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‘omega no momento em que sua existéncia se tomna palpével [a exstincia da conduta de grupo se to na evidentemente mais fi de demonstar,¢ também le observa, s 0 grupo se constitu coma ta Essa intuigdo de Bion sublinha que, embora os eres hhumanos sejam impensveis fora de grupos, os grupos tomam.se visives a patir da montagem de disposi vos técnicos tais que permitam demonstrat © obsetvat as condutas de grupo, Revelam-se aqui dois nives de existéncia dos gru= pos: o primero, fatico, enquanto fatos sociais; 0 se= undo, co campo cisciplina, na medida em que, a0 38 montarem os sucessivos dispositives grupais do Diss Positive dos Grupos, os grupes tornam.se paulatinay mente visiveis, observiveis, comprovaves, explcavel experimentiveis, teoriziveis, ou seja, enunciéve Nesse sentido, ao institu dispositioos grapas, crossociologia localizou tam dos nascimentos do grap Antes dela, os grupos estacans ali, numa inet tal no podiam ser vst Wop. co me. Capitulo 1V Para uma clinica grupal A. Primeirosdspositivos grupais terapéuticos CConsidera-se que as primeiras tentativas de abor: tlagens coletivas com fins terapeuticos foram as atvida dls inicadas por Pratt em 1905, ao introduriro sistema Ale “aula coltivas” numa sala de pacientes tuberculo os. O objetivo dessa terapia era acelerar arecuperasao Fisica dos doentes, mediante uma série de medidas su- pstivas destnadas a que eles cumprissem da melhor laneira possivel seu regime dentro de um clima de operagio ou, melhor dizendo, de emulagio. As aulas fessdes As quais concorriam mais de cingitenta pa tes constavam de uma breve conferéncla do tera ta que dissertava sobre a higiene ou os problemas Iratamento da tubercuose; em seguida, os pacientes jlavar as perguntas ou diseutiam o tema com © ico, Nessas reuniGes, os doentes mais interessados fatvidades coletivas eos que melhor cumpriam 0 7e- gimepasavam a ocupar a primeins fers da Esabdecendo-se uma eal herria bem del Comedia e respi por oes. Dnt dos om suits que ene mst dva, Prat eset balho preiminarem 1905, qu amplion nos ane seqients apkitente,butos experimentaran ‘nin com anos snares (mt de Pa fuer defomasttior Be socom na td ol Sum tei spas om dl par ater de conta o parecinerto de sentiments de cua eslaedade no gripe asus ee mesmo, pl de ura gm patra aan, O mito nce tum forte enlace erosional do doente com © medi isa grafesmente al propose tema Se prom Ces qe pemiava “oor paint’ permiin I Senta cad ee pro le as oni Consierado amportncn da eating do ms ico, nto € de eswanhar que aeatatta fg dessefipo de rapa foes fares de ets gr pos eligosos que persue fs paces Os mets que seguram a orenagto de Prat foram denominadosgenercament ompas ext parents qu godin rp. ies qu age Fimedante o grupo porque incam e se vale as emoxies coe enbora no tentem camped las Busce-e a sldaredade do grupo com fs trap ee Chopetiizaram esse método como Dir dos tatamentos mésicos de po- csc). eeica aig em aguas formas de ata Ge obeos gue toma como un dos mo te oso “earsma” do ani, geralmente muito orden pra core, que ainda conta depos pro una interessant ferenca raps ue age notre cm ea term. Nesve cao dinamo slog fare cartizar ema eon em grips sides ipo e elaine 0 grupo eo terapeta cont Ijametalment epost asda coment cxempica por Prt Enver deena medio esa core stimula uma fatemidade qoe busca uma maior sensi ene seus meron minindo 20 mSsi- Fro atdaancacentadaoteenico. Omehor emp desea tendenca tapas os “alcolcos annios” fs AA) esa oeanizaio, Iiciadn em 1935, gana spi sesitago nos anos so fulntes nos EUA, ifundindo-se em Sguida por ms pales Os AA maisque um gp rapt sri tu ean gealmente foam ua secede com con tig tronic e patos vourtia de seus otek tos een pa cnrenae Onc —ccany ae Been et — % ‘membros, algo assim como uma associago de aleo6la- tizado por sua “dindmica”, que consiste na atuacio tras reformados. mediante” as emogdes do grupo. Ainda ndo se fala de CO efeitoterapeutico baseia-se na presuncio de que compreender sua natureza nem de modifcaraestrutu- © exaleodlatra pode influenciar mais eficazmente ou: ra subjacente a elas; em linhas gerais, tendem a esti tro alcodatra e este titimo & capaz de estabelecer laos rmular o que popularmente se designa como “bons ‘mais plenos com seu reformador ao saber que este teve sentimentos do grupo”, Secundariamente, ambas as ‘o mesmo problema e~0 que nao é menos