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UNÇÃO COM ÓLEO: AÇÕES E REAÇÕES

Por

Rev. Ashbell Simonton Rédua

SUMÁRIO

Introdução

1.  
2. A unção nas Escrituras Sagradas
3.  
1.  
2. De objetos separados para usos sagrados: coisas que a
receberam
3.  
1.  
2. Tabernáculo
3.  
4. Altar de bronze
5.  
6. Bacia de bronze
4. Maneira e propósito
5.  
1.  
2. Com azeite
3.  
4. Com ungüento
5.  
6. Era usado para
7.  
1.  
2. Enfeitar a pessoa
3.  
4. Refrescar o corpo
5.  
6. Purificar o corpo
7.  
8. Curar os enfermos
9.  
10. Curar os ferimentos
11.  
12. Preparar os mortos para o sepultamento
13.  
14. Os judeus gostavam muito do azeite
8. Era aplicado
9.  
1.  
2. A cabeça
3.  
4. Ao rosto
5.  
6. Aos pés
10. Unção Sagrada
11.  
1.  
2. Sua antigüidade
3.  
4. Pessoas que o recebiam
5.  
1.  
2. Profeta
3.  
4. Sacerdote
5.  
6. Rei
6. Jesus Cristo, o Ungido de Deus
4. A unção na história eclesiástica da Igreja
5.  
1.  
2. Os pais apostólicos
3.  
1.  
2. Justino de Roma
3.  
4. Hipólito de Roma
5.  
6. Orígenes
7.  
8. Inocêncio I
4. Idade Média
5.  
1.  
2. Gelasiano
3.  
4. Cesárioo de Arles
5.  
6. Eloy de Noyon
7.  
8. Beda
9.  
10. Reforma Carolígea
11.  
12. Bonifácio
6. Os reformadores
7.  
8. A Contra-reforma
9.  
10. A unção no Movimento Pentecostal e Neopentecostal
11.  
12. O Concílio Vaticano II
6. Razões porque os reformadores não ungiram
7.  
1.  
2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero
3.  
4. Exposição de Tiago 5:14 por Calvino
8. Considerações atuais da Unção
9.  
1.  
2. Exposição de Tiago 5:14
3.  
4. O mito e o rito
5.  
6. Ações e reações: Estudo de caso da IPB

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

INTRODUÇÃO
Começo minha reflexão dizendo que a teologia é uma noção inadequada. A
palavra teologia exprime ainda, como o indica a sua etimologia, o estudo de
Deus, numa época em que o adulto e o próprio teólogo precisa de
ensinamento. A noção de Teologia é inadequada a estes tempos novos que
exigem do teólogo muito mais que reproduzir a teologia dogmática.

Reivindico para o teólogo o direito à desobediência. A prática da teologia


começa pela desobediência e pelo desrespeito. Entenda-se bem essa
desobediência e este desrespeito, para o leitor não se equivocar. É preciso ser
desrespeitoso, inicialmente, consigo mesmo, com a pretensa imagem do
homem teólogo, do sábio ou mestre. E é preciso desrespeitar também esses
monumentos da teologia, da teoria teológica, não porque não sejam
monumentos, mas porque é praticando o desrespeito a eles que descobriremos
o que neles podemos amar, Ter como exemplo, ensinamento e o que devemos
neles abominar.

É preciso Ter coragem para praticar a teologia dessa maneira, mas é somente
dessa maneira que podemos formar gente capaz de assumir a sua autonomia,
gente inconformada, capaz de autodeterminar-se e participar na construção de
uma igreja mais santa, imaculada e mais bíblica.

Nestas circunstâncias o teólogo tem a chance de repensar o seu estatuto e


repensar a sua própria teologia. O teólogo ao repensar a teologia, repensa
também a igreja, a sociedade. O ato teológico é essencialmente político. O
papel do teólogo é um papel político. Não acredito numa teologia neutra. Não
existem receitas mágicas nem métodos ou técnicas que garantam que estamos
realmente reaprendendo a teologia ou reproduzindo a teologia.

É possível uma teologia que tente participar do processo de transformação da


Igreja que a mantém? O que seria uma teologia transformadora? Será que a
posição defendida sobre a "UNÇÃO COM ÓLEO", é o que realmente a
teologia afirma ser? Uma teologia transformadora ou alienadora?

Reconheço que essas não são questões simples. Vou tentar, por isso,
simplificá-las para facilitar a sua compreensão. Podemos dizer que nos
extremos existem dois tipos ideais de teologia: uma teologia como prática da
domesticação e uma teologia como prática da libertação (em relação a Unção
com óleo).

Evidentemente, essas teologias não existem em estado puro. Em estado puro


esses dois modelos de teologia são caricaturas, abstrações. Elas não existem
porque não existe uma sociedade religiosa abstrata que seria totalmente
conservadora ou totalmente libertadora. Porém esses dois modelos seriam
apenas horizontes opostos, em direção dos quais o teólogo tentaria caminhar,
mantendo o conflito, a dialética, entre o velho e o novo, entre a reprodução e a
transformação.

Neste contexto, o que poderíamos chamar de teologia transformadora?


Certamente aquela teologia que não tenta esconder as contradições existentes
na sociedade, mas tenta mostrá-las.

O enunciado sensível da doutrina reformada de "Sola Scriptura" (a Escritura


somente) sustem que todo o ensinamento teológico da Igreja deve derivar-se
somente e exclusivamente das Escrituras. Isto se expressa de modo definitivo
com o famoso slogan da Reforma Protestante do Séc XVI "Quod non est
biblicum, non est theologicum (o que não é bíblico, não é teológico)".

Até que ponto a unção com óleo nos dias atuais é uma afirmação teológica e
doutrinária como prática contemporânea da Igreja Reformada?

Procurarei responder estas e outras questões neste discurso teológico.

Não pretendo refutar o trabalho do Rev. Martorelli Dantas {1}, que por sinal é
uma pessoa que o considero muito e tenho um grande respeito, alias com toda
certeza o seu trabalho veio enriquecer a discussão teológica sobre a
praticidade eclesiástica da igreja atual. Unção com óleo é um assunto
conflitante e empolgante, merecendo de nossa parte uma análise fiel as
Escrituras Sagradas e aos princípios da Reforma Protestante do Séc XVI.

1.  
2. A unção nas Escrituras Sagradas
3. A unção nas Escrituras tem um valor muito grande e significativo, não há
como ignorá-la, das suas muitas funções, no campo espiritual, o ato de
ungir tinha o significado específico de separação e consagração.
"Moisés ao consagrar os sacerdotes, ungia-os com óleo. "Esta unção
era o clímax da cerimônia, o ato que a selava. Uma vez ungidos os
sacerdotes eram postos a parte do resto do povo. Tendo sido
purificados, vestidos e ungidos com o óleo derramado sobre eles,
estavam em relação estreita e específica com o Senhor. Eles estavam
no lugar do Senhor diante do seu povo e representavam o povo diante
do Senhor.{2}

Outros significados e funções tinha a unção, a seguir o leitor poderá ter


acesso as várias formas em que é empregado a unção nas Escrituras
Sagradas.

As Escrituras monstra de maneira clara e interessante no fato de que


mulheres nunca eram ungidas para funcionar em papéis mediadores
específicos dentro da comunidade do pacto. Não há nenhuma referência
sugestiva de mulheres servindo como sacerdotisas ungidas ou rainhas
reinantes. Três mulheres em cântico, logo após uma poderosa libertação
(Ex. 15:20); Débora serviu como juíza quando homens, como Baraque,
se recusaram a lutar contra os cananeus (Jz 4:4) e Hulda proferiu ao
jovem Josias palavra de julgamento (2 Rs 22:19). Mas não há nenhuma
indicação de que essas mulheres tenham sido ungidas.{3}

1. De objetos separados para usos


sagrados: coisas que a receberam
2. Os objetos separados especificamente para o uso no tabernáculo,
eram consagrados ao Senhor. Estes objetos não seriam mais
utilizados em outra lugar a não ser na casa do Senhor. Isto
também é uma prática na igreja contemporânea, nós separamos
vários objetos para serem usados na Igreja, porém não ungimos
com óleo estes objetos, apesar de serem significantes diante da
congregação. Todos são consciente de que são separados para o
uso exclusivo na Igreja.
1. Tabernáculo
2. Quando o tabernáculo foi ungido e tudo o que nele
continha, bem como os utensílios, móveis internos e
externos, a idéia de consagração de todo este material
separado, purificado e dedicado ao serviço específico de
Deus é reforçada pelo fato de que somente os sacerdotes
separados, purificados e consagrados poderiam servir no
altar e manipular seus utensílios.{4}

- Ex. 30: 26, 27: "com ele ungirás a tenda da


congregação, e a

arca do testemunho,
E a mesa com todos os seus utensílios, e o

candelabro com os seus utensílios, e o altar do

incenso,"

- Ex 40: 11: " Então ungirás a bacia e o seu suporte, e a

consagrarás."

3. Altar de bronze
4. Depois que os sacrifícios fossem preparados, os homens
eram apresentados a porta da tenda da congregação e
vestidos com as vestes sacerdotais e eram ungidos. A
preparação do altar incluía a sua purificação e a unção,
como também o novilho era ungido. O novilho apontava
para Cristo, o Cordeiro de Deus, o Ungido do Senhor, por
esta razão era ungido, isto é consagrado para ofertar ao
Senhor, fazendo expiação de pecado.

- Ex 29:36 "Também cada dia prepararás um novilho como

oferta pelo pecado para expiações; e purificarás o

altar, fazendo expiação por ele mediante oferta pelo

pecado; e o ungirás para consagrá-lo."

- Ex 40:10 "Ungirás também o altar do holocausto, e todos


os

seus utensílios, e consagrarás o altar; e o altar se

tornará santíssimo."

5. Bacia de bronze
Refere-se a utensílio ungido, isto é, separado para uso no
tabernáculo. Era purificada e dedicada ao serviço específico de
Deus.

- Ex 40:11 "Então ungirás a bacia e o seu suporte, e a

consagrarás."

3. Maneira e propósito
4. A palavra hebraica para designar óleo é semem, que podem
também ser traduzido por gordura, coisas gordurosas, ungüento.
É utilizado de modo geral para designar vários tipos e espécies
de óleos, que consequentemente são utilizados para diversos
fins.

"O óleo representa prosperidade, plenitude e abundância para


todo o povo que habita em certa área na terra Prometida, no
deserto ou nas montanhas. O óleo permitiu a viúva de Serepta
assar muitos bolos e outra viúva pagar seus credores. O óleo
representa as bênçãos do pacto, representa poder, capacidade,
eficiência. {5}

A medida que a revelação de Deus se tornaram mais latente e


evidente, a pessoa e a obra do Espírito Santo iam sendo postas,
fica evidente que o propósito do óleo deveria ser considerado o
símbolo mais apropriado ao Espírito Santo.

1. Com azeite
O óleo de azeite de oliva representa a vida, vida plena, rica, vibrante, vida útil e
benéfica, uma fonte de alegria e regozijo, um símbolo de unidade, um incentivo
a partilhar com aqueles que estão enfermos ou de luto. Representava saúde de
uma pessoa, suas qualificações e suas preparações para servir ao Senhor.

- Sl 92:10 "Porém tu exaltas o meu poder como o do boi

selvagem;

  
  
  
  
 Derramas sobre mim o óleo fresco."

2.  
2.  
2. Com ungüento
3. Era uma espécie de perfume que utilizava para ungir os
pés dos hóspedes, sinal de alegria e de que o hóspede era
bem-vindo a casa. O ungüento é um óleo para uso externo
e que tem por base uma gordura, sendo adicionado ervas
aromáticas que perfumava o corpo.

- Jo 11:2 "Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo,

era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor

e lhe enxugou os pés com os seus cabelos."

4. Era usado para


5. O óleo representava saúde e beleza, sendo utilizado nos
cuidados com o corpo.
1. Enfeitar a pessoa
O óleo era um excelente artigo de embelezamento, amaciava e hidratava a
pele, deixando-a macia e sedosa.

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  
o Rt 3:3 "Banha-te, unge-te, e põe os
teus melhores

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  
  
  
  
 vestidos, e desce à
eira; porém não te dê a

conhecer ao homem, até


que tenha acabado de

comer e beber."

1.  
1.  
1.  
1. Refrescar o corpo
O óleo refrigera, isto é reanima, restaura, restabelece, da novas forças. A
unção neste caso rejuvenesce, dando ao ungido alivio, suavizando a sua alma
restaurando o amor próprio e a certeza da vitória.

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  
o  
o 2 Cr 28:15 "Homens foram designados
nominalmente

  
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  
  
  
 os quais se levantaram e tomaram
os
  
  
  
 cativos
e do
despojo
vestiram a
todos os

que
estavam
nus;
vestiram-
nos,
calçaram-

nos e lhes
deram de
comer e de
beber, e os

ungiram; a
todos os
que, por
fracos, não

podiam
andar,
levaram
sobre
jumentos a

Jerico,
cidades das
palmeiras,
a seus

irmãos.
Então
voltaram
para
Samaria."

1.  
1.  
1.  
1. Purificar o corpo
Aqui a unção com óleo tem o significado de tornar puro, livrar ou desembaraçar
de substâncias que alteram e corrompem o corpo humano. Além desse
significado podemos acrescentar ainda que seria um tratamento de
embelezamento. Na purificação, toda mancha, mácula e rugas seriam tiradas,
a fim de evidenciar a beleza do corpo.

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o Et 2:12 "Em chegando o prazo de
cada moça vir ao rei

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  
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  
 Assuero, depois de tratada
segundo as

prescrições para as mulheres


por doze meses

(porque assim se cumpriam os


dias de seu

  
  

embelezam
ento, seis
meses com
óleo de

mirra, e
seis meses
com
especiais, e
com os

perfumes e ungüentos em uso


entre as
mulheres)."

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o Is 57:9 "Vais ao rei com óleo, e
multiplicas os teus

  
  
  
  
  
  
 perfumes; envias os teus
embaixadores para

longe, até à profundidade do


sepulcro."

1.  
1.  
1.  
1. Curar os enfermos
O óleo tinha poderes curativos, amolecia os ferimentos e purificava-os. A unção
de enfermos era uma ação terapêutica na vida da igreja proporcionando a cura
do enfermo.

Haviam muitos médicos em Israel, vários profetas se refere a eles. Ninguém


ficará surpreso ao saber que a medicina da época era rudimentar e que tem
muitos aspectos se aproximava mais da magia do que da ciência. Entretanto,
ao que parece, os médicos judeus possuíam desde os primeiros tempos um
conhecimento empírico de alguns remédios e das propriedades curativas das
plantas. Encontramos muitos exemplos disto no Velho Testamento e os
tratados talmúdicos igualmente transbordam de prescrições médicas; algumas
são bastante engraçadas, mas outras dão a impressão de real conhecimento e
experiência. O óleo de azeite era na época um medicamento de uso geral,
além de ser comum e com propriedades curativas eficientes.

Não simplesmente porque o óleo tinha qualidade curativa, mas também como
sinal de dependência total no Senhor. Cristo não usava óleo, em Suas curas.
Longe de sustentar a extrema-unção, esta passagem trata de presbíteros (não
de sacerdotes) orando para a cura do enfermo; de óleo medicinal, não um
preparativo mágico para a morte. De cura e restabelecimento físico e espiritual,
não salvação além do túmulo.

 
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 - Mc 6:13 "expeliam muitos demônios e
curavam
  
 numerosos enfermos,
ungindo-os com óleo"

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o Tg 5:14 "Está alguém entre vós
doente? Chame os

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  
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  
  

presbíteros
da igreja, e
estes
façam
oração

sobre ele,
ungindo-o
com óleo,
em nome
do

Senhor."

5.  
5.  
5.  
5. Curar os ferimentos
6. O óleo era um dos medicamentos mais usados,
sendo no geral esfregado com a idéia de amaciar e
acalmar, e podiam fazer uso dele até mesmo no
sábado. Misturavam-se freqüentemente com o vinho
e foi com esta mistura que o samaritano e o
evangelho tratou as feridas do homem que
encontrou caído na estrada de Jerico. Um outro
ungüento também empregado era o mel, colocado
para abrir as feridas, sendo também engolido para
aliviar as inflamações da garganta, como fazemos
hoje com o uso da própolis.{6}

- Is 1:6 "Desde a planta do pé até às cabeça não há


nele

cousa sã, senão feridas, contusões e chagas

inflamadas, umas e outras não espremidas,

nem atadas, nem amolecidas com óleo."

- Lc 10:34 "E, chegando-se, pensou-lhe os


ferimentos,

aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o

sobre o seu próprio animal, levou-o para uma

hospedaria e tratou dele."

7. "Preparar os mortos para o


sepultamento
8. O embalsamento era um ato de impregnar o morto
de perfumes, cujas substâncias eram capazes de o
isentar de decomposição imediata.

- Mt 26:12 "pois, derramando este perfume sobre o


meu

corpo, ela o fez para o meu sepultamento."

- Mc 16:1 "Passando o Sábado, Maria Madalena,


Maria,

mãe de Tiago e Salomé compraram aromas

para irem embalsamá-lo."

- Lc 23:56 "Então se retiraram para preparar


aromas e

bálsamos."
9. Os judeus gostavam muito do
azeite
Primeiro porque representava a saúde de uma pessoa além de suas
qualificações, segundo porque servia como base para alguns alimentos
tornando-os saborosos e agradáveis, terceiro representava a beleza, por isso
era usado nos cuidados corporais, quarto representava a fonte de alegria e
regozijo do coração e, enfim, representava a própria vida do povo.

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o Pv 27:9 "Como o óleo e o perfume
alegram o coração,

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 Assim o amigo
encontra doçura no

conselho cordial."

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o Am 6:6 "que bebeis vinho em taças, e
vos ungis com o

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  
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  
 mais excelente óleo;
mas não vos afligis com
a

ruína de José."
3.  
3.  
3. Era Aplicado
A unção em alguns casos tinha um significado muito profundo para o povo de
Israel, quando a pessoa estava ferido, nos ferimentos era o local da unção.
Porém há de se notar que o óleo representa também prosperidade, plenitude e
abundância de bens. Neste caso permitiu a viúva de Serepta assar muitos
bolos e outra viúva a pagar seus credores. Vejamos as principais partes do
corpo humano para aplicar a unção.

