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Anténio Augusto Cunha VENTOSATERAPIA PROLOGO O uso da ventosaterapia e do sangramento se perde na histéria, mas é interessante conhecer a situagao social desta época muito particular da hist6- ria da medicina. - A sua reaparicao atual coincide com os grandes movimentos de res- tauragao da antiga medicina oriental. Apesar das muitas vantagens da medicina moderna, claramente com- provadas pela ciéncia, por que existe um movimento de restauragao da tradi- cional medicina folclérica? Entre varias terapéuticas antigas, estava o método da ventosaterapia e sangramento. Nao sabemos quem as criou, mas em minha opiniao é 0 fruto de uma época de descobertas ¢ de trocas de cultura entre os povos. Desta maneira, creio, que a ventosaterapia € 0 sangramento, ainda que baseados em princfpios da antiga medicina, firmaram a sua boa reputagao em um mundo moderno, coexistindo com a medicina convencional e obtendo resultados efetivos. A ventosaterapia nio é um remédio ¢ sim um método terapéutico essencialmente preventivo assim como a acupuntura convencional. Deve ser usada como um suplemento, apds determinada a natureza do problema. O conhecimento basico da atuagao da ventosaterapia deve ser consi- derado como um elemento que emprega apenas uma técnica particular como terapia, o uso de pressio negativa. A divulgagio desta antiga arte tem a sua devida importancia entre as diversas terapias difundidas. Guardando 0 seu uso caseiro no caso de aplicagdes de ventosas sem o uso de sangria que podem ser prejudiciais quando aplicadas sem conheci- mento ou treinamento. Quem na sua familia nao ouviu “casos” de tratamento com ventosas de nossos avés ou bisavés em alguma antiga casa de satide da época? Desejo que este livro possa divulgar os fundamentos basicos para os que tém curiosidade sobre este assunto, e que permita esclarecer este antigo método na esperanga de futuros trabalhos sobre o assunto. O Autor Observacao: A ventosaterapia nao se destina a prover um substituto para a acupuntura ou para a terapia convencional. A ventosaterapia s6 deve ser usada como unmsuplemento. Para quaisquer condigées que exijam um tratamento médi- co, procure 0 seu médico de confianga. O autor nao se responsabiliza pelo mau uso dos ensinamen- tos aqui divulgados. Guardando 0 uso de ventosas com sangria apenas para pes- soal especializado, por medida de seguranga ¢ esterilizagao neces- sdrias segundo as normas da Secretaria de Satide local. INDICE . A antiga arte da Vent0sa....sssecssessssscneeeeeneestesseesseesneeers 11 2. 3. 1.4. oS, 1.6. 7. 1.8. 19. 1.10. Histérico do uso de ventosas Hipécrates e a ventosaterapia O uso dos principios astrolégicos . As receitas de Avicena. O uso das ventosas por antigos Cirurgides .........eee 17 A €poca dos escarificadores MECANICOS .......+es-seeeseeeees 19 O Baunscheiditism0 .........c.ccccecesseseeseeereeeeteteseseseenenencens O uso das sanguessugas O uso da sangria de capilares .. . Compreendendo as bases fisiolOgicas ........seeseeeeeeeeee 27 . A importancia do sistema Circulat6rio ...........seeseeseeees 31 . A teoria do dr. Petragmani .......ecsecceesteserreerestesesseeees 35 . O principio da desintoxicagao do sangue pela ventosa.. 37 . TLOCAS ZASOSAS COM VENLOSAS.....--sssersesseeessseessseeenenenees 41 . A reagao terapéutica provocada pela ventosa ........6 45 . O reflexo terapéutico provocado pela pressio negativa. 47 9 10 10. 11. 12: 13. 14, 15. 16. 17. 18. 195 20. 21. . Regulagem do sistema nervoso aut6nomo....... Relaxamento eficaz para 0 €St@SS@........scsseseseseeeseeseeee aS O fortalecimento da resisténcia orgdnica As doengas..... 55 Onde aplicar as Ventosas? .........ssesecsssstsesseestesseeeseesseeee 57 A prevengio da hipertensio Massagem Com VemtOSas.......ssessseseseeseeseesesseesseeseeeee 63 Os potites de acupuntura € aS VENtOSAS «essences 65 Os 12 meridianos Os tipos de ventosas Como aplicar ventosa de fOQ0 ...eessecceecsseecsseecssessseeess 81 Como aplicar sangria ........ssesscescsssesssesseesecseesseessessseeneess 83 Os pontos mais comuns para aplicagao de ventosas...... 85 Tratamento de 32 doengas comuns com ventosas .. 1. A ANTIGA ARTE DA NENTOSA 1.2. Histérico do uso de ventosas No século passado, a operagio terapéutica de inspirar copos de yentosas no corpo consistia em colocar sobre a pele uma campanula de vidro ou outras formas de inspiradores semelhantes aos copos de ven- tosas, apés fabricar vacuo pela queima do ar no seu interior. Devendo aplicd-las de pronto sobre a pele para gerar sucgio no local. Este método chamado de “ventosa seca” era aplicado na pele nua, causando trauma subcutaneo e _ agindo como contra-irritante. Outro método também comu- * mente aplicado era chamado de “ven- tada por meio de um instrumento co tante, provocando uma leve sangria chamada de “escarificacéo”, imedia- tamente antes da ventosa ser aplica- da. sendo também reconhecido pelos antigos médicos como uma medida contra-irritante. As medidas contra-irritantes provocam o deslocamento da dor e o efeito conhecido na medicina oriental como “alivio da superficie do corpo”, muito titil no combate das dores por espasmo muscular e enri- jecimentos musculares, reflexos causadores de falsas dores nos tins e pulmoes. WW Nao temos idéia de quem fez uso da ventosa primeiro.Tem-se informacées de seu uso desde o antigo Egito. Ela também é mencionada nos escritos de Hipécrates, e pratica- da pelo povo Grego no século IV _a.C. Foi provavelmente conhecida e utilizada também por outras antigas nag6es. O antigo instrumento utilizado para fazer ventosa era a cabaca, conhecida naquela época como “Curcubitula”, que em latim significa ventosa. Sal Nas regides primiti- + vas do mundo a ventosa tem registros hist6ricos que da- tam de centenas a milhares de anos. Nas suas formas mais primitivas, era utiliza- da pelos indios americanos que cortavam a parte supe- rior do chifre dos biifalos Acerca de duas e meia polega- dl das de comprimento, provo- cando 0 vacuo por succao oral na ponta do chifre, sendo em seguida tamponado. Os antigos curandeciros Medicine men, com poderosos miiscu- los faciais e agilidade, conseguiam extrair com a boca, por sucgio € logo cuspindo, 0 veneno injetado na circulagio sangiiinea por picada de cobra, aliviando a dor ¢ as céimbras no abdémen. 