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DOMINGO, 16 DE MAIO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

aliás,
Assassino e vítima
Pistone escondeu o corpo de Maria numa mala.
Ele sumiu do noticiário. Ela virou santa. Pág. J8

A SEMANA REVISTA

REPRODUÇÃO
estadão.com.br

FILIPPO MONTEFORTE/AFP

Uma outra
filosofia
A crise que começou na Grécia e abalou a estabilidade do
euro lança novas dúvidas sobre a viabilidade da União
Europeia. Perdeu-se a fé no bloco? A cientista política franco-
grega Kalypso Nicolaïdis, da Universidade Oxford, entende
que o momento é outro, de humildade: “Devemos abandonar
o ideal de identidade única da UE em nome do pluralismo”.

EXCLUSIVO – Pág. J4

Solidão na Acrópole. Grécia tem


déficit público de 12,7%, quatro vezes
maior que o permitido na zona do euro

7 8 9 10 11 12
J4 aliás
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DOMINGO, 16 DE MAIO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Aperto O governo português anuncia aumento de


impostos e corte de salários de servidores e
nas contas políticos em 5%. A intenção é acelerar o
processo de redução do déficit orçamentário
do país – que chegou a 9,4% do Produto
QUINTA, 13 DE MAIO Interno Bruto (PIB) em 2009.

JOHANNES EISELE/REUTERS
viços públicos devem ser sustentados pela
contribuição da classe média ou pelo lucro
dos mais ricos.

● Um artigo do jornal ‘El País’ sugere que o


apoio da Alemanha ao fundo de resgate à Gré-
cia parte de seu interesse em liderar o Banco
Central Europeu, atualmente presidido pelo
francês Jean-Claude Trichet. Como isso po-
de afetar o equilíbrio de poder na UE?
O balanço de poder na Europa continua a
ser definido pelo casal franco-alemão. Os
franceses defendem a “solidariedade racio-
nal”, em que é preciso se preocupar com os
países em déficit, pois eles afetam o merca-
do único europeu como um todo. Já os ale-
mães ressaltam que a UE não deve ser uma
união fiscal e argumentam que a única ra-
zão para despejar tanto dinheiro no pacote
de resgate à Grécia é garantir a estabilidade
do euro. Só o futuro dirá se haverá mudan-
ças no equilíbrio de poder do bloco.

● O relatório também cita o perigo de desglo-


balização da Europa, caso os países tentem
reafirmar sua autonomia nesse tempo de cri-
se. Como evitar isso?
Defendo a ideia de interdependência res-
ponsável entre os países. Todos os Estados
devem contribuir com recursos para que
um bem-estar global seja implementado. E
é preciso amenizar os aspectos mais injus-
tos da globalização, promovendo o desen-
volvimento sustentável. Esse será o princi-
pal desafio dos próximos dez anos.

● Aí entra o seu conceito de ‘demoi-cracia’?


Prisioneira da desigualdade. UE deve abandonar ideal de Estado-nação e adotar ‘interdependência responsável’ entre os países membros É a ideia de que não precisamos construir
uma Europa nos moldes de um Estado-na-
ção, com um único demos, o povo europeu,

Os elos frágeis da corrente do euro mas vários – demoi, no plural grego. No Bra-
sil, por exemplo, por mais diversificado
que o país seja em termos de identidades
regionais, classes e raças, existe uma lógica
Equilibrar o orçamento da Grécia ou de Portugal pode salvar a moeda – mas não tira a Europa de sua encruzilhada da maioria e se aceita que um presidente se-
ja eleito com 51% dos votos. Na Europa não
chegamos a esse ponto e acho que nunca
chegaremos. A Europa é um animal diferen-
Depende. Se você considera que o futuro menos oportunidades do que a geração de te. O nosso caminho é abandonar o ideal
CAROLINA ROSSETTI da união monetária da Europa é o mesmo seus pais’. Os cidadãos estão perdendo a fé de identidade única defendido pelas gera-
E IVAN MARSIGLIA que o futuro da Europa, sim. Mas acho que na União Europeia? ções passadas em favor de uma verdadeira
a União Europeia poderia sobreviver sem o A avaliação dos cidadãos sobre a UE man- política transnacional que reconheça as di-
euro. Para muitas pessoas a imposição de tém-se bastante estável. A maioria conside- ferentes identidades, sem perda da respon-

