You are on page 1of 174
a ~ ATUALIDADES Estado Istimico, celabramvitéria ‘em Ragga, na ‘Sirta;em juno 40204 OP a Creech hel rc COSC re RE oe Ret muse APRESENTACAO UM PLANO PARA OS SEUS ESTUDOS Este GUIA DO ESTUDANTE ATUALIDADES oferece uma ajuda e tanto para as provas, mas é claro que um timico guia nfo abrange toda a preparacio necesséria para o Eneme os demais vestibulares. E por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicagdes que, juntas, fornecem um material completo para um étimo plano de estudos. O roteiro a seguir é uma sugestio de como vocé pode tirar melhor proveito de nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas. ea HEI DECIDA 0 QUE VAI PRESTAR FEES FESO] 0 primero passo para todo vestibulando éescalher com dareza a 2 carrera eauniversidade onde pretendeextudar. Cnhecendo ograu T de dficuldade do process seletivo eas matésias que tém peso maior na hora da prova fica bem mas fal planejar os seus estudos para abter bons resultados. (© como o GE PODEAsUDAR voce O. traz todas os cursos superiores existentes no Brasil, explica em detalhes as carac ‘teristicas de mais de 260 carrelras ealnda Indica as institulc6es que coferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking, de estrelas do GUIADOESTUDANTEe com aavallacao oficial do MEC. ED REVISE AS MATERIAS-CHAVE Para comeraros estudos,nnada melhor do que revisaros pontos mals Importantes das principals matérlas do Ensino Médlo. Vocé pode re- passar todas as matérlasou focar apenas em algumas delas.Além de rever 0s contaiidos é fundamental fazer muito exercico parapraticar. eat (© cowo 0 ce PoDE AJUDAR Voct Nés produzimos todos os anos um gulapara cada matéra dotnsino Medio: GEMATEMATICA Historia, Geografa, ortuguds, Reda;a0, Blologla, Quimica oFisica Todos retinem os tomas quomalscaom nas proves, trazom multas questot de vestbulares paa fazer tm uma inguagom fc do entender, permitinde que voc estude sozinho. Ey MANTENHA-SE ATUALIZADO (0 pass final écontinuarestudando atualidades, pols as provasexigem alunos cada vez mas antenados com os prinipais fatosqueacorrem ‘no Brasile no mundo. Além disso, é preciso conhecer em detalhes 0 seu processo seletivo - oEnem, por exemplo,é bem diferente dos demais vestibulares. ~ Ble @ (© como 0 cE PODEAsUDAR VocE 0 GEENEM eo GE Fuvestsfover- dadeiros “manuals de nstrugdo" que mantém vocéatualizad sobre todos os sepredosdos dolsmaiores vestibulares do pas, Também no di para perder aprixima edgio doGE Atualidades, queserélancada em agosto, trazendo novos ftos do notcérfo que ainda podem cair nas provas dos processos seltivs do final do ano. FOTO: STRINGER/REUTERS orVR DA omer Veja quando sio langadas asnossas publicagses Mes PUBLICACAO Janeiro Fevereiro GEHISTORIA Margo GGEATUALIDADES1 GE GEOGRAFIA pe GE QUIMICA a GePoRTUGUES GEBIOLOGIA Junho ene GE FUEST sutho GEREDAGAO Agosto GGEATUALIDADES2 GE MATEMATICA se GEFISICA outubro GE PROFISSOES Novembro Dezembro 0 gulas ficam um ano nas bancas - ‘com excegio do ATUALIDADES, que & semestral. Voce pode compré-los também nas lojas on-line das livrarlas Saraiva eculturz FALE COM AGENTE: ‘Av. das Nacbes Unidas, 7221, 18° andar, (CEP 05425-802, Séo Paulo/SP, ou email para: loestudante.abril@atleitor.com.br CARTA AO LEITOR campo de refugiados de Mafraq fica naJor- A MENIN A dania, perto da fronteira com a Siria. La vvivem de forma preciria quase 80 milsirios, que escaparam da brutal guerra que assola E 0 MUNDO co pais desde 2011. Foi o que fez a familia de Zubaida Faisal, agarota de 10 anos que ilustra esta pagina. Segundo ofotégrafo Muhammed Muheisen, que registrou imagem, criangas como Zubaida sio as mais resistentes is adversidades - elas consolam os adultos e encontram alegria nos pequenos prazeres da vida, como em uma brincadeira de pular corda, Apesar de tudo, a vida tem de seguir em Mafraq. Ahistoria de Zubaida ¢ apenas uma entre milhdes, e se transformaria em uma mera estatistica se nfo fossem aslentese orelato de Muheisen. Em meio a caética profusio de noticias que nos chegam diariamente, voz e a imagem de Zubaida nos ajudam a ter uma dimensio mais clara sobre como vvivem os refugiados e por que o drama deles é considerado a maior crise humanitéria da atualidade. Quando preparamos esta edigao, temos duas misses: a primeira é selecionar, em meio a todas as noticias que nos chegam, quais so os temas mais representativos da situagio atual do Brasil e do mundo ~ e, consequentemente, que podem ser cobrados nos principais vestibulares. Nossa segunda missio é tomar todo este contetido compreensivel. Para facilitar 0 entendimento, as reportagens adotam diversos recursos de texto eimagem, como infograficos, fotos, mapas, resumos esimulados. “Esperamos que a partir dessa nossa proposta vocé tenha um farto material para seus estudos e amplie sua percepgio sobre os prineipais desafios globais. E, para comegar a entender melhor a situagio deste nosso imenso mundo, é preciso olhar um pouco mais para pessoas como a pequena Zubaida. © Fabio Sasaki, editor — fabio.sasaki@abril.com.br Nota da redagact esta edicfo fol fechada em 10 de marco de2016 4 GEATUALDADES| 1 semeste 016 PAUSANA CRISE ‘Agarotasria ‘Zubaida Faisal pula corda com seus colegas em um campo derefuglados na Jordania SUMARIO Ua Ue ea REPO ceo d ESTANTE ‘8 Dicas culturals Sugestdes de mes, hstériasem quadrinhos @ {otografias que complementam reportagens desta edc PONTO DEVISTA 16 Retrospectiva/Perspectiva Veja o que os principals semanérios destacaram em seu balanco de 2015 eo que se espera para 2016 418 Crise politica Como os Jornalsnoticlaramo vazamento de deninclas do senador Delcdlo de Amaral(PT) contrao governo DESTRINCHANDO 20 Olimpiadas no Brasil Veja com graficos e mapas oque (05 Jogos olimpicos tm aver com histéria, geopolitica, desenvolvimento socioeconémico eurbanizaco costes ino 26 Aameaga terorista 0 avancodo eatremismojinadista desaflaa seguranca Internacional edesestablzao Oriente Médlo 28 Por dentro do Estado Islamlco Como grupoconqulsoutenteios ‘esetomaua organizacéo etemistamals poderesa do mundo 32, Aguerraclvil devastaa SirlaEntenda oconfto, wda como le {ortaleceu 0 Estado [slémico ede queforma interfere naintrincada .geopotica do Ortente Medio 