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3502 MINISTERIO DAS FINANCAS Decreto-Lei n.° 155/92 de 28 de Julho presente decreto-lei finaliza a arquitectura legisla- tiva da reforma orcamental e de contabilidade publica, pela qual se estabelece um novo regime de administra- sao financeira do Estado primeiro passo legislativo para esta reforma estru- tural foi dado com a revisdo das bases contidas nos novos artigos 108.° a 110.° da Constituigdo: uma al- teracao da estrutura do Orcamento € dos principios € métodos de gestdo orcamental. ‘A nova Lei de Enquadramento do Orgamento do Es- tado, Lei n.° 6/91, de 20 de Fevereiro, veio desenvol- ver estes principios, garantindo a sua completa reali- zacdo, reformulando o sistema de execucdo orcamental, reforgando a responsabilidade por essa execugdo ¢ pre- vendo uma nova Conta Geral do Estado, cuja estru- tura coincide, no essencial, com a do Orcamento, de ‘maneira a permitir uma facil clara leitura e, portanto, uma melhor apreciagéo politica pelo Parlamento, Por seu turno, a Lei de Bases da Contabilidade Pi- blica, Lei n.° 8/90, de 20 de Fevereiro, contém o re- gime’de administragao financeira do Estado, destinado a substituir o sistema de contabilidade publica que ainda é, no essencial, 0 que havia sido introduzido pe- las reformas de 1928-1929 a 1930-1936. A realizagdo € 0 pagamento das despesas deixam de estar sujeitos ao sistema de autorizacdo prévia pela Direcgdo-Geral da Contabilidade Publica, conferindo- se assim maior autonomia aos servigos ¢ organismos da _Administragao Publica, Com efeito, ela passa a funcionar de acordo com o principio constitucional da desconcentracdo, podendo 6s seus dirigentes gerir os meios de que dispdem para a realizacdo dos objectivos definidos pela Assembleia da Repiiblica e pelo Governo, beneficiando dos neces- sérios estimulos para o efeito. O presente diploma, que desenvolve os principios ai estabelecidos, substitui 31 diplomas fundamentais da contabilidade puiblica que vao desde a 3.* Carta de Lei, de 1908, até ao presente. ( regime financeiro dos servios e organismos com autonomia administrativa constitu o modelo tipo. Este novo modelo permite uma definigdo mais rigorosa do Ambito da gestao corrente e principios de organizaco interna que o adequam a estrutura do Orgamento por programas. Através de uma maior racionalizagao, evita- se 0 desperdicio € conseguem-se assim poupancas or- gamentais. ‘A falta de uma contabilidade de compromissos traduzia-se num dos mais graves problemas da conta- bilidade publica, por impedir uma verdadeira gestdo or- gamental e um’ adequado controlo. ‘Ao introduzir a contabilidade de compromissos, estrutura-se nova contabilidade de caixa, mais adequada a uma correcta administracéo dos recursos financeiros, e, em complemento, uma contabilidade analitica, in dispensével a0 controlo de resultados. ‘Adopta-se um novo sistema de pagamento das des- pesas piiblicas, através de transferéncia bancaria ou cré- dito em conta ou ainda, quando excepcionalmente nao for possivel qualquer dessas formas, através da emis- sao de cheques sobre 0 Tesouro. Como deixa de haver tesourarias privativas, permitem-se novas possibilidades para @ gestao integrada da di DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 172 — 28-7-1992 E também revisto o sistema de realizagdo das despe- sas € da sua contabilizagao, no sentido da maior auto- nomia dos servigos. Desenvolvem-se 0s principios aplicaveis ao regime ex- cepcional dos servigos ¢ fundos auténomos, definindo- se 0 seu Ambito e atribuindo-se-thes personalidade ju- ridica e autonomia financeira e patrimonial. Finalmente, consagra-se um novo sistema de controlo de gestdo, de modo a conciliar as exigéncias da auto- nomia com as necessidades de um rigoroso controlo. Foram ouvidos 0s érgaos de governo préprio das Re- gides Auténomas dos Acores ¢ da Madeira, “Assim: No desenvolvimento do regime juridico estabelecido pela Lei n.° 8/90, de 20 de Fevereiro, e nos termos da alinea c) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigao, 0 Governo decreta o seguinte: Regime de administragia financeira do Estado Artigo 1.