P
ara quem ainda tinha uma moeda única tornou a vida mais difí- ra que, se seus países agirem conjuntamen- sabilidade para com o todo.
dúvidas, na quinta-fei- cil. E é inegável que a crise grega mostrou a te em diversas áreas, será melhor do que fa-
ra a chanceler alemã fragilidade desse sistema em um cenário zê-lo isoladamente. Então, eu não diria que ● Dentro desse processo, a Europa deve re-
Angela Merkel descre- de países tão desiguais. Há elos frágeis, co- estão perdendo a fé no bloco. O que eles pensar sua atitude em relação à imigração?
Entrevista veu à rede de TV WDR mo Grécia e Portugal, que historicamente não gostam, em geral, é de ratificar trata- Essa é uma questão muito difícil. Por um
Kalypso o tamanho da encren- mantiveram Estados clientelistas e têm difi- dos ex post facto – que são simplesmente co- lado, cidadãos europeus, em sua maioria,
Nicolaïdis ca: “A crise do futuro culdades em controlar seus orçamentos. locados diante deles e com os quais são são contrários ao aumento da imigração.
do euro não é só uma Em tempos de crescimento, ok, mas quan- obrigados a concordar. Esse sentimento de Por outro, na pesquisa que fizemos para o
crise, é o maior teste do há uma desaceleração como a que vi- que as crianças hoje estão menos protegi- relatório, identificamos que, em 20 anos,
CIENTISTA POLÍTIC E
que a Europa enfrenta mos, os déficits tendem a crescer enorme- das não é necessariamente atribuído à UE. a Europa necessitará de mais de 70 mi-
DIRETORA DO CENTRO DE
desde 1990, senão nos últimos 35 anos. Se o mente. E uma vez que esses países não po- Nossos cidadãos percebem que isso diz res- lhões de agricultores. Vamos precisar in-
ESTUDOS EUROPEUS DA
euro fracassa, a Europa fracassa, e fracassa dem desvalorizar sua moeda, como o Brasil peito ao fato de que a Europa é um conti- tensificar a imigração. Não podemos nos
UNIVERSIDADE OXFORD
a ideia de unidade europeia”. fez em várias ocasiões, o resultado é a ban- nente cuja população envelheceu, onde os fechar agora e em 20 anos precisar que mi-
Menos, Angela – diria a cientista política carrota. A crise é grave? Sim. Há possibilida- jovens terão que sustentar uma proporção lhões de pessoas venham trabalhar na Eu-
Kalypso Nicolaïdis, diretora do Centro de de de contágio mesmo para economias de cada vez maior de idosos – um problema ropa. Será tarde demais para reunir tantos
Estudos Europeus da Universidade Ox- grande disciplina fiscal, como a alemã? presente em quase todas as grandes demo- trabalhadores qualificados que se dispo-
ford. Para a estudiosa nascida em Paris e fi- Também. Se os países europeus não tives- cracias de hoje. nham a viver aqui. A solução que encontra-
lha de pai grego, Ph.D. em economia políti- sem agido em conjunto para contornar a si- mos foi o que chamamos de imigração cir-
ca e governamental pela Universidade Har- tuação, poderia haver um grande terremo- ● Na Inglaterra, o vencedor das eleições, cular. Um sistema global de imigração em
vard, a crise que começou na Grécia é gra- to monetário no continente. David Cameron, manifestou a opinião de que que as pessoas não venham para a Europa
ve. Mas ela não acredita na hipótese, levan- o país não deveria conceder mais poder políti- ou os EUA para se estabelecer permanen-
tada na última edição da revista The Econo- ● A revista 'The Economist', lançou a pergun- co à UE. Esse discurso pode se tornar predo- temente, mas que tenham incentivos para
mist. de que o euro desapareça em dez ta: será que o euro vai existir em dez anos? minante entre os políticos do continente? voltar aos seus países e depois retornar.
anos. “Ainda que assim fosse, a União Euro- Se você me perguntar se o euro vai sumir, Pela primeira vez em muitas décadas, o go- Para isso, precisamos estabelecer um apa-
peia poderia sobreviver sem ele”. francamente não acredito. Acho que em verno britânico será baseado em uma alian- rato legal que permita essa livre circula-
Membro do grupo de reflexão sobre o fu- dez anos a moeda ainda existirá – talvez ça. E os analistas já dizem que essa opinião ção pelo mundo.
turo da Europa coordenado pelo ex-premiê em uma Europa um pouco mais pobre. Al- negativa em relação à UE será neutralizada
espanhol Felipe González, a professora guns países podem deixar a zona do euro, a no Parlamento. É uma posição ideológica e ● E a sra. é otimista em relação ao futuro da
mantém um otimismo crítico sobre a re- própria Grécia. Mas temos um banco cen- sem grande fundamento nos fatos. A agen- Europa?
