Professional Documents
Culture Documents
Por
SUMÁRIO
Introdução
1.
2. A unção nas Escrituras Sagradas
3.
1.
2. De objetos separados para usos sagrados: coisas que a
receberam
3.
1.
2. Tabernáculo
3.
4. Altar de bronze
5.
6. Bacia de bronze
4. Maneira e propósito
5.
1.
2. Com azeite
3.
4. Com ungüento
5.
6. Era usado para
7.
1.
2. Enfeitar a pessoa
3.
4. Refrescar o corpo
5.
6. Purificar o corpo
7.
8. Curar os enfermos
9.
10. Curar os ferimentos
11.
12. Preparar os mortos para o sepultamento
13.
14. Os judeus gostavam muito do azeite
8. Era aplicado
9.
1.
2. A cabeça
3.
4. Ao rosto
5.
6. Aos pés
10. Unção Sagrada
11.
1.
2. Sua antigüidade
3.
4. Pessoas que o recebiam
5.
1.
2. Profeta
3.
4. Sacerdote
5.
6. Rei
6. Jesus Cristo, o Ungido de Deus
4. A unção na história eclesiástica da Igreja
5.
1.
2. Os pais apostólicos
3.
1.
2. Justino de Roma
3.
4. Hipólito de Roma
5.
6. Orígenes
7.
8. Inocêncio I
4. Idade Média
5.
1.
2. Gelasiano
3.
4. Cesárioo de Arles
5.
6. Eloy de Noyon
7.
8. Beda
9.
10. Reforma Carolígea
11.
12. Bonifácio
6. Os reformadores
7.
8. A Contra-reforma
9.
10. A unção no Movimento Pentecostal e Neopentecostal
11.
12. O Concílio Vaticano II
6. Razões porque os reformadores não ungiram
7.
1.
2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero
3.
4. Exposição de Tiago 5:14 por Calvino
8. Considerações atuais da Unção
9.
1.
2. Exposição de Tiago 5:14
3.
4. O mito e o rito
5.
6. Ações e reações: Estudo de caso da IPB
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Começo minha reflexão dizendo que a teologia é uma noção inadequada. A
palavra teologia exprime ainda, como o indica a sua etimologia, o estudo de
Deus, numa época em que o adulto e o próprio teólogo precisa de
ensinamento. A noção de Teologia é inadequada a estes tempos novos que
exigem do teólogo muito mais que reproduzir a teologia dogmática.
É preciso Ter coragem para praticar a teologia dessa maneira, mas é somente
dessa maneira que podemos formar gente capaz de assumir a sua autonomia,
gente inconformada, capaz de autodeterminar-se e participar na construção de
uma igreja mais santa, imaculada e mais bíblica.
Reconheço que essas não são questões simples. Vou tentar, por isso,
simplificá-las para facilitar a sua compreensão. Podemos dizer que nos
extremos existem dois tipos ideais de teologia: uma teologia como prática da
domesticação e uma teologia como prática da libertação (em relação a Unção
com óleo).
Até que ponto a unção com óleo nos dias atuais é uma afirmação teológica e
doutrinária como prática contemporânea da Igreja Reformada?
Não pretendo refutar o trabalho do Rev. Martorelli Dantas {1}, que por sinal é
uma pessoa que o considero muito e tenho um grande respeito, alias com toda
certeza o seu trabalho veio enriquecer a discussão teológica sobre a
praticidade eclesiástica da igreja atual. Unção com óleo é um assunto
conflitante e empolgante, merecendo de nossa parte uma análise fiel as
Escrituras Sagradas e aos princípios da Reforma Protestante do Séc XVI.
1.
2. A unção nas Escrituras Sagradas
3. A unção nas Escrituras tem um valor muito grande e significativo, não há
como ignorá-la, das suas muitas funções, no campo espiritual, o ato de
ungir tinha o significado específico de separação e consagração.
"Moisés ao consagrar os sacerdotes, ungia-os com óleo. "Esta unção
era o clímax da cerimônia, o ato que a selava. Uma vez ungidos os
sacerdotes eram postos a parte do resto do povo. Tendo sido
purificados, vestidos e ungidos com o óleo derramado sobre eles,
estavam em relação estreita e específica com o Senhor. Eles estavam
no lugar do Senhor diante do seu povo e representavam o povo diante
do Senhor.{2}
arca do testemunho,
E a mesa com todos os seus utensílios, e o
incenso,"
consagrarás."
3. Altar de bronze
4. Depois que os sacrifícios fossem preparados, os homens
eram apresentados a porta da tenda da congregação e
vestidos com as vestes sacerdotais e eram ungidos. A
preparação do altar incluía a sua purificação e a unção,
como também o novilho era ungido. O novilho apontava
para Cristo, o Cordeiro de Deus, o Ungido do Senhor, por
esta razão era ungido, isto é consagrado para ofertar ao
Senhor, fazendo expiação de pecado.
tornará santíssimo."
5. Bacia de bronze
Refere-se a utensílio ungido, isto é, separado para uso no
tabernáculo. Era purificada e dedicada ao serviço específico de
Deus.
consagrarás."
3. Maneira e propósito
4. A palavra hebraica para designar óleo é semem, que podem
também ser traduzido por gordura, coisas gordurosas, ungüento.
É utilizado de modo geral para designar vários tipos e espécies
de óleos, que consequentemente são utilizados para diversos
fins.
1. Com azeite
O óleo de azeite de oliva representa a vida, vida plena, rica, vibrante, vida útil e
benéfica, uma fonte de alegria e regozijo, um símbolo de unidade, um incentivo
a partilhar com aqueles que estão enfermos ou de luto. Representava saúde de
uma pessoa, suas qualificações e suas preparações para servir ao Senhor.
selvagem;
Derramas sobre mim o óleo fresco."
2.
2.
2. Com ungüento
3. Era uma espécie de perfume que utilizava para ungir os
pés dos hóspedes, sinal de alegria e de que o hóspede era
bem-vindo a casa. O ungüento é um óleo para uso externo
e que tem por base uma gordura, sendo adicionado ervas
aromáticas que perfumava o corpo.
o Rt 3:3 "Banha-te, unge-te, e põe os
teus melhores
vestidos, e desce à
eira; porém não te dê a
comer e beber."
1.
1.
1.