importante correntes se bifurcam no que diz respeito ao papel do = ante o fato de que conseguiu supers-lo. A dinémica Tider; a primeira busca a identifcacio dos pacientes dessa terapia é engenhosamente eficaz, porque 0 ex- pela transferéncia maciga com um lider de tipo pater- aleoSlatra se benefcia por sua vez “restaurando”o pa nal-deistico; a segunda, pelo contréro, tende a formar ciente e, dessa forma, eriam-se condigbes para que *fraternidades’,abolindo na medida do possivel toda ‘possa se conectar desde “outro lugar” com seu préprio Hideranga externa ou téenico-profissional alcoolismo. Os AA, tlvez 0 tipo mais elaborado dente [Etsasorientagies costumam ser terapeuticamente ‘essas terapias coletivas, etinem-se semanalmente er fficazes independentemente de operarem dentro de sesaéies similares is de Pratt, no sentido de que discu *paradigmas" muito especficos. Tém o mérito de ter tem temas relacionados com sua missdo, com a exce ‘chamado a atengio para a importincia da “socializa- io assnalada de que nesse tipo de grupo ndo existe 1" do paciente, quer scja dentro da insttuigéo ou em. nenhum lider que no soja “um de més” ua readaptacio & sociedad; tém,além disso, a vanta- Esse tipo de terapia busca, através de seu carter _gem de poder agrapar um grande imero de doentes “fraternp", criar condigdes para que as pessoas que fos ndimeros oscam entre 30 ¢ 100, segundo os auto concortem a essa instituigbes encontrem elas ~ tra 4s}, com os conseqientes beneficios quantitatives. vésde seus grupos —um espago de suport solidrio de ‘Sem terem teorizado sobre isso, ha na prética aqui restituigdo da dignidade pessoal e/ou da identidade erta nogio de “efeito de grupo’, na medida em que perturbada. Embora muitas vezes se gerem ali verda- llescobriram que o tratamento de seus pacientes era deltas misticas da fratemno éIndubitavel que essas or ais eficaz quando estes eram agrupados do que isola {ganizagies provém redes de sustentagdo geralmente idamente. A pergunta permanece, por que?: que inter- pperdidas no espago familiar, inencontréveis no ambito tombs produciam-se ai para erar tas resultados? qua ‘macrossocial foram os enlaces subjetivos entre seus integrantes, que fi- ‘Resumindo, as primeias formas de psicoterapia as emblemticas se organizam a partir deta particular coletiva aqui deseritas tim um tronco comum, caracte ut de inscrgto institucional ea organizam? Se observarmos 0 dispositivo montado a partir de Pratt, veremos, em primelro lugar, que ele trabalhava ‘com grupos que obviamente no podem receber 0 home de restritos; portanto, € muito improvvel que cos enlaces de tais agrupamentos humanos se organ zassem com base nos mesmos parimettos mediante (9 quais se organiza um pequeno grupo, conforme fol estudado, Nos grupos amplos cerlamente nao se en ‘contram condigSes idénticas is encontradas nos gr pos restritos para desencadear os processos identifica {6rios e transferenciais, Olhares recfprocos, nomes, proximidade, disposigSo em circulo et. slo condigies pr6prias dos grupos pequenos que tornam possivel que tais processos se organize na forma de redes ‘ruzadas, dando assim aos agrupamentos rstritos sua peculiaridade Por esse motivo, faz-se necessério pensar 0: gru- pos numerosos em sua especificidede. Embora os pro essosidentificatérios entre os integrates sejam muito ‘mais iheis, elo outros os caminhos por meio dos quals se prodlizem seus enodamentos-desenodamentos' ‘No caso das terapias exortativas parentais, os enla «es prodluzem-se atzavés de fortes lideres “carsmst cos”, Nesses dispasitivos —assim como no ewiniano. Tideranga e coordenagio ainda nao foram descentral eRe eee andl ever ti Garnet cc ee Tia tae Pali if oom ans, Po le, et {zadas, Dadas as caracterstcas do dispositive, super péem-se necessariamente, o que permite afrmar que dos principais recursos de sua eficicia terapéutica st centrado na sugestn, feito, ela mesma dos vinca- os libiinais de cada integrante carn o médica lider. Embora ndo se deva subestimar os aspectos suges- fivos nas terapias com estrutura fraternal, a importin. Ba decisiva esti na rede entre “iguais": nessa terapias, {grupo ea instituigio em que ele age disparam signi cies imagindrias nas quais predomina a configuca o de tum espago microssocial que opera como sus- taco egéica, suportesoldério,espaco resttutiv da gnidade perdica e/ou da identidade perturbada, Ao eso tempo, para sua efi, parece