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TRATAMENTO ESTATÍSTICO, POR QUE

AS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEVEM USÁ-LO?

por Alberto Filgueiras

O conhecimento científico busca a produção do


saber sistematizado e capaz de descrever um evento. As
Ciências Biológicas conseguem, por meio de seu
método, resultados confiáveis e inferências que
respeitam a ciência experimental. Contudo, há parte do
conhecimento produzido pelas Ciências Biológicas que
esbarra no rigor de seu próprio critério: a utilização de
dados sociais, comportamentais e psíquicos. O uso de dados desta natureza nos remete à
limitação das Ciências Humanas e Sociais do ponto de vista de alguns autores como
Hacker (2) e Heckman (3) que não as visualizam enquanto ciências experimentais, mas
pragmáticas ou hermenêuticas.
Popper (4), contudo propõe que todo conhecimento científico, inclusive o das
Ciências Humanas e Sociais, deve respeitar os critérios da ciência experimental:
testagem empírica, refutabilidade e base lógica. Portanto, mesmo que um evento seja
atravessado por bases teóricas divergentes, os dados obtidos deverão receber um
tratamento que permita sua organização, mensuração e extração de um resultado único
(1) que não seja guiado por sua estrutura fundante, mas que fique à disposição do
conhecimento científico para novas inferências.
Com bases nestas características, quando dados psíquicos, comportamentais e
sociais são questões de pesquisa, a análise dos dados deve ser feita por métodos
estatísticos provindos da Estatística Descritiva, Inferencial, Psicometria e Sociometria.
A ciência que empresta as bases e instrumentos que permitem a coleta, organização,
sumarização, apresentação e análise dos dados, é a Estatística (5). Portanto, falar em
análise estatística é usar as ferramentas das Estatísticas Descritivas e Indutivas para
compreender os dados obtidos de um determinado instrumento.
A parte da Estatística que procura somente sistematizar e apresentar os dados de
maneira clara e concisa é a Estatística Descritiva (5). Quando nos deparamos com uma
série de dados, aglomerados por determinadas características como grandeza, origem e
distribuição, estes estão organizados a partir dos princípios da Estatística Descritiva.
Neste caso, ainda não há testagem de hipótese. A parte da Estatística que vai tratar de
verificar se a hipótese formulada foi confirmada ou rejeitada, se a conclusão que a base
teórica nos permite afirmar é capaz de explicar aquele evento observado e quais as
limitações da amostra ou do instrumento é chamada de Estatística Inferencial (5).

REFERÊNCIAS:

1. ANASTASI, A. Questionário Psicológico. Rio de Janeiro: Eldorado, 1973.


2. HACKER, P. M. S. Wittgenstein and the autonomy of humanistic understanding.
Em: ALLEN, R., TURVEY, M. Wittgenstein: Theory and the arts. London: Routledge,
2001.
3. HECKMAN, S. J. Hermenêutica e Sociologia do Conhecimento. Lisboa: Edições 70,
1990.
4. POPPER, K. Conhecimento Objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975.
5. SPIEGEL, M. R. Estatística. Resumo da Teoria. Tradução: Pedro Cosentino. Coleção
Schaum. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S. A., 1968.

Este documento foi criado por Alberto Filgueiras. Se for usá-lo, referencie-o
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