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ACRITICA ANTROPOLOGICA __ POS-MODERNA E A CONSTRUCAO TEXTUAL DA ETNOGRAFIA RELIGIOSA AFRO-BRASILEIRA ‘Vagner Gongalves da Silva RESUMO. (© texto retoma alguns aspectes da critica antropolgica pés-modera.como 0 papel 40 autor eat condighes de produgto 60 {exo etnoprificeeacionando-os com as elnografias dos principassestudiene doe cultossfro-rasileios. UNITERMOS POS.MODERNISMO - RELIGIOES AFRO-BRASILEIRAS . TRADICAO ORAL EESCRITA - ANALISE DE DISCUR- 50 - ETNOGRAFIA INTRODUCAO" O ps modernismo na Antropotosa,segun do bibliografia recentemente produzida nos Es- tados Unidos, tem como caracteristica principal formular uma critica ao texto etnogréfico classico, considerando questées como suas “Seria diferente se os sociblogos das ciéncias levassem em conta a economia dos discursos, em lugar de consideré-los apenas como suporte de informacoes. " Dominique Maingueneau ‘condigoes de produgio, o papel do autor, os recursos ret6ricos utilizados e a auséncia, no texto, de uma perspectiva critica mediando a ‘cultura descrita (do informante) em funco da cultura para qual se escreve (do autor). jpresentado no curso “Teoris Antropoléices Moderna” miistrado pela Profs.Dra. Maria Manuela Carneiro 1989; eno Nicleo de Antropologia Urbana da USP diigo pelo Prof Dr. Joeé Guilherme Cantor Magnani. ‘Agradeco a todos pelas sugesites © oportunidade de discuts at idéias aqui expeeas,e=pecalmente & Rita de Céssia 40 ‘Amaral, Ao Omar Ribeiro e& Cristina Red devo incentivo& publicagtoe a Crise Cristiane o trabalho de digitacto do © contato com uma parcela dessa bibliografia da reflexio p6s-moderna, apresentada em linhas gerais na primeira parte desse trabalho, sugeriv-me, entao, a possibilidade de sua aplicagao para alguns dos textos etnogréficos da bibliografia religiosa afro-brasileira, com os quais venho trabalhando ultimamente na realizagao de projeto de dissertagdo de mestrado, que trata das transformacées rituais ¢ simbélicas no culto urbano 20s orixés, na cidade de Séo Paulo. Alguns desses textos, como aqueles produzidos por Roger Bastide, Pierre Verger ¢ Juana Elbein, entre outros. tém sido recentemente criticados em funcio dos modelos por demais idealizados que propdem para andlise do material religioso afro-brasileiro, Além da presenca ambigua do autor. que aparece como pesquisador para legitimar a sistematizagéo Proposta no texto, ¢ como “iniciado ” para garantir uma perspectiva “desde dentro ”. Contudo.essas criticas frequentemente néo focalizam os artificios da construcdo textual, os quais, conforme tentarei demonstrar na segunda parte desse trabalho, sio elementos importantes (e elucidativos) do fazer etnografico desses autores. Um outro aspecto a ser explicado, ¢ para © qual a anilise do discurso pode contribuir, ¢ aquele referente ao fato de que alguns textos da etnografia religiosa afro-brasileira vém se transformando, recentemente, em verdadeiras fontes de consulta para um némero crescente de leitores religiosos, que passam a tratar as informagbes etnograficas como verdadeiros estatutos de regras rituais vélidas para todas as comunidades religiosas. Essa transformagio da obra etnogréfica em uum potencial texto (litirgico e doutringrio) de uma religiéo acostumada & transmissao oral dos ‘conhecimentos rituais, € 0 que trata a conclusio deste trabalho. OS POS-MODERNOS A chamada geracéo pos-moderna de antropologia norte-americana. representeda ra por autores como J.Clifford, G.Marcus, James Boon, Paul Rabinow, entre outros, tem recebido forte inspiracio tebrica de pensadores curopeus como M.Bakhtin, M.Foucault, R.Barthes, PBourdicu, 0 que nos leva primeiramente a considerar alguns dos argumentos destes pensadores, principalmente aqueles relacionados com a filosofia da linguagem e com