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Flora Siissekind TAL BRASIL, QUAL ROMANCE? ums Sdeclogia estética ¢ sua histéria: © naturalismo Rio de Janeiro 1984 ‘Tal Brasil, Qual Romance? Promo een eens J a | ‘obra sem a prévin autorizagho da Editors, ie SUMARIO. Copa ‘Angelo Venosa a Nowa 9 Rachel Teixeira Valenga, Preticio de Luiz Conta Lima 11 Composit: ores. 1% Parte: TAL BRASIL, TAL NATURALISMO 19 Capitulo 1 Uma analogia: familia ¢ exten 21 Famfia: lags de sangue ou semelhanga? 24 ‘A tradigho cultural e suas bofetadas 28 (© pai lterdrio « seus rebentos 29 Paternidade, autoria ¢ nacionalidade 32 ‘Uma linguagem-sé-transpartocia 34 ‘A busca de uma identidade nacional 36 Naturalsmo dependéncia 38 Capltulo 2 — Uma ideologia exética: 0 Natratione 40 ‘As “epetigdes" naturalists 47 ‘A representagto lierrin de ideaidaden 44 ‘A esttica naturalita sues tranormagiea 46 A dependincia de 2° gnu $4 Importapto, traduedo ou trigla? 56 ‘A tedusho do narurallame « sua “eoatianidede” 59 Capitulo 3 — Bure 9 labirino ¢ 0 crewlo 61 | ‘A Hinédas evloqio cu rope? 62 ‘A rapeiato 62 Repetnte Comervadors x Repatio Dilerncal 64 ‘A ropeticho histica segundo Marx. 65 ipeticto segundo Freud 69 fetornot naturalists © tons diferengas 72 ‘repetigho signifies traeformagho 74 omologin sempre impossivel 77 ‘A analogia: um efetio 79 A etdten tate fisioligica” 82 as "A estdtica fase jornlistica” 87 29 Parte: TAL NATURALISMO, QUAIS ROMANCES? 89 Capitulo 4 — Ler para ver 91 ralismes de dois gumes 92 ‘A predominincia de um gume contervador 94 Os truques naturalists © 0 aplauso do pablic leitor 95 Une “herpes que pened Se ‘A obsessio pela "vsibilidade” do Werdrio 99 ‘A estéticn do visfvel” 107 (© microsctpio, o telescépio, 0 rio X 105 Discurso mimétic, letor mimético 107 Fregto e cidncia 107 ‘Uma Iégica da tnalogia 110 Deis e dois: cinco 112 © naturlismo tem seus “mocinhos” 176 A estdtica naturlista: uma invengio de Morel? 115 nwusos! 117 © ‘ctor: ponto de fuga das repeighes 118 5 — 0 caso, 0 clo, a nformasfo 120 a do pas de inrce A donetuarea 120 1 preteréncin pelos “exon de tempertmento™ 120 Gentisagio dt lingungem Wert 133 Or caor de here 12s saa ic © owe Gov on _127 “souores” don romances eo» ‘aelerunis” de viada. do veel 130 — Ya tenn pradete © consevadorn 131 neato, ov camiss de forge 132 the de fart v de cit 133 feath a0 atraiomo do sclo XIX 133 ear ashaginon 136 ‘Adolfo Caminha © seus “exteriores” 137 ‘Um corte contraditrio 138 ‘A t6 na citncia natural 142 Lusle-Homem: entra em cean a Sabedoris Popular 142 ‘A douasla-querrera: um corte nou “caso clinicos” 144 ‘As berderas do pai: assimetria e morte 147 Da heredtariedade & heranga; da bioloia A economia 149) A Terra: Do Herdeiro ao Proprieério Burguts 150 Os beat do sangue 151 Herderorsem-ierra 152 ‘A morte do herdeiro; © vigor do capithodeindtstin 154 (© relnado de economia 155 Don lagos de sangue aot de propriedade © classe 157 (A teleologia materatista 160 (Os eictos dor anos 30 (José Lins ¢ Jorge Amado) 161 © clo familiar 163 ‘Giclor de transformagtes econtmicas 164 Por que 0 ciclo? 166 Os livros de meméria 166 Os romances cielics e 0 assasinato dos coronés 169 Graciliano: a série em lugar do cielo 170 A Informario: Quatro Othos ou wna Cémera? 172 Quanto maior o corte, maior 0 band-aid naturalist 173, Entre « narraglo e a informasto 174 © Repéntersaberudo 176 Onde se 18 "reporter", lense “tociedade brasileira” 179 © silrcio da Histéria, a vor da Crénica 187 Romance-reportagem e alegora nos ance 70182 ‘Um corte poftco na slegoria jormalisice 184 Queir-Olhor: da alegoria a ironia 186 s livres (estrangeiros) na estante 188 Zero: da informagto a0 fragmento 190 ‘A “nedrose de herofamo” 190 Plimpim, plim, plim 192 © que 6, 0 que é 0 Brasil 193 CCapttalo 6 — Um romance-etrato do lado debatro do Equador 198 Refertncas Bibliogrficas 199° 1* Parte: TAL BRASIL, TAL NATURALISMO Capitulo 1 UMA ANALOGIA: FAMILIA E ESTETICA ‘A um fiho parecido com 0 psi dz-se com orgulho: Tal pal, I flho. Quanto maior a semethanca, maior « énfase orpulboes no {al que se repete. E 0 reconhecimento de algum gro, de algoma ce ractersticn patema marcante, sea ele fisice ou intelectual, costuma ser o que de mais sublime se v# no flho, Dele se exige, quando nada, ‘© duplicagto de qualquer marca reyistrada da fafa. Dele se er pera a semelhanca, a continuidade, a repetigio. Olha-se para 0 f- Tho © espera-se que tenha sido tathado & imagem e semelhansa 40 i, Pouco importa se 0 que se repete no & grande coisa; pode se Iratar tanto de um trgo patolégico como de algem talento especial, © ongutho € 0 mesmo. Ea semethanca 0 que se splaude 40 dizer ‘Tal pai tal ftho, © que importa ¢ 2 garantia do reconhecimenta eum no out. Filigfo ¢ pateridade definem-se em melo s um jogo familar de semethangas, onde do filho se exige que seja wma atualizaglo do semblante e das atitudes patemas. Fiiaho © pateridade det- femae numa unidade eapecular. Ao fo nfo cabe ser outro « tim & imagem