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MARK MAZOWER Continente sombrio ms Zool 5. A Nova Ordem de Hitler, 1938-45 learndgto General Hermann Hoth, 17" Exército, 25 de navemro de 1941 Naprimaverade 1942, um jovem diplom: orumanoem para sua patria depois de servie po 0 * en toma n teiiea mane i it entrentaya osmaiores problemas decorrentes da guerra. Assim, elaborou aes tica sagaz das bases da Nova Ordem nazista na Europa; quando tomou conheci- m Berlin, Sua primeira taref ro tempo que no liaalgotao mento desse texto, Mussolini declazou que “fazia m significativo ede tio amplas conseqiéncias™ Luci screveu’ Defender atéamoztea grande extensio conquistada até agora, explorila,organizar a ica da Europa de modo que son poder de resistencia aumente e vida weondmica ule ofensivase desersvolva—cuda isso constituria um objetivo caro pre a io fosse o fato de que é Ginvieramcquedeomietne one ito de véstice, (do conhecimento geral, Mas sso nfo basta me com Aeon : Frac tad Jone lef ine db pola econo a. Fmnenhum pals, mesmo naquelesqueaté ontem martinha uma postaraniti- des e corre -asdispostasa admitir earam persor sp {gue a ordem internacional que emergiv da Revolucio Francesa e culmir Versalhesforasuplantada de uma vez por im, 0 conceito de uma organ:zig30 idades paliticas muito maiores|..} Assit 0 8 sse que os Estados naga teriam de dar lugar ae bhierinquica da Europa noes ceitavel. Contudo,o que choca quem entraemcon- ca e materialsta da order tato com os alemies é sua concepedo purame! ara Europe significa deidira produgio dese ou daque ‘européia. Para eles, orga 1 de trabalhadores que cabe le minésio e o mito . cama ordema ps » basta prometerthe deter arse a década de 1930 muitos europeus estavam dispostos a abandonar a ordem Liberal, democtitica, ciada a partirde 1918 pela Inglaterra, pela Franca e pelos Estados Unidos, para abracar um futuro ». Nio contavamcom a realidade brutal doimp: reintrodugao daescr exceto as alemas, smo nazista,a ‘widiona Europa ea negacdode todas as aspiragdesnacionais, © governonazista nanca olmais caético que durante aguerraiossitrapas de Hitler disputavam sua atengio c uma hoste de aliados ¢ colaboradores semeava intrigas. No entanto, pormeio de tod 2 confusdo, » da incerteza, dos imumerdveis planos para o futuro que emanavarn dos stitutos de pesquisa nazistas, podemos ' getais da Nova Orem entre 1938 ¢ 1945, Nenhuma experiéncia foi maiscrucial para o desenvolvimento da Europano séculoxy. Como Hitler Stalin bem sabiam, a Segunda Guerea Mundial envolveu al uma série de confrontos Igo muito mais profiande que {agdes diplométicas; foi uma lata pelo te. Ea submissio a um régime de uma violén ciainédita eininterrapta constituia tamanho choque que no intervalode oito anos asatitudes p 'as€ sociais dos europeus passacam por uma eatraondindria trans- formacio eles redescobriram as virtudes da democracia Os aliacios nao conguistaram os euroy observaciores repetizama mesme an ‘Uma arguta jorn: peUs: Hitler é que os perdeu. Maitos do fracassa dos alemies feitapor Lucio! ista americana informou que, quando chegou 4 Roménia, no verio de 1920, sentira “que Hille podlia nfo s6 ganhar a guerra, como pocia ganhar a paz e, nese caso, organizar a Buropa’, Ac deixar o pals ‘manha de final dejaneiro de 1941, estava convencida de que em nen (Gncia Hitler poderia ganherapazou o lise da Nova Ordem com o que pod Puhrer. ‘numa gélida Yuma circuns- nizara Europa’. Comecemos nossa and lamos chamar de a oportunidade perdida co A OPORTUNTDADE PERDIDA DE HITLER Aoencer 930, aopiniop reconstruc autoritéria doc \ base potencial de ama Nova Ordem que rejeitou a Alemanba; 0 apego asm} plutocratas" londri Genaram boa parte do continentea depressio ¢ nfo conseguiram encontrar sol do para. crise. "Estes povos evropeus tornaranse indiferentes & dermocracia, «que em termos intelectuaisthes foi apresentada como iberdade de pensamento € Jiberdacle de expresso, masque em ermos de sua experiéncia coridiana significou sobretado liberdade de morrer de fore”, observou a condessa Waldeck. “Cons. tatei que nfo mais de 10% dos europeus prezavam a libcrdace individual o esta se 8 suspedta dos que,comsuadefesa dopadrao-ouroe dotatssez-feire, cam: vam dispostos lutar para preservé-Ja Na Bélgica, no verdode 1940, a opinido publica recebeu com “patente al a noticia da vitétia alemd,¢ durante algum tempo uma auténtica "firia antiparla ‘mentar” tomou conta de Bruxelas. Os belgas mostraram-se favoriveis aos ale- izes com o fim da guerra ¢ esperangosos de que seu pals recuperasse a prosperidace num continente unificado sob um sistema politico local reformado fe menos divisério. Hendrik de Man, presidente do Partido dos ‘Trabalbadores & iro dorei Leopoldo, declarou o famoso manifesto de 28 de juno queacra japso de um mundo decrépito, Tonge de ser um cons democritica terminara, "Esse desastre, 6 uma libertagio”. afirmou, Sua visio de um governo autoritario chefia 1" do contlito do pelo rei parecia —no vero de 1940 —um resultado mais «que qualquer revivescncia previsivel da democracia. Para p que fazem do realismo um fetiche, o vero de 1940 constituiu uma adverténcia, Na Holanda também a repulsa ao partidarismo esta por tris do ataque de Hendrik Colin aos “malesda democracia”; ex primeiro-ministro eliderdo conser- vador Partido Anti-Revolucionério, Colijn imaginou— como De Man —um regi me autoritirio leal a monarquis e disposto a colaborar com os alemées. O social democrata Thorvaki Stauning, primeiro-ministro dinamargués desde 1924, aconselhoua colaboracéo no interesse do futurobem-estar econdmico da Europa, -as ¢ diplomatas @ em Copenhague uin gaverno de coalizdo nacional cooperou trangilamente com Berlin? thn Estranha derrta, ohistoriador Marc Bloch procura as causas da humilha Gio da Pranca — além dos ervos cometidas pelo ato comando do exército nas {fathas de um sistema parlamentar governado por velhos, corroido por um >" desespero burguts vanova ovacrecitavam quea solugio peraa“decadénc reconciliagio coma Alemanba nazsta, Aceitaroinevitavelé bio, escreveu André Gide, "Bstanios presenciendo o nascimento, mais que a more, de win mundo”, afirmou Teiliardde Chardin, Asmatticulasno curso de lenvao da Beitz em Paris saltaram de 939 ém 1989 para 7520 dois anos depoi ros despenca da Frangaestava numa curso de inglés os niime- A queda da Franca repercutin em todo o continente, “Mais uma noticia ruim hojed tarde”, um médicopolonésregistrou em 14 de junbode 1940, “Paris caiu em poder dos alensies.” Dois dias depois ele anotou: “As noticias da Eranga sio tert veis, Aspessoas esto emocionalmente arrasadas, Algumas perderam por comple. toa esperanca, © que vai acontecer agora?’ Em Bucareste, Waldeck percebea ‘uma zeacio mais positiva, conquanto caurelosa. “Com a queda da Franca atingem, ‘oauge vinte anos de promessas vis da democracia: acabarcom adesemprego, com ainflacio, a deflacio, a agitagdo dos trabalhadores, o pantidarismo, ¢ sei ki mais 0 qué”, escreveu ela. “Cansada desimesma, duvidando dos prineipios que anortes- ram, a Europasentia se quase quealiviada coma solucio de tudo(...] itlereraum sujeito esperta —desagradavel, mas esperto, Ele conseguiufortalecer seu pais, Por ‘que niio experimentar seus métodos? Era assim que oseuropeus se sentiam naque- le verdode 1940." ssas atitudes relativamente favoraveis aosalemies logo desapareceriam. Na Franca ¢ na Bélgica, por exemplo, os animos mudaram otalmente no espago de dois ou trés meses, deixando os colaboracionistas cada vez mais isolados. Em 1941 osalemies dissolveram o Sindicato Holandés, declarando-o “indigno de confian sa". Talmudenca deveu-se, em parte, dindignacio provocadapela comportamen- to dos soldadios nazistas e das forcas de ocupacio, e, em parte, is alteracdes no Panorama internacional, Apbs batalha da Inglaterra ficou mais claro quea guer- ra duraria mais do que se pensara, E, como veremos, a chividas relativas a posst yeis modificagées de fronteiras e anexagéies também destrufram a fé na Nova Ordem de Hitler, VIVENDO NUMA éPoca HISTOWCA Na Alemanha o clima era de euforia. A Nova Ordem prevalecera contra os “protetoresce uma eraagoni 'salemaes sentiam-se viven- he cabe restabelecera order smonstrout...} qu Jongo de seus mil anos, oReic nna Europa central”, As vésperasdx campanha ocidental snunct r4 0 destino da nagao alema nos préximos mil anos". Goebbels, que “aluta que ora seinicia deci ; saudou uma “época sem precedentes", na qual o "genio histérico" do Fishrer esta va ajudando a consteuir uma "nove Europa”. Enquanto a Welrmacht avancava que tor- para oleste, rumo a Moscon, Hitler sonhava com “as belezas da Crim naremos acessivel por meio cle uma auto estrada — para nés, alemaes, seré nossa Riviera, Creta é quente demais esecs, Chipre seria 6timo, mas podemos viajar por i, também, wm paraiso terraaté a Criméia — passando por Kiev! E existe a Cro turisticoparanés. Espero que depois da guerra haja muita celebracao[...] Quepro- sgressona direcdo da Nova Europat” Conversando com Giano em outubro de 1941 —talvez-o momento de maior ‘empolgagio —, Ribbentrop, 0 ministro das Relacoes Exterioresalemao, predisse «queaNova Ordem de Hitler na Europa "garantiréa paz por milanos”.O cinicoita- anos é muito tempo’ iano nfo se conteve: “Comentei que n " ison emsen di fundamentar algumas geragSes nos feitos de um sé homem, ainda que de um génio, Ribbentrop acabou fazendo uma concess4o: ‘Que seja um Contudo, se 0 ex-negociante de champanhe ndo conseguia resis- “Nao é século’,falou. tira uma banganha, o Futter nao tinha esse tipo de diivida, “Quando o naci socialismo tiver reinado por bastante tempo”, declarou certa vez, apés o jantar, fa diferente da nossa le historica se apresenta- “ndosera mais concebivel uma forma de Ninguém em Berlim duvidava que uma oportan raa0 Terceiro Reich, Restava descobrira melhor maneira de aproveité-la, O que os soldados conquistaram, os politicos deviam agora governar, Entretanto, a exten- so dos territbrios controlados pelosalemaesno final de 1941 eraassombrosamen- te vasta — ia do oceano Antico @ orla do deserto do Sara, do Atlantico e dos Pire- neus Uctinia, Com uma raipida sucessdo de ofensivas, a Blitzkrieg proporcionara 4 Hitler um império muito maior do que ele pretendia conquistar. Apartirde Mein Kampf estava claro que o futuro império aleméo devia local zae-seno leste, cobrindo aproximadamente o territério que a Alemanha control. wma pexpé- escreven em 8, depois do Tratado de Brest-Litovsk, “Estamos acabando da Buropa”, Hi tha dos alemiies rumo zo sal e 20 © ; isda este.” Com a colonizacio ale- solos para ate a em "um dos mais belus jarding do mundo”; segundo tum folheto da ss, tratava-se de um pafs “mal explorado, com solo rt de terra sept, que poderia scr umn paraiso, ums Califérnia européia’, A Poldnia constituiria uma ligacdo com oleste ¢ uma fonte de mio-de-obra — um Arbeterech para 0 Herremvalk, como disse Hitler pouco depois da invasto.” © desmembramento do pais e 0 tratamento brutal dispensado a sua populagdo depois de serembra de 1939 mostraram o tipo de método que seria usado pare alcangar tal objetivo, B quanto i Escandinivia, aos Paises Baixos, aos Bileas, até mesmo i Franca? Esscs lugares ndo se destacavam tantonosplanasde Hitler, Tudo indicava que no final de 1959 ele relutava em assumir mais compromissos milita rs, Por que se dar ao trabatho de invadir paises que podia inimidar para obter sua alianca esua aquiescéncia? As presses diplométicas proporcionaram a Alemanha controle de recursos vitais na Roménia, na Hungria e na Suécia, Ao iniciarse 0 ano de 1940, Hi tu A idéia de invadira Noruega até o momento em que se converceu de que os platios dos ingieses representavam uma ameaca para os car- Tegamentos de minério da Bscandinavia para a Alemanha,"*A Franca titha de ser ‘excluica da guerre, naturalmente, masseu papelna Nova Ordem nioestava claro, AGrécia provavelmente ficarianeutra, nfo fosse a desastrads invasio ita Jevou osingleses parade obsigou osalemnesa reagit A invasio da hago de-serplanejada is presses, cuando Berlim recebeu a noticia de que um golpe mi tarderrubara 0 governo pré-Bixo. deliberadamente proviséria: s6 quancio a guetraterminasse se definria seu desti no, Em maio de 1940, as vésperas do ataque contra a Franca, Goebbels decidiu que ‘imprensanio publicatia uma palavra sobre os objetivasbélicos, que, io decorrer 0 conflito, seriam formulados simplesmente como “ama paz usta eduradovrae ‘um Lebensraum para 6 povo alemio”. Tal politica refletia os desejos dos hazistas, Hitler declarou que nao havia por que explicitar os objetivos b “Dentro de nossas possi lades nos é dado fazer o que queremos ¢ de quaiquer mosionio podemos fazer 0 quc ultrapassa nossas forcas” No vero de 1940 a Wehrmacht ¢ 0 Ministério das Relagies Exteriores viam com bons olhos a desejo francés de concluir um tratado de paz com o Terceiro Reich, por Mes base: a desaprovacao de imped as negociagdes, Os generais ale ‘adosna Holanda pensavam que o pafs derrota Wer resolveu atribvis odeses € a850 > partido €a ss ¢ certamente Império Romano seduzian no comtrariavam Hitler." Alarmados com a anexaglo de partes da Poténia ¢ da Tehecoslovéquis pelos alemaes, os estadistas da Europa ocidental procuraram assegurar respeito a inte- sridade de seus paises ea restauragdo de sua soberania, B dbvio que nfo acredita- vam nas numerosas declaragées da Alemanha nesse sentida, jf que nao havia trate dos de paz confidveis com Berlim. 