1. Refrescar o corpo
O óleo refrigera, isto é reanima, restaura, restabelece, da novas forças. A
unção neste caso rejuvenesce, dando ao ungido alivio, suavizando a sua alma
restaurando o amor próprio e a certeza da vitória.
o
o 2 Cr 28:15 "Homens foram designados
nominalmente
os quais se levantaram e tomaram
os
cativos
e do
despojo
vestiram a
todos os
que
estavam
nus;
vestiram-
nos,
calçaram-
nos e lhes
deram de
comer e de
beber, e os
ungiram; a
todos os
que, por
fracos, não
podiam
andar,
levaram
sobre
jumentos a
Jerico,
cidades das
palmeiras,
a seus
irmãos.
Então
voltaram
para
Samaria."
1.
1.
1.
1. Purificar o corpo
Aqui a unção com óleo tem o significado de tornar puro, livrar ou desembaraçar
de substâncias que alteram e corrompem o corpo humano. Além desse
significado podemos acrescentar ainda que seria um tratamento de
embelezamento. Na purificação, toda mancha, mácula e rugas seriam tiradas,
a fim de evidenciar a beleza do corpo.
o Et 2:12 "Em chegando o prazo de
cada moça vir ao rei
Assuero, depois de tratada
segundo as
embelezam
ento, seis
meses com
óleo de
mirra, e
seis meses
com
especiais, e
com os
o Is 57:9 "Vais ao rei com óleo, e
multiplicas os teus
perfumes; envias os teus
embaixadores para
1.
1.
1.
1. Curar os enfermos
O óleo tinha poderes curativos, amolecia os ferimentos e purificava-os. A unção
de enfermos era uma ação terapêutica na vida da igreja proporcionando a cura
do enfermo.
Não simplesmente porque o óleo tinha qualidade curativa, mas também como
sinal de dependência total no Senhor. Cristo não usava óleo, em Suas curas.
Longe de sustentar a extrema-unção, esta passagem trata de presbíteros (não
de sacerdotes) orando para a cura do enfermo; de óleo medicinal, não um
preparativo mágico para a morte. De cura e restabelecimento físico e espiritual,
não salvação além do túmulo.
- Mc 6:13 "expeliam muitos demônios e
curavam
numerosos enfermos,
ungindo-os com óleo"
o Tg 5:14 "Está alguém entre vós
doente? Chame os
presbíteros
da igreja, e
estes
façam
oração
sobre ele,
ungindo-o
com óleo,
em nome
do
Senhor."
5.
5.
5.
5. Curar os ferimentos
6. O óleo era um dos medicamentos mais usados,
sendo no geral esfregado com a idéia de amaciar e
acalmar, e podiam fazer uso dele até mesmo no
sábado. Misturavam-se freqüentemente com o vinho
e foi com esta mistura que o samaritano e o
evangelho tratou as feridas do homem que
encontrou caído na estrada de Jerico. Um outro
ungüento também empregado era o mel, colocado
para abrir as feridas, sendo também engolido para
aliviar as inflamações da garganta, como fazemos
hoje com o uso da própolis.{6}
bálsamos."
9. Os judeus gostavam muito do
azeite
Primeiro porque representava a saúde de uma pessoa além de suas
qualificações, segundo porque servia como base para alguns alimentos
tornando-os saborosos e agradáveis, terceiro representava a beleza, por isso
era usado nos cuidados corporais, quarto representava a fonte de alegria e
regozijo do coração e, enfim, representava a própria vida do povo.
o Pv 27:9 "Como o óleo e o perfume
alegram o coração,
Assim o amigo
encontra doçura no
conselho cordial."
o Am 6:6 "que bebeis vinho em taças, e
vos ungis com o
mais excelente óleo;
mas não vos afligis com
a
ruína de José."
3.
3.
3. Era Aplicado
A unção em alguns casos tinha um significado muito profundo para o povo de
Israel, quando a pessoa estava ferido, nos ferimentos era o local da unção.
Porém há de se notar que o óleo representa também prosperidade, plenitude e
abundância de bens. Neste caso permitiu a viúva de Serepta assar muitos
bolos e outra viúva a pagar seus credores. Vejamos as principais partes do
corpo humano para aplicar a unção.
2º) Separar ou consagrar: "Davi não queria tocar no ungido do Senhor, por que
o ungido deve ser considerado inviolável", por tratar-se de uma separação
ordenada por Deus.
3º) Ordenar ou atribuir autoridade: "as pessoas que foram eleitas, designadas,
postas a parte e consagradas foram atribuídas tarefas específicas. Este
comissionamento era também parte integrante ou função distinta da unção." "A
concessão de qualificações por Deus a pessoa eleita é ilustrada no caso de
Saul. Quando ungido, ele tornou-se qualificado pela presença do Espírito
Santo. Entretanto, quando o Espírito se retirou dele, embora ele ainda
permanecesse em posição de autoridade, não mais estava qualificado,
segundo as exigências do Senhor , para servi como rei." {8}
1.
1.
1.
1. A cabeça
O derramamento do óleo sobre a cabeça de um homem, indicava que esse
homem havia sido designado pelo Senhor, para um determinado ofício que
poderia ser rei, sacerdote ou profeta. Quando Samuel derramou óleo sobre a
cabeça de Saul e informou-o de que o Senhor o tinha ungido rei, a primeira e
principal idéia foi a de informar Saul que ele fora nomeado pelo Senhor" {9}.
Saul quando foi ungido, tornou-se qualificado para servi como rei. Assim
sucedeu com Arão e muitos dos profetas de Israel.
o Sl 23:5 "Preparas-me uma mesa na
presença dos meus
adversários, unges-
me a cabeça com óleo;
o
o I Sm 10:1 "Tomou Samuel um vaso
de azeite, e lho
derramou sobre a
cabeça, e o beijou e
disse:
Não te ungiu,
porventura, o Senhor por
príncipe sobre a sua
herança, o povo de
Israel?"
o Ec 9:8 "Em todo tempo sejam alvas as
tuas vestes, e
jamais
falte o óleo
sobre a tua
cabeça."
1.
1.
1.