refletida do pri. Quando slo demusiadas as dite fu, quebra-se a poutbilidade de reconhecimento mitwo, frature- fe 0 cireulo familar numa inquictate eatranhezs. A maxima tal pili, tl iho, dite chia de orgulho, fice subatialda de repeate pala inguietagSo de uma familia, cujon lagos sangliaeos « biologics oe ‘em subitamente confrontados a comportamenios « tapos etre ie hos e infigis a0 corpo que deveriam repetir. Quando se quebra hhomologia entre pei efilho, os elementor da mérima se invertes © la se abce em divide: Tal iho, qual pat, ‘Como numa corride “de-reveramento onde, vem motivo ape- res, wm don cexquecesse 0 bastlo, wocatie de grupo ou bandonasse a competgio sem lgar aoe demi, talver tej impor. sivelevitr a extrnheza ao se perceber oum fino nfo a continul- ddade_pela serielhanga, mas a rupture pel die «propria famfin sem os estetos lagos da heranga, do reconbec- mento mitvo, da semelhanga, “Meu pai me deu minha sina", diz o Se Bexiguento de Grande Seriéo: Veredas. “De que era que eu tinhe tanta, calpa?”, pergunta-se, por wa ver, © narrador de “A Tercera {fem do Rio", incapaz de ocupar 0 lugar do pai, substtuindo-o, na fanoa que corre rio absixo, rio acima. Além de serem ambos per tonagens de Guimartes Rote, de comum entre a aceitagho 8 culpa do outro entfo os lagos de fanvlin. THo fortes que fa ‘zm da liberdade eristencil, “sina”; da impoténcia, “culpa”. Co- ‘mo impedir a culpa ou a inguetacho quando a uit tal jé no € mals omivel screscentar-se simetricamente outro, quando a repeigho. 22 {oma invigvel, © wma interrognsdo subsitul » cere da mAxima? ‘Como sair da'margem quando nfo se consegue ocuper © light pre- visto na trajetia familiar? Quando aio se agarra 0 bastio da 30- smelhansa, garantindo & fami 40 a0 tal pai nfo sucede um tal fhe, nfo € apenas a méxima que ‘© quebra, mas um misto de estranhera e angistia que substitl a {amiliaridade do parentesco. ‘Um tal € ontro nem sempre, no entanto, 4¢ acham ligados por lagos de semethanga entre + imagem do filho © o modelo, pateme, ‘Se pensamos no modelo famine préprio a uma sociedade feudal ov 4 um grupo social evo poder eneja calado ma “pureza de angue”, ‘so of lapos de scnquede no os de semethonga) x garantia da con Imuidadé @ do poderio familiar. AS faniliag reais ov nobres norm ‘mente costumam ter sucesso dos seus privilégios garantidn de pei ra ftho apenas pele nome e pelo\sangue,) ‘Com a forga de ui pesamento Hberal tobretudo partir do séculoXVIMI e com as vitérias burguesss, tansformam-se_ igual ‘mente of lagos de famfia, Quando se pasta de ume ordem feudel ra uma sociedade borguess no hi como recorrer a pureza de Sangue ou a Arvores genealégicas caja seiva esteja tinta de. azul 2 Seria. o mesmo que jogar por terra s ética do trabalho © do desem- ‘enho individual e on fundamentos ipualitrios © iberas de orden argue ‘A temethanga subs of citron de sangue tuando nfo mal pomivel mant¢os. Quando a familia passe'a et vista sogu o 4 racionsldade burguese. Sepindo um iberlione que afm jvridicamente-& igualdadejentre os homens © nilo pode, portanto, te ‘como pontos 8 apoio « nobreza de sangue ou © nome de familia. , sums sociedade como a bratira onde chega a soar ridlcls -sxigtncia de “pureza’ em meia{a mesticagem © §aculturacdo} Aqui ‘isturam-e os lapos tagam-e genealope com tase as de sangoe ¢ ne semethanca. Frente 2 una cadeia de tangue neces stramente “impure, reste pergunar obervando ov fen: “Com ‘Como a tribo dos auseanct, cxjos covtumes extdo descr tos por Herédoto em “Melpomene”, 0 Livro IV de tun Hinéia Se ribo no inclui entre os seus hibitor « vide em tells, ln ilo impede que tenham um método proprio para o extabeleciment de paternidade: “quando as criangs crescem, slo poss perante assembiéia dot homens, que se reine, a cada trts meses, © entre sues Aqueles com quem mais se auemelhem” (53, p. 155-6). De fermina-se a filagio a partir da semelbanef. E, para eles, « inter rogacto “Tal filho, qual pai?", loge de causar extranhecs, & per sunta corriquira e, de tempos em tempor, necesiria para que, sm constrangimentos, se distribuam as criangas entre ov homens d& trio. Bem diferente € a entonasio de interrogacto iddntica quand serve, por exemplo, para que mais se confirmem at surpeitas de um sdultério de Capitu por parte de Beatiho no Dom Carmurro dh Machado de Asis. Bentinho olba para o ftho Ezequiel « 46. cov segue perceberenele semelhangas com seu amigo Escobar. Nenbu ‘rago fisico, neakum gesio que lembre os seus préprios. Tedo fh ‘com que pense em Escobar. Diante de Ezequiel, acirrade « dvi ‘da; “qual pai"? Divida que, 20 contririo da pectica_assembits ‘dos auseanos, por pouco mo leva Beatiaho #0 atuassinato da crian ‘58 00 29 sulcdio. ‘Se nfo ccprre 0 assasinato literal do menino, Bentinbo opt por gesto cujo'retultado acaba seado o metmo: alasta Capita Ezequiel de seu convivio. Passam a viver nu Europa © 0 breve re ‘oro do fio, muitos anos depois, se faz seguir rapidamente de ra 23 morte. Se o