0 sludido rei Leopoldo da Bélgica teve um encontro decepcionante com Hitler. Vidkun Quisling levantow aquestio ao menos {rds vezes, sem nenhum resultado; na iltina vez Hitler disse le que ndo queria rios do MinistériodasRelagies Exteriores of —2 Franca, de reconstituir 0 Sac! maisfalarsobre oassunto, Funcio ciais da Wehrmacht, que tentaram pleitear concessbes de autonom por exemplo, e, depoisde 1941, Estonia — no tiveram mpaior suce Com aquestio dosacordosdepazrelegadaa um futuro indefinido,o Terceito Reich implantou na Europa uma série de regimes de ocupagio mais oumenos pro- visdrios. Num extremo desmembrou alguns pafses ¢ suprimiu por completo sua identidade nacional. Foi o que acontecet: com a Poldnia, a lugoslévia ¢ @ Tche- coslovdquia, cujos nomes seriam iscados do mapa, “No futuro ndo nos referire mos mais ao ‘Governo Geral dos Territérios Poloneses Ocupados’, ¢ sim a0 ‘Governo Geral, sem dar maior atencao a isso”, Goebbels proclamouno verdo de 1949; “assim, da mesma forma que esti pouco 2 pouco acontecendo no Protetoradofda Boémia-Moravial, que hojese chama apenas Protetorado, a situa io se esclarecerd automaticamente. Cabe 2 populacdo desses tectitortos faciltar ymente anexado 20 Reich e elimi nosso trabalho.” Luxemburgo também foi pr nou-se toda referéncia ao "Grio-ducado” on ao “pais” de Luxemburgo, © status juridico desses paises era vago, porém nfo sew futuro." ‘O procedimento usual dos alemies consistia em designar comandantes milf toresou civis, que governavam porintermédio do funcionalismolocal. Nessa guer radentro de uma guerra, que foi 0 caos burocrético do Texcciro Reich, os terzit6- ros ocupados transformaram-se em feuds, sujeitos a diversos ministérios € marqués foi o gue admoinistradoscom diferentes graus de sucesso. O governo preservara orcem piiblica, talvez por sero menos afetado pela melhor consegu ‘ocupagio, Oreieo Pal menos tworicamente — conside Jento continuaramatuando ¢ aprineipio desfiuraram — a: por conseguinte, menos de taradoda st] sobe espeitabilida comissivio do Reich, civil, goveenava porin aistragio pa entre os conquist ‘eriquantona Bélgica os scctetarios-geraisse reportavam as autori= Gades militares, Nomminalmemte independentes, os governos da Croscia e da Esloviquia eram, de fato, subordinados aos aleraZes; parceitos do Fixo, como a Flin Roma, aBulgriaea Hungrisinhamum peucoraisdeauteromia Ocxemplo dos ingleses na india seduzia a imaginagdo de Hitler, Sea modelo degovernoimp Unio Soviética : pata elea Ucrinia era o “novo impétio Indiana’; ¢ front oriental se converteria na fronteira noroeste da Alemanka, onde geracdes de of Cals se distinguisiam ¢ preservariam as vireudes marciais da raca ariana, Mas 0 Fuhrer no compreendia bem as técni 8 imperiais de governo wilizadas pelos ingleses; condenava a frouxidao de suas atitudes raciais sua disposicdo de perm tiralguuma autonomia pol “ © paralelo coma india veio a tona india velo A tona numa das raras ocasides em que se men. cionaram os objerivos aaa local.” bélicos dos nazistas. [sso aconteceui num discursoque, pro- vascmene segundo raed ie ocomentarta evade HansFaehe Promunciou em outubro de 1931, quando parecia certa aderrota da Rissa. Depois de dizer a imprensa estrangeira que a guerra estava decidida, Fritasche revelou os lanos politicos de seu pais: a Eutopa se tornaria economicamente auto-suficien te s0b a liderana da Alemanha. Os alemaes teriam de entender a “déia imperial européia” e preparar-se para realizar to leste opecacGes militares, continuas € Pequenas, andlogas as dos ingleses quando enfrentavam problemas na {ndia. ‘Quantosnagées dominadaspor nds”, explicou, “usaremos comelasuma Buagem muito mais franca e fria. Naturalmente ndo permitiremos que ne- nnhum Estadozinho vagabundo perturbe a paz europeia com pedidos ow enigén- ‘as especiais —nesse caso the lembraremos com energia 0 qu i fazerna Europa." Uma the compete 'o tio dura refletia as criticas dos nazistas ao din liberal, Carl Schmit ae Fhmitt, por exemplo, afirmou que agora os terri ron da Alernanha. Assim como a doutrina Montce devia justi (Go de manha cong utras poténcias no hemistéri 14.0 direito de governar a Fi ywernar segunda nov nas: 0 velho sistema nal, com suas pretensiies universais ¢ ua fardamentagio p soberanos, cederia lugar a uma jurisprudéncia antenticamente nacional socialista de “lei do povo”. Nem todos os povos conseguiam suportar 0 peso de um Estado eral — como estavasactamen- constitucional moderno, Abandonandoa nova tada na Liga das Nages — de que todos os Estados eram soberanos e juridicamen- teiguais, Schmitt declarou que o mando modemorequeriaum “alto graude orga- 1a voluntiria”. Os dominadores nazistas da Holanda € 0 ticaram publicamente que a era da “independéneia absoluta” nizagao” € “disci Governa Geral chegara ao fim ‘A neutralidade niio era mais aceitavel. Como explicow am comentarista ndependente para ser neutro er Bxiste algum Estado pequeno suficientement relagdo as grandes poténcias? A crise da neutralidade €, de fato, a cde nosso continente, do colapso das antigas ordens e dus vel 12s. Os pequenos Estados tocnaram-se presa de um curso nko de novas inexorivel da historia, ea nica questio€ se vio ceder sem esperanga ou cieios de cesperanca* Luciolli estava certo, portanto, ao observar que o regime tina wma concep: «io de politica basicamente hierérquica, A Buropa devia Gominat o mundo, mas apenas sab. condicio de ser dominada plo Reich, Hitler considerava inadiiss- ‘vel transmitir poder aos racialmente inferiores; isso denotaria fraqueza, nao forca. Cumpria salvaguardar zelosamente a supesioridade alema, era todas as esferas, com resultados as vezes absurdos, Depois que a equipe tcheca de héquei no gelo -oauum, em Praga, Goebbels aludi 4 “priica equivo- num campo em que somos inferiores. Herr derrotow os alemies cada de baterse com povos col n Gutterer deve cuidar|...] para que a repeticZo de tais incidentes se torne impossi- vel”, Até ositalianos, supostamente sécios dosalemaesna criagZo da Nova Ordem, mo tratamento; normas relativas 20 trato com trabalhadores ‘eceberam on estrangeizos aletava N woradores da Alem slo bem vistas politico tais atu viam a colaboracio parceria de duas poténcias imperiais e, portanto, como um meio de salvara soberania francesa, Hitier contrapunharse at s Ele desconfiava sobretudo dos soi-disants nacionalsocialistas. Impopulaces, tendiann a ser administradores inefic: Quisling chegou 20 poder durante ai s Populares, constituiam uma ameaca. aso da Norvega, mas caiu uma semana depois. Degrelle na Bélgica e Mussert na Holanda foram postos de molho. Até podiam recrutar jovens crédulos ww desesperados pata utarno front oriental, mas poder estavanasmaosdos funcionarios piblicosprofissionais, Robert Beasllach, o jovem e desiludido colaboracionista francés, conciuity melancoticamente em agosto de 1943: "Nao existe mais uma Europe fascista” © que fazia dos Degrellee Mussertparceirosinadequadosera exatamente seu mo. “Para tornar-se gernandfila, a Noruegaprecisa tomnar-se nacional declarou Quisling. Mussert concebew uma Liga dos Povos Germanicos, que ser encabecada por Hitler, mas cujos membros (a Alemanha, a Fscandin: Holanda) teriam governos naciot a socialistas independentes e forgas militares proptias, Dificiimente haveria algo menos atraente para Hitler. Bm 30de junho de 1941, jovens nacionalistas ucranianos desafiaram Berlim com sua “Proclamacdo do Estado Ucraniano” em Lvov; duas semanas depois a maiotia estava presa e o movimento sufocado. O imperialismo de Hitler era, pois, muito diferente do de Guilherme n, que apoiou PaulSkoropadsky durante a ocupacdo alema da Ucrénia em 1918: ambos favoreciam regimes autoritétios, mas o kaiser estava disposto ermitir que umn representante local governasse em seu nome. Hitler