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ANAIS DO 2.° CONGRESSO BRASILEIRO DE AGUAS SUBTERRANEAS, Salvador (BA) setembro de 1962 EXECUCAO DE TESTE DE BOMBEAMENTO Ivanir Borella Mariano Elcio Linhares Silveira Joao Carlos Polegato Departamento de Aguas e Energia Elétrica Parameters like optimum well discharge, head-loss and well effi cience, can be taken from well tests data. The proceeding _— to performance this well tests are usually lasy for any qualified techmician. Never theless, a previous well test design and Know leage are needed, to provide acceptable data and best results from the work. The test must be organized regarding local hidro geological conditions, well characteristics, pumping equipment and the test design. The real drawdown measured into the well is the sum of the drawdown from head-loss of the aquifer, and the drawdown from head-loss of the well. The first depends‘of the well diameter and of the aquifer characteristics as permeability ana porosity and answer for the laminar flow of water to the well. The purpose of this paper is a guide to develop well tests ana its results, intending to determine a correct interpretation of the aquifer parameters, discharger, well's dimentions, and forecasting a best yield of ground water exploration. Logo que a investigagio qualitativa de gua subterranea em uma regio determinada demonstra a existéncia de aquifero explora veis, é necessario definir a quantidade relativamente segura na exploragdo de pogos, o regime de exploracdo e a configurag&o mais efetiva dos pogos para efetua-la. 191 As respostas a estes e outros problemas similares, sio obtidas com 0 uso dos parémetros hidraulicos dos aquiferos. A obtengdo destes parametros efetua-se por meio de testes de bombeamento e a sua interpretag&o é preciso conhecer as caracteristicas hidray licas dos pogos para efetuar uma exploragdo e manutengdo. Os tes tes ce produgdo permitem estabelecer condigdes relativamente se guras na exploragao de pogos, tanto dos volumes de extrag&o como dos equipamentos a serem utilizados na operagio do sistema. FUNDAMENTQS © rebaixamento real, medido num pogo em bombeamento, @ uma soma téria de rebaixamentos devidos a perdas de carga no aquifero e as perdas de carga no pogo (figura 1). As perdas de carga no aquifero produzem o rebaixamento necess rio para que a Agua flua para o pogo em regime laminar e depen dem, fundamentalmente, das caracteristicas do aquifero (permea bilidade e porosidade) e do didmetro do pogo. As perdas de carga do pogo produzem um sobre-rebaixamento que @ uma soma dos seguintes fatores : - perdas de carga em torno do pogo, devido ao aumento de veloci dade da yua. Este tipo de perda pode ser significativo em pogos com filtros subdimensionais, ou mal desenvolvidos; - perdas de carga devidas a ascengao da Agua no pogo, desde a zo na filtrante até a bomba. Este tipo de perda s6 8 significativo quando essa distancia 6 grande ou quando o diametro da tubulagao @ pequeno em relagdo a vazao - perdas de entrada na bomba; quando o espago entre o corpo da bomba e a parede da tubulagao @ muito pequeno. Segundo Jacob o rebaixamento real em um pogo bombeado obedece a proximadamente a equagdo: s= BQ +CQ™ (1 once § 0 rebaixamento real, medido no pogo em bombeamento, en metros. B @ 0 coeficiente de perda do aquifero. © @ 0 coeficiente de perdas do poco. 192 Q a vazio, em m/nora. * Nesta equagao distinguem-se dois tipos de fluxo: um fluxo lami nar cuja equagao (BQ) 6 linear segundo Darcy, e um fluxo turbu lento cuja equag&o @ nao linear. Na realidade esta Giltima € do tipo CQ™ e Jacob usou a forma quadratica para simplificar assimi lando-a & formula de Manning (fluxo em canais). A resolugdo da equagao CQ” efetua-se por interagdes sucessivas, ou por métodos gr&ficos (Custédio). 