Segundo GRONINGEN, no Velho Testamento o ato de ungir era praticado com


quatro intenções específicas, vejamos três delas:

1º) Designar, apontar, eleger: "se alguém considera a designação, o


apontamento, a eleição como pré-requisitos ou como aspectos da unção
depende de quão estritamente concebe a idéia de unção. Se o termo ungir
refere-se estritamente ao ato de derramar óleo, esses são pré-requisitos. Se o
termo é entendido como referindo-se ao fenômeno como um todo, os atos de
designação, apontamento ou eleição estão incluídos no termo ungir. Uma das
afirmações mais claras no Velho Testamento, que expressa a idéia de
designação, é encontrada em I Sm 16:3. Samuel foi enviado a casa de Jessé
para preparar e oferecer um sacrifício e ungir um dos filhos de Jessé para ser
rei." {7}

2º) Separar ou consagrar: "Davi não queria tocar no ungido do Senhor, por que
o ungido deve ser considerado inviolável", por tratar-se de uma separação
ordenada por Deus.

3º) Ordenar ou atribuir autoridade: "as pessoas que foram eleitas, designadas,
postas a parte e consagradas foram atribuídas tarefas específicas. Este
comissionamento era também parte integrante ou função distinta da unção." "A
concessão de qualificações por Deus a pessoa eleita é ilustrada no caso de
Saul. Quando ungido, ele tornou-se qualificado pela presença do Espírito
Santo. Entretanto, quando o Espírito se retirou dele, embora ele ainda
permanecesse em posição de autoridade, não mais estava qualificado,
segundo as exigências do Senhor , para servi como rei." {8}

1.  
1.  
1.  
1. A cabeça
O derramamento do óleo sobre a cabeça de um homem, indicava que esse
homem havia sido designado pelo Senhor, para um determinado ofício que
poderia ser rei, sacerdote ou profeta. Quando Samuel derramou óleo sobre a
cabeça de Saul e informou-o de que o Senhor o tinha ungido rei, a primeira e
principal idéia foi a de informar Saul que ele fora nomeado pelo Senhor" {9}.
Saul quando foi ungido, tornou-se qualificado para servi como rei. Assim
sucedeu com Arão e muitos dos profetas de Israel.

A medida que a revelação de Deus foi progredindo, este ato no Novo


Testamento é indicado pela imposição das mãos, outorgando autoridade para
ministrar, presidir, ensinar, como até hoje é realizado na ordenação e
investidura de presbíteros docentes e regentes.

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o Sl 23:5 "Preparas-me uma mesa na
presença dos meus

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 adversários, unges-
me a cabeça com óleo;
o

meu cálice transborda."

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o I Sm 10:1 "Tomou Samuel um vaso
de azeite, e lho

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 derramou sobre a
cabeça, e o beijou e
disse:

Não te ungiu,
porventura, o Senhor por
príncipe sobre a sua
herança, o povo de

Israel?"

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o Ec 9:8 "Em todo tempo sejam alvas as
tuas vestes, e

  
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  
 jamais
falte o óleo
sobre a tua
cabeça."

1.  
1.  
1.  
1. Ao rosto
A unção do óleo no rosto tinha o objetivo de hidratar a sua pele protegendo-a
contra o sol e o frio da palestina. Dava forças as células da face, mantendo
vivas, ativas, evidencia um semblante de alegria. A unção tinha poderes
emoliente, de purificação e higiênicos, não permitindo que a poeira penetrasse
nos poros celulares faciais.

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  
o Sl 104:15 "O vinho que alegra o
coração do homem, o

  
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  
  
  

azeit
e
que
lhe
da
brilh
o ao
rosto
eo
pão
que
lhe
sust
ém
as
força
s."

1.  
1.  
1.  
1. Aos pés
O ato de ungir os pés estava relacionado com a alegria que o hospedeiro tinha
de receber os pés. Era um costume bastante difundido na palestino nos tempos
apostólicos. Jesus além de ser ungido nos pés, também tomando uma bacia
lavou os pés dos discípulos com símbolo de unidade da Igreja e de
comissionamento para a expansão do reino de Deus aqui na terra. Era o
credenciamento e a investidura de autoridade.

  
  
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  
o Lc 7:38,39 "e, estando por detrás, aos
seus pés,

  
  
  
  
  
  
 chorando, regava-os com
suas lágrimas e

os enxugava com os próprios


cabelos; e

beijava-lhe os pés e os ungia


com o

ungüento.

 Ao ver isto, o fariseu


que o convidara, disse

consigo mesmo: Se este


fora profeta, bem

saberia quem e qual é a


mulher que lhe

tocou, porque é
pecadora."

  
  
  
  
  
o Jo 12:3 "Então Maria, tomando uma
libra de bálsamo

  
  
  
  
  
  
 de nardo puro, mui
precioso, ungiu os pés de

Jesus e os enxugou com os


seus cabelos; e

encheu-se toda a casa com o


perfume do

bálsamo."

4.  
4.  
4. Unção Sagrada
5. A unção sagrada estava relacionada com a eleição e a
dedicação de certa classe de pessoas para um ministério
específico no povo de Israel. Era ungido com este objetivo,
os profetas, sacerdotes e reis, que agindo conjuntamente
governavam o povo temporal e espiritualmente, cada um
com suas funções específicas apontavam para os ofícios
que Jesus Cristo, o Messias, desenvolveriam na
humanidade. A primeira menção da unção sagrada
reporta-se a Jacó, em Betel, a partir desse episódio tornou-
se parte integrante do povo da aliança. Quando os reis,
sacerdotes e profetas eram ungidos com o óleo sagrado,
eles eram reconhecidos pelo povo como pessoas que
tinham autoridade de Deus para agir em Seu nome, a
unção era o sinal da autenticação do ministério sacerdotal,
profético ou real. Estes ungidos passavam a ser
denominados "ungidos do Senhor", isto eqüivale dizer que
o próprio Deus os ungira para o ofício pelo qual estava
exercendo. Eqüivale hoje a vocação ministerial, presbiterial
ou diaconal da Igreja, não que tenha a mesma relação,
mas cremos hoje, que um presbítero, diácono ou pastor
quando é indicado, eleito e investido pela igreja, é porque
Deus de antemão já o vocacionara para aquele ofício.
1. Sua antigüidade
A coluna era um memorial do aparecimento de Deus. A libação oferecida era
geralmente derramada ao Senhor. Jamais deveria ser bebida. O texto abaixo
sugere-nos a pessoa de Jesus Cristo que derramou sua alma na morte, como
sacrifício expiatório pelos homens. O que supõe também que Jacó aprendeu a
praticar a unção com os povos do baixo vertente, nas regiões da Mesopotâmia.

  
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  
  
o Gn 28:18 "Tendo-se levantado Jacó,
cedo, de

  
  
  
  
  
  
 madrugada, tomou a pedra
que havia posto
por travesseiro, e a erigiu em
coluna, sobre

cujo topo entornou azeite."

  
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  
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  
o  
o Gn 35:14 "Então Jacó erigiu uma
coluna de pedra no

  
  
  
  
  
  
 lugar onde Deus falara com
ele; e derramou

sobre ela uma libação, e lhe


deitou óleo."

2.  
2.  
2.  
2. Pessoas que a recebiam
3. Havia em Israel uma estreita relação entre os reis,
profetas e sacerdotes, quando estas três classes
eram servos da aliança, e sem dúvida os três ofícios
deveriam complementar-se entre si e cumprir papéis
querem vigias para cada um dos outros dois. {10}
Estes ofícios eram cumpridos por homens ungidos
pelo Senhor.
1. Profetas
Na comunidade da aliança, o profeta é o segundo ofício a aparecer. "O ofício
profético era plenamente estabelecido pelo ato da unção, como afirma o
profeta Isaias (61:1-3). Não é descrito ritual da unção, mas há referência a ele
e o resultado é claramente expresso nas seguintes palavras: "O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu."{11} Nas Escrituras
Sagradas não encontramos nenhum ritual da unção, contudo ela nos mostra
claramente que o ofício de profeta era conhecido e o homem que o possuía
agia com autoridade e poder." {12}

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o I Rs 19:16 "a Jeú, filho de Ninsi,
ungirás rei sobre

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 Israel, e
também Eliseu,
filho de Safate de

Abel-Meolá,
ungirás profeta
em teu lugar."

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o Is 61:1 "O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim,

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  
  
  
 porque o Senhor me
ungiu, para pregar boas-
  
 novas
aos
quebrantad
os, enviou-
me a curar
os

quebrantad
os de
coração, a
proclamar

libertação
aos cativos,
e a pôr em
liberdade
os

algemados.
"

1.  
1.  
1.  
1.  
1. Sacerdotes
Moisés recebeu instruções de Deus para ungir sacerdotes. O propósito da
unção era a consagração de Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem
ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio.

Segundo Groningen o sacerdote tinha oito atividades relacionadas ao seu


ofício:

"1º) O sacerdote ungido tinha de fazer expiação;

2º) Os sacerdotes tinham a obrigação de santificar o povo perante o Senhor e


de manter essa santidade;

3º) Os sacerdotes tinham o dever de ouvir a confissão de fé por parte dos


adoradores e de receber seus sacrifícios de ação de graças ao Senhor;

4º) Os deveres do sacerdote incluía a supervisão do tabernáculo e de seu


mobiliário, sua montagem, desmontagem e remoção;

5º) Os sacerdotes representavam a obra da misericórdia; por exemplo, em


casos de homicídio não intencional e do auxílio ao forasteiro;

6º) Os sacerdotes tinham os deveres específicos de instruir e supervisionar a


instrução do povo de Deus;

7º) Os sacerdotes tinham de ser guardiães do Livro do Pacto e de mantê-lo


acessível ao rei, de modo que este o pudesse ler regularmente; e,

8º) Os sacerdotes tinham de ouvir os casos de desavença e tomar decisões


sobre eles."{13}

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o Ex 40:13-15 "Vestirás a Arão das
vestes sagradas, e o

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  

ungirás, e
a
consagrar
ás, para
que me

oficie como
sacerdote.

  

T
a
m
b
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s
s
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s
g
e
r
a
ç
õ
e
s
."

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o I Rs 1:34 "Zadoque, o sacerdote, com
Natã, o profetas,

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 ali o ungirão rei
sobre Israel; então
tocareis a

trombeta, e direis: Viva o


rei Salomão!

1.  
1.  
1.  
1.  
1. Rei
As funções específicas na unção dos reis de Israel tinha como propósito da
libertação do povo, através de um governo teocrático.

As funções incluíam:

1º) O rei era ungido como libertador do povo do pacto;

2º) O rei era ungido para governar sobre a comunidade do pacto;

3º) O rei era ungido como pastor do povo de Deus...Pastorear inclui, além de
guiar com mão hábil, o trabalho de buscar, alimentar, zelar, cuidar e curar."
{14}

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o I Sm 9:16 "Amanhã a estas horas te
enviarei um

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  
 homem
da terra de
Benjamim,
o qual

ungirás por
príncipe
sobre o
meu povo
de

Israel, e ele
livrará o
meu povo
da mão dos

filisteus;
porque
atentei para
o meu
povo,

pois o seu
clamor
chegou a
mim."

2.  
2. Jesus Cristo, o Ungido de Deus
A raiz do substantivo mãsîah que tem o sentido de ungir, ungido, se refere ao
Messias. Nos tempos bíblicos, a unção com óleo santo era um ato de
consagração. No sentido original do termo mâsîah, traduzido no Novo
Testamento como Messias, era a pessoa encarregada por Deus para cumprir a
missão de reconciliação do homem com Deus, e sua unção expressava o
caráter sagrado do seu ofício. A palavra Messias passou a significar o "ungido
de Deus", o mensageiro do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para
Israel (israelitas espiritual), mas também para toda a raça humana. Na
plenitude dos tempos com a vinda do Cristo, o Messias, todos os homens
veriam a luz de Deus e aqueles que cressem viveriam de acordo com os
mandamentos de Deus. {15}
O verbo masah aparece em grande parte do Velho Testamento, mais de 34
vezes, no Pentateuco "todos os exemplos ocorrem em contexto de culto, com
objetos para o culto e pessoas oficiantes recebendo o óleo da unção." {16}

A unção no Velho Testamento aponta a um aspecto de profunda significação


bíblica, aponta para Cristo. Ser ungido é ser eleito, é ter uma profunda
intimidade com o Senhor Deus de Israel.

Gerard Van Groningen diz que a designação ampla de masah, pode ser
referenciado a um ou vários aspectos, tais como:

"1º) As promessas de salvação;

2º) A obra a ser executada para realizar as promessas;

3º) as qualificações;

4º) os meios empregados;

5º) Os alvos estabelecidos;

6º) As pessoas necessárias, além do rei;

7º) O reino sobre o qual o Messias reina, e

8º) o resultado de seu reino" {17}

O novilho apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus, o Ungido do Senhor, por


esta razão era ungido, isto é consagrado para ofertar ao Senhor, fazendo
expiação de pecado.

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 -
Sl
45:7
"Am
as a
justiç
ae
odei
as a
iniqüi
dade
; por
isso
Deus
,o
teu
Deus
, te
ungi
u
com
o
óleo
de
alegr
ia
com
oa
nenh
um
dos
teus
com
panh
eiros
."

- Is
61:1
"O
Espír
ito
do
Senh
or
Deus
está
sobr
e
mim,
porq
ue o
Senh
or
me
ungi
u,
para
preg
ar
boas
-
nova
s
aos
queb
ranta
dos,
envi
ou-
me a
curar
os
queb
ranta
dos
de
cora
ção,
a
procl
amar
libert
ação
aos
cativ
os e
a por
em
liber
dade
os
alge
mad
os."

- Lc
4:18
"O
Espír
ito
do
Senh
or
está
sobr
e
mim,
pelo
que
me
ungi
u
para
evan
geliz
ar
aos
pobr
es;
envi
ou-
me
para
procl
amar
libert
ação
aos
cativ
os e
resta
uraç
ão
da
vista
aos
cego
s,
para
por
em
liber
dade
os
opri
mido
s."

"Antigamente, no Oriente Próximo, o costume de ungir pessoas ou objetos com


óleo simples ou perfumado era generalizado e tinha propósitos medicinais,
cosméticos e de conservação. O azeite, em especial, era freqüentemente
aplicado depois do banho, nas feridas, nos cadáveres, nos cativos libertos e
até mesmo nos escudos. Óleos especialmente preparados também eram
usados para ungir a cabeça e os pés dos hóspedes ou das pessoas veneradas,
ou simplesmente como perfumes. Sendo um sinal de alegria nestes últimos
casos, figurava entre as coisas das quais os enlutados deveriam se abster.
A unção para os propósitos rotineiros mencionados acima, comum a todo o
Oriente Próximo na antigüidade, adquiriu uma relevância distintivamente
religiosa no Antigo Testamento. Ungir com óleo separava determinados
pessoas e objetivos, dedicando-os ao serviço divino. Segundo a legislação,
óleos primorosamente preparados eram usados para dedicar o tabernáculo,
seus móveis e seus vasos (Ex. 30.22-33; 40:10-11), assim como os membros
da classe sumo sacerdotal de Levi que deviam ali servir (Ex 28: 40-42; 29:1-46;
30.30-33). Há também referências avulsas ‘a unção dos profetas (1 Cr 19:16; Is
61:1). O maior número de referências diz respeito ‘a unção dos reis, prática
essa que remonta ao começo da monarquia (1 Sm 10:1; 16:13; 1 Cr 1:39).
Como "ungidos do Senhor", esses reis tinham sua sucessão garantida e eram
elevados a uma posição inviolável (1 Sm 24:7; 26:9, 11, 16).

Os hebreus esperavam, ainda, pela vinda de um rei pertencente ‘a linhagem de


Davi, que seria especialmente ungido por Deus para introduzir o Seu reino, e
esse personagem recebeu um nome derivado da palavra "ungir" em hebraico:
o Messias. As descrições proféticas do Messias variam muito entre si na sua
ênfase e no seu conteúdo. Muitas vezes retratado como um rei grande e justo,
desfruta invariavelmente de um relacionamento incomparável com Deus Pai e
é plenamente dotado de extraordinários dons espirituais e carismáticos. Nunca
se perdeu de vista essa personagem no período intertestamentário, mas não
desempenhou um papel de tanto destaque quanto em alguns dos profetas
posteriores.

Todo o NT dá testemunhos do fato de Jesus de Nazaré ser aquele Messias. O


termo eqüivale em grego para o "ungido" (Christos) foi aplicado a Jesus em
todos os livros do NT, menos 3 João, e entre as comunidades grego-romanas,
onde seu significado original provavelmente não era compreendido, perdeu
rapidamente o artigo e tornou-se parte do nome de Jesus. O Evangelho de
Marcos gira inteiramente em torno da revelação de que Jesus é o Messias (Mc
8:29), e Mateus estabelece o fato logo de início, nas ligações de que Jesus é a
linhagem de Davi (Mt 1:16). Os apóstolos pregavam essa mesma mensagem
em todo o Livro de atos (At 2:36; 4:27) e Paulo a divulgou entre os gentios.
Jesus cumpriu o ofício de Messias na Sua própria pessoa, ‘as vezes aplicando
a Si mesmo de profecias do AT, de modo que outros títulos ou descrições
(Filho do Homem, Filho de Deus, Salvador) ultrapassaram rapidamente o
conceito hebraico original de "ungido", que foi simplesmente transformado em
nome, assim como no primeiro versículo de Marcos: o evangelho de Jesus
Cristo, Filho de Deus. A partir de Bultmann, uma grande escola modernista tem
procurado neste século, negar que o próprio Jesus tivesse consciência de ser o
"ungido" ou Messias. Esse conceito, no entanto, baseia-se numa interpretação
extremamente arbitrária dos evangelhos, algo que os críticos conservadores
tem aprendido a refutar melhor em anos recentes." {18}

1.  
2. A unção na história eclesiástica da Igreja
3. A unção de enfermos é um assunto que tem sido debatido ao longo da
história eclesiástica da igreja. Os cristãos não poderia deixar de sofrer
impacto pela prática da unção que é tão latente nas Escrituras
Sagradas. Pelo grande número de referências bíblicas, a unção não
deixou de exercer grande influência no povo de Deus. Deste a época
dos pais da igreja ou antes, a Igreja pratica uma unção pós batismal{19}
e uma imposição de mãos{20}, com o objetivo de receberem o Dom do
Espírito Santo. "Na igreja primitiva, e ainda hoje em muitas das igrejas
orientais essa imposição de mãos não era claramente distinguida do
batismo propriamente dito, e o rito derivou seu nome da unção ou, mais
exatamente, do crisma que usava. No decorrer da Idade Média, a Igreja
Ocidental ou Católica separou esse rito do batismo e o elevou ‘a
categoria de sacramento de confirmação, mediante o qual, segundo
ensinavam seus teólogos, uma graça aumentada e fortificante do
Espírito era outorgada ‘as crianças ou aos adultos jovens’." {21}

Uma interpretação distorcida de Mc 6:13 e da ordem contida em Tg


5:14, conduziu a igreja a uma prática que passou a ser chamada
extrema unção até o Vaticano II, que reformulando o pensamento da
Igreja Católica Romana, volta a ser chamado de unção de enfermos.