acpistemologia das ciéncias. Tnicialmente foi M.Bakhtin quem chamou atengao alguns determinantes da linguagem; dizia ele que, “assim como, para observar 0 processo de combustdo. convém colocar 0 corpo no meio armosférico. da mesma forma, para observar 0 fendmeno da linguagem, é preciso sitwar os suujeitos — emissor e receptor do som — bem como 0 préprio som. no meio social. ” (BAKHTIN.1988:70) Para Bakhtin a enunciagéo resulta da interagao de individuos. socialmente ‘organizados ¢ a palavra fungéo das pessoas as quais e dirige, pois, segundo ele, ndo pode haver Tinguagem com um interlocutor abstrato. ‘O contexto social ndo se reduz, entretanto, a sobredeterminar a estrutura da enunciagao (forme ¢ estilo, por exemplo) enquanto sua causa externa (a situagao extraverbal), configurando, antes, um elemento necessério constituinte da propria estrutura seméntica gerada no ¢ através do enunciado, Colocando-se nessa perspectiva, a filosofia da linguagem de Bakhtin, em que pese a influéncia marxista em suas formulagées, pode desenvolver abordagens mais abrangentes considcrando, além do conjunto das regras estruturais que presidem as relagies dos termos de uma lingua, questdes como a natureza dos fendmenos linguisticos, 0 problema da significagio, as bases sociais da enunciacao, os géncros do discurso (direto,indircto,livre etc), ¢ as regras sociol6gicas que os regem. AAs idéias desenvolvidas pela linguistica de Bakhtin, principalmente aquelas referentes 8 andlise de discurso, anunciaram de uma certa maneiraa pertinéncia de temasreferidos na obra de Michel Foucault e Pierre Bourdieu que trataram, sobretudo, das questdes relatives 20 discurso cientifico, Cademot de Campo -n® 1 - 1991 Para Foucault, o queem Bakhtin foi definido como condigées de produgio do discurso, resvalou para a andlise das instituiges discursivas (privilegiando seus aparethos), Para Bourdieu 0 discurso cientifico deveria referendar suas condigées sociais de produgao através da nogéo de campo cientfico enquanto locus de disputa pelo monopélio da autoridade cientifica * 0 campo cientifica, enquanto sistema de relacaes objetivas entre posicoes adquiridas (em Jutas anteriores), é 0 lugar, o espaco de jogo de uma huta concomrencial. O que esié em jogo especificamente nessa luta é 0 monopélio da ‘autoridade cientifica definida , de maneira insepardvel como capacidade técnica e poder« social: ou, se quisermos, 0 monopélio da competéncia cientifica, compreendida enquanto capacidade de falar e de agi legtimamente (isto é de maneira autorizada ¢ com autoridade), que é socialmente outorgada a um agente determinado. ” (BOURDIEU.1983:123) Assim, a reflexio crescente sobre estes aspectos relacionados com as condigies de produgio da discursividade cientifica serviu de inspiracdo para delinear, no interior da Antropologia, um conjunto de criticas relacionadas principalmente ao modo de construcéo textual ¢ ao tipo de interlocugéo cultural estabelecidos pelas etnografias clissicas © contempordneas. Os autores dessas eriticas, antropélogos norte-americanos designados de pis-modernos, sofreram também grande influéncia da vertente interpretativa da antropologia americana. E bom lembrar que a antropologia interpretativa desenvolvida principalmente por Clifford Geertz, surge em décadas recentes no contexto da desconfianga dos antropélogos com relacdo & capacidade explicativa dos modelos cléssicos de representagées culturais holisticase fechadas do Outro. Introduzindo questoes telativas & hermenéutica € ao Vertehen alemio, Geertz procurou ver a cultura como um texto, uma tessitura de significados elaborados socialmente pelos homens ¢ sua exegese 0 oficio dda Antropologia. A interpretacao antropologica configurava, assim. uma leitura de segunda ou Acrtica entropolépica o6s-moderna tereeira mao feita “por sobre os ombros do rnativo” que faz aleitura de primeira mao de sua cultura, A anélise cultural interpretativa afirmava explicitamente no texto etnografico seus limites ou mesmo © caréter particular ¢ muitas vezes provisorio dos resultados da andlise Mas foi somente a partir do final dos anos 70 que 0s horizontes dessa critica antropol6gica foram redirecionados possibiliando a reflexio dos antropSlogos pés-modernos, os quais, acostumados a ver as culturas como texto © @ Antropologia como sua interpretacdo, passaram tomar o proprio texto etnografico como objeto de interpretagio, Assim, observando os observadores e seus escritos (antropélogos em sua pratica de pesquisa). as preocupagies destes etndgrafos (ov “meta-emdgrafos”) recairam sobre questées relativas ao proprio processo de produgio do conhecimento antropologico sobre @ autoria dos textos resultantes desse processo. Para esses autores no foram ainda exploradas todas as consequéncias da dentincia ddos constrangimentos que presidem a atuagao do antropélogo em campo. iniciada a partir do contexto de descolonizagao dos povos tradicionalmente estudados pela Antropologia. James Clifford (1983) tem mostrado, por exemplo, como o estilo textual da etnografia alassica estabeleceu, entre outros aspectos, 0 Pressuposto da autoridade do etndgrafo, cuja presenga aparece na introducio do livro ou em notas ao pé da pagina para valorizar sua cexperiéncia pessoal de campo (“de anos vivendo entre nativos”) © garantir a veracidade das informagies, mas desaparece do texto principal para garantir, com a impessoalidade do discurso indireto, @legitimidade das conclusées. Essa pratica discursiva tende a nao ‘considerar 0 conhecimento etnogréfico como resultado de situagdes de diélogo entre subjetividades concretas que interagem em condigées sobredeterminadas de contato © de negociacdo de sentido, Ou seja, 0 texto etnografico ao privilegiar a voz do antropélogo, tende a anular as outras vores que © compoetn, © que somente em alguns trechos poderao ser ouvidas em forma de. citagéo ou de “0 representacao do didlogo assinada pelo autor. As relagies de contato entre subjetividades de mundos culturais diferenciados ou divididos imternamente por critérios societais sfo assim ingenuamente desconsideradas na confeceio da “ficgéo persuasive” —_etnogréfica (STRATHERN. 1987257). Para os autores pos-modernos tanto a critica as descrigdes culturais fechadas presentes na cetnografia classica, como as descrigdes culturais densas da escola interpretativa, devem ser entendidas como subsfdio para uma avaliagéo da propria natureza do fazer etnogrfico. da divisio centre 0 observador e observado e da auséncia de uma perspectiva critica entre as culturas que centram em contato na situagao de pesquisa, Como argumenta J.Clifford, trata-se de trazer para o corpus descritivo do texto etnogréfico as vérias vozes que o modclam as condigdes sociais, pliticas e de daminacéo que marcam as circunstancias do diélogo estabelecido pelo encontro etnogréfico, assim como evidenciar os interlocutores concretos 20s ‘quais 0 texto se dirige ¢ adquirc legibilidade Enesse sentido cabe a linguagem etnogrifica tentar recuperar a concreta concepedo ‘eterbglota do mundo. “Um modelo discursivo da pritica emogrifica dé preeminéncia @intersubjetividade de toda fala, € a0 seu contexto performativo imediato (..): as ‘palavras da escrita etnogréfica(...)ndo podent ser construidas monologicamente, como uma afirmacao de autoridades sobre, ou interpretagéo de uma realidade abstrata.textualizada. A linguagem da emografia ¢ impregnada de outras subjetividades e de tonalidades contextualmente especificas. Porque toda linguagem: na visdo de Bakhtin, & uma conereta concepedo heterdglota do mundo.” (CLIFFORD, 1983:133.trad.Tereza Caldeira) E bom lembrar