ser imprescin velo estabelecimento de tansferéncias insttucionais rtemente postivas Anda que com formas ténicas muito mais atual as, pode-se encontrar meios terapéuticos similares grupos de auto-ajuda de mulheres maltratadas’ Gostariamos de assinalar de passagem a diferenga Pic as signficagSesimagindtias que essestipos de en coletivos parecem disparar em seus integrantes ~ pore solidsio, sustentago identificatria ~e aquelas stadas por Anzieu nos grupos amplos, nos quais fenfatiza a ameaga de perda da identidade pessoal e isferéncias negatvas de tal amplitude eintensidade se tornam temives para os coondenadores. Freda dea UB 8 Embora os primeiros dispositivos grupas terapéu~ ticos que instrumentaram as “emogGes do grupo" como ‘meio curative nao tenham teotizado sobre esse situa fo, comprovaram empiricamente que o grupo ~ nesse aso, amplo ~oferecia certo melo de efcdcia terapéuti- ‘a maior que os tratamentos individuals. Pode-se notar {que hé aqui, em estado rudimentar, certa nogio de fe- fo de grup; fatotes emocionais provavelmente mobili- zados por meio de transferéncas reforgadas para 0 te- rapeuta, entre os integrantes e para a instituiglo; eum cenibrionéri dspostivo de grupo amplo. B. Aplicasdes niias da peeandlice aoe grupos ‘Avodaremos agora as contigo picaalticas de orentayao mga notable na teorizaco score gpa iv coment tev lta incléncia em toss me el plone na nia Se po tos gus com fe pcoteapeticos os us pela pele yee fram ladon conte formas feos da Yicandlie para a compreendo dos gros manos Oiginaramentepensadoscom fs pst TapEatcon enc close flora em sega aplica Cin. fommagiode condenadores de grupo easier fengiesinsttuconis Ofosvel foes e Eau) ine a raping oct sm conte eve wa Importinla muito maior que oe anteriores n30 36 por fur gande dust, mas plas considers et teenies qua onimaram Iepraa ia picandse sas fagurs ponctns mals opretetatvs foram Sasi, Schilder ¢ Klapman, Para além de algumas diferenges ‘téenicas entre eles, essa correnteintradusin interpreta 0 na situasio colton, aplicando ao grupo oseting” ps eanaltico. Aoi desses recurs, criow as condiges para Aescentatizar oordenagdo de Tideranca e pura superar 0 procedimento sugestion prépro das terapas “mediante” grupo. ‘Ao passar da anilise “individual” para a andlise “coletva’, surge imediatamente um problema, intr- pretar quem? No contrato psicanalitico, isso parece to Gbvio que a pergunta nem mesmo é formulada, mas, {quando o terapeuta se viu perante varios individuos fem toro dele, a direglo da interpretagio adquisiu um tutus problemstico, Foi na solugdo desse dilema que se indou uma das principals diferencas ténicas e tam- beim tedricas ~ entre os procedimentos das diferentes tes que aplicaram a psicanlise ans grupos. Tanto Slavson como Klapman buscaram a sokugio esa dificuldade incluindo, como parte de seu disposi- o, umm artificio que consistia em tentar unificar 0 prupo de virias mancicas a fim de que a interpretacio a nele valesse para todos ~ ou para a maioria ~ dos rticipantes. Assim, por exemplo, “para obter a unif io do grupo” tentava-se compé-lo com pacientes ‘aracteristicas similares quanto a graus de doenca, 0, idade, nivel socioecondmico ete, também se rea- va uma rigorosaselecdo dos integrantes, excluindo les que apresentassem sina doenga mental aguds pudesse afetar 0 andamento das reunides; além 0, costumava-se iniciar as reunies propondo um tema; esses recursos, denominados, respectivament, hhomogeneizagdo, seleglo e preparagio do grupo, pro ccuravam obter sua uiticaga. ie Por que a tnificagio do grupo era imprescindivel para eles? Ante a decisio de quem interpreta, a solu {Go encontrada nesse primeiro momento foi agrupar ‘pessoas com um mesmo tipo de problema; pressupu- rnha-se qu a interpretagio realizada para um de seus integrantes devetia ser valida para a maiotia deles. Por essa razdo, essa primeiras formas de apicacio da Psi ‘eanalise a0s grupos foi denominada “terapia interpre- tativa individual em grupo”, Atualmente, esse atfcio sido como sumnamente radimentar, mas 0 que quere ‘mos ressaltar & que, an se introduzir a interpretacéo psicanalitica nos dispostives grupais,comerou-se«pro- blematizar a dino da interpreta e foi nocessrio bs catenins expos, ‘Outro tipo de resposta tenica ao problema da in texpretagio foi a “téenica interpretaiva de grupo”. Esse tipo de ferapia toma o grupo como fendmeno central © ‘ponto de