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PONTO 114/11 Pags. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDARIO 12.° Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.° 286/89, de 29 de Agosto) Cursos Gerais — Agrupamentos 3 e 4 Daragio da prova: 120 minutes Lt FASE 1999 27 CHAMADA PROVA ESCRITA DE FILOSOFIA Antes de iniciar 0 seu exame, lela atontamonte as inslruptes. Esta prova é eonsttulda por 2 (dos) grupos de questdes: Grupo 1 - 3 (rs) queslbes. ‘Grupo it~ 1 (uma) questio. AA indicagdo do nimero de linhasipalavas lem um carécter meramente ofentador do grau de desenvohimento da resposa, GRUPO INSTRUGOES, CRITERIOS DE CLASSIFICAGAO E COTACOES QUESTOES 1. © 2. ‘+ A sua resposta serd classificada atendendo aos seguintes aspectos: = rigor da analise do texto: = coeréncia Kigica do discurso; = ullizacao precisa da terminologia filosdfica; ~ comrecgao da expresso escrita * Armera transcrigao de frases do texto implicara uma pontuagto de 0 (zero) pontos. * A inadequagao da sua resposta a questao formulada implicara uma pontuagao de 0 (zero) pontos. QUESTAO 3. «A sua resposta sera classificada atendendo aos seguintes aspectos: mobilizagao adequada do conhecimento da obra; = coeréncia légica do discurso; = utiizagao precisa da terminologia filos6fica; = correcgéo da expresso escrita. ‘+ Anno manifestagSo de conhecimento da obra implicara uma pontuago de 0 (zero) pontos. A inadequagdo da sua resposta & questo formulada impliceré uma pontuago de 0 (zero) pontos. OTAGO $e Bosca w»(2 x 25 pontos) 50 pontos a (1 70 pontos) 70 pontos Total do Grupo 1 .... 120 pontos V.S.F.F. 141 GRUPOT —Cada um dos textos/extractos das obras estudadas que a seguir so apresentados & acompanhado de trés questdes. Seleccione apenas um dos textos transcritos @ responda as trés questdes que Ihe so colocadas acerca desse texto/obra estudada. — Nas suas resposias As quest6es 1. e 2. deverd ullizar, em cada uma, aproximadamente 10 linhas (cerca de 80 palavras). — Na sua resposta & questéo 3. deveré utiizar aproximadamente 40 linhas (cerca de 320 palavras). DA NATUREZA, Parménides TEXTO «O que pode ser pensado € 0 pensar sio 0 mesmo, pois sem o que é, no qual incide a afirmagio, do encontrarés o pensar. Nada existe ou existiré para além do que é, pois que o destino o vinculou de modo a ser um todo inamovivel. Por isso tudo sao nomes, que Ihes puseram os mortais, convencidos da sua verdade: “gerar-se” e “destruir-se”, “ser” e “no ser”, ¢ “mudar de lugar” e “alterar a cor brilhante”. Uma vez que tem um limite extremo, esta completo de todos os lados, maneira da massa de uma esfera bem rotunda, em equilibrio a partir do centro, em toda a posigao. Pois nao pode ser maior ou menor num ou noutro ponto. De facto, no ha nio-ser, que o impeca de atingir ‘© equilibrio, nem ha ser que exista, sendo mais de um lado do que doutro, pois é todo inviolavel. O ponto donde é igual em todas as direegdes encontra igualmente limites. Com isto cesso 0 meu discurso digno de fé e o meu pensar acerca da verdade. Sobre a humana opinido aprende, a partir de agora, escutando a ordem iluséria das minhas palavras. Entenderam que haviam de dar nome a duas formas; a uma, ndo deviam fazé-lo, e nisso eles erraram. Distinguiram-nas como de forma contréria, e puseram-lhes marcas diferentes uma da outra: a uma o fogo etéreo da chama, brando, muito leve, em toda a direcedo igual a si mesmo, mas nfo idéntico ao outro; esse é 0 contrério daquele, 4 noite sem luz, um corpo espesso e pesado.» Frag 7.0, 34-58, nM Helena a Rocha Peoira, ‘lac, Colma, FLUC, 180, pp. 1525133 QUESTOES: 4. Explique, com base no texto, o uso da imagem do ser «2 maneira da massa de uma esfera bem rotunday. 2. Justifique, com razbes do texto, por que erraram os mortals ao nomearem «duas formas». 3. Esclarega a importancia deste extracto para a compreenso da globalidade da obra. 11472 GORGIAS, Platao TEXTO «Sécrates ~ (...) se examinarmos mais a fundo estas questdes, acabarés por te convencer, Para j6, lembra-te que dissemos que ha duas maneiras de cultivar © corpo € a alma: uma que tem por objectivo o prazer, a outra o melhor, recorrendo esta a uma luta sem complacéncias. Nao foi assim que as definimos? Calicles — Absolutamente. Sécrates - Dissemos também que a primeira, a que visa 0 prazer, no & mais do que uma forma de adulagio, desprovida de dignidade. Nao € assim? Cilicles — Seja como queres. Sécrates - E que a outra se esforga por tomar o melhor possivel 0 objecto dos seus cuidados, seja 0 corpo ou a alma. Calicles — Perfeitamente. Sécrates — Mas nfo devemos nés prestar 4 cidade ¢ aos cidadios os cuidados que os tornem os melhores que seja possivel? Sem isto, como reconhecemos anteriormente, de nada servirdo quaisquer outros esforgos a seu favor. Tudo ser vio se faltar honestidade ao seu pensamento, se os seus interesses se cifrarem em adquirir muito