38 Coblga internacional acirra conftos Ohistrcoda desastrosa Ingerenca oldentalno Oriente Médioe como Iso afeta as relacbes entre os pases da regjzo 42. Almensidée do mundo mugulmano Ahistria da religo Bh vrvcom 46 UnldoEuropela0 drama humane e politico dos mithares de ‘efuglados que chegam ao Velho Continente 54 Rissa poténcla inter vim na Guerra da Siriae volta ase contrapor miltarmente ao Ocidente 58 Turqula Crescea tensdo politica rligjosa no pals 662 Guerra Civil Espanhola Ha 80 anos comeravao sangyento conto que antecpouall Guerra Mundiat 664 América Latina Elettores mudam os rumos poltcas na Argentina ‘ena Venezuela, parcels do Brasil no continente 70. Africa O continent quedependedas exportactes de matérlas- primase ¢afetado pela queda Intemacional dos precos 76 ArtleoO degelo provocado pelo aquecimento global abre novas rotas mercantesefentes de extragio de petréleo e gisdo subsolo Be 78 Impeachment Entenda como éesse processo legal que ameaca.o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff ‘84 Corrupio no Congresso Deputados esenadores sob pressio ‘88. Ditadura militar Manifestantes pedem a votta dos miltares ‘92 ReformapoliticaO Supremo Tribunal Federal (STF) probe a doagso ‘deempresa prvadas aos partidos nas campanhaseleltrals ‘94 Crise econéemica Aluste fiscal do governotenta equllibrar as contas, mas provoca recessdo edesemprego 1100 Plano ¢ruzado 0 fracasso do primeto grande plano para tentar frearainftagdocongelando os pres. 102 Agropecuéria A exportacdo de alimentos fortaleceo agronegdcio 1108 Matriz de energla O impacto da queda internacional dos preces do petro na economlados pases ede empresas comoa Petrobras 4114 Globallzaglo EUA anunclam o Transpactco,o malar acordo global delwrecomérclojé.criado ; 4120 Genero Avancos elutas das mulheres por seus direltos 126 UrbantzagSo Os desafioscrescantes das grandes metropoles 132 DemograflaA China cide lexblizara politica defiho tno 4136 Papa Francisco Um lider progressistae avo nadiplomacla 140 DH O desenvolmento humano avanca no Brasil 1144 Aquecimento global Entenda o acordo detodos os pases na COP21, quesubstitulra o Protocolo deKyoto 150 Desastre amblental Asquestées evantadase as consequenclas do romplmento da barragem da mineradora Samarco em Marlana(MG) 4154 Cheobyl Hé 30 anos ocorta o maloracidente nuclear da historia 4156 Doengas 0 virus ka ea mlcocefala assustam oBrasileo mundo 4162. Marte ANasa encontra guano planetavermelho SIMULADO. 1164 Teste 37 questdes dos vestbulares sobre temas desta edic#o PENSADORES 4178 Zygmunt Bauman 0 soci6logo quediscute a socledade Uquida ESTANTE a RUD oe Da oP ae aed Sem perder aternura ‘Samba aborda a situagéo dos migrantes na Franca com leveza e descontra¢io possivel abordar um tema tio grave quanto a situagio dos imigrantes na Europade forma leve e descontraida? O filme francés ‘Samba mostra que sim. Dirigido por Oliver Nakache e Eric Toledano, os mesmos da comédia de sucesso Into- cdveis,a obra tem a rara qualidade de equilibrar drama e comédia - além de generosas doses de romance - sem desviar ofoco do tema principal: avida de um migrante na Franca. ( protagonistado filme é Samba Cis- sé,um senegalés que mora ilegalmente em Paris ha dez anos. Ele sobrevive de pequenos bicos e subempregos, en- quanto tenta obter um visto de per- manéncia legal no pais. Ao ser preso mws0 pelo servigo migratério,Sambarecebe ‘a ajuda de uma ONG que auxilia os imigrantes ilegais na Franga, Uma das voluntarias Alice, uma executiva afas- tada do trabalho por estresse. Quando Samba sai da prisio, recebe a ordem para deixar o pais, mas ele decide ficar na Franca e é ajudado por Alice para permanecer em Paris. ‘Aoacompanhar as agrurasdeSamba na capital francesa, testemunhamos com um olhar privilegiado as compli- cadassituagdes as quais os imigrantes ilegais so submetidos para conseguir permanecer -esobreviver-na Europa. Samba vive de favor com um tio, que conseguiu o principal objeto de desejo dos imigrantes—um visto deresidéncia permanente. Sem isso, Samba se vira para conseguir documentos falsos e po- der se candidatar a alguma vaga de tra- balho. Emesmo quando arruma alguns bicos, sio trabalhos precarios, que vio desde separador dellixo alimpador de janelas nos arranha-céus parisienses. 0 filme também nao deixa de ex- plorar o sentimento de exclusio pelo qual passam os imigrantesnas grandes cidades europeias Ao seguir os passos de Samba pelas ruas parisienses acom- panhamos a sua tensio ao dobrar cada esquinadiante da possibilidade de ser ego novamente pela policia. Ja no vagio do metré, Samba é alvo de olha- res desconfiados dos franceses, o que denunciaalgumas atitudes xen6fobas, ainda que veladas. No entanto, na maior parte do filme, essa carga dramatica passa por um fil- ‘ro cémico e romantico que suaviza a tensiovvividapelo protagonista. Emboa ‘medida, o mérito dessa férmula est na formacomo oroteiroconduz ainteragio de Samba com outros personagens. AS situagdes compartilhadas entre Sam- bae Wilson, um imigrante “brasileiro”, rendemboasrisadas Jaa atragio miitua entre o protagonistae Alice,avoluntéria da ONG, confere ao filme uma leveza, ainda que abuse um pouco do cliché imigrantes na Europa e da dificil inte- grado em uma sociedad pouco afeita A aceitagao de estrangeiros vindos da Africa,o filmetoca em uma ferida mui- to exposta no continente. Pelo tema, bastante atual,o filme jaseria umaboa dica para quemvai prestar o vestibular. ‘Ao conseguir fazer acritica social sem soar excessivamente sisudo ou panfle- tério além da conta, o filme torna-se ainda mais atraente. SAMBA Dirego| Olver Nakache® Eric Toledano Ano 2014 Arealidade nua e crua dos refugiados Em Dheepan ~ O Refiigio, um homem, uma mulher e uma crianca do Sri Lanka tentam se adaptar A vida na Franca vvida dos refugiados na Euro- A pavem sendo explorada com muita frequéncia pela cine- ‘matografia francesa nos iltimos anos. ‘Além de Samba, outro filme recente que aborda o tema com bastante pro- priedade é Dheepan - 0 Refigio. Mas se o primero aposta em uma narrativa mais leve e descontraida, o segundo prefere uma dramatizacéo mais nuae crua da situagio dos migrantes. protagonista do filme é Dheepan, um. membro do grupo Tigres de Libertagio daPitria Tamil, umamilicia doSri Lanka que,entre 1983 e 2009, enfrentouas tro- ppas do governoem umaluta separatista no norte ¢ no leste do pais. Quando a guerra termina com a derrota de seu mca grupo, ele se une a uma mulher desco- nhecida e uma crianga érfa, fingindo constituir uma familia para tentar um visto de permanéncia na Franca. ‘Ao chegar em Paris, os trés passam a viver juntos, como uma verdadeira familia. Dheepan consegue umtrabalho como zelador de um conjuntohhabitacio- nal no subiirbio da capital francesa. 