0 custo da equag&o simplificada mito ge neralizado e néo produz distorgées apreciaveis nos resultados na maioria dos casos. © termo BQ da equagdo representa o rebaixamento devido as perdas ao aquifero, 0 coeficiente B é fungo do tempo de bombeamento © termo CQ” representa o sobre-rebaixamento devido as perdas de carga do pogo. 0 coeficiente C independe do tempo Para determinar os coeficientes B e C é necessario conhecer os rebaixamentos correspondentes a varias vazées distintas, ou se ja, precisa-se efetuar um teste de bombeamento em etapas ou tes te asberoceeces EXECUGAO Antes ce ligar a bomba faz-se 3 medidas de nivel d'agua, de meia em meia hora, a fim de certificar-se da posi¢do do nivel estati co. Estabelece-se o escalonamento das vazdes de teste levando em con ta a vaz3o prevista do pogo e a capacidade de extragdo da bomba (a vazGo 40 pogo 6 avaliada durante o desenvolvimento) . As vazées devem ser, aproximadamente, de 20%, 408, 60%, 808 e 100% da vazao prevista do pogo (ou capacidade m&xima da bomba a a correspondentes a 19, 23, 32, 42 a pas & tentativo, e pode ser incrementado ou diminuido de acérdo e 5% etapas. Este niimero de eta com © critério do encarregado do teste e das condigdes de fluxo detectados no teste de vazdo completa . Decorridos os primeiros minutos de teste, passe a colocar as me didas em gr&ficos. Em papel "monolog" coloque os pontos de medi 193 ga de nivel d'Agua (ou de rebaixamento) em ordenadas e os tempos correspondentes em escala logaritimica. uma vez estabilizado o nivel dinamico para a vazdo, passe pa ra a 24 etapa, procedendo da mesma maneira, isto 6, obedecendo a sequéncia de tempos como se fosse um novo bombeamento. Ao final de cada etapa deve revisar-se o valor da vazdo especifica (Q/s) - um pogo em condigdes normais dever ter vazdes eteeiriene iguais, ou ligeiramente decrescente. Se os valores sdo crescen tes, em circunstancias normais, 0 pogo estA com desenvolvimento incompleto e deve executar-se um novo desenvolvimento. Se a va 280 especifica decresce fortemente entre uma etapa a outra, de vem ser efetuados testes em etapas intermediarias. Trata-se de obter a maior quantidade de pontos possiveis para observar a mu aanca ae fluxo laminar a turbulento (ponto de inflexo). Concluindo o teste, faz-se a representagdo gréfica dos rebaixa mentos como tempo, tal como indicado na figura 2. Por fim, com os resultados do teste postos em grafico (figura 2), organize o seguinte quadro sumdrio + Q s 8/Q Duragdo Etapa (m3/n)—m)—— n/m? /n) (min) la. 2a. 3a. aa. oOutras etapas 0s valores de s (rebaixamento) correspondentes a cada etapa de vem ser tomados a intervalos de tempo iguais e sempre referidos ao nivel estatico, para eliminar o fator tempo da equagéo DETERMINAGAO DAS PERDAS DE CARGA E DA VAZAO MAXIMA EXPLORAVEL A equagdo (1) dos rebaixamentos, pode também ser escrita da se guinte forma: s/Q=B + CQ (2 194 Esta equagao caracteriza uma reta. im um grafico, em papel mili netrado, em escala conveniente, colocam-se em abcissas os valo res Q), 9), Q3/---Q, do teste, e em ordenadas os valores s,/Q) 85/07 53/3/+-+8,/2, (xebaixamento especifico), calculados (fi gura 3). 0s coeficientes de perda de carga do aquifero (B) e do pogo (C sao determinados graficamente. Os valores determinados so subs tituldes na equagao (1) obtendo-se a equacio caracteristica do pogo. Com base nos resultados do teste, constroe-se um outro grafico “vazfio-rebaixamento", que & a curva caracteristica do pogo (figu ra 4) A curva caracteristica é constituida de duas partes: um setor QP, praticamente uma reta, correspondente a rebaixamentos rela tivamente pequenos. Para rebaixamentos acentuados, a inclinacao a curva aumenta rapidamente com o aumento da vazio. Existe um ponto P a partir do qual o aumento dos rebaixamentos é bastante desproporcional a pequenos aumentos de vazio. £ o ponto eritico. A vazdo maxima ou vazdo critica corresponde ao rebaixamento no ponto critico e nao pode ser ultrapassada na exploragao do pogo Acima desta vazdo o fluxo entraria em regime turbulento. Uma vez conhecidas as perdas de carga e a vazio maxima explora vel &, ento, possivel calcular 0 rebaixamento correspondente & vazio de extragao desejada, de acérdo com a equago _caracteris tica do pogo (1). DSTHRMINAGAO DA EFICIENCIA A eficiéncia e de um poco @ definida como relagio entre a vazdo especifica tedrica e a vazdo especifica real, ambas referidas a um tempo igual de bombeamento. Para o cAlculo do —rebaixamento tedrico 6 necessario conhecer os coeficientes de transmissivida de (7) e armazenamento (S) do aquifero e o raio efetivo do pogo mediante ensaio de bombeamento com piezdmetro. Em situagées reais bastantes frequentes, quando nfo se conhece os pardmetros do a quifero, a efic&ncia pode ser calculada