Desde o ano 180 ou antes, há referência avulsas a unção dos enfermos


com óleo abençoado por um bispo, mas essa unção podia ser aplicada
por um leito, desde que o óleo de azeite tivesse sido consagrado por um
sacerdote. Na idade média, a prática da unção de enfermos vincula-se
ao sacramento da penitência, também de uma exegese defeituosa de Tg
5:15-16.

A partir dos anos de 1960, com a nova cara do protestantismo brasileiro,


um grupo, denominados neopentecostais do Evangelho da Cura Divina,
re-introduzem no seio da igreja evangélica este prática, com a bandeira
da contemporaneidade dos dons espirituais, buscando uma
interpretação literal das práticas litúrgicas da Igreja Primitiva.

2.1 Os pais apostólicos


O desenvolvimento da Teologia nos primeiros séculos da era cristã
foram bastantes conturbados, surgiam muitas heresias e a defesa da fé
tornar-se uma prioridade urgente da Igreja Cristã. As apologias dos
principais Pais Apostólicos e Pais da Igreja direcionaram basicamente a
defender a fé Cristã primeiro contra os judaizantes, depois os gnósticos,
arianismo, sebastianismo, monarquismo etc. Não há documentos
específicos sobre a Unção com óleo e nem sobre a unção de enfermos.
Não há como confirmar estes indícios, isto porque entre os Escritos de
Tiago (+45 d.c.) até Hipólico de Roma (+200 d.c) não existe nenhum
pronunciamento a respeito da Unção de Enfermos.

2.1.1 Justino de Roma, nascido provavelmente no ano 100


d.c., sua conversão ao cristianismo ocorreu por volta do ano 132 d.c.,
nasceu em Samaria, porém não tendo origem judaica.

Justino defendia a tese de que todo tipo de unção praticado ou


ministrado no Velho Testamento apontavam para Cristo, e que em
Cristo as unções cessaram. No "Diálogo com Trifão", Justino diz que
"Tendo Jacó derramado óleo no mesmo lugar, o próprio Deus que lhe
aparecera dá testemunho de Ter sido para ele que ungiu ali a pedra.
Também já demonstramos, com várias passagens das Escrituras, que
Cristo é chamado simbolicamente "pedra" e que também a ele se refere
toda unção, seja de azeite, seja de mirra ou qualquer outro composto de
bálsamo, pois assim diz a palavra: "Por isso, o teu Deus te ungiu, o teu
Deus, com óleo de alegria, de preferência aos teus companheiros". É
assim que dele participaram os reis e ungidos, todos os que são
chamados reis e ungidos, da mesma maneira como ele próprio recebeu
de seu Pai o fato de ser Rei, Cristo, Sacerdote." {22}

É digno de consideração a teologia de Justino, primeiro pelo fato de


estar muito próximo dos apóstolos, a tradição, a vida, a liturgia e os
costumes apostólicos eram recentes, e as mudanças seriam mínimas.
Apologista da Igreja, Justino procura retratar nas duas apologias e no
"Dialogo com Trifão" a verdadeira interpretação das Escrituras
Sagradas.

O Rabino Henry Sobel afirma que "a palavra "Messias" vem do hebraico
Mashiach, que significa "ungido". Nos tempos bíblicos, a unção com óleo
santo era um ato de consagração. No sentido original do termo, o
"messias" era a pessoa encarregada por Deus para cumprir uma missão
especial, e sua unção expressava o caráter sagrado do seu cargo.

Com o passar do tempo, firmou-se entre os judeus a idéia profética de


que Deus faria uma intervenção dramática na história em prol dos seus
eleitos, por intermédio de um descendente do Rei David, que libertaria o
povo judeu do cativeiro e o restabeleceria na Terra de Israel. A palavra
Mashiach passou então a significar "o ungido de Deus", o mensageiro
do Todo-Poderoso que traria a redenção, não só para os israelitas, mas
sim para toda a raça humana. Com a vinda do Messias, todos os
homens enxergariam uma nova luz e passariam a viver de acordo com
os Ensinamentos Divinos. Cessariam então a discórdia e a guerra, e a
humanidade entraria numa nova era de paz universal." {23}

Justino não consegue entender a razão de ungir os enfermos para que


os mesmos sejam curados, isto porque no seu entender a cura não esta
propriamente na unção, porque estas já cessaram, mas na oração pela
fé. O óleo restringia apenas as funções terapêuticas, medicamentosa.

2.1.2 Hipólito de Roma, nascido provavelmente nos


meados do 2º século, teria incluído na litúrgia da Igreja a prática da
unção. Sendo um grande pensador e erudito de sua época, transmitiu
seus conhecimentos sem a preocupação com as fontes de consulta.
Tem-se conhecimento que ele mesmo afirmou ser discípulo de Ireneu (+
150 d.c.), porém não pudemos subtrair qualquer envolvimento de
ensino-aprendizagem entre Irineu e Hipólito, contudo foram
contemporâneos.
A mais importante obra teológica de Hipólito é a "Tradição Apostólica", o
mais antigo documento litúrgico que possuímos, tem sido a base da
Igreja Católica Romana para consubstanciar a doutrina sacramental da
"Extrema-Unção" e também a base neopentecostal para a confirmação
que a Igreja Cristã pós-apostólica praticava a "Unção de Enfermos":

"Se alguém oferecer azeite, consagre-o como se consagrou o pão e o


vinho, não com as mesmas palavras, mas com o mesmo Espírito. Dê
graças, dizendo: "Assim como por este óleo santificado ungiste reis,
sacerdotes e profetas, concede também, ó Deus, a santidade àqueles
que com ele são ungidos e aos que o recebem, proporcionando consolo
aos que o experimentam e saúde aos que dele necessitam."{24}

Seria forçarmos muito afirmar que Hipólito ordene a Unção de Enfermos.


O que entende-se deste conceito litúrgico acima não ser uma prática
constante da Igreja, mas com certeza existiam algumas pessoas que
fazia uso do óleo. Hipólito associa o "Óleo Consagrado" a Eucaristia. "O
mesmo Espírito" , qual espírito? Não o Espírito Santo e ao Espírito de
Jesus Cristo, mas ao espírito do sacramento. Assim como o pão e o
vinho são sinais, segundo Hipólito do Corpo e do Sangue de Cristo, a
unção com óleo de azeite teria o mesmo sinal ao moribundo, isto é, o
perdão dos pecados e a salvação. Aqui está bem claro a primeira
evidência do sacramento da Extrema-Unção. O sacrifício de Cristo com
a unção de enfermos se equiparam, "proporcionando consolo aos que o
experimentam e saúde aos que deles necessitam".

Hipólito distancia muito das idéias de Ireneu, que além da Ceia e do


Batismo, cria na penitência. A luz de Tiago 5:14 também não pode haver
ligação com o sacramento da extrema-unção, isto, porque, a extrema-
unção é ministrada àquele que está a beira da morte e o texto Bíblico
visa a restauração da saúde do enfermo.

Hipólito não é criterioso nas suas abluções, vejamos:

"Do mesmo modo, se alguém oferecer queijo e azeitonas, diga: "Abençoa este leite
coalhado, unindo-nos à tua caridade. Concede, ainda, que este fruto da oliveira não se
afaste da tua doçura por ser um exemplo da abundância que tiraste da árvore para a
vida dos que em ti esperam". E, a cada bênção, diga: "Gloria a ti, ao Pai, ao Filho e
com o Espírito Santo na Santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém". {25}

Do mesmo modo, como a oferta do azeite, as azeitonas e o queijo ("leite


coalhado") conclui que Hipólito não está pensado na eficácia da unção,
mas no bem estar do doente, do mesmo modo como acudisse o doente
ungindo suas feridas, aliviando sua dor, acalmando o aflito, do mesmo
modo o queijo e azeitonas são sinais de caridade (Veja o Bom
Samaritano), de generosidade, de ajuda, de estender a mão.

A "Tradição Apostólica" de Hipólito informa-nos que na ministração dos


sacramentos (Batismo e Eucaristia) usa-se também a unção com óleo,
por exemplo vejamos o ritual do batismo:
"Ao cantar do galo, rezar-se-á, primeiramente, sobre a água. Deve ser água corrente,
na fonte ou caindo do alto, exceto em caso de necessidade; se a dificuldade persistir
ou se tratar de caso de urgência, deve-se usar a água que encontrar. Os batizados se
despirão e serão batizadas, primeiro, as crianças. Todos os que puderem falar por si
próprios, falem; contudo, os pais ou alguém da família falem por aqueles que não
puderem falar por si mesmos. Depois batizem-se os homens e, por último, as mulheres
(que deverão estar de cabelos soltos e sem os enfeites de ouro e prata que levaram).
Ninguém deve descer às águas portando objetos estranhos. No instante previsto para
o batismo, o bispo renderá graças sobre o óleo que será posto em um vaso e será
chamado de óleo de ação de graças. Tomará também um outro óleo que exorcizará e
será denominado de óleo de exorcismo. Então o diácono trará o óleo de exorcismo
e ficará à esquerda do presbítero; outro diácono pegará o óleo de ação de graças
e ficará à direita do presbítero. Acolhendo cada um dos que recebem o batismo,
manda renunciar, dizendo: "Renuncia a ti, Satanás, a todo teu serviço e a todas as
tuas obras". Terminada a renúncia de cada um, ungirá com o óleo de exorcismo,
dizendo-lhe: "Afaste-se de ti todo espírito impuro". E irá entregá-lo nu ao bispo ou ao
presbítero que está junto da água, batizando. O diácono também descerá com ele e,
ao chegar à água aquele que será batizado, aquele que batiza lhe dirá, impondo-lhe as
mãos sobre ele: "Crês em Deus Pai Todo-Poderoso?". E aquele que é batizado
responda: "Creio". Imediatamente, com a mão pousada sobre a sua cabeça, batize-o
uma vez, dizendo a seguir: "Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Espírito
Santo e da Virgem Maria, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, morrendo e sendo
sepultado e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro dia, subindo aos céus e sentando-
se à direita do Pai, donde julgará os vivos e os mortos?". Quando responder: "Creio",
será batizado pela segunda vez. E dirá mais uma vez: "Crês no Espírito Santo, na
Santa Igreja e na ressurreição da carne?". Responderá o que está sendo batizado:
"Creio", e será batizado pela terceira vez. Depois de subir da água, será ungido com
o óleo santificado pelo presbítero, que dirá: "Unjo-te com o óleo santo em nome
de Jesus Cristo". Após isto, cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a seguir, na
igreja." {27} (as partes de negrito são grifos meus).

Estas práticas aqui utilizadas por Hipólito de Roma, não condiz com a
vida da Igreja em nenhuma época e em nenhuma parte do mundo:

1º) Todos os batizados deveriam ser despidos;

2º) Primeiro eram batizados as crianças, os homens e as mulheres,


todos nus;

3º) As mulheres não poderiam usar nenhum enfeite nos cabelos ou no


corpo;

4º) O diácono conduzirá o vaso do óleo de ação de graças e ficará a


direita do presbítero;

5º) Um outro diácono conduzirá o vaso do óleo do exorcismo e ficará a


esquerda do presbítero;

6º) Depois do batismo, o batizado será ungido com o óleo santificado


pelo presbítero, que dirá: : "Unjo-te com o óleo santo em nome de Jesus
Cristo"{28}

7º) Cada um se enxugará e se vestirá, entrando, a seguir, na igreja.


Porque será que de toda esta prática litúrgica ensinada por Hipólito, só
ficou a unção de enfermos? Qual será a razão da Igreja contemporânea
só adotar a unção de enfermos?

Andando a passos largos, na "Confirmação", que segundo Martorelli


Dantas eqüivale a nossa Profissão de Fé, Hipólito utiliza-se de outro
sinal acompanhando a unção com óleo, o conhecido sinal da cruz:

"Derramará o óleo santo nas mãos e dirá, colocando as mãos sobre a sua cabeça: "Eu
te unjo com o óleo santo, no Senhor Pai Todo-Poderoso e em Jesus Cristo e no
Espírito Santo". Marcando-o na fronte com o sinal da cruz, oferecer-lhe-á o ósculo,
dizendo: "O Senhor esteja contigo". O que foi marcado responderá: "E com o teu
Espírito". Assim deve proceder com cada um. Em seguida, rezarão com todo o povo,
não podendo rezar com os fiéis enquanto não atingirem tudo isso. Após a oração,
oferecerão o ósculo da paz." {29}

A proposta dos bens simbólicos da unção utilizados por Hipólito é bem


diversificado, existindo vários tipos de óleos para unção, a semelhança
com a Igreja Universal do Reino de Deus é mera coincidência:

1º) Óleo consagrado;

2º) Óleo de exorcismo;

3º) Óleo de ações de graças;

4º) Óleo santo;

5º) Óleo santificado.

Concluindo, afirmo que Hipólito de Roma, não é o paradigma ideal para


a prática contemporânea da Unção de Enfermos e outros tipos de unção
com óleo.

2.1.3 Orígenes ( 185-255), desenvolve o mesmo pensamento de


+

Justino, o Mártir. As unções do Velho Testamento era o pronunciamento


do Ungido de Deus, o príncipe a quem se referem todas as promessas
de Deus. {30}

Com relação a unção com óleo, Orígenes afirma que alguns Cristãos
(neste caso Celso) querem curar as suas feridas por meio da palavra
divina e verter sua alma inflamada por seus vícios e pecados, rejeitando
os remédios dessa mesma palavra (confissão de pecados e perdão), a
maneira do azeite e vinho e outros emolientes, e demais ajudas médicas
que aliviam a alma. {31} Hoje em dia a medicina nos apresente
inúmeros recursos curativos, além do azeite, vinho, aos quais podemos
recorrer, contudo não esquecendo da dependência de Deus, através de
uma vida de oração.

Este é o ensinamento de Orígenes, que muitos querem ser curados,


querem ser aliviados, mas não querem deixar os seus pecados. Portanto
também na Teologia de Orígenes não existe espaço para a Unção de
Enfermos, esta prática já cessou. O azeite e outros emolientes são
importantes do ponto de vista medicamentoso e associado a
dependência de Deus pela oração, se for para a Sua glória Deus
restabelecerá o enfermo.

2.1.4 Inocêncio I, foi eleito papa nos tempos dos imperadores


Arcadio e Honório. No seu pontificado aumentaram consideravelmente
as heresias. Restabeleceu a paz na Espanha e enviou ao arcebisbo de
Roma uma carta que é um resumo da disciplina romana (404 d.c.).
Condenou e excomungou os perseguidores de João Crisóstomo.
Condenou as heresias de Pelagio e escreveu a pedido de Agostinho três
cartas contra a heresia pelagiana.

Na sua Carta Encíclica de 19 Mar 416, responde a uma consulta


proferida pelo bispo de Gubbio, Bispo Decentius, "sobre quem deveria
ministrar a unção de enfermos". Depois de citar a Epístola de Tiago
5:14, o Papa declara que os "fiéis enfermos podem ser ungidos com o
santo óleo...que feito (confectus) pelo Bispo, não só aos sacerdotes,
mas a todos os cristãos é lícito usar para ungir-se em sua própria
necessidade e na dos outros". {32}

Inocêncio I, não discute a essência da Unção de Enfermos, por já ser


um sacramento temporal da Igreja, a dúvida agora paira sobre quem
deve ministrar o sacramento. Por se tratar de um sacramento temporal e
não ordenado pelo Senhor Jesus Cristo, o papa declara que os "fiéis
enfermos podem ser ungidos com o santo óleo" porque qualquer cristão,
inclusive, o enfermo poderia ungir-a-si–mesmo. O papa porém esclarece
em primeiro lugar que este Unção não pode ser administrada aos
penitentes públicos, nos cultos públicos, em reuniões populares. Em
segundo lugar o óleo santo para ser santo tem de ser consagrado pelo
bispo (sacerdote) e em terceiro lugar, deve ser ministrado somente aos
fiéis.

2.  
3. A idade média
Na idade média a luta entre o poder temporal com o poder espiritual, trouxe
grandes conseqüências para a teologia da igreja. As interpretações exegéticas
e hermenêuticas das Escrituras Sagradas visavam unicamente autenticar os
atos do clero. É neste período que desenvolve o misticismo mágico-religioso da
igreja. Não podemos ser injustos com aqueles que se levantaram contra a
igreja, desejosos de moralizá-la. A unção com óleo é pouco debatido na igreja,
isto é causado pela falta de princípios litúrgicos, e porque a prática já tornara-
se um sacramento, o sacramento da extrema-unção

2.2.1 Gelasiano, fez um decreto, que tem trazido muitas controvérsias


da sua integridade e veracidade. Neste decreto, conhecido como "Decreto
Gelasiano", existe um pequeno tratado de teologia, principalmente com
respeito a listas de livros sagrados das Escrituras. A sua veracidade é
questionada, pois se desconhece o autor desta lista. Como uma das partes do
capítulo chama "Decreto Gelasiano", supõe que foi Gelasiano I o seu autor
(496 d.c.), há outras referências de sua autoria como se fosse do papa
Ormisdas (523 d.c.), há considerado também que este é um documento formal,
indiretamente atribuído a um papa. A opinião atual, afirma trata-se de um
documento do 4º século, e este, podia Ter sido compilado nos finais do Séc V e
início do Séc VI, por um clérico da Gália. {33}

Particularmente julgo que se trata de um documento do papa Gelasiano e este


faz referência a unção de enfermos nas suas orações: "A todos que se unem, o
bebem, o usam, lhes traga a proteção do corpo." {34}
 

2.  
2.  
2.  
3. Cesário de Arles, faz várias referências a unção
de enfermos nos seus sermões (503-504).
4.  
5.  

No sermão 13 ele escreve: "Todas as vezes que sobreviver uma enfermidade


qualquer, o doente deve receber o corpo e o sangue de Cristo: humilde e
fielmente peça-lhe o óleo bento pelos sacerdotes, e, a seguir, unja o seu corpo
para que aquilo que está escrito se realize nele".