0 condominioé barra-pesada, dominado porgangues de trafico de drogas. A mu- Ther passa acuidar de um idoso doente, onde também vive um traficante que acaba de sair da prio, Enquanto isso, a garotatenta se integrar entre os colegas na escolae aprender 0 novo idioma. ‘Atrama se desenvolve em torno desse falso micleo familiar. A tentativa dos dois adultos que mal se conhecem em se adaptar a uma dificil convivéncia e tentar ajudar na criagio de uma garota 6rfi confere um desafio a mais na vida desses refugiados. Além disso, o fato de 0s trés viverem na periferia em meio & ‘violenta disputa entre traficantes torna a situagao ainda mais extrema. ‘Vencedor da Palma de Ourono Festival de Cannes de 2015, Dheepan tem como principal mérito equilibraradelicadeza do drama familiar dessesrefugiadoscom acrueza daguerraentreas gangues. Sob um registro que muitas vezes beira o documental, o filme é um étimo com- plemento ao extrovertido Samba como estudo da crise migratéria na Europa. DHEEPAN - 0 REFUGIO Direglo| Jacques Audiard Ano|2015 QUADRINHOS Aditadura em tracos criticos Duas obras com fatos e horrores da ditadura militar, em charges e quadrinhos historias reais de estudantes, A militantes politicos, guerri- Ihefros e Iideres rurais e in- digenas presos, torturados e mortos por agentes e militares da ditadura (1964-1985) ganham no livro Notas de um Tempo Silenciado umanarrativa jornalistica em quadrinhos, com texto e desenhos de Robson Vilalba. ‘Sio13 histérias curtas, reconstruidas apésum extenso trabalho do autor em entrevistas com sobreviventes, amigos e familiares das vitimas, autores de biografias, historiadores e pesquisas para conseguir, inclusive, fotos para desenhos realistas dessas pessoas. Asprimeiras oito histérias reportadas por Vilalba foram originalmente publi- cadasnna série Pitria Armada Brasil, no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba. Elas receberam o prémio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos 2014, organizado pelo Sindicato dos Jorna- listas do Estado de Sto Paulo. Paraeste livro, porém,o autor acres centou outras cinco produgSes, com destaque para 0 avango agressivo dos militares sobre as terras indigenas, a criagao de um presidio para indigenas e de uma guarda rural indigena pela Fundagio Nacional do indio (Funai) treinada para torturar lideres dos in- dios. Um capitulo final Salvadores da Patria) resgata o histérico dos golpes como uma heranca maldita dos mili- tares, iniciada com a Proclamago da Reptiblica até chegar ao golpe de 1964, e sua influéncia do positivismo. 110 ceaTuauoanes|rsemesve 016 ESTANTE rr Aobra éenriquecida com uma repor- tagem sobre a eclosio do movimento negro Black Music nos anos de 1970 no Rio de Janeiro ea repressio a alguns de seus expoentes, além de intimeros de- poimentos sobre cada histéria revelada, entre os quais o da psiquiatra Maria Rita Kehl, que integrou a Comissio Nacional da Verdade. ‘Jao arquiteto e artista plistico Luiz Gé aborda o tema com bastante ironia emseu livro Ah, Como Era Boa a Di- ‘tadura. A obratraz charges publicadas pelo no jornal Fotha de S.Paulo a partir de 1981, sobre fatos politicos, econémi- cose sociais dotiltimo governo militar, odo general Joao Baptista de Oliveira Figueiredo. Luiz.Gé explora fatos como "A CATARATA CEMITERIO QURAN aexplosio da divida externa, aderroca- da econdmica ea chamada estagflagio (estagnagao econémica simultinea a desemprego com taxas de inflacio es- tratosféricas) — resultado da submiss&i dos militares a imposigao de politicas recessivasppelo Fundo Monetario Inter- nacional (FMI) -, as armagies politicas ‘que impediram a volta de eleigdes dire- tas para a Presidéncia ja em 1985 e os personagens politicos daqueles anos. Textos introdutdrios no livro, e na abertura de cada ano, situam o leitor mais jovem sobre fatos e aspectos do periodo para ajudar a entender aironia das charges. Além de um texto conclu- sivo, Luiz Gé agrega uma galeria dos principais personagens, em que revela seu talento para fazer caricaturas. NOTAS DE UM TEMPO SILENCIADO ‘Autor Robson Vilalba Editora BesouroBox, 103 piginas ‘AH, COMO ERABOAA DITADURA ‘Autor Luiz GE Editors Quodrinhos aia, (Companhia das Letras, 288 pias. QUADRINHOS O polémico Iraem foco HQs belas e emocionantes abordam a opressio sofrida pelo povo iraniano Ir éum dos protagonistas do Oo cenério global, sobretudodes- de a Revolugao Islimica de 1979, Sua importincia econémica vem do fato de que possui uma das maiores reservas mundiais de petréleo. Politica- mente,opafs éum dos lideres do mun- do islamico, em tenso com os Estados Unidos e os paises ocidentais ha mais de trés décadas. Em anos recentes, vive emconstantetensio interna externa. Esse cendrio convulsionado 0 pano de fundo de duas excelentes historias, em quadrinhos feitas poriranianos que ganharam destaque mundial. Persépolis, aautobiografia em qua- drinhos de Marjane Satrapi,narra ahis- t6ria do paisdosanos 1970 até adécada de 1990, passando pela Revolucio de 1979 — que derrubou a ditadura pré- BUA do xé Reza Pahlevi e implantou aatual repiiblica islamica. Nanarrati- va de Satrapi, publicada no Brasil em 2007, 6 como seo povo iraniano tivesse pulado da frigideira para o fogo. Marjane tinha 10 anos quando se vviu obrigadaa usar véu eaestudarem uma sala de aula sé de meninas. Erao resultado do Estado religioso erguido no pais, com sua atmosfera sufocante © autoritéria. Persépolis aborda, com hu- mor leve eirénico,o diaa dia opressivo dos iranianos, convivendo com tortu- ras, assassinatos, pressio nasescolase ‘a guerra contra o Iraque (1980-1988). (O impacto da obra Ihe conferiu re~ pereussio mundial e muitas