pai ndo o mata com um café envenenado como ficara fentado a fazer quando comeca a aché-lo demasiadamente pares: do com o amigo, mata-o tempor depois enquanto narrador do 70. mance. De uma forma ov de outta, 20 filho que nfo teflete © mo- elo paterno parecem estar pouces saidas slém da “eulpe” do iarador de'“A Terceie Margem do Rio" ¢ da “morte” de Eze- 4quiel. A diferenga € paga com um alto prego. E nfo apenas pelo fiho. Também Bentnho fica cortada qualquer potivel continu dade através de Ezequiel. O narradot mata seu filo e personagem € fica condenado, simultaneament, & esteriidade, Familia: lacos de sangue ow semethanca? Tio fortes quanto os igor de semehangs so 8 galhos de uma drore genetic, pela gual crcun © sung fi Ble to ie qe agum dos seur ramos cape so Peo © h sombre dot ‘dis Uns prendem os outro como tan ue nfo 3 poder 20 tur sob o isco dese esfarer ao mesmo tempo toda oentdads familiar Quando nfo se conte reper ©- modelo pater, nfo € apenas pra fio que se vola-s alist, mes pun toa a fe Din cajas pretenses de ‘continua eam meagre. al, 2 air 0 desinime «oe aurcinento o Senador Thomas Budderbrook, deomene proper. Slonais tonite de oe 0 fho Hao no pone une si tapas de dar continidae be tales falas en Or Buddenbrook 42 Thomas Mann Vampirescamente @ membro mais jovem deve revigorar tode 1 fevore, Quando se recon s bce a Beno familar, quando 20 invés de hereditaiednde percehemae diferenes, ¢-0 pal quem oe torn repeniamente “enti” Slo, sm ienidade 69 coahe, cinento ‘em miniatura qe buscars'no ih. Sem eperngy ds contneaso, 9 cnforo. da paernidde, ab the rea © tenehec tora sinGnimo 1d) percederse que, ‘Por maior que tenis sido a drvore onde se infereve © nosso corpo. ™ ‘esta apenas um “duplo trago” cortando todos os ramos seguinte 120 nosso, A romper com a continuided idenidade patrareal—A indicar que a0 sl ‘mai 5, que pela Arvore alo cicularh mais um sa0gu forte, mas ume seiva fraca, impotente, ‘Exemplar, nesse sentido, € a cena de Or Buddenbrook em qo Hanno observa com ceria indiferenga a drvore geneslgica da fem lia: "Ox olhos passearam por sobre todot oF nomes matculins femininos que al estavam sgrupados, uns em cima ¢ 40 lado do ‘outros, em parte escritos com letra chen de arabescos « vaste Ia ‘das, A moda antiga, com tinta que, empalidecendo, se tomar ‘amarelenta ou mostrava restos de arein dourada nos lugares onde ‘pena carregara muito...” (67, p. 493). Até que chegn 20 seu pré prio nome — Justus Johann ‘Kaspar. Apanha entlo « régus 4 ‘aneta.¢ “de rosto calmo € com dlligénca distralda, mectnica sonhadoramente, tagou com a pena de ouro uma tela ¢ limpa J nha dupa através da folha inteira™ (67, p. 493). Descoberto mal tarde 0 seu gesto, interpelado pelo pai que bate em seu rorto con © eaderno onde se encontrava a geneslogia dor Baddenbrook. "Ma ue quer dizer com iss07 Que the deu na venets? Responda! Com inventou esta asneira”, perguntue 0 pal. Ao que responde ge utjando Hanno: “Eu pensava... pensava... que no viaha mai nada..." (67, p. 493). Nio € ivfou que © golpe recebido por Hanno & dado com ¢ livro onde se oncontra a drvore eneslégice dot Buddenbrook. ‘como se no gesio paterno se juntasse o peso de toda a tradigto fe iar. Nio & 56 0 Senador Thomss Buddenbrook que v8 frustrada suas esperangas de ter o seu lugar ocupado pelo fio. & Hanno < imo elo dos Buddenbrook com 0 future, com a traigio, Qua: do traga uma linha dupla sob seu nome, é também toda a esperan sa de descendéncia © grandeza dt feria que fice, junto com pigina, anuleds, NSo € apenas para sus propria sensofdo de este filldade que aponta o pequeno Johann, mas toma igualmente ing tei todos os gestos e esforgos do pai. Com linha dupl inditerenga, tn rilia que ameaca. Dai, a bofetada pater vir mediads pelo’ cader no onde estio escritos a ouro ot nomen de todas ax geragtes qu © precederam. Hanno tris sinda mais do que Ezequiel as expecativas pater fas. Aparentemente se astemelhava 40 modelo fisiontmice do a Buddenbrook. Ov, como pentava, experangoss, tux ti: “Ho pod ser em vio que ele se parecin tanto com 0 Bisavé". (67, p. 646). Se, no entanto, “no fsico e porte demonstrava véras ceracteritl- feat da fanvlia paterna", no ltimo contrariava tht temethangas. Pa ‘eco com 0 bisa, herdeco de teu nome, nem seguiu a tlhe que Ihe fore tagada, nem se rebelou contra ela, Nem se senta atrido pela vide piblica do psi, nem ee vollava totalmente para a ative ade de misico. Come 0 narrador de “A Terceira Margem do Rio” Hanno nfo substi o psi, nem consegue fugit a ume paraliia que fequet se transforma em revolla. Consegue apenas te ver como al- fiodm irremediavelmente ests: "Nio tenho sequer o dejo de Tornarsme famoso, Tenho medo disso, como se af houvesse alguns coisa que nto fosse diretal De mim nto pode surgir nada de bom: convenga-se!” (67, p. 685). A mesma indiferenga ‘com que tragara 1 Tinh dupla na frvore genealégica marceva todas as suas atitudes, [Nilo € como rebelde que Hanno mata of Buddenbrook. Ao