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6 = Alexander Gottlieb Baumgarten ESTETICA A légica da arte e do poema 1a de textos extraidos da edigdv de ann Christian Kleyb de 1750 ‘Tradugao de Miriam Sutter Medeiros Petropolis 1993 PARTE IIL Aestética Prolegomenos §1 A Estética (como teoria das artes liberais, como gnoscologia inferior, como arte de pensar de modo belo, como arte do analogon da razdo) € a ciéncia do conhecimento sensitivo, $2 O grau natural das faculdades cognoscitivas, desenvolvido apenas na pratica e aquém da cultura disciplinar, pode ser deno- minado de estética natural. Esta pode ser dividida, segundo a légica natural, em inata — 0 belo talento inato ~ e em adquirida. Esta iiltima, por sua vez, pode ser dividida em adquirida através, do ensino e em adquirida através da pratica, §3 Entre outras possibilidades, a aplicagdo da estética artistica (81), que se volta para o natural, tornar-se-4 maior se: 1) preparar, sobretudo pela percepeiio, um material conveniente as ciéncias do conhecimento; 2) adaptar cientificamente os conhecimentos & capacidade de compreensdo de qualquer pessoa; 3) estender a aprimoragao do conhecimento além ainda dos limites daquilo que conhecemos distintamente; 4) fornecer os prineipios adequados para todos os estudos contemplativos espirituais e para as artes liberais; 5) na vida comum, superar a todos na meditagao sobre as coisas, ainda que as demais hipéteses sejam semelhantes. $4 A partir disto, destacam-se algumas aplicagdes especiais, a saber: 1) a filologica; 2) a hermenéutica; 3) a exegética; 4) a ret6rica; 5) a homilftica; 6) a poética; 7) a musical, ete. §5 Algumas objegées poderiam ser levantadas & nova ciéncia (§ 1): 1)ela se apresenta demasiadamente ampla para que possa ser exaurida em um tinico e pequeno tratado e em uma tinica prelegao. Minha resposta: admito esta critica, mas ¢ preferivel alguma coisa nada, 2) Bla é idéntica & Ret6rica ¢ a Postica. Resp.: a) é mais abrangente; b) abarca o que estas duas disciplinas tém de comum entre sie o que tém de comum com as outras artes. Por intermédio destas, neste livro e em seu devido lugar, sem tautologias initeis, qualquer arte ocupar-se-4 de seu campo com extremo éxito. 3) Ela €idéntica & critica. Resp.: a) também existe a critica légica; b) um determinado tipo de critica faz parte da Estética; c) para esta determinada parte da Estétiea é quase indispensével uma preno- go das demais Estéticas, a ndo ser que se queira discutir acerca de meros gostos no julgamento dos belos pensamentos, dos belos enuneiados e dos belos eseritos, 56 Outras objegdes poderiam ser feitas & nossa ciéncia, a saber: /as, oimaginério, as fabulas, as perturba- ges das paixtes, ete so indignas do fildsofo e situam-se abaixo horizonte. Resp.: a) ofildsofo ¢ um homem entre os homens € no julga bem se considerar to extensa parte do pensamento humano alheia a ele; b) a teoria geral dos belos pensamentos confunde-se com a pratica © com a realizagao particular. §7 Objecao 5. A confusdo é a mae do erro. Resp.: a) mas 6 a condigdo “sine qua non", para se descobrir a verdade, quando a 96 natureza ndo efetua o salto das trevas para a luz. Da noite, através dos dedos réseos da aurora, chega-se ao meio-dia; b) por esta Tazo, devemos nos ocupar da confusio, a fim de que dela néo provenham erros, como 0s tantos que ocorrem — e por que prego — entre os negligentes; ¢) ndo se recomenda a confuséo, mas corri- 4ge-se a ado de conhecer, & medida que um resquicio de confuséo necessariamente intervier nela. 58 Objecao 6. O conhecimento distinto é superior ao conhecimen- to confuso. Resp.:) isto é vélido para o pensamento finito apenas nas questées mais graves; b) a posigdo de um ndo exclui o outro; ©) por esta razio, segundo as regras bésicas distintamente conhe- cidas dos pensamentos, devemos ordenar os conhecimentos que se voltam primeiramente para o belo. Destes surge, no futuro, uma distingao mais perfeita (§ 8, 7). $9 Objecdo 7, Peto culto do anélogon da razao, deve-se temer que oterritério do conhecimento firme e racional venha a ser prejudi- cado. Resp.: Este argumento 6 mais pertinente aos que nos apro- vam; pois, todas as vezes que se busca a perfeicdo composta, 6 este mesmo perigo que induz & precaugdo e nao recomend a negligén- cia da verdadeira perfeigao do pensamento; b) quanto mais cor- upto e ndo cultivado for 0 uso do andlogon da razdo tanto mais, ele prejudicard a severa razao légica. $10 Objegtio 8. A Estética é uma arte e nao uma ciéncia. Resp.: a) aartee a ciéneia néo sho maneiras de ser opostas. Quantas artes, que outrora eram apenas artes, agora sio também ciéncias? A experiéncia provaré que nossa arte pode ser demonstrada. E evidente “a priori” que a nossa arte merece ser elevada a categoria de ciéncia porque a psicologia e outras ciéncias fornecem certos Brincipioge porque ae apticagees, mencionadas nos § 9,4 ¢ outros, odemonstram 97

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