premia- es. Persépolis foi escolhida amelhor 112 ceaTuauanes|rsemesve 2016 ESTANTE EU NAO SABIA DiREITO 0 QUE PENSAR DO | ERA MUITO RELIGIOSA, MAS, JUNTOS, EU E MEUS PAIS ERAMOS BEM MODERNOS E AVANCABOS, histéria em quadrinhos de 2004 na Feira de Frankfurt. Sua versio cine- matogréfica venceu o prémio do no Festival de Cannes de 2007. Mais recentemente, osleitoresbrasi- leiros puderam ver 0 Paraiso de Zahra, publicado em 2011, cujos autores sio anénimos, com pseudénimos de Amir e Khalil. Trata-se de um retrato can- dente da sociedade iraniana, em um ‘momento recente:o Movimento Verde, em 2009, em que milhares de pesso- as tomaram a Praca da Liberdade, em Teerd, acusando de fraude as eleicdes que reconduziram o entao presidente ‘Mahmoud Ahmadinejad ao cargo. Mais, de70 pessoas foram mortas pela policia 4 mil foram presas. Ahhistériacomeca como desapareci- mento do estudante Mehdi Alavi, de19 anos, nos protestos. Suamie, Zahra, € seu irméo, Hassan, vio a pragae ficam sabendo da violenta repressio. Come- camentioumaangustiante busca, que se estende por semanas, pelos labirin- tos de hospitais, reparticées piiblicas e prisdes — em busca de Mehdi. £ uma -viagem pelas entranhas do regime che- fiado pelos aiatolés. © Paraiso de Zahra é uma obra em quadrinhos prodigiosa, magnifica mente desenhada, que fala muito da realidade do Ira, complementando a histéria de turbuléncias e instabilida- des retratada em Persépolis. Juntas, as publicagées atuam como registro daluta permanente pela liberdade em um pais marcado pela opresséo. PERSEPOLIS ‘AUTOR Marjane Satrapi EDITORA Companhia das Letras, 352 pginas © PARAISO DE ZAHRA ‘NUTOR Aric & Khali EDITORA Leya,272piginas TAY m 2015, mais de 1 milhio de migrantes e refugiados che- garam & Europa cruzando as Aguas do Mar Mediterraneo. Outros 35 mil nfo conseguiram fazer a travessia e morreram afogados na tentativa de chegar ao Velho Continente. Mais da metade dos migrantes vém da Siria, fugindo da brutal guerra civil que de- vasta o pais desde 2011. Mas esses mimeros, ainda que im- portantes alarmantes, sio incapazes, de revelar 0 drama particular dessas pessoas que deixam tudo para tras © se arriscam em viagens perigosas para tentar reconstruir suas vidas. Em con- traposico, asimagens, muito mais que indicadores e estatisticas, conseguem 14 ceaTuauoanes| seme 2016 ESTANTE Imagens que revelam o lado humano dos problemas globais Fotos premiadas no World Press Photo de 2016 mostram o sofrimento de quem é obrigado a fugir de guerras e perseguic6es revelar o lado humano da crise dos refugiados e tentamnos aproximar da dura realidade vivida por eles. ‘Desde 1955, a Fundacdo World Press Photo (WPP) realiza uma premiacio internacional para escolher as melho- res fotos jornalisticas do ano, Aimagem que vocé vé acima éagrande vencedora deste ano na premiagio da WPP. Ela ‘mostra um homem passando um bebé para outra pessoa por baixo de uma cerca de arame farpado. ‘Aimagem foi registrada pelo fotdgra- fo australiano Warren Richardson no dia 28 de agosto de 2015, na fronteira entre a Sérvia e a Hungria. Os dois pai- ses fazem parte da rota que milhares de migrantes vindos do Oriente Mé- dio tentaram cruzar, cujo destino final ‘era aAlemanha. Segundo Richardson, ‘que acampou com os refugiados, essas pessoas tentavam chegar & Hungria antes que a cerca de seguranca esti- vesse concluida. O que mais impressiona na foto é a forga que a imagem em preto e bran- co transmite, mesmo com poucos ele~ mentos, Norosto do homem é possivel perceber a tensio ea ansiedade do mo- ‘mento, 0 bebé nos remete ao sofrimento das criancas que sio obrigadas adeixar seuslares sem entender direito por qué. Por fim, a cerca de arame farpado tem © poder de simbolizar as restrigdes a ‘que os refugiados so submetidos e as bbarreiras que precisam superar. Imagens de desespero ‘Aimigragioé umassunto que tem apa- recido com frequéncianos vestibulares, ealeituraeaintepretagio de fotos como avencedoradoconcurso da WP podem ajudarbastanteno estudo de atualidades. Na premiacao de 2016, tiveram bas- tante destaque as imagens da guerra civil na Siria e a fuga dos refugiados das reas de conflito. A foto acima, do fotdgrafo sitio Abd Doumany, mostra ‘uma garota ferida em um bombardeio realizado pelo governo da Siria. Ao lado, a imagem captada pelo russo Sergey Ponomarey revela a situacio dos mi- grantes quese amontoam em pequenas embarcagées para chegar & Grécia. Mas a premiagao da WPP nio ficou restrita ao tema dos refugiados. Outras, imagens vencedoras abordam grandes desafios do mundo contempordneo, comooaquecimento global, aepidemia de ebola, a violéncia contraa mulher e a exploragio do trabalho infantil. No site da WPP, vocé pode confe- rir todos os premiados desta edicao: hittp;//wwwaworldpressphoto.org/ collection/photo/2016. @ Na guerra entre o regime sro, rebeldes e extremistas, a populacio ficano melo de um violento fogo cruzado. Acima, a Imagem mostra uma garota sia ferida em ‘bombardelo das forcas do governo, em tratamento em um hospital improvisadona cidade de Douma, Multas pessoas ndo suportam a situacSo e decidem abandonar o pals, como mostr Imagem abalxo de uma pequena embarca¢do chegando avila de Skala, nalha de Lesbos, na Grécia. 46 a foto premiada, na pagina ao lado, revelaos obstdculos que os refugiados recém- ‘chegados & Europa sto submetidos para conseguir recomesar suas vidas. eros naoxhoverioemssroro mi ATUALIDADES|1¢zemenr 206 15, PONTO DE VISTA Te Ue eee cen ete Retrospectiva 2015 A pany Ys © VEIA ‘Uma oto om primeiro plano do rostodojulz Sergio Moro, res ponsivelpelasinvestigngses da operacioLava Jato Ele aparece sérioe comum olharassertivo. Almagem ganha ainda maior destaque devido ao fundoescuro.Essafolaescotha de Veja para lustrara sua Retrospectiva 2015. ‘Abaixo da foto, a chamada principal afrma: “Ele salvou o rmanchote suger que 2015 fl rum, mas taveum grande €iniofato postivo (que salvou o ane) - dala public foto tnica na capa eo fato de a reportagem sobre ojulz, na retrospectiva, ter nove péginas, enquanto todas as demals receberam duas paginas. manchete vem otexto, que confirmaa intencio do jutz: “aja pesquisou 2300 sentencas que Sergio Moro lavrou nosikimes quinze anos eficlinca do jlz que jenceracorrupgao" ‘como sendo a primeira esperanca real ~, também expressa aldelade que isso seria Incontestivel, polsfol resultado deum exaustive trabalho Jomalistico que levou em consideragao 300 sentencas. 