No Sermão 184, suplica "as mães que não levem seus filhos aos
"medicamentos diabólicos", argumentando: "Quanto mais justo e razoável seria
recorrer a igreja, receber o corpo e o sangue de Cristo, ungir com fé, seja o
próprio corpo ou o dos seus, com o óleo bento." {35}

2.2.3 Elói, de Noyon, bispo, (+ 620 d.c.) reafirma as suplicas de


Cesário de Arles, em recorrer a igreja em vez de consultas ou medicamentos
mágicos: "Todas as vezes que aparecer uma enfermidade qualquer, não se
consulte nem com oragos, nem adivinhos, nem feiticeiros ou charlatães e não
se coloquem filactérios diabólicos nas fontes, nas árvores ou nas
encruzilhadas, que o enfermo deposite toda a sua confiança somente na
misericórdia divina, recebe com fé e devoção a Eucaristia do corpo e sangue
de Cristo e seja fiel em pedir a Igreja o óleo bento, com o que ungirá seu corpo
em nome de Cristo." {36}

4.  
4.  
4.  
5. Beda, o venerável (+ 720 d.c.) comentando Tiago 5:14,
argumenta que os apóstolos praticavam a Unção de
Enfermos, conforme se lê no Evangelho, creio que ele
falava sobre Mc 6:13; e que a igreja de sua época
praticando os ensinamentos apostólicos ordena que os
enfermos sejam ungidos pelos sacerdotes com o óleo da
unção (óleo consagrado) e curados pelas orações
daqueles que acompanham o sacerdote. Aqui há uma
novidade na evolução do sacramento da Unção de
Enfermos. Primeiro, a unção passa a ser um oficio
particular do sacerdote. Segundo, as orações são
realizados por aqueles que acompanham o sacerdotes.
Este cerimonial dá a idéia da procissão.
6. São Beda, no final de sua vida (735 d.c.) recorre aos
ensinos de Inocêncio I, permitindo todos os cristãos a
utilizar o óleo bento, fazendo unção quanto a sua doença
ou a dos seus os impele. Mas somente era permitido aos
bispos a benção desse óleo, isto é, a consagração.

O dispõe a teológica de São Beda, precisamos considerar


alguns pontos para chegamos a uma conclusão fidedigna
da prática da Unção de Enfermos, vejamos:

1º) naquela época se pensava que a virtude da Unção


estava no óleo consagrado pelo bispo, o óleo bento;

2º) A Unção de Enfermos pertencia a categoria dos


sacramentos permanentes, assim como a Ceia do Senhor
e o Batismo;

3º) A Igreja cria que assim como Ceia do Senhor o ministro


propriamente dito é o sacerdote que consagra o pão, o que
batiza é o mesmo que também o que consagra o óleo para
a Unção de Enfermos, e estes elementos depois de
consagrado pelo ministro são repassados aos presbíteros
para ministrá-los, toda a força da bênção do óleo está no
pastor, isto é, no sacerdote;

4º) Assim como o pão consagrado para a Ceia do Senhor


já tem em si a força do sacramento, também o óleo bento
consagrado pelo bispo tem a mesma força e o mesmo
poder.{38}

7. Na reforma carolíngia, o bispo e o presbítero


assume oficialmente todo o ofício de ministrar a unção,
desde a consagração a sua administração. É um ofício
exclusivo do sacerdote (bispo e presbítero), dá-se uma
função mais espiritual, mais mística e de dominação.
8.  
9. Bonifácio (+ 900 d.c) a Unção de Enfermos passou a
ser chamada de extrema-unção. Segundo a Statuta
Bonifaci, do início deste século, os sacerdotes em suas
viagens devem sempre levar consigo a Eucaristia e o
Santo Óleo; é lhes proibido sob pena de deposição confiar
aos leigos o Óleo Santo. A vigilância sobre o uso do Óleo
Santo tornou-se intensa e a disciplina era muito rígida.
Bonifácio deseja reprimir o uso e o abuso do Óleo Santo
uma vez que a sua aplicação estava muito difundida em
sua época. {39}

Muda-se toda a concepção de sacramento:

1º) De Unção de Enfermos passou a ser unção de moribundos (extrema-


unção);

2º) De consagração do óleo passou a ser administração da unção;

3º) De sacramento com efeito corporais passou a ser sacramento com efeitos
espirituais;

4º) De sacramento autônomo passou a estar unido a penitência;

5º) A teologia escolástica do século XIII já herdara uma situação de fato: o


ministro da Unção é o sacerdote, o mesmo da penitência.

A questão da Unção de Enfermos já não será mais discutida, cabendo aos


Reformadores (Lutero e Calvino) pronunciarem-se contra a "extrema-unção",
na defesa dos verdadeiros sacramentos da igreja.

3.  
3.  
4. Os reformadores
5. Os alvos dos reformadores (Lutero e Calvino) era descrito em
termos de contraste com o catolicismo medieval que estava
degenerado. Colocavam a fé apostólica e dos pais primitivos
como retorno a verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas.
Contrapõe todos os abusos papais, principalmente os teológicos
e práticos. Essas práticas foram a base das indulgências contra
as quais Lutero dirigiu suas Noventa e Cinco Teses.

O rompimento com a Igreja Católica Romana, os reformadores


traçam novas interpretações das Escrituras Sagradas e da
Administração da Igreja, na verdade essas novas práticas eram a
verdadeira interpretação das Escrituras Sagradas. O novo lá
existia, porém havia sido corrompido pela Igreja.

Os reformadores não tem por objetivo fazer uma apologia sobre a


Unção de Enfermo. A questão entra no contexto teológico dos
reformadores, por se tratar de um dos sete sacramentos da
Igreja. A unção de Enfermo (extrema unção) era um desses sete
sacramentos.

No decorrer da Idade Média, a Igreja Católica separou esse rito


da unção de enfermos e o elevou a categoria de sacramento da
extrema-unção, mediante o qual, segundo ensinavam seus
teólogos, era ministrados aos fiéis da igreja que estavam
moribundo, isto é, a espera da morte.

Lutero e Calvino são unânimes em afirmar que esta prática da


igreja era uma falsa interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13. "Em
seu livro Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja (1520), Lutero
rompeu com o sistema sacramental da Igreja Romana. Dos sete
sacramentos tradicionais, Lutero reteve apenas dois como sendo
sacramentos genuínos, o batismo e a ceia do Senhor. (De início
Lutero também considerava a penitência como sacramento). Em
sua estimativa, apenas estes são sinais instituídos por Deus que
acompanham a promessa da graça. O que há de fundamental
num sacramento é a palavra da promessa unida ao sinal. Lutero
rejeitou a idéia que o sacramento é eficaz por si mesmo (o
conceito ex opere operato). O que é eficaz nos sacramentos é a
Palavra Divina, e não a ação humana como tal. Com isto, toda a
base do culto sacramental romano, inclusive sua reserva da
hóstia, as missas pelos mortos e outras missas privadas foram
postas de lado." {40}

De igual modo Calvino diz que basta no momente Ter a certeza


que a unção de enfermos não é sacramento e também não é uma
cerimônia que Deus instituiu, como também não é nenhuma
promessa de Deus. Isto porque quando eximos qualquer coisa de
Deus, no caso a unção de enfermos como um ritual sacramental
exigimos que a cerimônia seje instituida por Deus, e que tenha
anexada a ela a promessa de Deus. Se existe uma promessa
anexada a prática da unção de enfermos, exigimos de Deus que
esta cerimônia seja para nõs e que a promessa nos pertence.

Se tomarmos por exemplo a circuncisão e perguntarmos: porque


os cristãos não se circundam? Você irá responder com toda
certeza que esta era um cerimônial para os Judeus e não para a
Igreja Neotestamentária. Portanto nada nos objete de dizer que a
circunsição é um sacramento da igreja por haver sido um
cerimonial estabelecido por Deus e que leva anexo uma
promessa. Não nos pertence a promessa. E qual a promessa que
existe na unção? E o que a promessa tem a ver conosco. A
cerimonia no se deve tomar sinal daqueles que atem a graça de
conferir a saúde, e não destes verdugos, que mais pode matar do
que dar a vida. {41}
Para Lutero a prática da unção de enfermo na Igreja já cessou,
veja só as suas palavras ao fazer a exposição de Tiago 5:14: "Por
isso sou de opinião que essa unção é a mesma da qual se
escreve, em Mc 6:13, a respeito dos apóstolos: ‘E ungiam com
óleo a muitos enfermos, e saravam.’ Trata-se, pois, de um certo
rito da Igreja primitiva, pelo qual faziam milagres entre os
enfermos. Já desapareceu há muito." {42}

Calvino não aceita a contemporaneidade da prática da unção de


enfermos, assegurando que esta prática já cessou na igreja,
como também, todas as virtudes e os demais milagres que foi
operado pelas mãos dos apóstolos, a razão é que este dom
(unção de enfermos) era temporal. {43}

Os reformadores rejeitaram a unção de enfermos tanto na prática


como na teologia, por não encontrarem base bíblica, teológica e
nem histórica que comprovasse a sua contemporaneidade. A
unção de enfermo hoje é vista como algo que diz respeito
especialmente associada a cura divina.

6. A Contra-reforma
O Concílio de Trento retoma novamente a questão da unção de enfermos.
Trento defende-se contra as negações protestantes de Calvino e Lutero com
respeito a ordenação jurídica e litúrgica da Igreja de seu tempo. O Concílio de
Trento ensina que "a igreja teve em todo o tempo o poder de, ao administrar os
sacramentos, determinar e mudar, salvando sempre a sua substância, o que
julgar conveniente, a utilidade dos que os recebem, a veneração dos mesmos
sacramentos, conforme a variedade dos tempos e lugares." {44}

O Concílio de Trento re-afirma a posição da igreja medieval, porém com mais


ênfase, na instituição da unção dos enfermos:

a.  
b. como uma sagrada unção;
c.  
d. como verdadeira prática da igreja;
e.  
f. como um sacramento propriamente dito da nova lei (Novo Testamento)
g.  
h. Insinuado a verdade por Cristo, nosso Senhor, segundo o Evangelista
Marcos;
i.  
j. Recomendado e intimado aos fieis por Tiago, o apóstolo, irmão do
Senhor.´ {45}

O Concílio de Trento entende e afirma que a unção representa com muita


propriedade a graça do Espírito Santo, que invisivelmente unge a alma do
enfermo, por esta ração denomina-se "Santa Unção". Os ministros próprios da
unção de enfermos são os presbíteros da igreja. Declara também que a unção
deve ser administrado aos enfermos, principalmente aos que estão em perigo
de morte. Afirma ainda que na ordenação do sacramento por Tiago, está
incluso que a unção é o ofício dos homens, ou um rito recebido, porém não foi
Deus quem mandou, nem inclui em si a promessa de conferir graça, como não
deve ser aplicado àqueles que asseguram que já havia cessado, dando a
entender que só se deve referir a graça de curar as enfermidade. {46}

3.  
3.  
4. A unção no movimento pentecostal e
neopentecostal
5. A unção de enfermos no movimento pentecostal atual está
associado ao movimento da cura divina, que a partir da década
de cinqüenta tornou difusa e confusa. Antes dos anos 50 era
perfeitamente identificáveis as marcas do movimento pentecostal
clássico (Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, O
Brasil para Cristo), que tinha como marca principal o Batismo com
o Espírito Santo e a glossolalia. "A instituição e burocratização do
carisma vai aos poucos substituindo a magia individual. " {47} A
prática pentecostal de abençoar o azeite e utilizá-lo na cura de
enfermos, transmite um poder mágico, conferindo ao pastor,
presbítero ou missionário a característica de mediador entre Deus
e os homens, isto porque, o obreiro tornar-se o canal de ligação
do céu com a terra.

No campo religioso o neopentecostalismo também é conhecido


como o pentecostalismo de cura divina, que se caracteriza mais
por uma instituição autônoma, com características empresariais
de prestação de serviços e de bens simbólicos de consumo
religioso. Os serviços são oferecidos mediante uma recompensa
pecuniária, utilizando modernos sistemas de administração e
marketing religioso. "A cura divina no movimento é prudente e
procura reaver aspectos bíblicos da intervenção sobrenatural na
vida dos indivíduos, assim como ser discreta no uso simbólico
dos gestos da imposição das mãos e da unção com óleo." {48}
Além da oração forte, a unção com óleo tem o poder mágico de
sarar imediatamente a dor de cabeça, o câncer, a dor na perna, o
desemprego, o desajuste financeiro, etc. Neste caso entrariam
em atuação o poder autônomo dos sacerdotes, que com grande
notoriedade prestariam eficazmente os seus serviços.

Por crerem que vivem em constantes contato com anjos,


demônios e espíritos de enfermidades, os líderes neopentecostais
executam uma função de intermediadores entre Deus e a
doenças, sendo capacitados pelo Espírito Santo para expulsar
todo o espírito de enfermidade, de sofrimento, de angustia, de
separação, de ódio, etc., criando uma verdadeira hierarquia
cósmica de anjos, inclusive estes missionários conhecem os
espíritos imundos pelos próprios nomes.
Segundo Mendonça, as doenças do corpo são resultantes do
pecado e da submissão humana aos poderes demoníacos, o
exorcismo e a cura pela unção com óleo são expressões de
recuperação da ordem do mundo, mas visam somente os
indivíduos, nunca se pensa em estruturas sociais do pecado. A
visão do mundo é dualista, que sempre estão em conflito em o
bem e o mal, pode-se ilustrar este dualismo no seguinte gráfico:

VISÃO DO MUNDO

BEM MAL

(ordem de Deus) (ordem de Satanás)

pecado, sofrimento e perda

da alma pela possessão demoníaca

perdição

conversão, salvação

vida melhor,

paz, superação do

sofrimento,

vida feliz no milênio" {49}

6. O Concílio Vaticano II
No Vaticano II, o sacramento da extrema-unção sofre algumas modificações,
com objetivos de quebrar o sacramentalismo da Igreja Católica Romana, numa
proposta ecumênica do Concílio Mundial de Igrejas. O sacramento da extrema
unção passa a ser chamado a partir daqui, simplesmente de unção de
enfermos. Afirma o Concílio: "o sacramento da unção de enfermos tem por fim
conferir uma graça especial ao cristão que experimenta as dificuldades
inerentes ao estado de enfermidade grave." {50}

O ritual litúrgico consiste na unção do enfermo pela frente (testa) e nas mãos,
no ritual romano e em outras partes do corpo, no ritual oriental, acompanhada
da oração litúrgica do sacerdote celebrante que pede a graça especial deste
sacramento.
 

Esta graça especial tem como efeito:

"1º) A unção do enfermo a paz de Cristo, para seu bem e de toda a Igreja;

2º) O consolo, a paz e o ânimo para suportar cristianamente os sofrimentos da


enfermidade;

3º) O perdão{51} dos pecados se o enfermo não pode obtê-lo pelo sacramento
da penitência;

4º) O restabelecimento da saúde corporal, se convier a saúde espiritual;

5º) Preparação para a vida eterna."

O Concílio Vaticano II, não mudou praticamente nada com relação a unção de
enfermos, aplicou sim, uma dose homeopática para que o movimento
carismático católico pudesse identificar-se mais com os movimentos
pentecostais e neopentecostais brasileiros.

2.  
3. Razões porque os reformadores não ungiram
O sacerdotalismo romano conduziu a igreja ao sacramentalismo, alterando a
simplicidade do culto e modificando a doutrina bíblica da justificação e da
graça. Ao longo da história eclesiástica apareceram os sintomas de todo o
sistema sacramental, os quais durante a Idade Média receberam forma definida
e dogmática.

No latim a palavra sacramento tem dois sentidos, primeiro da separação de


uma coisa com um fim específico e depois tinha o sentido de juramento de
lealdade e obediência que o soldado fazia ao imperador ao ingressar no
exército. Só no século III com Tertuliano aparece a primeira evidência de
chamar sacramentos os ritos cristãos do batismo e da Ceia do Senhor.

Os reformadores tinha a nítida compreensão das Escrituras Sagradas dos


sacramentos instituídos pelo Senhor Jesus Cristo, a Ceia e o batismo. Também
eram conscientes de que os sacramentos são meios de graça.

Rejeitando os outros sacramentos da igreja, e entendendo que a unção de


enfermos e a unção da confirmação (crisma) cessaram na igreja, descartam
qualquer possibilidade de uso dos mesmos.

Calvino e Lutero são unânimes em afirmar que o azeite era um ungüento


utilizado na Igreja Primitiva com fins medicamentosos que associados a oração
dos presbíteros, teria muito efeito.

Porque os reformadores não faziam unção de enfermos?


1º) Por que essa graça já havia cessado na igreja;

2º) Por que o princípio gerador da cura em Tg 5:14 é a fé do doente e as


orações dos líderes da igreja;

3º) Por que confundir com os sacramentos católicos da extrema-unção e da


confirmação, que vem associado a penitência. Longe de sustentar a extrema-
unção, a passagem de Tiago 5:14 trata de presbíteros (não de sacerdotes)
orando para a cura do enfermo; de óleo medicinal, não um preparativo mágico
para a morte. De cura e restabelecimento físico e espiritual, não salvação além
do túmulo.

4º) Por que a unção Veterotestamentária apontava para o Messias, o Ungido


de Deus, cumprindo em Cristo a unção oficiais de sacerdote, profeta e rei;

5º) Por que no processo evolutivo da revelação de Deus, o óleo da unção


aponta para o ministério do Espírito Santo, Àquele que unge, isto é, separa,
capacita, credencia o cristão a fazer a obra de Deus. Os que são ungidos com
o Espírito Santo não necessita de nenhum outro tipo de unção;

6º) Por que Cristo mesmo instituiu a Ceia e o batismo, que é a comunhão com
Cristo e o selo do Espírito Santo;

7º) Por que o óleo não somente tinha qualidade curativa, mas era um sinal
visível de dependência total no Senhor.

1.  
1.  
2. Exposição de Tiago 5:14 por Lutero
3. Na exegese de Tiago 5:14, Lutero diz que os teólogos Católicos
ao longo da história eclesiástica da igreja, fiz, fizeram dois
acréscimos, dignos de uma exposição falsa e preconceituosa,
primeiro denominam a unção de enfermos de sacramento e
depois a denominam de extremo. Lutero diz que os teólogos
católicos argumentam que segundo o testemunho do apóstolo
Tiago, há aqui dois elementos: uma promessa e um sinal. A
promessa da remissão de pecados e o sinal do óleo." {53}

Lutero descarta a possibilidade de Tiago Ter instituído um


sacramento, pois isto não seria lícito de sua parte, quanto mais
estabelecer uma promessa divina juntamente com o sinal da
unção. Não nega que existe uma promessa, a qual julga-se belo,
"o mais bonito, porém, é que a promessa do apóstolo diz
expressamente: "A oração de fé salvará o enfermo, e o Senhor o
levantará", etc. (Tg 5.15) Vê, aqui o apóstolo ordena ungir e orar
para que o enfermo sare e melhore, isso é, para que não morra e
para que não seja a extrema unção." {54} E bom notar que se
fosse sacramento, e como sacramento deve ter um sinal, um sinal
que seja eficaz aquilo que significa a promessa. Lutero diz que se
Tiago 5:15 promete saúde ao enfermo, como manifesta
expressamente a palavra do apóstolo, e, se todos sarasse, não
haveria mais morte na terra.