recusow até mesmo isso, explicando: “Nao posso estabelecer objetivo algum que um dia pro- duza(...] Estados independentes, autonomos” * A “Nova Ordlem européia” era essencialmente uma Ordem alema, Embora ‘pumerosos visionsrios nazistas brincussem com a ideologie do europeismo, para Hitlersoimportavaa Alemanha, ou,mais precisamente,o Deutscktin, Apésainva sho da Unio Soy «propaganda de Bevtitn alardeou que se tratava de uma io trans a “cruizada pela Europa’ tia uma "Cancao pela Burop: Sesélos com o lem "Frente Uniea Buropéia cont 8¢€ proclamou., em fins de novembra de 1041, gu ‘oBolchevismo”se 1s Unidos da Buropa ans, porém, ne carrespondinin 3 rea tese concretizarann ocupago vivencia: alguém fevasse esse eu Areviravolta na abuscar amigos ¢ aliads eo jurisprudénc: gue vvenceu ninguém, até porque Europa oriental, onde 0 avango forma de guerra politica porenc poptlagio contra a propaganda de suer esfera plausivel de influéncia sovigtc a ‘emmenor grau,naSérviaenonarte da 0 teve nen » Exército Vermelho fazia do communism uma Imente feutitera, o racismo aazista imunizara a Dbbels. Na Europa ocid smo pouco tinha a of foipossivel con recer.SonaGrécine, pea turbar os animos a ponto de desencadear urva guerra 5 siravam, as forgas alems deixavam um Jegado sangrento de massacres fra Tobe da europa, masnotinha das. Bm 1944asorniota da Guerra Fria se projetavasobrea Europa, masnaoti poser bastante para salvaro império de Hitler, A ORGANIZAGAO DA EUROPA de uma fan econdmico, Schaviaum curopeismonazista, este inseria-se' iava-se a no lana Alemanha—~,que, politico, A id¢ia de uma doutrina Monroe alema onnia regional cen Grossraumwirtschaft — uma economia reg ” * scncertosaspecos, garda aagumasemelnanga com oMenado Coma és guerra, A Nova Orclem, amada pelos joveas teenocratas do Ministésto da Beo- nomi aleeso, envolvia a integracio econémica da Europa ovideatal e cago de uma zona franca: 0 ministro Walther Funk chegou a propor isso no verio de 1940. Goering, que tinka muito mais prestigiona cipula nazista, também apontou a necessidade de investimentos multinacionais n Alemanha. Outros se voltaram para os Baleas, onde a penetraco ec fara nos anos 1930, Acordos comereiais firmados com 2 Ro- ropa sob os auspicios da ‘ondmica dos alemiies se inten ae ménia e a Hongria em 1939 ¢ 1940 colocaram sob o controle do Terceiro Rei matérias primas fundemet Nofinalde 1940, Herm ‘Bretanha ticariam fora dessebloco continental:a Furopase tornar te, O pad 0 o lalssez faire de mercadorias e ao planejament extensio da pol Antes nomia muite der pds-Ver dda prodagao em escala c comercial alemi da dtcada de 1950 depois de 1939.se discutiu a “organizacio” da Europanuma vasta eco- ertamente que o futuro politico do continente. Todavia, par ticalarmente durante os 8s primeiras anos a guerra, projetos tiveram na pritica pouco impacto sobrea politica, A estratépia da dhitzbriegreque amétodos diferentesce explorers recursos econémicos das terstériosconquis tados;s6 coma “guerra toral” a idéia de alguma forma de integracio econdmiea areceu atracnte no contexto do proprio esforgo de guetta, As reflexdes nazistas sobre eco: a internacional no tinkam, porém, ‘nenhursa analogia com a doucrina liberal dos beneficies mutuos oftrecidos pelo mercado, O regime garantia, is vezes, que os pare comtalassociacio: afin foio que aconteceu, em certa medid: tusivel, sabretudo depois das agturas relacionadas a0 10s anos 1920. Fintretanto, estava cada vez mais claro que a primeira funieao econémica da Puropa era ustentara Alemanha, Sse cum Prisse essa funcdo da melhor forma, assegsarando a prosperidade do resto do eon. tinente, poderia haveruma partilla ma endo era totalment capitalismo internact ipla dos beneficios econémicos. Paises como « Grécia € a Roménia logo desconfiaram que tinham trocado a tiranta de Londres pelo torniquete de Be Essa visio escreita da economia européia foi particularmente pronunciada durante guecra, Para o desespero de home somo Goering, depois, Speer, aos uals cabia aumentar a producio de armamentos, Hitler relurava em aceitar a se repetisse 0 acarretara a derrota mntos 0 mais pr do Sue fore ancesda guerra ese mostrava ber pote dspostoa incentivarapzesenca demutheres mas fabricas, H deer 0 poss mocnire a pe do. Rehntava em testarsua p de consumo. Os rec outras autoridades cobravam os “custos da ocupagio” c requisitavam estoquesde produtos estratégicos, que iam de juca a biciclera. A matorparte dessesartigos era consumida por unidades do exército ou despachada para o Reich nas remessas dos soldados. Na Primeira Guerra Mundial as tropas alemas estacionadas nos Bileas, recebiam alimentos procedentes da Alemanha; agora os enviavam para ua pitta, Oefeito global dessa politica diferia radicalmente de uma regido para outta, Nas economias industriais do Protetorado e do noroeste europeu a expropriagao fisica logo cedeu kugar a outza titica: permitir que as instalacdes existentes conti- rnuassem produzindo ¢ confiscaros produtos acabados. A atianizacio de empresas pertencentes a judeus proporcionou 0 controle direto, particularmente de gra- os. Contud, firmas de ndo:judeus ou pertencentes ao las pelos clemes, Assim, boa parte da pos tchecos e austri Bstado também acabaram sendo contro! indistria pesada € da produgdo de minérios na Buropa central foi incorporada & Reichswerke ac" Hermann Goering” mediante um processo que recebetio nome de “roubo legalizado”, Os alemies apossaram-se de trés quartos do minério de ferro frances e da metade da producio belga, A produgle de armamentos tcheca foi crucial para o esforco de guerra. © juero liquide da Alemanha com esses palses Bevidente.” Ironicamente, a politica econémica dos nazistas funcionou muito melhor ali gue nos territérios do Leste, cuja impoxtincis econdmica parecia tao grande na imaginacio nacional-socialista. Goering, o suserano da economia do Reich até 1942, aceitou a necessidade de explorar recursos ix situ na Suropa ocidental, mas no Leste implantowa “pilhagem” pnra e simples, até deparar com a resisténcia do partido local ¢ dos governantes militares da Polénia e da Ucrénia, que tiveram de arcar comas conseqiiéncias. [Nas economias basicamente agricolas da Russia ¢ dos Bélcas, a politica de expropriaczo dos alemfes nio tardou a criar uma situacio das mais terriveis. OS n de abastecer 0 mercado, o excedente desapareceue as popu eslocais previrama il gregospodem ter morrido de fone morterioau terfodeemigear par da invasio. "Toda tentativa de salvar a populagio da fome com excedentes da regito de terra negra haverd de sactficar o abastecimento da Buropa." Com ospti- meiros atos da resistencia guerrilheira ao dor ino alemdo ea brutal reacéo dos nazistas, 8 vida no campo tomou-se precéria¢ todas as possibilidades de explorar eficientemente a "terra negra” da Ucrinia esvairam-se durante a guerra.” Enquanto Goering eo Partido Nazista preferiam aexploragio direta da popu. ago local, Alfred Rosenberg, que era nominalmenteo encarregado da politica no Leste, preferia encorajar grupos nacio guerra jstas pr6-alemi e anti-russos, Como. ca, poderia