1.3. Hipécrates e a ventosaterapia ‘THipécrates}também usava am- bos os métodos de ventosa “seca” € molhada” como principal tratamento snas desordens menstruais. — Ele prescrevia grandes ventosas ~_. de vidro a serem aplicadas nos seios de =, mulheres que sofriam de menorragia. Assim como nas “descargas amarela- das vaginais”, pelo uso de ventosas durante um longo periodo de tempo em diferentes partes das coxas, na virilha e abaixo dos seios. Hipécrates era cuidadoso na prevengao da sepsia apés a vento- sa, e advertia com o seguinte conselho: “Quando em aplicagao de ventosa molhada, se 0 sangue conti- nuar a fluir apds o instrumento inspirador ter sido removido, se o fluxo do sangue ou soro for copioso, os copos de ventosa precisam ser apli- cados novamente até que da area tratada tenha se retirado o abstrato. De outra forma, o sangue vai coagular, retendo-se nas inci- s6es, e tilceras inflamatérias podem se formar. Aconselha-se banhar estas partes em vinagre. O local nao pode ficar umedecido. Nunca permitir que o paciente se deite sobre as esca- rificagdes, e estas devem ser tratadas com medicamentos para feridas inflamadas””. O uso de ventosas no Ocidente antigo era um elemento tera- péutico corriqueiro e de grande valor panacéico. Pois na falta di r elementos da ciéncia, a ventosate- rapia era utilizada_praticamente na \ cura_de todas as doengas. Como um instrumento curativo magico em sua esséncia, pelo contato intimo com 0 interior do corpo através do sangue. Ela era respeitada também pela sua atuagao no elemento ener- gético gerado pela respiragao. Teo- ria que se assemelhava aos concei- = tos da medicina Oriental. [Ceisusltambém descreve aplicagdes de ventosas no primeiro sé- culo d.C., citando que o edema subcutaneo produzido pela ventosa seca consiste parcialmente de “flatus” (gases) derivado da respiragao. x Celsus adverte que a aplicacao de ventosas é benéfica tanto para doengas crénicas como para _agudas, incluindo ataques de febre, e par- ticularmente nos estressados. Quando ha perigo de fazer sangria, 0 re- curso mais seguro é aplicar nesses pacientes ventosas secas. Ele adverte sobre a ocorréncia de edema nas ventosas, sejam secas ou molhadas. Descreve ventosas secas em varios lugares para tra- tar paralisia, ventosas nas témporas e na regido occipital em caso de dores de cabega prolongadas. Ventosa molhada para dores no pescogo, ventosas secas aplica- das no queixo para angina facial, ventosas no peito para tosse, ventosas secas para dores no peito se o paciente nao for bastante forte para o uso da sangria. Estes exemplos de aplicagdo de ventosas servem para ilustrar 0 —> (Pensamento médico antigo, guiado pela observagao, e em alguns as- pectos misticos da época, atrelado ao raciocinio do desvio intencional da circulagéo sangiiinea, que era tido como um causador de doengas quando ocorria o depésito de sangue escurecido estagnado em algumas areas do corpo.) No uso de ventosas secas para tratar flatuléncia, os copos de ventosas sao aplicados no abdémen em dois ou trés lugares para tratar a indigestio e dor abdominal. Pois acreditavam estar influenciando na circulagao do ar viciado dentro da area abdominal retirando o “flatus”. O actimulo de gases no aparelho digestivo era considerado per- nicioso para 0 trabalho digestivo e excretor, considerado como a “raiz” do corpo. Ventosas eram usadas com escarificagdo na virilha e até mesmo nos seios em caso de excessi-_ - va menstruag: Celsus prescreve ventosas locais em caso de abscessos para retirada de material téxico no local, e indica como extrair 0 ve- neno por mordida de ani- mais raivosos, macacos, caes, animais selvagens ou serpentes. No mesmo sen- tido de retirar o veneno de- positado no local. 14 Outros terapeutas acreditavam que a forga de empuxo provoca- do pelas ventosas exercia no interior do corpo o mesmo efeito que apa- rentava na parte superficial. Ou seja, o vacuo na superficie da pele acon- tecia também no interior do cor Como exemplo disso, rr teus|no segundo século usava vento- sas secas e molhadas, mas de forma preferencial. Ele usava ventosa seca extensivamente na coluna para tratar prolapso de titero. Arateus entendia que a absoreao provocada pelas ventosas no local, tinha a fungao de atrair o titero, fazendo com que subisse. Para facilitar 0 seu retorno ao local correto, e para este propd- sito ele aplicava ventosas na area lombar, regiao isquial, virilha, coluna e até entre a escapula. Para tratar o cdlera ele colocava ventosa nas costas e no corpo mudando-as de lugar rapidamente (como que massageando), para que as defesas orgdnicas fossem ativadas, pela dinamizagao das energias provocadas por esse estimulo. Isto é doloroso, quando o copo de ventosa é remanejado de um lugar para outro sem o uso de um meio lubrificante (vaselina ou éleo); podem ocorrer bolhas pelo atrito da ventosa na pele. Arateus aplicava ven- tosas para ileo, epilepsia, e aci- ma dos rins, nas costas, em ca- sos de calculo renal. Ele usava ventosa mo- Ihada livremente para varios tratamentos, seguido do uso de cataplasmas a base de mostar- | da para esquentar 0 local do- ente, e algumas vezes espalha- va sal nas escarificagdes (uma pratica pungente e dolorosa). (ealenthers grande ad- mirador deste método. Ele prescreve ventosas de vidro, chifre e lat&o, sendo a ultima a mais comumente empregada, embora recomendasse ventosas de vidro para que médicos sem pratica pudes- sem ver a quantidade de sangue retirado. A sangria na area abdominal era considerada muito importante para que o paciente pudesse ter seus intestinos livres de depdsitos de toxinas nas algas do intestino. Na pletora era contra-indicada. Ele usava ventosas para extrair 0 que ele chamava de “matéria”. “No_alivio da dor, diminuir inflamagées, dispersar inchagos, induzir ao apetite, restabelecer as energias em caso de fraqueza do est6mago, delirio apés pequenos cortes, deter a hemorragia e benefi- ciar a menstruacdo”. As aplicagdes nao eram feitas sempre sobre a area afetada. “Para promover o enjéo no peito e na barriga a aplicagao é feita nas maos e nas partes baixas para forcar o vémito”. Ele prescrevia indicag6es de aplicagao de ventosas na letargia, frenesi e doengas oculares. Por tiltimo, ele recomendava aplicar ventosas nas costas e no pescogo apés a escarificagéo, e a observar se foi removida uma boa quantidade de sangue para que possa ser alcangada a melhora. (Acts) no_século VI desaprovava 0 uso de ventosas nos seios, pois nao seriam faceis de se desprenderem do local, sendo necessario algumas vezes fazer orificios nas ventosas para que pudessem ser reti- radas. no século X, aplicava ventosas em criangas expostas a variola se estas tivessem menos de quatorze anos, mas nao naquelas com menos de seis meses de idade. Sobre este mesmo periodo Serapiio descreve: “Se a satide do paciente em questao esté muito abalada como no caso de variola, a sangria poderé causar desmaio. Mas em caso contrario, é permitido usar ventosas”. 