contrério, assemelbite not minimos detalhes a eles. Dal, a etpe- range de se ter nele um “continuador” © a expectativa do pal que com satstho dizia de si para si que, por mais gasto ¢ deverpe- ado que ele se sensse com resplto Asn propria pestoe, sempre ‘sabia acalentar sonhos animadores de um futuro cheio de atividade, teabatho prtico © despreocupado, éxito, Iuero, poder, riqueza € hhonrarias, quando se tratava do pequeno herdeio” (67, p. 377) -Expectativafrustrada por um herdeiro sem desejos ¢ sem rebeldas ‘ue, diante do futuro de subsituto do pal com que Ihe acenevam apenas “fechava os olhos, num arepio de relutincin medrota” (67, . $84). Reluttneia medrosa mas caper de aumentar cada vex mais 1 diathncia entre Hanno eo peril do herdeiro detejado pelo Sena- dor Thomas Buddenbrook. O resultado de tal distanciamento & ua dupla morte. Incapaz de ver no filho, parentemente Wo ‘continuagto desejads; incapar de dar & vide qualquer destino qve ‘bo 0 de pariarca na familia Buddenbrook, morrem, um logo depois 40 outro, Thomas e 0 pequeno Johann. Hanno € Uo parrcida ‘quanto seu pai filicda. & a enteiidn: 4 do filho que acelera 0 enfraquecimento progressivo de Thomas, , por sua ver, a morte do pti, © de todas as expecttivas de um futuro promissor para o filho, um incentivo para que se tome ainds maior a sensacio de impottncia de Johann. Ou, como observou ‘Walnice Nogueira Galvio em "Do lado de cé", a respite de "A Tercera Margem do Rio": “O que fca entre nbs € a mone, 0 que nos protege da morte, € 4 geragho precedente; quando eis’ more somos os préximos da fila, desapaeciéa x barreira de proteo (50, p. 39). iso, no que se reere 0 fhe, Quanto 20 pai, dese parece a “bari de presto", 0 compromiso com a vida, quar ( fo percebe que o que Ihe pareia ser um "herdir" wma “deseo ( ‘tncie, representa efetvamente. um ponto final. Quando 9 qos.) parecia “teva”, “sangue™ a fortlecer ot lgos failiares, destat ex fen Inox quase com indilerenge. Apenes com uma linha dopla tre ‘Como no poems “Comunhio" de Drummond, incu em A Fava que Ama, ca rostosteilinres eth apagados, mori, até que ‘um descendente agarre 0 batho da contiuidade, Ceso contro, ‘exaparecem of rotos¢ ri, com maior ou menor extrondo, 8 cast patera, Vejusae 0 poems “odes ot eat moron euteam de pt em del, Nec tit rowo. Erm recooheiei Da expreie conor! ¢ pe gue dia Fo alen de our rowp si Sa mda 1 eco rupee no ancl fem venin éthom tris roo. © que iim ‘Sars veges, Tor elie me mio, oben Not am hapa ya wu rode Lenten far exept. Stra tedot Fen, Hominadon quando 0 herdeiro ocupa o seu “Ivar vari ma rods” que su- fem "todos os roses, luminados". Permaneceram ‘condenados 1 ‘Sbrcuridade ato © gar permanecee vago, » dscendencia inte rompida, » continuidade covtada. Repeteae Tal pl, tl flo com « fequransa_de uma descendénia sbrqurada eles gerghen que cedar Flor que ocypam seu lpar ag “rods” familar Komp {Trepetighe gercional de um tol és. outro, Reaia eso 8 ‘srt TG sto “te angus” on tgos familiares 96 porque seus mem tos tem ms vias Menno sangue © idéncon traps hereon Sobretodo porque, se rompides, © revltado costume ser vileno, Exerlidade ¢ finitude para o pai orlandade « impottncia para © yy fio, Ea simetsia da mésina retora, tendo por elxo a morte para “ambos os tados. Quando do Tot pai, taf flho pasta-se para 0° Tal {ith qual pai? destarem-se simetias, lags © descendéncies, E, me- laforicamente ow nfo, 0 corte dos lagot ¢ semethanges com a fa rilia € que cottuma ter “de sangue” ‘Hanno Buddenbrook recebe no rorio & bofetada paterna me- diada pelo livro geneal6gico de sua familia. Entretanto, nem o Pa triarca suja 8s mos, nem do rorto do flho chege a ser Hterelmens fe sangue. Ao contrrio do que corte com um personagem que, ‘como Hanno, ousa romper 1 continuidade de lages exiremamente eatrcitos. Tratase do Aviodidats de Nduses, A tradicéo cultural ¢ suas bofetadas io slo a rvore genesligica ¢ a casa paterha que te véem ameagadas pelo personagem de Sarre, mas tma cad igualmente sacraizados: a tradi altura Na tua iva de sedugio de um garotinho, © Auiodidata coloca em joo 4 assepia, o carder saprado e dewrotizado do templo do sabe. ‘Traz para a Biblioteca a ambiglidade de tm comportement social- mente condenivel e 0 desreypeito pelas normas de conduta a ele Dreserits enquanto “ilho” e "aprendiz” de wma cultura guardada, Tosa que Ihe era permitido até entfo 0 Como Hanno, que mancha s frvore genealigica com um trago, 40 ser expulso da sla de letura, 0 Autodiate, depois de esbofeteat do, deixa no chlo, & ports de entrada da Biblioteca, uma mancba de sangue. Mancha 0 espaco sagrado da Biblioteca com um comport ‘mento condenével, e sinda com seu préprio sangue. E, a0 seu afas- {aumento do imponeate prédo, se fax acompanhar 8 observagto de An- toine Roquentin, narrador de A Ndusea, de que na soleira da por: tw havia uma mancha de sangve, em forma de extela, NBO € sem botetad pune aCdesobeditnig aos lagos femliares. ov & Iradiglo