1. Ao rosto
A unção do óleo no rosto tinha o objetivo de hidratar a sua pele protegendo-a
contra o sol e o frio da palestina. Dava forças as células da face, mantendo
vivas, ativas, evidencia um semblante de alegria. A unção tinha poderes
emoliente, de purificação e higiênicos, não permitindo que a poeira penetrasse
nos poros celulares faciais.
o Sl 104:15 "O vinho que alegra o
coração do homem, o
azeit
e
que
lhe
da
brilh
o ao
rosto
eo
pão
que
lhe
sust
ém
as
força
s."
1.
1.
1.
1. Aos pés
O ato de ungir os pés estava relacionado com a alegria que o hospedeiro tinha
de receber os pés. Era um costume bastante difundido na palestino nos tempos
apostólicos. Jesus além de ser ungido nos pés, também tomando uma bacia
lavou os pés dos discípulos com símbolo de unidade da Igreja e de
comissionamento para a expansão do reino de Deus aqui na terra. Era o
credenciamento e a investidura de autoridade.
o Lc 7:38,39 "e, estando por detrás, aos
seus pés,
chorando, regava-os com
suas lágrimas e
ungüento.
tocou, porque é
pecadora."
o Jo 12:3 "Então Maria, tomando uma
libra de bálsamo
de nardo puro, mui
precioso, ungiu os pés de
bálsamo."
4.
4.
4. Unção Sagrada
5. A unção sagrada estava relacionada com a eleição e a
dedicação de certa classe de pessoas para um ministério
específico no povo de Israel. Era ungido com este objetivo,
os profetas, sacerdotes e reis, que agindo conjuntamente
governavam o povo temporal e espiritualmente, cada um
com suas funções específicas apontavam para os ofícios
que Jesus Cristo, o Messias, desenvolveriam na
humanidade. A primeira menção da unção sagrada
reporta-se a Jacó, em Betel, a partir desse episódio tornou-
se parte integrante do povo da aliança. Quando os reis,
sacerdotes e profetas eram ungidos com o óleo sagrado,
eles eram reconhecidos pelo povo como pessoas que
tinham autoridade de Deus para agir em Seu nome, a
unção era o sinal da autenticação do ministério sacerdotal,
profético ou real. Estes ungidos passavam a ser
denominados "ungidos do Senhor", isto eqüivale dizer que
o próprio Deus os ungira para o ofício pelo qual estava
exercendo. Eqüivale hoje a vocação ministerial, presbiterial
ou diaconal da Igreja, não que tenha a mesma relação,
mas cremos hoje, que um presbítero, diácono ou pastor
quando é indicado, eleito e investido pela igreja, é porque
Deus de antemão já o vocacionara para aquele ofício.
1. Sua antigüidade
A coluna era um memorial do aparecimento de Deus. A libação oferecida era
geralmente derramada ao Senhor. Jamais deveria ser bebida. O texto abaixo
sugere-nos a pessoa de Jesus Cristo que derramou sua alma na morte, como
sacrifício expiatório pelos homens. O que supõe também que Jacó aprendeu a
praticar a unção com os povos do baixo vertente, nas regiões da Mesopotâmia.
o Gn 28:18 "Tendo-se levantado Jacó,
cedo, de
madrugada, tomou a pedra
que havia posto
por travesseiro, e a erigiu em
coluna, sobre
o
o Gn 35:14 "Então Jacó erigiu uma
coluna de pedra no
lugar onde Deus falara com
ele; e derramou
2.
2.
2.
2. Pessoas que a recebiam
3. Havia em Israel uma estreita relação entre os reis,
profetas e sacerdotes, quando estas três classes
eram servos da aliança, e sem dúvida os três ofícios
deveriam complementar-se entre si e cumprir papéis
querem vigias para cada um dos outros dois. {10}
Estes ofícios eram cumpridos por homens ungidos
pelo Senhor.
1. Profetas
Na comunidade da aliança, o profeta é o segundo ofício a aparecer. "O ofício
profético era plenamente estabelecido pelo ato da unção, como afirma o
profeta Isaias (61:1-3). Não é descrito ritual da unção, mas há referência a ele
e o resultado é claramente expresso nas seguintes palavras: "O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu."{11} Nas Escrituras
Sagradas não encontramos nenhum ritual da unção, contudo ela nos mostra
claramente que o ofício de profeta era conhecido e o homem que o possuía
agia com autoridade e poder." {12}
o I Rs 19:16 "a Jeú, filho de Ninsi,
ungirás rei sobre
Israel, e
também Eliseu,
filho de Safate de
Abel-Meolá,
ungirás profeta
em teu lugar."
o Is 61:1 "O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim,
porque o Senhor me
ungiu, para pregar boas-
novas
aos
quebrantad
os, enviou-
me a curar
os
quebrantad
os de
coração, a
proclamar
libertação
aos cativos,
e a pôr em
liberdade
os
algemados.
"
1.
1.
1.
1.
1. Sacerdotes
Moisés recebeu instruções de Deus para ungir sacerdotes. O propósito da
unção era a consagração de Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem
ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio.
o Ex 40:13-15 "Vestirás a Arão das
vestes sagradas, e o
ungirás, e
a
consagrar
ás, para
que me
oficie como
sacerdote.
T
a
m
b
é
m
f
a
r
á
s
c
h
e
g
a
r
s
e
u
s
fi
l
h
o
s
e
l
h
e
s
v
e
s
ti
r
á
s
a
s
t
ú
n
i
c
a
s
,
o
s
u
n
g
i
r
á
s
c
o
m
o
u
n
g
i
s
t
e
a
s
e
u
p
a
i,
p
a
r
a
q
u
e
m
e
o
fi
c
i
e
m
c
o
m
o
s
a
c
e
r
d
o
t
e
s
;
s
u
a
u
n
ç
ã
o
l
h
e
s
s
e
r
á
p
o
r
s
a
c
e
r
d
ó
c
i
o
p
e
r
p
é
t
u
o
d
u
r
a
n
t
e
a
s
s
u
a
s
g
e
r
a
ç
õ
e
s
."
o I Rs 1:34 "Zadoque, o sacerdote, com
Natã, o profetas,
ali o ungirão rei
sobre Israel; então
tocareis a
1.
1.
1.
1.
1. Rei
As funções específicas na unção dos reis de Israel tinha como propósito da
libertação do povo, através de um governo teocrático.
As funções incluíam:
3º) O rei era ungido como pastor do povo de Deus...Pastorear inclui, além de
guiar com mão hábil, o trabalho de buscar, alimentar, zelar, cuidar e curar."