116 GeATUALoADES| seme 2016 2OT6 oaepaeme © ISTOE Chama atengio a auséncla de uma grande Imagem ou deum forte texto na capa, em que predomina, simplesmente, a cor passar em branco. Faga um ano methor!”. ‘Assim torna-se clara arelacioda capa branca coma primelra rte da frase, que faz referencia a Perspectiva 2016. Nessa apresentadas cinco reportagens sobre alguns dos ‘eventos do ano que seinicia, como os Jogos Olimpicosno Rio. de Janeiro e as elelgies nos Estados Unidos, que po segundo a revista, “construir um ano melhor”. Nessa frase, ‘assim como ocorre nas outras trés revistas, hd uma critica _a0 ano que passou. Mas diferentomente de Carta Capital ede Veja, hduma conclamagio direta para se fazer um ano melh Entre os outros semanarios, aIstof é a nica a trazer tanto ‘uma perspectiva de 2016 como uma retrospectivade 2015. Os fatos do ano que passou sio chamados numa tarja na parte superlor da revista (Retrospectiva 2015), com pequenas im: ‘gens de pessoas que protagonizaram alguns desses acontect- ‘mentos - como Dilma, Eduardo Cunha, ativista de movimenos feministas e Minelrinho, o atual campeio mundial de surfe. Retrospectiva e perspectivas para 2016 Como as principais revistas semanais do pais fizeram um balanco de 2015 e apresentaram as eerie parao ano novo OFATO s edigdes de final de ano das As= principais revistas se- anais brasileiras - Carta Ca- pital, Epoca, Isto e Veja-trouxeram, como de costume, uma retrospectiva do ano que passou, com os fatos € os personagens que ganharam destaque no periodo e asperspectivas parao ano queseinicia nas diferentes areas, como politica, economia, cultura e sociedade. A operagio Lava-Jato e a atuagao do juiz Sergio Moro, acrise politica do go- ‘Yerno Dilma,a questio dos refugiados, as manifestagées feministas, a tragédia ambiental em Mariana e 0 avango do zikavirus, entre outros acontecimentos que marcaram 2015, estiveram napauta dos semanarios.E oolhar para o futuro ficou por contade buscar solugées para questies como a crise econémica, 0 cerescimento do desemprego ¢ os em- bates nas redes sociais. © EPOCA ‘ho contrarlo dos outros rés semanatos, a Epoca nio fazuma retrospectiva de2015.Arevista investe numa edigio especial discutir Ideas e assuntos que estario na agenda brasileira em 2016, como a crise econémica, a Go Lava Jato eas polémicas nas redes socials. Usando cores fortes, como vermelho em contraste como so, 0 urgencia,usao titulo *Gula de Sobrevivencia” parasereferiraonovo ano. A.expressio 6 grafada om grandes letras, que ocupam boa parte da capa, © ano 2016 aparece em preto, ae fundo. ‘Aidala de apresentar um gula de sobrevivencia étrazer a0 lettor um manual de como comportar-se ou agir perante as sltuagBes que esto por vir (note todos os verbos no futuro): “Ocusto de vidavalsubr,odesomprego val aumentar, oapo- nes da Federal em referencia ao agente Newton Ish chefe do cleo de Operagées da Policia Federal em Curitiba] val acordar 5 poderosos eos brasielros continuario a bigar nas reds socials’, diz o texto que complementao tit ‘Achamada termina com a frase “Salba como cilbatatha do nove ano”, comprovando a necessidade de um manual frente Aum canérlo complexo. gE ledighogjespecial| s°— cones ‘Amanchete “Rir para Nao Chorar”, no centro da capa, traz ‘a ldela de que-2015 fol marcado por acontecimentos ruins. Reforga esse pensamento a frase que complementa o titulo principal “Memérias e Imagens de um an« comegado. E2016? Bem, 2016...” Ouseja, 0 acontecimentos indesejados que seria melhor que nem tivesse ‘exlstido, O somandrio demonstra ter a mesma expectativa(de ‘mas noticias) em relagao.a 2016 a0 sereferiraonovo ano com ‘uma interjei¢ao (berm) e reticencias. Completa o sentido humoristico a presena dos emojis que fazer referéncia aalguns acontecimentos do ano, comoos fatos, que envolveram a presidenteDilma Rousseffbonequinha com ‘os dentes mostra afalxapresidenclal), os panclacasIconeda ‘se anuncla a edigo especlal, mals uma ver trazendo de forma bem-humorada a idela de um ano negativo. GGEATUALIDADES|1¢cemexr2016 17 IstoE divulga delacdo de senador Como os trés principais didrios do pais repercutiram a suposta revelacio de que Dilma e Lula interferiram na Lava Jato OFATO m3 de margo de 2016, arevista E Isto publicou reportagem em que afirma que teve acesso 20 termo de delagao premiada do senador Delcidio do Amaral (PT-MS) ao Ministé- rio Pablico Federal Eleacusa apresiden- teDilma Rousseff eo ex-presidente Luiz Inécio Lula da Silva de envolvimento no esquemadde corrupgio da Petrobras ena tentativa de impedirasinvestigacéesda Operacio Lava Jata Ex-liderdo governo no Senado, Delcidio do Amaral foi preso emnovembro de 2015, ele mesmo acusa- dodeinterferirna LavaJato.Segundo a Isto, em de fevereiro de 2016, quando passou a cumprir prisio domiciliar cle teriafeitoo acordodedelacio premiada, emqueo acusado contao quesabee, em troca, recebe beneficios, como redugio dapena.O senadoremitiunotadizendo que nfo reconhece a autenticidade dos documentos divulgados pela revista. Nomesmo dia, o resultado do PIB em 2015 ea votacio de acéo penal contrao presidente da Camara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também foram noticias. 