Iterfvia, Seja na-case paterna ou na bibiotece, qualquer ‘esto que rompa a identidade familiar ow cultural recebe 0 seu cate ESET) votncincom gue patirch« 4 biltecn pre- sera os gon ue ‘acalagtoe contoudade La Soe ao rouo Go pequeno Iona adh» Aros geneslopa. que ‘ortara com um duplo trago. Esbofetei-se com forga 0 Autodide- ta, capaz de manchar a silenciosa sala de leitura com wm seasurrane te exbogo de sedugio homosexual. A ouro mancha Hanno a tre Pateidede, autora naconldade parecem ser, porunto, 7? exsa que nfo sedate. Sto pinion a que se obeden Som ans "fei "tog, um op de" do autor como Tundaerio rig Gus signiiagds dem texto, a maionligae como fs Lteatva elite a ingistanter antiga rapture Se hot bastante tener, A evitar 200 pena dete ter desing amet to de Johaon Bueno ou a0 Go Auda Ou a0 or oe 4 “pou representa” para unquer io que, | ma forma, aga “teregas on escmtuidades” to oma de ) ma itertre ou deme obra. aperetemente oes Des {bastards como Soundrate ou Gorp Sato ne hide Herd “ base Ov figuras como Machado de Assy Otwald de Ande Gee timers Rove terem permanesido condenndos «ean Seite Por itr tame Jogam for comumeste cee Sonsideradns “matrs” de qualquer ator Ege force © are, eden‘ lid Garcia de Machado Se Aish. Poe ip se eee sem pener mut, io Cc do Corpo dn obe reate Se Ce te Tipe iv extn enone ee st fata eur, cove sbrupton etm aldose powurt’ pi “iio mals prxina dem Robern Fosse ou dum alse Te tan do qu de Lacs de Fol, 4 Piso Segmdo GH ou O Lio ‘ov Pres conta tomar Via Grace de Corpo porns te ‘Samia de pwce monta para tlie de pr de Catice Tiuaiesie "do creratanct™& comiderede Have do Bro si lito de Muslo Mende poicado em 1932. Obra gue ¢ pe Prio autor pucce tear a0 alo lacir na 3 smsopa Oa 2 de algu- , cunstancial". (12, que oF mais divers crtcos sho untnimes em ‘Sobre isso conta Lais Cor- fenta a0 titulo, moma expécie de resaiva, Sophia humorlica, que faz supor que o proprio autor jé ewe, 2 época de tun publicgto, conscitncia do nivel menor da obra, pre- feindo-s compreendida como uma blague, uma site de eeito Hifestivos habitusimente atrbuidos plas Tanfias aoe ff Thos que delas se desgacram, Enquanto no cfrculo familiar adjtive-) ‘se com maior agremividade & ruptyrs ou a diferece, no Ambito H- {erkrio as diferegas so punided com certs eufemismos, Efeiva- palavras como “menor", “circunstancial” @ “dervio™ soem, ‘bem menos agresivar do_qué “parricida”, “rebelde” ou “betardo”. © eufemismo maior; mes a excluslo 6 & mesma. ‘Quando um autor timidamente d& a uma obra talver mals gres- siva 0 epiteto de “pliloophia humorstica", semua suas diferenges ob a caracterzagio de texto humoratic, de blague. Por outro lado, chame-se de “‘ircunstanciat” ow "“imaturos™ aos textos que frato- rem a unidade Scaareeemnicenees| iit era como una dre geotlgea, fa om 0 oe tents nen © decried Reds qv youn tn, a sas oo Gahaer' pele se pena Sanya pat (ci, Rode que clogs co vn carci ot Be: tet Cd pect contnoe ¢ rotund: re uaaner wo gue, como Hangs, proce crt ta tia Tie‘cre co deh eyes 6 clomascamen ee ou condeado por Bi por sak ver, UT tadiyto Teri ‘ultra nacional que dice tnvasi pelaingoieiapto. Uma coltera ‘cujos Baluares também esto THOT COMO & galeria de retrtoe fami- Tinres no museu de La Nausde ou os ramos de uma éevore geneale- ‘Bet dos Buddenbrook, Uma literatura tem sua tradigfo equiibrads pela pecra das erituas do seus “grandes” earitores, pean prateli- fas de suns aefpticas Wbliotecas, pela filiaplo de uns a outros, pela Snereto de esbltretes soe v wen “ogame” lt mans de bdo se tanite de pa pra fio, pela simples imitacto. Muito tem Joao, luo no rd se lgualar no mest, observa irniamente EA Sale ume Confencia em 1916. Ta men, tal tune t-te er ta eeitor: anim deve Se Comporarqute_qus eo aes Se Pulo dena boc, dere serev De pa per fio, de un ection ute, de wm peodo & tro, sperase que se vei tadigto tanwiide seo ere

terminadas circunstincas, “armam-se ow tornamae lexis, fit- ‘mam-se ou dsimulam, marcaram-te sob 0 véu de novas aparto- Sint". (43, p. 134) Segundo Duby: “(...) a tendtocin a0 conser- ‘adorismo encontrase ainda acentuada pelo movimento, que, em to das as sociedade, leva 0s modelos culturais a se deslocarem de grav fem grau, desde o cume da hierarquia social, onde tomaram forma 308 gottos © aos iteresses das equpes dirigetes, até fs meior progrestivamente mais extensos e mais modesios, que eet fascinam ¢ que trabalham em seu proveto™. (43, p. 133-4) Em ima, é na sua diseminacdo por todo o grupo socal que +e encontrs tum dos sostenticlor da ideologia. Sua estabilzagSo se prende em parte « cits maior circlapfo pelo meio socal, em parte A sua pre- fervagho, mo. processo istérico, enquanto iradigfo. Disseninase pelo expaco du sociedade em que se gerou, © por um tempo mais Tengo, tendo como tustenticulos tradigde. ‘Marcadas por uma incinagio a estabildade, nem sempre as” Feologias podem perisr nest inéreia. Sejam modificagbes demo- ficas ou econdmicas,sejam tranaformagtes nas relagdes sciais, jam contatos mais estreitor com culturas estrangeiras, frente 2s imudanga, "at ideologas deve adapters, para melhor reir oo para melhor veneer". Assim descreve Georges Duby essa sdapte- ‘lo: “Ot movimentor que ibertam as ideologias de tux inc furl geraimente so bastante lentos © no. demonstram qualquer abslo: € comumente através de inclinagSes suaves que elas se cur ‘vam para adolar at mudansas mais abruptas (...)" (43, p- 135) Por naturera conservadoras, suas transformagSet slo necestaramenté lentas sem grandes ruptures. No entanto, trnsformamae e nlo hé ‘como negar ta historiedade, Ou ainda nas palavras de Duby: “Ta- contestavelment sio um objeto da histria” (43, p. 135). 