1.4. O uso dos principios astrolégicos (Avicena)preferia ventosas molhadas, reservando 0 uso de ven- tosas secas para inchagos frios, e nunca colocava ventosas se estas nao pudessem ser movidas para varios lugares. Avicena se recusava a usar ventosas durante o primeiro ano de vida. Ele preferia nao aplica-las em criangas enquanto nao alcangas- sem trés anos de idade. 16 Ventosas eram contra-indicadas apés dezesseis anos de idade. Teriam melhores resultados se aplicadas no meio do més, quando os humores vitais estariam em estado de agitagao, e durante este tempo, quando a lua estivesse crescente, os humores vitais também estariam em crescimento. Accrenga magica alquimica e astrolégica ditava importantes fa- tores nos tratamentos daquela época. 1.5. As receitas de Avicena Avicena prescrevia ventosas seguidas na nuca ¢ pescogo no caso de cabega pesada causada por cansaco de leitura, mau halito, tremor da cabega e lesdes dos dentes, olhos, nariz, garganta e face... — Embaixo do queixo para dor de dente, garganta inchada, per- da de coordenagio da mandibula... — Entre as omoplatas para dores nos bragos e garganta e tam- bém para relaxar o orificio cardia do est6mago... — Sobre as lombares para escaras, piistulas, gota, hemorréidas, bexiga, rins e lesdes urindrias por massas inflamatérias na parte supe- rior da coxa... — Na parte frontal da coxa para orquite, hérnias e tilceras da perna —No espago popliteo para abscessos ou tlcera séptica da perna e pés... — Sobre o maléolo para menstruagao retida, cidtica e gota. — Sobre os gliiteos perto do anus para dirigir os humores vin- dos do corpo e da cabega, em beneficio dos intestinos, na decomposi- cao das regras e no alivio do corpo. 1.6. O uso das ventosas por antigos cirurgides Maitre Henri de Mondeville, cirurgiao geral do rei Phillipe de Franga, escreveu um livro de cirurgia entre 1306 e 1320, incluindo uma longa e importante segio sobre ventosas, detalhando os pontos que nés temos mencionado anteriormente, e acrescentando algumas interessan- 17 tes observagdes: ‘Nunca) aplicar ventosas no. nevoeiro ou quando os ventos do sul soprarem ary ‘Os humores sao abundantes na_lua cheia, portanto podemos apli- car ventosas. Nao aplicar ventosas apds 0 paciente tomar banho. A pes- soa que recebeu ventosa s6 podera comer uma hora depois. Nunca usar ventosas com escarificagado sem ter aplicado ventosa seca antes para puxar 0 sangue estagnado para a superficie da pele. Entre as indicagoes, ele lista o uso de ventosas com escarificagao nos seguintes casos: “Perto do umbigo para prolapso de titero. Sobre o umbigo reduz a hérnia ou faz parar a menstruagdo ex- cessiva em meninas Sobre o figado em caso de sangramento na narina direita; so- bre o bago no caso de sangramento da narina esquerda; em ambos, figado e bago, se ambas as narinas sangram. No caminho de uma pedra nos rins, aplicar ventosas na area lombar faz a pedra descer até a bexiga”. A pele deve estar sempre preparada com aquecimento produzi- do por massagem com aplicagio de meio lubrificante. Rapidamente re- boque e deslize a ventosa. No momento da queima, 0 copo deve ser espalmado na area preparada, deixa-lo até que seja a hora de retira-lo, ou seja, até que o local esteja vermelho. Gravuras de ventosas foram en- contradas em ma- nuscritos do sécu- lo IV, no Museu Britanico. Os dese- nhos demonstram ventosas secas apli- cadas na regiao gli- tea de um antigo cavalheiro por uma mulher de aspecto sinistro. Outra gravura aparece em um calendario germanico publica- do em 1438; uma copia pode ser vista na Biblioteca Wellcome, em Londres. O paciente aparece rece- bendo ventosas no banho, o aten- dente aparece utilizando uma lamparina de leo que esta na sua mao esquerda. Os anos foram se passan- do e as ventosas secas e molha- das foram sendo usadas livre- mente. TPargcompilou muitos ca- sos aqui mencionados e mostra- dos com uma variedade de co- pos e dois tipos de escarifi- cadores. 1.7. A époea dos escarificadores mecanicos trouxe sua maior contribuigao com a introducao do escarificador mecanico. Ele afir- mava que nao servia apenas para ventosas mas também no tratamento da gangrena. O instrumento de Paré consistia em uma caixa contendo um mecanismo possuidor de das em laminas, com um manete fixa- da no lado da caixa, 0 que fazia mover o instru- mento fa ao mesmo tempo e em igual profundidade. rodas zendo-o produzir muitas escarificagdes Scultetus desenhou esta maquina em um desenho similar. Heister provavelmente foi o primeiro a usar o escarificador mecanico em ventosa molhada. Sua maquina con- sistia de dezesseis peque- nas laminas fixadas em uma caixa cuibica com molas de ago. A base do instrumento era aplicada na pele e as molas faziam. o trabalho, bastava aper- tar um botao. Apés as molas terem parado, existiam dezesseis pontos regula- res feitos pelas dezesseis laminas, e logo apds, 0 copo da ventosa era emborcado. Ele usava esta maquina com beneficio para tratar varias doen- cas. Com uma firme crenga no principio da “revolugao” (efeito reflexo das ventosas a distancia), ele aplicava ventosas a alguma distancia do local doente. Por exemplo: em caso de severa hemorragia vinda do nariz ou dos pulmées, Heister escarificava e emborcava a ventosa nas pernas € pés. Particularmente sobre os tornozelos e joelhos. Mas admitia que médicos e cirurgides julgavam o seu método perigoso. Ventosas de vidro eram muito populares naquela época. Para expelir o ar, pecas de papel aceso eram colocadas dentro dos copos e logo emborcados. Este método tinha a desvantagem de ferir o paciente, assim como 0 copo com material aceso no seu interior até extinguir o ar, poderia queimar a pele. Se 0 aplicador nao possui experiéncia, pode com a introdugao da chama no copo por lamparina, esquentar em demasia 0 vidro e quei- mar a pele do paciente. O terceiro método era o de utilizar uma bomba exaustora com um sistema de valvulas para retirar 0 ar do seu interior. A ventosaterapia foi lar- gamente usada pelos médicos. Boerhaave fazia vento- sa seca para tratar pneumonia. Richard Mead tratava apoplexia aplicando ventosas no pescoco com profunda escarificagao Ele emborcava a ventosa com escarificagaéo profunda na area occipital para tratar doengas dos olhos. “Dirigindo o sangue