dinheiro, alcangar a supremacia politica ou outra qualquer espécie de poder. Assentamos niste ou nio? Calicles - Com certeza, se é isso que desejas. Sécrates - Admitamos agora, Cilicles, que, na intengdo de nos dedicarmos aos servicos pilblicos do Estado, nos voltivamos para as construgées, mas construgdes em grande escala, como muralhas, estaleiros ou templos: nao seria bom que nos observassemos primeiro, examinando se conhecemos ou nao esta arte, a arquitectura, e aferindo bem o valor daqueles que foram nossos mestres? Deviamos, ou nao, proceder desta maneira? Célicles — Claro que sim. Sécrates - Em segundo lugar, no deveriamos verificar se jé construimos algum edificio para um dos nossos amigos ou para nés proprios e se este edificio é belo ou feio? Sé depois de constatarmos que eram bons € reputados ‘0s mestres, sob cuja orientacio tivéssemos constraido grande nimero de belos edificios, e que, depois de os deixarmos, tinhamos procedido sozinhos a outras construgdes, s6 ento poderiamos razoavelmente empreender os tais trabalhos piblicos» 1513 6-514 6, Lisboa, Edigées 70, 1992, pp. 189-191 QUESTOES 1. Distinga, com base no texto, as «duas maneiras de cultivar 0 corpo e 2 alma». 2. Refira os procedimentos que, segundo 0 texto, devem testar as aptiddes exigidas ao estadista. . Esclarega portancia deste exlracto para a compreens&o da globalidade da obra. V.S.FF. 14/3 FEDON, Platao TEXTO «Na verdade, cada sentimento de prazer ou dor ¢ como pregos que fixassem a alma ao corpo; ¢ assim a agrafam a ele, a enleiam na substincia corporal, por tal forma que tudo aquilo que o corpo the disser ela toma por verdadeiro. E que o facto de comungar das suas crengas, dos seus motivos de alegria, a leva por forga, penso eu, a adquirir os mesmos habitos e cultura; e, como tal, jamais chega a0 Hades em estado de pureza, antes vai sempre contaminada pelo corpo; em resultado do que no tarda a cair num outro ¢, ‘como que inseminando-se, a criar de novo raizes, 0 que em definitivo a exclui do contacto com o que é divino, puro e dinico na sua forma. — Nada mais exacto, Sdcrates — concordou Cebes. — Ai tens, pois, Cebes, os motivos que levam os que so deveras fil6sofos a serem comedidos e corajosos ~ motivos esses bem diversos dos do comum das pessoas, nio te parece? — Bem diversos, sem diivida! = Pois sio! Nem a alma de um filésofo poderia seguir outro raciocinio que nio este; ndo imaginaria, por certo, que, sendo a fungdo da filosofia liberté-la, a ela Ihe cabe, enquanto € liberta, abandonar-se a toda a espécie de prazetes € sofrimentos para se enlear uma vez mais nas cadeias do corpo, empenhando-se numa infindvel teia de Penélope, que trabalha ao contrario do seu tear, antes pelo contrério, calando em si a violéncia das paixées, segue na via do raciocinio para jamais a abandonar e contempla o que ¢ verdadeiro, divino e no sujeito 4s contingéncias da opinido; e, alimentada por ele, assim cré que deve viver toda a vida, convicta de que, apés a morte, se ird reunir ao que € conforme 4 sua natureza, liberta dos males da espécie humana. Ora se tal é 0 seu alimento [¢ género de vida], nfo hé o perigo, Simias ¢ Cebes, de alguma vez ela temer que, ao separar-se do corpo, se desvanega, aniquilada pelos ventos, ¢ se vA, para ndo mais deixar rasto de existéncia...» 83 d~ 84 b, Coimbra, Livraia Minera, 1988, pp. 82-84 QUESTOES 4. Refira os motives que, segundo 0 texto, «levam os que S80 deveras fildsofos a serem comedidos @ corajosos». 2. Explicte as concepgdes presentes no texto referentes a0 destino das almas. 3. Esclareca a importancia deste extracto para a compreens&io da globalidade da obra. 1414 CATEGORIAS, Aristételes TEXTO ‘«Substincia, na acepgio mais fundamental, primeira e principal do termo, diz-se daquilo que nunca se predica de um sujeito, nem [existe} em um sujeito, por exemplo, este homem ou este cavalo. No entanto pademos falar de substdncias segundas, espécies em que se incluem as substincias primeiras, € nas quais, se sio géneros, ficam contidas as mesmas espécies. Por exemplo: 0 homem individual inclui-se na espécie nominada homem, e, por sua vez, incluimos essa espécie no género chamado animal. Designamos portanto de segundas estas ultimas substincias, isto é o homem ¢ 0 animal, ou seja, a espécie e 0 género. Do exposto deduz-se com evidéncia que o predicado deve ser afirmado jé do sujeito, jd do nome, j4 da definigio, por exemplo, homem é predicado de uum sujeito, ou seja, o homem individual; por um lado, o nome da espécie chamada homem predica-se afirmativamente de cada individuo; por outro, aplicamos a palavra homem a um homem, porque homem individual é a0 mesmo tempo homem ¢ animal. De modo que, por conseguinte, o nome € a nogio de espécie so ambos categoria do sujeito. Quanto ao que esté presente ‘ou se acha em um sujeito, os seus nomes e definigdes nio so predicaveis do sujeito, pelo menos na maior parte dos casos, Noutros, contudo, nada impedir& que © nome seja predicado do sujeito, mas j4 0 mesmo ndo se verifica para a definigio, por exemplo: 0 nome branco é sem divida inerente a um sujeito, um corpo, porque o corpo € o que chamamos branco. Todavia, a definicao de brancura jamais pode ser predicada de qualquer corpo.» 