ainda que a critica pOs-moderna nao se caracteriza propriamente ‘como uma avaliacéo epistemol6gica da ciéncia antropolégica, ainda que suas fontes de inspiragéo sejam pensadores conhecidos pelas suas incursées no émbito da filosofia das ciéncias, Na verdade 0 objeto dessa critica refere-se muito mais a pratica discursiva etnogratfica do que aos conceitos ou Ieis utilizados pela antropologia enquanto ciéncia teérica — embora nem sempre seja possivel diferencia ‘com clareza esses dois dominios. ‘Além disso, a critica pés-moderna deve ser entendida no contexto da auto-reflexéo realizada recentemente por antropélogos do Primeiro Mundo em relacao 20 tipo de prética de pesquisa ¢ de escritos produzidos sobre os povos estudados. em geral dependentes econémica, politica ¢ culturalmente da sociedade do pesquisador (ou mesmo no conterto das “relacdes abjetivas entre posicdes adguiridas” que perfazem 0 campo cientfico antropolégico norte-americano). Desse modo nem todos os aspectos dessa critica podem ser diretamente aplicdveis as outras antropologias, isto & as antropologias praticadas por exemplo, nos paises do Terceiro Mundo, 0 que nao significa dizer que essas antropologias nativas, fortemente influencidas pelos esquemas tebricos e praticas discursivas estabelecidas nos grandes centros de discusséo académica, no sejam passiveis de uma andlise baseada na desconstrugdo textual etnogréfica, nos moldes daquela proposta pelos autores pos-modernos. £, enfim, da verificagio de quais os ‘elementos novos que a critica pés moderna pode oferecer na anélise da bibliografia afro-brasileira que otrabalho tratard, Para tanto foram selecionados os textos de 1rés autores considerados “autoridades emogrdficas” nesse campo: Roger Bastide. Juana Elbein ¢ Pierre Verger. ETNOGRAFIA RELIGIOSA AFRO-BRASILEIRA O estilo apurado da construgao narrativa de Roger Bastide. talvezo mais publicado e lido dos autores afro-brasileiros. pode ser constatado em diversos escritos de sua vasta obra, mas em ‘Cacernos de Campo -né += 1901 rnenhum téo esmerado como em “Imagens do Nordeste Mistico"(1945), um registro singelo ¢ encantado de uma curta viagem pela Bahia ¢ Recife, durante a qual o autor descobriu um mundo novo aos seus olhas, constituido por velhas igrejas barrocas, misticos candomblés € ladicos carnavais de rua. “Imagens”. como proprio Bastide defini na Introdugdo.ndo ¢ “um livro de ciéncia pura. nem tampouco (..) uma espécie de conto lirico. Na verdade lembra mesmo um didrio de viagem escrito no estilo proprio de surpresa € encantamento, sentimentos pelos quais passam 0s turistas diante de lugares © pessoas que transformam sua compreensio da vida. O titulo do primeiro capitulo ~ “Bahia, a mistica das pedras e da madeira esculpida” — revela em sio efeito de arrebatamento experimentado pelo ‘Autor diante do mundo observado. Mas sendo este principalmente um treinado observador Gientifico, © relato assume frequentemente @ forma de um estudo sistemético. Daf porque, diante da dificuldade de classificagéo do texto, Geraldo de Freitas, na apresentacio do livto, Jembra que “o leitor leigo desamparado dos conhecimentos da matériasteré de confiar na ‘capacidade do autor do livro em ter se servido de elementos seguros e informacoes certas” Quando, em 1958, Bastide publica “Os Candombiés da Bahia”. seu mais conhecido estudo sobre 0 mundo dos candomblés, foi possfvel perceber na obra uma continuidade do estilodesenvolvido em “Imagens” embora agora 2 vor do cientista se fizesse ouvir mais alta, atenuando. assim, as ressalvas lembradas por Geraldo de Freitas. “Os Candombiés da Bahia”, destinava-se, ademais, a leitores nada leigos da Universidade de Paris. onde seu Autor pretendia obter com a obra o erau de “Doctorai a Etat” ‘Como o proprio Bastide afirma: “Foi em 1944 que