para as ventosas colocadas sobre os om- bros, que podem ser feitas com seguranga e freqiientemente, da bons resultados em pneumonia e doengas dos seios, assim como da cabega, servindo também para acalmar a asma”. Wiliam Heberden usava ventosas nos ombros em casos de per- sistente dor de cabega, removendo “seis ongas” de sangue! Ele a aplicava também no caso de desordens menstruais. A ventosaterapia persistiu_até o século XIX, mas era apenas delegado apto o seu uso em balnearios terapéuticos com atendentes es- pecialmente treinados. Dr. Marshall Hall, do Hospital St. Thomas, descreveu com refi- namento a ventosa molhada em 1845: £u tenho encontrado utili- dade na minha clinica didria na aplicagdo de instrumentos de ven- tosa, assim como nas incis6es cru- zadas em dngulos retos, aplican- do ventosas de vidro e retirando um pouco de sangue. O objetivo é induzir uma efetiva contra-irritagdo. As inci- s6es cruzadas se tornam inflama- das ou podem vir a ser excitadas a se inflamar por aplicagées apro- priadas. 21 1.8. O Baunscheiditismo A original idéia de Karl Baunscheidt demonstrou a propriedade curativa e vivificante das defesas do organismo pelo estimulo irritativo na pele. Karl Baunscheidt, nobre Alemao nascido em 1809 na cidade de Preufsen, viveu em Dusseldorf e depois em Bonn nos seus uitimos anos. Karl sofiia de reumatismo nas maos. Mas um dia, trabalhava em seu escritério absorto, quando_recebeu varias picadas de mos ito em suas mos. Pouco depois do desconforto produzido pelas picadas, a dor de suas maos devida ao reumatismo foi aliviada— Os insetos acabavam de ensinar um segredo para as suas dores. Entdo Karl projetou um aparelho com muitas agulhas passando_a aplica-lo no local dolorido como se imitasse as picadas dos mosquitos. Ele nomeou o seu sistema de tratamento de Baunscheiditismo. O seu aparelho recebeu 0 nome de “restaurador da vida”, no sendo outra coisa mais que uma reunido de finas agulhas, formando uma escova destinada a produzir picadas na pele. A saliva do mosquito foi reconhecida salutar pelo inventor do Bunscheiditismo, por causar irritagao que contribuiria para expulsar os “humores mérbidos” , (na época costumava-se atribuir aos “humores mérbi- 4 * dos” a causa de varias doengas). 0 Portanto Karl criou o “Oleo Baunscheidt”, um éleo irritante para ser aplicado sobre as picadas feitas pelo aparelho. Apés a aplicagao do éleo, formavam-se na pele erupgdes cutaneas. Segundo ele, esta erup¢aio era importante para efetuar a cura, acreditando que através dela a doenga se projetava para fora do corpo. Esta técnica foi usada na Alemanha, Inglaterra, Franga, Holanda, Russia, América do Norte e até na Africa. o re 1.9. O uso das sanguessugas Na Europa assim como na Asia existiam varios métodos modi- ficados de sangria e escarificagao. Na Europa a “venesecedo” ou sangria das veias era uma pratica popular, enquanto na Asia o sangramento das dilatagSes capilares (telangiectasias) na periferia da pele junto com ventosas era 0 método mais utilizado. Entretanto, a escarificagdo e o sangramento por meio de “san- _guessugas” ou através de_emplastros feitos de pastas abrasivas com batata, gengibre etc. eram usados no Oriente. Oemprego das sanguessu- gas teve a sua origem na Grécia_ —_ antiga. _A sanguessuga (Hirudus medicinalis) é um verme aquati- co que foi usado durante séculos na medicina, A idéia corrente era que este verme extraia 0 sangue com “humores mérbidos” e, con- seqiientemente, levava o paciente a cura. O nome deste verme. é Hirudo (em latim) e ha varias es- pécies na zoologia. Os “humores mérbidos” seriam as toxinas e ou elementos dete- riorados que se acumulam nos vasos sangiiineos e nos musculos enrijecidos, causando doengas. O uso das sanguessugas como terapéutica foi comum na idade média no ocidente. Em Portugal na antigtiidade, os “barbeiros-sangradores” eram, geralmente, os técnicos encarregados de aplicar sanguessugas, por con- cessio de uma licenga para praticar cedida pelo cirurgiao-mor. Naquela época, em Lisboa, foram publicados varios livros so- bre o assunto, e os salées de barbear eram o local de venda de sangues- sugas. As sanguessugas prdprias para uso terapéutico eram as de 4gua corrente criadas em fazendas especializadas, As sanguessugas de agua parada nao eram usadas por serem consideradas téxicas. Devemos fazer referéncia ao grande e polémico médico francés Francois Boussais, que foi chamado de Paracelso do _século XIX por Senco Foi aluno de Bichat, cirurgiao do exército francés e pro- fessor de Patologia Geral em Paris. Ele tinha uma visao especial do uso das sanguessugas que cura- vam quase todos os doentes. Este médico tem atualmente seu nome na Enciclopédia Delta Larousse e um hospital com seu nome na Franga. Ele nao aceitava a idéia dos “humores mérbidos”, e propagava a idéia de que a irritagao seria o principal fator da manutengao da vida ¢ satide. Ele dizia que 0 organismo, ao reagir contra os agentes irritantes provocados, adiquiria novas forea Os fendmenos vitais dependem de estimulos externos que, quan- do sao moderados, mantém o organismo com satide e quando se tornam. fracos ou fortes, sobrevém a doenga. Portanto, podemos compreender como as sanguessugas ativa- ram 0 sistema homeostatico por um duplo mecanismo: a) Exemplo das ventosas causando sua reagao nociceptiva na pele. b) Pela sangria que desperta o sistema homeostatico. Mas na antigiiidade, poucos conseguiam entender, e por isso 0 seu uso se tornou abusivo{ Em 1833, a Franga, além de consumir a sua propria produgao de sanguessugas, teve que importar 40.000.000 (quarenta milhGes) de sanguessugas do Império Russo, Turquia e Pérsia) O seu uso foi indiscriminado ¢ irresponsavel, ocasionando com- plicagdes graves, até a supressao da classe dos barbeiros-cirurgi6es, e com o desenvolvimento da quimica farmacéutica, teve 0 seu esqueci- mento total. A titulo de explicagao, ha pouco falavamos de venosecgio, que € 0 método de cortar ou puncionar a veia cubital para evacuar de 200 a 300cc de sangue, com o objetivo de reduzir a circulagéo sangiiinea, aliviando portanto a atividade cardiaca e baixando a pr . Isto faz com que haja um estimulo na circulagéo geral do corpo, sendo indicado nos casos de edema pulmonar, ataque cardiaco, hipertensao arterial e intoxicagio por CO (monéxido de carbono). 