22:16 ~ 52, n Organon, Lisboa, Guimardes Eiilores, 1985, pp. 4.49 QUESTOES ‘segunda. 2. Explique, partindo do texto, em que consiste a definizao, 3. Esclarega a importéncia deste extracto para a compreenséo da globelidade da obra. 1. Explicite, com base no texto, a diferenga e a relapdo entre substancia primeira e substancia V.S.AF. 114/85 PRINCIPIOS DA FILOSOFIA, R. Des «1 ~ Que para examinar a verdade & necessdrio, uma vez na vida, pér todas as coisas em ditvida, tanto quanto se puder ‘Como fomos criangas antes de sermos homens, ¢ ora julgémos bem ora ‘mal das coisas que se nos apresentaram aos sentidos, quando ainda nao tinhamos inteiro uso da razio, varios juizos apressados nos impedem agora alcangar 0 conhecimento da verdade, e, de tal maneira nos tornam confiantes, que no hd sinal aparente de que deles nos possamos libertar se ndo tomarmos a iniciativa de duvidar, uma vez na vida, de todas as coisas em que encontrarmos a minima suspeita de incerteza. 2- Que é itil, também, considerar como falsas todas as coisas de que se pode duvidar Sera mesmo muito til rejeitarmos como falsas todas aquelas coisas a respeito das quais pudermos imaginar a minima divida, a fim de que, se descobrirmos algumas que, apesar de tal precaugio, nos parecerem manifestamente verdadeiras, possamos considerar que também elas sf muito certas ¢ as mais ficeis que & possivel conhecer. 3- Que nio devemos, de modo algum, usar desta diivida para a orientagio das nossas acgées Convém, entretanto, notar que de modo nenhum entendo eu que nos sirvamos de forma tio geral de duvidar, a nfo ser quando comegarmos a aplicar-nos a contemplagdo da verdade. Pois certo é que, em tudo aquilo que respeita a seguir opinides apenas verosimeis, dado que as ocasides de agir nos negécios se escoariam quase sempre antes de nos libertarmos de todas as dividas. E quando se encontram varias dessas ocasides de agir acerca de um mesmo assunto, ainda que nao concedamos, talvez, mais verosimilhanga a uma do que a outras, se a acgdo nao permite demora, a razio exige que escolhamos uma delas ¢ que, apés té-la escolhido, a sigamos firmemente como se a tivéssemos julgado certissima.» ientagio da nossa vida, nos achamos, muitas vezes, forgados a LUsboa, Guimarses Edilores, 1989, pp, 51-52 QUESTOES 1. Justifique, com razBes do texto, a necessidada de «duvidar, uma vez na vida», 2. Delimite, com base no texto, o Ambito de aplicagao da divida cartesiana, 3. Esclarega a importéncia deste extracto para a compreensio da globalidade da obra. 1146 CARTA SOBRE A TOLERANCIA, J. Locke TEXTO «Os dogmas das igrejas referem-se uns a prética, ¢ outros especul: embora uns e outros consistam no conhecimento da verdade, estes esto incluidos na esfera da opinido e do intelecto, e aqueles referem-se de alguma maneira a vontade e aos costumes. Portanto, os dogmas especulativos ¢ (como se chamam) os artigos de fé, que nada exigem alémn de serem acreditados, de nenhum modo podem ser introduzidos pela lei civil em alguma igreja: para qué sancionar com uma lei o que nem sequer pode ser efectuado por aquele que mais 0 desejava? Nao depende da nossa vontade acreditar que isto ou aquilo é verdadeiro. A este respeito j4 antes se disse o suficiente. Mas, entdo, que se professe aquilo em que se acredita; como se bastasse mentir a Deus e aos homens para salvar a sua alma! Bela religio, ndo hd divida! Se o magistrado quer assim salvar os homens, parece compreender muito pouco qual é 0 caminho da salvagio: se assim ndo age para os salvar, porque se preocupa com 0s artigos de fé, a ponto de ordenar a sua crenga por uma lei’ Depois, 0 magistrado nao deve proibir mais as opinides especulativas defendidas ou ensinadas numa igreja qualquer, pois ndo se relacionam de modo algum com os direitos civis dos cidadios. Se algum papista cr& que aquilo que ‘outro chama pao é 0 corpo de Cristo, néo faz nenhum mal ao seu vizinho. Se ‘um judeu nfo cré que 0 Novo Testamento ¢ a palavra de Deus, néo altera nenhum direito civil. Se um pagio pde em diivida os dois Testamentos, nao deve ser castigado como cidadio desonesto. Se alguém acredita ou nao nestas coisas, isso no pde em perigo nem o poder do magistrado nem os bens dos cidadaos. Concedo de boa vontade que estas opinides so falsas ¢ absurdas; as leis nfo velam pela verdade das opinides, mas pela seguranca ¢ integridade dos bens de cada um e do Estado.» Lisboa, Edigbes 70, 1996, pp. 1125113 QUESTOES 4. Expliite, baseando-se no texto, 0 conceito de dogma. 