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a5 Po Direito Tributdrio para Pref. Niteréi— Agente Fazendério fa Estratégia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 AULA 00: Conceito e Classificagao dos Tributos SUMARIO TSR Apresentagao do Professor e Consideragdes sobre 0 Curso O1 Cronograma do Curso 03 Apresentagao da metodologia do curso 04 Nogées Introdutérias 07 Conceito de Tributos 15 Natureza Juridica dos Tributos 25 Espécies de Tributos 30 Classifica¢o dos Tributos Sequndo a Doutrina 93 Lista das Questdes Comentadas em Aula 100 Gabarito das Questdes Comentadas em Aula 122 ee CU et oe eRe Olé meu amigo(a)! Tudo bem com vocé? E com enorme prazer que lanco mais um curso aqui no Estratégia Concursos, mais uma vez direcionado ao cargo Agente Fazendario da Secretaria Municipal de Fazenda de Niter6i. Foram previstas 50 vagas iniciais, acrescidas de outras 150 vagas destinadas ao cadastro de reserva, o que resulta em 200 vagas para este concurso! A remuneracio do cargo é de R$ 2.168,12. Cabe destacarmos que a FGV serd banca responsvel pelo concurso. Apés uma andlise critica das suas questées anteriores de Direito Tributario, chegamos a conclusio de que € possivel fazer uma boa prova, com tranquilidade! E por esse motivo que vamos realizar um curso completo, abordando todos os detalhes necessdrios para se fazer uma excelente prova! Vamos aproveitar desse razoavel tempo que temos até a data de aplicacdo das provas para ficar “craque” em Direito Tributario e, mais importante, mandar muito bem nessa prova. Combinado? Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 1 de 122 Kui Direito Tributério para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estratégia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Para ser aprovado neste concurso, é imperioso que vocé domine os conceitos relativos ao Direito Tributario. Digo isso, pois o candidato devera ter a pontuag&o minima para ser aprovado. Nas paginas seguintes, explicaremos como seré a metodologia deste curso. Antes, porém, permita-me fazer uma breve apresentagdo pessoal: meu nome é Fébio Dutra. Sou Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, lotado na Delegacia da Receita Federal em Osasco - SP. Sou também pés-graduando em Direito Tributério. Fui aprovado no concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de 2012, tendo alcangado a 28 posig&o nesse certame extremamente dificil. Destaco que o indice de aprovacio dos meus cursos aqui no Estratégia Concursos é muito préximo de 100%, sendo que em alguns deles alcangamos a aprovacéo unanime dos alunos. Portanto, tenha certeza de que vocé esta adquirindo um material de excelente qualidade! Observacaéo Importante: Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e legislagio sobre direitos autorais e da outras Grupos de rateio e pirataria séo clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe, adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 2 de 122 Direito Tributario para Pref. Niterdi— Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 ECR kee FEN ASSUNTO ABORDAD UTE) ‘Aula 0. | Conceito e Classificacao dos Tributos. PUBLICADA ‘Aula 1. | Limitaghes ao Poder de Tributar (Principios Tributarios). RUSEEADA ‘Aula 2 | Limitaghes ao Poder de Tributar (Imunidades Tributarias). 16/10 ‘Aula 3 | Competéncia Tributaria, Impostos de Competéncia da Unido. eta ‘Aula 4 | Impostos de Competéncia dos Estados. Reparticdo das Receitas Tributarias pele) Aula 5 | Impostos de Competéncia dos Municipios. 31/10 Tegislagao Tributaria. Vigéncia da Legislacdo Tributar Aula 6 | aplicacgo da Legislacso Tributéria. 05/11 Interpretacdo e Integracao da Legislacéo Tributéria. Obrigado Tributéria: Principal e Acessoria. Fato Gerador da Obrigacao Tributaria. ‘Aula 7. | Suieico Ativa e Passiva. Capacidade Tributaria. aay ts Solidariedade. Domicilio Tributério. Aula 8 15/11 Responsabilidade por Infracées Crédito Tributario: Conceito. Aula 9 | Constituicdo do Crédito Tributério. Langamento: Conceito e Modalidades de Lancamento. 2oya1 Hipéteses de Alteracio do Lancamento. Suspensao da Exigibilidade do Crédito Tributario: Conceito © Aula 10 | Modalidades. 25/11 Exclusdo do Crédito Tributério: Conceito e Modalidades. Extingao do Crédito Tributario: Conceito e Modalidades. Auless, Pagamento Indevido e Repeticso do Indébito Tributério. 30/11 Garantias e Privilégios do Crédito Tributario. Aula 12 | administracdo Tributaria: Fiscalizagio, Divida Ativa e 02/12 Certidées Negativas. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 3 de 122 Las Direito Tributdrio para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estratégia Curso de Teoria e Questdes Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 eee Mcrae) Vamos abordar, durante o curso, toda teoria necessdria para que vocé compreenda os tépicos do edital de forma completa. Lembrando-se de que nao vai ser exigido de vocé nenhum conhecimento prévio de Direito Tributari As aulas init provavelmente teréo um niimero maior de paginas, tendo em vista o fato de o aluno estar comecando o estudo da disciplina, 0 que muitas vezes é uma tarefa dificil. Por esse motivo, busquei deixar o assunto bastante claro para qualquer nivel em que vocé esteja. A medida que nosso curso for avancando, as explicacdes vo se tornando mais sucintas, tendo em vista que vocé ja sera capaz de estabelecer uma boa relacéo entre os assuntos. Sendo assim, faremos o possivel para trazer 0 assunto completo no minimo de paginas possivel. Dessa forma, esse curso vai ser aplicdvel tanto aos concurseiros iniciantes, como aqueles que jd estéo em um nivel mais avangado, querendo apenas revisar os detalhes atinentes ao que a banca esta solicitando no edital. Isso porque 0 curso seré completo, e, ao mesmo tempo, sucinto! Além da teoria, vamos comentar também indmeras questées, trazendo para vocé o maximo de questées da FGV, para irmos, no decorrer do curso, compreendendo a forma com que a banca aborda cada tépico do edital. E claro que também vamos também analisar muitas outras questdes de excelentes bancas, como FCC, ESAF e CESPE. E nao para por ail Todas as questées serio devidamente comentadas! E importante deixar claro, contudo, que nem todas as aulas teréio o volume expressivo que esta contém, pois nem todos os temas sdo to fartos de questées, Fixemos, pois, a meta de comentar 80-90 itens por aula, combinado? Observacao: Dedicaremos a aula final deste curso para comentar todas as) questées de Direito Tributario, cobradas na prova do ultimo concurso. Vamos sanar todas as diividas que possam ter surgido! Atualmente, as bancas tendem a cobrar diversos assuntos em uma mesma quest&o. Como vocé esta iniciando um curso do zero, nao faz o menor sentido incluir uma quest&o sobre crédito tributario, por exemplo, nessa aula, que ira tratar apenas sobre os conceitos e a Classificacéo dos tributos. Justamente por isso, dividiremos as questdes em assertivas, no modelo Certo e Errado! Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 4 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Hé de se ressaltar que, quando as questdes tratarem unicamente do assunto abordado na aula, vamos inseri-la de maneira completa, ou seja, com todas as respectivas alternativas. Vocé também vai se deparar com algumas questdes inéditas, elaboradas por mim. O objetivo é suprir com questées alguns assuntos ainda néo explorados pelas bancas, para que o candidato visualize como pode vir a ser cobrado em sua prova. Nés iniciaremos todos os assuntos trazendo os conceitos tedricos e, em seguida, comentaremos as questdes a eles pertinentes. Ao final da aula, 0 aluno tera acesso a todas as questdes, sem os comentarios, para treinar, haja vista a importancia de se repetir a resolucdo de questées em que o aluno errou ou mesmo que julgou serem importantes! Caso haja algum assunto especifico que vocé nao tenha entendido muito bem durante as aulas, sinta-se a vontade para me perguntar no nosso forum de duvidas! Nao deixe de ler também as diividas dos demais colegas, pois elas podem ser as mesmas que as suas. Em tempo, devemos destacar que, sempre que se fizer necessai nés faremos um alerta sobre detalhes importantes acerca da matéri: Ok? Antes de comecarmos a estudar, preciso que vocé faga o seguinte: imprima (caso tenha esse costume) ou salve em PDF o Cédigo Tributario Nacional completo e também a Constituic&o Federal, entre os arts. 145 a 162. Seguem os enderegos abaixo: Cédigo Tributério Nacional: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LS172Compilado.htm Constituicaéo Federal (apenas entre arts. 145 a 162): http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm “Pra que isso, professor?” A partir de agora, vocé criaré o compromisso comigo de ler esses dois arquivos diariamente, nem que seja muito pouco (2 paginas de cada um por dia). Além disso, sempre que eu fizer mencéio a um dispositivo legal, vocé vai abrir 0 arquivo é observar como estd escrito na lei. Caso vocé siga esse conselho, tenho certeza de que o seu desempenho sera muito superior aos demais candidatos! Por fim, desejo-lhe muito sucesso nesse caminho que vocé se propés a trilhar! Que venha a nossa primeira aula!! Comecemos! Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 5 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 1 - NOGOES INTRODUTORIAS 1.1 - O Direito Tributario Nao se preocupe com a quantidade de paginas que essa aula possui. Saiba que vamos comentar aqui mais de 100 assertivas, e, ao final da aula, copiei todas elas, sem os comentarios, para posteriores resolugées a titulo de treinamento. Antes de iniciarmos o contetido propriamente dito da disciplina, precisamos nos ater a alguns conceitos basicos sobre o Direito Tributario. Vamos em frente! Em primeiro lugar, destaca-se a importante divisio do Direito em privado e publico. O primeiro se refere as relaces entre particulares, bem como aquelas entre um particular e o Estado, desde que esse esteja despido de seu poder de império. Para quem ainda ndo sabe, esse poder é 0 que permite ao Estado impor sua vontade - 0 interesse ptiblico - ao particular, independentemente da vontade dele. Sendo assim, © direito privado estd relacionado aos_interesses particulares de cada pessoa, até mesmo do Estado. Cite-se, por exemplo, um contrato de aluguel entre o Estado do Rio de Janeiro (locador) e um individuo (locatério). Este contrato seré regido pelas normas de direito privado, mesmo que uma das partes seja uma pessoa juridica de direito publico. Por outro lado, o direito ptiblico rege as relacdes em que uma das partes necessariamente seré uma pessoa juridica de direito pliblico, e esta possui poderes que a colocam em uma situagao privilegiada diante dos cidadaos. Isso tudo é possivel porque o Estado esta visando aos interesses coletivos da sociedade de uma forma geral, enquanto o particular visa a seus proprios interesses. Outro aspecto interessante a respeito do regime juridico de direito plblico sfo os seus principios norteadores, quais sejam: supremacia do interesse publico sobre o particular e indisponibilidade do interesse publico. Conforme eu afirmei logo acima, o principio da supremacia do interesse puiblico sobre o particular esta intimamente relacionado ao fato de que o poder publico deseja satisfazer os interesses coletivos e, para que isso seja concretizado, muitas vezes é necessério ir contra a vontade de determinado cidad&o. Como exemplo, pode-se citar a desapropriacdo de certo imével de um particular para a construcéo de uma escola publica. Conseguiu entender a légica agora? Vamos para mais um exemplo, agora mais préximo da nossa realidade no Direito Tributédrio. Imagine como seria a cobranca de tributos se o Estado Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 6 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 n&o pudesse impor sua vontade arrecadatéria sobre o particular? Cada um pagaria 0 que quisesse, e nés sabemos que ninguém iria querer pagar. Ent&o, nao haveria recursos publicos para a satisfagdo do bem comum. © outro principio afirma que o interesse piblico ¢ indisponivel. Dessa forma, um servidor ptiblico nao pode fazer o que bem entender com o patriménio ptiblico, sob pena de responder pessoalmente por isso. Se um sujeito deve ao Estado R$ 1.000,00 de IPVA, o agente ptiblico nao pode perdoar tal divida, por entender que o cidadao no possui recursos disponiveis para o pagamento da exacao. Perceba que, se os recursos so pliblicos, somente o povo pode dispor de tal patriménio, o que é feito mediante lei, editada pelos representantes do proprio povo (deputados e senadores, no 4mbito federal). No ultimo exemplo, somente uma lei estaria apta a conceder o perddo (remissdo) de tal divida tributaria, Veja que assim diz a CF/88 (Art. 150, § 6°): "§ 6.° Qualquer subsidio ou isencéo, redugéo de base de célculo, concesséo de crédito presumido, anistia ou remissao, relativos a impostos, taxas ou contribuicées, s6 poderd ser concedido mediante lei especifica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente iributo ou contribuig&o, sem prejuizo do disposto no art. 155, § 2.9, XII, g.” Agora, faco uma pergunta: 0 Direito Tributério € um ramo do direito publico ou do direito privado? Se vocé leu atentamente a explanacéo acima, péde perceber que o Direito Tributério € uma ramificagéo do direito puiblico, pois os principios norteadores do regime juridico de direito puiblico se encaixam com os exemplos citados a respeito dos tributos. Outra pergunta a ser feita: o Estado pode estar submetido ao direito privado em alguma situac&o? Sim! Neste caso, n&o temos a presenca do poder extroverso — de império -, capaz de se impor sobre o particular. Agora que vocé ja sabe que o Direito Tributario é uma das ramificagdes do direito publico, vamos ao seu conceito. De acordo com o ilustre Luciano Amaro! (grifamos): "(...) 0 direito tributério é a disciplina juridica dos tributos. Com isso se abrange todo 0 conteddo de principios e normas reguladores da criacdo, fiscalizagao e arrecadagao das prestacées de natureza tributdria.” * AMARO, Luciano. Direito Tributdrio Brasileiro. 14 Ed, Saraiva, 2008, Pag. 02 Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 7 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Com isso, vocé percebe que ha uma limitagdo de nosso estudo, pois nao nos interessa estudar as destinaces que seréo dadas as receitas tributarias j4 arrecadadas. Tanto 6 que o art. 4° do CTN evidencia que o destino da arrecadacao é irrelevante para definir a natureza juridica de um tributo. Tal tema é tratado de forma aprofundada pelo Direito Financeiro. Contudo, cabe observar que veremos adiante algumas espécies de tributos cuja destinag&o da receita importa ao estudo do Direito Tributdrio, porque assim diz a nossa CF/88. Outra caracteristica do Direito Tributario que vocé precisa guardar é que se trata de um ramo auténomo do Direito. Isso ocorre porque tal ramo possui principios especificos proprios, como o principio do nao confisco, por exemplo, que serao detalhados nas aulas seguintes. 0 Direito em si é uno. O que ocorre sao ramificagdes com objetivo meramente didatico. Vamos deixar isso esquematizado: Direito Publico Direito Privado Apenas diviso didatica 4 HORA DE | raticar! Quest4o 01 - FD/INEDITA/2015 Pode-se dizer que hé plena autonomia do Direito Tributério em relag&o aos demais ramos do Direito, devido ao fato de possuir principios préprios. Comentario: Podemos até dizer que o Direito Tributario é um ramo auténomo do Direito, por possuir principios especificos, conforme vimos em aula. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 8 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Contudo, destaque-se que esta autonomia é meramente didética, pois o Direito, como um todo, € uno. Portanto, néo podemos falar em total independéncia. Questao errada. Questao 02 - FCC/Procurador-SE/2005 Direito Tributario é 0 conjunto de normas que: a) regula o destino dos valores arrecadados a titulo de tributo dentro da maquina do Estado. b) regula 0 comportamento dos agentes publicos na condugdo orgamentéria da Administracéo Publica Direta e Indireta. c) regula © comportamento dos agentes piblicos na condugo orgamentéria apenas da Administracao Publica Direta. d) regula o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres ptiblicos. e) compéem a Lei Orcamentéria, a Lei Plurianual e a Lei de Diretrizes Orcamentérias. Comentario: Alternativa A: O destino das arrecadacées tributarias é estudado pelo Direito Financeiro. Item errado. Alternativa B: O comportamento dos agentes publicos é estudado no ambito do Direito Administrativo e no Direito Penal. Item errado. Alternativa C: Aplica-se aqui o comentério realizado na alternativa anterior. Item errado. Alternativa D: Essa é uma definicgo simples do Direito Tributdrio. Basicamente, podemos dizer que este ramo do Direito regula o comportamento das pessoas de levar o dinheiro aos cofres ptiblicos. Portanto, item correto. Alternativa E: Tais leis dizem respeito ao orcamento piiblico, que é estudado pelo Direito Financeiro. Item errado. Gabarito: Letra D Questo 03 - ESAF/AFTN/1991 Em relago ao Direito como um todo, 0 Direito Tributario: a) € totalmente independente dos demais ramos, possuindo metodologia propria de interpretagao e estruturago. b) vincula-se apenas ao Direito Administrativo, ndo se relacionando com os demais ramos. c) vincula-se apenas ao Direito Constitucional, nao se relacionando com os demais ramos. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 9 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 d) é considerado auténomo apenas do ponto de vista didatico, relacionando-se com todos os demais ramos, dada a unicidade do Direito. e) relaciona-se apenas com os demais ramos do Direito Publico, prescindindo totalmente dos diversos ramos do Direito Privado. Comentari Alternativa A: N&o deixe se iludir por essa pegadinha. Lembre-se de que hé apenas autonomia didatica, mas 0 Direito, como um todo, é uno. Portanto, nado podemos falar em total independéncia. Item errado. Alternativa B: Na verdade, o Direito Tributdrio estabelece certa relacio com varios outros ramos do Direito, a exemplo do Direito Financeiro, Administrativo, Penal, Civil, Processual etc. Por isso, nao podemos simplesmente restringir essa vinculagéo ao Direito Administrativo e Constitucional. Item errado. Alternativa C: Vale os mesmos comentérios em relacdo a assertiva anterior. Item errado. Alternativa D: Veja que essa assertiva proposta pela ESAF se encaixa perfeitamente no que estudamos até agora. O Direito é uno, mas pode haver ramificagdes auténomas para fins didaticos. Item correto. Alternativa E: Embora o Direito Tributério seja ramo do direito publico, nao podemos dizer que nao hé nenhuma relagdo com o Direito Privado, pois, por exemplo, a0 estudarmos o tema responsabilidade tributdria em caso de sucess&o empresarial, utilizaremos dos conceitos de sociedades estudados no Direito Empresarial, ramo do direito privado. Item errado. Gabarito: Letra D 1.2 - Receitas Publicas Com a evolucio das sociedades, tornou-se necesséria a instituigéio de um Estado, que coordenasse as agées em prol do interesse coletivo, pois tal tarefa seria impossivel de ser realizada individualmente. Cada pessoa possui seus interesses particulares, que podem ser desfavoraveis construgéo de uma determinada escola infantil, por exemplo. Abstraindo os detalhes que no interessam ao nosso estudo, que serd totalmente direcionado para concurso ptblico, 0 Estado existe para a consecuc&o do bem comum, para atender a interesses coletivos e promover também a justica social. Vamos citar um trecho de nossa Constituiggo Federal (CF/88), que aponta categoricamente os objetivos da Republica Federativa do Brasil. S40 eles (Art. 3°): Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 10 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 “I - construir uma sociedade livre, justa e solidéria; IT - garantir o desenvolvimento nacional; II - erradicar a pobreza e a marginalizagéo e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raga, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminagao.” Ora, se temos esses objetivos a serem cumpridos, certamente precisaremos de dinheiro para alcangé-los, concorda? Ao construirmos um hospital, por exemplo, os pedreiros nao irdo trabalhar por outra mercadoria que nao seja grana. Afinal de contas, 0 escambo no existe mais. Da mesma forma, apés a construg&o do hospital, os médicos nao vao trabalhar em troca de sacos de arroz. Eles querem - e aposto que vocé também ira querer apés ser aprovado no concurso - dinheiro! Entéo, ha duas formas de o Estado conseguir o dinheiro. Sdo as chamadas receitas originarias e receitas derivadas. As receitas origindrias sido auferidas com base na exploragado do patriménio do Estado, por meio de aluguéis ou mesmo por empresas estatais, que n&o se confundem com o préprio Estado, por possuirem personalidade juridica propria. S80 as chamadas empresas pUblicas e sociedades de economia mista. A principal caracteristica desse tipo de receita 6 que, além de originar do patriménio do proprio Estado, ela também pode ser auferida por particulares. Cite-se o exemplo dos contratos de aluguéis. Da mesma forma que o Estado pode locar um terreno a outra pessoa, um particular também pode fazé-lo. Também podemos mencionar a exploracgio de atividade econémica pelo Estado. A receita auferida pelos particulares, evidentemente, nao & receita publica, mas apenas semelhante a receita publica originéria. Justamente por esse motivo, as receitas originarias estado sujeitas ao regime do direito privado. Isso ocorre, pois o Estado ndo se reveste de seu poder de império para coagir as pessoas a pagarem. O vinculo obrigacional surge com um contrato, que € feito por livre e espontdnea vontade da outra parte, que geralmente é um particular. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 11 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 E importante observar que, atualmente, as receitas origindrias se tornaram excego, pois a nossa CF/88 restringiu a atuacéo do Estado como agente econémico, conforme vemos em seu art. 173: “Art. 173, Ressalvados os casos previstos nesta Constituigao, a exploragéo direta de atividade econémica pelo Estado sé serd permitida quando necessdria aos imperativos da seguranca nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.” Além dessa hipétese, o poder ptiblico também pode explorar atividade econémica, quando esta estiver sujeita ao regime de monopélio, por expressa determinagaio no art. 177, da CF/88. Por outro lado, as receitas derivadas tém origem no patriménio do particular e entram nos cofres publicos por meio de coagao ao individuo. Por estarem sujeitas ao regime juridico de direito publico, o Estado pode exigi- las com base no poder de império que lhe é conferido pelo préprio povo, tendo em vista os interesses da coletividade. Conforme o que descrevemos acima, podemos perceber que os tributos sao tipicas receitas derivadas, pois, além de originarem do patriménio do particular, esto sujeitas ao regime juridico de direito publico, que é necessario para que a arrecadacg3o seja eficazmente realizada. Além dos tributos, temos ainda as multas e as reparacgées de guerra, que se enquadram no conceito de receitas derivadas. Segue abaixo um quadro que resumo as principais caracteristicas das receitas publicas: ise Ser et Bie ty RECEITAS PUBLICAS ORIGINARIAS awe Exploragao do patriménio do Estado | Ortunda do patriménio do particular (coagdo) Sujeitas predominantemente ao reg. de direito privado Nao ha poder de império Ha 0 poder de império Sua fonte é 0 contrato Sua fonte é a lei Sujeitas ao reg. de direito puiblico Para encerrar esse assunto, vamos citar exemplos de receitas originarias: multas contratuais, presos pUblicos obtidos pelo comeércio ou industrializaao realizados por empresa publica ou sociedade de economia, tarifas etc. Como exemplo de receitas derivadas, podemos citar os tributos, as multas pecuniérias e as reparacées de guerra. Ok? Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 12 de 122 venivAvAS ow ORIGINARIAg "ito Tributdrio para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Recestratégia Curso de TeoTRIBUEOQS Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Esquematizando: } 4 bHORADE raticar! Questéo 04- CESPE/Analista de Contr. Externo/2008 As receitas ptiblicas origindrias séo auferidas pelo Estado em decorréncia da exploracaio do préprio patriménio. Comentario: A quest&o esta perfeita. De fato, as receitas origindrias se originam da exploragio estatal de empresas e industrias, semelhantemente aos particulares. Questo correta. Questao 05 — CESPE/Procurador Estado-AL/2009 Receita publica proveniente de normal arrecadagéo tributaria da unidade da Federacéio, no exercicio da sua competéncia tributaria, denomina-se ‘receita derivada’, sob a stica da origem da receita. Comentario: Quando falarmos em receita derivada, a primeira palavra que deve vir & sua mente deve ser tributo. Os tributos séo o mais tipico exemplo de receita derivada, que DERIVA do patriménio do particular. Guarde isso. Questo correta. Questdo 06 - FD/INEDITA/2015 Tributo é a receita derivada instituida pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuigdes nos termos da constituigéo e das leis vigentes em materia financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades. Comentario: Essa frase foi retirada literalmente do art. 9° da Lei 4.320/1964. A definic&o esta perfeita e, portanto, a questéio esta correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 13 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 2 - CONCEITO DE TRIBUTOS. Até agora falamos que os tributos s4o uma forma de receita publica denominada receita derivada. Também dissemos que o Direito Tributdrio esté sujeito ao regime juridico de direito ptiblico. Mas, afinal, 0 que vem a ser tributo? Como podemos distinguir os tributos dos demais encargos que nos séo cobrados diariamente? © conceito de tributo esta definido no art. 3° do Cédigo Tributario Nacional (CTN), abaixo citado: “Art. 3° Tributo é toda prestacéo pecuniaria compulséria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que ndo constitua sangao de ato ilicito, instituida em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Cumpre observar que o art. 39 do CTN traz a definicéio de tributos exigida pela CF/88, no art. 146, III, a, primeira parte, conforme vemos a seguir: "Art. 146. Cabe a lei complementar: HII - estabelecer normas gerais em matéria de legislac&o tributéria, especialmente sobre: a) defini¢#o de tributos e de suas espécies, bem como, em relacao aos impostos discriminados nesta Constituigé0, a dos respectivos fatos geradores, bases de calculo e contribuintes;” pnesne © CIN foi recepcionado pela CF/88 com status de lei ‘atencao| complementar. Portanto, ele atende aos requisitos do art. 146, IIL, a. Perceba que o art. 3° realiza a fungo de definir 0 que ¢ um tributo, correto? Tal definiggo do CTN pode ser dividida em 5 etapas, para facilitar o entendimento do candidato. Vamos a elas: 1. Prestagiio pecuniaria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. A afirmagao acima deixa claro que o pagamento deve ser feito em pectinia, que significa dinheiro. Isso vai ao encontro do que comentamos acima, sobre a necessidade que o Estado tem de arrecadar dinheiro para custear suas atividades. O conceito ainda permite inferir que no é possivel a Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 14 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 instituigSo de tributos in natura ou in labore, cujo pagamento seria feito em bens ou em servigos, respectivamente. Pela redaiio do art. 162 do CTN, também notamos que o pagamento deve ser feito em dinheiro. Vejam: “Art. 162. 0 pagamento é efetuado: I- em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecénico.” ‘Observagdo: A estampilha eo papel selado sao espécies de selos adquiridos, por meio de entrega de dinheiro ao Fisco, sendo utilizados pelo contribuinte para comprovar a quitac&o dos tributos devidos. O processo mecnico, por seu turno, significa a autenticagéo promovida pela Fazenda Publica, atestando o recolhimento do tributo. Precisamos ficar atento ao detalhe “ou cujo valor nela se possa exprimir”, que permite que o tributo seja expresso em algo que nao seja a moeda propriamente dita, mas que possa ser convertido em dinheiro com facilidade, como € 0 caso das unidades fiscais usadas para indexagdo — UFIR-R3J, por exemplo. Por ultimo, hé que se ressaltar a novidade que a Lei Complementar 104/2001 trouxe, ao acrescentar o inciso XI ao art. 156 da Lei 5.172 (CTN). O dispositive prevé o seguinte: “Art. 156. Extinguem o crédito tributario: Cd XI ~ @ ago em pagamento em bens iméveis, na forma e condicées estabelecidas em lei.” Para os que n&o sabem, dac&o em pagamento significa pagar com algo que nao seja dinheiro. No caso em tela, o contribuinte poderia quitar a sua divida, oferecendo bens IMOVEIS ao fisco. Tal hipétese nao derroga o art. 30 do CTN, tendo em vista que este afirma que a quitacdo do tributo pode ser feita por algo que possa ser expresso em moeda. Os bens iméveis inegavelmente podem ser expressos em moeda, concorda? N&o confunda bens iméveis com bens méveis, estes proibidos por nao constarem expressamente no CTN. Portanto, um contribuinte poderia pagar com um terreno, mas n&o com latinhas de refrigerante. As bancas tentam confundir isso. Preste atencdo! atencdo Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 15 de 122 E Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 © Supremo Tribunal Federal foi expresso, ao decidir, no julgamento de mérito da ADI 1.917, que lei local de determinado ente federado néo pode estabelecer a dacéio em pagamento de bens MOVEIS, como forma de exting&o do crédito tributario. Segundo a Corte, hd ofensa ao principio da licitagao. EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUICIONALIDADE. OFENSA AO PRINC{PIO DA LICITAGAO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinaria distrital - pagamento de débitos tributarios por meio de dagdéo em pagamento. II - Hipétese de criag&o de nova causa de exting&o do crédito tributario. III - Ofensa ao principio da licitagéo na aquisigao de materiais pela administracdo ptiblica. IV - Confirmac&o do julgamento cautelar em que se declarou a inconstitucionalidade da lei ordinaria distrital 1624/1997. (STF, ADI 1.917/DF, Plendrio, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento Se 0 estado de Pernambuco, por exemplo, recebe um lote de papel A4 como quitag&o de algum tributo, ainda que amparado por lei estadual, estaria adquirindo tais produtos sem a realizagéo de uma licitagdo. Apenas como ilustracéo, caso houvesse tal permissdo, uma empresa pernambucana fabricante de papel iria conseguir “vendé-lo” a0 governo, ainda que perdesse a licitago. Bastava dar o “calote”. Se vocé fez uma leitura atenta do inciso XI do art. 156 do CTN, provavelmente notou que ha um pequeno detalhe ao final: ha necessidade de que isso seja estabelecida em lei. O que isso significa? Ora, cada ente tributante (Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios) que queira aceitar bens iméveis como forma de pagamento de tributos deve estabelecer em lei prépria isso. 2. Prestagdo Compulséria. © pagamento de tributos nao 6 uma faculdade, mas sim uma obrigag&o. Nao ha opgao para o contribuinte, senéo 0 pagamento do que Ihe é cobrado. claro que o individuo pode contestar o valor devido ou mesmo a legalidade da cobranca, mas essa questo é tema que veremos em outras aulas. qe © importante é que vocé saiba que o tributo 6 uma ‘atencaO|prestacéo compulséria, sendo considerado uma receita derivada. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 16 de 122 ansutuigao Dem de tri Ba Direito Tributdrio para BXEGAR — Agente Fazendério Estrategia Case de ere ees mente Lei Ordindria, Lei Complementar °'°/- Fabio Dutra- Aula 00 3. Prestagéo instruitedidadroviséria © autor Joao Marcelo Rocha faz uma excelente observacéio, ao dizer que AlteragSeedtem nem mesmo precisaria constar no conceito de t eis que este ja aliauétasa obrigacao compulséria, e por esse motivo deve AEESCEIamente, estar instituido em lei, conforme expressa previsdo no texto constitucional: “art. 5° (...): II - ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei;” Tal inciso demonstra claramente o principio de um Estado de Direito. Ou seja, 0 povo somente é obrigado a fazer aquilo que est4 em lei. Como a lei é editada pelos seus préprios representantes (parlamentares), é 0 préprio povo, em tese, que decide ao que estard obrigado a fazer ou deixar de fazer. Trata-se do velho brocardo “No taxation without representation”, que significa que nao haverd tributacdo sem representagdo popular. A regra, portanto, é que os tributos sejam instituidos por lei. Contudo, cabe observar que o Supremo Tribunal Federal tem aceitado a instituicdo de tributos, por meio de medidas provisérias, que sao editadas pelo Poder Executivo e somente tramitam pelas casas legislativas no momento em que so convertidas ou nao em lei. Enfim, 0 que devemos ter em mente sobre esse conceito é que todo tributo deve ser criado por lei, ordindria ou complementar em alguns casos, ou ato normativo que possua a mesma forca de uma lei (medidas provisorias). Esse é 0 principio da legalidade no Direito Tributdrio. No que se refere a alteragdo de aliquotas, ha diversas excecdes ao principio da legalidade, que serao detalhadamente estudadas no decorrer do curso. Contudo, a regra é que mesmo as alteragées de aliquotas também devem ser feitas por lei. Guarde isso! Vamos ao nosso esquema para facilitar o entendimento: Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 17 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério strategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Como complemento do que foi acima exposto, Leandro Paulse! que a necessidade de que o tributo seja instituido em lei é req validade, e a compulsoriedade da obrigacio tributéria é req existéncia. Com efeito, se um tributo for instituido por um decreto, nao deixara de ser um tribute, mas sera invalido, por n&o obedecer ao principio da legalidade. Por outro lado, uma obrigacdo que nao seja compulséria pode, de imediato, ser descartada do conceito de tributo, pois este € um requisito de existéncia. 4. Prestag&io que n&o constitui sangdo de ato ilicito Outro ponte importante do conceito de tributos é o que os distingue do conceito de multa. Os tributos sie cobrados em decorréncia de um fato gerador, que pode ser, por exemplo, a manifestagdo de riqueza por parte do contribuinte ou mesmo a prestacdo de um servico especifico e divisivel pelo Estado (vamos detalhar isso logo adiante). Com isso, percebemos que a cobranca de tributos ndo possul o objetivo de punir, mas sim de arrecadar. Vale destacar que ha tributos cuja finalidade principal néo é a arrecadagdo, mas sim a intervencéo em um setor econémico. Séo os denominados tributes extrafiscais. De qualquer modo, também néo tém como finalidade a sang&o por um ato ilicito. As multas, embora também sejam receitas derivadas, compulsérias e instituidas em lei, ndo podem ser comparadas aos tributos, pois possuem natureza claramente sancionatéria. Na verdade, o ideal € que os atos ilicitos nado sejam praticados, para que as multas néo venham a ser cobradas. Ha que se ressaltar que sobre o rendimento decorrente de atividades ilicitas deve incidir imposto de renda (art. 43, CTN). Perceba que o tributo nao esta sendo utilizado como punic¢ao, pois o fato gerador desse tributo ocorreu, e o valor sera devido. © embasamento legal é 0 art. 118 do CTN, que afirma que a definicao legal do fato gerador do tributo é interpretada abstraindo da validade juridica dos atos praticados pelos contribuintes, bem como da natureza do objeto a ser tributo ou dos seus efeitos. Se por um lado, pode parecer que o Estado esta enriquecendo as custas do tréfico ilicito de entorpecentes, por outro, ha o principio da isonomia fiscal, ? PAULSEN, Leandro. Direito Tributério: Constituicao Cédigo Tributério a luz da doutrina e da jurisprudéncia. 