° Objecto presente diploma contém as normas legais de de- senvolvimento do regime de administracéo financeira do Estado a que se refere a Lei n.° 8/90, de 20 de Fe- CAPITULO I Regime financeiro dos servicos e organismos da Administragéo Publica DIVISAO I Regime geral — autonomia administrativa SecgAO I Princpios. gerais Artigo 2.° Ambito regime juridico ¢ financeiro dos servigos ¢ orga~ nismos da Administragao Publica é, em regra, o da au- tonomia administrativa Antigo 3.° Detinigto do regime de autonomia administrative Os servicos e organismos dispdem de créditos inseri- tos no Orgamento do Estado e os seus dirigentes s40 competentes para, com caracter definitivo e executé- rio, praticarem actos necessarios & autorizagao de des- esas € seu pagamento, no Ambito da gestdo corrente, Artigo 4.° Gestdo corrente 1—A gestio corrente compreende a pritica de to- dos os actos que integram a actividade que os servigos N.® 172 — 28-7-1992 DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-A 3503 € organismos normalmente desenvolvem para a pros- secugao das suas atribuigdes, sem prejuizo dos pode- es de direccao, supervisio ¢ inspecgdo do ministro competente. 2—A gestdo corrente ndo compreende as opcdes fundamentais de enquadramento da actividade dos ser- vigos e organismos, nomeadamente a aprovacao de pla- nos € programas ¢ a assungiio de encargos que ultra- passem a sua normal execucdo. 3 — A gestdo corrente ndo compreende ainda os ac- tos de montante ou natureza excepcionais, os quais se- ro anualmente determinados no decreto-lei de exe- cugdo orgamental. Antigo 5.° lano e relatério de actividades 1 — Os servigos ¢ organismos deverdo elaborar um plano anual de actividades, com uma clara discrimina- G40 dos objectivos a atingir ¢ dos recursos a utilizar, bem como dos programas a realizar, 0 qual sera apro- vado pelo ministro competente € serviré de base & pro- posta de orcamento a apresentar quando da prepara- G0 do Orcamento do Estado, devendo ser corrigido em fungdo deste, depois da aprovacao da Lei do Or- gamento. 2 — Os servigos e organismos deverao ainda elabo- rar um relatério anual sobre a gestdo efectuada, com uma rigorosa discriminagao dos objectivos atingidos ¢ dos recursos utilizados, bem como do grau de realiza- 40 dos programas, 0 qual sera aprovado pelo minis- tro competente. Artigo 6.° Orgeni s servigos ¢ organismos deverdo adequar as suas es- truturas a realizagao, contabilizacdo e pagamento das suas despesas ¢ ao controlo eficaz da respectiva gestao. Artigo 7.° Encerramento da Conta Geral do Estado 1 — Para efeitos de encerramento da Conta Geral do Estado, os servigos e organismos dispordo de um pe- riodo complementar do respectivo ano econdmico, para efectivacao dos pagamentos, até & data que for indi- cada em cada ano no decreto-lei de execugdo orga- mental 2 — Para os mesmos efeitos, fornecerio a Direccdo- Geral da Contabilidade Publica a conta de caixa com 5 pagamentos efectivos do respectivo ano, até & data ue for fixada no decreto-lei de execugdo orcamental. Artigo 8.° Regime duodecimal O decreto-lei de execucdo orgamental fixara em cada ano 08 critérios do regime duodecimal SECCAO II ‘Sistomas de contabiidade © administracéo Artigo 9.° Bases contabiisticas A escrituragdo da actividade financeira seré organi- zada com base nos seguintes registos: 4) Contabilidade de compromissos resultantes das obrigacées assumidas; 4) Contabilidade de caixa. Artigo 10.° Contabitidade de compromissos 1 —A contabilidade de compromissos ou encargos assumidos consiste no langamento das obrigagdes cons- tituidas, por actividades € com indicagéo da respectiva rubrica de classificagéo econémica, compreendendo: @) Os montantes, fixados ou escalonados para cada ano, das obrigagdes decorrentes de lei ou de contrato, como primeiro movimento da ges- tao do respectivo ano; }) As importncias resultantes dos encargos assu- midos nos anos anteriores € ndo pagos; ©) Os encargos assumidos ao longo da gestao. 2. — No decurso da gestio orcamental, 0 valor dos encargos que podem ser assumidos serd alterado em fungdo dos reforcos ou anulagdes das dotasdes orga~ mentais, bem como das variagdes nos compromissos, devendo efectuar-se 0 respectivo registo. 