2. Exponha as razBes que, segundo 0 texto, excluem os dogmas especulalivos da competéncia do magistrado civil. 3. Esclarega a importancia deste extracto para a compreensso da globalidade da obra. V.S.FF. 11417 DISCURSO DE METAFISICA, G. W. Leibniz TEXTO 430 ~ Como Deus inclina a nossa alma sem a obrigar; que nao se tem © direito de se quelxar; que no ha que perguntar porque é que Judas peca, mas somente porque é que Judas, o pecador, é admitido a existéncia, de preferéncia a algumas outras pessoas possiveis. Da imperfeicao original antes do pecado, e dos graus da graga. No que se refere a acco de Deus sobre a vontade humana, hé muitas consideragdes bastante dificeis, que seria longo seguir aqui. Nao obstante, eis © que se pode dizer em grandes tragos. Deus, a0 prestar 0 seu concurso as nossas acgoes ardinirias, no faz mais do que seguir as leis. que estabeleceu, isto €, conserva ¢ produz continuamente 0 nosso ser, de modo que os pensamentos nos cheguem espontinea ou livremente na ordem que a nogdo da nossa substincia individual traz consigo, e em que se poderiam prever desde toda a ctemidade. Além disso, em virtude do decreto que ele estabeleceu, de que a vontade tenderia sempre para o bem aparente, exprimindo ou imitando a vontade de Deus sob certos aspectos particulares, a respeito dos quais esse bem aparente tem sempre algo de verdadeiro, determina a nossa vontade a escolha do que parece o melhor, sem, no entanto, a coagir. Pois, falando de modo absoluto, ela esté na indiferenca, enquanto se opde a necessidade, e pode agir de outro modo on suspender totalmente a sua acco, sendo e permanecendo possiveis um ¢ outro partido. Depende, pois, da alma o precaver-se contra as surpresas das aparéncias mediante uma firme vontade de reflectir e de no agir nem julgar, em certas ocasides, sendo depois de ter deliberado muito maduramente, Todavia, é verdade, e até seguro, desde toda a ctemidade, que nenhuma alma se servird deste poder numa tal circunstincia. Quem pode e té-lo, porém? E pode cla queixar-se a nio ser de si mesma? Pois, todas estas queixas apés 0 facto sfo injustas, como teriam sido injustas antes do facto. Ora, esta alma, um pouco antes de pecar, poderia queixar-se de Deus como se cle a determinasse a0 pecado? Sendo as determinagdes de Deus nestas matérias coisas que nio se podem prever, donde sabe ela que esté determinada a pecar, senio quando jé peca efectivamente? Trata-se apenas de ndo querer, ¢ Deus no poderia propor uma condigo mais fécil e mais justa. [....> Lisboa, Edg6es 70, 1995, pp. 70-72 QUESTOES 4. Exponha as exigéncias adiantadas no texto para a determinagao da alma. 2. Justifique, com razBes do texto, a afirmacao referente ao pecar: «Trata-se apenas de nao querer». 3. Esclareca a importancia deste extracto para a compreensiio da globalidade da obra. 11478 FUNDAMENTAGAO DA METAFISICA DOS COSTUMES, |. Kant TEXTO «A boa vontade nao é boa por aquilo que promove ou realiza, pela aptidio para alcancar qualquer finalidade proposta, mas t4o-somente pelo querer, to em si mesma, e, considerada em si mesma, deve ser avaliada em grau muito mais alto do que tudo 0 que por seu intermédio possa ser aleangado em proveito de qualquer ini jinagc, ou mesmo, se se quiser, da soma de todas as inclinagdes. Ainda mesmo que por um desfavor especial do destino, ou pelo apetrechamento avaro duma natureza madrasta, faltasse totalmente a esta boa vontade 0 poder de fazer vencer as suas intengdes, mesmo que nada pudesse alcangar a despeito dos seus maiores esforcos, ¢ sé afinal restasse a boa vontade (€ claro que nao se trata aqui de um simples desejo, mas sim do emprego de todos os meios de que as nossas forgas disponham), ela ficaria brilhando por si mesma como uma jéia, como alguma coisa que em si mesma tem o seu pleno valor. A utilidade ou a inuti iidade nada podem acrescentar ou tirar a este valor. idade seria apenas como que o engaste para essa joia poder ser manejada mais facilmente na circulagdo corrente ou para atrair sobre ela a atengdo daqueles que ndo sao ainda bastante conhecedores, mas nao // para a recomendar aos conhecedores ¢ determinar o seu valor. Ha contudo nesta ideia do valor absoluto da simples vontade, sem entrar em linha de conta para a sua avaliagio com qualquer utilidade, algo de tio estranho que, a despeito mesmo de toda a concordancia da razio vulgar com cla, pode surgir a suspeita de que no fundo haja talvez oculta apenas uma quimera aérea e que a natureza tenha sido mal compreendida na sua intengdo 20 dar-nos a raziio por governante da nossa vontade.» BA 34, Usbos, Edigtes 70, 1905, pp. 23-24 QUESTOES 1. Explique de que modo, no texto, é justificado 0 valor incondicionado da boa vontade. 2. Explicile a questao sugerida no ultimo parégrafo do extracto. 