paitida de toda interpretacdo, Ou seja conce be o grupo como uma totalidade, considerando que 3 condita de cada um de seus membros sempre & in fluenciada por sua participagio nesse coletivo. Esse tipo de enfoque considera que o individual deve ser sempre contemplado dentro do ambito coletivo no ual se manifesta cantege Essa orientagio teve um forte desenvolvimento na Argentina. Segundo Grinberg, Langer e Rodrigué, ver~ Adadeiros pioneiros dessa forma de trabalho grupal: 6 com ua proposta que toma o grupo como uma ge tal entzamos no terteno da microssocologia. Aqui ‘onsderamos o campo mutipessal como um fenme- no digno de ser esdada por # mest. E ume psiote ‘pia “do” grupo endo do indivio “no” grupo, oa dos pacientes “mediante grupo” Em fungi disso, denominaram sua técnica “psico Aerspia de grupo’, dferenciando-a daqueles que inter iduo “no” grupo e dos que agem mediante” o grupo, manojanco as emogies coetivas las. Fundamentam stia proposta ale- gando “a aplcagio conseqiiente e total da psicandlise jo grupo com sua técnica estritamente transfeencial” lientam a importincia de interpretar os participantes sua sesso unicamente em fungio do aqui e agora, ado que essa forma técnica permite que as respostas provocadas integrem o grupo. Assinalam os inconve- jentes que as interpretaydes individuaise no transfe- Tenciais podem trazer. Assim, por exemplo, segundo 565 autores, a interpretagio dirigida a um aconteci- Iento da histria de um dos pacientes produairia uma ediata mudange cle clima,jé que os demais, sentin lo-se excluidos, distanciam-se e entram em rvalidade orm eason Os —ocmpe rat ‘com a pessoa que foi interpretada,Afirmam que num aso desses s© estariarealizando uma analse indivi- ‘dua, perturbada pela presenga de vias pessoas ‘Polemizam fortemente com outros terapeutas que interpretam de forma individualizada. Reforgando seus angumentos dizem: sao adotar um eitrio de itegrago, estamos seuindo tima linha atual de intrpretagio dos processos que fscontecem nos diversos terenos. Em biologs, Welt {eck define o concito de “ergaismo” como algo que & muita mais quea soma das partes” Diferem de outros psicanalistas da mesma orienta co como Foulkes, para quem a transferéneia abarca tima pequena parte do que € expresso pelo grupo. Ba seando-se nas sensagbes contratransferencias,inter~ ‘retam, no aqui e agora do grupo, fantasia inconscien- te em suas mikiplas maniestagoes. } 6.0 todo do tudo As psicoterapias de grupo psicanaitcas apresenta das até agora costumam se agrupar em duas tendén. ‘is: Psicandlise em grupo e Psianalise do grupo. Esse ponto merece ser focalizado porque esta relacionado 1 Gone nuts Opt ee} de fet moms ears cme co com algumas questies levantadas previamente. To- ‘mando os psicanalistas do grupo isto 6, que analisam 0 grupo, poder-se-ia pensar que esta seria a comrente ‘que, superando o eventual “individualism” da ante- rior uma ver que toma o grupo como um todo, resga tou a especifcidade do grupal ‘Mas, numa andlise mais minuciosa, observa que, embora se interrete o TODO- GRUPO (em alguns asos, chega-se até a dizer “o grupo pensa’,“sente", se angustia” et), ou sea, se tome o grupo como des trio de toda interpretago, iso no garamte que esa ptalidade:o grup, tea alcangado algun gra de especi- dade ou particularizago. Interprota-se 0 grupo, mas ali alguma nogio de grupalidade? Fo! dito anterior- jente que a demarcacao da totalidade costama ser isdo necestéria mas no suficente para a aborda~ m da demarcagio do campo grupal. Interpreta-se o que do grupo? Além de cera in- sOncia inditeta da Dinamica de Grupo em alguns as de grupo ingleses e argentinos, “lé-se" a ansferéncia, as ansiedades e as fantasia. Ou seja, slada-se para cleo conjunto do carpus psicanalitico (qualquer modificagdo, mas, em vez de interpretat pessoas singulaes, 6 o grupo o receptor global das frpretagées; a fantasia inconsciente grupal €afanta {individual que operou como denominador comum Jntegrantes. © grupo, mais que conformar uma ual totalidade especifica, & algo assim como um conjunto de pestous portadoras de um suit incons- tiente no qual se acham insets, nessas cones, & rmerecedor de um tipo de interpetardo igual ts que se "aplicam as pessoas que esto em tatamentopscanal- theo de contrato dua. sse tipo de orentagio fo ctian- do as condigdes de existénea de nogDes como fantasia rp, que operaram em analogia com a fantasia in- onscente