1 com base na afirmagio de uma historiidade prépria bs ideo- logins que Claude Lefort vai de enconro & hipbtese manzsta de que 1 "ideologia nfo tem histéria”. Lefort parte da “idecloia burgoe- 8° € procura demontrar of seus desdobramentos hiséricos, pri meiro como “ideologia toaltria", depois como “ideologin invis- wel” mas nostas tociedades dominadas pela comanicagfo social e sea iscurso Impessoal. Em “Esbogo de uma Génese da idelogia mat sociedades moderns” observa as estratégias do imagintrio soci € ‘concui: “(,.-) rompemos manifestamente com a concepeio de Marr a parr do momento em que delxamos de tratar ideologia como um reflero © procuramos desvendar sua manera de opersr, ppensemos juntas formaglo ¢ tansformagto, isto 6, emprestamoethe fim poder de se articular ¢ de se rearticular nfo somente como res a posta x0 roporto real, mas mbém rob 2 prova dos efeiion de sua Drépria dissimulagdo do rel". (36, p. 298) Rompe com Mars, mat fpenas na medida em que a ele s8 era dado conhecer a “ideologa brgves”. Sem asistir As suas transformagSes, fo. haveria jello para Marx de conceber um principio de rearticulaglo para a Keo login Marx nto empresa a0 imaginério socal histriidade propia © sim possbilidade de reacto frente» diferentes condigées emplt- ‘as. Da dizerem ele e Engels em 4 Ideologia Alemd sobre "a moral, 4 tligit, « metasica © qualquer outra ideotogl, tal como as for mas de consitncia que thes correspondem”, que “no ti histéra, ‘fo tem desenvolvimento” (65, p. 26) E, tomando como objeto de ‘alse 0 Crstinismo tal como foh estudado por Max Stim, ne- ‘gum uma histria propria “ideologa exis, como a qualquer ov len ideolgia. As tramsformasées por que passa o cristianismo fo te deveriam, na opinito de Marx e Engels, « nenhuma eavsalidade intema a0 pensamento cso, Para explicat as mudangas,apont apenas para “causes empiric”. Vejate como rebetem Stimer em 1A Tdeologia Alema: “Se Stine tives examinado 1 hstrin real da Tldade Média, por poco que fore, teria podido ver por que razSet 8 concepees que of crstos tnham na Idade Média tomaram fos tamenteaqeels forma, que fot depois subsitulda por ume outra. Tex fin podido descobrir que ndo existe uma histria do cristioniomo fue ar diverem formas que s sua concepgfo tomou mus liferen- tes. epoca, Tonge de conttirem outras tantas.eutodeterminagSes desenvolvimenton do exprito eligiovo, tiveram por origem exusas femplricas que exeapavam & qualquer infloéocia do espirto religion $0". (65. p. 183-4) Existiam, portant, apenas uma “hstrin rea” «da Tdade Média, alm de “causas emplricas” para os acontecimen- tos « transformagtes que 4e processam no “imagindrio”. Quanto & “histéris do crisianiamo” s¥o peremptérios: ndo existe. Para as ideo- Jogias haveria unicamente uma transformasto refers, a reboque de ‘uma histria que se passa noutro plano. ‘A negasto de ume histria propria & ideologin no impede, ‘no entant, que Marx chame a atengfo por diversas vezes pare a5 tranaformagées por que passim necessriamente as “idéias” quan- do transfridas Je wm contexto inelectual a outro. Iso € 0 que explica, por exemplo, muma carta a Lastalle de 22 de julho de 1861 “a iy Hl i ij Ati ial i F i 4 hy te ene Feius dutsanslogas (entre 0 testamento romano ¢ 0 moder no, a tagéa grega eo tragéia, cision francesa) Marx. pro- Intgrepto de uma “lia” de outro tempo ou outa fsture 4 om nove coteco. Marx reel que se caracteze © tor tamento modern como sendo 0 romano “mal comprendio". Do contro, qualquer elemento aprovelado num novo comer seria Sempre o “antigo mal compreendido™, Quando se reoma qualquer tlemeno & porque, J gua forme, ele corresponde « needs ‘er da clare gue 0 acthe. O que fice demonseqdo com o exam plo do clasicime francés. Mesmo lnepretagbes "mais exatas™ ‘Ariel nfo modicarem sua wiilzasto peculiar da “regra das fees unidaes” Flea da “iia importada” apenas o que se desea, aslo que goa de um pag préprio no, novo context, Por io to exstem propiamente“incompreensbes", mas comprenies ade: ‘qundes a necendadeshisricas irene. e A I* tronsformacao: “climatacdo” a0 Brasil Fe Te ideologia natraista ¢ de suns transformagses estétices no Brasil ‘observa como se dé sia entrada nom conteto cultural nove. bem portivel que ji a primeira tansformaso por que passa 1 