3. Esclareca a importancia deste extracto para a compreensio da globalidade da obra, VS.FF. 14/9 GRUPO I INSTRUGOES, CRITERIOS DE CLASSIFICAGAO E COTAGOES ‘* A sua resposta serd classificada atendendo aos seguintes aspectos: ~ apresentagao do plano organizador, = adequa¢do do desenvolvimento ao plant = pertinéncia da selec¢ao de conhecimentos da obra para o tratamento do tema; = posicionamento critico/problematizador; — coerénecia | do discurso; ~ utllzagao precisa da terminologia flosdfica; comecg&o da expresséo esctita ‘+ A nao identificagso do tema e da obra implicaré uma pontuagao de 0 (zero) pontos.. ‘= A opco por um par obra-tema diferente dos que sao apresentados na prova implicara uma pontuagao. de 0 (zero) pontos. '* A inadequagio da sua resposta a questao formulada implicara uma pontuagao de 0 (zero) pontos. Na sua resposta devera: indicar 0 par obra-tema que seleccionou; apresentar um plano organizador: expor © modo como o tema é tratado na obra; posicionar-se de uma forma criticafprablematizadora perante 0 tratamento que Ihe foi dado pelo autor na obr uilizar aproximadamente 80 linhas (cerca de 640 palavras). COTACAO .. (1 80 pontos)... Total do Grupo It 80 pontos 80 pontos 114/10 GRUPO LL QUESTAO Seleccione apenas. uma das obras que the é proposta e desenvolva o tema snexo. TEMAS ‘OMESTRE, 8, Agostnho PROSLOGION, S. Anselmo. (O SER E A ESSENCIA, S. Tomés de Aquino. REDUGAO DAS CIENCIAS A TEOLOGIA, S. Boaventurn-- INTRODUGAO A HISTORIA DA FILOSOFIA, G. W. F. Hegel. ‘TENDENCIAS GERAIS DA FILOSOFIA NA SEGUNDA METADE DO SECULO XIK, Antero de Quentin ‘AORIGEM DA TRAGEDIA, F. Nietzsche. OA CERTEZA, L. Witgensten ELOGIO DA FILOSOFIA, M. MarteaU-POn sn nvnennnsnnnn (OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA, B. RUSSO noon A PROBLEMATICA DA SAUDADE, Joaquim de Carvalho. DA ESSENCIA DA VERDADE, M. Heidegger... - TTEORIA DA INTERPRETAGAO, P. Ricoeur... COTAGOES GRUPO GRUPO IL. TOTAL . Conhecimento da verdade Pensar e ser A realidade dos universais Conhecimento verdadeiro Filosofia e conhecimento cientifico Espirito @ realidade Limites da pelavra Saber e crenga A condig&o do filbsofo Conhecimento ¢ ser Tempo e saudade Verdade @ discurso Estatuto da interpretagao 120 pontos. 80 pontos 200 pontos, 11441 PONTO 114/C/9 Pags. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDARIO 12° Ano de Escolaridade (Decreto-Lel n.° 286/89, de 29 de Agosto) Cursos Gerais — Agrupamentos 3 e 4 Duragio da prova: 120 minutos Lt FASE 1999 2." CHAMADA PROVA ESCRITA DE FILOSOFIA COTAGOES, GRITERIOS E SUGESTOES DE CLASSIFICAGAO AINDICAGAO DO NUMERO DE LINHASIPALAVRAS VISA APENAS ORIENTAR O ALUNO RELATIVAMENTE ‘AO GRAU DE DESENVOLVIMENTO DA RESPOSTA, PELO QUE NAO SE PROPOE QUALQUER PENALIZAGAO PARA © NAO CUMPRIMENTO DESSA INDICACAQ. GRUPOT Questées 1. ¢ 2. CRITERIOS PONTUAGAO Rigor da andlise...... 10 pontos Coeréncia ldgica do discurso. . 7 pontos Uliizago precisa da terminologia floséfica.... 4 pontos Correcgdio da expresso escrita.. 4 pontos TOTAL... 25 pontos TOTAL das Questies 1. 2. .50 pontos © Alinadequagio da resposta questo formulada implica uma pontuago de 0 (zero) pontos. © Amera transcrigéo de frases do texto implica uma pontuago de 0 (zero) pontos. Questo 3. CRITERIOS. PONTUAGAO. ‘Adequacdo dos conhecimentos mobiizados. 35 pontos Coeréncia légica do discurso.. 415 pontos Utiizacao precisa da terminologia floséfi 40 pontos Correcgéo da expressdo escrita 10 pontos TOTAL da Quest80 3.0 nnn * A inadequagao da resposta 4 questo formulada implica uma pontuag&o de 0 (zero) pontos. # Se a resposta ndo manifestar conhecimento da obra, a ponluagdo seré de 0 (zero) pontos. TOTAL DO GRUPO | .. 120 pontos VS.FF. 14icrt Como sugestées de correcgfo, apresentam-se os seguintes tépicos: GRUPO I DA NATUREZA, Parménides 4. O ser tem limites. E cheio, pleno, completo. Cada um dos pontos da circunferéncia é simuttaneamente principio e fim. 2. Nao existindo o nfo-ser, os mortais n&o deviam denominar ou descrever o ser “de forma contraria’. Sé 0 ser 6. Logo, s6 deviam ter nomeado uma forma, Ao ser se referem todos os nomes. 3, A via da Verdade e a via da Opinio. Identidade entre o ser @ 0 pensar. Ser, conlrario de ndo-ser. Confito entre a experincia sensivel e a realidade pensavel. GORGIAS, Platéo 4. Distinguem-se pelos seus objectivos: = uma visa o prazer (dinheiro, poder) @ ndo 6 mais do que uma forma de adulagdo, sem dignidade; = outra visa aperfeigoar (honestamente) 0 objecto dos seus cuidados: o corpo ou a alma. 2. Examinar se conhecem a arte a que vo dedicar-se: aferindo 0 valor dos seus mestres; ~ praticando essa arte sob a sua orientago; = pondo-se & prova, realizando previamente, sozinhos, obras de valor. 3. O que se deve exigir 20 estadista: ~ aptidao para as suas tarefa = uso da “retérica verdadeira’ ~ ensinando a justi = disposigdo para servir 0 povo — lutar no sentido de methoré-lo o mais possivel © que caracteriza o filésofo: a cultura e a prética da verdadeira arte politica. A escolha do género de vida: a retérica @ a filosofia. FEDON, Platao 1. O fildsofo tenta libertar a alma do corpo, impedindo que ela se abandone a prazeres e sofrimentos; segue na via do raciocinio e no da opinido; deseja a morte, como libertagio. 