pela primeira vez tomamos contato com os candomblés, e na reportagem entdo reproduzida, diziamos: “A filosofia do candomblé nao éuma filosofia bérbara, e sim um pensamento sutil que ainda ndo foi decifrade” ‘Imagens do Nordeste Mistco, pg 134, Fo! estudo deste “pensamento suiil™ que nos dedicamos neste trabatho". (BASTIDE,1978:10) ‘cries antrovologies pbs: mogerne Disposto a decifrar este pensamento sutil, 0 qual, segundo o Autor. em nada ficava a dever para a mentalidade logica “dos ocideniais”, € buscando ainda interpreti-lo sem os conhecidos preconceitos ou etnocentrismos que dominaram ‘5 estudos do negro ¢ de sua religiosidade. Bastide descreverd 0 candomblé enfatizando positivamente aqueles aspectos que julgava demonstrar a preservagéo de uma tradigéo africana pura, encontravel principalmente nos terreiros nagés da Bahia. A valorizagao positiva destes terreiros — considerados verdadeiros “pedacos da Africa no Brasif” — levaria também Bastide a iniciar-se no candomblé, adotando para si as concepgdes desse pensamento religioso. As interpretagies de Bastide, assim como as de muitos outros de sua geragao, representam, nesse sentido uma exata inversio daquclas interpretagoes caracteristicas dos primeiros estudos sobre a religiosidade afro-brasieira, iniciados por Raimundo Nina Rodrigues, em fins do século passado. Para Nina Rodrigues o estudo € a descrigao das praticas religiosas animistas fetichistas, tais ‘como observadas por cle principalmente nos terreiros nag6s da Bahia, serviam para demonstrar a incapacidade mental dos negros africanos para as elevadas abstragées do monotcismo. Para Bastide, ao contrério, 0 pensamento africano foi visto como um pensamento culto, ¢ tanto as descriges de Nina Rodrigues (devidamente despojadas de preconceitos raciais) como aquelas realizadas a partir de suas préprias observagbes, deveriam demonstré-lo, Assim, em “O Candomblé da Bahia” os mesmos terreiros descritos em Nina ‘Rodrigues como sinal de inferioridade religiosa foram vistos agora como sobrevivéncia pura de concepgées ricas ¢ complexas da filosofia do hhomem negro ¢ do seu universo mitico. ‘Sem davida que as diferentes interpretagbes propostas por N. Rodrigues ¢ R., Bastide sobre os mesmos dados ctnogréficos. cstéo relacionadas com o quadro de referencia te6rica do qual essas interpretagdes fazem parte € no interior do qual tornam-se comprecasiveis. A etnografia pioneira de bdibliografia afro-brasileira (“O animismo feichisia dos st negros bahianos”. Nina Rodrigues, 1990) surge em referéncia explicita a0 evolucionismo europeu. A geragao dos anos 40 e 50 (de Bastide) buscaria influéncia em graus variados do culturalismo americano e da antropologia simbélica francesa — principalmente aquela interessada nas instituiges © mitologias das socicdades tradicionais africanas. Contudo. 0 que permite entender a mudanga de perspectiva interpretativa, conservando a mesma base de demonstragdo etnoeréfica, € 0 pressuposto subjacente as varias escolas de que a descrigaoe 4 interpretagéo séo dois momentos absolutamente distintos € nio reflexivos da pesquisa etnografica, isto € que as descrighes aparecem no texto de forma nao contaminada elas interpretagées para as quais elas foram efetivamente construidas. E 0 que, por exemplo, escreve Bastide referindo-se tanto ao trabalho de Nina Rodrigues como a de seu seguidor Arthur Ramos, “Apesar de todas essas fathas (preconceitos raciais}, as obras de Nina Rodngues, ainda agora, do deixam de ser talvez as melhores publicadas sobre o assunto, primeiro porque seus informantes Pertenciam ao candomblé mais tradicional, mais Puramente africano de sua época. 0 candomblé do Gantois; depois suas descrigdes do culto. das hierarquias sacerdotais, das representacdes

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