{14}
o I Sm 9:16 "Amanhã a estas horas te
enviarei um
homem
da terra de
Benjamim,
o qual
ungirás por
príncipe
sobre o
meu povo
de
Israel, e ele
livrará o
meu povo
da mão dos
filisteus;
porque
atentei para
o meu
povo,
pois o seu
clamor
chegou a
mim."
2.
2. Jesus Cristo, o Ungido de Deus
A raiz do substantivo mãsîah que tem o sentido de ungir, ungido, se refere ao
Messias. Nos tempos bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de
consagração. No sentido original do termo mâsîah, traduzido no Novo
Testamento como Messias, era a pessoa encarregada por Deus para cumprir a
missão de reconciliação do homem com Deus, e sua unção expressava o
caráter sagrado do seu ofício. A palavra Messias passou a significar o "ungido
de Deus", o mensageiro do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para
Israel (israelitas espiritual), mas também para toda a raça humana. Na
plenitude dos tempos com a vinda do Cristo, o Messias, todos os homens
veriam a luz de Deus e aqueles que cressem viveriam de acordo com os
mandamentos de Deus. {15}
O verbo masah aparece em grande parte do Velho Testamento, mais de 34
vezes, no Pentateuco "todos os exemplos ocorrem em contexto de culto, com
objetos para o culto e pessoas oficiantes recebendo o óleo da unção." {16}
Gerard Van Groningen diz que a designação ampla de masah, pode ser
referenciado a um ou vários aspectos, tais como:
3º) as qualificações;
-
Sl
45:7
"Am
as a
justiç
ae
odei
as a
iniqüi
dade
; por
isso
Deus
,o
teu
Deus
, te
ungi
u
com
o
óleo
de
alegr
ia
com
oa
nenh
um
dos
teus
com
panh
eiros
."
- Is
61:1
"O
Espír
ito
do
Senh
or
Deus
está
sobr
e
mim,
porq
ue o
Senh
or
me
ungi
u,
para
preg
ar
boas
-
nova
s
aos
queb
ranta
dos,
envi
ou-
me a
curar
os
queb
ranta
dos
de
cora
ção,
a
procl
amar
libert
ação
aos
cativ
os e
a por
em
liber
dade
os
alge
mad
os."
- Lc
4:18
"O
Espír
ito
do
Senh
or
está
sobr
e
mim,
pelo
que
me
ungi
u
para
evan
geliz
ar
aos
pobr
es;
envi
ou-
me
para
procl
amar
libert
ação
aos
cativ
os e
resta
uraç
ão
da
vista
aos
cego
s,
para
por
em
liber
dade
os
opri
mido
s."
1.
2. A unção na história eclesiástica da Igreja
3. A unção de enfermos é um assunto que tem sido debatido ao longo da
história eclesiástica da igreja. Os cristãos não poderia deixar de sofrer
impacto pela prática da unção que é tão latente nas Escrituras
Sagradas. Pelo grande número de referências bíblicas, a unção não
deixou de exercer grande influência no povo de Deus. Deste a época
dos pais da igreja ou antes, a Igreja pratica uma unção pós batismal{19}
e uma imposição de mãos{20}, com o objetivo de receberem o Dom do
Espírito Santo. "Na igreja primitiva, e ainda hoje em muitas das igrejas
orientais essa imposição de mãos não era claramente distinguida do
batismo propriamente dito, e o rito derivou seu nome da unção ou, mais
exatamente, do crisma que usava. No decorrer da Idade Média, a Igreja
Ocidental ou Católica separou esse rito do batismo e o elevou ‘a
categoria de sacramento de confirmação, mediante o qual, segundo
ensinavam seus teólogos, uma graça aumentada e fortificante do
Espírito era outorgada ‘as crianças ou aos adultos jovens’." {21}
O Rabino Henry Sobel afirma que "a palavra "Messias" vem do hebraico
Mashiach, que significa "ungido". Nos tempos bíblicos, a unção com óleo
santo era um ato de consagração. No sentido original do termo, o
"messias" era a pessoa encarregada por Deus para cumprir uma missão
especial, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu cargo.
"Do mesmo modo, se alguém oferecer queijo e azeitonas, diga: "Abençoa este leite
coalhado, unindo-nos à tua caridade. Concede, ainda, que este fruto da oliveira não se
afaste da tua doçura por ser um exemplo da abundância que tiraste da árvore para a
vida dos que em ti esperam". E, a cada bênção, diga: "Gloria a ti, ao Pai, ao Filho e
com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém". {25}
Estas práticas aqui utilizadas por Hipólito de Roma, não condiz com a
vida da Igreja em nenhuma época e em nenhuma parte do mundo:
"Derramará o óleo santo nas mãos e dirá, colocando as mãos sobre a sua cabeça: "Eu
te unjo com o óleo santo, no Senhor Pai Todo-Poderoso e em Jesus Cristo e no
Espírito Santo". Marcando-o na fronte com o sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo,
dizendo: "O Senhor esteja contigo". O que foi marcado responderá: "E com o teu
Espírito". Assim deve proceder com cada um. Em seguida, rezarão com todo o povo,
não podendo rezar com os fiéis enquanto não atingirem tudo isso. Após a oração,
oferecerão o ósculo da paz." {29}
Com relação a unção com óleo, Orígenes afirma que alguns Cristãos
(neste caso Celso) querem curar as suas feridas por meio da palavra
divina e verter sua alma inflamada por seus vícios e pecados, rejeitando
os remédios dessa mesma palavra (confissão de pecados e perdão), a
maneira do azeite e vinho e outros emolientes, e demais ajudas médicas
que aliviam a alma. {31} Hoje em dia a medicina nos apresente
inúmeros recursos curativos, além do azeite, vinho, aos quais podemos
recorrer, contudo não esquecendo da dependência de Deus, através de
uma vida de oração.
2.
3. A idade média
Na idade média a luta entre o poder temporal com o poder espiritual, trouxe
grandes conseqüências para a teologia da igreja. As interpretações exegéticas
e hermenêuticas das Escrituras Sagradas visavam unicamente autenticar os
atos do clero. É neste período que desenvolve o misticismo mágico-religioso da
igreja. Não podemos ser injustos com aqueles que se levantaram contra a
igreja, desejosos de moralizá-la. A unção com óleo é pouco debatido na igreja,
isto é causado pela falta de princípios litúrgicos, e porque a prática já tornara-
se um sacramento, o sacramento da extrema-unção
2.