24 1.10. O uso da sangria de capilares A pungao das dilatagdes capilares se tornou o método essencial na acupuntura asidtica. Consiste no sangramento provocado por pun- gao das finas dilatagdes capilares que se encontram em zonas superfici- ais na pele, provavelmente no sinus venoso. As dilatagdes capilares stio supostamente causadas por estagna- cao da circulagdo sangiiinea. Existem varios tipos de dilatagdes capila- res. Elas podem ser solitarias ou multiplas, reticuladas, radiantes, li- neares ou esporadicas em suas formas. Quanto a coloragdo, podem se apresentar avermelhadas, verme- tho escuro, plirpura ou ciandticas. Apoés pun- cionar as dilata- ¢des capilares e 9 aplicarmos vento- ; sas, podemos es- i perar a melhora imediata da estag- nacao do sangue, assim como 0 es- timulo da circula- eGo geral e o ali- vio da atividade eardiaca. O con- trole da pressio e o desvio proposi- tal da circulagdéo que traz benefi- cios na anormal alta temperatura. Basta para isso retirarmos apenas poucas gotas de sangue em torno de 10 a 20cc no maximo. Podemos fazer uso desta técnica de uma a duas vezes por semana ou mensalmente. 25 Indicagdes do seu uso no tratamento em comum com a Acu- puntura ou nao, nos casos de: 26 a) Pressdo arterial anormal, alta ou baixa. b) Ataque cardiaco. c) Gripes e resfriados, tonsilites. d) Asma, especialmente em criangas. e) No caso de varias queixas ginecolégicas, especialmente no estado do climatério. f) Nevralgias, paresias, dores nos ombros, dor de cabega, lombalgia. g) Disturbios digestivos, hemorrdidas, doengas da pele. h) Intoxicag4o por CO (monoxido de carbono), i) Traumatismos e entorses. Sendo contra-indicado na gravidez, doengas cardiacas e desnu- 2. COMPREENDENDO AS BASES FISIOLOGICAS O corpo humano possui uma eficiéncia incomparavel no de- sempenho do’seu organismo com seus sistemas e fungdes. O_coracao sendo um 6rgiio de proporgées de 10 por 15 cm, bombeia 0 nosso san- eue por uma rede de 90.000 quilémetros de vasos sangilineos durante 24 horas por dia em uma vida média de 80 anos de idade, mantendo o corpo em boas condigées. Portanto, a circulagiio sangiiinea e o sangue desempenham uma importantissima fungao no corpo humano. Se alguma coisa afeta o san- gue ou a sua circulagdo de modo terapéutico ou maléfico, ira conse- giientemente gerar um efeito curativo ou destrutivo na nossa satide. O sangue humano é composto na maior parte de fluido, mais conhecido como plasma, onde glébulos ver- melhos e brancos e plaquetas estaéo em seu meio. O plas- ma sangiiineo é composto de 90% de agua, os outros 10% sao constituidos por gases como oxigénio, gas carbé- nico e nitrogénio; alimentos, proteinas e sais; substancias protetoras como anticorpos; horménios, matérias toxicas como uréia, acido tirico, e outras. Nos humores, ou seja, nos fluidos do corpo, é onde se efetua o metabolismo. O homem quando adulto tem uma quantidade de 4gua no rpo no valor de cerca de 70% do seu peso. Esta gua esta situada entre o interior ¢ o exterior das células, e em ambos os ambientes ela dissolve um grande ntimero de substancias. Ha uma expresso comum no Japio que diz “O_homem saudé- vel parece respingar Agua”. Realmente tanto 0 homem quanto a mulher que possuem a pele bonita, vigosa, tém ambos uma pele hidratada ¢ elastica muito atraente. Mas conforme a idade avanga, as células do organismo vao per- dendo gua ea pele vai se tornando ressecada e rugosa. Se a jovialidade corresponde ao frescor, comparamos velhice ou senilidade a desidra- tag&io do organismo. O organismo de um bebé tem 80% do seu peso constituido de Agua em comparag’io com _o adulto que tem 70% em média, o idoso possui ménos de 50% de agua no seu organismo. Com 0 envelhecimento, gradativamente os 60 trilhdes de célu- las organicas perdem agua. A perda da umidade da pele ¢ a demonstra- cao do envelhecimento. Como as células perdem agua, 0 tecido subcu- t@neo comega a murchar ¢ a pele perde a elasticidade criando rugas. Mas os_vasos sangiiineos também envelhecem, ¢ a prevencio deste envelhecimento consiste em conservar e manter a umidade das células organica A atrofia também ocorre com os vasos sangiiineos. Os vasos dos jovens sao elasticos e possuem um certo calibre, mas na velhice, estes vasos sangilineos se tornam finos e rigidos devido & arteriosclerose. Em conseqiien- cia, 0 sangue nao consegue fluir livremente e pode entupir os va- sos sangilineos com facilidade. t—s Ouso da ventosa promo- ve a vasodilatagéo momentanea ao ser aplicada, e ao ser retirada, o vaso sangiifneo retorna ao seu calibre normal, fazendo uma es- pécie de _gindstica circulatoria. Semelhante vasodilatagao e vasoconstrigao provocadas pelo uso da Sauna Finlandesa. Os acidentes vasculares cerebrais sao classificados: (a) Como hemorragia cerebral quando ocorre 0 rompimento do vaso sangiifneo cerebral. (b) E em caso de infarto cerebral, quando ocorre entupimento dos vasos. Ultimamente no mundo todo, o ntimero de infartos e a sua ocor- réncia em pessoas jovens tem aumentado. Devido ao uso das “junk foods”, como hamburguers, batatas fritas, pizzas, e alimentos a base de carne somado ao estresse. Os jovens de hoje entopem os vasos sangiiineos com maior fa- cilidade do que antigamente, o que é um sinal precoce de envelheci- mento. Precisamos portanto tomar cuidado com a nossa alimentagao, e gumentar o consumo de Agua diario. 29 3. A IMPORTANCIA DO SISTEMA CIRCULATORIO Q sistema circulatério dos homens difere do das mulheres. Tal- vez esta’seja a explicag&o para a maior longevidade das mulheres em comparac4io com os homens. Elas possuem um comprimento menor dos seus vasos sangiiineos, em relacéo aos homens. Em conseqiiéncia, os seus _vasos sangiiineos sao também mais curtos € portanto sobrecar- regam menos 0 coragéio. Mesmo entre os homens, aqueles que vivem mais, geralmente n_menor estat f Para melhor explicar este fato, imaginemos as mangueiras do corpo de bombeiros. Quando ha apenas uma mangueira, a agua flui livremente, mas basta conectarmos 3 ou 5 mangueiras, e percebemos de imediato que o fluxo ou jato de agua perdeu a forga, isto se nao aumentarmos a poténcia da bomba e¢ a pressio da agua. Este fato demonstra 0 que ocorre com 0 coragéo e os vasos sangiiineos. A vida média dos jutadores de Sumé no Ja- pao esta, segundo as esta- tisticas, em torno de 54 a 55 anos. Este fato é atr buido a grande sobrecar- ga do coragiio pelo esfor- co de enviar o sangue para todo o organismo. Nos Estados Uni- dos, a diferenga de vida média entre homens e mu- lheres é de mais de 10 anos, sendo a principal causa atribuida a grande estatura do povo americano e 4 obesidade. A segunda causa da maior longevidade das mulheres ¢ a capaci- dade hematopoiética superior 4 dos homens. Uma