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(A CIÊNCIA DA VIDA)
I - Considerações:
Com a divulgação recente em quase todos os meios de comunicação dos primeiros
resultados do Projeto Genoma Humano e o grande interesse sobre os transgênicos, a
engenharia genética passou a ser alvo de atenção como ciência moderna. Mas, e no
campo do direito esta nova ciência já está disciplinada juridicamente? É o que
tentaremos analisar.
Há séculos a humanidade vem fazendo o cruzamento de plantas e animais com a
finalidade de melhora-los para sua utilização e consumo. No fundo tratam-se de
experiências genéticas feitas de maneira rudimentar e empírica, mas atualmente com
o desenvolvimento da biotecnologia, a melhora genética passou a ser feita de forma
cientifica, através de técnicas desenvolvidas por uma nova ciência integrante da
biotecnologia conhecida como engenharia genética.
II - Definição:
Engenharia genética pode ser definida como o conjunto de técnicas capazes de
permitir a identificação, manipulação e multiplicação de genes dos organismos vivos.
IV - Controle legal:
- Constituição Federal, art.225, §1º, II;
- Lei 8.974, de 5.1.95 (Lei da Biossegurança)
No Brasil o controle legal da engenharia genética está previsto no art.225, §1º, II,
da Constituição Federal, onde diz que é dever do Poder Público preservar a diversidade
e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à
pesquisa e manipulação de material genético. Assim, o Poder Público tem o dever de
preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético, bem como o dever de
fiscalizar os pesquisadores que manipulam material genético e ainda é obrigado a
controlar os métodos, atividades e comercialização de produtos ou substâncias que
possam causar danos ao meio ambiente, incluindo aí os relacionados à manipulação
genética.
Já, a Lei 8.974, de 5.1.95 (Lei da Biossegurança) veio regulamentar os incisos II e V
do parágrafo 1º do citado artigo constitucional, estabelecendo normas para uso das
técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos
geneticamente modificados.
B - Clonagem:
É a cópia de uma molécula de DNA recombinante, contendo um gene ou outra
seqüência de DNA que se quer estudar. É a reprodução assexuada a partir de uma
célula mãe, utilizando células geneticamente idênticas entre si a a célula progenitora. A
palavra clonagem vem do grego “klón”que significa “broto”.
C - Terapia genética:
É o tratamento baseado na introdução de genes “sadios” , para que possa gerar
proteínas saudáveis e substituir as defeituosas.
D - Transgênicos:
Um dos experimentos e resultados da engenharia genética que têm trazido mais
polêmica é a questão da produção de transgênicos na agricultura com a finalidade de
se evitar pragas, maior resistência às intempéries para aumentar a produção.
Estes produtos geneticamente modificados e conhecidos pela sigla GM
(geneticamente modificados) estão levando os cientistas, ambientalistas, produtores,
juristas entre outros, a muita discussão sobre a sua real utilização e conveniência. Em
grande parte da Europa há rejeição oficial e da população aos GMs, enquanto os EUA,
Argentina, Canadá, China, México e Austrália adotam em sua política agrícola este tipo
de produto.
Em nosso país a questão está no ápice da discussão, havendo contundentes
segmentos pró e outros não menos contundentes contra. Os que estão contra a
utilização dos GMs argumentam que por serem modificados geneticamente os produtos
não são naturais, perigosos e são potencialmente danosos ao ambiente, inclusive já se
fala em “poluição genética”. Já os favoráveis dizem que não há prova de danos à
saúde humana e ao ambiente.
De qualquer forma, a discussão ainda vai longe, pois faltam elementos técnicos de
experimentação científica capaz de dar subsídios concretos e seguros quanto aos
efeitos destes produtos, mormente por se tratar de novas tecnologias e produtos.
VI - Conclusão:
O nosso patrimônio genético poderá estar comprometido se não houver na
engenharia genética uma manipulação ou utilização consciente, sadia, correta, legal e
ética dos recursos que o compõem.
Por isso a comunidade científica, o Poder Público e os cidadãos conscientes devem
ficar atentos e fiscalizar a aplicação das novas técnicas da engenharia genética, seus
resultados e produtos, bem conhecer os termos de sua tutela jurídica e utilizar dos
mecanismos legais de proteção através da ação civil pública, em se constatando
cientificamente perigo ou dano ao meio ambiente.
Aí pode ter aplicação um dos mais importantes princípios do direito ambiental: o
princípio da precaução