single. Emboraseja necesséio conside~ far que s grupos constreem sus proprias figuragoes Imagini € importante dferencile de pets anesns grup de categoria incnsciete igual ds fa tosis imestigadas pela pscandise.E pertinente sub nar essa demarcagdo, uma vez que a usc dont Inconsciente grapal fol ton ds cones feiitadores da “fcc do gra como intenconalidade [No que diz respeito& relagdo todo-partes, propos tas estruturalistas posterores pontualizaram que ndo basta afirmar que 0 todo é mais que a soma das partes se nao ge'puder enuncar o sistema de relagOes das partes entte si, das partes com 0 toto e do todo com ts pares, Esse todo-grupo que nium primeiro momen- to se constituiu em principio de demarcasso comeca assim a se transformar em “obstéculo epistemol6si- ‘co” para pensar o grupal. O grupo ~ que na verdade Seen ee er a eons i 8 adn ee ED paca i pig el Nar Vs ‘acabou sendo um “grande indiotduo" ~ sempre pode ser Visualizado como um organismo viva; analogias ‘como grande organismo, corpo que sente, pensa, se angustia, se defende, transfere,resiste ete. operam na vverdade como corpos nocionals ou representacionais destinados a suprir vazios tedricos que as teorizagbes, ainda apresentavam. O problema é que esses vazios tedricos se mantiveram como “necessaries” na medi dda em que se operou wna passagent co campo psicanalt fico para 0 campo grupal sem reformalar nenhuma drea do primeir, Independentemente das criticas que hoje pode- iam ser feitas a essa forma de trabalho, interessares- saltar— para uma genealogia do grupal ~ que essa cor- rene crow dispositions grapas de iimeroretrit com fs tis, sto 6 institu grapos mura nevo campo de plcape a liicapsenalton Com leves varices, o fundamental da bagagem teenol6gica desse dispositivo fi: set ou oitointegran- se reinem durante uma hora e mea sentam-se em ma circular com 0 anaista; emo néo thes dio um programa para desenwolver nem indieagdes precisa, das as contibuigdes surgem espontaneamente dos pacientes; todas as comunicacbes do grupo si consi- deradas equivalentes as associacbes livres do paciente a situago psicanaltica; 0 coordenador mantémn uma tvidade similar A que o psicanalista assume no trata- ento individual (@ o objeto da transferéncia) e inter ia contetidos, processos, aitudes e relagdes. Todas {comunicagSes So de importincta central para o tra camo got ceeten ee ur pessoa como sendo parte, estando dentro de um gran- {de individuo. Como no levar em conta a produtividade dessa intervengio provocando imagens, violentando sentidos ete? [Neste trabalho, no consideramos algumas ques: tes muito polémicas que essa orientacio despertou dentro da comunidade psicanalitica, tis como 0 grau de eficcia da psicanise do grupo em comparagio com apsicandlise “individual”, ou as crticas ao "kleinismo" e sua forma de trabalhar; ndo se deve esquecer que essa era a psicanise dos anos 50-60 na Argentina. Pa igaram sem diva o preco dos pioneitos. Assim, quan: {do anos depois suas produces slo analisadas, geram ya sensacdo ambivalente, mescla de admiragio por a iniciativa de abrir caminhos novos e 20 mesmo po uma espécie de ineSmodo ante a precariedade tvel de suas tecnologias. 1Na tentativa de reconstrucdo genealogica € conve jentedeter-se em um ponto signficativo por que tro pun “grande indioidua?, por que teréo pensado & cia de uma fantasia inconsciente grupal? Pensar grupos como grandes individuostransforma-se sem vida num abstéculo epistemoldgico para pensé-los seus prpios sistemas de legalidades; no entanto, frovivel que ante essa pergunta nfo se possa formu Juma tnica resposta. Diferentes questées problem: ferio de entrar em jogo. Esa foi sem chivida a forma de pr em enunciado |certaconstatagio que todo coordenador de grupes om respeito 20 a mais grupa. Esse algo a mais que tamento ¢ para aatividale eapéutica do analista S30 onsieradas partes de um campo de interags (@ 2 ths do grupo). Tedos os membros devem tomar pate ativa no processo terapéutico total Todos os itegran tes inclusive oeoordenador,sentam-se em cru or {gue “iso envolve inconscientemente a possibiidade de etarem todos num mesmo nivel”. sna corente, 20 corporat ao novo dispositive as aquestbesbisieas da tena psicanalica lisa, inau- from virtulidades que pesmitirm descentalizar ‘Cordenagio com respeito as liderancas e rio as con- Cligdes par aletura dos peocessosinconscientes icu- antes nos grupos. Eno, insBtulam-se