2. Diferentes destinos para as almas dos fildsofos e as “do comum das pessoas’ =a alma dos filésofos, ao separar-se do corpo, iré reunir-se a0 que & conforme a sua naturez2; =a alma do comum das pessoas, chegando ao Hades impura, nao tarda a reencamar. 3. A imortalidade da alma © a concepgao ascélica da vida Existéncia anterior da alma - conhecimento dos seres inteligiveis. Natureza da alma, simples e incorporea - semelhanca com os seres inteligiveis. © simples como no decomponivel por natureza. As representagdes inteligivels como objecto de fundamentagao da imortalidade. Confianga perante a morte: perfil espirilual do fildsofo, razZo, crenca. s14icr CATEGORIAS, Aristételes 4, Substancias primeiras: = entes individuais, nao so dias de nenhum sujeito e s80 auto-subsistentes; = tém primazia - so «sujeitos de...». Substéncias segundes: = predicarn-se das primeiras — espécies, esséncias; = definem essencialmente as substancias primeiras. 2. A definigso: = responde pergunta «o que 6?» — exprime-se por uma frase predicativa; = consista na indicagdo da esséncia, feta pela diferenga especifica dentro do género. 3. Demonstra que a obra trata das coisas que existem: relagdo de predicacgo — ser predicado de tum sujeito - 6 uma relago entre coisas e ndo entre um nome e uma coisa. A distingao entre predicagao e ineréncia - existir em um sujeito — permite distinguir dois tipos de estrutura légica que a frase predicativa pode possuir e que a linguagem nao evidencia: =o homem 6 um animal ~ relag&o de predicagéo (animal predica-se de homem); = 0 corpo & branco — relagao de ineréncia {0 branco existe no corpo). Concretizagéo da distingao entre coisas sinénimas, homénimas e paronimas. PRINCIPIOS DA FILOSOFIA, R. Descartes 1. Falibilidade dos nossos julzos antes do “inteiro uso da raz’ Confianga excessiva na capacidade de julgar. Precipitago no acto de julgar. 2. Ambito de aplicagso — a procura da verdade: duvidar do que parece falso, duvidar do que é duvidoso. Limites da davida no campo moral, dada a normal urgéncia das decisées. 3. A duvida cartesiana — sua fungdo e caracteristicas. A primeira certeza: os principios do conhecimento, Necessidade de uma garantia da verdade das ideias. CARTA SOBRE A TOLERANCIA, J. Locke 4. Conhecimento de vercades aceites pela {6 - adesdo espontanea da consciéncia, independente- mente da vontade. Duplo émbito desses conhecimentos: = uns referem-se vontade e aos costumes — a pralica; = outros & opinigo e ao intelecto — a especulagao. 2. Os dogmas especulativos apenas exigem ser acreditados. ‘A {6 no pode ser imposta pela lei civil, pois nem sequer depende da vontade. Os artigos de {8 no interferem nem com o poder do magistrado, nem com os bens civs. VS.FF. 114/03, 3. O que é 0 Estado e quais os seus poderes. Nenhum Estado tem o direito de impor uma fé religiosa. Os meios de que 0 Estado dispe para coagir os individuos nao s80 capazes de thes incutir crengas, Dislingo entre coisas necessérias e coisas indiferentes. A diversidade de religides & compativel com a salvaguarda dos interesses materiais. ‘A toleréncia como condi¢go de seguranga e paz no Estado. DISCURSO DE METAFISICA, G. W. Leibniz 1. Desconhecimento do sentido da determinagao. Obrigatoriedade de agir como se tudo dependesse de nés. Exigencia de esforco e reflexSo antes da acgao. 2. Avontade ¢ livre: — tende sempre para o bem (ainda que apenas aparente); = exprime ou imita a vontade de Deus. 3. Problematica da vontade humana e da sua relagéio com Deus. ‘As substancias encerram em si tudo quanto thes vier a acontecer, por determinago. ‘As substancias possuem a capacidade de deliberar e de decidi Distingdo entre razo suficiente, prevista e ordenada por Deus, e imposi¢go ov necessidade. Gratuidade da graca divina — seu fundamento na vontade de criar o melhor dos mundos. Principio da harmonia preestabelecida. FUNDAMENTAGAO DA METAFISIGA DOS COSTUMES, I. Kant 1. A boa vontade nao é boa por causa das suas realizagdes, mas apenas pelo querer. Nao pode ser avaliada pelos seus resultados — pelo critério da utiidade. ‘Ainda que nada conseguisse alcangar — apesar do emprego de todos as esforgos — continuaria a Rossuir 0 seu pleno valor. E boa em si mesma. 2. Teré agido bem a natureza ao dar a razdo humana 0 encargo de govemar a vontade? Nao serd pura fantasia a ideia do valor absoluto da vontade, isto é, a avaliacéo do seu valor wdependentemente da utiidade? 