2014. Pag. 737, Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 18 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 segundo o qual as pessoas que ganham a vida ilicitamente néo podem ser premiadas por isso, isto é, nao tributadas. Trata-se de um posicionamento expresso pelo Supremo Tribunal Federal no HC 77.530-4/RS: EMENTA: SonegagSo fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: “non olet”. Drogas: trafico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraidos a contabilizagéo regular das empresas e subtraidos a declaracéo de rendimentos: caracterizagéo, em tese, de crime de sonegacéo fiscal, a acarretar a competéncia da Justica Federal e atrair pela conexdo, o trafico de entorpecentes: irrelevancia da origem ilfcita, mesmo quando criminal, da renda subtraida a tributacéo. A exoneracéo tributaria dos resultados econémicos de fato criminoso - antes de ser corolario do principio da moralidade — constitui violaggo do principio de isonomia fiscal, de manifesta inspiragdo ética. (STF, HC 77.530/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Septilveda Pertence, Esta hipstese é considerada pela doutrina como o principio do pectinia non olet, que tem como traduco “dinheiro n&o cheira”. A origem da expressio se deve a um imperador romano, que cobrava pelo uso dos banheiros piblicos, e, ao ser questionado sobre o fato pelo seu filho, o imperador segurou uma moeda de ouro e Ihe perguntou: cheira? Seu filho disse: n&o cheira. Guarde esse conceito, pois tem sido cobrado recorrentemente em provas de concurso. Dessa forma, Leandro Paulsen’ esclarece: “Jamais um ato ilicito estaré descrito na hipétese de incidéncia de um imposto ou contribuic&o, por exemplo, porquanto tributo nao é sangéo por ato ilicito. Mas hipéteses de incidéncia a principio licitas, como a propriedade, a aquisi¢ao de renda, a percepgao de receita ou a circulacéo de mercadorias, podem acabar sendo vislumbradas em fatos geradores gue consubstanciem situagées ilicitas, como a propriedade de bens furtados, a aquisigéo de renda proveniente de estelionato, a percep¢ao de receita proveniente da exploragéo de jogos e a circulacéo de entorpecentes proibidos.” Com efeito, admite-se a incidéncia tributaria sobre o ato ilicito, quando este seja acidental 4 norma de tributaco, isto 6, quando estiver na 5 PAULSEN, Leandro. Direito Tributério: Constituicdo e Cédigo Tributério a luz da doutrina e da jurisprudéncia. 2014. Pag. 1030. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 19 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 periferia da regra de incidéncia, O que n&o se admite é que 0 ato ilicito seja o elemento essencial da norma tributaria, sendo definido com o proprio fato gerador do tributo. Assim, por exemplo, permite-se tributar a renda auferida com o tréfico de drogas, mas nao a propria atividade ilicita. Tal entendimento foi preconizado pelo STJ, no julgamento do REsp 984.607/PR. Esse raciocinio encontra harmonia com o ja citado art. 118, do CTN, j& que 0 fato gerador nao é a pratica criminosa, mas a sua interpretacdo deve ser realizada abstraindo-se da validade juridica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsaveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. 5. Prestacgéo cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Se vocé jd estudou Direito Administrative, sabe que os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionarios. Nos primeiros, no ha outra opgao, sendo a pratica do ato previsto em lei. Nos atos discricionérios, no entanto, ha avaliagdo do juizo de oportunidade e conveniéncia por parte do agente publico. A cobranca de tributos, como est4 estampado no proprio conceito, é atividade vinculada, de sorte que o servidor encarregado de tal tarefa deve cobré-la, sem qualquer outra opgao. pa HORADE raticar! Questéo 07 - ESAF/ACE-MDIC/2012 A renda obtida com o trafico de drogas deve ser tributada, j4 que o que se tributa é 0 aumento patrimonial, e nao o proprio tréfico. Comentario: Como vimos, tal tributac&o leva em consideracéo o principio do pectinia non olet, ou seja, dinheiro nao cheira. Para o Fisco, pouco importa se os rendimentos séo oriundos da atividade ilicita, pois, conforme o art. 118 do CTN, a definicéo legal do fato gerador do tributo ¢ interpretada abstraindo da validade juridica dos atos praticados pelos contribuintes, bem como da natureza do objeto a ser tributo ou dos seus efeitos. Esse € 0 entendimento do STF. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 20 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questo 08 — ESAF/ISS-NATAL/2008 Tendo em vista que o tribute nao pode constituir uma sang&o por ato ilicito, nao se faz possivel a incidéncia de tributos sobre atividades criminosas, pois assim agindo o Estado estaria obtendo recursos de uma atividade por ele proibida. Comentério: Embora consideremos a redacéo desta assertiva imprecisa, 0 que se quis dizer é que a incidéncia tributaria sobre atividades criminosas pode ocorrer, em decorréncia do disposto no art. 118, I, do CTN. O que ndo pode haver é a definig&o do ato ilicito como elemento essencial na norma tributéria. De qualquer modo, no devemos nos esquecer da jurisprudéncia pacifica do STF, em relago ao principio do pecdinia non olet. Questao errada. Questdo 09 - ESAF/AFPS/2002 Tributo € toda prestago pecuniéria compulséria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que ndo constitua sanc&o de ato ilicito, instituida em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Comentario: Questio totalmente literal. Quem prestou atengao no art. 3° do CTN soube responder sem duvidas. Questéo correta. Questéo 10 — ESAF/GEFAZ-MG/2005 Assinale a opco correta. a) Na atividade de cobranga do tributo a autoridade administrativa pode, em determinadas circunstancias, deixar de aplicar a lei. b) Nao é preciso lei para exigir um tributo. c) 0 tributo se caracteriza também pelo fato de nao resultar da aplicacéo de uma sangéo por um ato ilicito. d) A prestagao do tributo nao é obrigatéria. e) A destinacdo da arrecadacdo com o tributo determina sua natureza. Comentario: Alternativa A: Vimos que a atividade administrativa de cobranca dos tributos & plenamente vinculada, pois assim afirma o art. 3° do CTN, Portanto, ndo ha qualquer permissdo para deixar de aplicar a lei. Item errado. Alternativa B: Nao ha dividas de que é necessdria a edic&o de uma lei para se instituir tributo. Em primeiro lugar, faz parte do préprio conceito de tributos, expresso no art. 3° do CTN. Em segundo, ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, sen&o em virtude de lei (CF, art. 5°, II). Item errado. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 21 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Alternativa C: Pela redagao do art. 3° do CTN, sabemos que o tributo é uma prestacéio pecunidria que nao constitui san¢éo por ato ilicito. Alids, esse é 0 marco distintivo entre os tributos e as multas. Item correto. Alternativa D: Consta do préprio conceito de tributo que este é uma obrigacéo compulséria, ou seja, obrigatoria. Item errado. Alternativa E: Como ainda estudaremos durante a aula, a natureza juridica do tributo é determinada pelo fato gerador, e nao pelo destino da arrecadacéio. Assim preceitua 0 art. 4° do CTN. Item errado. Gabarito: Letra C Questdo 11 - ESAF/AFTM/Natal/2008 Tributo é toda prestacéo pecunidria compulséria instituida em lei. Todavia, nao ha restricfo para que o Municipio majore aliquotas de tributos, sob sua competéncia, por meio de decreto. Comentario: Como vimos, a regra é que a majoracao das aliquotas do tributo seja feita por lei. Hd excegdes que permitem a alterac&o por meio de decreto, mas n&o podemos nos esquecer da regra geral. Veremos isso mais com maior profundidade nas préximas aulas. Questdo errada. Questaéo 12 - ESAF/TRF/2000 A prestac&o de servico militar é compulséria e nao constitui sangéo a ato ilicito, porém ndo tem a natureza de tributo porque nao é prestacéo pecuniéria. Comentario: Apesar de a prestacdo de servico militar ser compulséria e néo constituir sang3o por ato ilicito, trata-se de uma prestagSo in labore e, portanto, nao pode ser considerada tributo. Questo correta. Questo 13 - ESAF/ISS-NATAL/2008 A Lei Complementar n. 104/2001, ao permitir a dacéo em pagamento de bens iméveis, como forma de exting&o do crédito tributario, promoveu a derrogag3o do art. 3° do CTN, que confere ao tributo uma prestaggo pecuniaria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Comentario: Nao ha incompatibilidade entre o art. 3° do CTN e o art. 156, XI (acrescentado pela LC 104/2001) da mesma lei, tendo em vista que o primeiro diz que a prestacéio pode ser em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Questo errada. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 22 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 14 - ESAF/ISS-NATAL/2008 A cobranga de impostos decorre de uma atividade administrativa ndo- vinculada, haja vista os recursos poderem ser utilizados com quaisquer despesas previstas no orgamento. Comentario: Nés jé vimos que a cobranga dos tributos - e os impostos séo espécies de tributos - é uma atividade vinculada. Além disso, o fato de a cobranga ser vinculada ou n&o nada tem a ver com o destino da arrecadacao, que é um conceito distinto. Questo errada. Questéo 15 - ESAF/MPC/TCE/GO/2007 Excepcionalmente é admitido no direito brasileiro o tributo in labore nas contribuiges de melhoria quando a obra publica for realizada pelo préprio sujeito passivo tributério. Comentario: Sabemos, pelo conceito de tributo expresso no art. 3° do CTN, que o tributo deve ser pago em dinheiro. Nosso sistema tributario néio admite a instituigéo de tributo in labore (por exemplo, servico militar obrigatério) e tributo in natura (oferecimento de bens materiais que nao sejam dinheiro). Questo errada. Questaéo 16 - ESAF/TTN/1998 A multa pode ser considerada espécie do género tributo, ja que esté abrangida, pelo Cédigo Tributdrio Nacional, no conceito de obrigacao tributaria principal. Comentario: Nés veremos mais a frente que a multa é obrigacdo tributéria principal, da mesma forma que os tributos também o s&o. Contudo, n&o podemos confundir ambos os conceitos, pois o art. 3° do CTN é expresso ao dizer que 0 tributo nao constitui sangéo por ato ilicito (que séo as multas). Questao errada. Caro aluno, agora que jé entendemos o conceito de tributos, passaremos a analisar as espécies de tributos existentes no ordenamento jurfdico patrio. 3 - NATUREZA JURIDICA DOS TRIBUTOS Dando continuidade ao nosso estudo, vamos observar com atengéio outros dois importantes artigos do CTN: Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 23 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 “Art. 4° A natureza juridica especifica do tributo 6 determinada pelo fato gerador da respectiva obrigacéo, sendo irrelevantes para qualifica-la: 1 - a denominagdo e demais caracteristicas formais adotadas pela lei; IL - a destinagao legal do produto da sua arrecadagio. Art. 5° Os tributos s&0 impostos, taxas e contribuigées de melhoria.” Colega concurseiro, ao analisarmos o art. 5° do CTN, vemos que o entendimento adotado pelo legislador, I4 em 1966 - ano de publicacéio do CTN -, foi a corrente tripartida. Ou seja, havia apenas 3 tributos: impostos, taxas e contribuicées de melhoria. E como fazemos para identificar a espécie de determinado tributo? Ora, pela redacgo do art. 4°, devemos levar unicamente em consideracao o fato gerador que deu origem & obrigacao tributéria. Nesse sentido, temos que observar, caso a caso, qual é 0 fato gerador descrito na lei que instituiu o tributo. Se o fato se referir a uma manifestag3o de riqueza do contribuinte, seré um imposto. Tal manifestagao dar-se-4 por meio de renda, propriedade ou consumo, Ou seja, se o contribuinte auferiu rendimentos, incidiré Imposto de Renda; se possui um imével localizado em zona urbana, incidiré IPTU; se vendeu um lote de mercadorias, sobre a venda pagaré ICMS. Veja que o tributo surge independentemente de qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte. Perceba que, no caso dos impostos, quem realiza o fato que enseja a cobranga de tributos é 0 contribuinte. Por outro lado, no que se refere as taxas e contribuigdes de melhorias, quem realiza o fato gerador de cobranga 6 0 préprio Estado. No primeiro caso, o poder plblico presta determinados servigos especificos e divisiveis ao contribuinte, ou exerce o seu poder de policia, fiscalizando-o. No segundo, ha a realizagdo de uma obra publica que gera valorizac&o no imével do contribuinte. Esse foi 0 entendimento majoritario durante esse periodo. Mas vocé precisa saber também que se trata de um ponto onde hd muita controvérsia doutrindria. Hé quem entenda, por exemplo, que todos os tributos devem se enquadrar no conceito de impostos e taxas. Trata-se, portanto, de outra corrente denominada “dualista”. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 24 de 122 het Contril peciais Espécies te rcane gio para ge (Mer digente Fazendério Ta tégia SABrELYK aH J PetSpar id Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Contudo, apés o surgimento da Constituigaéo Federal de 1988, o entendimento predominante é 0 de que existem nao apenas trés, mas cinco espécies tributarias, dando origem a corrente pentapartida. Isso ocorreu, pois a propria CF inseriu em seu Capitulo que trata do Sistema Tributario Nacional novas espécies tributarias, que serao vistas adiante. Uma répida leitura do art. 145 da CF/88 nos leva a crer que ha apenas impostos, taxas e contribuigées de melhoria (da mesma forma com o que est4 disposto no art. 5° do CTN). No entanto, segundo o STF, ali estéo elencados apenas os tributos cuja competéncia é comum a todos os entes federados. Segundo a Suprema Corte (RE 146.733-9/SP), “os arts. 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributarias, cuja competéncia é, via de regra, da Unio: o empréstimo compulsério e as contribuicées sociais, inclusive as de intervengio no dominio econémico e de interesse das categorias profissionais ou econémicas.” maesre __|Exceto a_contribuiggo de melhoria, todas as demais ‘ateNncaoO|contribuigdes s&o majoritariamente classificadas na categoria contribuigées especiais! Guarde isso! © esquema abaixo ilustra as espécies tributdrias segundo a teoria pentapartida: © grande problema é que os empréstimos compulsérios e as contribuigées especiais s&o tributos finalisticos, ou seja, a destinaca produto de sua arrecadacdo é um relevante para diferen: dos demais tributos. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 25 de 122 Kui Direito Tributério para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estratégia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Com isso, a nica interpretag&o que pode ser tomada agora é a de que o art. 4° do CTN foi parcialmente nao recepcionado pela CF/88, pois nao é aplicavel aos empréstimos compulsérios e as contribuicdes especiais. Outro ponto a ser destacado é o art. 145, § 2° da CF/88 e a interpretagéio dele decorrente. O texto afirma que as taxas ndo podem ter base de célculo prépria de imposto. O que isso quer dizer? Quer dizer que a base de cdlculo pode ser um elemento para diferenciar tributos também. Concorda? racsts _ | O cotejo entre a base de calculo e o fato gerador é uma ‘atencdo| forma de descobrir a natureza juridica do tributo. Guarde isso! Por ultimo, cabe destacar as diferencas entre tributo vinculado, tributo cujo produto da arrecadacdo é vinculado e tributo cuja cobranga’ é uma atividade administrativa vinculada. Trata-se de situagdes diferentes, mas que levam os mesmos titulos “vinculados ou nao vinculados”. Para que vocé néo tenha dtvidas quanto a isso, vamos aprender agora! Ao dizer que um tributo é vinculado ou nao, estamos dizendo que 0 fato gerador esta vinculado ou nao a uma atividade realizada pelo Estado relativa ao contribuinte. Como exemplo de tributo vinculado, como ja vimos, pode-se citar as taxas e as contribuigdes de melhoria. JA os tributos nao vinculados, podemos citar os impostos. Ha uma certa diferenga entre o que foi dito acima e o conceito de arrecadago vinculada. Neste caso, estamos nos referindo a tributos, cujo destino de tudo o que foi arrecadado com sua cobranca esta vinculado ao custeio de algo previsto na lei. Como exemplo, temos os empréstimos compulsérios (art. 148, paragrafo Unico, CF/88). © Ultimo ponto, que se refere & atividade de cobranga, nés jé abordamos, ao trabalhar com o conceito de tributos. Mas, nao custa reforcar, certo? A cobranga dos tributos € ato administrativo vinculado, que nao da margem de escolha ao agente ptiblico. Todo tributo possui cobranca vinculada, afinal de contas, isso faz parte do conceito dos tributos. Beleza até aqui? Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 26 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 4 HORA DE raticar! Quest4o 17 —- FGV/AFRE-RJ/2011 A Unido, os Estados e o Distrito Federal, e os Municipios poderdo instituir, exclusivamente, os seguintes tributos: impostos, taxas e contribuigées de melhoria. Comentério: Vimos durante a aula que atualmente existem cinco espécies tributdrias, e nao trés, conforme foi dito. Portanto, a questdo esta errada. Questdo 18 - ESAF/AFTM-NATAL/2008 © que determina a natureza juridica de um tributo é 0 fato gerador da respectiva obrigag&o, independentemente de sua denominacio e da destinagdo legal do produto de sua arrecadacao. Comentério: Questio simples, que pode ser respondida com a literalidade do art. 4° do CTN. Lendo o dispositive, percebemos que a questao esta correta. Questéo 19 - ESAF/IRB/2004 A natureza juridica especifica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigacao. Comentério: Quest& bastante tranquila. Quem leu o art. 4° do CTN, responde sem dificuldades. A natureza juridica do tributo é, via de regra, determinada pelo fato gerador da respectiva obrigac&o. Questo correta. Questdo 20 - ESAF/AFTM-NATAL/2008 © que determina a natureza juridica de um tributo € 0 fato gerador da respectiva obrigagao, independentemente de sua denominagao e da destinagao legal do produto de sua arrecadacao. Comentario: A questéo toma como parametro o art. 4° do CTN, que afirma que a natureza juridica do tributo é determinada pelo fato gerador, sendo irrelevantes para qualificd-la a denominacéio do tributo e o destino de sua arrecadacao. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 27 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 21 —- ESAF/GEFAZ-MG/2005 Assinale a opcao correta. A natureza juridica do tributo é determinada: a) pela denominacao legal. b) pelo critério quantitative da norma que o criou. c) pela finalidade de sua arrecadacio. d) pelo fato gerador. e) pela previsdo ou nao de obrigagdes acessérias. Comentério: A questo é bem tranquila, cobrando apenas o art. 4° do CTN. Como vimos, a denominagao dada ao tributo e a destinag&o do produto de sua arrecadagao sao, via de regra, irrelevantes para determinar a natureza juridica do tributo. A resposta, por conseguinte, é a Letra D. Questéo 22 — FCC/Procurador Estado-SE/2005 A natureza juridica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigag&o, sendo a) relevantes para qualificé-la apenas a denominag&o e demais caracteristicas formais adotadas pela lei b) relevante para qualificd-la apenas a destinagio legal do produto da arrecadagao c) relevantes para qualificd-la apenas a denominac&o e demais caracteristicas formais adotadas pela lei e a destinacio legal do produto da arrecadacéo d) relevante para qualificd-la apenas a correta destinac&o do valor arrecadado e) irrelevantes para qualificd-la a denominacéo e demais caracteristicas formais adotadas pela lei e a destinacio legal do produto da arrecadacao Comentario: Essa questdo cobra a literalidade do art. 4°do CTN. Perceba que © enunciado apresenta parte do caput do referido artigo, e exige o conhecimento dos incisos por parte do candidato. Nao temos duvida de que a Letra E € a correta. Questéo 23 - CESPE/Juiz Federal/2006 Consoante o CTN, a natureza juridica especifica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigacao, sendo irrelevantes, para qualificd-la, tanto a denominagao e demais caracteristicas formais adotadas pela lei quanto a destinacéio legal do produto da arrecadacéio. Todavia, com o advento da Constituicgéo de 1988, os empréstimos compulsérios e as contribuicdes sociais assumiram o status de espécies tributarias. Algumas dessas exacdes, todavia, tém fato gerador idéntico ao dos impostos, o que torna inaplicdvel a citada regra do CTN. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 28 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Comentdrio: O fato de essas duas espécies tributdrias (empréstimo compulsorio e contribuigées especiais) poderem ter fato gerador idéntico ao dos impostos torna 0 art. 4°, II, praticamente sem utilidade, ja que, segundo a propria CF, o destino da arrecadac&o passa a ter certa importancia na definig&o da natureza juridica desses tributos. © candidato deve prestar atencéio se a questéio esté levando em considerag&o a literalidade do CTN (neste caso, os dois incisos devem ser tidos como corretos) ou o entendimento doutrinario e jurisprudencial (nesta hipétese, o art. 4° deve ser considerado como nao recepcionado pela CF). Questao correta. Questéo 24 - ESAF/PROC. FORTALEZA/2002 Para conhecimento da natureza especifica das diversas espécies tributérias previstas no Sistema Tributario Nacional, é essencial o exame do fato gerador da respectiva obrigagéo, tendo em vista que, a luz do Cédigo Tributédrio Nacional, a natureza juridica especifica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigac&o, sendo irrelevantes para qualificd-la: a denominago e demais caracteristicas formais adotadas pela lei e a destinagdo legal do produto da sua arrecadacao. Comentério: Questéo literal, que aborda o art. 4° do CTN e seus respectivos incisos. Essa é a forma mais simples de se abordar esse tema. Quest3o correta. Vamos aprender um pouco mais sobre as espécies tributdrias propriamente ditas! 4 - ESPECIES DE TRIBUTOS O art. 146, III, a, da CF/88, afirma que as espécies de tributos sao definidas por lei complementar. Tais espécies esto expressas no art. 5° do CTN. Contudo, conforme eu jé disse, o entendimento predominante hoje é o de que existem cinco espécies tributérias, a saber: impostos, taxas, contribuigdes de melhoria, empréstimos compulsérios e contribuigdes especiais. Vamos tratar primeiramente dos impostos. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 29 de 122 E Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério ¢ strate gia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 4.1 - Impostos Como vimos, os tributos ndo vinculados esto relacionados a um fato do contribuinte que, ao se enquadrar na hipétese prevista em lei, dé origem ao fato gerador. Também aprendemos que os impostos sdo tributos ndo vinculados por exceléncia, por estarem relacionados com uma manifestacdo de riqueza do contribuinte. As pessoas em geral costumam se referir a impostos como se fossem sinénimos de tributos. A partir de agora, no admito que vocé os trate assim. Os Impostos sao apenas uma espécie dos tributos! atencdo Trata-se de tributos que buscam realizar a solidariedade social. As pessoas contribuem para consecugo do bem comum, pois 0 poder ptiblico nao se obriga em prestar qualquer tipo de servico especifico para aqueles que pagaram impostos. © art. 16 do CTN é claro, ao dizer que "o imposto é o tributo cuja obrigagéo tem por fato gerador uma situacéo independente de qualquer atividade estatal especifica, relativa ao contribuinte.” Isto é, cabe ao contribuinte apenas pagar!! Podemos dizer, em outros termos, que o pagamento de impostos n4o exige uma contraprestacdo por parte do Estado, — Os impostos séo também denominados tributos nado ‘atencao| contraprestacionais e contributivos, por nao exigirem uma retribuic&o por parte do Estado. ‘Ademais, a receita auferida com os impostos néo esta vinculada, em regra, a qualquer destinacéio. Ou seja, esse é mais um argumento de que os recursos devem ser usados em beneficio da coletividade, remunerando os chamados servicos gerais - uti universi. Cite-se, como exemplo, o servico de seguranga publica. Por serem tributos nao vinculados, é mais do que justo que haja um limite para a criagéo de impostos, pois, caso contrdrio, os governos tenderiam a criar uma infinidade deles, concorda? Ent&o, a CF/88 definiu em seu texto os impostos que podem ser criados por cada ente federado. Cabe ressaltar que, em regra, a competéncia é privativa de cada um deles. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 30 de 122 Lut Oniso ributdrio para PrRAMMBusdisAgente Fazendario heen rategiarnn Curso de Teoria Questdes Comentades Prof. Fébio Dutra- Aula 00 A exceg3o fica por conta da Unido, que poderé instituir Impostos Extraordinérios de Guerra - IEG - até mesmo sobre fatos geradores que foram atribufdos aos demais entes. Trata-se de uma excegéo prevista pelo constituinte origindrio (art. 154) e, portanto, perfeitamente valida. Nao se preocupe com isso, pois veremos os detalhes nas proximas aulas. Outro detalhe a ser ressaltado é que a Unido pode criar outros impostos e outras contribuigdes para a seguridade social nao previstos na CF/88. E a chamada competéncia residual s6 permitida para a Unido, desde que respeitados os requisitos constitucionais. Além disso, a CF/88 ainda determina em seu art. 146, III, a, que todos os impostos nela discriminados tenham os respectivos fatos geradores, bases de cdlculo e contribuintes definidos em lei complementar (LC). Trata-se de uma exigéncia feita apenas aos impostos, no alcancando os demais tributos. — Note que a CF/88 no menciona aliquotas, mas atencdO| apenas fatos geradores, bases de cdlculos e contribuintes. Somente estes devem ser definidos em LC. Além disso, destaque-se que a CF néo cria tributos, mas apenas defere a competéncia tributéaria aos entes federados para que eles editem as leis instituidoras. Como prova disso, temos o Imposto sobre Grandes Fortunas - IGF, que esta previsto na CF/88, mas que ainda nao foi criado pela Unido. Observe a tabela abaixo, contendo os impostos previstos na CF/88: Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 31 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 4.1.1 - Os impostos e o principio da capacidade contributiva Vamos discorrer neste tépico acerca da relacéio entre os impostos e o principio da capacidade contributiva. Veja o que diz a CF/88: ‘Art. 145 Go) § 1° - Sempre que possivel, os impostos terao cardter pessoal e sero graduados segundo a capacidade econémica do contribuinte, facultado 4 administrago tributaria, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, 0 patriménio, os rendimentos e as atividades econémicas do contribuinte.” Pela redac&o do dispositive, percebemos que é obrigagao do legislador, se possivel, conferir carater pessoal aos impostos. O que seria isso? Vamos citar 0 exemplo do Imposto de Renda, que é um imposto que incide sobre os rendimentos das pessoas, sendo, portanto, um imposto pessoal (veremos que também existem os impostos reais, que incidem sobre coisas). Podemos dizer que gradud-lo segundo a capacidade econémica do contribuinte seria possibilitar que contribuintes que ganham o mesmo salério, mas tenham despesas totalmente diferentes, possam contribuir com valores diferentes. Ou seja, considera-se os aspectos pessoais de cada contribuinte. Se Jo&o e Pedro ganham R$ 5.000,00 mensais cada um, sendo que Jodo é solteiro e Pedro é casado e possui dois filhos, no seria justo tributd-los de maneira igual, pois certamente o padr&o de vida de ambos néo séo iguais, certo? Da mesma maneira, obviamente, se Jodo e Pedro ganharem salérios distintos, a tributago também deve ser diferenciada para cada um deles. Embora a CF/88 apenas relacione o principio da on capacidade contributiva aos impostos, o STF ja afirmou ‘atencao| que nada impede que ele seja aplicado na criacéo de taxas. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 32 de 122 2 |RaGaS TORTI ATANRE Aa. 1 eat EE EE REA ARGS lire1té Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazenddrio Estrategia Curso de Teoria e Questdes Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 4.1.2 - Os Impostos e o principio da néo afetagao (ou nao vinculagao) Retomando 0 que dissemos acerca da nao vinculacéo do produto da arrecadagao dos impostos, é importante ressaltar que essa vinculagdo esta literalmente proibida pelo texto constitucional, no art. 167, IV. E o que chamamos de principio da nao afetacao (ou nao vinculagao). Ha que se destacar, contudo, que tal principio possui excegées, ou seja, no € um principio absolut. A seguir (na préxima pagina), trago um resumo com as excegdes ao referido principio: [a Fonte: Eduardo Sabbag (2012) - Adaptado © quadro acima tem como Unico objetivo deixar claro que existem excegées ao principio da ndo afetac&o, ou seja, ha situacdes excepcionais em que a receita dos impostos pode ser destinada a um fim especifico. As excegdes mais importantes para uma prova de Direito Tributério s&o a primeira (repartic&o constitucional e PRESTE a : »tencdo| S2de/ensino/ADM. Tributaria). Recomendo uma répida leitura dos arts. 157 a 162 e do art. 167, IV, todos da CF/88. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 33 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 b HORADE raticar! Questdo 25 —- FGV/AFRE-RJ/2009 Os impostos s&o tributos n&o vinculados a quaisquer atividades estatais relacionadas ao contribuinte, sendo vedada a vinculag&o de suas receitas a 6rgaos, fundos ou despesas, salvo excecdes constitucionalmente previstas. Comentario: A regra 6 a vedagio da vinculagao das receitas dos impostos a quaisquer atividades. E o que denominamos principio da nao afetacdo. Contudo, como vimos na aula, existem excegées constitucionalmente previstas. Questo correta. Questo 26 - FGV/AFRE-RJ/2011 De acordo com 0 Cédigo Tributario Nacional, considera-se imposto o tributo vinculado a qualquer atividade estatal especifica. Comentério: Consoante o art. 16 do CTN, imposto é 0 tributo cujo fato gerador é uma situac8o independente de qualquer atividade estatal especifica, relativa ao contribuinte. Portanto, trata-se de tributo nao vinculado. Questao errada. Questdo 27 - ESAF/PROC. FORTALEZA/2002 Sempre que possivel, os tributos ter&o caréter pessoal e serao graduados segundo a capacidade econémica do contribuinte. Comentario: Conforme art. 145, § 1°, sempre que possivel, os “impostos” terdo carater pessoal. A assertiva cobra a literalidade do dispositivo. Lembre- se de que os impostos sdo uma das espécies dos tributos. Questao errada. Quest4o 28 - CESPE/PGE-ES/2004 O principio da capacidade contributiva pode se estender as taxas. Comentario: Trata-se de uma quest&o que exige o entendimento do STF, segundo qual o principio da capacidade contributiva é também aplicavel as taxas. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 34 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 29 - CESPE/AGU/2004 E mateéria de lei complementar o estabelecimento, em relacg&o a cada imposto previsto na Constituig&o Federal, dos respectivos fatos geradores, das bases de calculo e aliquotas. Comentério: Lembre-se de que n&o ha obrigatoriedade de previséo em LC no que se refere as aliquotas. CF/88, art. 146, III, a. Questo errada. Questéo 30 — ESAF/AFRFB/2009 As atividades gerais do Estado devem ser financiadas com os impostos, e ndo com as taxas. Comentério: Conforme expliquei, 0 art. 16 do CTN afirma que o fato gerador dos impostos é uma situagdo independente de qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte. Portanto, os impostos n&o sao instituidos para financiar atividades especificas do Estado em relac&o ao contribuinte, mas sim para promover o bem comum, por meio de atividades gerais, como sade e educagdo, por exemplo. Questo correta. Quest4o 31 - ESAF/AFPS/2002 Tributo € um gravame cuja obrigacéo tem por fato gerador uma _ situago independente de qualquer atividade _estatal especifica, relativa ao contribuinte. Comentario: Nessa questéo ha uma boa pegadinha. Veja que a banca copiou e colou 0 conceito do art. 16 do CTN, trocando apenas imposto por tributo. Dessa forma, a questio ficou totalmente errada, pois a taxa, por exemplo, é uma espécie de tributo e possui como fato gerador uma atividade estatal relativa ao contribuinte. Ok? Questo errada. Questao 32 - ESAF/PFN/1998 Os impostos séo chamados de tributos “néo vinculados” porque _ sua cobranga independe de uma atividade estatal especifica em relagdo ao contribuinte. Comentario: Os impostos séo devidos, independentemente de qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte. Isso ocorre, pois o fato gerador é uma manifestac&o de riqueza por parte do contribuinte. Questao correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 35 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Questéo 33 — ESAF/AFTM/Natal/2008 A cobranca de impostos decorre de uma_atividade administrativa nao vinculada, haja vista os recursos poderem ser utilizados com quaisquer despesas previstas no orcamento. Comentério: O candidato deve ficar atento com essas pegadinhas. A cobranga de qualquer tributo (seja impostos ou qualquer outro) € plenamente vinculada, conforme diz o art. 3° do CTN. Contudo, se fosse para classificarmos os impostos conforme o seu fato gerador, diriamos que é um tributo nao vinculado, pois independe de qualquer atuacéo do Estado em relaco ao contribuinte, Questo errada. Questo 34 - ESAF/MDIC/2002 © tributo cuja obrigag&o tem por fato gerador uma situacio independente de qualquer atividade estatal especifica, relativa ao contribuinte, denomina-se: a) taxa. b) contribuigdo de melhoria. c) imposto. d) empréstimo compulsério. e) preco puiblico. Comentario: Basta ler o art. 16 do CTN. Com isso, chegamos, indubitavelmente, & resposta, que é imposto. A alternativa correta é a Letra C. Questéo 35 - ESAF/IRB/2006 Os impostos terSo, sempre que possivel, cardter pessoal e base de cdlculo diversa das taxas. Comentario: Conforme o art. 145, § 1° da CF/88, sempre que possivel os impostos ter&o caréter pessoal. Contudo, o § 2° do mesmo artigo afirma que as taxas néo podem ter base de célculo prépria de impostos. Portanto, 0 “sempre que possivel” afirmado na questdo sé é aplicdvel ao cardter pessoal dos impostos, mas n&o base de cdlculo dos impostos. Percebeu? Questao errada. 4.2 - Taxas Caros amigos, diferentemente do que vimos em relag&o aos impostos, 0 fato gerador das taxas é uma atividade que o poder ptblico realiza para o contribuinte. Para custear tais atividades, s&o instituidas as taxas. Assim, pode-se afirmar que o fato gerador da taxa, ou melhor, a situag&o que faz surgir a obrigagdo de um contribuinte arcar com o pagamento Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 36 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 de taxa, é um fato do Estado, e nao do contribuinte. Isso significa que € 0 Estado que deve agir para realizar a cobranga da taxa. Com base em tais informacées, pode-se afirmar que ocorre a referibilidade da atividade estatal em relacao ao contribuinte, isto é, a atuacio estatal que constitui o fato deve ser direcionada ao contribuinte, e no @ coletividade. E por isso que se diz que as taxas sdo tributos retributivos ou contraprestacionais. f ; Prisicso O fato gerador da taxa é um fato do Estado. Mas quais seriam os fatos geradores das taxas? Vamos observar 0 que diz o art. 77 do CTN: “art. 77. As taxas cobradas pela Unido, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municipios, no Ambito de suas respectivas atribuigées, tém como fato gerador o exercicio regular do poder de policia, ou a utilizago, efetiva ou potencial, de servico publico especifico e divisivel, prestado ao contribuinte ou posto 4 sua disposico.” Em primeiro lugar, precisamos nos atentar ao fato de que as taxas sao tributos que podem ser instituidos por qualquer um dos entes federados (Uni&o, Estados, Distrito Federal e Municipios), a depender das atribuicées constitucionalmente conferidas a cada ente. Por isso, dizemos que a competéncia para instituir taxas é comum. INDO PR fundo A competéncia para se instituir taxas € mesmo comum? Podemos dizer que a espécie tributdria “taxa” é de competéncia comum, podendo ser instituida pela Uni&o, Estados, Distrito Federal e Municipios. Contudo, em relacdo a cada taxa a ser instituida, a competéncia é privativa de cada ente. Isso significa que, em relagao aos servicos ptiblicos municipais ou ao exercicio do poder de policia municipal, ensejadores de cobranga por meio de taxa, este tributo é de competéncia privativa dos Municipios. Destaque-se que esse detalhe sé deve ser considerado na prova se a questdo se aprofundar nisso! © Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 37 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Perceba que o dispositivo fala “no Ambito de suas respectivas atribuigdes”. Dessa forma, & Unido, por exemplo, sé cabe instituir taxas por determinado servigo publico ou fiscalizagdo que seja de sua competéncia. Podemos dizer que ocorre o mesmo em relac&o aos demais entes. Caro aluno, o ponto mais importante e que mais cai em provas do art. 77 so os fatos geradores da taxa, quais sejam: exercicio regular do poder de policia e a utilizacéio, efetiva ou potencial, de servico publico especifico e divisivel. Por serem itens importantes, vamos dividi-los em dois tépicos, abordando detalhadamente cada um dos fatos geradores que ensejam a cobranca da taxa. 4.2.1 - Taxas de servicos As taxas de servico sdo criadas para custear servicos publicos prestados pelo poder publico & populag&o em geral. Cabe observar, como é do conceito dos tributos, que o contribuinte n&o podera fazer opgdo por nao receber determinada prestagdo de servico estatal. Por outro lado, © Estado pode ou néo optar por tributar determinado servico (dependendo de uma lei para instituir a respectiva taxa) que se enquadre na definig&o do CTN, que a seguir veremos: “Art. 79. Os servicos publicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruidos a qualquer titulo; b) potencialmente, quando, sendo de utilizagéo compulsria, sejam postos 4 sua disposicao mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - especificos, quando possam ser destacados em unidades auténomas de intervengao, de unidade, ou de necessidades publicas; III - divisiveis, quando suscetiveis de utilizagéo, separadamente, por parte de cada um dos seus usudrios.” Veja que o servico prestado pode ser utilizado efetivamente pelo usudrio ou nao. Quando o CTN fala em utilizac&o potencial, esta se referindo aqueles casos em que 0 servico foi oferecido ao contribuinte, mas ele nao o utilizou Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 38 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 O que deve ser gravado € que a disponibilizag&o do servico deve ser efetiva, e 0 que pode ser potencial ou efetivo é a utilizagdo por parte do contribuinte. Cuidado! A disponibilizacdo do servigo deve acontecer para que haja a cobranca. Contudo, segundo o STF (RE 588.322), a prestacao pode ser potencial - ou a utilizacado, sob a ética do contribuinte. atencado Vamos citar o exemplo da coleta domiciliar de lixo. Um caminhaéo sa em frente 4 casa do Sr. Jofo todos os dias para retirar o seu lixo domiciliar. Consideremos, ainda, que Jo&o viaje e fique um més de férias, Dever pagar a taxa decorrente desse servigo publico? E evidente que sim. Percebam que houve a disponibilizagao do servico, ainda que o contribuinte no o tenha utilizado (utilizagdo potencial, neste caso). Ok? Outra caracteristica referente aos servigos ptiblicos é a de que devem ser especificos e divisiveis. Mas 0 que vem a ser isso? Servigos especificos > nos dizeres do CTN, significa que podem ser destacados em unidades auténomas de intervengéo, de unidade, ou de necessidades publicas. Segundo a doutrina, s4o aqueles servicos prestados singularmente a determinado usuario, permitindo, assim, identificd-lo. Séo servigos direcionados a determinadas pessoas. Servicos divisiveis > pela redac&o do CTN, sao divisiveis quando suscetiveis de utilizago, separadamente, por cada um de seus usuérios. Podemos dizer que tais servicos trazem beneficios individuais a cada usuario. mene © mais importante deste trecho é vocé gravar a "atencao| terminologia utilizada pelo CTN, em seu art. 79, incisos II ell. Agora que jé vimos a parte conceitual a respeito da taxa de servico, surge a duivida: quais servigos estatais se enquadram no conceito legal e sdo dignos de cobranca, por meio de taxas? E quais néo podem? Veremos tudo isso a seguir! Em primeiro lugar, devemos ter em mente que as taxas sé podem custear servicos especificos e divisiveis, que também podem ser chamados de uti singuli. Os servigos gerais (uti universi), por outro lado, nao podem ser custeados por taxas, pela auséncia da especificidade e divisibilidade. Estes Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 39 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 devem ser financiados com a arrecadagéo de impostos. Esta é a regra geral e 0 que vocé deve guardar. Por tal motivo, devemos saber que, segundo o STF, o servico de iluminagao publica néo pode ser remunerado mediante taxa. Ora, é possivel identificar todos os beneficidrios de tal servigo? Certamente nao é! Por isso, o Tribunal publicou a seguinte sumula vinculante: Simula Vinculante 41 - O servico de iluminacdo publica nfo pode ser remunerado mediante taxa Observacdo: Esta sumula vinculante possui a mesma redagaéo da Sumula 670 do STF. Isso significa que ja se tratava de entendimento pacifico no STF. 3 INDO als fundo Qual é a diferenca das Simulas do STF para as Sumulas Vinculantes desta Corte? Uma stimula tem por finalidade refletir o entendimento do tribunal, proporcionando uniformidade aos julgamentos que versarem sobre o mesmo tema. A Sumula Vinculante é uma simula especial, que possui efeito vinculante em relagéo aos demais drgdos do Poder Judicidrio e a administragdo publica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Foi criada pela Emenda Constitucional 45/04, com 0 objetivo de ajudar a diminuir o nimero de recursos que chegam as instancias superiores e a0 préprio STF, conferindo maior celeridade aos julgamentos dos processos judiciais. A distingao é que, a partir da sua publicagdo, 0 posicionamento nela contido possui efeito vinculante em relacdo aos demais érgaos do Poder Judiciério e a administragao publica direta e indireta. Se os servicos gerais devem ser financiados com a renda recebida dos impostos, ent&o deveria haver um imposto para custear a iluminacdo publica? Nao! Lembre-se de que o fato gerador dos impostos é uma situacdo independente de qualquer atividade estatal especifica, relativa ao contribuinte (CTN, art. 16). Ainda nessa aula, estudaremos as demais espécies tributarias e veremos que a iluminacdo publica é custeada por um tributo denominado Contribuic&o de Iluminacao Publica (CF/88, art. 149-A). Foi a saida encontrada, j4 que ndo era possivel instituir uma taxa ou um imposto, neste caso. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 40 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Outro servico piblico que néo pode ser remunerado por taxa é a seguranea ptiblica. Por ser atividade indivisivel, deve ser remunerada pelos impostos. Segundo o entendimento do STF (ADI 1.942-MC, Rel. Min. Moreira Alves), “sendo a seguranca ptiblica, dever do Estado e direito de todos, exercida para a preservacaio da ordem piiblica e da incolumidade das pessoas e do patriménio, através, entre outras, da Policia Militar, essa atividade do Estado sé pode ser sustentada pelos impostos, e no por taxa...”. Ressalte-se que o servico de limpeza ptiblica também néo pode ser remunerado por taxa. Tal afirmacéio tem amparo na jurisprudéncia do STF e STJ. Frise-se que quando nos referimos a limpeza pUblica, estamos tratando de atividades como varrig&io, lavagem, capinagéo etc. Repare que a coleta domiciliar de lixo n&o esta incluida nesse rol. rust Cuidado! O servico de limpeza publica no se confunde com o servico de coleta domiciliar de lixo. Esta (a coleta domiciliar de lixo), por outro lado, pode ser remunerada por taxa. Encontramos respaldo na jurisprudéncia do STF, que culminou na publicac&o da seguinte simula vinculante: Stmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razéo dos servigos pUblicos de coleta, remocéo e tratamento ou destinagdo de lixo ou residuos provenientes de iméveis, nao viola o artigo 145, II, da Constituigo Federal. © motivo que levou a Corte Suprema a entender dessa forma é que o servigo de coleta domiciliar de lixo é prestado aos proprietarios dos iméveis, tornando-se simples a identificago dos usuarios de tal servico. Veja que 0 destinatario da acdo estatal € facilmente identificado, e os beneficios também podem ser percebidos pelos contribuintes, de forma que o servico se amolda aos conceitos do CTN, podendo ser custeado por taxas Hd que se destacar que, de acordo com a Suprema Corte, tal atividade (coleta domiciliar de lixo) s6 pode ser custeada pelas taxas se for completamente dissociada de outros servicos publicos realizados em favor da coletividade. Por ultimo, devemos destacar que as custas judiciais e os emolumentos concernentes aos servicos notariais e registrais sao considerados taxas de servico, de acordo com o entendimento do STF. O motivo é bastante simples: sao servicos especificos e divisiveis. Tudo bem até aqui? Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 41 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Vamos para a outra modalidade de taxas. 4.2.2 - Taxas de policia Vimos que o art. 77 do CTN fala que o fato gerador das taxas tanto pode ser a prestacdo de servigos publicos como o exercicio do poder de policia. Mas © que vem a ser poder de policia? Na definic&o do préprio CTN, temos que: “Art. 78. Considera-se poder de policia atividade da administragao publica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a pratica de ato ou abstencdo de fato, em razao de interesse piiblico concernente a seguranca, 4 higiene, 4 ordem, aos costumes, & disciplina da produgéo e do mercado, ao exercicio de atividades econémicas dependentes de concesséo ou autorizacéo do Poder Publico, & tranquilidade publica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.” © poder de policia é aquele que a administracéo publica dispde para restringir alguns direitos individuais de cada particular, tendo em vista os interesses coletivos. Ha diversas atividades fiscalizadoras que podem ensejar a cobranga da taxa de policia. Vamos abordar nesse curso as principais delas. Cite-se, primeiramente, a taxa de alvara, que € cobrada para custear a fiscalizacdo sobre as obras réalizadas em determinado municipio, verificando- se as caracteristicas arquiteténicas. Outro exemplo de taxa de policia é a taxa de fiscalizagiio dos mercados de titulos e valores mobilidrios pela Comisséo de Valores Mobiliérios (CVM). Tal taxa foi considerada constitucional pelo STF, como pode ser percebido pela leitura da seguinte simula: dos mercados de Ha também a taxa de fiscalizacgao de antncios, que visa a custear a fiscalizagéo das atividades publicitarias dentro do municipio. A titulo de exemplo, em 1999 foi considerada constitucional pelo STF uma taxa desse tipo instituida pelo Municipio de Belo Horizonte. Cabe salientar que, para o STF, a existéncia de érgo administrativo constitui elemento para se concluir que houve o efetivo exercicio do poder de polici Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 42 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 "O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercicio do poder de policia daquelas de utilizagdo de servicos especificos e divisiveis, facultando apenas a estas a prestac3o potencial do servico publico. A regularidade do exercicio do poder de policia €é imprescindivel para a cobranca da taxa de localizagéo e fiscalizagdo. A luz da jurisprudéncia deste STF, a existéncia do é6rgdo administrativo nao é condig&o para o reconhecimento da constitucionalidade da cobranca da taxa de localizacéo e fiscalizagao, mas constitui um dos elementos admitidos para se inferir 0 efetivo exercicio do poder de policia, exigido constitucionalmente. E constitucional taxa de renovacio de funcionamento e localizaco municipal, desde que efetivo o exercicio do poder de policia, demonstrado pela existéncia de érgdo e estrutura competentes para o respectivo exercicio, tal como verificado na espécie quanto ao Municipio de Porto Velho/RO." (STF, Pleno, RE 588.322, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em 16/06/2010, Com Repercuss&o Geral. No mesmo sentido, temos 0 seguinte julgado: EMENTA: TAXA DE LICENCA PARA LOCALIZACAO E FUNCIONAMENTO. EXERCICIO DO PODER DE POLICIA. ART. 145, II, DA CONSTITUICAO. - Auséncia de prequestionamento - fundamento suficiente, que no restou impugnado pela agravante. - A cobranca da taxa de localizacdo e funcionamento, pelo Municipio de Séo Paulo, prescinde da efetiva comprovacao da atividade fiscalizadora, diante da notoriedade do exercicio do poder de policia pelo aparato administrativo dessa ipalidade. Precedentes. - Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, 1@ Turma, RE 222.252-AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgado em Fique atento, portanto, em relagdo a forma com que a banca pode cobrar 0 assunto. Se disser que o fato gerador da taxa, segundo o CTN, pode ser 0 exercicio regular do poder de policia, esta correto. Também est correto se disser que nado ha necessidade de efetiva visita da fiscalizagéo ao estabelecimento do contribuinte para que seja cobrada a taxa de policia. Por fim, deve-se frisar que o exercicio do poder de policia deve ser regular, isto significa, de acordo com o par. tinico do art. 78, do CTN, que deve ser desempenhado pelo érgéo competente nos limites da lei aplicavel, com observancia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionaria, sem abuso ou desvio de poder. 4.2.3 - Base de calculo das taxas Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 43 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 De acordo com Aires Barreto, a base de cdlculo “consiste em critério abstrato para medir os fatos tributarios que, conjugado a aliquota, permite obter a ‘divida tributéria’”. No que se refere as taxas, a base de calculo deve ser utilizada para permitir que o ente federado encontre um valor que satisfaga apenas as despesas que ele teve com a prestac&o dos servicos. Caso contrério, haveria enriquecimento sem causa por parte do Estado. E claro que nao é exigida uma preciséo dos valores, mas apenas que ndo haja_ total desvinculacao entre um valor e outro. Foi com base neste raciocinio que o STF jé considerou inconstitucional a da Taxa de Licenga de Localizagao e de Funcionamento que tenha como base de calculo o numero de empregados. Vejamos um trecho da ementa deste julgado: “Taxa de Licenga de Localizagéo e de Funcionamento. Base de calculo. Numero de empregados. Inconstitucionalidade. A Corte adota entendimento no sentido da inconstitucionalidade da cobranga da Taxa de Licenca de Localizagao e de Funcionamento pelos municipios quando utilizado como base de calculo o ntimero de empregados”. (STF, Primeira Turma, RE 614.246-AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgamento Dando continuidade ao nosso estudo, conforme dissemos no tépico referente aos impostos, a base de cdlculo também pode ser usada para identificar a natureza juridica de um tributo, juntamente com a andlise do fato gerador. Nesse contexto, se o legislador criar um tributo e denomind-lo taxa, mas, em sua base de célculo, inserir uma grandeza que nao tenha a ver com qualquer atividade estatal relativa ao contribuinte, estara na verdade criando m “imposto disfarcado”. E por isso que a nossa Constituigdo Federal proibiu a identidade entre a base de cdlculo de uma taxa e de um imposto (tal proibic&o também pode ser encontrada no art. 77, paragrafo unico, do CTN). Veja: Art. 145: § 2° - As taxas nao poderao ter base de cdlculo prépria de impostos. Com base no texto constitucional, o STF editou a seguinte simula: Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 44 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 ipal de conserva de rodagem cuja base de célculo seja idéntica a do Imposto Perceba que ha dois motivos que impedem a cobranga da taxa municipal de conservacao de estradas de rodagem. Um, nés sabemos, que é 0 fato de possuir base de célculo idéntica & do ITR. Mas qual seria 0 outro motivo? Vocé 36 6 capaz de identificar? Se ainda no encontrou, o segunde motivo é que essa taxa nao se refere a um servico especifico e divisivel. Afinal, como mensurar exatamente aqueles que utilizam uma determinada rodovia? Parece uma tarefa bem ardua, certo? Cabe observar que, atualmente, 0 STF possui o entendimento de que é possivel que a taxa seja calculada sobre um ou mais elementos da base de calculo de um imposto, desde que nao haja identidade entre uma base e outra. Observe a redacdo da seguinte stimula vinculante: Sdmula Vinculante 29 - E constitucional a adocgdo, no calculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de calculo propria de determinado imposto, desde que nao haja integral identidade entre uma base e outra. Vamos demonstrar a aplicabilidade da simula citada a um caso real, ocorride no Municipio de Sdo Carlos. Nesse municipio, houve a reparticéo dos custos da atividade de coleta domiciliar de lixo entre os proprietarios de bens iméveis, na proporgdo da drea construida de cada imével beneficiado com o servico. O STF (RE 232.393-SP), ao se posicionar sobre o fato, entendeu que "o fato de a aliquota da referida taxa variar em fungéo da metragem da drea construida do imével - que constitui apenas um dos elementos que integram a base de cdlculo do IPTU - néo implica identidade com a base de cdlculo do IPTU, afastando-se a alegada ofensa ao art. 145, § 20, da CF”. Ainda sobre a base de célculo das taxas, o CTN acrescentou outro detalhe, dizendo que as taxas também ndo podem ser calculadas em func&o do capital social das empresas, como vemos a seguir: Art. 77: (...) Pardgrafo Unico. A taxa no pode ter base de calculo ou fato gerador idénticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em fung&o do capital das empresas. Ora, 0 motivo é dbvio. Sabemos que o fato gerador das taxas deve ser necessariamente um servigo plblico prestado ou o exercicio do poder de Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 45 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrate Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Sabemos também que deve haver uma correlacgdo entre o custo idade prestada ao contribuinte e o valor a ser cobrado dele. Portanto, néo nos parece razodvel cobrar um valor que seria calculado sobre 0 capital social de cada empresa. Nao haveria nenhuma relagdo com a atividade prestada, muito menos com o custo que ela gerou ao Estado. Vocé ainda esté lembrado da Stimula 665 do STF? Aquela que considera constitucional a taxa de fiscalizagéo dos mercados de titulos e valores mobilidrios instituida pela Lei 7.940/1989? A lei citada considerou que o capital das empresas era um fator de referéncia, para determinar o valor fixo da taxa a ser cobrada, de acordo com uma tabela. Sendo assim, podemos dizer que 0 capital das empresas nao pode ser utilizado como base de calculo das taxas, mas pode ser um fator de referéncia, para calcular um valor fixo de taxa. Justamente pelo fato de a taxa ter que possuir um valor que corresponda ao custo da atividade estatal foi que o STF editou a seguinte simula: ‘Stimula STF 667 — Viola a garantia constitucional de acesso a jurisdicao a taxa judicidria calculada sem limite sobre o valor da caus Posteriormente, em 2009, o STF pudemos verificar 0 seguinte trecho do voto do Ministro Ricardo Lewandowski: legitima taxa judicidria que tenha base de calculo o valor da causa ou da condenagao, Precedentes. II - A simples circunstancia de nao haver sido estipulado um teto-limite para a taxa judici ‘constitui razao suficiente para que se tenha por violado o p! do livre acesso ao Poder Judiciario. III - Agravo regimental improvido. * (STF, Primeira Turma, a oo 642-AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, (06/21 Ou seja, se o valor cobrado néo guardar proporcionalidade com o custo do servico prestado ou a disposi&o do contribuinte, fica evidente a ofensa ao principio do n&o confisco (estudaremos os principios constitucionais em outras aulas)! (Observacao: Como agir na hora da prova? Guarde a Sumula 667 e também 0 trecho do voto do Min. Ricardo Lewandowski, pois pode Ihe ser solicitado este. O ideal é sempre analisar todas as assertivas da quest&o, antes de definir a resposta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 46 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério strategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Cabe destacar que o STJ possui entendimento favoravel a cobranga da Taxa de Incndio, instituida pela Lei Estadual 14.938/03 (MG), uma vez que, para o Tribunal, preenche os requisitos de especificidade e divisibilidade, embora a doutrina entenda de outra maneira. Na mesma linha, o STF também ja decidiu que a taxa cobrada em razdo da prevencéio de incéndios ¢ legitima: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTARIO. TAXA DE INCENDIO. CONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - E legitima a cobranca da Taxa cobrada em razéo da prevengéo de incéndios, porquanto instituida como contraprestagao a servico essencial, especifico e divisivel. Precedentes. II - Agravo regimental improvido. (STF, Primeira Turma, Al 677.891/AgR-MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, gamento em 17/03 f , fatenc. 