grupos: pois them, setomando a perpunta de Fontalis que fezem tpuano ios grupos? Anais wa grande unide- A indivsa, A qual drgem intrprtasbes similares & qe irgem as pessoas que optam por uma psicandise de contato dual int afrmou que quando as pessoas entath em cstado ress fantasiam o grupo como uma tota- dae ameacadora des integridade individual na ver lade, no ¢ preciso entrar em estado muito regress- sos para experimentar um forte sentimento de ameacs es intervengi interpretante poscionar determinada iad es a ts set aaa cre ec Seer rena aieaiean rece manne as Roo vt evens en um re ali se constata mas que € difell de pér em palavras, de Ihe atribuir causas, estabelocer leis. Ao produzir seus sliscursos sobre agrupalidade, essa corrente ficou limita- ‘da por certa tendéneia da. psicandlise ~ em qualquer tuma de suas escolas~ 3 exrateritoralidade, isto & a consideraro sistema de legalidade préprio do campo psicanalitico como absolutamente vslido para interpre tar regies de outras teritorialidades discipinares; iso {implica nfo considerar outros campos dscipinares co- ‘mo tas, esi como meros espagos de plicago da psi ‘candlis, Esse tipo de extapolagio que costuma consti- thir - ainda hoje ~ fortes impenssveis da psicanlise, possibilton que aqueles primeiros psicanalistas de ‘grupo considerassem que 0 que haviaa fazer eta apenas fransladar a bagagem teenogica e suas formas de con ttato dual para o coletivo, sem necessidade de grandes ‘modifieagdes. Essa foi uma das maneiras mediante @ {qual oaprion “individualsta” cru condigies para pen sar os grupos com um sistema de legalades igual ao do inconsciepte, Esse a priori opera aqui dois movimentos de reeugao; un, mediante o qual, como se assinalow emt ‘paginas anteriores, o grupo é pensado como um grande indivduo; outro, mediante o qual seconfunde o“sujeito do inconsciente” com o “mol”® e também com 0 “ind vido, recugioexiticada enfaticamente por Lacan. ‘Coe pam a pia eed Sp XM ‘8 fines Dpt as pe GaP Wesel ny otc pune Pan Sona TED ta: Osea ine? arr ea ea “Sefer zaer Por outro lado, nfo se pode deixar de mencionar si tages internas a instituigio psicanalitica, uma vez que, como quem montava dispositivos grupaiscnicos fram psicanalistas, 0 fato de sé-loimpunha-lhes a ur igéncia de legitimar suas prticas perante seus pares. [esse sentido, o caminho escolhido para fazé-lo foi mostrar que aquilo que faziam em seus grupos era psi- [eandlise e portanto devia apresentar as menoces varia Ges possives com relago& forma institulda de contra fo dual. Isso constituiu um forte obstécuo para pensar qualquer especificidade ou diferenga, tant teérica como ca, nos grupos; esse peso da instituigdo psicanali- 2, em sua forma corporativa, costuma ser encontrado Wo s6 nas primeirastentativas de articulaglo da psica se com o campo grupal, mas percorreu a propria, tia da institucionalizagao da psicandise Em fungio do anteriormente dito, dagui por diante x4 necessrio dstinguir as importantes contribuigBes psicandlise — em suas dstintas correntes ~ para o ipo grupal, de um psicanlismo nes grupos. Além dessa forma que o psicanalismo adota no po grupal: omar 0 grupo como unt grandee, € a conseqigncia tebrico-técnica: a fantasia inconsciente 7, pode-se mencionar outa forma de sua extater- ialidade que costuma acompanhar a primeira: 0 o- ce picanaltco dos grpos. O conterido de sua narra- varia conforme a corrente de psicandlise em que se 2p Rtn pn ge pi ea prodiza; assim, 0 grupo poderd ser pensado como uma bboea, come corpo da mle acai, como um espago edi pico, em estados ansiosos, melancélicos, em trnsterén: cia ete, quando na verdade os grupes, assim como as ‘massase as institigbes, no sfo mie nem pai, nem tém plates, desejos nem estados psicopatol6gicos. Por con: seguinte, fire imprescindivel diferencia aescutaanaltcn ‘como instrument imprescindicel no trabalho com gripes — resto fora daclinia~dacompreensf" os acotecmen tas grapais desde alguna narration psicanaitin dels ‘A pattirdaf eretomando colocagdes de paginas an terlores, pode-seafirmar que pensar @fotalidade nto ga Inte wabsolta demareagao do campo discplinar,& prec so pensar as relagdes das partes entre si com o todo. ‘Uma ves armada essa articulagio,o todo no tem por que contradizer com momentos particularizados das partes; além disso, dentro desse conjunto, ser preciso ‘pensar quals si0 os organizadores que relacionam 0 todo coms