extética naturalista no sistema intelectual brasileiro extja. am era como se is necestdades ieoligics do pals. A pase fagem de “influxo exerno” « elemento caracerstico da cultura braileira 4, tem dvds, sun primeira reariclapto, jf analisda, no contexto do libealiemo’ por Roberto Schwarz. Newe sentido, & iar terpretagio da ideologia empreendida por Claude Lafort com base naz vas traneformagber bitices se poderia acrescentar um ele- ‘mento auseate de sua anlise, jstamente por estar concentrada nat tociedades europti ‘Quando se pens, como no cito brasileiro, numa sociedade “e- _pendente”, slém das tansformagées concomitant a modificagSes histSricat determinadas, fo 4e pode deixar de perceber « transor- ‘aslo primeira que se opera na idelogia “importada” frente 8 cul- tura que # adota Para compreender 0 principio das transformagbes 4 iStologn naturalists, 0 primeiro paso tlver eateja na antlise das secunsttncas que the propiciram uma tho boa acolhida, © das suas mudangas er solo broiler, Ej interessante verificar co- imo, desde 2 adoro da vogs naturalist na virada do século, ela jé servia de palco para discssdes que coatinuariam a se fazer oui com algumas dilerengas, no decorrer do século seguinte. Observer ‘mos em primeiro lugar aquele que parece ter sido 0 ponto prvile- ado nas discusben do final de século: 0 caster de “idéiaimpor- fade" da nova moda literdia, Ideolbgica™ talver jf se inclusive, a propria entrada do Nav turismo no. pals, caracterizada pela mesma “pravitagho” de que fainva Roberto Schwarz. Moda entre outs, Veriesimo na sun Hivtria da Literature Braileira: tamente sinds que 0 nosso romantiemo sequire o francés, arreme- dou 0 naturalism indigens © natualismo. da mesma procedéncia, rmodelando-se quate exclurivamente por Emilio Zola e 0 seu disc pulo portugués Ega de Queiroz. De novelas, conor, cures ¢ lige- 1s fcgdes © ainda romances, seundo a fSrmula pestoal deses doit trertores, houve aqui fartura desde 1893 até 0 sfpido esgotamen- to dessa fSrmula pelos anot de 90, quando ela senfo procrastinoy fem exemplaresinferiores que importunamente ainda a empregavam.” (103, p. 294) 50 Quando lembramos artigo de Verisimo publicado meio no ce lor da hore, "O Naturalismo na Literatura Brasileira”, « dfinicho 0 torn sinda mais negative. Al lista com bate no seu cardter de “i de pobre de escritores © de obras, exe naturainmo € menos na- clonal das noseas escolasliterfras, ¢ nenhum dot secs lvron 6 nos a sensagto da nossa sociedede ¢ de nous civilizacio". (104, . 72) E, como golpe fina, acrescenta: “Qualquer que sje, por tanto, 0 valor intfaseco das prodoytes do naturalismo bras, que no discuimot agora, podemos asveverar que de neshum modo concorreu ele para o desenvolvimento das nowt letras ov da now su are". (104, p. 73) ‘Algum tempo depot, ene radialamo & stenuado pelo proprio pelo menos tum ponto positive ma vor "No seria, porém, jato contesar-ihe o prestdo, tanto aqul como I, is letras Ele troue 4 now justo sentimento. de realidad, arte mais perteita da sun figu- raglo, maior interesse humano, ntligtocia mais clara dos fenéme- os vocins e da alma individual, expresto mals apurads, em so- ma ume representaglo menos defitosa da nossa vida, que preten- ia definic", (103, p. 295-6) ‘Com base apenas nos julzos de Verssimo, saltam aon olhos slgumas das observagSes mals recorrentes a respeito do Naturale smo, Antes de qoalquer cosa, para perceber que quando fala de “"Naturalisma”,"Joxe.Verftimo se relere nidamente, 2 escola Ute- rMria em moda not fins do século pasado. E ¢ « obeditncia estita tor moldes dessa escola o que erica n0 panorama intelectual do fim de século, Enquanto escola, o erica como mais uma importa te 1 stengl, contado, para alguns don sus “bons scrvigos pret {dow”. Dentre els, revelia fundamentlmente seu “justo sentimen- to de realidede”, sua “represenuagfo menos defeitun da nossa vi- caraceriza 0 naturalimo como uma extéica da repre igtnca de uma esética natwalsa, como coloca para 1 exole te teria, na sun opinito esgotada “pelos anos de 90". Diz apenas que a ‘wrowxe™ uma estética dn representagho, nfo acrecenta a elt ne- hum ponto final ‘Se essa continuidade normalmente serve ‘de argumento para se cencarat 0 Naturalism de forma mais postive, o fato de ele ter sido Iracido de fora funciona na dresio oponta. E nfo € x6 Vertsimo ‘que 0 caracteriza como “moda” tos, Crltica semethante foi sila, Silvio Romero ertcava também o *arremedo” da doutina Cstrangeira: “O naturalism, especialmente na ramificagto empl fx, 96 tem contado até aqui, na potsia, no romance ¢ no drama, 08 de fazer d6. A glia da invengio da dow thes apenas 2 glo- —~ rola da into « eta mesma to deyiton, to intl, to mer ve compen (903) B ern ma opel se Scie ius ee wide» Natlane tale, ot SUANS f Dtne sues ciel “pou, so blac cnr ae panes ruber «pont au ina urs elee Nuwalo no ya merecedor de tanta est dere gos alate put-"Nto an rept Ge cura ue rsa cata onden So as mise compen af sort