Ao instituir o sacramento da unção de enfermos, Tiago deve ter


contradito a si mesmo, segundo Lutero. "Para não instituir um
sacramento, instituiu-o. Pois eles querem que a unção seja a
última para que não seja verdade que por meio dela o enfermo
sare, ainda que assim o tenha estabelecido o apóstolo. Se isso
não é loucura, que é loucura então?" {55}

Lutero se irrita, com a interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13,


pronunciada pelos teólogos da Igreja Católica, veja como ele se
expressa até um pouco rancoroso:

"Com eles acontece o que diz o apóstolo em I Tm 1:7: "Querendo


ser doutores da lei, sem entender nem o que falam nem o que
afirmam." Assim lêem todos os escritos e seguem-nos sem juízo.
Com a mesma negligência fundamentaram a confissão auricular
na palavra do apóstolo que diz: "Confessai vossos pecados uns
aos outros." (Tg 5:16). Mas eles não observam o que o apóstolo
prescreve? Mandar os presbíteros da igreja para orar sobre o
enfermo. Mal se envia agora um sacerdotezinho, enquanto o
apóstolo quer que haja muitos, não por causa da unção, mas
por causa da oração. Por isso diz: "A oração de fé salvará o
enfermo", etc. (Tg 5:15)." {56}

Seguinte o curso da exposição bíblica, Lutero lança mão do texto


correspondente a Tg 5:14, fundamentando a tese de que esta
prática já desapareceu na igreja. Não nega a sua existência, nem
a sua validade medicamentosa. Foram importantes no tempo e na
medida certa, para que se cumprisse o propósito de Deus na
Igreja.

"Por isso sou de opinião que essa unção é a mesma da qual se


escreve, em Mc 6:13, a respeito dos apóstolos: "E ungiam com
óleo a muitos enfermos, e saravam." Trata-se, pois, de um certo
rito da Igreja Primitiva, pelo qual faziam milagres entre os
enfermos. Já desapareceu há muito. Assim também no último
capítulo de Marcos, Cristo concede aos crentes "que peguem as
serpentes e ponham as mãos sobre os enfermos", etc. (Mc
16:18). É estranho que dessas palavras não tenham feito outros
sacramentos, pois são parecidas em poder e promessa com as
afirmações de Tiago. Portanto, essa extrema, isto é, inventada
unção não é sacramento, mas conselho de Tiago, que pode ser
usado por quem o quiser usar. Foi tomado do Evangelho de
Marcos 6:13, como disse. Não creio que tenha sido dado a
qualquer enfermo, já que a enfermidade é glória da Igreja, e a
morte, lucro. É somente para aqueles que sofrem a enfermidade
com maior impaciência e fé rude. Esses foram deixados pelo
Senhor para que neles aparecessem os milagres e o poder da fé.
´ {57}

Lutero enfatiza que Tiago ao ordenar a unção de enfermo, agiu


com muita cautela para não atribuir a promessa de saúde e
remissão de pecados à unção. A unção em si mesmo não possui
nenhuma virtude que a possa considerar, e não pode ser um sinal
externo da cura, porque nem todos que são ungidos, são
curados, é diferente do batismo e Ceia do Senhor. A questão se
envolver na oração de fé. Oração de fé não é oração forte, como
se vê no mercado religioso, mas é a oração dos presbíteros,
homens experientes e fieis a Deus. Tiago aqui, convoca os
líderes da igreja para interceder pelos enfermos.

"E foi justamente isso que Tiago previu com cautela e


deliberadamente quando não atribuiu a promessa de saúde e de
remissão de pecados à unção, mas à oração de fé. Pois diz
assim: "E a oração de fé salvará o enfermo, e o Senhor o
levantará; e, se estiver em pecados, ser-lhe-ão perdoados." (Tg
5.15) Porque o sacramento não exige a oração, ou a fé do
ministro, pois também o ímpio batiza e consagra sem oração.
Baseia-se apenas na promessa e instituição de Deus, exigindo fé
de quem o recebe. Entretanto, onde está a oração de fé no
hodierno uso da Extrema-Unção? Quem ora sobre o enfermo
com tal fé que não duvida que este se restabelecerá? Pois é tal
oração de fé que Tiago descreve aqui, da qual também havia dito
no princípio: "Peça, porém, com fé, em nada duvidando."(Tg 1:6)
E Cristo: "Tudo quando pedirdes, crede que o recebereis, e assim
vos sucederá." (Mc 11:24). ´ {58}

4. Exposição de Tiago 5:14 por Calvino


Ao argumentar contra a Unção de Enfermos (extrema-unção), Calvino é
enfático, categórico, não está sujeito a trocas, é peremptório, definitivo. A sua
luta não é contra somente os poderes espirituais e temporais constituídos de
sua época, trata-se da defesa do cristianismo, de retornar ao início de tudo, de
voltar as origens do Evangelho, aos ensinamentos apostólicos. A sua luta se
prima por uma luta em defesa dos princípios teológicos bíblicos.

A exposição de Tiago 5:14 tem em Calvino a dimensão da esperança, enraíza-


se na concreta teologia, no espírito de responsabilidade perante a comunidade
e na aspiração genuína pela evolução do pensamento teológico e da dimensão
global do ser humano, em ser mais consciente, a fim de lidar com certas
situações e evitar as conseqüências de opressão e sofrimentos causados pelas
decisões erradas da Igreja.

E na exposição de Tiago que Calvino rejeita categoricamente a Unção de


Enfermos, "porque no presente há cessado aquela graça, a graça de sarar
enfermos, como também aos demais milagres que o Senhor quis prolongar
durante algum tempo para confirmação da pregação do Evangelho, lá era
novo, admirável para sempre. Assim pois, quando admitimos que aquela unção
foi sacramento das virtudes que por mãos dos apóstolos, então se
dispensaram, nada nos dará virtudes no presente, já que não nos é concedida
a administração das virtudes" {59}

Com isto Calvino conserva apenas dois dos sete sacramentos existente na
Igreja, a Ceia do Senhor e o Batismo, por entender que estes são os
verdadeiros sacramentos ordenados pelo Senhor Jesus Cristo e ministrados
pela Igreja Primitiva.

Retomando a discussão do sacramento da extrema-unção, Calvino afirma que


é fruto da falsa interpretação de Tiago 5:14 e Mc 6:13. A unção de acordo com
o pensamento teológico Romano é da mesma classe do sacramento de
imposição de mãos (Confirmação e Crisma), isto porque se cria e como em
alguns grupos religiosos brasileiros se crê também que o sacerdote ao impor
aos mãos transmitia certas virtudes. Suas mãos eram energizadas com o poder
espiritual, e, de igual modo a unção era revestida de virtudes apostólicas
(Tradição da Igreja/Tradição apostólica) e de poder espiritual. Calvino diz que
estas práticas "não somente é uma farsa, com que pretende hipocritamente,
contra a razão e seu proveito algum, imitar os apóstolo". {56} Marcos 6:13
registra que "os apóstolos, a primeira vez que foram enviados – conforme o
Senhor tinha mandado, ressuscitaram mortos, expulsaram demônios, curaram
leprosos, sararam enfermos, e ainda, que quando curavam os enfermos
usavam e aplicavam azeite: ‘Ungiam com azeite a muitos enfermos e os
saravam’. Jesus neste texto nos ensina que uma das características da vinda
do reino seria esses sinais e maravilhas operados por Ele e pelos apóstolos.

Os que consideram a grande liberdade que o Senhor e seus apóstolos usaram


nestas coisas externas, facilmente verificaram que em tais cerimonias não
existia nenhum mistério oculto e mais profundo. Jesus Cristo quando quis dar
vista ao cego, fez barro com pó e saliva (Jo 9:6). A outros curou com contato
(Mt 9:29); a outros com a palavra (Lc 18:42). Da mesma maneira, os apóstolos
curou a uns somente com a palavra, a outros, tocando-lhes, a outros com a
unção (At 3:6; 5:14-15: 19:12). {57}

Diante da pergunta: Porque me dirão que os apóstolos no usaram


temerariamente esta unção, igual que todas as demais coisas. Ao responde-la
Calvino afirma:

1º) que os apóstolos não usaram da unção como instrumento ou meio de


saúde, mas somente como sinal com a qual a gente sensível e ignorante
compreendesse de onde procedia tal virtude, por medo de transmitir a glória
aos apóstolos;

2º) É coisa corrente e familiar nas Escrituras que o azeite signifique o Espírito
Santo e seus dons;

3º) No presente há cessado aquela graça de sarar os enfermos, como também


os demais milagres." {58}
Calvino é um pouco irônica em algumas afirmações, como por exemplo: "e que
maior razão existe para que haja esta unção, um sacramento com preferência
ao dos demais sinais e símbolos dos que já se mencionam nas Escrituras?
Porque não utilizarmos alguma piscina de Siloé, na qual se banhem os
enfermos em certos tempos do ano (Jo. 9:7)? Estes dizem: seria inútil.
Certamente. Por mais que sua unção. Porque no se inclinam sobre os mortos,
posto que Paulo ressuscitou um jovem morto inclinando-se sobre ele (At
20:10,12)? Porque no fazem um sacramento de lodo composto de pó e saliva?
Todos esses exemplos, dizem: foram particulares, mas este da unção foi
ordenado por Tiago. É verdade. Pois Tiago falava para o tempo em que a igreja
gozava desta benção que temos mencionado." {59}Os que aceitam e praticam
a unção de enfermos querem fazer-me crer que sua unção tem a mesma força
que tinha nos tempos apostólicos, pois nos experimentamos o contrario,
pensava Calvino.

É dura a advertência de Calvino aos adeptos da Unção de Enfermos, percebe-


se como ele se expressa numa exortação firme para que ninguém se maravilhe
ter enganado enganando as almas que vem andando ignorantes e cegas,
afastando-as da Palavra de Deus, que é vida e luz das mesmas. Estes
sacerdotes não tem escrúpulo de induzir ao erro os sentimentos e os sentidos
do corpo. Eles se acham dignos julgando Ter em suas mãos a graça da saúde.
Nosso Senhor Jesus Cristo certamente assiste em todo o tempo os seus filhos
e lhes socorre nas suas enfermidades, nem mais nem menos que nos tempos
passados. Por esta demonstração, as virtudes e os demais milagres que foram
operadas pelas mãos dos apóstolos constitui a razão de que este dom era
temporal e também porque foi perecido pela ingratidão dos homens. {60}

A pergunta agora é: Onde se demonstra que Tiago afirma ser conveniente a


nosso tempo a Unção de Enfermos? Esta muito longe de ser certo, responde
Calvino. Tiago disse que os anciãos façam a unção do enfermo. Quando Tiago
manda simplesmente ungir os enfermos com azeite. Entendo que se trate de
azeite comum, não azeite consagrado pelo pastor. E, quando o enfermo havia
sido ungido com azeite e havia orado por ele, se está em pecado, será
perdoado. Não entende Tiago que os pecados serão perdoados pela unção,
mas sim pelas orações dos fieis com que o irmão afligido é colocado diante de
Deus. A cura e o perdão não está no poder da unção, mas sim nas orações
dos fiéis presbíteros da igreja.

Expondo o pensamento de Calvino, com referência a Unção de Enfermos


chego a seguinte conclusão:

1º) Para Calvino esta prática já cessou na Igreja;

2º) A unção aponta para a Obra e os dons do Espírito Santo; se vivemos hoje
no desenvolvimento ministerial do Espírito Santo, com certeza, não sentido a
prática da unção de Enfermos ou qualquer outro tipo de unção;

3º) Calvino dá a entender que a questão fica aberta, nas seguintes condições:

a.  
b. Se alguém deseja praticar a unção, deve optar pela simplicidade;
c.  
d. O óleo da unção deverá ser o azeite comum; não existindo nenhum
cerimonial de consagração do óleo;
e.  
f. A unção não tem efeito das virtudes espirituais apostólicas;
g.  
h. A unção não é canal de bênçãos para o crente; canal de bênção seria a
doutrina Bíblica, as orações (intercessão dos Santos) e a comunhão;
i.  
j. A unção não é privativa do pastor da igreja;
k.  
l. A unção não tem efeito de sacramento;
m.  
n. A unção não perdoa pecados;
o.  
p. A unção não é sinal de cura;
q.  
r. A unção não tem poderes mágicos-religiosos;
s.  
t. Não deve ser praticada indiscriminadamente, e, nem adicionando outros
sinais, tais como o sinal da cruz..

2.  
3. Considerações atuais da unção
4. As situações que vem passando o povo brasileiro, devido as
conjunturais políticas/econômicas/sociais tem dificultados muitos em
adquirir remédios e ir ao médico, por causa das filas, o custo elevado
das consultas e dos medicamentos. Não havendo recursos, o povo
busca praticar uma medicina popular, principalmente nas consultas com
curandeiros, as concepções mágicos-religiosas, os líderes carismáticos
muitas vezes são solicitados a realizar curas além de sua competência
religiosa. "Os evangelistas da cura divina, ou os missionários
neopentecostais, crêem viver em contato permanente com anjos e
demônios, com o Espírito Santo e os espíritos das enfermidades. Dizem
alguns que experimentam choques elétricos nas mãos quando estão
orando pelos enfermos. Outros dizem que têm auréolas em torno da
cabeça quando se lhes tiram fotos. Em outros ainda, aparecem sinais
nas mãos quando estão orando. Quando não acontece a cura, eles
apresentam pelo menos dez causas, dentre elas a falta de fé do
enfermo." {61}

A unção tem papel importantíssimo no simbolismo religioso atual,


tornou-se um material fundamental no combate as doenças do corpo e
da alma, é o símbolo do socorro divino, somente aqueles que foram
ungidos com o óleo consagrado, terão a capacidade de vencer a
doença, a falta de emprego, a pobreza, a discriminação social e uma
infinidade de males e moléstias demoníacas.
Tudo é ungido, a rosa é ungida, o barbante é ungido. O barbante é
interessante. A IURD oferece um barbante de dez centímetros no
máximo, este barbante após ser ungido com óleo de azeite e dado ao
povo, geralmente pobre e ignorante, a cada dia a pessoa faz uma prece
e dá um nó no barbante, após sete dias, ela traz o barbante para a igreja
com um real amarrado ao barbante. O sal distribuído é ungido, fotos são
ungidas, roupas, água, e por fim a própria pessoa é ungida. Na hora da
unção da pessoa, se alguém estiver endemoniado, logo se manifesta. É
evidenciado um dualismo teológico entre o bem e o mal, com as
mesmas características da heresia de Maniquel, o maniqueísmo. De
todas as orações realizadas uma é maior de todas, conhecida como a
oração forte. "A voz de comando e a "oração forte" do exorcismo tem
como chave a visão maniqueísta do mundo em que os demônios do mal
são responsáveis por todos os tipos de males principalmente os de
ordem emocional e moral. É o princípio da desordem contra o da ordem.
No segundo caso, isto é, o de instrumentos materiais de eficácia
simbólica, visa-se mais os males do corpo. Coisas sagradas, como o
óleo e a água, constantes da tradição bíblica, são os mais usados. Mas,
o elenco de coisas sagradas tem sido desenvolvido com objetos como
medalhas, fitas, chaves e, às vezes, a própria Bíblia, esta no lugar da
cruz da tradição católica popular. É necessário notar que nada dessas
coisas a não ser a Bíblia, tem eficácia se não forem consagradas por
quem tem autoridade, isto é, pastores, bispos, etc. Há visível
recuperação das práticas do poder mágico sacerdotal. Os mágicos
credenciados pelo sindicato são investidos também no "munus"
sacerdotal." { 62}

Nos meios pentecostais e neopentecostais há uma interpretação literal


das Escrituras Sagradas, que muitas vezes a hermenêutica é distorcida
com o objetivo de confirmar aquilo que o líder da igreja quer ensinar,
aliás da Bíblia ensina-se pouco, o discurso é centralizado na palavra da
fé. "Se Jesus curou no sem tempo, cura hoje também. Basta ter fé. É
comum, entre os carismáticos, além da oração da fé para a cura, a
unção com óleo (Tg 5:14). A diferença entre os carismáticos e as
empresas de cura divina é que, em lugar do mágico-sacerdote, figura o
mágico autônomo, isto é, qualquer crente com fé poderosa que ganha,
às vezes, grande notoriedade pela eficácia, dos seus serviços. O
fundamento teológico é o "sacerdócio universal dos crentes". É por isso
que os carismáticos evitem a institucionalização. Neste caso, entrariam
em cena os mágicos-sacerdotais e a conseqüente perda de parcela do
poder autônomo. Forma, no máximo, comunidades alternativas em que
as lideranças são o mais possível informais e sujeitas à rotatividade."
{63}

É deste lamaçal que alguns líderes da Igreja Presbiteriana do Brasil


procuram de alguma forma autenticarem como homens espirituais,
deixando de lado a teologia séria e uma hermenêutica verdadeira das
Escrituras Sagradas, ingerindo-se numa exegese literal e tendenciosa, a
fim de comprovarem os seus pontos de vistas, que muitas vezes são
ocasionados pelos problemas emocionais e espirituais enfrentados no
ministério da Palavra de Deus. Estão inconformados com sua própria
frieza espiritual, descambando para um outro extremo como solução
última de vigor espiritual. Como são tolos, enganando a si mesmo,
vivendo de uma fachada, como "sepulcros caiados".

3.  
1.  
2. Exposição de Tiago 5:14
3. Um dos temas centrais da Epístola de Tiago é a oração.
Tiago tinha o exemplo de Jesus, homem de oração, e de
como Deus operava com grande obra em resposta as
orações dos fiéis. Com certeza Tiago também era homem
de oração, isto é evidente, pelas muitas exortações que faz
aos seus leitores que dediquem a oração. "As informações
daquela época que nos chegam falam de Tiago como um
homem dedicado à oração. Testemunhas de sua vida
disseram que seus joelhos se calejaram pelos longos
períodos dobrados em oração. Não é de se estranhar,
portanto que os limites do seu livro sejam a oração." {65}

Para introduzir na unção de enfermos, Tiago aborda três


classes de pessoas que estão vivendo alguma
circunstância gerada na própria vida, o sofredor, o contente
(feliz) e o doente. "Está alguém sofrendo? Está alguém
alegre? Está alguém enfermo? A resposta a estas três
perguntas é uma só: ore, faça oração. Porém uma
característica fica evidente, aquele que sofre pode e deve
orar, igualmente aquele que está alegre, pode e deve orar,
mas ao enfermo, deve chamar alguém para orar por ele,
neste caso, são os presbíteros que deverão orar pelos
enfermos. Estas circunstâncias são o extremo da vida, o
sofrimento e a doença. A recomendação de Tiago é orar, a
fim de conduzir a aflição a Deus, isto é, os momentos de
angustias e aflições deverão nos impulsionar a estar mais
perto do Senhor e não nos afastar dEle. Também nos
momentos de alegrias devem ser dedicados a louvar ao
Senhor com cânticos de gratidão.