partes, as partes entre s. “Talvez 0 que mais interesse sublinhar sea a incl cléncia que esta forma de pensar a relagio todo-partes tem de maneira dreta nas modalidades téenicas em: ‘grupo; assim, por exemplo, a ng de um todo fundarile do qual derioan: ou emergem partes costuma orientar it tervengies globalizantes da coordenacao, enunciaday geralmente de forma impessoal, que subordinam ov sh lenciam as particularidades, diferengas,singularidadel ‘uma totalidade homogénea ede fato massiicadon [Nesse sentido, ao considerar 0 grupo como ut (i do, ser preciso trabalhar uma nogio de fotaidade ‘ito homogeneize parts, em que as singularidades pos- sam ser significadas em todos os seus movimentos de dliferengas e identidades, Em que as singularidades no ‘jum sindnimo ds pessoas qu compe oe, fo dispositivo que a psicandlise de grupos monta, ppode-se observar que, embora sustente a intuigdo fun dante de um a mais grupaliredutive, por ndo poder sustentar a tenséo todo- partes subsumit estas iltimas no primero. Isso teve conseqiiéncias técnicas presen- fes ainda hoje, e que deram lugar a muitas eiticas ba eacas no efeto-massa que os grupos produzem*, Res urge agora no campo psicanaltico ma polémica que ddesencadeara na psicologia académica entre totalis- ¢ elementarisas, ou, como os denomina Asch", en- individualistas e mentalistas. Para os primeiros, 0 pO era uma combinaco constraida a partic de ele tos individuais, ao passo que os segundos conver- go grupo em um grande individao, da mesma classe 08s indivduos humanos e com os mesmas meca- 10s de funcionamento interno, Sua tese de uma alidade de grupo foi uma resposta reativa ante 0s idualstas que ostentavam o indivduo como prova meg gre corprea de sus angumentagey ua mente de sro tntiopomocicamente pena deveria ser & prove mals conturdente em époeas em que o Homem se consi em novo mands ca modeiads ‘A pans do grupo qo, uno com a conep- fo opratv ce Meo Rete vo Pico Pie Tale, formosa matora ds coorenadores de gro dow anos €De 70 na Agena ~ pero persistent Imente com o reduc asinlad; rene seo, consti um fel expoente da mentalidade de grupo Sho vasa fg dese educonnmo™ Ua eas atendénca a ular um gio cone wn peso da cpl cada ntegante epesta ua fngo ou ete Tn espeilaay iso permite ao coodcrador“enten- der qu aontce atv de una mage integra, Uifeadora,Oura igura € arg de ie [pipo corto biolgco de sua personas, por Tele da qual ee € capaz de vivncaremoyies 0 cont para um esto tcc bastante reqaent ga parte dy supoigio de que, se “ama pte do grupo" fagun etre ou meno) expessa im sentimens tores que no ornanifestram dever erode ag ma manera Conseqientement, interpreter far teen a ese setiento do grupo. Agem ad repetition oe epson ous Co grpe dead de nica, Ena Nog> ao posses intervensoesinerpretatves gue Po areca ate neh eae ‘Sim comets gu ome es ch em enunciado afirmagdestais coma que o grupo trans- fere, esste as interpretagées, se angustia, se deprime 0 esté maniaco, Outra conseqiiéncia tipica da personiticagio & fo ‘mar a parte pelo todo; nesses casos, supBe-se que ‘0 ‘emergente” mantém com o grupo a mesma relagdo de TepresentacSo que a sustentada por um segmenio de conduta com relagio & pessoa total. A légica interna dlesse pressuposto é a seguinte:a pati da premissa “a tonduta de um elemento & fungi do todo’, conclui-se japidamente que a conduta do individuo & a condita grupo. O que o sustenta é a conviosio de que qual- yer conduta de um membro representa ou expressa a lual do “problema” grupal E certo que uma produgio discursiva gest, cor- fal ete. de algum integrante de um grupo pode tualmente se configurar como indicador de uma 1980 grupal, mas na condlicio de que adquira tal ificacdo numa rede de enlaces discursivos, ges- lec ou seja,&s vezes eno sempre. Conseqiien- ante, queremos alertar para o vicio de certo redu- mo mediante o qual o coordenadorestédisposto 2 registrar todo movimento de algum integran- igrupo como indicador veraze certo de um movi- anélogo no coletivo em questio; desse modo, grantes, em suas intervengbes, sio contribuin- mos de uma “conduta” ou “fantasia grupal” iiada que se expressa através deles, D.Do itera ondeuto A incorporagao do “setting” psicanalitico ao traba- ho com grupos criou as condigées para descentraizar © lugar da coordenagao das liderangas; isto & absiu a possibilidade de que suas produgées se assentassem ‘em mecanismos diferentes da sugestio. Nao