0 | A Taxa de Incéndio é constitucional. Por ultimo, lembre-se de que deve haver correspondéncia entre o valor cobrado a titulo de taxa e o custo da atividade prestada ao contribuinte: “Taxa: correspondéncia entre o valor exigido e o custo da atividade estatal. A taxa, enquanto contraprestaco a uma atividade do Poder Publico, nado pode superar a relacdo de razodvel equivaléncia que deve existir entre o custo real da atuacdo estatal referida ao contribuinte e o valor que o| Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes as aliquotas e a base de calculo fixadas em lei. Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do servico prestado ou posto a disposicao do contribuinte, dando causa, assim, a uma situaco de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relacéo de equivaléncia entre os fatores referidos (0 custo real do servico, de um lado, e 0 valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-8, entdo, quanto a essa modalidade de tributo, hipétese de ofensa a clausula vedatéria inscrita no art. 150, IV, da CF. Jurisprudéncia. Doutrina.” STF, Plendrio, ADI 2.551, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 02/04/2003: 4.2.4 - Taxas e Precos Piiblicos Para vocé, candidato que se prepara para concursos publicos, é de extrema importancia saber as principais caracteristicas que diferenciam as taxas dos precos publicos (ou tarifas). Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 47 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Primeiramente, a diferenga entre os dois institutos situa-se no regime juridico a que esto submetidos. As taxas, por serem tributos, est&o sujeitas ao direito publico e seus principios. J4 as tarifas, seguem os principios do direito privado. Como consequéncia, as taxas sé podem ser cobradas por pessoa Juridica de direito puiblico, a0 passo que as tarifas podem ser cobradas por pessoa juridica de direito publico ou privado. Por essa disting&0, podemos deduzir praticamente todas as demais distingdes entre as taxas e as tarifas. Ora, se as taxas esto sujeitas ao direito publico, é natural que sejam obrigacées compulsérias, e que também sejam instituidas em lei. Por outro lado, as tarifas sdo facultativas, por se originarem de um contrato administrativo. Também podemos dizer que, por serem compulsérias, as taxas néo permitem autonomia de vontade do particular em pagar ou nao, mas veja que isso € possivel no que se refere as tarifas, afinal, o seu pagamento é facultativo. Vamos verificar agora se sua meméria esté boa e se voce esté entendendo bem a matéria. As taxas sdo receitas derivadas ou originarias? E os precos ptiblicos? Tranquila essa pergunta, néo? As taxas sdo receitas derivadas, e os precos ptiblicos, receitas originarias. Caso tenha duvida, nao hesite em ler novamente essa parte da aula. Em decorréncia do que jé foi exposto nesse tépico, podemos inferir também que a rescisdo nao é admissivel para as taxas, mas o é para os precos publicos, pois estes se originam de um contrato. Entdo, para facilitar, vamos esquematizar o que acaba de ser visto: Carater facultative Regime juridico de direito publico Regime juridico de direito privado Cobrada por pessoa juridica de | Cobrada por pessoa juridica de direito direito publico publico e privado Receita derivada Receita originaria Nesse rumo, hd que se ressaltar que, tanto o servigo de energia elétrica como o de agua e esgoto séio remuneradbs por tarifas (ou pregos publics): Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 48 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 “EMENTA: (...) A tarifa de energia elétrica nao é considerada de natureza endo assim, o prazo prescricional € vintendrio. (...)" (STJ, REsp 30.847/SP, Rel. Min. Helio Mosimann, Julgamento em 02/10/1995) “EMENTA: AGUA E ESGOTO - TARIFA VERSUS TAXA. A jurisprudéncia do Supremo é no sentido de haver, relativamente ao fornecimento de 4gua e tratamento de esgoto, o envolvimento de tarifa e no de taxa.” ‘STF, AL 753.964-AgR/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, 15/10/2013 © ST), embora jé tenha entendido que o servico de agua e esgoto era remunerado mediante taxa, a partir de 2009 passou a seguir o entendimento do STF, qual seja o de que se trata de tarifa, e nao de taxa. preiee Fornecimento de Energia Elétrica e Agua e Tratamento de Esgoto = Tarifa © entendimento bdsico que devemos ter sobre o assunto é o de somente pessoa juridica de direito publico pode ser sujeito ativo de uma relacdo tributaria, conforme o que diz o art. 79 e 119 do Cédigo Tributario Nacional. Se uma questdo afirmar isso, considerando o CTN, com certeza ela estar correta. Se a questo mencionar a diferenga entre taxa e prego ptiblico, utilize a jurisprudéncia do STF ou STJ, conforme o caso. © STF também jé sumulou entendimento que expe claramente a necessidade de que as taxas sejam cobradas compulsoriamente, como vemos a segui ‘Sumula STF 545 - Precos de servicos publicos e taxas nao se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, séo compulsérias e tem sua cobranga condicionada a prévia autorizagéo orcamentéria, em relagdo a lei que as instituiu. Ressalte-se que a ultima parte da simula deve ser gravada, mas, ao mesmo tempo, ignorada. Vocé poderia dizer: “como assim, professor?” Ela deve ser ignorada porque se refere ao principio da anualidade, atualmente nao existente em nossa CF/88. Contudo, mesmo assim deve ser gravada, porque a sua literalidade ja foi cobrada em provas de concurso publico, sendo considerada correta. E preciso ficar atento, se cair na tua prova! Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 49 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 p HORADE raticar! Questdo 36 - FGV/AFRE-RJ/2011 Quanto as taxas, é correto afirmar que a) é possivel que elas sejam calculadas em fungao do capital das empresas. b) somente podem ser cobradas para fazer face a utilizacéio efetiva de servigo publico prestado ao contribuinte. c) a cobranca de taxas se subordina a prestacao de servico publico especifico e indivisivel posto & disposigao do contribuinte. d) a taxa nao pode ter fato gerador idéntico ao que corresponda a imposto, mas nada impede que tenha a mesma base de calculo. e) so compulsérias e tem sua cobranga condicionada @ prévia autorizagdo orcamentaria em relagao a lei que as instituiu. Comentario: Alternativa A: Nos termos do parégrafo Unico do art. 77 do CTN, a taxa nao pode ser calculada em fungo do capital das empresas. Item errado. Alternativa B: Sendo o servico piiblico especifico e divisivel, € possivel que seja cobrada taxa, ainda que a utilizacdo seja potencial. Item errado. Alternativa C: A assertiva erra ao dizer que o serviso piblico pode ser indivisivel. Grave isto: servicos ptiblicos especificos e divisiveis. Item errado. Alternativa D: 0 CTN estabelece que as taxas no podem ter bases de célculo ou fatos geradores idénticos ao dos impostos. Ademais, a propria CF/88 proibe que as taxas tenham base de calculo préprias dos impostos. Portanto, item errado. Alternativa E: Embora o principio da anualidade no exista em nossa CF/88, a FGV cobrou essa assertiva com base na Sumula 545 do STF, e a considerou correta. Portanto, fiquemos sempre atentos aos textos das stimulas. Gabarito: Letra E Questéo 37 - FGV/AFRE-RJ/2011 A taxa é um tributo ndo vinculado a uma atuacdo estatal especifica e tem, como possivel fato gerador, o exercicio regular do poder de policia. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina SO de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Comentario: Embora a taxa tenha como possivel fato gerador o exercicio regular do poder de policia, nado podemos dizer que é um tributo nao vinculado, pois, em qualquer caso, exige-se uma atuacdo estatal relativa ao contribuinte, sendo, portanto, um tributo vinculado. Logo, a questo encontra- se errada. Questdo 38 - FGV/J1 ‘A / 2009 A taxa e o prego piiblico se caracterizam por: a) © prego publico ser receita derivada do Estado e a taxa ser receita originaria. b) a cobranca da taxa obedecer ao principio da proporcionalidade do uso e a do prego ptiblico nao. c) © prego ptblico poder ser cobrado pela utilizaclo potencial do servico, enquanto e a taxa no poder. d) a taxa ter como sujeito ativo pessoa juridica de direito publico e o preco ptiblico poder ser exigido por pessoa juridica de direito privado. e) © regime juridico da taxa ser sui generis, j4 0 dos pregos publicos ser, sobretudo, contratual. Comentario: Alternativa A: Na verdade, os conceitos foram invertidos, pois a taxa é receita derivada, e o preco publico, origindria. Item errado. Alternativa B: Nao hé qualquer imposic&o para que as taxas se submetam ao principio da proporcionalidade do uso, até porque a utilizacéo pode ser potencial. Item errado. Alternativa C: A taxa pode sim ser cobrada pela utilizagdo potencial do servigo publico. Item errado. Alternativa D: A taxa, por ser tributo, pode ser cobrada apenas por pessoa juridica de direito publico. Os pregos publicos, de outro modo, podem ser exigidos por pessoa juridica de direito privado. Item correto. Alternativa E: O regime juridico a que a taxa esta submetida é de direito piiblico. © preco ptiblico, por seu turno, submete-se ao regime contratual, no ambito do direito privado. Item errado. Gabarito: Letra D Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 51 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 39 — FGV/AFRE-RJ/2010 E inconstitucional a taxa cobrada exclusivamente em raz&o dos servicos publicos de coleta, remogdo, tratamento e destinacao de lixo ou residuos provenientes de iméveis. Comentario: Conforme a redagéo da Stmula Vinculante 19, a taxa cobrada com base em tais servicos é constitucional. Questdo errada. Questéo 40 — FGV/AFRE-RJ/2009 As taxas, cobradas em razéio do exercicio do poder de policia ou pela utilizac&o, efetiva ou potencial, de servigos publicos especificos e divisiveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposig&o, no poderao ter base de calculo prépria de impostos. Comentario: De acordo com o texto constitucional (art. 145, § 29), as taxas nao poderao ter base de célculo prépria de impostos. Questo correta. Questao 41 - ESAF/ISS-RJ/2010 Sobre as taxas, é incorreto afirmar que o servigo prestado ou posto a disposicéo, que permite a instituicéo de uma taxa, é sempre estatal, podendo, éxcepcionalmente, ser servico prestado por empresa privada. Comentario: Lembre-se de que 0 servico que permite a cobranca de taxas deve ser sempre estatal. Portanto, a questdo esta correta porque o que foi pedido era se a afirmaciio estava incorreta e realmente estd. Questo correta. Questdo 42 - ESAF/APOFP-SP/2009 Assinale a opgao que representa uma taxa publica. a) Servico de 4gua. b) Servico de energia. c) Servico de esgoto. d) Pedagio explorado diretamente ou por concessao. e) Servico postal. Comentario: Vamos resolver esta questdo por eliminatéria, ok? De imediato, com base no que acabamos de ver, as letras A, B e C esto erradas, pois séo servicos remunerados por tarifas. A letra D também esta errada, pois o STF (ADI 800) j4 decidiu que o pedagio n&o possui natureza tributdria (este assunto sera estudado na préxima aula). Por ultimo, sé nos resta a letra E. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 52 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 A melhor explicagéo para justificar esse posicionamento da ESAF é a de que o servico postal é de competéncia exclusiva da Unido (art. 21, X, da CF/88). Por tal motivo, néo pode ser explorado mediante delegagéo. Sendo assim, 0 gabarito da questdo é a letra E. (Observacao: Como a nossa banca € a FGV, ndo & necessario se preocupar com este posicionamento! Ainda nao vi questdes polémicas sobre este| assunto da FGV. @ Questéo 43 — ESAF/ACE-MDIC/2012 Sobre as taxas, espécie tributéria prevista pelo art. 145, inciso II da Constituig&o Federal, julgue os itens abaixo e a seguir assinale a opcdo correta. I. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercicio do poder de policia daquelas de utilizago de servicos especificos e divisiveis, facultando apenas a estas a prestac&io potencial do servico publico. II. © Supremo Tribunal Federal entende como especificos e divisiveis, e passiveis de tributaco por meio de taxa, os servicos publicos de coleta, remog&o e tratamento ou destinac&o de lixo ou residuos provenientes de iméveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros servicos publicos de limpeza realizados em beneficio da populacdo em geral (uti universi) e de forma indivisivel. IL. Precos de servicos piblicos e taxas néo se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, so compulsérias e tém sua cobranca condicionada a prévia autorizacdo orcamentaria, em relacao a lei que as instituiu. IV. A taxa, enquanto contraprestacéo a uma atividade do Poder Publico, n&o pode superar a relag&o de razodvel equivaléncia que deve existir entre o custo real da atuagdo estatal referida ao contribuinte e 0 valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes as aliquotas e base de calculo fixadas em lei. a) Apenas I, II e IV esto corretos. b) Apenas I, III e IV est&o corretos. c) Apenas II ¢ IV esto corretos. d) Apenas III € IV esto corretos. e) Todos os itens esto corretos. Comentario: Item I: Conforme mencionamos, a disponibilizacao do servigo deve ocorrer para que haja a cobranca. Entretanto, se o contribuinte nao utilizou o servico, podemos dizer que houve uma prestacdo potencial, segundo o STF. Item correto. Item II: Esse é 0 entendimento do STF, € 0 que devemos levar para a prova. De nada adiantaria prestar um servico especifico e divisivel associado a outro que é concedido a toda a populacao, concorda? Item correto. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 53 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Item III: Meu amigo, essa questo é muito capciosa. A banca adotou como correta, por seguir a literalidade da stimula 545 do STF. No entanto, o final da redagao de tal simula fala do principio da anualidade, hoje nao mais existente no nosso sistema tributdrio. Essa questéo caiu de forma idéntica no concurso ISS-RJ/2010, realizado pela mesma banca! Portanto, muita atenc&o com as questées da ESAF. Item correto. Item IV: Trata-se de cépia parcial da ementa do julgamento da ADI 2.551. Deve haver equivaléncia entre o custo real da atuac3o estatal e o valor da conseqiiente taxa cobrada do contribuinte. Item correto. Portanto, todos os itens esto corretos, sendo a resposta correta a Letra E. Questo 44 - ESAF/PFN/2006 Territério Federal pode instituir taxa. Comentario: Territério Federal n&o é ente federado como a Unio, os Estados, © DF e€ 0s Municipios. Portanto, n&o tem competéncia tributéria para instituir taxa ou qualquer outro tributo. Veremos isso na aula em que tratarmos sobre a competéncia tributaria. Questo errada. Questdo 45 - ESAF/AFTE/RN 2005 Nao é permitido instituir e cobrar taxa de conservacéo de estradas de rodagem cuja base de cdlculo seja idéntica a do imposto sobre propriedade territorial rural Comentario: De acordo com a simula 595 do STF, é inconstitucional essa cobranga. O motivo € que a taxa ndo pode ter base de calculo prépria dos impostos. Questo correta. Questo 46 - ESAF/AFRF/2005 Taxas, na dicgdo do artigo 145, inciso II, da Constituigo Federal, constituem a modalidade de tributo que se podem cobrar em razéio do exercicio do poder de policia ou pela utilizacéo, efetiva ou potencial, de servicos publicos especificos e divisiveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposicéo. Sobre a taxa, € errado afirmar que € um tributo cuja base de calculo ou fato gerador ha de ser diversa dos de imposto, e nao pode ser calculada em fungao do capital das empresas. Comentario: A questo é bastante tranquila, seguindo a literalidade do art. 77 do CTN. Contudo, como a banca afirma que o conceito esta errado, a questao acaba se tornando incorreta. Questo errada. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 54 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Questéo 47 — ESAF/PGDF/2007 E inconstitucional a taxa de fiscalizagéo dos mercados de titulos valores mobilidrios instituida pela Lei n. 7.940, de 1989, haja vista nao ser conferido, pelo ordenamento jurfdico positivado, poder de policia a Comissao de Valores Mobilidrios. Comentario: A questao inverte totalmente o conceito da simula 665 do STF. Na realidade, a CVM possui poder de policia, e por esse motivo tal cobranga pode ser caracterizada como taxa. Questao errada. Questao 48 - FCC/Fiscal de Rendas/SP/2006 ‘As taxas tém como fato gerador a utilizacdo efetiva ou potencial do poder de policia ou o exercicio regular do servico publico especifico e indivisivel. Comentério: Tem algo de errado nessa questéio. Perceba que a banca inverteu os conceitos. A utilizacao efetiva ou potencial se refere aos servicos ptiblicos, e nao ao exercicio do poder de policia. Questo errada. Questéo 49 - FCC/Fiscal de Rendas/SP/2006 A Unido, os Municipios e 0 Distrito Federal poderao instituir taxa para o custeio do servico de iluminagao publica. Comentario: Conforme ja vimos, a simula 670 do STF afirma que o servico de iluminaco publica ndo pode ser remunerado mediante taxa. Cuidado! Questao errada. Questdo 50 — ESAF/AFRF/2005-Adaptada Sobre a taxa, é errado afirmar que os servicos ptblicos que ensejam sua cobranca consideram-se utilizados pelo contribuinte, efetivamente, quando, sendo de utilizacéo compulséria, sejam postos & sua disposigéo mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento. Comentario: Preste atengao no jogo de palavras. A questéo fala que é errado que os servicos utilizados efetivamente so aqueles que foram postos a disposicéo do contribuinte. Sim, esta errado, e o fato de a assertiva estar errada faz dela uma resposta correta, pois foi isso o que o enunciado pediu. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 55 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questo 51 - ESAF/Agente Fiscal/PI/2002 A autorizagéo para que loja coloque antincio luminoso na porta externa, concedida (a autorizacéio) pela administracéo municipal, pode ensejar a cobranca, pelo Municipio, de uma taxa fundada no seu poder de policia. Comentério: Como vimos, um dos fatos geradores da taxa é 0 exercicio regular do poder de policia (art. 77, CTN), que se encaixa perfeitamente no exemplo fornecido pela questo. Questéo correta. Questéo 52 - ESAF/AFRFB/2009 © poder de policia, que enseja a cobranga de taxa, considera-se regular quando desempenhado pelo érgéio competente e nos limites da lei aplicavel, com observancia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionaria, sem abuso ou desvio de poder. Comentario: Questéo simples e literal. Basta ler 0 paragrafo Unico do art. 78 do CTN. Questao correta. Questaéo 53 - CESPE/DPF/2002 Consoante entendimento do STF, os emolumentos judiciais séo tributos da espécie taxa. Comentario: Nés vimos isso em aula. Os emolumentos judiciais séo considerados tributos da espécie taxa. O fato gerador é um servico prestado ao contribuinte. Questo correta. Finalizamos a segunda espécie de tributo tratada nesse curso. Vamos em frente. 4.3 — Contribuigées de Melhoria As contribuigées de melhoria so tributos de dificil aplicacio pratica, ao menos no Brasil. Jé esteve prevista em outras constituigdes anteriores a atual, n&o sendo, portanto, qualquer novidade a sua previsdo no texto constitucional de 1988. So tributos que surgem com a realizacéo de uma obra publica da qual decorra valorizagéo imobiliéria aos contribuintes. O motivo é evitar que haja enriquecimento de um determinado numero de pessoas as custas da coletividade. Vou dar um exemplo para que vocé entenda melhor o motivo da cobranca. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 56 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Digamos que o Sr. Jozio more em um loteamento onde as ruas nao sdo calgadas e existam poucos vizinhos naquele isolado bairro. Com 0 passar dos anos, 0 Estado decide construir 0 novo férum da cidade naquela regido, fazendo com que grandes bancos e lojas venham a se instalar também naquelas proximidades. As ruas que antes eram de terra, agora séo asfaltadas e bem sinalizadas. A casa do Sr. Jodo, que antes era avaliada em R$ 50.000,00, agora ja esté valendo cerca de R$ 200.000,00, em decorréncia da valorizagao do lote naquele requisitado bairro. Vamos analisar a situagdo: © poder piblico gastou grande soma de dinheiro para construir o forum, asfaltar e sinalizar as ruas, entre outras benfeitorias. Tudo isso foi feito com o dinheiro pUblico que, como sabemos, pertence a sociedade como um todo. Seria justo o Sr. Joo ter o seu imével valorizado nesse montante sem dispor de qualquer centavo de seu bolso? E ébvio que néo. E nesse instante que surge a cobranca da contribuic&o de melhoria. Vamos ler 0 que diz a CF/88 acerca desse tributo: “art. 145. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios podero instituir os seguintes tributos: III - contribui¢éo de melhoria, decorrente de obras publicas.” Perceba que a CF/88 definiu que todos os entes federados (Uni&o, Estados, Distrito Federal e Municipios) poderdo instituir a contribuicéo de melhoria. Podemos dizer, entéo, que é um tributo de competéncia comum, assim como a taxa. Nao se preocupe quanto a essa classificagéo de competéncias, pois aprenderemos isso no momento certo. Vamos abordar agora os conceitos trazidos pelo CTN, e que dizem respeito a esse tributo: Art. 81. A contribuigéo de melhoria cobrada pela Unido, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municipios, no 4mbito de suas respectivas atribuigées, é instituida para fazer face ao custo de obras publicas de que decorra valorizacao imobilidria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual 0 acréscimo de valor que da obra resultar para cada imével beneficiado. Eu negritei, de preto, a parte do artigo que menciona o fato gerador que justifica a cobranca da contribuicéo de melhoria. Veja que se a obra publica Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina S7 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 no gerar valorizagao imobilidria, nao ha justificativa para cobranga do tributo. Portanto, devemos gravar que o fato gerador é a valorizacao imobilidria, e nao a obra ptiblica em si. Precisamos ficar atentos também que, da mesma forma como ocorre com as taxas, o fato gerador que justifica a cobranca das contribuicées de melhoria é uma atividade estatal, que no caso é uma obra publica. Portanto, podemos dizer que se trata de um tributo vinculado. Veja que 0 CTN trouxe outros detalhes que n&o foram mencionados na CF/88. Esses detalhes se referem aos limites aos quais a contribuicfo de melhoria esta sujeita. aten =_,| A CF/88 é omissa quanto aos limites individuais e totais PF etisicao ENCAO) da contribuigSo de melhoria. Guarde isso! O limite total se refere ao valor maximo que pode ser arrecadado a titulo de contribuigéo de melhoria. O CTN estabeleceu como limite o valor total gasto com a obra. Como limite individual, foi estabelecido o valor que corresponde a valorizag&o que a obra ptiblica gerou para cada particular. No caso do Sr. Jodo, a contribuigéo de melhoria poderia chegar até a R$ 150.000. E inacreditavel, mas é a realidade. Nao ha muita jurisprudéncia acerca desse tributo. Podemos citar o entendimento do STF (RE 116.148/SP, Rel. Min. Octavio Gallotti) de que o mero recapeamento de via publica j4 asfaltada nao jusitifica a cobranca do tributo, Apenas a realizagdo de uma nova pavimentagao seria capaz de ensejar a cobranca da contribuicéo de melhoria, se houvesse valorizagao imobiliaria, é claro. ec Obras de pavimentacao asfdltica nado justificam a ‘atencao|cobranga de taxas, mas sim de contribuigdes de melhoria, caso valorizem iméveis particulares. Por fim, destaque-se que o tributo néo pode ser cobrado antes da realizagéo da obra publica, jé que é a consequéncia dela que justificaria a cobranca tributaria. Contudo, nada impede a instituicdo do tribute apés o término de parte da obra, se ja houver resultado em valorizacéo imobiliéria para o contribuinte. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 58 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 4 HORA DE raticar! Questdo 54 — FGV/AFRE-RJ/2009 A contribuigéo de melhoria é instituida para fazer face ao custo de obras piiblicas de que decorra valorizacéo imobilidria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imével beneficiado. Comentario: O valor cobrado a titulo de contribuig&o de melhoria esta sujeito a alguns limites, disciplinados no CTN, em seu art. 81. O limite total é a despesa realizada com a obra publica e o limite individual é 0 acréscimo de valor que da obra resultar para cada imével beneficiado. Questo correta. Questdo 55 - FGV/AFRE-RJ/2011 A contribuigéo de melhoria € 0 tributo cobrado em funco da realizagéo de obras e prestagao de servicos Comentério: Na realidade, a contribuicggo de melhoria é cobrada unica e exclusivamente em decorréncia de obras plblicas das quais decorra valorizagéo imobilidria. Nunca se esqueca de que o fato gerador é a valorizagao, e ndo a obra publica. Questo errada. Questéo 56 - ESAF/ PROC. FAZENDA NACIONAL/1998 ‘A Constituigéo de 1988 nao estabelece que o limite total da contribuicéo de melhoria seja o valor da despesa realizada pela obra publica que Ihe deu causa. Comentario: Muitos candidatos confundem isso. Os limites totais e individuais da contribuicdo de melhoria estSo expressos no art. 81 do CTN, e ndo na CF/88. Cuidado com isso. Questo correta. Questéo 57 —- ESAF/AFTE/MS 2001 Somente a Unido e os Estados podem instituir contribuigées de melhoria. Comentario: A contribuic&o de melhoria é um tributo de competéncia comum, ou seja, todos os entes federados podem institui-la. Como a questéo nao mencionou os municipios, ela esta errada. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 59 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 58 - FGV/Fiscal de Rendas/RJ/2007 © art. 5° do Cédigo Tributério Nacional determina que os tributos se dividem em: a) impostos, taxas e contribuigdes de melhoria. b) impostos, taxas, contribuicdes sociais e contribuigées de melhoria. c) impostos, taxas, contribuigées sociais, contribuigées de melhoria e empréstimos compulsérios. d) impostos, taxas, contribuigSes sociais e empréstimos compulsérios. e) impostos, contribuigées sociais, contribuiges de melhoria e empréstimos compulsérios. Comentédrio: Em primeiro lugar, devemos observar que o comando da questo solicita que a resposta seja dada em consonancia com o CTN. Portanto, n&o podemos responder com base na corrente pentapartida, mas sim levando em consideracdo tripartida, que foi aquela adotada na época de publicac&o do CTN. Portanto, os tributos s&o impostos, taxas e contribuigdes de melhoria. Letra A. Questo 59 - ESAF/IRB/2006 A contribuigfo de melhoria, decorrente de obras publicas, poderé ser cobrada pelo ente executor da obra da qual os contribuintes tenham-se beneficiado, ou, no caso de omisséo deste, pela Unido. Comentédrio: Nao ha essa previsio de que, em caso de omisséo do ente executor da obra, tal tributo pode ser cobrado pela Unido. Questao errada. Questo 60 - ESAF/AFTE/PA/2002 Identifique, nas opges abaixo, 0 tributo cujo fundamento ético-juridico é 0 n&o enriquecimento injusto. a) imposto. b) taxa. c) empréstimo compulsério. d) contribuic&o social. e) contribuic&o de melhoria. Comentario: A contribuigéo de melhoria € 0 tributo que foi previsto para que n&o haja enriquecimento sem causa, por parte dos contribuintes. Ora, ndo seria justo que o Estado dispusesse de grandes somas de dinheiro para realizar determinada obra publica, e que isso s6 beneficiasse parte da populacéo. Letra E. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 60 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questéo 61 - CESPE/Procurador Federal/2004 A contribuiggo de melhoria pode ser cobrada quando a construgéo de obra publica trouxer qualquer beneficio para o contribuinte. Comentério: © fato gerador da contribuic&o de melhoria néo é qualquer beneficio ao contribuinte, mas sim a valorizac&o imobilidria. Questo errada. Questo 62 - FCC/Procurador municipal/Recife/2008 NAO se inclui entre as caracteristicas do tributo contribuigéo de melhoria: a) ter competéncia comum para instituicéo. b) ser vinculada a uma atividade estatal. c) ter por fato gerador a obra publica de que decorre valorizacio imobiligria. d) ser instituida para fazer frente obra plbblica a ser iniciada apés sua arrecadacao. e) ter por base de célculo 0 quantum da valorizagéo dos iméveis adjacentes a obra. Comentério: Vamos analisar todos os itens dessa questdo. A letra A se inclui entre as caracteristicas, pois a contribuicgo de melhoria é um tributo e competéncia comum. A letra B esté correta, pois a contribuic&o de melhoria esta vinculada a uma atividade estatal, que é uma obra publica. A letra C traduz perfeitamente o fato gerador do referido tributo. A letra E também esta ok, pois a base de cdlculo do tributo € valor que foi gerado de valorizagéo aos iméveis préximos do local da obra. A letra D, contudo, estd errada, pois a contribuigéo s6 pode ser cobrada apés o término da obra, ou parte dela, desde que jé tenha havido valorizacdo imobilidria. Letra Dz 4.4 - Empréstimos Compulsérios Em relacéio aos empréstimos compulsérios, devemos saber que o STF ja chegou a entender que eles nao eram tributos, e sim um contrato, por ter natureza restituivel. Tal entendimento chegou a ser sumulado pela Suprema Corte. Contudo, antes mesmo da CF/88, a Emenda Constitucional 18/1965 colocou fim as controvérsias que existiam sobre o tema, ao dispor sobre esse tributo no Sistema Tributario Nacional daquela época. Portanto, hoje devemos entender que a Simula 418 do STF perdeu a validade (RE 111.954/PR) e que os empréstimos compulsérios, além de terem Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 61 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 sido tratados novamente pela CF/88 (art. 148) no capitulo do Sistema Tributdrio Nacional, se encaixam perfeitamente no conceito de tributos (CTN, art. 3°) que vimos anteriormente. Vocé poderia questionar: “E a questo da restituicéo? Poderiam ser tributos mesmo tendo que ser devolvidos posteriormente?” Ora, o art. 3°, que define o que é tributo, fala algo sobre a necessidade de que a receita seja definitiva? Ha alguma restric&o para que se devolva o que foi cobrado? Nao! Portanto, so tributos! Além disso, devemos gravar que os empréstimos compulsérios constituem uma espécie distinta de tributos, que ndo se confunde com as demais. Vocé se lembra que falamos da corrente pentapartida? La, estudamos que uma das espécies eram os empréstimos compulsérios, certo? Portanto, podemos dizer que eles sdo uma espécie auténoma de tributos, conforme a doutrina majoritaria e jurisprudéncia (RREE 146.733-9/SP e 138.284/CE). Outro aspecto importante sobre os empréstimos compulsorios é que eles devem ser instituidos por lei complementar. Dessa forma, podemos afirmar que as medidas provisérias (ato normativo editado pelo executivo e que n&o pode tratar de assuntos reservados as leis complementares por expressa disposig&o no art. 62, § 19, III) no s&o capazes de instituir empréstimos compulsorios. Para ajudé-lo a guardar essa caracteristica, Luciano Amaro (2008) afirma que “exige a Consituiggo o rigor formal da lei complementar, certamente com 0 propésito de evitar os abusos que houve no passado”. Guarde isto: empréstimos compulsérios nao podem ser instituidos por lei ordinéria ou medida proviséria! NUNCA! Devem ser instituides por lei complementar. Uma peculiaridade que é cobrada recorrentemente em concursos publicos diz respeito & competéncia tributdria para instituir tal espécie de tributo. Saiba que somente a Unido pode institui-los. Trata-se, portanto, de um tributo de competéncia exclusiva da Unido. Vejamos agora 0 artigo que aborda esse assunto na CF/88: Art. 148. A Uni&e, mediante lei complementar, poderé instituir empréstimos compulsérios: I - para atender a despesas extraordindrias, decorrentes de calamidade publica, de guerra externa ou sua iminénc Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 62 de 122 E nae Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 II - no caso de investimento piiblico de caréter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Pardgrafo unico. A aplicagio dos recursos provenientes de empréstimo compulsério| serd vinculada 4 despesa que fundamentou sua instituicao. Eu negritei parte do caput do art. 148 para vocé visualizar que muito do que vimos até agora esta estampado na CF/88. Perceba que ha trés pressupostos faticos ou situagées autorizadoras que justificam a cobranga de um empréstimo compulsério: despesas extraordindrias decorrentes de calamidade publica, despesas extraordinérias decorrentes de guerra externa ou sua iminéncia e os investimentos ptblicos de carter urgente e de relevante interesse nacional. Vamos entender 0 conceito de despesas extraordinarias com as ligdes de Sacha Calmon: “Despesas extraordinarias s&o aquelas absolutamente necessérias, apés esgotados os fundos publicos inclusive os de_contingéncia. Vale dizer, a inanig&o do Tesouro ha de ser comprovada.” (COELHO, Sacha Calmon Navarro. Comentarios 4 Constituigao de 1988/Sistema Tributario Nacional. Pag. 147) tencdo|Despesas extraordinarias = Apés esgotados os fundos ptblicos, inclusive os de contingéncia. Fique atento, pois algumas questdes de concursos costumam abordar 0 tema como esté na CF, em duas partes. Dessa forma, é comum vocé se deparar com questées que mencionam apenas dois pressupostos faticos, englobando as duas primeiras (despesas extraordindrias) como se fossem apenas uma possibilidade. Trata-se apenas de uma questdo de divisao, no tornando a questéio errada. Se vocé ler o art. 15 do CTN, ira perceber que a redagéo do art. III nao foi incluida na CF/88. Tal inciso menciona outra possibilidade para a instituig3o do referido tributo, que a conjuntura que exija a absorc&o temporaria de poder aquisitivo. Saiba que esse inciso nao foi recepcionado pela Magna Carta, devendo ser consideradas incorretas as questées que mencionem tal hipétese. Ok? Creio que pode ter surgido outra duvida na sua cabega: seriam esses, portanto, os fatos geradores do empréstimo compulsério? Nao! Como eu disse, Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 63 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 trata-se de pressupostos faticos ou situagdes que autorizam a instituigéo de um empréstimo compulsério. © fato gerador foi deixado a critério do legislador. 