gião. Para ela, os cidadãos europeus ainda tral sólido e demanda pelo euro no mundo. da da cooperação europeia hoje é mais ba- Não sei o que otimista significa nestas cir-
não perderam a fé no bloco, mas estão far- seada em questões econômicas, em meca- cunstâncias, mas acredito que sou, pois
tos de acordos político-econômicos impos- ● Por que tudo começou na Grécia? nismos financeiros para os países mem- penso que europeus têm bens enormes,
tos goela abaixo. Nicolaïdis afirma que a A Grécia é uma economia pequena, repre- bros do bloco, do que no debate sobre cen- tanto históricos, quanto econômicos. Eles
ação conjunta dos governos na liberação de senta apenas 2% da Europa, e ninguém ima- tralização de poder político. A expectativa têm também a disposição de criar uma co-
um pacote de € 110 bilhões para Atenas evi- ginava que pudesse ser tão problemática. em relação ao novo governo britânico é de munidade política para si mesmos. Os euro-
tou “um terremoto monetário” – mas não Várias razões explicam por que o déficit da que ele continue a ser pragmático em rela- peus estão em um momento decisivo de
mitigou as desigualdades crônicas entre Grécia era menos controlável que em qual- ção ao bloco, como sempre foi. sua história e percebem que, se quiserem
países membros. Concorda que os “elos frá- quer outro país. A Grécia gasta mais com continuar a fazer justiça ao seu passado, te-
geis” da corrente europeia, como Grécia e defesa do que qualquer outro do bloco. E ● Mesmo uma economia considerada sólida, rão que encontrar novos caminhos. E eles
Portugal, devem abolir o clientelismo e desde a ditadura grega, que terminou nos como a espanhola, sofreu um baque, a ponto conseguirão. Acho que existe um sentimen-
equacionar seus déficits orçamentários, po- anos 70, cada partido que assume o poder de o primeiro-ministro José Luis Zapatero to crescente na Europa de que podemos
rém falta debater se o benéfico e custoso monopoliza o Estado e cria centenas de anunciar um corte significativo nos gastos contribuir para o surgimento de um mun-
Estado de bem-estar social europeu deve postos de trabalho. Quando um país saí de públicos. A situação está fora de controle? do de interdependência responsável. É
ser mantido “pela contribuição da classe uma ditadura e o outro lado vence, ele usa Veja, a Espanha tem problemas estruturais uma ambição que só pode ser tomada co-
média ou pelo lucro dos mais ricos”. o Estado para compensar a exclusão políti- enormes também. Entre eles, uma das mo realista se a Europa não assumir uma
E defende, para isso, seu conceito de “de- ca dos anos anteriores. Foi assim no mo- maiores taxas de desemprego da Europa: atitude paternalista, neocolonial ou arro-
moi-cracia”: é preciso abandonar o ideal mento em que os socialistas tomaram o po- metade das famílias lá têm pelo menos um gante – dizendo que somos o modelo e de-
clássico de homem europeu em favor de ou- der nos anos 80 e depois, quando a direita membro desempregado. Um grande desa- vemos ensinar ao resto do mundo como fa-
tro, fundado no pluralismo, na abertura pa- voltou. A situação piorou recentemente, fio para a Europa, como o de quase todos zer colaboração transnacional. Se no lugar
ra a imigração e no reconhecimento de pois o país achou que receberia dinheiro fá- os países, incluindo o Brasil, é o problema disso formos humildes, autocríticos e acei-
identidades políticas, culturais e socioeco- cil dos europeus. A crise veio, o fluxo de ca- da desigualdade. Quem paga a conta? Vive- tarmos trabalhar em parceria com outras
nômicas de seus diversos povos. pital foi reduzido e o déficit explodiu. mos em um mundo em que o capital se tor- regiões do mundo, acho que podemos ter
nou tão volátil que é cada vez mais difícil uma importância grande na criação desse
● Quanto a crise é grave? A chanceler Ange- ● No relatório do grupo de reflexão sobre a para os governos estabelecerem mecanis- mundo de interdependência responsável.
la Merkel exagera quando diz, ao justificar a Europa do qual a sra. participa está dito que mos que garantam justiça na partilha da ri- É o que eu tanto desejo e tenho certeza de
ajuda da Alemanha a Atenas, que o que está esta é a primeira vez em que há um temor queza e dos prejuízos. Um ponto central, que outras pessoas no mundo têm interes-
em jogo é ‘o futuro da Europa’? generalizado de que ‘nossas crianças terão na minha opinião, é discutir quanto os ser- se em ver se concretizar.