Tiago ao ordenar que chame os presbíteros para orar pelo


enfermo acrescenta a expressão "ungindo-o com óleo", o
que significa essa unção? A essa pergunta temos duas
respostas: a primeira é uma resposta negativa, aquilo que
Tiago não ordenou, não escreveu, não insinuou, ei-las:

1º) Forma inicial do sacramento da unção de enfermos,


conforme é afirmado pelo Concílio de Trento, na
dogmatização do Sacramento da extrema-unção;

2º) Ritual religioso do Velho Testamento;


3º) Um óleo santo, ou bento;

4º) Uma fórmula litúrgica para a Igreja;

5º) Sinal da cruz acoplado a unção;

6º) Sinal mágico-religioso;

7º) Perdão de pecados através da unção;

8º) Referência simbólica do Espírito Santo. "Vê-lo como


símbolo do Espírito Santo é agredir o estilo de Tiago, que é
direto, simples e sem simbolismo. É ver no óleo uma
"unção espiritual" é incidir no mesmo equívoco, além de
tornar truncado o sentido do texto." {66}

A segunda é uma resposta positiva, isto é o que seria a


unção de enfermos para a igreja na visão de Tiago:

1º) Ação terapêutica medicamentosa do óleo para alívio do


enfermo, "escritores como Filo e Plínio registraram ser o
óleo um excelente remédio, principalmente contra febres.
Conforme Galeno, médico grego que morreu em Roma e
autor de importantes descobertas em anatomia, além de
produtor de vários tratados médicos, o óleo era o melhor
remédio para combater a paralisia (provavelmente
massagens com óleo)"; {67}

2º) A eficácia da oração, o poder não está no óleo, mas na


oração dos líderes da igreja, "a oração da fé salvará o
doente", Tiago utiliza dois elementos (mito) que bem
conhecidos por todos para combater as enfermidades: o
remédio (óleo) e a oração. É excluída qualquer idéia de um
óleo virtuoso, mágico ou poderoso. Segundo Tiago não é
no óleo que reside o poder, mas sim na oração.

3º) A dependência de Deus;

4º) O texto não trata de morte, como a Igreja Católica


Romana presume, trata-se de vida "a oração da fé salvará
o doente";

Segundo Brunotte a unção de enfermos com azeite não


era somente característica de Israel e nem da Igreja
Primitiva, mas em outras partes do mundo antigo. Na igreja
Primitiva as curas levadas a efeito pelos discípulos ou
pelos presbíteros da igreja algumas vezes foram
acompanhadas pela unção, ocorrendo isto no contexto da
pregação e da oração. Mais tarde a cura associada a
unção, veio a ser vista como um sinal visível do começo do
reino de Deus.

Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no entanto,


é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela
importância atribuída à oração que o acompanha. {68}

4. O mito e o rito
É necessário deixar bem claro, nesta tentativa de conceituar o mito, que o
mesmo não tem aqui a conotação usual de fábula, lenda, invenção, ficção, mas
a acepção que lhe atribuíam e ainda atribuem as sociedades, onde mito é o
relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial, mediante a
intervenção de poderes sobrenaturais. Em outros termos, mito, é o relato de
uma história verdadeira, ocorrida em tempos passados, mediante a
interferência de poderes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja
uma realidade total, ou um fragmento, no nosso caso específico a unção de
enfermos. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo
algo, que não era, começou a ser.

"Quando a unção com azeite é feita aos doentes (Mc 6:13; Tg 5:14), isto faz
lembrar a unção dos enfermos em outras partes do mundo antigo. Há a
possibilidade de que atribui-se alguma propriedade medicinal ‘a unção do NT,
mas não se ressalta esta parte. É provável que passagens tais como Mc 6:13 e
Tg 5:14 tenham seu pano de fundo, pelo contrário, na prática do exorcismo.
Unir é um ato simbólico através do qual os demônios são expulsos. As curas
levadas a efeito pelos discípulos ou pelos presbíteros da igreja foram
acompanhadas pela unção, ocorrendo no contexto da pregação e da oração. A
cura, e, portanto, a unção também, veio a ser vista como um sinal visível do
começo do reino de Deus. Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no
entanto, é firmemente refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância
atribuída à oração que o acompanha." {69}

O mito da unção de enfermos é sempre uma representação coletiva,


transmitida através de várias gerações e que relata uma prática que se tornou
comum na sociedade. Mito é por conseguinte, a palavra "revelada", o dito. E,
desse modo, se a unção de enfermo pode se exprimir ao nível da linguagem,
"ela é, antes de tudo, uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento".
"A unção é sentida e vivida antes de ser inteligida e formulada. Mito da unção
de enfermo é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento
no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como
narrativa".

A ritualização dos efeitos da unção de enfermos como prática litúrgica da Igreja


Católica Romana especifica muito bem esta característica do mito e do rito,
vejamos:

a.  
b. "dom especial do Espírito Santo: a graça do perdão, do conforto, da paz
e da coragem, força diante da enfermidade, confiança em Deus;
c.  
d. participação na ação salvífica de Jesus na cruz;
e.  
f. graça eclesial da comunhão dos santos. Por este sacramento, a Igreja é
santificada na pessoa do enfermo;
g.  
h. sentido pascal da morte. A doença nos lembra a nossa fragilidade e a
certeza da morte. A unção dos enfermos nos dá a dimensão pascal da
dor e da morte e renova em nós a certeza da ressurreição. {70}

A unção de enfermo expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja


essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós
através de várias gerações, confirmada escrituristicamente em Mc 6:13 e Tg
5:14. E, na medida em que pretende explicar a complexidade do real, a unção
não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a
todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar a unção de
enfermos é, pois, decifrar-se.

É bem verdade que a sociedade contemporânea usa o mito como expressão


de fantasia, de mentiras, daí mitomania, mas não é este o sentido que lhe
atribuímos. Apresentamos o mito da unção de enfermos como uma forma
substituível de uma verdade. Uma verdade que esconde outra verdade. É que
poucos se dão ao trabalho de verificar a verdade que existe na ordem
apostólica de Tiago, buscando apenas a ilusão que o mesmo contém. Quando
as pessoas procuram adquirir certos bens simbólicos em certas igrejas
evangélicas, esses bens são carregados de mitos, como por exemplo: rosa
ungida, água fruidificada, óleo santificado, lenço energizado por pastores, etc.
Pela própria ignorância, como diz Calvino, muitos vêem no mito tão-somente os
significantes, isto é, a parte concreta do símbolo. É mister ir além das
aparências e buscar-lhe os significados, a parte abstrata, o sentido profundo.

Talvez se pudesse definir mito, dentro do conceito de Carl Gustav Jung, como
a conscientização de arquétipos do inconsciente coletivo, quer dizer, um elo
entre o consciente e o inconsciente coletivo, bem como as formas através das
quais o inconsciente se manifesta.

Compreende-se por inconsciente coletivo a herança das vivências das


gerações anteriores. Desse modo, o inconsciente coletivo expressaria a
identidade de todos os homens, seja qual for a época e o lugar onde tenham
vivido.

Arquétipo, do grego "arkhétypos", etimologicamente, significa modelo primitivo,


idéias inatas. Como conteúdo do inconsciente coletivo foi empregado pela
primeira vez por Yung. No mito, esses conteúdos remontam a uma tradição,
cuja idade é impossível determinar. Pertencem a um mundo do passado, cujas
exigências espirituais são semelhantes às que se observam entre culturas
primitivas ainda existentes.
A palavra textual de Jung ilustra melhor o que expôs: "Os conteúdos do
inconsciente pessoal são aquisições da existência individual, ao passo que os
conteúdos do inconsciente coletivo são arquétipos que existem sempre a priori.

Embora se tenha que admitir a importância da tradição e da dispersão por


migrações, casos há e muito numerosos em que essas imagens pressupõem
uma camada psíquica coletiva: é o inconsciente coletivo.

Mas, como este não é verbal, quer dizer, não podendo o inconsciente se
manifestar de forma conceitual, verbal, ele o faz através de símbolos. Atente-se
para a etimologia de símbolo, do grego "sýmbolon", do verbo "symbállein",
"lançar com", arremessar ao mesmo tempo, "com-jogar". De início, símbolo era
um sinal de reconhecimento: um objeto dividido em duas partes, cujo ajuste e
confronto permitiam aos portadores de cada uma das partes se reconhecerem.

No intuito de instituir a unção de enfermos como um sacramento permanente, a


Igreja Católica Romana utiliza-se do símbolo, no caso o óleo santo ou óleo da
unção, dividindo o ritual em duas partes, a saber:

"1º) um signo exterior da graça: óleo (matéria: oração dos presbíteros (forma);

2º) Efeito interior da graça expressado no perdão dos pecados;

3º) A instituição por Cristo: "em nome do Senhor" por encargo e autoridade do
Senhor." {71}

Neste caso o símbolo é, pois, a expressão de um conceito de eqüivalência.


Assim, para se atingir a justificativa da unção de enfermos, que se expressa
por símbolos, é preciso fazer uma eqüivalência, uma "con-jugação", uma "re-
união", porque, se o signo é sempre menor do que o conceito que representa,
o símbolo representa sempre mais do que seu significado evidente e imediato.

Em síntese, os mitos são a linguagem imagística dos princípios. "Traduzem" a


origem de uma instituição, de um hábito, a lógica de uma gesta, a economia de
um encontro.

Quanto à religião, do latim "religione", a palavra possivelmente se prende ao


verbo "religare", ação de ligar.

Religião pode, assim, ser definida como o conjunto das atitudes e atos pelos
quais o homem se prende, se liga ao divino ou manifesta sua dependência em
relação a seres invisíveis tidos como sobrenaturais. Tomando-se o vocábulo
num sentido mais estrito, pode-se dizer que a religião para os antigos é a
reatualização e a ritualização do mito. O rito possui, "o poder de suscitar ou, ao
menos, de reafirmar o mito".

Através do rito, isto é, da forma ritual litúrgica, o homem se incorpora ao mito,


beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A
ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. A unção de
enfermos, nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através
da referência que se estabelece do profano ao sagrado". Em resumo: a
ritualização litúrgica da unção de enfermos é a pràxis do mito da unção. É o
mito em ação. A unção de enfermo é rememorada, o rito é comemorado na
forma litúrgica da Igreja.

Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos


rituais, o homem torna-se apto a repetir o que os apóstolos fizeram "nas
origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das
coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo que é
ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de
um objeto, de um nome, de uma planta - "eqüivale a adquirir sobre as mesmas
um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou
reproduzí-las à vontade". Esse retorno às origens, por meio do rito, é de suma
importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que jorraram
nessas mesmas origens".

Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo


exemplar, colocando o homem na contemporaneidade do sagrado, tudo
que não possui um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de
realidade".

O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o


que ela é apenas lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido.

À idéia de reiteração prende-se a idéia de tempo. O mundo é religiosamente


acessível e reatualizável, exatamente porque o homem das culturas antigas
não aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano,
cronológico, é linear e, por isso mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma
data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o tempo mítico, ritualizado, é
circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade
que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que
ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O
profano é tempo da vida; o sagrado, o "tempo" da eternidade.

A unção de enfermos, embora rejeitada no mundo moderno, pelos calvinistas-


puritanos, ainda está viva e atuante nas igrejas pentecostais e
neopentecostais. "O mito da unção de enfermos, quando estudado ao vivo, não
é uma explicação destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma
narrativa que faz reviver uma realidade primeva, que satisfaz as profundas
necessidades religiosas do místico, aspirações morais, a pressões e a
imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas.

Na Igreja Primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele


exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais;
garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do
homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma
fabulação vã, ele é, ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre
incessantemente; não é, absolutamente, uma teoria abstrata ou uma fantasia
artística, mas uma verdadeira codificação litúrgica da Igreja Primitiva e da
sabedoria prática".
 

3.  
3.  
4. Ações e reações: Estudo de caso da IPB
Percebe-se com clara evidência, desde o início do movimento presbiteriano
brasileiro, o surgimento de vários problemas que caracteriza a insatisfação de
alguns com o modelo adotado pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Tais
insatisfações são a causa do surgimento de novas formas eclesiológicas que
caracterizarão a divisão da igreja-mãe e várias outras denominações
presbiterianas e não presbiterianas, como também essa nova eclesiologia
colaboraram para o surgimento de algumas seitas neo-pentecostais.

Com relação ao pentecostalismo e neopentecostalismo tem surgido ações e


reações, e consequentemente resistências pôr parte daqueles que enraizaram-
se na história da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Desde 1879, quando surgiu a primeira divisão na Igreja Presbiteriana do Brasil,


denominado pôr Émile Leórnard e outros autores como o Iluminismo
Brasileiro, movimento espiritualista com características visionárias carismática
e revelativas surgido na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, apesar da não
existência ainda do movimento pentecostalismo, já podemos observar as
manifestações religiosas desse movimento de santidade, sendo esta a herança
do movimento pentecostal brasileiro na sua originalidade, pois nada mais é, a
respostas aos grandes avivamentos do século passado ocorrido nos Estados
Unidos. Até o surgimento da Igreja Presbiteriana Unida, foram historiadas
oficialmente sete divisões da Igreja Presbiteriana do Brasil, isto sem relatarmos
as divisões locais, que acresceria este número consideravelmente.

As mudanças surgidas na Igreja Presbiteriana, tem caráter mais político-


institucional e litúrgico do que espiritual. Isto é bem evidente no contexto das
discussões em torno da unção de enfermos, motivado pela matéria
apresentada na reunião do Supremo Concílio de 1998, em Brasília, que em
certo sentido proporcionaria as mudanças de várias áreas da Igreja, que
representaria mais os anseios dos neo-pentecostais não somente no critério
idealista, mas também da praxidade. Na verdade, o modelo apresentado hoje
pela IPB reflete dois tipos de igrejas: a igreja que somos e a igreja que
queremos.

Estas discussões trazem-me a memória dos debates proporcionado pela


Associação de Pastores Presbiterianos do Recife, realizado nas instalações da
Telebrás, no dia 05 de agosto de 1995, colhemos depoimentos importantes a
respeito das mudanças propostas pelo anteprojeto constitucional da IPB.

Falando sobre o projeto constitucional o Rev. Arival Dias Cassimiro, {72}


afirmou que não existe hoje espaço para uma reforma da Constituição, as
emendas a Constituição atual seria o caminho ideal para a Igreja. Os
Presbitérios teriam condições de elaborarem suas propostas e os Sínodos
abririam as discussões em um trabalho conjunto, chegando pôr certo a um
denominador comum e de interesse para todos.

Arival crê que do jeito como foram conduzidas as reuniões é inviável o


anteprojeto, e, pois surge o grande questionamento da capacidade dos
constituintes, que geralmente são escolhidos, aliás, são laçados e investidos de
autoridade para tomarem decisões em favor de uma grande maioria da igreja e
que quase sempre não estão habilitados para desenvolver uma função tão
difícil e complicada de discutir. Arival sente-se insatisfeito tanto com a situação
presente como a futura. Ele crê que alguma coisa tem de ser feita, precisa-se
mudar alguma coisa na constituição, e isso através de emendas. Questões
como maçonaria, onde a Igreja pede uma solução, e até o momento não
existe nada de concreto a não as resoluções conciliares de 1903, 1906 e 1932.

Para Arival a própria reunião do Supremo Concílio de 1994 foi só culto... A


questão da diaconisa precisa ter um documento, não podemos chegar na
Constituinte com 800 delegados, cada um com uma posição e discutir o
assunto.

Para Arival, a Reforma da constituição, deveria ser mais uma aproximação aos
princípios da Igreja, conforme o pensamento de Calvino. A Igreja Presbiteriana
está promovendo congressos para 1.500 pessoas, porém sem discutir os
problemas essenciais da Igreja. Ou cria uma Igreja nova, criando uma igreja
nova, também muda-se os princípios da igreja, nisto a igreja nova
caracterizaria em uma outra igreja. Reformando a constituição, também levaria
a igreja atual a uma mudança teológica, principalmente na ordenação de
mulheres para o presbiterato e o diaconato, ferindo um princípio doutrinário da
IPB.

Para Arival, vê-se hoje claramente uma instituição sindicalista na Igreja,


onde presbíteros são representes de uma determinada facção da Igreja. O
problema da Igreja hoje é caracterizado mais pôr um problema de caráter, os
problemas de constituição é um problema de princípios humanos que são
trazidos para a Igreja pelos pastores.

Arival diz: " não sou fechado para o novo, mas que esse novo, seja novo".

Segundo o Rev. Martorelli Dantas{73}, Arival parte de três pressupostos


equivocados:

  
 1º) Da incompetência no momento de produzir um documento tão
extenso que reflita os princípios reformados quanto a constituição de
1950;
  
 2 º) Todo documento oficial é produzido dentro de um conceito espiritual,
político, histórico e social. De 1950 até hoje houve uma transformação
de grandes proporções no mundo, portando não podemos negar a
possibilidade da igreja produzir um documento contextualizado;
  
 3º) há também a omissão baseada apenas em temores em que algo não
desejável aconteça. Podemos cair na sacralização da Constituição de
1950, que seria mais uma dogmática Católica do que Presbiteriana.

Segundo o Rev. Cilas Cunha Menezes{74}, "como estão caminhando as


coisas, não teremos constituinte, porque existe um grupo contrário.
Poderíamos aqui no nordeste, elaborarmos um documento, pois todo mundo
quer emendas, mas em São Paulo, existe um grande número da igreja
contrário a constituinte. Podemos sair daqui, não a favor e nem contra, mas
com alguns princípios com relação a constituição. Poderemos articular a
possibilidade dos presbitérios não votar a favor da constituinte, mas pelo
menos articular a partir das emendas constitucionais."

Todas estas discussões que envolve a Igreja Presbiteriana do Brasil na


atualidade, refletem as características de mudanças que a igreja vem sofrendo
em toda a sua história. A Igreja Presbiteriana do Brasil tem perdido a sua
identidade, segundo Éber Ferreira "as Igrejas Presbiterianas Brasileiras estão
perdendo a memória. As comemorações denominacionais são melancólicas na
maioria das igrejas, porque as mesmas não sabem ligar seu passado com o
momento em que vivem. Os ‘mitos fundadores’ vão desaparecendo, em função
de um exagerado presentismo. Tal situação se encaixa na perspectiva de um
tempo onde tudo rapidamente se torna descartável". {75}

O homem presbiteriano não compreendeu ainda que a igreja é uma


comunidade e não um indivíduo, pois como comunidade temos a verdadeira
arma que superaria as relações de dominação do mais forte para o mais fraco,
do senhor sobre os escravos, dos presbíteros sobre os membros, do mais rico
sobre o mais pobre, porque a individualidade na igreja gera a escravidão, "pôr
um lado exigem uma subordinação total ao ‘sistema eclesiástico, e pôr outro
lado eles pregam uma salvação individual, pôr sinal não podemos esquecer-
nos que o individualismo moderno nasceu em grande parte como protesto
contra um coletivismo eclesiástico. As igrejas cristãs oscilam entre dois
extremos dos quais nem sempre estão bem conscientes. Acontece inclusive
que as duas estruturas ficam associadas numa combinação histórica paradoxal
mas viável: o governo eclesiástico não promove estruturas comunitárias e
dirige-se a cada indivíduo em particular. Dessa maneira cada indivíduo está
chamado a fazer a sua salvação pôr meio da subordinação total ao sistema
ditado pelo governo (da Igreja)." {76} Em toda minha vida sob a tutela da Igreja
Presbiteriana do Brasil, pude observar na vida de muitos membros que a
salvação tem como resultado as observância das ordenanças constitucionais
da Igreja. Quando fui examinado para ordenação ao Sagrado Ministério da
Palavra, foi-me perguntado pôr um pastor o seguinte:

- "Para você a igreja é o reino de Deus?".

