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Traduo Hildegard
Feist. So Paulo: Companhia das Letras, 1994.
1. ENTRANDO NO BOSQUE
Numa histria sempre h um leitor, e esse leitor ingrediente fundamental no
s do processo de contar uma histria, como tambm da prpria histria;
Qualquer narrativa de fico necessria e fatalmente rpida porque, ao
construir um mundo que inclui uma multiplicidade de acontecimentos e de
personagens, no se pode dizer tudo sobre esse mundo, pede ao leitor que
preencha uma srie de lacunas;
Uma histria pode ser mais ou menos rpida quer dizer, mais ou menos
elptica porm o que determina at que ponto ela pode ser elptica o tipo de
leitor a que se destina;
Bosque = texto narrativo. Num bosque h caminhos que se bifurcam e cada um
que trilha os caminhos podem escolher rotas diferentes. Num texto narrativo, o
leitor obrigado a optar o tempo todo (fazer escolhas razoveis);
Leitor modelo: no o leitor emprico (real) uma espcie de tipo ideal que o
texto no s prev como colaborador, mas ainda procura criar. O leitor modelo
est ansioso para jogar (e no coloca suas experincias e expectativas
pessoas a servio da narrativa);
O autor dispe de sinais de gnero especficos que pode usar a fim de orientar
seu leitor modelo (mas os sinais tambm podem ser ambguos);
Autor modelo tambm pode ser reconhecido como um estilo. a voz que nos
fala afetuosamente (ou imperiosamente, ou dissimuladamente), que nos quer
ao seu lado. Essa voz se manifesta como uma estratgia narrativa, um
conjunto de instrues que nos so dadas passo a passo e que devemos
seguir quando decidimos agir como o leitor modelo;
Leitor modelo se parece com o leitor implcito de Wolfgang Iser. Para Iser o
leitor efetivamente faz o texto revelar sua multiplicidade potencial de
associaes. Tais associaes so produto do trabalho da mente do leitor
sobre o material bruto do texto, embora no sejam o texto em si pois este
consiste justamente em frases, afirmaes, informaes etc... Essa interao
obviamente no ocorre no texto em si, mas s pode existir atravs do processo
de leitura.... Esse processo formula algo que no est formulado no texto e
contudo representa uma inteno. (Iser atribui ao leitor o privilgio de
estabelecer um ponto de vista determinando o significado do texto);
O leitor modelo (na proposio de Eco) um conjunto de instrues textuais,
apresentadas pela manifestao linear do texto precisamente como um