118 GATUALDADES|*semeave 2016 PONTO DE VISTA _FOLHADE S.PAULO Exlider do governo liga Dima e Lula a Lava ato, e oposigdo pede rentincia © FOLHADES.PAULO ‘A Folha trouxe a manchetorelaclonada ao fato-“Exider do ‘govern liga ilmae Lula Lava Jat, e oposigo pede retin parva parte superior da sua capa. Ao contrérlo do Estado @ da Globo,ndo colocou onome do senadorDeletdlonotitulo (mas apenas no texto ababcoda manchete) e preferhiusaraexpressio jo nos partidos de opesiga, que menclonaram Incluira delasaono pedidodeimpeachment. (Jomalreproduzisas acusagSescontra Dlma(“tentou interfere ‘trés vezesna operagaocomajuda de José Eduardo Cardozo, entao ministro da Justiga) e Lula (“Delcidio intermediou, a pedido d Lula, propina a0 ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveré para tentar evitar a sua delacio"), citou algumas consequéncias da ddeclaragio (como a subida daBolsa ea queda do délar)eincluiu ‘que “devem dar forgaa protestos anti-Dima’. ‘Chama atengioaarticulagao das duas fotos presentesnacapa: ‘a dorosto parcial da presidente Dilma emprimetro plano (emque ‘aparecem apenas seus olhose nariz) ea que mostrasomenteos labios costurados deum refugiado iraniano, que vemum pouco ixo, formando uma unidade. A Folha noticiou a queda no PIBna parte nferior da pagina, mas com um certo destaque, e afirmou que 0 plor resultado desde 1990”. Nao houve mengao “noticia sobre Eduardo Cunha-acapadodiaanteriorjéhavia adiantado que a maloria dos ministros do Supremo Tribunal Federal havia votado pela abertura da aco penal. © GLOBO Delagao de Delcidio poe Dilma no centro da Lava-Jato Frat soease | Det nrane Msn Reeinesinss angestana te lange ch [aegis 91% 4% agit © 0GLOB0 Nojornalcarioca,adelagao de Deledlo também ganhou espa- sp nobre, ocupando cerca de trés quartos da pégina. Uma foto de Dima em primeiro plano, com um ohar triste, mostrava, 20, fundo,oex-ministr da Just¢a, José Eduardo Cardozo, que cum- primentava um colega ao se despedirdo cargo. Adela que Dima ‘std s6 fol reforada pela forte manchete “Delagio de Delcdlo Dilma no centro da Lava-Jato Diferentemente da Folha ¢ do Estado, Globo nao colo titulo; apenas o mencionou ‘um ministro do S1J paratentar soltaro: Odebrecht e Otivio Azevedo” e que “la dades na compr pletam o conjunto de informagées sobre a delagao foto personalidades envolvidas, como Delcidio, Dilmae Lula, eum pequene resumo da atuagao do senadore das acusacoes que residente eo ex-presidente. ‘Anoticia sobre Eduardo Cunha velo logo abaixodo conjunto de Informagées sobre a delacao de elcidio, comotitulo “Por tunanimidade, Cunha viraréino Supremo’: Jé 0 recuodoPIB jerdida”) contou com a indicadores negativos(recessio historica, queda dos investimentos, tombo na indistria), reforgando “o plor resultado desde. confisce deCollor” eas professes fltas (novo tombo de 4% este anoe recessio como a da década de 80). ESTADO DE S. PAULO Delcidio acusa Dilma e Lulana © O ESTADO DES. PAULO jojomal sobre a suposta delacao de Delcidio - ‘que também mereceu amanchete principal eo malor espago sidente Dilma, Amanchete 6 se- methante a da Folha, que traz onome de ambos, mas, notexto da capa, 6 cita residente ssadena”) ,enquanto sok duas (“atuou para evitara delacao de Nestor Cerveré eIntermediot jgamentos a familia do ex-diretor da Petrobras em troca do silénclo dele” e“trabalhouparafrearas InvestigagSes da CPI suposta compra de MPs”). Afoto de Dilma - nica Imagem da capa - sugere certa fragilidade da presidente, a0 mostré-la abragando 0 ex-ministro da Justica na cerlménia de transferéncia de cargos. Além do texto qui noticla principal, outras duas chamadasrepercutema delagao impliam a cobertura: “Planalto critica ‘vazamentos como arma politica” e “Oposigao reforga pedido de rendincia’ ‘Assim como 0 Globo, o Estado também traz na capa a infor- ‘que Delcidio nao confirmou aautenticidade dos docu- ‘mentos da reportagem da revista stof - a Folha s6menclona ‘esse fato na reportagem intern: ( jomal ainda destaca na capa a queda de 2,8% doPIB eo GGEATUALIDADES |1¢semesre2016 19 DESTRINCHANDO Peat OO ee a eC oD ese NUMERO DE PAISES PARTICIPANTES POR ‘AS CIDADES-SEDE POR CONTINENTE CONTINENTE E EDICAO DOS JoGOs* m0 Inala paoslemaesnal ‘Guerra Mandal Bg da ‘trac nesJoges de 30, na ‘Antuirplacenige aerusto deAlmanha, Austria, Hungra,BlgriaeTarqua- abs derotados no confit. ~ WE: m5 m0 wees ‘MUNDO Dos ‘IMPERIOS ~ 1900 No inci dos jogs daeramodema, ‘mundo oradominae pels potncas Impaialistas. principal erao Reino ‘nid, que mann cldias emtodos scontinentes,Multas esas ptindas cobrigavamatletas deoutras napbes2 defendas, como armdnios que tiveram ‘quecompetir como turosecoreanos {ovgados usar nomesaponeses. ee Lig eo & peat bs oo mae | Oo ey wa ws 1s forumdicte —onbdiirtomdo bce Seetcen Seeeeaen Smee ners Cees) wenece ae Satie: tecvaes laeronas, ee See. cece ee San ee ES cece feces ‘Angeles levam 6oo atletas, _afre-americano Jesse ‘Guerra Mundial, Aes rk) meen ene Asterd woe EI 1M unis Eine ahve Apa Pa Ansan shapes Bain aia Perr a 1982 ‘smoimertosnaconals ras clas dae gnham apna patrdos anesa9s-oqueserefte aumento de acaos os jogo seins. Em a diputacomos Eats Unidos ola emonia nuda passaasertravada também sport, Vejao que as Olimpiadas téma ver coma geopolitica, o desenvolvimento social ‘econémico e a urbanizacao por Wiliam Taciroe Muit/SP in 176 Ogrpoterorsta palestine zapasesahicanes dam SetambroNeg atacaa,—_osgorem protest cara dlegaiodelraelmavlaaNovaZelndjotine colimpia,ondematadoise derugh fer uma turd de Arado Su, yembarea sJogos Olimpicos que os aristo- cratas europeuscriaram no final do século XIX era um festival atlético com repercussdes modestas. ‘Mas perto da I Guerra Mundial, os Jo- 0s jé eram explorados em um ambito ‘que extrapolavaa performance esportiva. ‘Ver compatriotas desfilarem com sua bandeira pela primeiravez numa ceri- méniaolimpica tornou-se um momento de celebracio histérica em mais decem ‘ranking de medalhas passou aser visto comouma demonstragao de, re or- gulhonacional, eaaimaoereen as conquistas sociais e econdmicas do pais. Ser anfitrigio dos Jogos virou uma ‘oportunidade para paises promoverem reformas urbanisticas na cidade-sede ‘elustrarem a imagem internacional. ‘Acompanhe abaixo a evoluco no mimero de participantes e como os -comités olimpicos e os Jogos se tor- paisesque conquistaramaindependén- naramparte importante da geopolitica cianesse tempo. Obomdesempenhono internacional. 