3 — Os montantes referidos nos numeros anteriores, relativos aos investimentos do Plano, serdo registados por projectos. Artigo 11.9 Contrates 1 — Os servigos ¢ organismos terdo obrigatoriamente de proceder ao registo dos contratos celebrados, in- cluindo o montante global de cada contrato, suas alt ragdes, escalonamento ¢ pagamentos efectuados, 2 —Nenhuma despesa relativa a contratos pode ser efectuada sem que caiba no seu montante global ¢ res- pectivo escalonamento anual. Artigo 12.° Reesealonamento dos compromissos reescalonamento dos compromissos contratuais de que resulte diferimento de encargos para anos futuros traduzir-se-4 em saldo orcamental, salvo se a utiliza- do das importncias remanescentes for autorizada, no proprio ano em que for determinado o reescalona- mento, por despacho do Ministro das Financas. Artigo 13.° Regito de cabimento prévio Para a assungdo de compromissos, devem os servi- 05 € organismos adoptar um registo de cabimento pré- Vio do qual constem os encargos provaveis. 3504 Attigo 14.° Registo das receitas 5 servigos e organismos deverao assegurar um 1 gisto de todas as receitas por si cobradas e das recei- tas que Ihes estiverem consignadas. Artigo 15.° Contabilidade de calxa 1 — A contabilidade de caixa consiste no registo do montante global dos créditos libertados, nos termos do artigo 17.° de todos os pagamentos efectuados por actividades ow projectos © por rubricas orgamentais. 2. — Nenhum pagamento pode ser efectuado sem que tenha sido previamente registado o inerente compro- misso. Artigo 16.° Contabitdade anal ia de gestio Os servigos e organismos devem organizar uma con- tabilidade analitica como instrumento de gestio. SEC¢AO IIL Ubertarso do. créditos Artigo 17.° Libertagio de créditos, 1 — Os servigos ¢ organismos solicitardo, mensal- mente, & Direccéo-Geral da Contabilidade Publica a li- bertagao de créditos por um montante que tenha em consideragéo 0 plano de tesouraria a que se referem as alineas d) ¢ e) do n.° 1 do artigo seguinte. 2 — Os pedidos de libertagao de créditos referentes ‘a despesas com investimentos do Plano serao efectua- dos com autonomia relativamente aos restantes Artigo 18.° Elementos 1 fornecer 1 — 05 servicos e organismos deverdo fornecer, den- tro dos primeiros cinco dias iiteis de cada més, os se- Buintes elementos justificativos: @) Balancete da contabitidade de compromissos as- sumidos até ao final do més anterior; b) Balancete da contabilidade de caixa com os pa- gamentos efectuados até ao final do més ante- rior; ©) Discriminagao de todas as alteragdes orgamen- (ais autorizadas até ao final do més anterior; 4) Descrigdo, por rubricas orgamentais, dos paga~ mentos previstos para o més, relativos a com- promissos jé assumidos ¢ a assumir; ©) Indicasao do valor do saldo existente entre os créditos libertados e os pagamentos efectuados até ao final do més anterior; J) Outros justificativos que venham a ser deter- minados por diploma regulamentar. DIARIO DA REPUBLICA I SERIE-A N.© 172 — 28-7-1992 2 — A libertacao de créditos 56 serd possivel quando tenham sido fornecidos os elementos referidos no ni- mero anterior. 3 — Os servigos ¢ organismos deverao ainda por & disposicao os documentos referentes aos pagamentos efectuados, com indicacdo rigorosa das formalidades realizadas ¢ sua fundamentagao legal. 4 — O ndo cumprimento do disposto no ntimero an- terior, que nao seja sanado até ao pedido de liberta- do seguinte, implicaré a devolugdo deste pedido, Artigo 19.° Recuss de autorizagio 1 — A autorizacao para a libertacao de créditos pode ser recusada, total ou parcialmente, quando se verifi- que a falta do respectivo cabimento orcamental. 2—A verificagdo de grave incumprimento, nas des- esas ja efectuadas, dos requisitos exigidos nas alineas a) ¢ b) do n.° I do artigo 22.° determinard a recusa do pedido seguinte a verificagdo, ficando ainda a rea- lizagéo das futuras despesas sujeita a prévia autoriza- do do drgdo competente para autorizar a libertagdo de créditos, até que a situasdo seja devidamente regu- larizada. 