ter funcionado, nao fosse a oposicio dos préprios colabo. radores de Rosenberg. © Reichskommissar Kube prometeu 20s bielo-russos “nenthum absurdo parlamentar e nenhuma hipoctisia democritica”, Na Ucriinia ‘encontrava-se Erich Koch, devotado seguidor de Hitler. “Titare’ tudo desta terra”, dissera, “Vim aqui no para distribuirfelicidade, ¢ sim para ajudar 0 Fuhrer.” Os uucranianos eram “negros”, e suas tentativas de afirmagao politica esbarraram no desprezo de Koch. Os resultados etam dbvios para muitos de seus subordinados. “Sem: os jude Tiquidarmos os prisioneitos de guerra, deixarmos morrer de fore uma consideravel parcela dapopulagdo cainda perstermos parte dos agricultor testou um administrador, “quem haverd de ser economicamentte produtivo por aquit” No comeco da ocupacdo, os camponeses da Ucrania receberam os alemaes como libertadores, Se Hitler tivesse concordada em privatizar as fazendas coleti- ‘yas, como Rosenberg e seus elheiros recomendaram, a produgiio ag; uit: Mesele nfo 0 fez, eo grande celeiro a Buropa nunca cumpriu sua promesss, Noinverno de 19. cla otleria ter aumentedo ao invés de dim a fome espalhou-se ela Ucrinia e pela Galicia oriental, Ocorreu no leste uma retomada da atividade industrial depois que Goering muou de opiniéo, porém era tarde demais para zeconqu tara simpatiade uma populaciio jé totalmente desiludida. Fim 1943 mui- tos campone: ram novamente seus pensamentos para Moscou, alegando uma madrasta que promete demais de monta- Koch “arruinou uma grande oportuni GUERRA TOTAL “A Blitzlriegter Quanto a economi aglincia de uma longa guerra.” No inverno de 1841,08 inow’”, escreveu um economista militar em janeiro de 1942, dade absolut reconstrui-la daramente em conse. ‘eres alemaes tiveram de E pri orientar a economia para uma guerra total. Isso significeva, conforme observa Milward, que 0 projeto original de criacio de uma Nova Eucnpa falhara e com ele os esforgos de Goering para coordenar a producio de armas por meio do Plano (Quadrienal: a salvagdo da revolngio nacional-socialista demandava uma profunda wansformagio das relagdes econdmicas ¢ uma racionalizacéo do gigantesco mas ruinoso programa de rearmamento iniciado em 1936." Agora eta preciso explorar mais que nunca os paises satélives. Ojovem tecno- crata Albert Speer, um dos favoritos de Hitler, comecou a coondenar a producso bélica.Frize Sauckel, instrumento do partido, recebeu ontens de arrebanhar mais alguns milhées de trabalhadlores estrangeitos para serviremao Reich, Tendo exter minado naquele inverno quase 3 millhGes de prisioneitos de guerra russos, 0 reg me percebia agora sua desesperadora necessidade de mio-de-obra. Conforme escreveu um funciondrio em fevereiro de 1942: "A atul difteuldade na distribuiggo. dle trabalhacioses nao existiria se no momento adequado se tivesse decisido distr. ir em maior escala os prisioneiros de guerra russos. Dos 3,9 milhdes de russos dispontveis, restou apenas 1,1 mi ‘© Reich jd dependia da mao-de-obra estrangeira: cerca de 700 mil poloneses foram empregados no vero de 1940 ¢ um ano depois havia 2,1 milhées de trad u A pactirde 1942, os esforsos de Sauckel pelo continente afora resultaram no recrutamento forgado de milhbes idores civis e 3,2 milho de prisioneiros de guet detrabalhadores. Os métodos violentos utlizados por seus subordinados provoca: ram enorme protesto e ajudaram a intensificat a resisténcia ao dominio nazista. Um relatorio de novembro de 1942 apresenta uma vivida descrigio da maneira ‘como se arregimentavam trabathadores: sitios ou aldeias ras em sepresilia & desobediéncia da muni lida local 3s ondens de providenciaa a miv-de-obra disponivel Emabril de (943 o chefe de agéncia de Sauekelem Vars6via foi mortoem seu cescritorio; no més seguinte o protesto generalizado resultow numa dimimuigio do recrutamento forgado na Burops ocidental Mesmoassim,amio-de-obre estrangeira era essencial para oesforcode guer- ra alemfo. Jé em 1942 entre 80% € 90% dos 600 mil operirios da gigantesca Reichswerke de Goering eram estrangeiros civis¢ prisionciros de guerra; orestan: te da economia seguia o exemplo. Em 1944 wia 8 milhes de trabalhadores no Reich, na maioria civis, ¢ 2 milhOes ciretamente subordinados aos alemdes em outros paises, Eles atuavam na agricultura e constituiam uma fonte barata de empregados domésticos. Comespondiain a um terco a mao-de-obra utilizada na producio de armamentos, em novembrode 1944, e a mais de um quarto d tisiosdedieadosconstrucdo de méquiinase aindustria quimnica. Sua presenca res- guardou a populago alemd e poupou o regime de estabelecer uma estratégia interna que teria obrigado donas-de-casa atrabathar fora. Conforme escreveu um estudioso nazista: “Preferimos suporsar um aumento temporitio no elemento est ngeiro em certas ocupacéesa calocaremperigao vigor biokbgico do poo ale- iio com a mator participagao das mulheres na forea de trabalho". A cagada humana de Saucke! pelo continente pode ter ajucado o estorco de guctra na Alemania, masem oatroshugares causou sranstornos wemendos. Ante ‘a ameaga de serem capturados e despachados para o Reich, trabalhadores da Europa ocupada com ficqiiéncia abandonavam oemprego e tratavam de se escon- det, Os administradores locais procuravam formas de protegé-los da depottagioe (8 policiais faziam vista grossa. O crescimento do Maquis na Pranga ¢ da resistén cia na Grécia teve telagdo direta com a intensidade crescente Sauckel.Politicose funcionérios piblicos tentaram convencerosalemiesamudar sua estratégia, Encontraram seu maior aliado na pessoa de Albert Speer, 0 minis. to da Producao Pélica investidas de a que a cooperact ndustrializadas da Franca, da B vara Laval ao desespero: “Esta no de colaboracio, esim s, ¢ de compulsio, do lado alemio". Speer propés, na boracio — uma questio de racionalidade mais que de de Seuckel de sacrificio, do lado frat verdade, ressuscitara orgulho politico” A racionalizacio da produgao concebida por Speer considerave todo 0 noroeste europeu como uma s6 unidade econdmica, Era algo muito diferente da expropriacio que caracterizara as primeiras formas da politica econdmice alemae -acio da mio-de-obra européia por que, em certo sentido, ating o auge na exp! parte de Sauckel. Speer tinha ume visio mais fria e menos nacionalista; preferia o sta planejamento a pidhagem eo mundo dos negocios 4 ideologia nacional-so. Para cle, a criacio de uma indiistria bélica de proporcdes européias — essencial paraa Alemanha ter uma possibilidade de ganhar a guetra — requeria a protecio Ge economies industriais externas ao Reich e, por extensio, a protecda de uma {orga de trabalho adequadamente capacitada e motivada Os esforgos de Speer para implantar a produce de armas na Poldnia e na Ucrinia esbartaram na devastagio econdmica provocada por politicas anteriores. Na Franga, porém, onde os interesses ideolégicos eram pequenos, sua estratégia ‘causou impacto. Ele conseguiu sustaro recrutamento forcado de Sauckele chegat ‘um entendimento com tecnocratas locais como Jean Richelonne, o ministro da Producio Industrial de Vichy), 0 