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Obrigamos as crianas a estudar os mesmos tpicos ao mesmo tempo, no mesmo ritmo. A fazer
os mesmos exames e dar as mesmas respostas.
Depois de passarem pelo longo processo de escolarizao, elas ficam treinadas para valorizar os
iguais. E sentem medo e intolerncia diante de quem diferente.
O que tambm acontece em igrejas e quartis, por exemplo.
E assimpor no aprendermos a conviver com o diferentese produzem as variadas formas
contemporneas de violncia, como o bullying, o racismo, a misoginia, a homofobia, a xenofobia,
os Bolsonaros, Cunhas, Malafaias, Olavos e Felicianos.
Para uma seleo justa, todos devero realizar o mesmo exame: por favor, subam
naquela rvore.
2.
Mas no tem como medir o valor de uma pessoa com notas e exames.
( tambm na Escola de massas que toma flego a ideia bizarra de Meritocraciaque
desconsidera retumbantemente as singularidades e as condies particulares de cada pessoa.)
Veja o quadrinho de novo.
Medicar as crianas que no se encaixam atende perfeitamente aos anseios dos pais, professores
e mdicos (mas sobretudo da indstria farmacutica).
Ou seja, no foram os pais, os professores ou a sociedade que falharam, por meio de um sistema
obtuso e violentoa criana que tem algum defeito biolgico que a leva a se comportar daquele
jeito.
Isso se chama culpabilizao da vtima.
Ler esse cara a foi como a primeira vez que um mope usa culos. Comecei a enxergar a educao
formal com uma nitidez de perder o flego.
Ah, e ele todo feito com quadrinhos e cartuns.
Como, por exemplo, os ltimos dois desta srie:
Esses dias, meses e anosda infncia ao comeo da vida adultaque passamos na escola,
infernizados por programas, tarefas e avaliaes, nas palavras de Tio Rocha, so como servio
militar obrigatrio.
E, o mais grave: depois que passam, no voltam mais.
Um desperdcio atroz do que temos de mais precioso.
A vida leve, despreocupada e apaixonante que podia ter sido.
E que no foi.