3 —A recusa de libertagio de créditos a que se re- fere o niimero anterior seré de imediato comunicada pela Direcedo-Geral da Contabilidade Publica ao mi- nistro competente, ao qual cabera mandar suprir os vi- cios que deram origem a recusa ou determinar, assu- mindo a correspondente responsabilidade, a libertagao do crédito. 4—A libertagdo de eréditos efectuada nos termos da parte final do nimero anterior sera comunicada, com os respectivos fundamentos, a0 Tribunal de Contas. Artigo 20.° Despesas sujeitas m dupto cabimento Quando os servigos © organismos dispuserem de re- ceitas consignadas, os pagamentos a efectuar por conta estas ficam simultaneamente condicionados a0 mon- tante global da receita arrecadada e dos eréditos ins- critos no Orgamento. Seccao 1V Reaizayio das despesas SUBSECCAO | ‘Autorizagio de despesas Artigo 21.° Regime geral A autorizagio de despesas serd conferida de acordo com as regras constantes dos artigos seguintes ¢ com as normas legais especialmente aplicaveis a cada tipo de despesa. N.2 172 ~ 28-7-1992 Artigo 22.° Requisitos gerais 1 — A autorizagdo de despesas fica sujeita a verifi- cagdo dos seguintes requisitos: 4) Conformidade legal; b) Regularidade financeira; c) Economia, eficiéncia e eficd 2-— Por conformidade legal entende-se a prévia exis- téncia de lei que autorize a despesa, dependendo a re gularidade financeira da inscrigdo orgamental, corres- pondente cabimento e adequada classificarao da despesa. 3 — Na autorizagdo de despesas ter-se-4 em vista a obtencdo do maximo rendimento com o minimo de dis- péndio, tendo em conta a utilidade e prioridade da des- pesa e 0 acréscimo de produtividade dai decorrente, Antigo 23." Competéncia 1— A competéncia para autorizar despesas é atri- buida aos dirigentes dos servigos e organismos, na me- dida dos poderes de gestdo corrente que detiverem ¢ consoante a sua natureza e valor, sendo os niveis de competéncia referidos no n.° 2 do artigo 4.° e 0s limi tes maximos definidos pela forma prevista no n.° 3 do mesmo artigo. 2— A competéncia a que se refere 0 mimero ante- rior pode ser delegada e subdelegada. Artigo 24.° ‘A autorizacao de despesas em conta do Orcamento do Estado deve ocorrer em data que permita 0 proces- samento, liquidagdo e pagamento dentro dos prazos que vierem a ser fixados no decreto-lei de execugao orca- mental. Antigo 25.6 Encargos plurianuais A assungo de encargos que tenham reflexo em mais de um ano econémico devera ser precedida de porta- ria conjunta do Ministro das Financas ¢ do ministro competente para 0 departamento a que perience o res- pectivo servigo ou organismo, salvo quando resultarem da execugdo de planos plurianuais legalmente apro- vados. Artigo 26.° Conferéne ‘A autorizagdo de despesas deve ser acompanhada da verificagao dos requisitos a que a despesa esta subor- dinada, a efectuar pelos servigos de contabilidade do respectivo servigo ou organismo. _DIARIO DA REPUBLICA 1 SERIE-A 3505 SUBSECGAO II Provessamento Artigo 27.° Definigto processamento € a inclusdo em suporte normali- zado dos encargos legalmente constituidos, por forma que se proceda a sua liquidacéo ¢ pagamento. SUBSECGAO I Liquidagéo Artigo 28." Definigdo Apés o processamento, os servigos € organismos de- terminardo o montante exacto da obrigacao que nesse momento se constitui, a fim de permitir 0 respective pagamento. SUBSECCAO IV Pagamento Artigo 29.° Autor so de pagemento 1 — A autorizacao e a emisso dos meios de paga- mento competem ao dirigente do servigo ou organismo, com possibilidade de as delegar ¢ subdelegar. 2 — Dada a autorizacdo € emitidos os respectivos meios de pagamento, serd efectuado imediatamente 0 respectivo registo. Artigo 30.° Melos de pagamento Os meios de pagamento a emitir pelos servigos ou organismos s40 os aprovados pela Direcgio-Geral do Tesouro. Artigo 31.° Prazo © prazo para emissio de meios de pagamento ocor- rera até final do més seguinte ao da efectiva constitu do da obrigacdo de pagar, nos termos do artigo 28.° € com ressalva do que se dispde no n.° 1 do artigo 7.° IBSECCAO V Despesas em conta de fundos de mancio, em moeda estrangeira e de anos anteriores Artigo 32.