0902984 109% ams ‘evi invaste do ‘amo desmemramento da URSS Dos pies fro eta ‘Mepanstio pela RSS os em novos pass eaadesode ‘lmpcan i dane: EUAlideramum bicte _-malspalsestrianas20 Ol os ‘Suds Sl qua O dinheiro da as cartas ea so e Olimpiadas de Londres, no planeta olimpico Bae poate stares Coubertin. E paraa maioriadasnagées, Como a forga do capital e dos investimentos sociais afastam os __principalmente aquelas que nio estio paises mais pobres das conquistas e limitam o pédio olimpico.a —_nogrupodosdesenvolvidos, opapel nos ‘uma pequena elite esportiva - e financeira ‘Jogos fica restrito mesmo acompeticio. ANAMORFOSE: 0 MAPA DISTORCIDO: ‘stemapa é dferent daquolesplanistries aque vot et acestumado. ‘Tatas de uma anamertse- uma repretentaeo cartopfica que «store o tama eo tracado ds pases para reforcaro ete. ‘comparative aresplt do tema apresentado. est caso,o mapa mostra ‘come sera o mundo se 2 re dos ples ose properional av nimer de ‘modalas ganas nahistla dos ops. planeta, sua rea é que ‘capa malo esp, ‘efletindo suas conaustas OPLANISFERIO REAL Paater uma dls do quo stridasforam as eldos ‘do artograma das madahas,compareo com stout mapa onde a rea dos pases 6 proporconal 2s seus ‘erste, ‘reaper pats (roles equietanguar) Isso porque o pédio costuma ser uma rea limitada a uma elite esportiva que, nfo por coincidéncia, também sao os paises mais ricos. Entre as cinco naces, quemais ganharam medalhas nahistoria, quatro esto no G-7 (grupo dos paises mais ricos do mundo): Estados Unidos, Reino Unido, Frangae Alemanha. usps saab Ord deta tortata Arte rteauna wert onap Osaltos investimentos em educagio, co incentivo a pritica esportiva para as, ceriangas e as boas condicdes de vida paraa populaco acabam tendo refle- xos diretos no quadro de medalhas. ‘Namaioria das vezes, os paises me- nos desenvolvidos acabam dependendo do talento e do esforgo individual dos sts Note comoas dimanstes tents da Asta sto ‘bom proprconalssu2 Importinca no quatro de _medalas-porisio ela no PIB VERSUSMEDALHAS Este rfc de disperse mostra uma darareacdo ‘ne oProduto intro Bat 1B) ¢ ‘esempentolipie. Os pnts lcalzados no toate ‘Antes, 2 grande partedos ‘indo e vottande do emprego. — =: ‘removides vivia @ _ eos 24 ccATUALADES|rsemeste 2016 deixam para cidade-sede uma sériede benesses em termos de infraestrutu- aque compensam qualquer impacto econdmico, social e ambiental. Os Jo- gos de Barcelona, em 1992, sio sempre Jembrados como um exemplo de como a realizagio da Olimpfada trouxe me- Ihorias urbanisticas paraacidade-sede. ort Maratha ‘Arotalzaie dana portusia no cenr strc, Insiraa am projets como 0 dePuerto Madero, em Buenos ‘ies, quer tra turistase Investors internacional, e © si ° (gm datii (MEGARREMOCOES OLIMPICAS Desde Sul mais dea miles de pesiastieram as casas demolidas para dar ugar alga climpicos” Alantaasgs ———0 i pssonsremovidas 30m se smudam pela ata do cast de vida provecaa pla valoizato da rea acalona gg 62 familias desapropriadase altano custo da moradla xpusou outros mihares Mas ha um outro lado nessa hist5ria, (Os Jogos de Seul,em 1988, por exemy io celebrados portransformar acapital sul-coreana emumamodernametrépole, ‘masa organizagiodemoliuo lar de720 mil pessoas.Segundo aONU, foi uma das ‘mais violentas politicas de remogGes ja realizadas no mundo. eropr Irena Tobin See tia ) pe hace ‘Mesmo assim, expulses em massa tornaram-se rotina durante as obras que precedem os Jogos. Ainda que a maioria das remogdes se dé em acor do com leis locais, elas sto notérias por afetar principalmente pobres e minorias, Veja como o Rio esta sendo impactado por essa politica. TOTALINVESTIDO No PROJETOOLUMPICO RS 39 BILHOES Sa RS 24,6 BILHOES: bras de ead Netade dsovalpara ‘bras etanpote Para oPor Marah, mein dos ths da dade 4d “hp limp quse RSE ew NF oma q 7 Shee a SpE RILHOES cra ps5 cra 797 BILHOES — sam lnsalgs spats $30 MILHOES (eta) Devore 0 MILHOES a ren TABILHOES TO MILHOES ints — pero do event sais de almentct, osptagem, 400 MILHOES ‘nome pao ==. et undone evaluntis ee Seulsget ‘romllpeseas despa, amalra Sem reloaonemlndeiacio equinaeds | e o/s sno de pases remot pelo goero Asta eadvopdos Aonckes2e 204 ‘us dtd moradors 0 press ‘sepesseas ds ponos 7 milpesoada romaeliandls enaroma,um ds Sdn a00 sdnaesiorenoias_povscanhecles Nowe remotes fora, mas ee cae fares foram expsas plata Parque line remondas roscusts dre EATUALIDADES|1¢cemenr 2016 25, Poy etry reece Peet ee ‘em video que crore) Pees ce ce nsnsner enna occcccasncrersana nasa cccscececrcncececesaiasn nase Cee o4 Se Conhecido pelos métodos brutais, o Estado Islamico amplia a sua atuacdo ao organizar atentados na Franca e em outros PLU MSE eB me ROR k Coeur ekonomi Re CCE seguranga mundial e desestabiliza o Oriente Médio Se See ec ea eee eee a eee eed ea DOSSIE ESTADO ISLAMICO Por deniré do. Estado Jslamicd vasta rede de recrutamento e de financiamento para as suas operacées. Entenda como funciona a organizagao noite de13denovem- bro de2015,uuma sex- ta-feira, nfo serd es- quecida em Paris tio cedo, Surpreendidas quando se divertiam emumaregifo de bares e restaurantes, dezenasde pessoas sofreram um ataque brutal, mais mortifero na capital fran- cesa desde aI Guerra Mundial (1939- 1945). Em ago coordenada, terroristas, posteriormente identificados como integrantes do grupo Estado Islamico (EDatiraram aesmoouseexplodiram, provocando a morte de 130 pessoas, a maioria na casa de shows Bataclan. Disparos atingiram outras vitimas em mais quatro locais. Além das mortes, pelomenos 352 pessoas ficaram feridas. Emdeclaracao ficial,o Elreivindicou aautoriada ago. Paraanalistas,trata-se deumaretaliago contra papel desem- penhado pela Francanosataques aéreos na Siria e no Traque, paises nos quais 0 EI ocupa vastos territérios. A Franga 6 a mais constante aliada dos Estados Unidos (EUA) na guerra contra ogrupo. Nao foi atinicaagio do EI no periodo. ‘A faceao assumin também a autoria do atentado a bomba que derrubou um avido russo da companhia Metrojet, em 31 de outubro, no Egito, causando a morte das 224 pessoas a bordo. Em Beirute, no Libano, um ataque com OQ ox 6 ) homens-bomba, em 12 de no matou 44 pessoas, em outra do grupo. Nos EUA,em 2de dezembro, tum casal, supostamente vinculado a0 EI, atacou a tiros um centro de trata- mento de pessoas com deficiéncia, na Califérnia, matando 14 pessoas. O EI realizou, diretamente ou por intermédio de grupos associados, outros ataques na Tunisia, na Nigéria, na Turquiae na Indonésia. Esses atentados marcam uma mudancanaestratégia da organizacao, que agora ampliao seu raio de ago, an- teriormente limitado ao Oriente Médio. AGUERRA AO TERROR Comum vasto territério que abrange reas do Traque e da Siria, um enorme poder demobilizagdoe uma eficiente ca- pacidade operacional, EI éconsiderado