menos importante é a via que desse modo foi se abrindo para fasta os grupos do fantasma da manipulagio, NNote-se que dissemos abrir a possiblidade e no ssuptimir a sugestéo e a manipulagio na medida em que ambas, assim como a neutraldade analitca, sem ‘re caminham pela dif triha da vacilagio® De taco modo, as condiges de neutraidade que a transferéncia do “setting” analitica pata © campo gr pal produziram foram uma etapa sigifiativa que me- rece ser sublinhada; a introdugéo da escuta analtica, com suas condigées de neutralidade e abstinéncia, a0 separar a coordenagio das liderangas, deixou a prime’ raem melhores condigdes para elucdagdo do aconte- cer grupal: no entanto, os psicanalistas do grupo que tomaram possivel essa signiiativa contibuigSo, atta vessados no ato de letura pelo estilo Keiniano proprio esse momento institucional da psicandise,fizeram ressurgir outra forma de poder da coordenagio, Na ‘medida em que 0 coordenador, no ato interpretante, desvelava 9 cculto do grupo, insituia-se em um novo lugar de saber-poser; le era quem sabia 0 que aconte- ia com 0 grupo. Aproximava-se assim da constitigfo de outra forma de lderanga; emborajé no liderase as. dliscussées ou diflogos que se davam no grupo, era ele ‘quem detinha um suposto saber do grupo organizanda lum lugar de cvondenacio-ordeulo. Deve-se actescentar que 0 estilo de interpretagies transferencials prOprias, dessa escola sobreinveste 0 coordenador ¢ instaurare- correntes apropriagGes de sentido. Ambos os fatores reforgam as formas de poder desse modo de se posi- clonat da coordenacéo. Em suma, a unificagdo de lideranga coordenacio ‘propria da microssociologia é superada pela psicandli- 'se do grupo; essa contribuigio psicanalitica, pela ne- cessidade de recriar as condigBes téenicas da escuta psicanalitca, incorpora ao seu trabalho com grupos condigies de possibilidade, ou seja, neutralidade e bstinéncia. Marco impoztantssima para utna genea: logia do grupal; no entanto, na medida em que suas Heituras do grupalinseriam-se numa tevria da represen lagio-espressdo ¢ sustentavam uma nogdo de todo no 31 substumem-se partes, organizaram-se as condi- para reinvestr a coordenaco em outro lugar de sistematicamente as liderangas 20 grupo, somente ele sabe-compreende nas manitesta- es visiveiso sentido ocuto do acontecer grupal, Quet Jizer que, embora devolva as liderangas de opinio fou de aco, insttu-se em outra forma de lideranga: sabe o que tm grupo diz quando seus integrates falar. Capitulo V O segundo momento epistémico A. Certaespecifcidad grapal (A nog de pressupostosbasicos) ‘Bion reaizou uma primeira experiéncia com grupos {mo psiquiata miltaringlés durante a Segunda Guer- a Mundial. Estava encarregado de um hospital de ‘proximadamente 400 homens onde era impossivel realizar abordagens psicoterapéuticas individuals e no qual einava a indisciplina ea anarquia. Ocorreu-Ihe ver isso uma situagdo psicanaltica em que 0 “paciente” uma comunidade, considerar a atitide dos soldados como uma resisténciacoletiva, adotar a attude de nao rervencio do analsta ante essa realidade e limitar-se clusivamente as relagdes verbais. Seu objetivo era gar essa coletividade a tomar consciéncia de suas ficuldades, a consttuir um grupo propriamente dito e ar-se capaz de otganizar a si mesma, Promulga um gulamento: os homens se reunirio em grupos que im por objetivo atividades diversas; cada grupo € livre, teriados pelo iracional de seu conto, tém wma forge uma “realidade” que se manifesta na condita do grupo io inconscentese muits vezes opoats 3s opinides conscentes © racionais dos membros que compSem 0 grupo. Tos eles so produSes prupals aque tendem & evita as frustagbesinerentes 8 aprend- zagem por experfneia, a meida erm que isto implica «forgo, dor e contato com arealidade, Denominoi-os pressupasto bisico de dpendéncia,pressuposte bisio de tag fg pressupst basco de acsalanerto, ‘A rarrativa de um grupo sob o pressuposto bso de dependénca sustenta 0 argumento de que 0 grupo est reunido ara que alguém, de quem este depended forma absolut, providence satitaio de todas a sas necesidades edesejs; implica a crenga coletva de que esse alguém teté por fungio proporcionar seguranga pata o grupo; 6 a cenga numa divindade prottora cua ‘bondade,potincae sabedoia so inquestiondveis © pressuposto bisico de ataquee fuga consiste na

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