° Despesas em conta de fundos de maneio I — Para a realizagdo de despesas de pequeno mon- tante podem ser constituidos fundos de mancio em 3506 DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.9 172 — 28-7-1992 nome dos respectivos responsdveis, em termos a defi- nir anualmente no decreto-lei de execugéo orcamental 2— Os responsaveis pelos fundos de maneio auto rizados nos termos do nimero anterior procederdo a sua reconstituicao de acordo com as respectivas neces- sidades, 3 — A competéncia para a realizacdo ¢ pagamento das despesas em conta de fundes de maneio caberd a0 responsavel pelo mesmo. 4 — Os servigos ¢ organismos procederdo obrigato- riamente a liquidagao dos fundos de maneio até a data que for anualmente fixada nos termos referidos no not Artigo 33.° Despesas em moeda estrangeira A realizagdo de despesas em moeda estrangeira esta sujeita ao cumprimento das formalidades especiais constantes de lei prépria. Artigo 34.° Despesas de anos anteriores 1 — Os encargos relativos a anos anteriores serdo sa- tisfeitos por conta das verbas adequadas do orgamento ‘que estiver em vigor no momento em que for efectuado © seu pagamento. 2 — O montante global dos encargos transitados de anos anteriores deve estar registado nos compromissos assumidos, ndo dependendo o seu pagamento de quais- quer outras formalidades.. 3 — O pagamento das obrigagdes resultantes das des- esas a que se refere 0 presente artigo prescreve no prazo de trés anos a contar da data em que se consti- tuiu o efectivo dever de pagar, salvo se ndo resultar da lei outro prazo mais curto. 4 — 0 decurso do prazo a que se refere 0 mimero anterior interrompe-se ou suspende-se por ac¢do das causas gerais de interrupedo ou suspensdo da pres- crigdo. Scgao V Restituigtos Artigo 35.° Restitulgbes 1 — Devem ser restituidas as importancias de quais- quer receitas que tenham dado entrada nos cofres do Estado sem direito a essa arrecadacao. 2 — Se as receitas tiverem sido cobradas por meios coercivos, devem restituir-se também as custas dos res- ectivos processos. 3 — 0 direito & restituicdo a que se refere o presente artigo prescreve no prazo de cinco anos a contar da data em que deram entrada nos cofres do Estado as quantias a restituir, salvo se for legalmente aplicavel outro prazo mais curto. 4 —O decurso do prazo a que se refere o nimero anterior interrompe-se ou suspende-se por ac¢do das causas gerais de interrupgdo ou suspensdo da pres- crigdo. 5 — A restituigdo sera processada ¢ paga de acordo com as normas gerais aplicaveis a0 processamento ¢ pa- gamento das despesas piiblicas, com ressalva do que eventualmente se disponha em lei especial para certas categorias de receitas a reembolsar ¢ a restituir. SECcAO VI Reposirio de dinhoiros piblicos Artigo 36.° Formas de reposio 1—A reposigdo de dinheiros pablicos que devam reentrar nos cofres do Estado pode efectivar-se por compensagéo, por dedusdo ndo abatida ou por paga- ‘mento através de guia. 2— As quantias recebidas pelos funciondrios ou agentes da Administragdo Piblica que devam reentrar nos cofres do Estado serdo compensadas, sempre que possivel, no abono seguinte de idéntica natureza, 3 — Quando nao for praticavel a reposigdo sob as formas de compensagao ou deducdo, sera 0 quantita- tivo das reposigdes entregue nos cofres do Estado por meio de guia Artigo 37.° Minimo de reposigto Nao haverd lugar ao processamento de reposigdes, quando o total das quantias que devem reentrar nos cofres do Estado, relativamente a cada reposigdo, seja inferior a um montante a estabelecer no decreto-lei de execugéo orgamental. Artigo 38.° Reposicdo em prestaydes 1 — A reposigéo poderd ser efectuada em prestagdes mensais por dedugio ou por guia, mediante requeri: mento fundamentado dos interessados ¢ despacho do dirigente do respectivo servigo ou organismo processa- dor, desde que o prazo de entrega nao exceda o ano ‘econémico seguinte aquele em que o despacho for pro- ferido. 2 — Em casos especiais, poderd 0 director-geral da Contabilidade Publica, ou o dirigente dos organismos auténomos a que se refere a divisdo 11, autorizar que ‘© mimero de prestagdes exceda o prazo referido no mi- mero anterior, ndo podendo, porém, cada prestagao mensal ser inferior a 5% da totalidade da quantia a repor. 