vez que perdem sangue com freqiiéncia por causa da mens- truagdo e do parto, elas disp6em da capacidade de repor prontamente essas perdas. Portanto, os_componentes sangiiineos das mulheres sa sempre mais frescos e saudaveis se compararmos com os homens. Segundo os antigos livros de Medicina Oriental, o sangue trans- porta a energia. Eles estavam corretos, estima-se 0 volume sangtiineo total do homem como correspondente a_1/3 do seu peso. Para calcular de modo pratico o O 9, seu volume sangiiineo, faga a seguinte pro- thy por¢4o: 0 sangue corresponde a cerca de Ocal 80 ml por quilo de peso nos homens e cer- ca de 60 ml por quilo na mulher, resta ago- Eee ra multiplicar estes numeros pelo seu peso para obter o valor correto. Este volume de sangue é 0 que cir- cula por todo o seu organismo no tempo de um a dois minutos. Neste tempo, 0 sangue é respon- savel pelo seu papel importante na respi- ragao, ele é que leva o oxigénio para o te- cido dos drgaos, o sangue remove o gas carbénico do sistema e o elimi- na através dos pulmées. Mas precisamos, para manutengdo de nossa vida, de nutrientes vindos de fora. Fisiologicamente, as células necessitam de nutrientes (alimentos energéticos, reguladores e plasticos) para que possa haver equilibrio, restaurador, e 0 sangue leva estes nutrientes para os tecidos dos érgaos, absorvidos pelo intestino delgado. Ele elimina as matérias toxicas através dos érgdos excretores, € regula a atividade dos fluidos naturais das varias partes do corpo, trans- portando os varios hormG6nios que estimulam ou inibem o trabalho dos Orgaos internos. 32 Além disso, o sangue tem uma aco protetora, possuindo subs- tancias chamadas _anticorpos, que tém a capacidade de destruir as toxi- nas ¢€ outros agentes nocivos. Distribui calor para o organismo, manten- do uma temperatura constante, modera os excessos térmicos do ambi- ente externo, ¢ fica armazenado em pequenos depésitos, principalmen- te no baco e figado, além de outros tecidos, no caso de emergéncias. Qual a fungao das ventosas na satide? — O uso fregiiente de ventosas controla a corrente sangiiinea, que @ ja vimos ser de grande importancia para a manutencio da vida e da energia do corpo. == 0 uso das ventosas provoca também fortalecimento dos vasos @® sangilineos, pois os vasos capilares e linfaticos reagem a press’o nega- tiva no corpo. produzida pelas ventosas, expandindo-se e contraindo-se. —® Neste processo os vasos se fortalecem, tornando mais eficiente a corrente sangiiinea, evitando infartos, derrames, etc. No caso dos cortes e ferimentos provocados pela pungio da microssangria e escarificagdo terapéutica, em geral ocorre uma melhor reacio do organismo ja preparado por receber este estimulo, evitando infecgdes e propiciando um rapido restabelecimento, 33 4. A TEORIA DO DR. PETRAGNANI O professor e doutor G. Petragnani, diretor do Instituto de Higi- ene da Universidade da Catania, defendeu em comunicagio 4 Acade- mia Médico-Fisica em 1953, a teoria de que o envelhecimento podia ser retardado e as doengas poderiam ser evitadas se o organismo adulto fosse submetido periodicamente a estimulos como escarificagées e pe- quenos cortes provocadores de sangria, assim como injegao subcuténea de coldides, e estimulos como os da ventosa, e massagem por percussao em todo 0 corpo, além do uso de perfurag6es por agulhas ou pregui- nhos em um aparelho montado para este fim. Esta constatagao se deu pelo fato de os camponeses terem o hgpito de se ferirem para adquirir satide conforme a sua tradigéio. > ( Estas auto-agressGes sao capazes de solicitar uma reacao salutar do organismo trazendo periodicamente as fungdes do corpo ao maximo. de atividade funcional, excitando pelo estado de “alarme” as defesas organicas e fortalecendo a sua reacao aos estim xOgenos € as do- encas. ) 5. O PRINCIPIO DA DESINTOXICAGAO DO SANGUE PELA \IENTOSA o> ( Desde a antigiiidade no Oriente é conhecida a_propriedade da ventosa de limpar o sangue das toxinas acumuladas causadas pela su- jeira da gua ¢ dos alimentos, pois a estagnagao do sangue coagulado, escuro, sujo, nos misculos das costas ou nas articulagdes € considerado pela medicina oriental como um dos elementos causadores de doengas, sendo necessério retir-lo para que 0 paciente possa se restabelecer. ) A aplicagio da ventosa produz uma reag&o no corpo que se manifesta por uma marca na pele. Segundo o estado de satide do paci- ente, pode ser vermelha, roxa, marrom e¢ até preta, Em certos casos po- dem até se formar bolhas de dgua no local onde a ventosa foi aplicada, devendo essa 4gua ser retirada por perfuragao destas bolhas com agulha esterilizada. Esta constatagao —feita pelo povo oriental durante milé- nios — de diferentes cores entre as marcas, elucidou a importan- cia da qualidade do sangue. Quando se aplicavam ventosas no ocal doente, na pele ficavam marcas roxas ¢ até pretas, enquan- to em dreas normais apareciam marcas avermelhadas. Esta base pratica demonstra a importancia da troca gasosa, vi- sando limpar o sangue de impurezas, naturalmente modificando a cor escura para a avermelhada, quando 0 local se recobrou da doenga. A limpeza das toxinas no sangue pela respiragio pulmonar é 0 método mais comum de se manter saudavel, quando o corpo esté em seu estado normal. Porém, quando 0 corpo esta doente, o ritmo da respiracfio se torna diferente, pouco profundo. Conforme a medicina oriental, este é um sinal de que existe doenga no corpo, enfraquecendo as trocas gaso- , _ ,Sas pela respiragao. pm ! -© Para haver satide, é necessario que aalcalinidade do sangue, "com o sey(pH de 7,2 a 7,4, nao seja aumentada ou diminujda em extre- mos, pois pode trazer doengas ¢ até a morte. O sangue bioquimicamente equilibrado torna o pH das células homogeneamente estavel. Este processo de controle é geralmente feito pelos rins e pulmées. ) Falamos ha pouco em sangue sujo, escuro. Este sangue esta vol- tado para a acidez/enquanto o_sangue limpo esta para o pH neutro, ou seja, nem acido nem alcalino. O sangue venoso possui pH 7,2 a 7,3, enquanto o sangue arte- tial tem pH em torno de 7,3 a 7.5. Se ha equilfbrio neste valor de pH a p vida se mantém. y ~———~* _A diferenga do pH de 0,2 a 0,3 é que mantém a satide. Embora o valor seja pouco, basta o seu desequilibrio para cairmos enfermos. Se este mecanismo compensatério nao existisse, 0 corpo nao seria capaz de curar as doengas por si mesmo, até mesmo a cirurgia nao teria efeito. O ato de respirar se realiza instintivamente desde o nascimento. E considerado