3. Averdadeira finalidade da natureza num ser dotado de razo ¢ vontade nao é a felicidade; a razao tem como verdadeiro destino produzir uma vontade boa em si mesma Vontade boa em si mesma é 0 bem supremo, condic&o de todo 0 bem, incluindo a aspiracéo a felicidade. S6 é digna de respeito a lel racional em si mesma. Uma vontade absolutamente boa determina-se pelo principio @ priori, puramente formal, sem alender 3s motivagdes sensiveis ~ age por respeito ao dever e no apenas em conformidade com ‘obedece a lel independentemente das inclinagbes sensiveis. fade de fundar a moral na experiéncia. 114/074 GRUPO II CRITERIOS PONTUAGAO Plano organizador — estrutura € adequagSo......ns 8 pontos Mobilizaggo de conhecimentos da obra’ ... 20 pontos. Pasicionamento critico/problematizador* 20 pontos. Coeréncia légica do discurso 20 pontos Correcgo da expresso escrta. 12 pontos TOTAL... 80 pontos, TOTAL DO GRUPO IL ..... 80 pontos *Desdobravel em: ~ seleceao correcta dos conhecimentos da obra para desenvolver 0 tema escol — utilizagao precisa da terminologia filoséfica. “A resposta deve reflectir uma apropriagao pessoal dos conhecimentos, apresentando uma apreciago do modo como o tema foi tratado na obra. * Se 0 aluno ndo identificar a obra e nao resultar dbvio do seu texto a que obra se estd a referir, ‘ou se escother um par obra-tema diferente dos indicados, a pontuago serd de 0 (zero) pontos. ‘© A inadequagao da resposta 4 questo implica uma pontuago de 0 (zero) pontos. ‘+ Dado 0 objectivo deste grupo, os tépicos a seguir apresentados séo meras sugestdes. Serdo de aceltar respostas diversificadas, desde que se reportem a um dos pares obra-tema Indicados na prova e contemplem os aspectos mencionados nos critérios. V.S.FF. 114/015 © MESTRE, S. Agostinho ‘TEMA: Conhecimento da verdade ‘© conhecimento da verdade: implica 0 nivel do discurso; = no 6 um efeito do discurso (que no possui uma natureza ostensiva mas apenas admonitiva); = 6 condi¢&o do reconhecimento do valor de verdade do discurso; = € anterior a0 discurso; — nfo tem uma origem exterior, o mestre exterior limita-se a apontar a origem interior da verdade; = depende da luz do Mestre interior (Cristo), que é a propria Verdade. PROSLOGION, S. Anselmo TEMA: Pensar e ser Existoncia de realidades pensadas subordinadas ao pensamento: este pode pensé-las como nao existentes. Apenas existe uma realidade pensada que no esté subordinada ao pensamento: este nao pode pensé-la como no existente. (© dominio tagico exige uma existéncia extralégica ontolégica: pensar a esséncia de Deus exige a Afirmacao da Sua existéncia ~ Deus néo pode ser pensado como inexistente. ‘Apenas relativamente a esta realidade, o pensamento conduz necesseriemente ao ser. © SER E A ESSENCIA, S. Tomas de Aquino ‘TEMA: A realidade dos universais ‘O que existe so realidades concretas, coisas (as substancias primeiras de Aristételes); néo existem afirmagbes ou negagbes — a verdadeira realidade 6 a substancia individual, concreta. A individuago e a existéncia opdem-se a definicSo, que & universal Recusa da hipostasiacdo do concelto, que ¢ abstracto. Os universais no tém estatuto ontol6gico, mas apenas légico. REDUGAO DAS CIENCIAS A TEOLOGIA, S. Boaventura TEMA: Conhecimento verdadeiro Muminag3o cognitive: = lluminag&o do conhecimento & interior; —existem quatro lumes — lume exterior (arte mecdnica), inferior (conhecimento sensitivo), interior (conhecimento filoséfico), superior (graga e Sagrada Escrtura), verdadeiro conhecimento como justificago ¢ fundamentac&o do modo de ser da criatura na andlise da sua causa exemplar — Deus na origem de toda a criagao, como exemplo de tudo quanto existe ‘quer no dominio do conhecimento, quer no dominio dos existentes. Recondugao dos varios conhecimentos humanos a Deus, & Teologia. 114/016 INTRODUGAO A HISTORIA DA FILOSOFIA, G. W. F. Hegel TEMA: Fiosofia e conhecimento cientifico (© conhecimento e 0 pensamento so elementos comuns as ciéncias particulares e & filosofia. Nas ciéncias particulares: — 9 objecto 6 © fendmeno, os objectos finitos; — 08 fundamentos Ultimos sao pressupostos; = 9 método pressupde @ logica e o$ principios fundamentals do pensar em geral AA filosofia, para os alem&es, diferencia-se das ciéncias particulares, que apenas pensam a finitude. Diversidade de pos 1amento perante a questo, nao s6 na contemporaneidade de Hegel, como no comego da cultura. ‘A filosofia também se ocupa de coisas finilas, mas, “segundo Espinosa, enquanto permanecem na ideia divina’. A filosofia é actividade auto-activa do espirito. TENDENCIAS GERAIS DA FILOSOFIA NA SEGUNDA METADE DO SECULO XIX, Antero de Quental ‘TEMA: Espirito e realidade Recondugdo do espirito a sua unidade possivel — no no plano légico, mas no plano da existéncia — mantendo a diversidade das suas manifestagdes. Limitagbes das explicagbes materialistas, S60 processo de auloconsciencializacio do espirto permite responder 4 questo da causa tiltima de tudo, O espirito esté presente em todos os seres (das particulas aos seres racionais). A realidade & de nalureza espirtual. ‘A ORIGEM DA TRAGEDIA, F. Nietzsche TEMA: Limites da palavra ‘A palavra 6 simbolo