- Respondi que não, pois no meu entender a Igreja é uma agência do Reino de
Deus, pois creio que o reino de Deus é muito mais extenso e amplo que a
Igreja.
- O pastor disse-me: "Você não pode ser pastor presbiteriano", porque a
Confissão de Fé de Westerminster declara no Cap. XXXIII, que a Igreja é o
reino de Deus. E você só poderá ser pastor presbiteriano se afirmar o quer
consta na Confissão de fé adotada pela Igreja.

- Argumentei que acreditava na Confissão de fé, porém algumas coisas que


foram escritas, foram escritas para o contexto social, intelectual, político e
econômico do Séc XVI, conquanto alguma afirmação da Confissão de fé
deveria ser avaliada dentro do contexto do Séc XX. Uma coisa tenho certeza,
não foi a Igreja Presbiteriana do Brasil que me vocacionou para o Ministério da
Palavra, nem outra igreja qualquer, nem grupos de homens, mas Deus foi
quem me chamou e me vocacionou. Não é o fato de ser pastor ou não ser
pastor que me habilitará para desenvolver a obra de Jesus Cristo. Não estou
preocupado se serei ordenado a pastor ou não, a minha preocupação está na
minha atitude diante do reino de Deus, pois a Igreja Presbiteriana,
simplesmente reconheceu esta vocação divina.

Isto provocou uma grande discussão entre os membros daquela comissão, que
solicitaram a minha retirada do recinto, para que os mesmos pudesse
discutirem mais a vontade.

As mudanças ou as tentativas de mudanças geralmente surgidas na Igreja, tem


origem nas igrejas locais de classe baixa. Talvez seja este o grande problema
enfrenta pela IPB na atualidade, isto é, a Igreja Presbiteriana do Brasil é uma
igreja de classe média, que sempre direcionou suas atividades para esta classe
do Brasil. No fim da modernidade a ruptura da classe média brasileira, tem
proporcionada grandes dificuldades a Igreja Presbiteriana: primeiro divisão da
classe média em três subclasses, a média-baixa, média-média e média-alta.
Depois dos planos governamentais de 1990 até a consumação do plano real, a
classe média tem sido freqüentemente subterrada pela classe baixa. Com o
crescimento da pobreza, da falta de emprego, da falta de saneamento básico,
da falta de ensino público eficiente, da falta de uma política sanitária pública
mais concreta e satisfatória, da falta de transportes urbanos mais confortáveis,
etc., nivelaria a classe média, até então responsável pôr uma
representatividade bastante considerável na estratificação social do Brasil com
a classe baixa.

Apesar de todos os esforços promovidas pela Comissão Nacional de


Evangelização da IPB, a igreja perdeu sua característica evangelizadora e
missionária urbana, praticamente não conseguimos desenvolver uma
estratégia evangelística nos grandes centros. Na vida urbana o individualismo
tem suas características profundas, principalmente como produto do medo da
violência, medo de perder o emprego, medo de ser assaltado, medo de sair de
casa e não regressar pôr ter sido vítima da violência pessoal ou do trânsito, há
um pavor enorme cirandando as pessoas urbanas, até mesmo em nossa casa
tranqüilo, podemos ser vítima fatal de uma bala perdida das constantes
disputas territoriais das quadrilhas. A individualidade do homem urbano é
caracterizado também pôr sua falta de tempo, ele está sempre correndo daqui
para acolá, vivendo numa dimensão a beira da loucura. Os filhos são criados
pela empregada doméstica, na verdade o relacionamento de pai para com
filhos é muito informal e o relacionamento de esposa e esposo tem
características edonista, principalmente afirmado nas palavras de Vinícios de
Morais, "o amor é eterno enquanto dura". O casamento é mais visto com um
contrato social, em que duas partes fazem um acordo que a qualquer hora
possa ser rescindido.

Diante de todos estes problemas enfrentado pelo homem urbano, nós


presbiterianos geralmente não temos resposta satisfatórias que ajudarão o
homem urbano a desenvolver uma vida mais humana, piedosa, diante das
soluções que Deus tem para cada um. A nossa intelectualidade e ordem
institucional quase nada pode fazer pôr este homem. Porque será que os
pastores presbiterianos, tais como Rev. Caio Fábio, Rev. Jeremias, Rev.
Hernandes e Rev. Antonio Elias conseguem penetrar na vida de milhões de
brasileiros. Pôr uma razão muito simples, eles conseguiram entender o homem
urbano e digerir seus problemas e necessidades e vomitando sobre eles a
Palavra de Deus contextualizada, trazendo uma resposta a todo problema
existencial vivido pôr eles, ajudando nesta caminhada dia-a-dia com Deus. Mas
para isto estes pastores tiveram que quebrar praticamente todas as barreiras
denominacionais e institucionais da denominação.

Desde a década de 90 a Comissão Nacional de Evangelização da Igreja


Presbiteriana do Brasil (CNE/IPB) é a responsável pôr uma grande parte das
mudanças que vem sofrendo a Igreja. Em 1990, a CNE/IPB, promove em
Campinas-SP, na semana santa, o I Congresso Nacional de Crescimento da
Igreja, com raízes profundamente neo-pentecostais. Um dos principais
preletores desse congresso foi o Rev. Peter Wagner, do Seminário de Fuller,
Pasadena, Califórnia, EUA. Peter Wagner que trabalha com desenvolvimento
do crescimento da Igreja, numa perspectiva modelar carismática, utilizando a
bandeira do fundador do movimento de crescimento da igreja, de Donald
McGavran: "O propósito primordial da missão da igreja se encontra na relação
com a vontade de Deus, que deseja que homens e mulheres perdidos sejam
encontrados, reconciliados com Deus, e atraídos para uma membrezia
responsável na igreja cristã".

Peter Wagner trabalha neste congresso com o desenvolvimento dos dons


carismáticos, não foi surpresa nossa presenciar neste congresso uma sessão
de cura, em que o próprio Peter Wagner foi o mediador.

Os congressos de 91, 92, 93 e 94, 95, 96, 97 e 98, foram congressos de


AVIVAMENTO. O Brasil Presbiteriano de maio de 1993, ao historiar o III
Congresso de avivamento da Igreja, utiliza o seguinte Marcketing:
EVANGELIZAÇÃO E AVIVAMENTO TOMAM CONTA DO BRASIL". Nestes
congressos foi evidenciado em grande escala os anseios da Igreja pela
renovação carismática.

Não foi diferente também o I Congresso Nacional de Evangelização e missões,


nas devocionais do Rev. Antonio Elias, nas programações litúrgicas com Rev.
Josafá Vasconcelos e nas Palestras do Rev. Hernandes Dias e Jeremias
Pereira da Silva, a evidência neo-petencostal foi bastante visível. Apesar que a
mesa do Supremo Concílio da IPB, em março de 94, advertiu a CNE/IPB, para
que a mesma voltasse a sua forma original e seus propósitos originários de
criação.

Com a eleição a presidente do Supremo Concílio em 94, Rev. Guilhermino


Cunha, com características avivalistas e defendendo esta bandeira, apesar de
seus temores em relação ao setor tradicional, portando acarismático da Igreja
diz: "Sou favorável...não há como ser contra... a um avivamento do Espírito,
que seja recebido e entendido pôr nós como bíblico, integral e equilibrado. A
agenda do avivamento ou do reavivamento é a do Espírito Santo. Não
concordo com a coreografia da onda atual ou pentecostalização. É preciso
equilíbrio entre emoção e razão".{78}

Para Éber Ferreira, "o sistema de governo federativo, com base nos concílios,
está fazendo água, face à tendência congregacionalista. Há pôr trás desse
tendência uma preocupação política que visa a obtenção de mais liberdade de
ação e pensamento para comunidades com tendência carismática, autonomia
essa que o sistema atual nega. Pôr outra lado, o sistema conciliar, da forma
como está funcionando, é lento para conviver com o século XXI e os avanços
da tecnologia." {79}

O modelo pentecostal é um modelo que sempre foi rejeitado pela IPB, mas as
mudanças que vem sendo implantadas no seio da Igreja, que seria um novo
tipo de pentecostalismo, isto é, adotando o modelo pentecostal, sem contudo
perder os princípios calvinistas, tem sido bem aceito pôr uma grande parte da
igreja. Trabalhos desenvolvidos pela Missão APRESSEM pôr exemplo, que
tem a finalidade de trazer os jovens que estão sendo influenciados pelo
louvorzão para um ponto de equilíbrio, isto é, dando razão a emoção,
consequentemente também a missão tenta trazer os tradicionais para um ponto
de equilíbrio, oferecendo-lhes a oportunidade de sentir um pouco de emoção,
ou seja, dar emoção a razão.

A palavra utilizada para expressar as mudanças na igreja é o AVIVAMENTO,


que ao meu ver, esta palavra traduz um efeunismo da palavra
PENTECOSTALIZAÇÃO, que seria uma forma de carismatismo. Ser
carismático é adotar os princípios do movimento de santidade Wesleyana, que
é o princípio do movimento de avivamento e reavivamento espiritual americano
e europeu, e, consequentemente é a raiz do movimento pentecostal mundial,
contudo na atualidade ser carismático, é adotar o modelo espiritual
pentecostal, sem deixar os princípios originais da denominação. Na IPB, seria
termos uma vida cristã aberta ao desenvolvimento espiritual carismáticos,
principalmente no desenvolvimento dos dons do espírito, ter uma segunda
bênção (batismo com o Espírito Santo), falar em línguas estáticas, ter visão e
revelações, porém utilizando os mesmos princípios característicos da Igreja,
firmados pela doutrina calvinista, isto seria um certo tipo de puritanismo-
pietista.

Éber Ferreira também vê esta mesma problemática na Igreja Presbiteriana


Independente do Brasil, ele afirma que em seu denominação "pede-se um novo
perfil para o ministro, que deve ser mais um
animador/avivalista/evangelista/exorcista do que um teórico/bom pregador. Na
IPI, é voz corrente que os seminários devem contemplar a chamada batalha
espiritual com uma disciplina na grade curricular para ensinar os futuros
ministros a expulsarem os demônios da Igreja." {80}

A prática da unção com óleo nas igrejas históricas deve-se basicamente a


influência neopentecostal, principalmente das Comunidades Evangélicas que
através de um louvor aberto, dinâmico e muitas vezes com uma teologia
barata, sem consistência bíblica e doutrinária, aos poucos foi influenciando com
uma nova liturgia eclesiástica. Muitas igrejas históricas viu-se perdida diante
dessas inovações e não sabendo lidar com a situação, optaram pela tolerância
religiosa. Nos cultos de libertação tornou-se comum a Unção com óleo.
Posteriormente a IURD amplia estes bens simbólicos utilizando óleos com fins
mágicos, supersticiosos e comerciais.

Uma vez que vários outras práticas que não eram comuns na liturgia da Igreja,
e aos poucos estão tornando-se comuns, tais como: coreografia, profecia,
visões, batismo com o Espírito Santo, línguas estáticas, curas, exorcismo, etc,
como conseqüência dos Congressos de Avivamentos e Crescimento da Igreja,
Unção com óleo e outras práticas com certeza tornar-se-ão comuns também.
Neste ponto falta pouco para a Igreja Presbiteriana do Brasil adotar também o
Ecumenismo e filiar-se ao Concílio Mundial de Igrejas.

Em Recife, onde residimos por 15 anos, onde cursamos o Bacharel em


Teologia no SPN, e trabalhamos como Seminarista na Igreja Presbiteriana da
Madalena, pastoreada pelo Ver. Edijece Ferreira Martins, pude observar como
sorrateiramente os adeptos do Movimento Neopentecostal tomaram espaço.
Primeiro com a chegado do Presb. Antonio Sales, homem visionário, que
exercia um ministério extraordinário de cura e expulsão de demônios, como
também divulgava com grande ênfase o Batismo com o Espírito Santo e o falar
em outras línguas. O seu trabalho ganhou a simpatia do Presb. Dantas, que
não tendo espaço para as reuniões de orações e Batismo com o Espírito
Santo, começou a fazê-lo no pátio da sua loja, grandes reuniões, muita gente,
muitas conversões, muitas emoções. Diante do crescimento do
neopentecostalismo na Igreja, praticamente o pastor ficou com as mãos e os
pés atados, e como o Rev. Edijece é um pastor conciliador, moderador, deixou
as coisas seguir seu curso normal. Com a implantação do ECC (Encontro de
Casais com Cristo), que com certeza trouxe grande crescimento numérico à
igreja, também trouxe outros líderes com o mesmo ardor pentecostal, e, por
certo a igreja estaria pronta para qualquer mudança litúrgica, envolvendo as
manifestações emocionais, manifestações simbólicas, descaracterizando a
identidade da igreja.

O perfil das mudanças litúrgicas da IPB, tem suas raízes no movimento


pentecostal brasileiro. Com certeza que o movimento de avivamento
americano, influenciou todos os missionários de missão que vieram para o
Brasil no século passado e no início desse século, contudo estas influências
não incompatibilizadas com os movimentos pentecostais atuais.

As mudanças que a Igreja em realizado em função das modificações


conciliares sofridas no desenvolvimento dos cismas e da guerra anti-
pentecostal, que ao longo da história a igreja vem enfrentando, com muito
sofrimento e divisões. Diante dos acontecimentos e das concessões que a
Igreja Presbiteriana vem fazendo atualmente, só nos resta afirmamos que a "A
IGREJA ESTÁ SE REFORMANDO, REFORMANDO SIM PARA ABRAÇAR O
ECUMENISMO".

"IGREJA REFORMADA SEMPRE SE REFORMANDO"

CONCLUSÃO
Frente às inéditas transformações do processo teológico no fim deste século, ‘a
força ideológica das argumentações e propostas novos teólogos e à queda de
certos paradigmas teológicos-doutrinários, o teólogo hoje enfrente um duplo
desafio. Por um lado, devem contestar com urgência o ímpeto arrasador da
ofensiva neoconservadora e neoliberal que tem sacudido a Igreja mediante a
produção de um discurso teológico que expresse o questionamento radical da
política eclesiástica da Igreja Presbiteriana do Brasil, bem como a delimitação
conceitual e prática de espaços estratégicos (internet) para a luta e a
resistência das maiorias e dos grupos subordinados. Por outro ainda que
constituindo uma condução de possibilidade do anterior, devem re-construir
novas teologias analíticas e interpretativas que permitam vincular a
compreensão dos processos, relações e práticas doutrinárias que se
constróem fora da Igreja, mas que a incluem e a determinam.

É nesta perspectiva teológica que expus as várias faces teológica e cultural da


UNÇÃO DE ENFERMOS: Ações e Reações. Diante de todo o exposto, no
desenvolvimento teológico atual afirmo que:

1º) A Unção de enfermos não é sacramento; nem foi instituído para tal;

2º) Os pais apostólicos compreenderem que este ato cessou na Igreja do


Senhor Jesus Cristo, não praticando-o;

3º) A Instituição da unção de enfermos na Idade Média foram ordenados por


cristãos que não tinham uma teologia séria e verdadeira;

4º) Conforme Tiago 5:14 a unção não tem poder em si mesmo, nem virtude
alguma, mas o poder está na oração de intercessão feita pelos líderes da
Igreja;

5º) Conforme a interpretação dos Reformadores (Calvino e Lutero) a unção de


enfermos mencionadas em Mc 6:13 e Tg 5:14, refere-se a terapia
medicamentosa;

6º) A exegese de Tg 5:14 revela que Tiago ao ordenar a unção de enfermo,


não utilizou o óleo como símbolo do Espírito Santo nem de sua ação, isto
contraria determinante a posição apostólica. A tradição apostólica afirma que a
unção relacionada com o Espírito Santo era vivenciada no batismo. Vê-lo como
símbolo do Espírito Santo é agredir o estilo de Tiago, que é direto, simples e
sem simbolismo. É ver no óleo uma "unção espiritual" , é incidir no mesmo
equívoco, além de tornar truncado o sentido do texto.

7º) O texto de Tg 5:14 sugere a dependência de Deus que o homem deve ter;

8º) a prática da unção de enfermos cessou na Igreja, bem como várias outras
práticas da Igreja Primitiva e alguns dons do Espírito Santo;

9º) A eficácia da oração, o poder não está no óleo, mas na oração dos líderes
da igreja, "a oração da fé salvará o doente", Tiago utiliza dois elementos (mito)
que bem conhecidos por todos para combater as enfermidades: o remédio
(óleo) e a oração. É excluída qualquer idéia de um óleo virtuoso, mágico ou
poderoso. Segundo Tiago não é no óleo que reside o poder, mas sim na
oração.

10º) A prática da unção de enfermos é estranha a Igreja Presbiteriana do


Brasil. Não posso imaginar que a Igreja tenha errado por dois mil anos, por não
ter incluído em suas prática-doutrinária-teológica o caráter cerimonial da unção
de enfermos.

11º) Qualquer entendimento semi-mágico da unção, no entanto, é firmemente


refreado, especialmente em Tg 5:13 pela importância atribuída à oração que o
acompanha.

12º) Por que no processo evolutivo da revelação de Deus, o óleo da unção


aponta para o ministério do Espírito Santo, Àquele que unge, isto é, separa,
capacita, credencia o cristão a fazer a obra de Deus. Os que são ungidos com
o Espírito Santo não necessita de nenhum outro tipo de unção.

13º) Ao ministrar a unção de enfermos como foi proposto e aprovado na


reunião do Supremo Concílio de 1998, situaremos entre os sacramentos
católicos da unção de enfermos e a confirmação (crisma). Aí a carapuça cairia
certinho em nossas cabeças, ao sermos chamados de "católicos mansos"

14º) No texto Mc 6:13 não há nenhuma ordenação ou instituição por Jesus


Cristo da prática da unção de enfermos, não mencionada também nenhum
outro texto nas epístolas paulinas e nas epístolas gerais, exceto Tiago, que
ordene a unção de enfermos. O texto de Tiago 5:14, refere-se a uma prática
comum na época em que usava-se a unção com óleo para fins
medicamentosos. Ele é usado normalmente para desinflamar tumores, para
desintoxicação hepática, para expelir cálculos renais e biliares, e, algumas
vezes o azeite era associado a pasta de figos no emprego medicamentoso. O
uso do azeite na cura do enfermo não era regra e sim exceção no ministério
apostólico.