LÍDERES DE ALEMANHA GRÉCIA


JOHN KOLESIDIS/REUTERS

UMA EUROPA Angela Merkel quer empenho George Papandreou e o abismo


EM CRISE
JOERG KOCH/AFP

“Temos de acelerar a regulação dos mercados financei- “O futuro da Grécia está em jogo: nossa economia, de-
ros. E temos também de tomar medidas para proteger mocracia e coesão social estão sendo testadas. O país
a estabilidade do euro. Isso significa assumir um firme chegou à beira do abismo e é responsabilidade de todos
compromisso de que essa é a nossa moeda” nós não dar um passo na direção do precipício”
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 16 DE MAIO DE 2010 aliás J5

PIIGS ● PORTUGAL
OS MAIS PROBLEMÁTICOS ● ITÁLIA
Ao lado, conjunto de cinco países europeus cujos déficits fis- ● IRLANDA
cais preocupam os economistas da zona do euro. Suas iniciais ● GRÉCIA
em inglês formam o acrônimo depreciativo “Piigs”: ● ESPANHA

seu Guggenheim de Las Vegas, divulgou leo árabe e do gás russo.

Por que não um plano para tirar do aperto o continente


e torná-lo um modelo de poupança e solida-
riedade para o resto do planeta. Poupança
energética, basicamente.
Integrativo, não ideológico, sem vínculos
com a histeria apocalíptica e respeitoso da
identidade de cada país, o projeto só espe-
ra a adesão dos poderosos, dos que man-

uma Eneropa? À frente do OMA (Office of Metropoli-


tan Architecture) e por encomenda da Eu-
ropean Climate Foundation, instituição fi-
lantrópica que se ocupa de projetos que ate-
dam e dos que têm a chave do cofre. Seu
custo per capita, dizem, será bem inferior
ao que atualmente se desperdiça em obras
faraônicas, com guerras inúteis e socorros
nuem os danos do efeito estufa e valorizem aos bancos. Pelo novo mapa da Europa, re-
Arquiteto propõe um novo Velho Continente, com fronteiras fontes de energia alternativas, Koolhaas desenhado a partir de fronteiras energéti-
rearranjadas de acordo com o potencial verde de cada nação projetou uma utopia – se lhe permitem o cas, não de limites traçados pela geopolíti-
oxímoro, exequível: uma Europa inteira- ca, os países ensolarados (Portugal, Espa-
ropa só tivera sossego, nos últimos dois sé- mente verde, um continente interligado nha, Itália, Grécia) fariam parte de uma re-
SÉRGIO AUGUSTO culos, entre 1814 e 1854, 1856 e 1914, 1918 e por fontes de energia limpa, aproveitando gião chamada de Solária; as ilhas britânicas
1939. Afora consolidar 65 anos de harmonia o potencial de cada país nesse setor. formariam os Estados da Maré e as Ilhas do
no continente, aí descontados os conflitos Prédios verdes, ecologicamente corre- Vento; Suíça, Áustria e Norte da Itália inte-