que possibilitou plancjar a produgio industrial implesmente destiné-la 4 expropriacao, “Euma imbe joe franceses" , argumentou, criticando Sauckel, “para ficar em conjunto em vez d dade convocar1 com 2 milhdes de trabalhadores a menos na Franca ¢ entre 50 mile 160 mail a mais ra Alemanha.” Nao s6 material bélico, como bens de consumo iam para o Reich, No outono de 1943 os alemies utilizaram cerca de 40% a 50% da produgio indus- trial francesa, Nessa época Speer pensava em ctiar gigantescos cartes industiais, outros prodatas, que podiam ser inc de carvao, carros, alumi uma zona franca européia.” Por causa disso, ele & considerado um pioneita dos acordos industrinis que evaciam 4 Comunidade Européia do Carvao e do Aco e. por fim, ore dade em tal interpretagio, que decerto é ne sgtes do pas guerra remontar a0 federalis: Imo vio moderna, altamente indust coma primitiva economia de conguista de Hitler; por outro, porém, iganado, pois sem a Reich no eranada, Em outras palevras, ava ica de Hitler 0 Terceito Sua visio de um mundo onde os negécios tico—um mundo surpreendentementesemelhanteao ‘queacabou despontando depois de 1945 — nao podia coneretizar se na Europade Hitler. O proprio Hitler limitou o planejamento de Speer e nunca retirow inteira. rente seu apoio a Sauckel: a vitoria da racionalidade sobre aideologia foi apenas temporétia suplantavam ocontlite pe Se a Europa nao pode ser “organizad: 4 boa parte da culpa coube aos “orga: nizadores” ¢ a seu conceito de “organizacio”. Com a lucidez que o caracteriza, 0 fl6logo Victor Klemperer apontou as conotagbes nazistas desse conceito — disc: pplina imposta, hierarquia, ordem-—, devidas a scu racismo subjacente. Seu ever: sofoia “organizacio’ 108, oroubo, ofurto, o aque) efetuada pelosinfimos nos camposde concentragia. Mais queum principio de eficiéncia administrativa isen tade juizo de valor, a organizacio no estilo nazista significou a subordinagao eco. ndmica das racas inferioresda Europa ao Volk nordico-germénico. Assim, aecono- mia era insepardvel da ideologias araga seria © auténtico principio “organizador” docontinente.” A EUROPA COMO BNTIDADE RACIAL, Emagosto de 1941 Hitler prodamour A Europa no é ume cntidade geogré fica. uma envidade racial”. A Liga das NagGes havia tentado conservar as mino- as onde elas estavam cassegurar aestabilidade por meio do direito internacional; Hitler, ao contrario, nfo acredlitava em direito epretendia assegurar a estabilidade deslocando populagées. Em nome de objetivos raciais remanejaram-se nacdes, ¢ tithes de pessoas foram arrancadas de sua patria, reinstaladas num ugar estra tho, acentenas cle quilmetros de distancia, abandonadas, encerradasem campos de trabatho ou deliberademente eliminadas. & sobrecudo nesse aspecto cue a Segunda Guerra Mundial difere de conflitas ante res. Existe umabismo enorme parroc) ogi em 18.44, ope, doadvogadiojudeu polonés Raphael Lemkin, wemberg, a Canvencio do Genocidio das noestudo Ais it Depois do conflito, osjulgementosd Nacées Unidas, ojulgamento de E: nou conhecido como Holocausto di Mundial foi,em certa medida, uma guerra raciat —vista, com frequiéncia, exclasi- € v interesse da midia pelo que se tor indiram aia de que a Segunda Guerra ‘vamente em termos de “a guerre contra os uudeus” (para citar o titulo de um estu- inalcla questo judaica surgin deur entrelagamen: do famoso), De fato, asoluc to mais amplo de questées raciais que o regime nazista procurou “resolver” por meio da guerra. Uma conseqincia da conquista da Buropa pelos nazistas foi a extenso da dialética do Estado do bem-estar racial a uma escala continental — um Estado,em_ ‘outras palavras, onde as medidas policiais de repressio aos "racialmente indesejé- ‘veis” eram o anverso da estratégia de salvaguardaro vigor da Volksgemeinschajt. A inara"“ameaca” Nove Ordem na Europa envolvia, por umlado, medidas para’ que judeus, ciganos, poloneses, weranianose outros Untermenschen representavam para oReich €, por outro, planos gransdiosos em prol do Deutschtuon—em particu Jar, prover o bem-estar € 0 reassentamento dos chamados Volksdeutsche, os 10 milhdes de germanéfonos que viviam fora do Reich, Expulsio e colonizacao, exterminio e assisténcia social eram os dois Jados da mesma moeda imperial [A guerra ndo so expandiu o aleance geografico da politica racial mazista como a radicalizou e complicou. Foi o grande catalisador Para Hitler, no final dos anos 1930,0 primeiroreassentamentode alemaes do Tirol meridional constituiu inital ‘mente uma questo de necessicade diplomatica: nas mos de Himmles, depois de outubro de 1939, converteu-se no prelidio de uma viséo muito mais ambiciosa, envalvendo o completo remanejamento étnico da Europa oriental, Os objetivos do reassentamento passaram por varias mudancas 4 medida que aumentava & ‘extenso territorial dos alemies e as perspectivas se modificavam. Pode-se dizer 0 mesmo sobre a estratégia telativa aos “racialmente indesejaveis”. A progressaa da guerra ievou a politica para dguas desconinecidas. No tocante a “questa judaica", abriram-se novas perspectiv a, depois Suropa ocidental ep istas. A “estrada tortuosa para » Plano Madagascar de « surgiramn m grandes compreeadeu deus e ocorrera capa lacdo macica, industrializada, nos campos de exterminio. Poralelamented expansio e aradicalizagao da agenda racial houve um rapido crescimento da ss, Ao agrupar os servigos de seguranca na kia, sob a direcio de Heydrich, Himmler passou a exercer ampla iniluéncia no policiamento e no servi sodeinformagéesem boa parte dos tertitdrios ocupados, Criadoem 1934, 0impé rio do campo de concentracio (excluinde-se os campos de exterminio) expandiut sva populacdo de25 milem 1939 para714 milem 1945 e fot administrado poreutro seror da ss, a wv, Os campos de exterminio nao existiam em 1939; em 1942, :mataram maisde 1 millo depessoas. A cria¢iode umanova classede colonosale ries partir dosinfelizes Volksdeutsche tornow se responsabilidade da nxrov, qu, instituida em outubro de 1939, reticou de suas casas mais de €inicos, administrouicentenas de campos de seassentemento 400 milna Europa oriental. Foi, portento, a guerra que permitin ss rivalizarcom, o poder do aparato estatalestabelecido na Unio Soviet co destino de milhdesde pessoas. para controlara vida e A centralidade do pensamento racial —- bem como a idéia do assassinato ‘macigo industrialisado —constituiua diferenca bisica entre o impézio de Hitler ode Stalin. Com o poder de reformular a composicio humana de um continente inteiro, Hirm 1¢2 ssdepararam com as ambigitidades, osdilemas easlimitacOes mperial configurada pelas premissas do racismo bioldgico, Para comecar, qual devia sero papel dosalemdes? Deviam concentrar-se no Reich, con: forme a opinido que prevaleceu até 1941, ou formar uma classe fronteieiga para Povoar as marcas orieatais, tal qual fizeram seus antepassados medievais? Como aca superior, deviam encher suaspropriedades com milhatesde servosestavos, ou. cultivara terra de acordo com a nogio nazista de que Blut und Boden constituia a Batantia maxima da vitalidade ariana? Como reconhecer