação das operações, alongamento de prazos e
queda na inadimplência. Mesmo uma provável elevação da taxa
• • • Deveremos ter um crescimento mais expressivo das ope- Selic não deve alterar este cenário, pois esse movimento já está
rações. Nossa estimativa é de que o saldo global apresente um incorporado nas premissas com que as instituições financeiras tra-
crescimento de 25%, fechando o ano em R$ 1,75 tri ou o equi- balham. O risco maior está mesmo numa eventual recaída da eco-
valente a 51% do PIB; nomia nos países centrais, o que poderia arrastar o Brasil para um
novo ciclo recessivo. Se isso acontecer, a economia brasileira e por
• • • Também é provável que esse crescimento seja mais equilibra- extensão o mercado de crédito devem ser afetados, com redução
do, com taxas próximas entre os segmentos de crédito livre e dire- importante nos seus ritmos de crescimento. Felizmente, contudo,
cionado. No segmento livre é provável que o setor de pequenas e esta possibilidade parece remota e o mais provável é que 2010
médias empresas (PME) seja beneficiado, não só porque a expan- seja mesmo um ano especialmente positivo para o mercado de
são da economia geralmente aumenta o apetite na concessão de crédito no Brasil.

30 | MARÇO 2010 | CREDIT PERFORMANCE


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CREDIT PERFORMANCE | MARÇO 2010 | 31
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