2.
2.
3. Cesário de Arles, faz várias referências a unção
de enfermos nos seus sermões (503-504).
4.
5.
No Sermão 184, suplica "as mães que não levem seus filhos aos
"medicamentos diabólicos", argumentando: "Quanto mais justo e razoável seria
recorrer a igreja, receber o corpo e o sangue de Cristo, ungir com fé, seja o
próprio corpo ou o dos seus, com o óleo bento." {35}
4.
4.
4.
5. Beda, o venerável (+ 720 d.c.) comentando Tiago 5:14,
argumenta que os apóstolos praticavam a Unção de
Enfermos, conforme se lê no Evangelho, creio que ele
falava sobre Mc 6:13; e que a igreja de sua época
praticando os ensinamentos apostólicos ordena que os
enfermos sejam ungidos pelos sacerdotes com o óleo da
unção (óleo consagrado) e curados pelas orações
daqueles que acompanham o sacerdote. Aqui há uma
novidade na evolução do sacramento da Unção de
Enfermos. Primeiro, a unção passa a ser um oficio
particular do sacerdote. Segundo, as orações são
realizados por aqueles que acompanham o sacerdotes.
Este cerimonial dá a idéia da procissão.
6. São Beda, no final de sua vida (735 d.c.) recorre aos
ensinos de Inocêncio I, permitindo todos os cristãos a
utilizar o óleo bento, fazendo unção quanto a sua doença
ou a dos seus os impele. Mas somente era permitido aos
bispos a benção desse óleo, isto é, a consagração.
3º) De sacramento com efeito corporais passou a ser sacramento com efeitos
espirituais;
3.
3.
4. Os reformadores
5. Os alvos dos reformadores (Lutero e Calvino) era descrito em
termos de contraste com o catolicismo medieval que estava
degenerado. Colocavam a fé apostólica e dos pais primitivos
como retorno a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas.
Contrapõe todos os abusos papais, principalmente os teológicos
e práticos. Essas práticas foram a base das indulgências contra
as quais Lutero dirigiu suas Noventa e Cinco Teses.
6. A Contra-reforma
O Concílio de Trento retoma novamente a questão da unção de enfermos.
Trento defende-se contra as negações protestantes de Calvino e Lutero com
respeito a ordenação jurídica e litúrgica da Igreja de seu tempo. O Concílio de
Trento ensina que "a igreja teve em todo o tempo o poder de, ao administrar os
sacramentos, determinar e mudar, salvando sempre a sua substância, o que
julgar conveniente, a utilidade dos que os recebem, a veneração dos mesmos
sacramentos, conforme a variedade dos tempos e lugares." {44}
a.
b. como uma sagrada unção;
c.
d. como verdadeira prática da igreja;
e.
f. como um sacramento propriamente dito da nova lei (Novo Testamento)
g.
h. Insinuado a verdade por Cristo, nosso Senhor, segundo o Evangelista
Marcos;
i.
j. Recomendado e intimado aos fieis por Tiago, o apóstolo, irmão do
Senhor.´ {45}
3.
3.
4. A unção no movimento pentecostal e
neopentecostal
5. A unção de enfermos no movimento pentecostal atual está
associado ao movimento da cura divina, que a partir da década
de cinqüenta tornou difusa e confusa. Antes dos anos 50 era
perfeitamente identificáveis as marcas do movimento pentecostal
clássico (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, O
Brasil para Cristo), que tinha como marca principal o Batismo com
o Espírito Santo e a glossolalia. "A instituição e burocratização do
carisma vai aos poucos substituindo a magia individual. " {47} A
prática pentecostal de abençoar o azeite e utilizá-lo na cura de
enfermos, transmite um poder mágico, conferindo ao pastor,
presbítero ou missionário a característica de mediador entre Deus
e os homens, isto porque, o obreiro tornar-se o canal de ligação
do céu com a terra.
VISÃO DO MUNDO
BEM MAL
perdição
conversão, salvação
vida melhor,
paz, superação do
sofrimento,
6. O Concílio Vaticano II
No Vaticano II, o sacramento da extrema-unção sofre algumas modificações,
com objetivos de quebrar o sacramentalismo da Igreja Católica Romana, numa
proposta ecumênica do Concílio Mundial de Igrejas. O sacramento da extrema
unção passa a ser chamado a partir daqui, simplesmente de unção de
enfermos. Afirma o Concílio: "o sacramento da unção de enfermos tem por fim
conferir uma graça especial ao cristão que experimenta as dificuldades
inerentes ao estado de enfermidade grave." {50}
O ritual litúrgico consiste na unção do enfermo pela frente (testa) e nas mãos,
no ritual romano e em outras partes do corpo, no ritual oriental, acompanhada
da oração litúrgica do sacerdote celebrante que pede a graça especial deste
sacramento.
"1º) A unção do enfermo a paz de Cristo, para seu bem e de toda a Igreja;
3º) O perdão{51} dos pecados se o enfermo não pode obtê-lo pelo sacramento
da penitência;
O Concílio Vaticano II, não mudou praticamente nada com relação a unção de
enfermos, aplicou sim, uma dose homeopática para que o movimento
carismático católico pudesse identificar-se mais com os movimentos
pentecostais e neopentecostais brasileiros.
2.
3. Razões porque os reformadores não ungiram
O sacerdotalismo romano conduziu a igreja ao sacramentalismo, alterando a
simplicidade do culto e modificando a doutrina bíblica da justificação e da
graça. Ao longo da história eclesiástica apareceram os sintomas de todo o
sistema sacramental, os quais durante a Idade Média receberam forma definida
e dogmática.
6º) Por que Cristo mesmo instituiu a Ceia e o batismo, que é a comunhão com
Cristo e o selo do Espírito Santo;
7º) Por que o óleo não somente tinha qualidade curativa, mas era um sinal
visível de dependência total no Senhor.
1.
1.