um alemio étnico: pelo de uma ps idioma, pelas caracteristcas fisicas ou pela gencalogia? Durante coda a guersa, 0s burocratas mazistas discutiram aca radlamente essas questies, Quanto aos Untermenschen, eram uma forga de trabalho necessaria ou uma ameaca biolégica Que cumpria eliminat? Tais er mrinosa escala da Nova Ordem de F 'dilemas do apartheid praticado na vasta ¢ cri A GUERRA RACIAL (1): POLONIA, 1939-41 Asdisposicdes de Versalhes referentes aos problemas das minorias na Europa oriental expiraram em Munique, quando Ribbentrop, 0 ministro do Exterior ale- janos Teassentar no Reich os alemies étnicos ido, sectetamente prometeu ao: do Tirol meridional, Junto com a anexacio dos Sudetos, essa promessa encerroua dos Tratacios clas Minorias e inaugurou uma abordagem mais brutal das ten sbes étnicasna Buropa, As garantias fepais cederam lugar atraslados compulssrios de populagoes nos moldes da troca greco-turea efetuads quinze anos antes. A principio, isso resultou num grande influxo de alemdes étnicos no Reich Assim como a neck dade de contar com o apoio da Itilia Ievou Hitler a revogar luma politica anterior ¢ sancionar 0 reassentamento de 80 mil alemdes do Tirol meridional, sua necessidade de contar com 0 apoio da Rissia em 1939-40 levou-o um sacrificio semelhante das comunidadesalemsdo Béltico eda Ressarabia. Em. ‘outubro de 1939, ass recebew a incumbéncia de repatriar cerca de 75 n da Letonia e da Bst6ni 10 més seguinte um novo acordo entre Ber! abrangeu os 128 mil Volksdeutsche da Poldnia ocupada pelos soviéticos. Dentro de semanas essa gente comecouia chegar ao Reich 4 Poldnia ocupada, e ndose sabia ainda onde e como instal Hitler cancebeu o reassentamento como uma tarefa do Partido Nazista, mas Himmler logo © convenceu a configlo 4 ss. No comeco de 1940 ele criow a (Comisséo do Reich para a Consolidago da Nacionalidade Alemé (AkeVD}, encar- regada de organizar evacuagdes, a triagem racial de evacuados e campos de recep- ‘gio, Cabia a nx-vp no 86 zelar pelos iméveis que os slemaes bilticos haviam det xado pars tras como encontrar novas propriedadesonde reassennti-los. Esta tikima tarefa envolvia a expulsdo de poloneses e judeus de seus iméveis nos territorios conguistados. Entre 1959 ¢ 1941, as atividades da RkFvp cone traram-se na Pol agora os ocidentais de Warthegau e Dantzig, que foram incorport- eno Governo Geral, administrado como uma colénia por Hans Jas regiGes seriam transferidos para o ieste, para o Governo Geral, que constituitia uma reserva de Uniermenschen ‘Talprojeto, no entanto, desagradava a outros buroctatastiazistas, Em prime soJugar, envolvia praticamentea desintegragioda economia local. Nos ervit6rios anexados, a expulsio dos camponeses poloneses ¢ dos artesios judeus ameacava provocar um colapso econdmico; no Governo Geral os administradores no est vam gostando nem um pouco de receber multidées de poloneses ejudeus pobres cerradicados, pois assim no poderiamn concretizar as proprias ambigdes de trans formara regio num importante centro de atividade econdmica. O chogue entte © dogmatismo raciale ointeresse econdmico colocou Himmler, a ssc oside6logos do Partido Nazista contra Hans Frank, chefe do Govern Geral, ¢ Goering, porta: vor dos grandes interesses econdmicosdo Reich. Esse conflito ainda estava por ser resolvido quando novos aconios entre Berlim © Moscou obrigaram a “chamar de volte Pétria” 50 mil alemaes da Lituania e 130 mil da Bessarabia e da Bucovina setenttional. No vero de 1941, as vésperas da invasio da Uniio Soviética, @ akrvo havia assentado 200 mil Volksdeutschena Poldnia acidemia, a maioria em fazendas desepropriadas. Outros ntes permaneceram em centenas de centios de reassentatnento aguardando triagem e transporte para comecar uma nova vida. Um milhao de Poloneses ¢ judeus foram sumariamente despachados para o Governo Geral. A metade de todososestabelecimentoscomerciais estava agora nas mfos de curado: tesalemies do Reich. A populacio judaica aumentara para 1,65 milhdo, os recém recor anais. A Waffen-ss Hidar nese go de coordenaras operacées antiguen Nao € preciso dizer que tais operacdes resultaram em muita destruigio € morte, A estratégia basica consistia em “responder ao terror com terro: dar todo ataque contra a vida ou propriedade de alemies, Assim, incendiaram: ares de aldeiase mataram-se centenas de milhares de civis nas “operacdes peza”,cujo impacto sobre as atividades de resistncia foi contraproducent do muitos jovens para a clandestinidade. Uma estratégia contraguerrilha mais sofisticada teria de esperar varias décadas: depois de 1945, as poténcias coloniais ‘européias ¢ os americanos estudaram ¢ aprenderam muito comasfalhas da pol cca nazista de retaliagho. Emborando constituisse de fato uma ameaga militar parao poderio alemo,a resisténcia obstruiu 0 processo de germanizacio. Com relagio a esse processo, 0 pensamento nazista tornara-se mais radical e ambicioso a partir da Operacao Barbarossa, Logo apos a conquista da Ucrania e da Bielo-Rissia, os urbanistas da ss apresentaram propostas para a ctiacfo de pequenas cidades alemas em territétio ucraniano, O "Plano Geral parao Leste” inciofa um programa decolonizagéomact- a,estendendo-se da Litunia & Criméia no prazo de 25 anos. Em Auschwitz os pr sionciros construtram viveitos de peixes, estébulos ¢ tulhas para fazendas-modelo onde colonos nazistasreceberiam treinamentoantes de seguir para o Leste. No mundo real, porém, a idéia da germanizeeio esbarrava em algumas difi- caldades. Uma delas era a corrupcao, pois entre os alemes do Velho Reich havia muitos “cavadores de ouro” (ou “faisées dourados’, como oschamavam) € av tureiros atraidos pela possibilidade de enriquecimento répidoe pilhagem facil. Em contrapartida, poucos agricultores queriam madar se. Os colonos sentiam se des- protegidas em éreas rurais cuja populacdo des s ameacava a vida e@ propriedade, Jago inverteram-se”, coment em 1942. “Ji nao se trata de encon- tsar uma forma de al ‘num espago pequeno, masde descobrir de explorar as espacas conquistados com o mimero resttito de 7 jinbas- le s problemas espinhosos para os tebricos do ra Jonos em pot al Guras do partido estavam dispostos a aceitar candidatos com a aparéncia adequa: da, ainda que tivessem vagos Ia a; outros consicleravam 0 conhecimento da lingua ¢ da cultura mais importante que os atribu! Alguns até angumeniavam que, se ass transferisse da Réssia para a patria muitos cespécimes racialmente superiores, os habitantes do Reich poderiam desenvolver 1m complexo de inferioridade e darinicio a uma guerra ra 35 mileslovenoslevados a forca para a Alemanha apenas cerca de 1 foram con sideradosaptos para germanizacio; omtimeroésurpreendentemente: ‘a maioria cinha parentesco com memibros da resisténcia eslovena, Os restantes, bern como outros individutos trasladados de Luxemburgo ¢ da Alsici ficaram presos nos campos de detencio até o fim da guerra, Os limites impostos pela realidade do contfito & engenharia demog. Himmlerevidenciatam.se plenamente no caso de Zamose, cidade co sul de Lal ‘onde se fez um esforgo especial