importante para a manutengao da satide pelos povos ori- entais desde a antigiiidade. Se por algum motivo a respiragio parar, a falta de oxigénio no sangue fard com que o valor do pH arterial caia, causando falecimento. —>: ( Este principio légico fez com que se proliferassem os sistemas de respiragao para satide usados no Oriente, assim como a Yoga, 0 Qi Gong, e o Shin Kokyu hé que, unidos a captagao da energia vital Ki do universo, possibilitam a limpeza do sangue traduzindo-se num excelen- te método de cura espontinea) 38 ¥ oO volumefde ar trocado na respiragao é de 20% de oxigénio na inspiragdo e 16% na expiragao, demonstrando que(4%) do volume de oxigénio respirado é absorvido pelo organismo. "A 4 A quantidade de gas carbénico na inspiragdo é de 0,03% e na expiracao o seu valor sobe para 4967 Demonstra portanto que 0 meca- nismo respiratorio expulsa 0 gas carbénico e distribui através do san- gue o oxigénio no organismo, elevando o pH. Para que essa troca de gases possa ocorrer no mecanismo respi- rat6rio, 0 corpo necessita da diferenga de pressio gasosa nos alvéolos pulmonares. O ar atmosférico, segundo as leis da fisica, possui a caracteristi- ca de se locomover naturalmente quando ha desnivel de pressao no seu ambiente. Ou seja, ele se move do local de pressao mais alta, migrando para onde ha 0 valor de pressao mais baixa. Este mecanismo da natureza € que produz 0 vento. Se esta dife- renga de pressio é baixa, mas seu valor é muito alto 0 vento se transfor- ma em destruidores tuf6es. As trocas gasosas nos alvéolos pulmonares também obedecem a mesma lei. E por diferenga de pressio que o oxigénio passa dos al- véolos para o sangue dos capilares ¢ 0 gas carbénico do sangue venoso para os alvéolos. A aplicagéo de ventosas na pele baseia-se, desde os tempos an- tigos, no mesmo principio: na lei de trocas _gasosas através da pele, eliminando os gases estagnados no corpo e promovendo a limpeza do_ sangue, pelo uso da pressio negativa produzida pelo vacuo. Al / 6. AS TROCAS GASOSAS COM NENTOSAS | A pele antigamente era considerada apenas como uma simples cobertura do organismo destinada a protegé-lo contra agentes agressores do meio ambiente. A pele na verdade é uma membrana grossa, resistente e flexivel, que cobre 0 corpo e tei (or etros quadrados de superficie em adultos. E uma excelente capa protetora das influéncias.mecénicas, tér- micas, quimicas; é um 6rgao excretor, receptor de estimulos ¢ regula- dor da temperatura corporal. Ela se comp6e de epiderme, hipoderme e derme, sendo o maior aparelho do corpo humano. A pele é considera- da um aparelho de respira- _cio, assim como o pulmao, mas 0 seu grau de absorgio de oxigénio é bem menor. Ela se destina mais a elimi- nagio das células enve- Thecidas, ou a excregiio das toxinas pelo suor, e gases que intoxicam. Estas fungdes ex- cretoras so exercidas pe- las glandulas sudoriparas ¢ glandulas sebaceas. 41 As glandulas sudoriparas conseguem eliminar as toxinas gaso- sas pelo suor, que possuem pH em torno de 4,5 a 6,5. Ela também elimina gases por diferenga de presséo como se fosse o pulmao. A-pele é coberta por 1000 “bar” (unidade de pressao usada em meteorologia) de pressao isométrica. C Quando aplicamos a ventosa, ou seja, 0 vacuo em sua superfi- cie, retiramos daquele local os 1000 “bar” de pressao, e forgamos para que ocorra o fenémeno descrito pela lei fisica de trocas gasosas, fazen- do com que os gases migrem para a baixa pressao. Como conseqiiéncia, as toxinas e os gases, como 0 gis carbé- nico, gés amonfaco (formado quando os rins falham em transformar amonjiaco em dcido trico) etc. que ficam embaixo da pele, sio imedia- tamente eliminados. o f ‘ Reparem-que ‘o/ mecanismo é 0 mesmo que ocorre nas trocas gasosas no alvéolo pulmonar, isto é, diferenga de pressdes. Este é 0 mecanismo fundamental para limpeza do sangue pro- duzido pela ventosa. Aparelhos compressores sao utilizados no Japao para dar maior pressao negativa dentro do copo, por aspiragao. Os copos de ventosa para este fim devem ter 0 bocal grosso e arredondado para nao ferir a pele do paciente, adaptado com valvula pneumatica. A forga de sucgao € muito forte propositalmente para produzir um bom desempenho terapéutico segundo a técnica de ventosaterapia do professor Kuroiwa. No Brasil temos 0 _aparelho de ventosaterapia Seki, elaborado pelo professor Seki, que produz por compressor uma pressao negativa de até_Z0 mil bares com fins terapéuticos. O principio usado pela ventosa nao elimina apenas os gases. mas, através dos pontos dos meridianos usados pela Acupuntura, con- segue eliminar toxinas por reflexo dentro dos 6rgdos internos no inte- rior do corpo. J Consegue assim uma limpeza maior do que a obtida pelo pul- miio, eee a pressdo negativa por compressor. / = ¥ Aparetho de Ventosa Seki Uma demonstragao da limpeza, por eliminagao de gases inter- nos com uso das ventosas, consiste no seguinte experimento: Prepare uma quantidade de agua de 1/4 do tamanho em volume do copo ventosa. Coloque esta agua no interior desta ventosa antes de aplica-la no cor- po. (Aconselhamos para esta ex- periéncia usar ventosas por succ&o Seki.) Observe, apds aplicd-la na pele com uma boa pressiio, que se formam bolhas de gas na agua dentro da vento- sa. Conforme aumentamos o grau de pressao negativa de succao, au- mentaremos a quantidade de borbulhas. Isto € geralmente provocado pelo ato imoderado de comer e be- ber demasiadamente, abuso do AJcool, ingestao de alimentos poluidos ou demasiadamente_gordurosos e condimentados. Este caso a medicina oriental descreve como “actimulo de ali- mentos”, em que o paciente come demasiadamente, formando substan- cias indigestas t6xicas no organismo. 