3 — Nao podera ser autorizada a reposig&io em pres- tagdes quando os interessados tiveram conhecimento, no momento em que receberam as quantias em causa, de que esse recebimento era indevido. 4-— As reposigdes efectuadas nos termos deste ar- tigo ndo estao sujeitas a juros de mora desde que o Pagamento de cada prestracdo seja feito dentro do res- pectivo prazo. N.° 172 — 28-7-1992 DIARIO DA REPUBLICA ~ 1 SERIE-A 3507 Artigo 39.° Relevagio 1 — Em casos excepcionais, devidamente justifica- dos, 0 Ministro das Financas podera determinar a re- levagao, total ou parcial, da reposigdo das quantias re- cebidas 2 — A relacdo prevista no nimero anterior ndo po- deré ser determinada quando os interessados se encon- trem na situa¢ao referida no n.° 3 do artigo anterior. Artigo 40.° Prescrigio 1 — A obrigatoriedade de reposigao das quantias re- cebidas prescreve decorridos cinco anos apds o seu re- cebimento. 2— O decurso do prazo a que se refere 0 niimero anterior interrompe-se ou suspende-se por accdo das causas gerais de interrupco ou suspensio da pres- crigao. Artigo 41.° Emissto de gulas As guias de reposigio sero emitidas pelos servicos © organismos no prazo de 30 dias a contar da data em que houve conhecimento oficial da obrigatoriedade da Feposi¢ao. Artigo 42.° Pagamento 1 —O prazo para pagamento das guias de repos a0 € de 30 dias a contar da data em que o devedor tenha sido pessoalmente notificado pelos servigas com- petentes. 2— A apresentagdo dos requerimentos referidos nos artigos 38.° ¢ 39.°, dentro do prazo para pagamento, suspende 0 decurso deste prazo até a data em que for notificada ao devedor a decisao tomada e suspende 0 decurso do prazo prescricional referido no artigo 40.° até A mesma data 3 — No caso de 0 pagamento nao ser efectuado no prazo referido no n.° 1, as guias serdo convertidas em receita virtual para cobranca voluntaria ou coerciva, nos termos do Cédigo de Processo Tributario. DIVISAO II Regime excepcional — autonomia administrativa ¢ financeira SEccAo I Principios gerais Antigo 43.° Ambito 1 — As normas da presente divisio aplicam-se aos institutos piiblicos que revistam a forma de servigos personalizados do Estado e de fundos puiblicos a que se refere especialmente 0 artigo 1.° da Lei n.° 8/90, de 20 de Fevereiro. 2 — Os institutos publics, referidos no ntimero an- terior e designados nesta divisao por organismos auté- noms, abrangem todos 0s organismos da Administra- do Publica, dotados de autonomia administrativa e financeira, que ndo tenham natureza, forma e desi nagao de empresa publica. Artigo 44.° Personalidade e autonomia, Os organismos auténomos dispdem de personalidade juridica e de autonomia administrativa, financeira e pa- irimonial. SECcAO II Gestéo patrimonial financoira Artigo 45.° Sistemas de contabilidade 1 — A fim de permitir um controlo orcamental per- manente, bem como uma estrita verificagdo da corres- pondéncia entre os valores patrimoniais e contabilisti- Cos, 0s organismos auténomos utilizarao um sistema de contabilidade que se enquadre no Plano Oficial de Contabilidade (POC). 2 — Os organismos auténomos que, pela especifi dade das suas atribuigées, realizem essencialmente ope- ragdes de natureza crediticia, seguradora, de gesto de fundos de reforma ou de intermedicao financeira utili- zardo um sistema de contabilidade baseado no que for especialmente aplicado no sector da respectiva activi- dade. Artigo 46.° Patriménio 1—O patriménio dos organismos auténomos é constituidos pelos bens, direitos e obrigagdes recebidos ou adquiridos para o exercicio da sua actividade, 2 — Salvo disposigdes especiais constantes das re pectivas leis orgdnicas, estes organismos podem admi nistrar e dispor livremente dos bens que integram 0 seu. patriménio, sem sujeigdo as normas relativas ao domi- nio privado do Estado. 3 — Os organismos auténomos deverdo manter um inventério actuatizado de todos os bens patrimoniais, 4 — Estes organismos administram ainda os bens do dominio piiblico do Estado afectos as actividades a seu cargo, devendo manter actualizado 0 respective ca- dastro. Artigo 47.2 Receitas 1 — Constituem receitas préprias dos organismos au- t6nomos: @) As receitas resultantes da sua actividade espe- cifica; ') O rendimento de bens préprios € bem assim 0 produto da sua alienacdo ¢ da constituigao de direitos sobre eles; 3508 ©) As doagdes, herangas ou legados que thes se- jam destinados; @ Quaisquer outros rendimentos que por lei ou contrato Ihes devam pertencer. 