M
era coincidên- internos na antiga Iugoslávia, na década tos, já existem muitos mundo afora; proje- grariam a Hydropia Central e Romênia e
cia não foi. passada, a Declaração Schuman abriu as tos de cidades verdes têm a China (Dong- Bulgária, a Hydropia Oriental; do meio da
No mesmo portas para o Tratado de Maastricht, em tan) e Abu Dhabi (Masdar City); mas todo França até a Alemanha e parte da Áustria
dia em que se 1992, a certidão de nascimento da União um continente com as mesmas característi- se estenderia a Geotermália.
anunciou o Europeia, e o estabelecimento de uma moe- cas, nem no papel ou na tela de um compu- Ao mapa da Eneropa o OMA anexou um
trilionário so- da única em 16 dos 27 países da Comunida- tador nunca se viu. “A megalomania é a folheto com fotomontagens de cidades e re-
corro euro- de. Tremendas conquistas, agora ameaça- principal característica do nosso repertó- giões tal como ficariam depois de integra-
peu à naufra- das por uma conjunção de fatores, cuja exa- rio de ideias”, jactou-se o sócio de Koo- das por fontes alternativas de energia, a
gante econo- cerbação pode levar, na estimativa de al- lhaas no OMA, Reinier de Graaf, pavonada que batizou de “postais do futuro”. Com to-
mia grega, guns pessimistas, à tão temida Europa de que ninguém pôs em dúvida. dos os seus telhados dotados de paineis so-
dois de seus mais destacados fiadores, An- antigamente, com seus interesses confli- Em determinados países, há vento de so- lares azuis, Barcelona ficou um espanto. Al-
gela Merkel e Nicolas Sarkozy, festejaram tuosos e nacionalismos irreconciliáveis. bra e sol de menos. Tal é o caso da Inglater- guma coisa teremos de sacrificar para sal-
juntos os 60 anos de uma conquista históri- Em meio ao pânico, provisória e precaria- ra. Em outros, dá-se o inverso. Tal é o caso var a Europa e, por tabela o mundo, do ar-
ca: a Declaração Schuman, assinada em 9 mente sustado com o trilhão prometido à da Espanha. Conjugando o que aerogerado- magedão econômico.
de maio de 1950, cinco anos depois do fim Grécia e o arrocho nas contas públicas res de energia eólica podem produzir na In- O Brasil já pode contribuir com sua cota
da 2ª Guerra Mundial. anunciado pelos governos de Portugal e Es- glaterra com o que placas de captação de de sacrifício daqui a algumas semanas. Co-
Proposta pelo ministro das Relações Ex- panha, mas prestes a irromper a qualquer energia solar podem produzir na Península mo? Perdendo a Copa do Mundo na África
teriores da França, Robert Schuman, foi momento, a julgar pelo comportamento do Ibérica, Itália e Grécia, boa parte da Europa do Sul. Outra ideia de procedência holande-
muito mais do que um acordo de coopera- mercado financeiro na sexta-feira, um ho- conseguiria cortar 80% de suas emissões sa. Há dias o banco ABN Amro divulgou
ção econômica. Ao impor um gerenciamen- landês tentou injetar esperança nos deses- de CO2, ao longo dos próximos 40 anos, es- um estudo sobre futebol e economia, defen-
to supranacional às indústrias de aço e car- perançados. Não era um economista, mui- pecialmente se incluídos nessa rede energé- dendo a tese de que a vitória da seleção ale-
vão da França e Alemanha, impossibilitan- to menos um banqueiro, mas um arquiteto. tica os demais países europeus com poten- mã na Copa ajudaria imensamente a econo-
do a fabricação de armas e evitando que as Renomado, bem relacionado, cheio de cial maremotriz e bem-dotados de recur- mia no mundo inteiro, pois a euforia da
duas potências descambassem para uma ideias, mas sem os recursos de que a salva- sos hídricos, biomassa e termoelétricas. conquista levaria os alemães a consumir e
nova guerra, a declaração, também firmada ção econômica da Europa de imediato pre- Eis, em síntese, o que Koolhaas pretende fa- investir muito mais. Não foi o que se viu
por Holanda, Bélgica e Luxemburgo, aju- cisa, o arquiteto Rem Koolhaas, autor da zer na Europa, ou melhor, Eneropa. Além nas Copas de 1974 e 1990. Se é para agitar a
dou um bocado a reforçar a paz na Europa. Casa da Música da cidade do Porto, da loja de colaborar para a despoluição do planeta, economia, prefiro torcer pela Solária, ou se-
Antes do fim da Alemanha Nazista, a Eu- da Prada em Nova York e da filial do Mu- reduziria a dependência mundial do petró- ja, pela Espanha e Portugal.