admitindo-se que o termo 195 BQ da equago do pogo (s= BQ + CQ”) representa o —_rebaixamento teérico. Deste modo: e= BQ = __L BQ + co? 1+ cove A eficiéncia & um dado importante que permite comparar as carac teristicas de pogos construidos numa mesma formagao. Quando, po rém, se deseja avaliar o desempenho de um pogo ao longo do tem po, o valor absoluto da eficiéncia carece de maior significado. Procura-se, neste caso, trabalhar com a eficiéncia relativa do pogo, isto &, efetuar determinagées periédicas da eficiéncia analisar cada resultado em comparagéio com os valores anteriormen te obtidos. FIXAGHO DAS CONDIGOES DE EXPLORAGAO Para dimensionar as condigdes de exploragao de um pogo, uma vez conhecidos os resultados do teste de produgao, torna-se necess4 rio = determinar a vazéo segura ou vazio 6tima de expleragao; como foi visto, a curva caracteristica indicarA 0 ponto critico, com a correspondente vazdo maxima. A vazdo Stima deve ser fixada um pouco abaixo do valor correspondente ao ponto critico - aeterminar o xebaixamento total, correspondente 4 vazdo étima ,o que & feito através da equagao do pogo, e calcular o nivel di namico a esta vazdo; - verificar o diametro ftil e a profundidade da camara de bombea mento, cuidandp para que o ponto de tomada de Agua (profundidade ge. colocagao da bomba) fique sempre acima das segdes filtrantes e nao frontalmente a elas; - fixar o ponto de colocagao da bomba ou da tomada de Agua abai xo do nivel din&mico. Esta profundidade sé pode ser determinada com seguranga quando se dispde 1) da previsdo de evolugdo dos re baixamentos no pogo com o tempo, para o que sao necessarios os parametros do aquifero; 2) da variagao sazonal do nivel piezomé trico regional, através de mapas piezométricos. Na pr&tica, quan 196 do n&o se dispde destes dados, como frequentemente ocorre, traba lha-se a favor da seguranga colocando a bomba de 6 a 10 metros abaixo do nivel dinamico. RECOMENDAGOES GERAIS Os testes de produgio permitem estabelecer condigées relativamen te seguras na exploragao de pogos. Sua realizagao deveria ser exigéncia contratual, principalmente por parte dos drgios pibli cos, para cada pogo que fosse construfdo. Num planejamento de operagiio sistemitica 6 condigao fundamental a realizagao de uma campanha de testes em todos os pogos em funcionamento. A andlise criteriosa dos resultados obtidos certamente conduziré ao redi mensionamento tanto dos volumes de extrag&o como dos equipamen tos de bombeamento, contribuindo para a otimizagdo dos sistemas. £ preciso advertir que os procedimentos descritos visam sobretu do a orientagao metodoldgica e nfo devem ser entendidos como nor mas rigidas ou um receituario. 0 conhecimento das caracter{sti. cas fisicas do aquifero em cada local é 0 fator que comanda a andlise das condigées hidraulicas dos pogos. Em geral, nos pg gos perfurados em terrenos granulares os parametros hidraulicos seguem mais de perto as formulagdes teéricas, ensejando maior mar gem de seguranga na interpretagdo dos resultados de ensaios. 0 mesmo nao se di nos pogos perfurados em terrenos cristalinos ou em rochas fissuradas que, frequentemente, apresentam maior {ndi. ce de anomalias, dificultando a interpretagao. Nestes casos, sd0 necessarios cuidados e técnicas especiais, pois trata-se de co nhecer o regime de alimentagao das fendas e fraturase distin guir os tipos de fluxo da Agua (laminar e turbulento) que carac terizam localmente o aquifero Quando se trata de um campo ou bateria de pogos é ainda mais re comendavel a realizagio de estudos especiais, no sentido de quan tificar os rebaixamentos produzidos e (re) dimensionar as taxas dg bombeamento, minimizando as interfer8ncias 197 \ +: q Zone de fluxa de ‘Doccy: et te 1a i eee 4 fe Tabane : ia ie ooee: ji : ae roe cg tees el roa Sy Figural — CAUSAS DO REBAIXAMENTO EM POCOS 198 A (m) tempo (min) 0 to 10 of TT 60 132 etopa 90} Figura 2- REPRESENTACAO GRAFICA DO TESTE DE REBAIXA~ MENTO EM ETAPAS (papel monolog) 199 fico (8/0) minsin Rebaixamento es; Oe Tann > Figura 3 - REPRESENTACAO GRAFICA DA EQUACAO CARACTERIST! cA DO POCO (papel milimetrado) 200 s (m) 20 30 40] 50 60] 80 0} Q (mn) Ponto eritico Figura 4 — CURVA CARACTERI(STICA DE POCO (papel milimetrado) 201

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