SRN Tae se oe a cats eshe soo er pt Saas, in pes moe de cor” (0, p30) ave Si SeiRoncn.Ciefes ta ume pete oe Da rege jet tip « enginar| Chita €2 (Wmreastite *rgetstt, aime” do snags] BO Se ss kes rion ¢ aus hin etteet sas Trce deans acm enue tsa Eaquro fond Versio redinin smd eang o f+ clo aa cae tu pronto, wn pecan ao ae adn Sito Rowe nfo os stan om ase “citrate cm ecu atte eone ot tlie ema [lpr ne mar adult conde gh saci to SUR ates eter ¢Sedtan mca 8 « mae ‘ou menor. assimilaglio ou recuse #0 modelo estrangeiro 08 eritérios Sfettoncon twdte do Nutwalumo pln que si Sotengot SiaT'e cored no pus Eno tens forse, Bana gob 2 fem De Anchcta« Euctder, poblicado em 1978. - Merqui alo 8 afata muito da opinito geal dos crc coo temporineos 4 mda nateralista como Verisimo ou SAvio Romero. Seale vejumos: "(...) 0 nturaisme, enbora beaeiiiio do eae {ici cabocl, no fl um seu simples dead como 0 propio Gientcismo, ele fi, antes de todo, um pli tanoceaica” (63, P. 14). Chamar de "pigio transocenico™ ou de imitapio “dee tou", “ini” © "mexqunba”, como far Svio Romero, nfo i> pla pernpectva e andse malo diferent. No texto de 1979, come no de 1882, 0 rejeigho da eitica sutra josicase aa medida fm que fo € ein apenas 0 que se recast, mas todo carter de- pendente de nore cltura. £ um “pligio™, uma “imiaplo", © que Se rej, nfo uma esta determinada Entre Flaubert ¢ Zola, preferiu-se 0 ditimo No se procura observar por quejutaments 0 naturalizmo en trou em mode que viaculot orpaicos mantaha com 0 sittena Intelcua! brasileiro para que edge to grande repercusto. Nio qualquer “iin eangin” que recbe scotide Wo box. Em ineo As diversas sementes intelectasIangades A tera nem sempre {odo “dé”, Em meio a Flaubert ¢ Zola, ectbevse 0 Gime. Cot 3 de que 0 proprio Merguor se conta a sun Breve Hinéia da Lertra Bratre: “Pol o romance materia 4 Zole, que vidade enteticsta de Flaubert pele ankle de pretenabes Sieticas, que consti, entre én, © primera manifragio do eo de um exlo péeromintico” (6, p. 1089), Preferese Zola { Fasbert como enre Mars, Comte e Spacer, ecolhenvse os dis fiumon NBo € muito dict perceber 0 qu se rpete nun xotas. io 10 tata de “pligio™ ou “imiasto™ indsriminadon, A_prefe- sac eo pr gues pean Si in conjunto de ideas, Ie € ‘No entant, geraimente wr nde ato levem em tanta conte © aque se pasts em solo bral, quano 0 fato de a erica nate falta ser “transocetnica". Ou se aplande a recusa do que vem de fora, ou se compar e logis um texo asamente por sun pore ‘Geniagio a algum “original” estangeo que the sve de made ss Jo. Ou o que est em pate & x cutenticidede da Ieratura braile- 1 ou a atsinllacdo por ela das Hovidadestransocetnics. Seja para ondenklo ou lo, 0 relerente extrangeiro percore quate todas as ‘incatades em torno do_naturalisme, sm tut. 2 regra gral oe bistoriografie literia. rasa busear tentcdades, Em te tabendo ter 0 Naluralitmo origem not Nie Togas, is comom do qos svt on testes mr brace tendo em vsn se conelton poregne fence. [Tomaso ent Wersro bral camo trtregus es {ois ponibiidnes de valrzglo parece ver ou ma etna hotel do moo tegen, ov sn repel prope ide nacional [Be um Tet oa de ut, 4 lotsa Bea -stomes comput, 1 snlogn, Se 0 to epndo com 2 {eros wh do txt com'e maconaiee gue procarre { ta Eaope Bes ov A dependéncia de 2° grau Quanto A obtessio em rejetar o Naturalismo por se tratar de ‘colt Imporiada e no em funglo de algumas de suas carscere- tieas esttcas © ieoldyics, e A insisttncia em nfo se perceber a 4} organicidade de que se revete o “novo estilo” em noua cultura, se poderia dae, como 0 faz Flévio Kothe sobre algumas de nor | sas histrias literfras, que se acaba assim recaindo, “a despeito de Seu elf patente por independénca, uma dependénca de sequn- do grau, mais intents do. que # depeincia declarada porque pro- ‘cura miscarar_ieologicamente 0 seu_cardter dependent p36). Isso quando a repetigho que se exige ¢ de uma pomtvel tos erftcos respeito do Naturalsmo. Para condento chamase tengo para o seu carter “imporisdo” ou pars sua pooce inven tividado frente 40 “modelo europea”. Por outro lado, 9 © deseo 46. um elogio pemam-se a enfaizar ab semelhangas com Zola ou Eee de Queer, BE aif que na andlse de alguma obra aaturtta brasileira ‘lo sure, em algum momento, uma comparaglo com outro texto ‘atrangeito. Veja-se, por exemplo, » observagio de Araripe Jr. & ‘espeito de O Mirtiondrio de Inglts de Souza: “O sistema de nar-/ ‘ar por ele adotado resulta de uma feliz combinagfo da “manera” de E. Zola com a de P. Bourget” (8, p. 381). Or recunos narra livor de Inglés de Souza so passives de elogio speoss porque compartveis 2 “manera” de Zola e de Bourget. Procedimento se mathante 6 0 de Adetbal de Carvalho no seu “O Naturalamo 20 Brasil” de 1902, quando valoriza Horfnala de Marques de Cerve- Tho, tomando como partmetro ot “mestres do retiamo francis” Diz cle: “Hf nela (se. Horténsia) eatudon dignos de wna Zola ©

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