2 — Para além das receitas proprias, estes organis- mos podero ainda beneficiar, nos termos da lei ou das normas comunitarias aplicaveis, de comparticipagdes, dotagdes, transferéncias e subsidios provenientes do Or- samento do Estado, do orcamento da Seguranca So- ial ou de quaisquer entidades publicas ou privadas, bem como do orgamento da Comunidade Europeia. Antigo 48.° Recurso a0 crédito 1 — Os organismos auténomos podem contrair em- préstimos dentro dos limites e nas condigdes fixados pela Assembleia da Republica. 2 — O recurso ao crédito serd sempre submetido a autorizagéo prévia do Ministro das Finangas Artigo 49.° 1 — A gestdo econémica e financeira dos organismos auténomos é disciplinada pelos seguintes instrumentos de gestéo previsional: @) Plano de actividades; ) Orcamento de tesouraria; ©) Demonstrasao de resultados; 4) Balango previsional 2 — 0 orcamento de tesouraria a que se refere a ali- nea 6) do niimero anterior devera ser elaborado de acordo com 0 esquema de classificagao econémica das receitas € despesas piiblicas, podendo ainda ser orga- nizado por programas nos termos do n.° 2 do ar- tigo 12.° da Lei n.° 6/91, de 20 de Fevereiro. 3 — No caso de se tratar de despesas com investi- mentos do Plano, o oreamento a que se refere 0 nii- mero anterior sera obrigatoriamente organizado por programas. Artigo 50.° Documentos de prestacio de contas 1 — Os organismos auténomos devem elaborar anualmente, com referéncia a 31 de Dezembro do ano anterior, 0s seguintes documentos de prestagao de contas: a) Relatério de actividades do drgdo de gestio; b) Conta dos fluxos de tesouraria, elaborada nos termos do n.° 2 do artigo anterior; ©) Balango analitico; d) Demonstracdo de resultados liquidos; @) Anexos ao balango ¢ & demonstracdo de resul- tados; J) Parecer do érgao fiscalizador. 2 —O telatério de actividades do drgdo de gestio devera proporcionar uma viséo clara da situagao eco- DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 172 — 28-7-1992 némica ¢ financeira relativa ao exercicio, espelhando a eficiéncia na utilizagdo dos meios afectos prosse- cugéo das suas actividades ¢ a eficdcia na realizagao dos objectivos propostos. 3—O parecer do drgao fiscalizador devera incidir sobre a gestéo efectuada, bem como sobre o relat- rio referido na alinea a) do n.° 1, avaliando da exac- tidao das contas e da observancia das normas aplicé- veis. 4 —Os documentos de prestago de contas sero remetidos ao Ministério das Financas, até 31 de Maio do ano seguinte. Artigo $1.° Balanso social Os organismos auténomos deverdo apresentar anual- ‘mente, com referéncia a 31 de Dezembro do ano an- terior, um balango social, enquadrado na lei geral, qualquer que seja 0 vinculo contratual do pessoal a0 seu servigo naquela data. SECCAO III ‘Aphcarko de normas do regime geral de contabiidade publica Artigo 52.° Aplicagio de normas do regime geral Aplicam-se aos organismos auténomos, com as de- vidas adaptagdes, as normas dos artigos 7.°, n.° 1, 8.9, 11.9, 12%, 21.9, 22.%, 25.9 a 33.° € 35.9 a 42.° do ‘presente diploma CAPITULO II Controlo orgamental Artigo 53.° Formas de controlo 1 — A gestdo orcamental dos servigos e organismos abrangidos pelo presente diploma sera controlada atra- vés das seguintes formas: @) Autocontrolo pelos érgdos competentes dos préprios servicos € organismos; 4) Controlo interno, sucessivo € sistematico, da gestdo, designadamente através de auditorias a realizar aos servicos ¢ organismos; ©) Controlo externo, a exercer pelo Tribunal de Contas, nos termos da sua legislagao propria. 2—A fim de permitir 0 controlo a que se refere a alinea b) do numero anterior, deverdo os organis. mos auténomos remeter trimestralmente ao Ministé- rio das Finangas: @) Mapa de fluxos de tesouraria, elaborado de acordo com o esquema de classificagdo eco- nomica das receitas ¢ despesas publicas; 6) Balancete acumulado com os movimentos tri- mestrais; N.