para criar uma comunidade planejada de Vol Aeutsche, Trata-se do tinico caso em que a ssquase conclu seu pro} ‘edo. Mais de 10 mil poloneses tiveram de deixarsuas casas para dar ligaz aos colo- nos alemées; a metade desses poloneses fugiu para as florestas, juotou-se & resisténcia e passouta atacar fazendas ¢ aldeias; orestante foi submetido atriageme deportado, porfalta de pureza racial. Numa érea onde ainda viviam 26mil uccania jaalema da moderna colonizacio do Leste, ida colo Noinicio de 1944, era abandonar © projeto e transportar os colonos para o Oeste: os ataques as fazendas eram fre Abentes e os homens dormiam nocampo irrealismo basico de seus projetos. Mera tatica de fronte! Habsbargo sem a flexibilidade potitica dos Habsburgo, seu colonialismo racista estaya fadado ao fracasso. Inspirou tamanho édio entre a populacio local que, na dos auséncia de “uma poderosa maquina pol Jo havia como Berlim reunir 0 nuimero de colonos necessarios para manter a posse de extensas dreas da antiga Unio Soviética, No longo prazo a estratégia de Hitler consistie em ver "100 milhdes de alemaes assentados nesses territérios”. Mas tal nfimero era inexisten- te. Os nazistas quetiam transformer os alemfes em camponeses, porém muitos se recusaram, & duvidoso que, a0 voltar do front, os herbis de guerra tenham exalta do, como Himmler acredicava, por ganhar como recompensa um sitio na Polfnia una Verda.” Amedida queoExército Vermelhoavangava, o projeto de colonizacio sedes- fazia. Entre agosto de 1943 e julho de 1944, foram deslocados para o oeste da Polénia cerca de 350 mil alemaes da Criméia, aos quais se seguiram outros da ‘Ucrania ¢ da Bielo-Rissic, Attica alemd da terra devastada impediu que muitos colonos permanecessem ondese encontravam, ainda que quisessem. No inicio de 1945, centenas de milhares de refugiados alemaes cisigirar se para o Oeste, para © Reich, num éxodo imenso e espontinco, Na mesma época, uma série ainda maisliigubre de marchas forcadas revelou © Jado negro do sonho racial. Na tiltima fase da solucao final, os campos de exter- miinio eos deconcentracéo foram fechadose, em alguns casos, destruidos, os pti sionciros sobteviventes tiveram de realizar longas marchas pela neve, rumo a0 Reich. Dos714.211 que ainda estavam nos camposem janeito de 1945, cerca de 250 il morreram nesse processo. Portris das marchashavia diversosmotivos—comoa relutancia da ssem per: :itir que os prisioneiros caissem nas miios dos aliados ¢ 0 desejo de exploré-tos como escraves. Emalguns casos, entretanto, as Viagens.apé ou de trem nao tinham nenhum propésite; parece que a intencao se resumia a “eontinuas por outros meios a mortandade generalizada dos campos de concentra Osprisionetros -morriam de fome, ¢ principalmente os que estavam to exaustos que no conse: gaia acompanharos outros eram espancados fuzilados. Além da truculénciada 8s, enfrentavem por toda parte a hostilidade ativa dos civis alemies. "Em Chris. judews?’.” Cabenotar que ndohé registro de alemfes executados porexpressarsoli- daviecade diante da ss, Mesmo assim, a desaprovacio e a indiferenca superavam a piedade: no infeio de 1945, com o fim proximo, muitos civis alemdes considera. ‘vase as principais vitimas da guerra e contimuavam cegos para o infortiinio dos prisioneiros que passavam por eles." "Nessa fase terminal do império de Hitler cafram as barreiras entre © mundo ordenacio da Volksgeneinschajte o submundo dos campos. Os prisioneirosemergt ram dos campos “como marcianos". Seus guardas jd no eram apenas homens da ss, obrigaclos a manter segredo, mas também soklados em retirads, ci nétios do partido, membros d funcio- juventuce Hitlerista. Os massacres ocorriam nfo aaisno perimetro dos campos, ¢ sim nas estradas, nosbosques e nos arredores das ‘dads aldeias alemas e austriacas.* O grande problema criada por essa matanga em larga escala consistia em livrarse dos corpos, que nos campos de exterminio eram queimados em pir Jmensas ou em fornes. Agora ji nao havia tanta facilidade em limpara sujeira da chacina aleatéria ¢ onipresente. Aodeixara regido de Lublin, os alemes tentaram apressadlamente —e sem sucess —esconderos vestigios do genocidio, Klukowski repistrou, horrorizado, “o odor de cadliveres em decomposicio no cemitério judaico”, onde se cavaram valas comuns, Em lugares como Nordhausen, Gusca ¢ Woebbelin as tropas aliadas que libertaram os prisioneiros dos campos obrigaram cidados locais nao s6 a inspecionar os montes de cadveres como a enterré.los, as vezes na praca central enos parques de suas elegantes cidades antigas.” ‘Vencido pela nausea, um sacerdote austiaco que entrou em Mauthausen dias depois da libertagao anotou: “Por duas ou trés vezes estive a ponto de vomitar. ‘Venho da civilizasdo. B aqui den:r0?[...| Que triste feito de nosso século arrogante, esse horror, esse mergutho nunva falta de civilzagio sem precedentes,¢ ainda pos ‘ima no coragao da Europat”. Mas fora dos campos osmortos também jaziam, Nos anos seguintes guerra, suas sepulturas pontilhavam as estradas da Europa central, ste que comissseslocais de cidiram remover essas manchas da paisagem,c domeimoriaiscoletivos edesfazendo-se dos testoshumanos, Surgita sagem rural recém-saneada, para oprazer de turistas eh: n uma pai. untes locais,* es abjetos partiam para entregi izacBo estavam inextrica ‘a guerra de Hitler visava a completa reconstit inha paralelo pretendiam uma dominacio ta & miétodos de governo da monarquia dual. No tocante 4 violéncia € ao racismo, 0 ‘mperialismo navista assemelha-se mais §ta¢ao européia ma Asia, na Africae — sobretuclo — nas Américas. "Quando comemos trigo do Canad, néo pensamos nos indios espoliados’, Hitlercomentou certa vez, durantea guerra. Emoutraoca- sio descreveu a Ucrinia como “aquele novo império indiano”. Contudo, se nfo ‘gostariam de ser governados como os ingleses governavam a India, 0s europeus ficaram chocados 20 softer uma experiéncia mais semelhante a que as populagées nativas das Américas sofeeram.* nesse pro} te, "Pio de mel e chicotadas”; assim Goebbels resumiu sua mel era insuficiente ¢ as chicotadas eram demasiadas. [Gresslebersraumn da familia européia de nagbes” promesia vida avs alemaes, uma existéncia incerta e preciria maioria dos europeus eo exterminio aos judeus. “Se a Buropa ndo pode existir sem nés, tampouco nos podemos sobreviver sem a Buropa”, Goebbels escreveus em sua fase pré-européia. Os alemies perderam a ‘oporrunidacle de dominar o continente depois de 1940, ea derrotadelesacarretou. fe. A visio original de Himmier concretizou-se — os alemfes propria cat concentraramse na Alemanha —, mas nio sabemos se ele teria. triunfo maneita como isso ocoreeu.” 6. Projetos para a Idade do Ouro ‘ina fia tongarasLases da democracta do sé XX. Por um breve instante temos urea operturidade de constr uanidace, ©. Streit, Union row ma época — ‘natugurar uma Kade do Our para toda asdeno sem sido tentados. tempo, ese ocorrendo voc Oreexame de valores © osfango hereto gue poderiam ter sat a guern doem meio ds rutnas,

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