44 7. A REACAO TERAPEUTICA PROVOCADA PELA VENTOSA O tratamento pela ventosa foi desenvolvido através do longo processo de pratica, vivéncia e luta contra a doenga. O seu uso é simples e facil e sua eficiéncia no tratamento de certas doengas comuns conseguiu grande aceitagao na China, Japao e _ Coréia. E popular o seu uso familiar! > ( E comum vermos na China ou no Japao pessoas irem a praia com _marcas nas costas produzidas pelas ventosas. Estas marcas desa- parecem sozinhas dentro de dois a trés dias.) Aqui no Brasil este recurso terapéutico é usado pelos imigran- tes orientais e alguns europeus tradicionais. Creio que, no Brasil, a acei- tagao social do método utilizado pela ventosaterapia é uma questao cul- tural apenas. Como a ventosa trata a doenga? Tem-se observado no Oriente que o tratamento pele uso da ventosa possui a capacidade de regular a > fungio nervosa quando aplicado nos pontos dos 14 meridianos: Au- menta também a resisténcia do corpo as doengas pela aplicagio de ventosas com ot sem sangria, desintoxica os tecidos promovendo uma purificagio e melhor respiragao‘da pele, como também a qualidade da cirgulacao sangiiinea tornando os vasos mais flexiveis e limpando os tecidos abaixo da pele. _Ajudana_retirada -de nédulos gordurosgs localizados, responsa- veis pela formagio das scelulites, que atrapalham o livre fluxo sangiiineo. = __Sio-eoadjuvantes no trabalho de de remocao dos radicais livres — moléculas de oxigénio agressivas cdusadoras de desequilibrio bio- quimico — e na limpeza do sangue sujo, eliminando 0 excesso de colesterol. Os efeitos da aplicagao das ventosas sao percebidos facilmente na parte externa quando em tratamento local. O esvaziamento sangiiineo dos tecidgs provocado pelo seu uso ¢ o aumento da circulagao podem retirar rapidamente 0 sangue dos teci- dos, substituindo por outras, as células sangiiineas ext actimulo‘de sangue sujo localizado é removido, trazendo_alivio da dor provocada pelo inchago. a Nos casos de estiramentos de membros, escoriagdes e dor local por hematoma, a sangria com ventosa traz pronto restabelecimento. Quando aplicamos ventosas, 0 vacuo formado engole a pele fa- zendo com que 0 sangue comece.a ser sugado para a periferia da pele com mais intensidade, provocando o reflexo terapéutico conforme a cor ¢ a tipologia de sua apresentacao na pele. O grau de forga de sucgio depende do tipo de doenga, crénica ou aguda, podendo ser forte ou moderada para atingir 0 nivel de esti- mulo necessario para uma boa reagao do corpo contra a doenga. 46 NI 8. O REFLEXO TERAPEUTICO PRONOCADO PELA PRESSAO | NEGATINA e na posterior-descompressao quando a ventosa é retirada, fazendo com que ocorra uma reagio terapéutica propicia 4_ativagéo da forga vital contra a doenga. Com base em\3.000/anos de histéria, a ventosaterapia tem a —? vantagem de ser. segura € nao possuir contra-indicagoes. Em determinadas doengas, devemos observar os pontos e areas ( de aplicagdo das ventosas, para que os resultados sejam prontos e efi- cazes. > Napratica de ventosas secas nao é preciso conhe- cer com profundidade a teoria. Pode-se seguir trés aspectos basicos: a) Aplicagao local onde se manifestar maior prazer, trazendo alivio ime- diato. b) Aplicagao nos pon- tos locais ¢ distantes nos casos de dores. c) Aplicagao no pes- _cogo e nas costas, Mesmo que nos possa escapar um ponto ou outro, nao ha moti- vos para preocupagio, pois o bocal da ventosa é grande o suficiente @ —> para abrangé-los, mesmo porque Q da ventosaterapia €é expan- dir os vasos, pela pressio negativa, m=Ihorando e desobstruindo a cir- culacao estagnada. O reflexo da pressio é o @feito mais importante da ventosaterapia. Entretanto, é pouco conhecido na medicina t ‘ atual, Este tema foi objeto de investigagGes cientificas no Ja- pao, em virtude do fendmeno particular de aparecimento de suor na aplicagao das ventosas. A transpiragao no focal de aplicagao da ventosa se deve a pres- sao assimétrica negativa exercida sobre o corpo. o— A pressao negativa aplicada na pele influi nao somente no refle- xo de_sudorese, mas também no reflexo do_enrijecimento muscular e nas fungées do sistema nervoso auténomo.) Quando uma ventosa succiona uma zona cutinea, produz-se uma troca no lado oposto a essa zona. Esta troca é relativa conforme a dose de pressao negativa no local. Este fendmeno é produzido por estimulo do sistema nervoso vegetativo. Em principio o sistema parassimpatico se volta predominante- ® —= mente no lado oposto. Isto explica como é possivel cortar a hemorragia nasal, aplicando ventosas no ponta ituado entre a base occipital ea borda superior da nuca na linha posterior. ——®% Quando se aplica pressio em ambos os lados do corpo ao mes- mo tempo, o sistema parassimpatico predomina. Isto explica a sensagao de sono durante a aplicagdo da ventosa. —_» Outro efeito sobre a pele é o da influéncia exercida sobre a permeabilidade capilar mediante o nervo. Ao aplicarmos as ventosas, ha a formagio de edema local. 48 Le femonarra Natal VE 16 Como se sabe, 0 edema se produz em caso de permeabilidade capilar, ou seja, quando 0 aumento da permeabilidade permite a passa- gem de proteinas e de outras moléculas até os capilares dos tecidos celulares. Isto aumenta a pressio osmotica do tecido intersticial e a Agua dos capilares se dirige ao tecido subcutaneo, produzindo o edema. Gragas a esta modificagao de permeabilidade capilar, a ventosa ativa 0 intercimbio gasoso (entre os tecidos e capilares) e a drenagem do liquido extracelular, 0 que forma um edema passageiro causado por uma decadéncia funcional de certos drgios internos. Como exemplo, nos referimos ao edema ocasionado por enfer- midades organicas, como a insuficiéncia cardiaca, hepatica ou renal e outras enfermidades, sendo absolutamente necessario consultar um médico especialista para tratar a enfermidade de origem. 9. REGULAGEM DO SISTEMA NERVOSO AUTONOMO O sistema nervoso se liga a todas as partes do nosso corpo, gerenciando a fungao dos 6rgaos internos. A fungio alterada do sistema nervoso pelo aumento ou inibicio de sua fungio pode levar ao mau funcionamento de certos 6rgios, resultando em doengas. O sistema nervoso auténomo compée-se de uma rede de células ¢ fibras nervosas; ele controla os mtsculos involuntarios e regula as fungGes vitais do corpo. —» ( Nao age sob o controle de nossa vontade, mas 0 estimulo nos pontos e meridianos usados pela acupuntura tem demonstrado influenciar asua ago.) As técnicas de tratamento usando ventosas nos pontos dos 14 meridianos tém um efeito reflexo sobre estas fungdes nervosas, fazen- do com que os desequilibrios do sistema nervoso se regulem por meio da chamada teoria da reagao “neuroepidérmica”. Segundo pesquisado- tes orientais, proporcionados pelo estimulo da ventosa nos pontos de acupuntura, ativaria certas ligagGes (ainda nao totalmente descobertas pela ciéncia atual) que se transmitiriam ao sistema nervoso, aumentan- do a resposta das células nervosas na liberagao de elementos quimicos neurotransmissores. Desta mancira as dores podem ser aliviadas, assim como outras doengas. Alivia também hipertensao, pois a dilatagao dos vasos por meio de agao reflexa nervosa produz a queda temporaria da pressio arterial, e, pelo efeito relaxante, revigora as forcas abaladas pelo estresse. s1

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