das aparéncias, é uma reprodugao do fenémeno. Os conceitos s8o generalizagbes, abstracgbes. ‘© mundo é um jogo tragico de forgas em oposigao (Apolo e Dionisos). E pela arte que se produz e esclarece tudo quanto existe. ‘A compreensdio auténtica da verdadeira esséncia do mundo — 0 Uno primordi conhecimento tragico, pela misica. ‘A misica 6 a reproducéo imediata da Vontade, da coisa em si. ser no pode ser dito pelas palavras, s6 a misica o pode exprimir. — s6 se obtém pelo V.S.FF. 114/cr7 DA CERTEZA, L. Wittgenstein ‘TEMA: Saber e crenca Crenga e saber s8o conceitos distintos. ‘Acrenga nao implica a explicagao das suas razbes em termos de verifical Negi © saber implica a apresentagdo de explicagdes das suas razdes em termos de verificabilidade ‘empirica ¢ coeréncia logica, A explicagdo dada recorre a um fundo de referéncias adquiridas, que esto na base de crengas, fundo que esta implicito em qualquer propasig&o que exprima um saber ou uma hipétese. Existéncia de proposigSes da ordem da imagem do mundo, que no derivam de qualquer outra, ‘servem de suporte de outras e S80 consideradas como necessariamente vélidas, mas de validade nao verificavel, ‘Os saberes devem-se a uma animalidade humana. A base do saber reside na sociabilidade humana. ‘Algumas crengas tém algo de necessério e quase organica: sao elas que conferem coeréncia racionalidade a vida. ELOGIO DA FILOSOFIA, M. Merleau-Ponty "TEMA: A condigao do filbsofo filosofo: = tem 0 gosto da evidéncia e sentido da ambiguidade ~ os grandes filésofos adoptam 0 equivoco como tema @ nele fundam certezas; — recusa 0 direito de se instalar no saber absoluto, mesmo quando pretende construir uma filosofia ; assume-se como aquele que sabe que = assume 0 movimento incessante do saber a ignoréncia, ¢ desta ao saber, como um certo repouso esse movimento; — conta apenas com a verdade, com ele proprio @ com os outros; = quer estar simultaneamente em toda a parte, correndo o risco de no estar nunca inteiramente em ‘nenhuma. ‘A sua oposi¢o nunca é agressiva; toma-se inquietante pela “rebelde dogura, sonhadora adesdo @ a presenca impalpavel". Referéncia a situaco do filésofo modemo, funcionério, escritor — continuando a admirar Socrates, a sua antitese. OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA, B. Russell ‘TEMA: Conhecimento e ser Distingdo de varios tipos de conhecimento — imediato ou derivado, de coisas ou de verdades. Reconhecimento da existéncia de objectos reais independentes do sujelto que conhece: “objectos fisioos que possuem uma existéncia em si, independentemente do facto de os percepcionarmos”. renga na possibilidade de um acesso directo aos dados dos sentidos. aici ‘A PROBLEMATICA DA SAUDADE, Joaquim de Carvatho ‘TEMA: Tempo e saudade © tempo confere existéncia a saudade. Dos tr8s momentos do tempo — passado, presente e futuro - apenas primeiro & determinante na saudade. A carga afectiva do passado desperta na consciéncia saudosa a sua evocago, remetendo-a para essa situagao emotiva. A saudade anula a relagao actual entre a consciéncia e o mundo, para se fixar no passado: a repre- sentagdo da realidade actual é desvalorizada, @ a de certos momentos passados é sobrevalorizada. E 0 contrario da consciéncia apaixonada, que @ consciéncia imersa no tempo presente. DA ESSENCIA DA VERDADE, M. H jidegger TEMA: Verdade e discurso Definigao de verdade. Verdadeiro ~ coisa verdadeira ou proposigao verdadeira — como aquilo que est4 conforme, que concorda. A esséncia da verdade da proposigao:consiste na correcgdo do enunciado \Verdade como conformidade, semelhanca, referéncia, de um enunciado com uma coisa. (© enunciado representa a coisa. @ discurso que se rege pelo ente, que é de tal modo indicador, ¢ verdadeiro; o que é dito de tal modo 6 0 verdadeiro, A verdade nio reside originariamente na proposi¢go, mas a possibiidade intema do comportamento aberto concede & correopao do enunciado a reputagao de realizar a esséncia da verdade. TEORIA DA INTERPRETACAO, P. Ricoeur TEMA: Estatuto da interpretagso ‘Ampliagéo do ambito da hermenéutica floséfica: abertura & diversidade de discursos e & acco humana. (© processo interpretativo aplicado ao texto escrito pode aplicar-se & acgdo humana com sentido. A interpretagéo da acco humana reclama simultaneamente uma explicagdo causal dos acontecimentos e a compreensdo intencional das motivagbes. ‘A relecdo entre verdade @ método: — ullrapassagem da dicotomia tradicional entre explicagao (ciéncias da natureza) @ compreens&io (Giéncias humenas); = afirmago da relago dialéctica entre explicaggo e compreensdo - dar @ compreenso a fungao de preceder, acompanhar e fechar a explicagao, possibilitando a apropriagdo de sentido. ‘A condigdo humana como a de sujeltos interpretantes e interpretados. A interpretago como produtora da subjectividade. 114/019

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