15º) O Texto de Tiago é uma receita para os tempos pós-apostólicos, quando


os milagres iriam cessar, e os meios de curas entraria na fase da normalidade
científica da medicina. Tiago exorta os crentes a não buscarem somente o
azeite da medicina, mas também a oração, o auxílio divino.
 

BIBLIOGRAFIA
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- SOBEL, HENRIRY I. DE ONDE VEM O CONCEITO DE MESSIAS?,


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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Dantas, Martorelli, UNÇÃO COM ÓLEO, hppt://www.ipb.org/teonet/opinião/unção.htm

(2) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO VELHO TESTAMENTO,


Trad. De Cláudio Wagner, Campinas, Luz Para o Caminho (LPC Publicações), 1995, pg 24

(3) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO ...op.cit, pg 30

(4) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 24-25

(5) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 28

(6) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 29

(7) ROPS, HENRI DANIEL – A VIDA DIÁRIA NOS TEMPOS DE JESUS, Edições Vida Nova,
São Paulo, 2ª Edição, 1986. Traducido do original em Francês: La Vie Quotidienne en
Palestine au Temps de Jesus Christ, por Neyd Siqueira, pg 212

(8) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 22-23

(9) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 24

(10) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 25

(11) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 27

(12) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 23

13. GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 32-33

(14) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 32

(15) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 31

(16) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 33

(17) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO... op.cit., pg 34-35


(18) Sobel, Henriry I. DE ONDE VEM O CONCEITO DE MESSIAS?

(19) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA NO...op. Cit., pg 18-19

(20) GRONINGEN, Gerard Van – REVELAÇÃO MESSIÂNICA...op.cit;, pg 20

(21) ENGEN, J.VAN – UNÇÃO, UNGIR – IN ELWELL, WALTER A, ENCICLOPÉDIA HISTÓRICO-


TEOLÓGICO DA IGREJA CRISTÃ, Edições Vida Nova, São Paulo, 1990, Vol III, pg 588-590

(22)2 Co 1:21; I Jo 2:20,27

(23) At 8:14-17; 19:1-6

(24) ENGEN, J.VAN – UNÇÃO, UNGIR...OP.CIT., pg 588-590

(25) Justino, Mártir, Santo Justino de Roma: Diálogo com Trifão (Introdução e notas
explicativas Roque Frangiotti; tradução Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin) – São Paulo,
Paulus, 1995. – Coleção Patrística – Vol 3 Pg. 245.

(26) Sobel, Henriry I. DE ONDE VEM O CONCEITO DE MESSIAS?,


http://www.hebraica.org.br/cul

(27) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA - Parte I - Ministérios Ordenados e


Não Ordenados, hptt:// www. geocities Com/Athens/Aegean/8990/trapost1.htm (AGNUS DEI)

(28) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(29) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(30) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(31) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.


(32) HIPÓLITO DE ROMA – TRADIÇÃO APOSTÓLICA...op. cit.

(33) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos,
Madrid, 1968. Libro I, pg 87 "Aquel para quien estaban reservadas las cosas, el Ungido de
Dios, el príncipe a quien se refieren las promesas de Dios. Y, evidentemente, sólo El, de entre
todos los que le segieron, fue la expectación de las naciones."

(34) Origenes contra Celso, , Trad. De Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores Cristianos,
Madrid, 1968. Libro III, pg 224 "No llamamos, pues, a nuestros misterios y a participar de la
sabiduria en el misterio, aquella que Díos predestinó antes de los siglos para gloria de sus
santos (I Cor 2,7), al inicuo, al ladrón, al atracador, al hechicero, al sacrilego y violador de
sepulcros y a cuantos outros, com énfasis retórico, pueda enumerar Celso. No, a ésos los
llamamos para su curación. Y es así que en la divinidade del Logos hay ayuda para la curación
de los enfermos, de los que dijo el Logos mismo; No necesitan de médico los sanos, sino los
enfermos (Mt 9, 12); Y hay otros que revelan a los limpios de cuerpo y alma el misterio oculto
por tiempos eternos, pero manifestado ahora por las escrituras proféticas y por la aparición de
nuestro Señor Jesuscristo...el cristiano quiere vendar las heridas de ellos por medio de la
palabra divina, y verter sobre el alma, inflamada por sus vicios, los remedios de esa misma
palabra, a la manera del aceite y vino (Lc 10,34) e otros emolientes, y demás ayudas médicas
que alivian al alma."
(35) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE O MINISTRO DA UNÇÃO DOS
ENFERMOS – 35ª Assembléia Geral da CNBB. Unção dos Enfermos podia ser administrado
por qualquer cristão, isto é: o sacerdote não era o necessário ou único das administração da
Unção. É o que lemos na resposta que o Papa Inocêncio I deu a uma consulta do Bispo
Decentius, de Gubbio, na Carta Si instituta ecclesiastica, de 19 de março de 416. (...) ...a praxe
e o conhecimento teológhico deste...A parte relacionada com a Unção dos enfermos se
encontra no Enchiridion Symbolorum de Denzinger-Schönmetzer (n.216). Depois da citação de
Tg 5, 14-15, declara o Papa que os fiéis enfermos podem ser ungidos com o santo óleo... que
feito ("confectus") pelo Bispo, não só aos sacerdotes, mas a todos os cristãos é lícito usar para
ungir-se em sua própria necessidade e na dos outros: "Quod non est dubium de fidelibus
aegrotantibus accipi vel intelligi debere, Qui sancto oleo chrismais perungi possunt, quod ab
episcopo confectum, non solum sacerdotibus , sed et et omnibus uti Christianis penitentes
públicos, " quia genus est sacramenti". Portanto não está se referindo a um simples e piedoso
rito de devoção popular (ou, como diríamos hoje, " sacramental").

(36) El llamado Decreto Gelasiano, la versión electrónica de este documento ha sido


realizada por VE Multimedios. Derechos reservados (©) VE Multimedios™.El texto en versión
electrónica puede ser reproducido sin modificación alguna y manteniendo la integridad de su
sentido, siempre que se mencione que ha sido realizado por VE Multimedios –
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(37) Aloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op, cit.

(38) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op, cit.

(39) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op cit.

(40) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE O MINISTRO DA UNÇÃO DOS


ENFERMOS – 35ª Assembléia Geral da CNBB. São Beda, o Venerável, falecido em 735, no
comentário de Tiago 5:14-15, escreve: " É o que também fizeram os Apóstolos, conforme
lemos no Evangelho; e o costume atual da Igreja mantém que os enfermos sejam ungidos
pelos sacerdotes com o óleo consagrado e curados pelas orações que o acompanham. Não
somente aos sacerdotes, conforme escreve o Papa Inocêncio, mas ainda a todos os cristãos é
permitido usar do mesmo óleo, fazendo-lhes a unção quanto a sua doença ou a dos seus os
impele. Entretanto, somente aos Bispos é permitido a bênção desse óleo (p. 38 do citado livro
de Ortemann).

Esta última informação de Sâo Beda chama nossa atenção para um ponto de singular valor:
naquele época se pensava que a força ou a virtude (...da) Unção estava no óleo consagrado
ou bento. O Santo Óleo ("Ave Sanctum Oleum!") pertencia ‘a categoria do sacramento
permanente, como a Eucaristia. Assim como o pão consagrado já tem em si a força do
sacramento, também o óleo bento consagrado pelo Bispo. Como na Eucaristia o ministro
propriamente dito é o sacerdote que consagra o pão (e este pão consagrado pode ser depois
administrado por um diácono (presbítero) ou até também no (...) da Unção o ministro
propriamente dito seria o Bispo que consagra o óleo e aquele que o aplica na unção seria
impropriamente ministro. (...) O ministro da administração seria neste caso uma questão
secundária, não dogmática, disciplinável pelo poder de condução da Igreja.

(41) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op.cit.

(42) H’A’GGLUND, BENGT – HISTÓRIA DA TEOLOGIA, 3ª Edição, 1986, Concórdia Editora


Ltda, Porto Alegre, Traduzido do inglês por Mário L. Rehfeldt e Gládis Knak Rehfeldt, Título
Original Teologins Historia, pg 204

(43) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA RELIGIÓN CRISTIANA – 3ª Edição Inalterada,


1986, Fundacion Editoral de Literatura Reformada (FELIRé), Vol. II – Libro 4 Pg 1153-1156,
Traducida y publicada por Cipriano de Valera en 1597, Reeditada por Luis de Usoz y Río en
1858.Por lo que a nosotros hace, bástanos de momento tener por cierto que su unción no es
sacramento, ya que no es una ceremonia que Dios haya instituido, ni tiene promesa alguna de
Él. Porque cuando exigimos estás dos cosas en el sacramento: que sea ceremonia instituida
por Dios, y que tenga aneja la promesa, juntamente exigimos com ello que esta ceremonia sea
para nosotros, y que la promesa nos perteneza. Por tanto que nadie objete ahora que la
circuncisión es sacramento de la Iglesia cristiana por haber sido ceremonia establecida por
Dios y que llevaba aneja una promesa, puesto que no se nas há mandado a nosotros – ni nos
pertenece su promesa -. Y qued la promesa que ellos dicen existe en su unción nada tiene que
ver com nosostros, lo hemos claramente demonstrado, y ellos mismos lo dan a entender por
experiencia. La ceremonia no se debe tomar sino de aquellos que tenían la gracia de conferir la
salud, y no de estos verdugos, que más pueden matar que dar vida." Pg 1155

(44) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da Igreja, In Obras Selecionadas de


Martin Lutero, O Programa da Reforma Escritos de 1520, Ed Sinodal e Concórdia Editora,
São Leopoldo, Porto Alegre, 1989 – Vol 2, Pg 420.

(45) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA ...op.cit., pg 1154-1155.

(46) Kloppenburg, Boaventura – OBSERVAÇÕES SOBRE..., op.cit.

(47) CONCLILIO DE TRENTO – DOCTRINA SOBRE EL SACRA,EMTO DE LA


EXTREMAUNCIÓN –Cap. I. De la instituición del sacramento de la Extremaunción
htpp://ekeko.rcp.net/pe/IAL/vm/bec/etexts/trecho/concil29.htm

(48) CONCLILIO DE TRENTO – DOCTRINA SOBRE EL SACRA,EMTO DE ...op, cit., "los


ministros propios de la Extremaunción son los presbíteros de la Iglesia: bajo cuyo nombre no
se deben entender en el texto mencionado los mayores en edad, o los principales del pueblo;
sino o los Obispos, o los sacerdotes ordenados legítimamente por aquellos mediante la
imposición de manos correspondiente al sacerdocio. Se declara también, que debe
administrarse a los enfermos, principalmente a los de tanto peligro, que parescan hallarse ya
en el fin de su vida; y de aquí es que se le da nombre de Sacramento de los que están de
partida. Mas si los enfermos convalecieron después de haber recibido esta sagrada Unción,
podrán otra vez ser socorridos con auxilio de este Sacramento cuando llegaren a otro
semejante peligro de su vida. (...)Apóstol Santiago, que esta Unción es o ficción de los
hombres, o un rito recibido de los PP., pero que ni Dios lo ha mandado, ni incluye en sí la
promesa de conferir gracia: como ni para atender a los que aseguran que ya ha cesado; dando
a entender que sólo se debe referir a la gracia de curar las enfermedades, que hubo en la
primitiva Iglesia.."

(49) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo e cura


divina (desafio histórico para as igrejas), in Igreja e Seita, Revista de Estudos e Persquisas
em Religião, Ano VI, nº 8, outubro de 1992, Editora IMS – EDMS, São Bernardo do Campo-
SP , Pg 51

(50) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo...op.cit.,


pg 53

(51)MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo..op.cit., pg


54-55

(52) Unción de los Enfermos – http://www.corazones.org/sacramentos/@Uncion.htm

(53) Unción de los Enfermos – http://www.corazones.org/sacramentos/@Uncion.htm – "La gracia


especial del sacramento de la Unción de los enfermos tiene como efectos:
 la unión del enfermo a la Pasión de Cristo, para su bien y el de toda la iglesia;
 el consuelo, la paz y el ánimo para soportar cristianamente los sufrimientos de la
enfermedad o de la vejez;
 el perdón de los pecados si el enfermo no há podido obtenerlo por el sacramento de la
Penitencia;
 el restablecimiento de la salud corporal, si conviene a la salud espiritual;
 la preparación para el paso a la vida eterna."

(54) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 418.

(55) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 419.

(56) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 419.

(57) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 450.

(58) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 421.

(59) LUTERO, MARTINHO – Do Cativeiro Babilônico da...op, cit., pg 421.

(60) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit., "Pero al presente há cesado aquella


gracia de sanar enfermos, como también los demás milagros que el Señor quiso prolongar
durante algún tiempo para hacer la predicación del Evangelio – que entonces era nueva –
admirable para siempre. Así pues, aun cuando admitamos que aquella unción fue sacramento
de las virtudes que por mano de los apóstoles entonces se dispensaban, nada nos queda a
nosostros al presente, ya que no nos es concedida la administración de las virtudes." Pg 1153-
1155

(61) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA ...op cit., "Esta unción es de la misma clase que
la impsición de las manos de que hemos hablado; no es sino una farsa, com la que pretenden
hipócritamente, contra toda razón y sin provecho alguno, imitar a los apóstoles. Cuenta san
Marcos que los apóstoles, la primera vez que fueron enviados - conforme el Señor se lo había
mandado -, resucitaron muertos, arrojaron demonios, curaron leprosos, sanaron enfermos; y
añade, que cuando curaban a los enfermos usaban y aplicaban aceite: "Ungían com aceite a
muchos enfermos, y los sanaban" (Mc 6:13). Esto tuvo presente Santiago al ordenar que
llamasen a los ancianos para que ungiesen al enfermo." Pg 1153-1155

(62) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit., "Los que consideraren la gran liberdad
que el Señor y sus apóstoles usaron en estas cosas externas, fácilmente verán que bajo talaes
ceremonias no había misterio alguno ocultu y más profundo. El Señor, cuando quiso dar la
vista al ciego, hizo barro com polvo y saliva (Jn. 9, 6). A otros los sanó por contacto (Mt 9, 29);
a otros, com la palavra (Lc 18, 42). De la misma manera, los apóstoles curaron a unos com la
sola palavra; a otros, tocándolos; a otros, com la unción (Hch 3,.6; 5,14-15; 19,12). Pg 1153-
1155

(63) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit pg 1153-1155

(64) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit, p 1153-1155

(65) CALVINO, JUAN – INSTITUCIÓN DE LA...op.cit, p. 1153-1155. "Que ninguno, pues, se


maraville de que com tanto atravimiento hayan engañado a las almas que veían andar
ignorantes y a ciegas, por haberlas ellos despojado de la Palavra de Dios, que es vida y luz de
las mismas, ya que no tienen escrúpulo de inducir a error a los sentidos del cuerpo que viven y
sienten. Com ello se hacen dignos de que se les ridiculice cuando se jactan de tener en suas
manos la gracia de la salud. Nuestro Señor ciertamente asiste en todo tiempo a los suyos, y les
socorre en sus enfermedades, ni más ni menos que en tiempos pasados, cuando es menester.
Pero no hace demostración a los ojos de todos de estas virtudes y de los demás milagros que
obraba por manos de los apóstoles; y la razón es que este don era temporal y también porque
en parte há perecido por la ingratitud de los hombres."

(66) LEITE FILHO, TÁCITO DA GAMA – SEITAS NEOPENTECOSTAIS, 3ª Edição, JUERP,


Rio de Janeiro, 1994, Seitas do Nosso Tempo – Vol 3, Pg 127

(67) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo ...op. cit.,


Pg 56

(68) MENDONÇA, ANTONIO GOUVÊA, Sindicato de mágicos: pentecostalismo...Op. Cit.,


Pg 57

(69) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo: um estudo


contextualizado da epístola de Tiago, 2ª edição, Rio de Janeiro, Junta de Educação
Religiosa e Publicações (JUERP). 1990, pg 139

(70) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo...op.cit., pg 141-


142

(71) COELHO FILHO, ISALTINO GOMES – Tiago Nosso Contemporâneo...op.cit., pg 141-


142

(72) Brunotte, W., Ungir - in Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento,


Edições Vida Nova, Vol IV, 1ª edição, 1983, São Paulo. Pg 676 .

(73) Brunotte, W., Ungir - in Dicionário Internacional de Teologia do Novo ...op cit., pg 676.

(74) Unção de Enfermos, hptt://www.geocities.com/SoHo/Gallery/4435/liturgia/html

(75) Unción de los Enfermos, in Los Dogmas, http://


ww.churchforum.org/mx.info/doctrina/losdogmas.html

(76) Rev. Arival Dias Cassimiro, tem exercicido sua liderança pastoral na Igreja Presbiteriana
de Olinda-PE, também pôr várias vezes foi vice-presidente do Sinodo de Pernambuco, e
professor de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano do Norte. (Dados de 1995).

(77) Rev. Martorelli Dantas, é pastor da Igreja Presbiteriana em Afogados, presidente do


Presbitério do Recife e secretário executivo do Sínodo Central de Pernambuco. É também
professor No Seminário Presbiteriano do Norte na cadeira de Teologia Sistemática e Ordem da
Igreja Presbiteriana do Brasil.(Dados de 1995)

(78) Rev. Cilas Cunha de Menezes, é Pastor da Igreja Presbiteriana de Mirueira, Paulista-PE,
presidente do Sínodo de Pernambuco e presidente do núcleo estadual da AEVB. Concorreu a
presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil em 1994.(Dados de 1995)

(79) Lima, Éber Ferreira Silveira - PRESBITERIANISMO E PENTECOSTALISMO NO


BRASIL: Tensões históricas e distensões recentes, trabalho ainda não publicado e
apresentado na II Conferência de Estudos da Igreja na America Latina e Caribe (CEHILA), em
São Paulo, no período de 25 a 28 Jul 95. Éber é pastor da Igreja Presbiteriana Independente
do Brasil, e professor do Seminário Presbiteriano Independente em São Paulo.
(80) Comblin, José - ANTROPOLOGIA CRISTÃ, tomo I, série III, A Libertação na história,
Petrópolis, RJ, VOZES, 1985, PP 25.

Rev. Ashbell Simonton Rédua

ashbell@net.provider.com.br

ashbell@bol.com.br

http://www.geocities.com/simonton_1958

http://meusite.osite.com.br/simonton

JUL/1999

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