HYDROPIA
HYDROPIA
DO
DO NORTE
NORTE

MAPA DA
ENEROPA ILHAS DO
VENTO

GEOTERMÁLIA
GEOTERMÁLIA
MENOR
MENOR
R.C.A.C*
R.C.A.C*

ESTADOS
DA MARÉ
VRANIA
VRANIA

GEOTERMÁLIA
GEOTERMÁLIA
HYDROPIA
HYDROPIA
MAIOR
MAIOR
ORIENTAL
ORIENTAL
HYDROPIA
HYDROPIA
CENTRAL
CENTRAL
BIOMASSBURG
BIOMASSBURG

* República de Captura e
Armazenamento de Carbono
HYDROPIA
HYDROPIA OCIDENTAL
OCIDENTAL SOLARIA

REPRODUÇÃO

crise financeira que atinge a Grécia atual- to da Europa a vir em socorro da Grécia, com

Esquecendo Pirro mente foi provocada pelo custo do seu Exér-


cito. O Mar Egeu, entre os dois países, é uma
das zonas mais militarizadas do mundo.
o fornecimento de uma ajuda de € 750 bi-
lhões. É acaso, se Berlim e Paris são os maio-
res fornecedores do Exército grego?
Claro que a viagem do premiê turco não Umrumorcirculou emParisquandoFran-
Corrida armamentista com a Turquia é uma das razões da crise da foidecidida por causa do desastre financeiro ça e Alemanha impuseram esse plano de aju-
Grécia, país pequeno que gasta em defesa € 6,8 bilhões por ano de Atenas. Mas ocorre num bom momento.
Esperemosqueosdois paísestenham secan-
da para a Grécia. O que se comentou é que o
apoio de Paris e Berlim foi dado com a condi-
sado de se odiar e agora partilhem o desejo ção de os gregos manterem suas compras de
de pacificar suas relações, pôr um fim a essa armas francesas e alemãs. Interrogado a res-
ridícula corrida armamentista. peito, o ministro adjunto da Defesa da Gré-
Entre os dois países o ódio é tenaz. A Gré- Se essas boas intenções se concretizarem, cia negou energicamente o fato.
GILLES LAPOUGE cia foi dominada pelo Império Otomano du- a Grécia poderá encontrar um grande balão A questão está em aberto. O governo pre-
rante quatro séculos. Depois do desapareci- de oxigênio. “Essa corrida armamentista é cedente da Grécia assinou um acordo com
o mesmo tempo em mento do império (1920), as disputas entre uma das razões da crise grega. Nem Grécia Paris para compra de fragatas no valor de €

A
que a Grécia luta para os dois Estados do Mediterrâneo Oriental nem Turquia necessitam de submarinos 2,5bilhões. As negociações continuam. Che-
sair do naufrágio, che- foram violentas: em 1974, a parte norte da franceses ou alemães”, declarou o ministro garão a bom termo? E é possível compreen-
ga a Atenas o primei- ilha de Chipre foi invadida pelos turcos. E turco para os assuntos europeus. der que um país que quase chegou à falência
ro-ministro turco, são inúmeros os litígios territoriais entre os Atualmente a Grécia gasta € 6,8 bilhões e foi salvo (provisoriamente) por uma ajuda
Recep Tayyp Erdo- dois países nas ilhas do Mar Egeu. por ano com seu Exército. Uma soma enor- financeira colossal da França, Alemanha e a
gan, acompanhado GréciaeTurquiaestão armadosatéosden- me para um país pequeno e arruinado. Me- Europa, insista em despender € 2,5 bilhões
de dez ministros de tes. São nações grotescas. A Grécia consagra nos soldados, menos aviões e menos navios para comprar fragatas inúteis da França?
Estado. O que todos somas enormes de dinheiro ao seu Exército. poderiamajudarAtenasareencontraroequi- Se o contrato for assinado, então o plano
esses turcos estão O orçamento militar grego em relação ao líbrio das suas contas. de ajuda da Europa para os gregos terá cono-
buscando numa Grécia arruinada que é sua PIB – Produto Interno Bruto – é o segundo E nesse ponto encontramos Alemanha e tações muito estranhas.
inimiga ancestral? da Otan, depois do dos Estados Unidos. A França,osdoispaísesque empurraramores- / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

ESPANHA FRANÇA
José Zapatero, socialista, defende corte Nicolas Sarkozy e a hora da verdade
YVES HERMAN/REUTERS

“Nosso governo tem a intenção de acelerar o plano de “A zona do euro atravessa hoje sem dúvida a crise mais
redução do déficit do país. É um processo necessário e grave desde sua criação. É a hora da verdade: ou deixa-
imprescindível neste momento. Mas só fará sentido se mos os mercados decidirem o futuro do euro por nós
AFP

vier acompanhado de crescimento econômico” ou tomamos as medidas necessárias para salvá-lo”

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