® 172 — 28-7-1992 ©) Os elementos necessarios ao control de exe- cugio dos programas e projectos incluidos nos seus orgamentos. 3 — Os elementos referidos na alinea ¢) do nimero anterior sero também remetidos aos érgdos responsi- veis pelo planeamento, na parte em que respeitam ao PIDDAC. Artigo 54.° Resultados do controlo efeciusdo Os relatérios que resultarem das auditorias realiza- das seréo remetidos ao Ministro das Financas ¢ ao mi- nistro competente para o respectivo departamento, po- dendo ser solicitada a realizagao de uma inspeccao quando forem detectadas infracgdes ou desvios graves hha gestdo orgamental, CAPITULO IIL Disposigées finais e transitorias Arligo 55.° Apoio 20s servicos e organismos A par da sua acgdo fiscalizadora, compete a Direccao-Geral da Contabilidade Puiblica exercer uma acgdo pedagdgica de esclarecimento dos servigos ¢ or. ganismos a que se refere o presente diploma quanto melhor forma de observarem as normas de adminis- tragdo necessérias & racional gestao do seu orcamento. Antigo 56.° Aplicagie do novo regime tinanceiro A transigéo para 0 novo regime financeiro previsto no presente diploma far-se-a durante o ano econdmico de 1993, ficando salvaguardada a possibilidade de uma aplicagao anterior aos servigos e organismos da Admi- nistragao Publica que reunirem as condigdes indispen- savei Artigo 57.° Revogagio 1 — Sao revogados os diplomas seguintes Artigo 36.° da 3.* Carta de Lei, de 9 de Setem- bro de 1908; Artigos 3.°, 5.°, 7.° a 10.° e 12.° do Decreto 1n,° 5519, de 8 de Maio de 1919; Artigo 4.° do Decreto com forga de lei n.® 13 872, de I de Julho de 1927; Artigos 5.°, 6.° e 8.° do Decreto com forsa de ei n.® 14 908, de 18 de Janeiro de 1928; Decreto com forga de lei n." 15 039, de 17 de Fe- vereiro de 192 Decreto com forga de lei n.° 15 465, de 14 de Maio de 1928; Artigo 7.° do Decreto n.° 15 798, de 31 de Julho de 1928; DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 3509 Artigo 3.° do Decreto com forga de lei n." 16 670, de 27 de Margo de 1929; Decreto com forca de lei n.° 17 730, de 7 de De- zembro de 1929; Decreto com forga de lei n.° 18 381, de 24 de Maio de 1930; Decreto n.° 19 706, de 7 de Maio de 1931; Decreto-Lei n.° 23 117, de 11 de Outubro de 1933; Decreto n.° 24 987, de I de Fevereiro de 1935 Artigos 1.° ¢ 4.° a 6.° do Decreto-Lei n.° 25 299, de 6 de Maio de 1935; Decreto n.° 25 $38, de 26 de Junho de 1935; Decreto-Lei n.° 25 558, de 29 de Junho de 1935; Artigos 5.° ¢ 6.° do Decreto n.° 26 341, de 7 de Fevereiro de 1936; Decreto-Lei n.° 27 223, de 21 de Novembro de 1936; Artigos 1.° € 2.° do Decreto n.° 27 32 Dezembro de 1936; Decreto-Lei n.° 34332, de 27 de Dezembro de 1944; Decreto-Lei n.® 34 625, de 24 de Maio de 1945; Decreto-Lei n.° 38 503, de 12 de Novembro de 1951; Decreto-Lei n.° 41 375, de 19 de Novembro de 1957; Artigo 13.° do Decreto-Lei n.° 42 800, de 11 de Janeiro de 1960; Artigo 10.° do Decreto-Lei n.° 48 059, de 23 de Novembro de 196 Artigo 3.° do Decreto-Lei n.° 49 397, de 24 de No: vembro de 1969; Decreto-Lei n.° 737/76, de 26 de Outubro; Decteto-Lei n.° 439-A/77, de 25 de Outubro; Decreto-Lei_n.° 265/78, de 30 de Agosto: Portaria n.° 374/78, de 11 de Julho; Decreto-Lei n.° 324/80, de 25 de Agosto; Decreto-Lei n.° 459/82, de 26 de Novembro. de 15 de 2 — Durante 0 ano econémico de 1993, mantém-se em vigor as normas necessdrias a regulamentagao das situagGes resultantes da transicdo a que se refere o ar. tigo anterior. Antigo $8.° © regime estabelecido no presente diploma bem como as bases gerais definidas pela Lei n.° 8/90, de 20 de Fevereiro, aplicam-se & administracao financeira das Regides Auténomas dos Agores e da Madeira, sem pre- juizo das competéncias préprias dos drgaos de governo regional. Visto ¢ aprovado em Conselho de Ministros de 30 de Abril de 1992. — Anibal Anténio Cavaco Silva Artur Aurélio Teixeira Rodrigues Consolado — Mério Fernando de Campos Pinto — Jorge Braga dle Macedo. Promulgado em 9 de Julho de 1992. Publique-se. O Presidente da Repiiblica, MARIO Soanes. Referendado em 13 de Julho de 1992

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