curso de psicologia, o nome da unidade curricular sugeriu desde o incio a ideia de realizao de debates e discusses abertas sobre toda a temtica envolvente no processo tico relativo ao exerccio da profisso que possivelmente me aguarda num futuro porventura bastante prximo, e enquanto psiclogo de qualquer rea. Gosto de destacar o facto de serem abertas no sentido de as questes ticas e que mobilizam valores morais envolverem tudo menos neutralidade ou total conformismo de opinies. Ainda assim estamos a referir-nos a uma atividade do mundo profissional em que futuramente penso estar envolvido e que, como tal, no dispensa a regulamentao por parte de uma entidade (a OPP, neste caso), dispondo para isso um cdigo deontolgico com princpios ticos gerais e especficos. Reportando-me importncia que eu prprio atribuo integrao desta unidade curricular no percurso acadmico de qualquer futuro psiclogo, tenho a dizer que esta essencialmente indispensvel por vrios motivos. O principal o facto de que o exerccio da psicologia talvez a profisso que mais diretamente lida com ser humano em toda a sua complexidade, com as suas emoes e valores, estejamos a falar de pacientes, sujeitos de investigao ou dos prprios profissionais envolvidos. Julgo que as discusses volta dos princpios ticos e a simulao de situaes hipotticas foi essencial ao longo do semestre no sentido de estimular o pensamento e a ponderao acerca de tais questes/situaes que podero ocorrer futuramente e que alguns de ns alunos ainda no tenhamos questionado de certa forma at data. Estando eu a assumir que tica tem a ver com os bons costumes/prticas, como a etimologia da palavra original grega (ethos) sugere, assumo tambm que envolve a antiqussima dialtica acerca do bem e do mal, colocando aqui em
destaque
procura
do
bem-estar/felicidade
eliminao
do
sofrimento/infelicidade maneira do hedonismo (de Epicuro) e de forma universal.
Nesse sentido penso que foi importante fomentar o pensamento acerca da prpria natureza humana, isto , pnsarmos, por exemplo, se o ser humano inicialmente um ser solitrio e bom por natureza e vai sendo corrompido pela sociedade como dizia Rousseau, ou se pelo contrrio, maneira de Hobbes, o ser humano naturalmente mau e egosta e necessita da sociedade para evitar o caos. Pessoalmente, eu inclino-me mais para uma perspetiva de tabula rasa em que o ser humano no naturalmente bom nem mau mas vai sendo moldado com experincias, um pouco como foi descrito por John Locke. Tendo isto em conta, destaco ainda mais a importncia desta unidade curricular com o fim de incentivar e guiar para uma boa prtica da psicologia. Embora eu
assuma que as questes/valores morais de cada um so interiorizados ou compreendidos
essencialmente atravs da experincia direta com eles em situaes reais, a frequncia das aulas e a exposio a situaes hipotticas (muitas delas propostas em trabalhos apresentados pelos alunos no mbito da anlise crtica volta dos princpios ticos do cdigo deontolgico) ajudou-me a tornar mais relevante a relevncia do pensamento e comportamento tico na profisso. Nomeio aqui a importncia, para mim essencial, de praticar aes pelas aes em si. Isto , cumprir o dever pelo dever e no por outro interesse. Um exemplo prtico disto seria eu tratar um paciente depressivo pura e simplesmente porque essa a ao correta que deve ser praticada; o que nos diz a filosofia de Kant. No entanto, acho relevante tambm ter em conta uma tica mais utilitarista (Stuart Mill) em que o comportamento tico visto no tanto nas aes em si mas nas consequncias que contribuem para o aumento do bem-estar ou para a diminuio da infelicidade, mesmo que o interesse subjacente seja outro diferente (eg.: ganhos financeiros). Sendo assim, na minha perspetiva e de uma forma geral, a frequncia durante este semestre das aulas de tica, deontologia e relaes profissionais ajudaram-me a solidificar ideias de boas prticas - embora no signifique que no existissem desde o inicio do semestre, tendo sido sujeitas a menos ponderao da minha parte - na profisso, a pensar em situaes hipotticas complexas e como poderei lidar com elas numa realidade futura e possvel tendo em conta algo mais que o puro conhecimento cientifico, j que este por si s no consegue determinar valores ou considerar temticas como o respeito pela dignidade humana.
OIT. Manual de Capacitação e Informação Sobre Gênero, Raça, Pobreza e Emprego. Questão Racial, Pobreza e Emprego No Brasil. Tendências, Enfoques e Políticas de Promoção Da Igualdade PDF