2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero
3. Na exegese de Tiago 5:14, Lutero diz que os teólogos Católicos
ao longo da história eclesiástica da igreja, fiz, fizeram dois
acréscimos, dignos de uma exposição falsa e preconceituosa,
primeiro denominam a unção de enfermos de sacramento e
depois a denominam de extremo. Lutero diz que os teólogos
católicos argumentam que segundo o testemunho do apóstolo
Tiago, há aqui dois elementos: uma promessa e um sinal. A
promessa da remissão de pecados e o sinal do óleo." {53}
Com isto Calvino conserva apenas dois dos sete sacramentos existente na
Igreja, a Ceia do Senhor e o Batismo, por entender que estes são os
verdadeiros sacramentos ordenados pelo Senhor Jesus Cristo e ministrados
pela Igreja Primitiva.
2º) É coisa corrente e familiar nas Escrituras que o azeite signifique o Espírito
Santo e seus dons;
2º) A unção aponta para a Obra e os dons do Espírito Santo; se vivemos hoje
no desenvolvimento ministerial do Espírito Santo, com certeza, não sentido a
prática da unção de Enfermos ou qualquer outro tipo de unção;
3º) Calvino dá a entender que a questão fica aberta, nas seguintes condições:
a.
b. Se alguém deseja praticar a unção, deve optar pela simplicidade;
c.
d. O óleo da unção deverá ser o azeite comum; não existindo nenhum
cerimonial de consagração do óleo;
e.
f. A unção não tem efeito das virtudes espirituais apostólicas;
g.
h. A unção não é canal de bênçãos para o crente; canal de bênção seria a
doutrina Bíblica, as orações (intercessão dos Santos) e a comunhão;
i.
j. A unção não é privativa do pastor da igreja;
k.
l. A unção não tem efeito de sacramento;
m.
n. A unção não perdoa pecados;
o.
p. A unção não é sinal de cura;
q.
r. A unção não tem poderes mágicos-religiosos;
s.
t. Não deve ser praticada indiscriminadamente, e, nem adicionando outros
sinais, tais como o sinal da cruz..
2.
3. Considerações atuais da unção
4. As situações que vem passando o povo brasileiro, devido as
conjunturais políticas/econômicas/sociais tem dificultados muitos em
adquirir remédios e ir ao médico, por causa das filas, o custo elevado
das consultas e dos medicamentos. Não havendo recursos, o povo
busca praticar uma medicina popular, principalmente nas consultas com
curandeiros, as concepções mágicos-religiosas, os líderes carismáticos
muitas vezes são solicitados a realizar curas além de sua competência
religiosa. "Os evangelistas da cura divina, ou os missionários
neopentecostais, crêem viver em contato permanente com anjos e
demônios, com o Espírito Santo e os espíritos das enfermidades. Dizem
alguns que experimentam choques elétricos nas mãos quando estão
orando pelos enfermos. Outros dizem que têm auréolas em torno da
cabeça quando se lhes tiram fotos. Em outros ainda, aparecem sinais
nas mãos quando estão orando. Quando não acontece a cura, eles
apresentam pelo menos dez causas, dentre elas a falta de fé do
enfermo." {61}
3.
1.
2. Exposição de Tiago 5:14
3. Um dos temas centrais da Epístola de Tiago é a oração.
Tiago tinha o exemplo de Jesus, homem de oração, e de
como Deus operava com grande obra em resposta as
orações dos fiéis. Com certeza Tiago também era homem
de oração, isto é evidente, pelas muitas exortações que faz
aos seus leitores que dediquem a oração. "As informações
daquela época que nos chegam falam de Tiago como um
homem dedicado à oração. Testemunhas de sua vida
disseram que seus joelhos se calejaram pelos longos
períodos dobrados em oração. Não é de se estranhar,
portanto que os limites do seu livro sejam a oração." {65}
4. O mito e o rito
É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o
mesmo não tem aqui a conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas
a acepção que lhe atribuíam e ainda atribuem as sociedades, onde mito é o
relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a
intervenção de poderes sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de
uma história verdadeira, ocorrida em tempos passados, mediante a
interferência de poderes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja
uma realidade total, ou um fragmento, no nosso caso específico a unção de
enfermos. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo
algo, que não era, começou a ser.
"Quando a unção com azeite é feita aos doentes (Mc 6:13; Tg 5:14), isto faz
lembrar a unção dos enfermos em outras partes do mundo antigo. Há a
possibilidade de que atribui-se alguma propriedade medicinal ‘a unção do NT,
mas não se ressalta esta parte. É provável que passagens tais como Mc 6:13 e
Tg 5:14 tenham seu pano de fundo, pelo contrário, na prática do exorcismo.
Unir é um ato simbólico através do qual os demônios são expulsos. As curas
levadas a efeito pelos discípulos ou pelos presbíteros da igreja foram
acompanhadas pela unção, ocorrendo no contexto da pregação e da oração. A
cura, e, portanto, a unção também, veio a ser vista como um sinal visível do
começo do reino de Deus. Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no
entanto, é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância
atribuída à oração que o acompanha." {69}
a.
b. "dom especial do Espírito Santo: a graça do perdão, do conforto, da paz
e da coragem, força diante da enfermidade, confiança em Deus;
c.
d. participação na ação salvífica de Jesus na cruz;
e.
f. graça eclesial da comunhão dos santos. Por este sacramento, a Igreja é
santificada na pessoa do enfermo;
g.
h. sentido pascal da morte. A doença nos lembra a nossa fragilidade e a
certeza da morte. A unção dos enfermos nos dá a dimensão pascal da
dor e da morte e renova em nós a certeza da ressurreição. {70}
Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como
a conscientização de arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo
entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das
quais o inconsciente se manifesta.
Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se
manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se
para a etimologia de símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein",
"lançar com", arremessar ao mesmo tempo, "com-jogar". De início, símbolo era
um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo ajuste e
confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem.
"1º) um signo exterior da graça: óleo (matéria: oração dos presbíteros (forma);
3º) A instituição por Cristo: "em nome do Senhor" por encargo e autoridade do
Senhor." {71}
Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos
quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em
relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo
num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os antigos é a
reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao
menos, de reafirmar o mito".
3.
3.
4. Ações e reações: Estudo de caso da IPB
Percebe-se com clara evidência, desde o início do movimento presbiteriano
brasileiro, o surgimento de vários problemas que caracteriza a insatisfação de
alguns com o modelo adotado pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Tais
insatisfações são a causa do surgimento de novas formas eclesiológicas que
caracterizarão a divisão da igreja-mãe e várias outras denominações
presbiterianas e não presbiterianas, como também essa nova eclesiologia
colaboraram para o surgimento de algumas seitas neo-pentecostais.