aorganizagao extremista mais poderosa cebem-sucedida dahistéria. Suaascensio esté diretamente associada apoliticade “Guerra ao Terror” implementada pelo entio presidente norte-americano Geor ge W.Bush (2001-2009) como resposta aosatentados de 11 de setembro de 2001 cometidos pela Al Qaeda, aredetterroris- tade Osama Bin Laden (veja mais sobre as intervengdes ocidentais na pag. 38). Aocupagio do Iraque como parte da ofensiva dos EUA contra 0 terrorismo, entre 2003 e 2011, teve como um dos principaisefeitoscolateraiso sungimento deum movimento local contra ainvasio norte-americana. Nesse context, surgi- ramdiversasmilicias que contestavam a presenga das ropasdos EUA. Umadelas eraa Al Qaeda do raque (AQLou Isil,em inglés), uma filial darede de Bin Laden. Criada em 2004, essa organizacio daria origem ao poderoso grupo que conhe- cemoshoje como Estado Islémico (veja linha do tempo na pdg. ao lado). IMPOSIGAO DO CALIFADO ‘Nos anosseguintes.criagZo da AQI, caosno Iraque ena Siria foi um terreno propicioao avanco do grupo: enquanto no Iraque huma sucessio de disputas politicase conflitos sectarios (entre su- nitas e xiitas), a Siria vive desde 2011 ‘um confronto entre grupos rebeldes, apoiados pelas poténcias ocidentais, ¢ © regime do ditador Bashar al-Assad. Aproveitando o vacuo de poder e de seguranga nessas regides, a organizagio foi ganhando forca, com frequentes fu- ses e trocas de nome nesse percurso. Oanode 2014 representouummarco naexpansio do grupo. Em junho, olider da organizagio Abu Bakr al-Baghdadi proclamou a criacao de um califadonos territériosocupados sobaalcunhade Es- O Estadd islamicd no Jraqué 6 Ha Siria Cee ee ence ote Co eee trey Are re Ln ee roar a rT Co) ee Pity Pepe Poet rier ans aie ne ene nd akZargansevincuaarede —-masressurgecomo Estado A Peron mn Pierre rere remy Perret eo a ee etre saci ar ce] arrears cen Pree Se nes Eee CE ak rer rc en r g Perera Perraenriny Peon aren serra Preeti Paper rena Panett en eon ieee preeterinierratr ier Peeps Eraser vertices Prrecerneeny Pri Ce Ber perinreeres Enerepiventy aaron Siiasnesheod Pere) Pvernce ry poorer aa ferent eer apn tmcalaie Port) cei rent ene Fame ocr Marl ores [eb ert oepaon ieee a eer peers ese rere part eee eet ee re ee rd Perse erreurs ar Taner rere Mert O ESTADOISLAMICO Ce ec ee Ue ee ee ed NOIRAQUEE SIRIA . Pinca cer ‘controtadas Regios contoadas WH Atacadas pelo tt FOREAS CONTRA OEL ‘andes Regimes Rebaldes conta govern sto ovens roy Ea ses aco rata eee peor tuk ot res , j er e DOSSIE ESTADO ISLAMICO tado Islimico ese autodenominou ocali- fa (um lider espiritual investido de poder politico). O califado éumareferéncia aos ntigos impériosislimicos surgidos apés a morte do profeta Maomeé - o ultimo califado foi o Império Otomano, dissol- ‘vido em 1920, No entanto, este suposto califado carece de legitimidade mesmo dentro do mundo érabe-muculmano. RECRUTAMENTO DE VOLUNTARIOS ‘A orga do EI vem principalmente de sua capacidade militar e operacional. © mimero de integrantes do EI é de dificil verificagao. As estimativas mais, aceitas indicam que o grupo aglutina zno minimo 35 mil combatentes. Mas ha avaliagdes que chegam a 100 mil mili- tantes. No Iraque,o EI absorveu mem- bros do antigo Exéreito de Saddam Hussein, desmantelado apés a deposi- go do ditador, em 2003.Além disso, a populagao sunita passou a ser cadavez mais discriminada pelo governo pré- xiita, o que levou muitos a aderir a0 grupo fundamentalista. Mas o que mais impressiona é a ca- pacidade do EI em atrair voluntitios de todas as partes do mundo, inclusive do Ocidente. Mugulmanos que vivem em paises da Europa, desiludidos com asegregncio ea falta de oportunidades, aceitam engrossar asfileiras do EI coma promessa de salvagio. Utilizando tecno- logias de comunicagio que vao de videos no YouTube a revistas online, 0 grupo ‘manipula odiscurso religiso paraincitar 0 6dio e atingir seus objetivos politicos. [30 GcATUALDADES| + semeste 016 Acredita-se que osmembrosestrangeiros (forada Siriae do Iraque) seriam prove- niientes de mais de 80 paises. ‘Como estratégia de guerra, o EI pro- ‘move execugdes eamputagdes emmassa, is vezes contra comunidades inteiras, € mortes coletivas, por crucificagio, decapitagao e enforcamento. Essa im- posigio pelo terror visa a atemorizar todosaqueles que ogrupoclassifica como infigis (minorias éticas e religiosas e ocidentais) ou apéstatas (mugulmanos que teriam renegado a religiio). Como um grupo de orientagio sunita, seusata- ques atingem principalmente os xitas. As raizes doutrindrias do EI, em sua ceruzadacontraos infigis, podem ser en- contradas no wahabismo eno salafismo, 0 Estado Islamico possui um Exército de pelo menos 35 mil combatentes, vindos de mais de 80 paises 200000 ORL HOP cvooce ‘BRUTALIDADE Cristios ttopes sto conduzides por ‘membros do Estado [slamico antes de serem decapitados, naLibia ‘movimentos sunitas ultraconservadores e radicais difundidos pela Arabia Sau- dita (eia mais na pdg. 42). Mas a orga- nizagdo nio é movida apenas pelo ddio ‘grupo pretende criar uma novaordem politica no Oriente Médio e, a partir da conquista de novos territérios, um Estado genuinamente islamico e uma sociedade livre dos costumes ocidentais. AGESTAO DO “GOVERNO” (OETcontrolaum tervtério de aproxi- madamente100 mil quilometros quadra- dos, rea pouco maior queade Portugal. Nesses dominios, onde vivem entre 8e 10 millhdes de pessoas, o grupo assumiu ‘© controle de bases militares, bancos, hidrelétricas, campos de petréleo egal- pées de alimentos, além de instaurar um governo proprio, com ministérios, cortesislmicas aparato de seguranga, ‘Atua, assim, como se fosseum verdadeiro Estado, impondo a sua castica ordem. ‘Avvenda de petréleo extraido dos territérios que ocupa é uma das prin- cipais fontes de financiamento da orgi- nizagio.O contrabando do éleo paraa Turguia- onde é vendido.a pregos bem abaixo dos de mercado ~ proporciona ‘uma rendaestimada entre e3 milhdes de délares por dia. ‘Outras formas de obter recursos sfo: a doagio de individuos e instituigées, principalmente da Arabia Saudita edo Catar, recompensas por estrangeiros sequestrados, 0 trifico de milhares de objetos arqueoldgicos e antiguida-

You might also like