Para Arival, a Reforma da constituição, deveria ser mais uma aproximação aos
princípios da Igreja, conforme o pensamento de Calvino. A Igreja Presbiteriana
está promovendo congressos para 1.500 pessoas, porém sem discutir os
problemas essenciais da Igreja. Ou cria uma Igreja nova, criando uma igreja
nova, também muda-se os princípios da igreja, nisto a igreja nova
caracterizaria em uma outra igreja. Reformando a constituição, também levaria
a igreja atual a uma mudança teológica, principalmente na ordenação de
mulheres para o presbiterato e o diaconato, ferindo um princípio doutrinário da
IPB.
Arival diz: " não sou fechado para o novo, mas que esse novo, seja novo".
1º) Da incompetência no momento de produzir um documento tão
extenso que reflita os princípios reformados quanto a constituição de
1950;
2 º) Todo documento oficial é produzido dentro de um conceito espiritual,
político, histórico e social. De 1950 até hoje houve uma transformação
de grandes proporções no mundo, portando não podemos negar a
possibilidade da igreja produzir um documento contextualizado;
3º) há também a omissão baseada apenas em temores em que algo não
desejável aconteça. Podemos cair na sacralização da Constituição de
1950, que seria mais uma dogmática Católica do que Presbiteriana.
- Respondi que não, pois no meu entender a Igreja é uma agência do Reino de
Deus, pois creio que o reino de Deus é muito mais extenso e amplo que a
Igreja.
- O pastor disse-me: "Você não pode ser pastor presbiteriano", porque a
Confissão de Fé de Westerminster declara no Cap. XXXIII, que a Igreja é o
reino de Deus. E você só poderá ser pastor presbiteriano se afirmar o quer
consta na Confissão de fé adotada pela Igreja.
Isto provocou uma grande discussão entre os membros daquela comissão, que
solicitaram a minha retirada do recinto, para que os mesmos pudesse
discutirem mais a vontade.
Para Éber Ferreira, "o sistema de governo federativo, com base nos concílios,
está fazendo água, face à tendência congregacionalista. Há pôr trás desse
tendência uma preocupação política que visa a obtenção de mais liberdade de
ação e pensamento para comunidades com tendência carismática, autonomia
essa que o sistema atual nega. Pôr outra lado, o sistema conciliar, da forma
como está funcionando, é lento para conviver com o século XXI e os avanços
da tecnologia." {79}
O modelo pentecostal é um modelo que sempre foi rejeitado pela IPB, mas as
mudanças que vem sendo implantadas no seio da Igreja, que seria um novo
tipo de pentecostalismo, isto é, adotando o modelo pentecostal, sem contudo
perder os princípios calvinistas, tem sido bem aceito pôr uma grande parte da
igreja. Trabalhos desenvolvidos pela Missão APRESSEM pôr exemplo, que
tem a finalidade de trazer os jovens que estão sendo influenciados pelo
louvorzão para um ponto de equilíbrio, isto é, dando razão a emoção,
consequentemente também a missão tenta trazer os tradicionais para um ponto
de equilíbrio, oferecendo-lhes a oportunidade de sentir um pouco de emoção,
ou seja, dar emoção a razão.
Uma vez que vários outras práticas que não eram comuns na liturgia da Igreja,
e aos poucos estão tornando-se comuns, tais como: coreografia, profecia,
visões, batismo com o Espírito Santo, línguas estáticas, curas, exorcismo, etc,
como conseqüência dos Congressos de Avivamentos e Crescimento da Igreja,
Unção com óleo e outras práticas com certeza tornar-se-ão comuns também.
Neste ponto falta pouco para a Igreja Presbiteriana do Brasil adotar também o
Ecumenismo e filiar-se ao Concílio Mundial de Igrejas.
CONCLUSÃO
Frente às inéditas transformações do processo teológico no fim deste século, ‘a
força ideológica das argumentações e propostas novos teólogos e à queda de
certos paradigmas teológicos-doutrinários, o teólogo hoje enfrente um duplo
desafio. Por um lado, devem contestar com urgência o ímpeto arrasador da
ofensiva neoconservadora e neoliberal que tem sacudido a Igreja mediante a
produção de um discurso teológico que expresse o questionamento radical da
política eclesiástica da Igreja Presbiteriana do Brasil, bem como a delimitação
conceitual e prática de espaços estratégicos (internet) para a luta e a
resistência das maiorias e dos grupos subordinados. Por outro ainda que
constituindo uma condução de possibilidade do anterior, devem re-construir
novas teologias analíticas e interpretativas que permitam vincular a
compreensão dos processos, relações e práticas doutrinárias que se
constróem fora da Igreja, mas que a incluem e a determinam.
1º) A Unção de enfermos não é sacramento; nem foi instituído para tal;
4º) Conforme Tiago 5:14 a unção não tem poder em si mesmo, nem virtude
alguma, mas o poder está na oração de intercessão feita pelos líderes da
Igreja;
7º) O texto de Tg 5:14 sugere a dependência de Deus que o homem deve ter;
8º) a prática da unção de enfermos cessou na Igreja, bem como várias outras
práticas da Igreja Primitiva e alguns dons do Espírito Santo;
9º) A eficácia da oração, o poder não está no óleo, mas na oração dos líderes
da igreja, "a oração da fé salvará o doente", Tiago utiliza dois elementos (mito)
que bem conhecidos por todos para combater as enfermidades: o remédio
(óleo) e a oração. É excluída qualquer idéia de um óleo virtuoso, mágico ou
poderoso. Segundo Tiago não é no óleo que reside o poder, mas sim na
oração.
BIBLIOGRAFIA
- BIBLIA SAGRADA, 2º Edição reimprimida, Edições Vida Nova, Traduzida por
João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil, São Paulo,
1997.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Dantas, Martorelli, UNÇÃO COM ÓLEO, hppt://www.ipb.org/teonet/opinião/unção.htm
(7) ROPS, HENRI DANIEL – A VIDA DIÁRIA NOS TEMPOS DE JESUS, Edições Vida Nova,
São Paulo, 2ª Edição, 1986. Traducido do original em Francês: La Vie Quotidienne en
Palestine au Temps de Jesus Christ, por Neyd Siqueira, pg 212
(25) Justino, Mártir, Santo Justino de Roma: Diálogo com Trifão (Introdução e notas
explicativas Roque Frangiotti; tradução Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin) – São Paulo,
Paulus, 1995. – Coleção Patrística – Vol 3 Pg. 245.
(33) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos,
Madrid, 1968. Libro I, pg 87 "Aquel para quien estaban reservadas las cosas, el Ungido de
Dios, el príncipe a quien se refieren las promesas de Dios. Y, evidentemente, sólo El, de entre
todos los que le segieron, fue la expectación de las naciones."
(34) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos,
Madrid, 1968. Libro III, pg 224 "No llamamos, pues, a nuestros misterios y a participar de la
sabiduria en el misterio, aquella que Díos predestinó antes de los siglos para gloria de sus
santos (I Cor 2,7), al inicuo, al ladrón, al atracador, al hechicero, al sacrilego y violador de
sepulcros y a cuantos outros, com énfasis retórico, pueda enumerar Celso. No, a ésos los
llamamos para su curación. Y es así que en la divinidade del Logos hay ayuda para la curación
de los enfermos, de los que dijo el Logos mismo; No necesitan de médico los sanos, sino los
enfermos (Mt 9, 12); Y hay otros que revelan a los limpios de cuerpo y alma el misterio oculto
por tiempos eternos, pero manifestado ahora por las escrituras proféticas y por la aparición de
nuestro Señor Jesuscristo...el cristiano quiere vendar las heridas de ellos por medio de la
palabra divina, y verter sobre el alma, inflamada por sus vicios, los remedios de esa misma
palabra, a la manera del aceite y vino (Lc 10,34) e otros emolientes, y demás ayudas médicas
que alivian al alma."
(35) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE O MINISTRO DA UNÇÃO DOS
ENFERMOS – 35ª Assembléia Geral da CNBB. Unção dos Enfermos podia ser administrado
por qualquer cristão, isto é: o sacerdote não era o necessário ou único das administração da
Unção. É o que lemos na resposta que o Papa Inocêncio I deu a uma consulta do Bispo
Decentius, de Gubbio, na Carta Si instituta ecclesiastica, de 19 de março de 416. (...) ...a praxe
e o conhecimento teológhico deste...A parte relacionada com a Unção dos enfermos se
encontra no Enchiridion Symbolorum de Denzinger-Schönmetzer (n.216). Depois da citação de
Tg 5, 14-15, declara o Papa que os fiéis enfermos podem ser ungidos com o santo óleo... que
feito ("confectus") pelo Bispo, não só aos sacerdotes, mas a todos os cristãos é lícito usar para
ungir-se em sua própria necessidade e na dos outros: "Quod non est dubium de fidelibus
aegrotantibus accipi vel intelligi debere, Qui sancto oleo chrismais perungi possunt, quod ab
episcopo confectum, non solum sacerdotibus , sed et et omnibus uti Christianis penitentes
públicos, " quia genus est sacramenti". Portanto não está se referindo a um simples e piedoso
rito de devoção popular (ou, como diríamos hoje, " sacramental").
Esta última informação de Sâo Beda chama nossa atenção para um ponto de singular valor:
naquele época se pensava que a força ou a virtude (...da) Unção estava no óleo consagrado
ou bento. O Santo Óleo ("Ave Sanctum Oleum!") pertencia ‘a categoria do sacramento
permanente, como a Eucaristia. Assim como o pão consagrado já tem em si a força do
sacramento, também o óleo bento consagrado pelo Bispo. Como na Eucaristia o ministro
propriamente dito é o sacerdote que consagra o pão (e este pão consagrado pode ser depois
administrado por um diácono (presbítero) ou até também no (...) da Unção o ministro
propriamente dito seria o Bispo que consagra o óleo e aquele que o aplica na unção seria
impropriamente ministro. (...) O ministro da administração seria neste caso uma questão
secundária, não dogmática, disciplinável pelo poder de condução da Igreja.
(61) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA ...op cit., "Esta unción es de la misma clase que
la impsición de las manos de que hemos hablado; no es sino una farsa, com la que pretenden
hipócritamente, contra toda razón y sin provecho alguno, imitar a los apóstoles. Cuenta san
Marcos que los apóstoles, la primera vez que fueron enviados - conforme el Señor se lo había
mandado -, resucitaron muertos, arrojaron demonios, curaron leprosos, sanaron enfermos; y
añade, que cuando curaban a los enfermos usaban y aplicaban aceite: "Ungían com aceite a
muchos enfermos, y los sanaban" (Mc 6:13). Esto tuvo presente Santiago al ordenar que
llamasen a los ancianos para que ungiesen al enfermo." Pg 1153-1155
(62) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit., "Los que consideraren la gran liberdad
que el Señor y sus apóstoles usaron en estas cosas externas, fácilmente verán que bajo talaes
ceremonias no había misterio alguno ocultu y más profundo. El Señor, cuando quiso dar la
vista al ciego, hizo barro com polvo y saliva (Jn. 9, 6). A otros los sanó por contacto (Mt 9, 29);
a otros, com la palavra (Lc 18, 42). De la misma manera, los apóstoles curaron a unos com la
sola palavra; a otros, tocándolos; a otros, com la unción (Hch 3,.6; 5,14-15; 19,12). Pg 1153-
1155
(73) Brunotte, W., Ungir - in Dicionário Internacional de Teologia do Novo ...op cit., pg 676.
(76) Rev. Arival Dias Cassimiro, tem exercicido sua liderança pastoral na Igreja Presbiteriana
de Olinda-PE, também pôr várias vezes foi vice-presidente do Sinodo de Pernambuco, e
professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano do Norte. (Dados de 1995).
(78) Rev. Cilas Cunha de Menezes, é Pastor da Igreja Presbiteriana de Mirueira, Paulista-PE,
presidente do Sínodo de Pernambuco e presidente do núcleo estadual da AEVB. Concorreu a
presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil em 1994.(Dados de 1995)
ashbell@net.provider.com.br
ashbell@bol.com.br
http://www.geocities.com/simonton_1958
http://meusite.osite.com.br/simonton
JUL/1999