11 Cgq|N&0_confunda fate gerador com situagéo autorizadora ALENCAO | (hipsteses previstas no art. 148 da CF/88). Agora, iremos falar um pouco sobre o paragrafo Unico do art. 148. Veja que ele afirma que os recursos que foram gerados pela arrecadacéo serao vinculados as despesas que fundamentaram a instituigSo do tributo. Isso significa que os empréstimos compulsérios sao tributos de arrecadacéo vinculada. Contudo, isso n&o quer dizer que eles necessariamente sejam tributos vinculados (pois a escolha do fato gerador fica a cargo do legislador). Entendido até aqui? Por Ultimo, observe que o paragrafo tinico do art. 15 do CTN exige que a lei instituidora do tributo fixe o prazo do empréstimo e as condicées de resgate. Ressalte-se que 0 STF possui entendimento no sentido de que a restituicgo deve ser efetuada na mesma espécie do que foi recolhido (RE 175.385/CE). Como sabemos que o tributo é uma prestag&o pecuniaria, sua devolugao também deve ser em moeda. Ok? 4 HORA DE raticar! Questdo 63 - CESPE/TCU/2006 Os empréstimos compulsérios deveréo ser instituidos, sempre, por meio de lei complementar. Comentario: Exatamente! Nao ha excecao. Isso foi previsto no art. 148 da CF/88. Questo correta. Questo 64 — ESAF/AFPS/2002 A instituig&o de empréstimos compulsérios requer lei complementar da Unigo, dos Estados ou do Distrito Federal, conforme competéncia que a Constituigao confere a cada um desses entes da Federacdo. Comentario: Vimos que a competéncia tributéria para instituir empréstimos compulsérios foi conferida exclusivamente & Unido, e que isso deve ser feito Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 64 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 por meio de lei complementar. Nao se esqueca desses detalhes, Questiio errada. Questéo 65 - ESAF/TTN/1997 © empréstimo compulsério é considerado tributo, pelo regime juridico a que estdé submetido. Comentario: O regime juridico a que o empréstimo compulsério esta submetido é 0 CTN. Como esse tributo se amolda perfeitamente & definigéo dada pelo art. 3° da referida lei, podemos dizer que é considerado tributo. Questao correta. Questio 66 - FCC/Fiscal de Rendas/SP/2006 Segundo a Constituicgo Federal, os tributos que devem ser instituidos mediante lei complementar e nos termos de lei complementar sdo, respectivamente: a) © imposto extraordindrio em caso de guerra e a contribuicao de interesse das categorias profissionais ou econémica. b) 0 empréstimo compulsério € 0 imposto sobre grandes fortunas. c) as contribuicées sociais e as contribuigdes de melhoria. d) a contribuig&o de interveng&o no dominio econémico e as contribuigdes sociais. e) a contribuigdo de melhoria e o empréstimo compulsério. Comentario: A questo cobra um assunto que ainda n&o vimos. Entretanto, em nada isso nos atrapalharia na hora da prova. Veja que bastava decorar 0 art. 148 da CF/88 e chegariamos @ opgo “b”. Por qué? Ora, porque a Unica opc&o que temos certeza que o primeiro tributo deve ser instituido por lei complementar (empréstimo compulsério) € essa alternativa. Letra B. Questo 67 - ESAF/IRB/2006 A aplicacio dos recursos provenientes de empréstimos compulsérios serd preferencialmente vinculada 4 despesa que fundamentou sua instituic&o. Comentario: Nao hé tal preferéncia. O que o aluno deve ter em mente é que 0 destino dos recursos arrecadados com os empréstimo compulsérios deve ser vinculado & despesa que fundamentou a instituicao do referido tributo. Questo errada. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 65 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Questéo 68 - ESAF/Procurador-Fortaleza/2002 Sdo espécies tributérias previstas na Constituig&o Federal: imposto, taxa, empréstimo compulsério, contribuigéo de melhoria, contribuigéo social, contribuigéo de intervengdo no dominio econémico, contribuigéo de interesse de categorias profissionais ou econémicas e compensagao financeira aos Estados pela exploragéo de petrdleo por empresas privadas. Comentario: Nés discriminamos quais séo as espécies, segundo a teoria amplamente adotada, que é a pentapartida. As espécies sdo: imposto, taxa, empréstimo compulsério e as demais contribuigées que est&o inseridas dentro das contribuicées especiais. Esquega essa pegadinha de compensacao financeira. Isso nao é tributo, ok? Questao errada. Questéo 69 - FGV/Juiz-PA/2008 A adocdo da teoria do ‘pentapartite’ pelo STF implica a adogdo de cinco modalidades de tributos previstos na Constituig&o Federal. Em consequéncia, a Sumula 418 do STF, que dispde que ‘o empréstimo compulsério nao é tributo, e sua arrecadagao nao esta sujeita exigéncia constitucional de prévia autorizac&o orcamentéria’, perdeu sua eficdcia. Comentario: A adoc&o da teoria pentapartida faz cair por terra qualquer afirmacao que diga que os empréstimos compulsérios n&o sao tributos. Nos vimos quais espécies pertencem a essa teoria. Se tiver dividas, volte e veja o esquema. Questao correta. Questaéo 70 - CESPE/PROC. FEDERAL/ 2004 Os empréstimos compulsérios néo tém natureza tributaria, uma vez que nao transferem definitivamente recursos dos particulares para o Estado, devendo ser restituidos nos termos da lei. Comentario: Para que uma exag&o seja considerada tributo, é necessdrio apenas que satisfaca o conceito disposto no art. 3° do CTN. Como os empréstimos compulsérios se enquadram na definigdo do referido artigo, podemos dizer que sao tributos. Questéo errada. Questo 71 - ESAF/AFRFB/2009 Em relag&o aos empréstimos compulsérios, € correto afirmar que é um tributo, pois atende as cldusulas que integram o art. 3° do Cédigo Tributario Nacional. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 66 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Comentario: Nao haé comentédrios a serem feitos, depois de tudo o que ja estudamos. Questo correta. Questéo 72 - CESPE/AFPS/2000 Se 0 Brasil tivesse grandes porcées de seu territério afetadas por violentos furacées, com a destruigio de cidades e alta mortandade, e se, nessa situacdo, © Presidente da Republica baixasse decreto reconhecendo a ocorréncia de calamidade piblica em nivel nacional, isso permitiria que a Unido instituisse empréstimo compulsério, mediante aprovacao de lei ordindria pelo Congresso Nacional, pois a hipétese de calamidade publica ao lado da de guerra externa ou de iminéncia desta, é uma das que autoriza a criag&o dessa espécie de tributo. Comentério: N&o se iluda com essas pegadinhas. A banca deu grande relevancia ao evento, para que o candidato que n&o conhece o texto constitucional caia na armadilha. Empréstimo compulsério sempre exigira lei complementar. Questdo errada. Questéo 73 - CESPE/Juiz Federal/2005 A Unido poderé instituir empréstimo compulsério, sempre por lei complementar, vinculando os recursos 4s despesas que fundamentaram a sua instituicéo, sendo que a restituigéo deverd ser, necessariamente, em moeda, quanto esta for o objeto do empréstimo. Comentério: A questo cobra a literalidade do texto constitucional, juntamente com o entendimento que o STF tem acerca da restituicgao dos Tecursos arrecadados com o tributo. Questo correta. Questdo 74 - CESPE/Auditor/ES/2004 A Constituiggo Federal apresenta os critérios formais e materiais para a instituigéo dos empréstimos compulsérios, adstringindo-se os critérios materiais a dois pressupostos indeclindveis que autorizam o uso da supracitada faculdade impositiva: despesas extraordindrias decorrentes de calamidade publica, guerra externa ou sua iminéncia e investimento publico de cardter urgente e relevante interesse nacional. Comentario: Essas s&o as hipéteses previstas no art. 148 da CF/88. Cuidado, pois 0 inciso III do art. 15 do CTN nao foi recepcionado pela CF. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 67 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Questo 75 - FGV/Juiz-PA/2008 A conjuntura que exige a absorcdo temporéria de poder aquisitivo nfo pode ensejar a cobranca do empréstimo compulsério pela Unido, tendo em vista que esse dispositive do CTN nao foi recepcionado pela Constituic&o Federal. Comentério: Exatamente como dissemos. Trata-se do art. 15, III, do CTN, que nao foi recepcionado pela CF/88. Questao correta. 4.5 - Contribuigées Especiais Ha, ainda, mais uma espécie de tributo que tem sido reconhecida pela doutrina e jurisprudéncia, que so as contribuigdes especiais, também denominadas “contribuigées”. Observacao: As “contribuigdes” ndo se confundem com as “contribuigdes de| melhoria”. So espécies tributarias distintas! Devemos lembrar que 0 art. 4° do CTN afirma que a natureza juridica do tributo é definida pelo fato gerador, e que o destino da arrecadacdo ndo é um critério relevante para definir as espécies tributdrias. Entretanto, j4 sabemos que isso é aplicavel apenas aos impostos, taxas e contribuigées de melhoria, certo? Quando o assunto € contribuigées especiais e empréstimos compulsérios, lembre-se de que, por se tratarem de tributos de arrecadac&o vinculada (também denominados tributos finalisticos), o destino do que foi arrecadado é um critério relevante para definir de que tributo estamos tratando. Portanto, a andlise do fato gerador € insuficiente para determinar a natureza juridica das contribuicées especiais. Ressalte-se que, de acordo com Marco Aurélio Greco (2000), “se a finalidade da exigéncia de uma contribuigSo especial for alterada, altera-se a prépria exigéncia”. Isso n&o quer dizer, contudo, que ela deixara de ter fundamento constitucional, pois se a nova finalidade for admitida no texto constitucional, ela poderé subsistir como novo tributo! — Se a finalidade da exigéncia de uma contribuiggo especial atencdo|for alterada, nem sempre ela se tornara inconstitucional. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 68 de 122 E Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério ¢ strate gia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 No que se refere as contribuiges especiais, é importante que saibamos que elas j4 foram denominadas contribuiges parafiscais. Conforme veremos mais a frente, os tributos parafiscais séo aqueles instituidos por uma pessoa politica (a Unido, por exemplo) e arrecadados e fiscalizados por outra pessoa juridica. Em alguns casos, tais entidades parafiscais nem mesmo arrecadam e fiscalizam os tributos, mas ficam apenas com o destino da arrecadacdo. Atualmente, a espécie tributéria contribuigdes especiais ndo pode ser considerada, em todos os casos, contribuigdes parafiscais, tendo em vista que h& algumas subespécies cujos recursos sdo destinados ao préprio Estado. Mas quem seria competente para institui-las? Somente a Unido ou todos os entes federados? Vejam o que diz o art. 149 da CF/88: “Art. 149. Compete exclusivamente 4 Uniao instituir contribuigées sociais, de intervenc&o no dominio econémico e de interesse das categorias profissionais ou econémicas, como instrumento de sua atuacao nas respectivas 4reas, observado o disposto nos arts. 146, III, € 150, I e III, e sem prejuizo do previsto no art. 195, § 6°, relativamente 4s contribuig6es a que alude o dispositivo.” Veja que cabe somente a Unido instituir tais contribuigées, e que elas se dividem basicamente em trés tipos, conforme eu negritei a Contudo, ha uma excegio, que permite aos Estados, DF e Municipios instituirem contribuigdes especiais, no § 1° do art. 149, a saber: "§ 1° Os Estados, o Distrito Federal e os Municipios instituiréo contribuig&0, cobrada de seus servidores, para o custeio, em beneficio destes, do regime previdenciario de que trata o art. 40, cuja aliquota n4o serd inferior 4 da contribuigao dos servidores titulares de cargos efetivos da Unio.” Repare que a excesao se refere ao regime préprio de previdéncia dos servidores publicos dos demais entes federados. Observe, ainda, que ha um detalhe muito importante: as alfquotas da contribuicdo instituida por tais entes nao pode ser inferior 4 que a Unido cobra dos servidores dela. pace A aliquota da contribuiggo instituida pelos Estados, DF e ’ateNcAo| Municipios no pode ser inferior 4 da Unido, mas pode ser igual ou superior! Destaque-se que, segundo o STF (RE 573.540), “a expresso regime previdencidrio nao abrange a prestagdo de servigos médicos, hospitalares, odontolégicos e farmacéuticos”. Nada impede, contudo, que tais servicos sejam oferecidos aos seus servidores, desde que a adeséo e a contribuicdo nao sejam compulsérias. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 69 de 122 E ow Direito Tributario para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Além das contribuigdes que relacionadas nos dispositivos acima citados, ha também a contribuigéo para o custeio do servico de iluminag&o publica. Essa contribuigéo foi permitida com a EC 39/2002, e a competéncia para institui-la € do Distrito Federal e dos Municipios. Nao vou entrar em detalhes a respeito dessa contribuicgdo, pois iremos estudd-la nos préximos tépicos desta aula. © que importa é que vocé saiba que a competéncia para instituir contribuigdes sociais é, via de regra, apenas da Unido. Deve saber também que os Estados, DF e Municipios podem instituir contribuicdes de seus servidores, e que o DF e os Municipios podem instituir uma contribuigéo para custear 0 servigo de iluminac&o publica. Ent&o, com o conhecimento que jé temos podemos fazer o seguinte esquema: Brera ce) Saeed COMPETENCIA PARA INSTITUIR Unido (Excegéo: todos os demais entes podem instituir contribuigaéo previdenciaéria a ser cobrada de seus servidores) Contribuigées Sociais Contribuiggéo de Intervengado no Dominio Econémico (CIDE) Contribuigdes de interesse das categorias profissionais Contribuic&o para Custeio do Servico de Iluminacao Publica (COSIP) Somente a Unido Somente a Unido Somente Distrito Federal e Municipios E de se destacar também que, de acordo com o STF (RE 138.284-8/CE), as contribuigées sociais s4o divididas da seguinte forma: contribuigdes de seguridade social, outras contribuicdes sociais e contribuicées sociais gerais. Ainda nesta aula, vamos estudar todas elas. Além disso, outro ponto digno de nota nesse art. 149 da CF/88 é 0 seu § 20, que afirma que tanto as contribuicées sociais como as CIDEs deveréo ter as seguintes caracteristicas: > Nao incidirao sobre as receitas decorrentes de exportagéo; > Incidiraéo também sobre a importacéo de produtos estrangeiros ou servigos; > Poderdo ter aliquotas ad valorem ou especifica. As aliquotas ad valorem s&o aquelas em que se aplica um percentual sobre © valor a ser tributado (por exemplo, 10% sobre R$ 500,00). As aliquotas Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 70 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 especificas séo diferentes e menos usuais. Elas tomam por base a unidade de medida adotada. Por exemplo, R$ 1,00 de tributo a cada mago de cigarro. HORADE raticar! Questo 76 — FGV/AFRE-RJ/2009 Com relac&o a Contribuigéo de Intervengo no Dominio Econémico (CIDE), assinale a afirmativa incorreta. a) Nao poderd incidir sobre receitas de exportacdo. b) Nao poderd incidir sobre a importag&o de produtos estrangeiros. c) Podera incidir sobre a importacao de servicos. d) Poderé ter aliquota ad valorem tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operacdo. e) Poderé ter aliquota especifica tendo por base a unidade de medida adotada. Comentério: Vamos nos lembrar das caracteristicas das contribuigdes st e das CIDEs: nao incidirao sobre receitas de exportacao, também sobre a importacéo de produtos estrangeiros ou servicos e poderdo ter aliquotas ad valorem ou especificas. Diante de tais informagées, a Unica alternativa incorreta é a Letra B. Questéo 77 — FGV/AFRE-RJ/2009 Compete & Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios instituir contribuigées sociais, de intervencao no dominio econémico e de interesse das categorias profissionais ou econémicas, como instrumento de atuacao nas respectivas éreas. ais Comentério: A competéncia para instituir as contribuigdes especiais é exclusiva da Uni&o, com algumas excegées. Assim, com base no art. 149, da CF/88, os Estados, 0 DF e os Municipios ndo possuem competéncia para instituir contribuigdes de intervencéo no dominio econémico, por exemplo. Questéo errada. Questéo 78 - FGV/AFRE-RJ/2011 A instituigéo de contribuigdes sociais, de intervengéio no dominio econémico e de interesse das categorias profissionais ou econdmicas, é de competéncia exclusiva da Unido. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 71 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Comentario: A questo foi parcialmente copiada do caput do art. 149, da CF/88 (no se esqueca da competéncia estadual, distrital e municipal para instituir contribuigées previdencidrias a serem cobradas de seus servidores). Portanto, esta correta. Questao 79 — ESAF/AFRFB/ 2012 Sobre competéncia concorrente da Unio, Estados, Distrito Federal e Municipios, norma que pretendesse fixar aliquota minima igual a da contribuigéo dos servidores titulares de cargos efetivos na Unido, para a contribuiggo a ser cobrada pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municipios de seus servidores, para o custeio, em beneficio destes, do regime previdenciério, seria inconstitucional por contrariar 0 pacto federativo. Comentario: O § 1° do art. 149 da CF/88 assevera que as aliquotas das contribuigdes previdencidrias, cobradas dos servidores dos Estados, DF e Municipios, n&o podem ser inferiores aquelas cobradas pela Unido dos seus servidores. Se a aliquota minima € igual, nunca sera inferior, concordam? Portanto, no hé qualquer sombra de inconstitucionalidade em tal previsdo. Questdo errada. Questdo 80 - ESAF/AFRFB/2012 A expresso "regime previdenciério" de seus servidores, a ensejar a instituigao de contribuicdo pelos Estados-membros, nao abrange a prestacdo de servicos médicos, hospitalares, odontolégicos e farmacéuticos. Comentario: No entendimento da Suprema Corte, tal expresso nao abrange outros servicos, se restringindo apenas a previdéncia social. Contudo, nada impede que tais servigos possam ser prestados aos servidores, desde que a adesao e a contribuigéio n&o sejam compulsérias. Questo correta. Questo 81 — ESAF/AFRFB/2012 Os Estados-membros podem instituir apenas contribuiggo que tenha por finalidade o custeio do regime de previdéncia de seus servidores. Comentario: Exatamente. Aos Estados sé é permitido instituir, a titulo de contribuig&o especial, a contribuiséo previdencidria cobrada de seus servidores. Questo correta. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 72 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Questéo 82 — CESPE/UNB/OAB/2007 Além dos impostos, a Constituicéo Federal permite a Unido cobrar as chamadas contribuigées sociais. Entretanto, ndo é permitido a Unido cobrar contribuig&o a) sobre 0 lucro das empresas. b) destinada a iluminacao publica. c) sobre o faturamento das empresas. d) sobre a receita de concursos de prognésticos. Comentério: A COSIP (Contribuig&o para o custeio do servigo de iluminagéo ptblica) é uma contribuigdo de competéncia dos Municipios e do DF. Portanto, a Unido nfo possui competéncia para instituir essa exacdio. Logo, o gabarito é & 3 @ Questéo 83 —- ESAF/AFRF/2002 Os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios poderao reter a contribuig&o federal, cobrada de seus servidores, para o custeio, em beneficio desses, de sistemas de previdéncia e assisténcia social. Comentério: Na verdade, o que é possivel é que os Estados, 0 DF e os Municipios instituam suas préprias contribuigdes a serem cobradas dos seus servidores para o custeio do regime previdencidrio deles. Nao existe essa contribuicdo federal cobrada de servidores de outros entes federativos, pois cada ente, via de regra, possui seu regime proprio. Questéo errada. Questéo 84 — ESAF/AFE/PI/2001 © que caracteriza as contribuigées especiais é que o produto de suas arrecadagGes deve ser carreado para financiar atividades de interesse publico, beneficiando certo grupo, e direta ou indiretamente o contribuinte. Comentério: A questao esta perfeita, pois as contribuigédes especiais possuem arrecadaco vinculada a determinadas atividades de interesse ptiblico, e nem sempre quem contribui é 0 destinatdrio de tais atividades. Questo correta. Questéo 85 - ESAF/AFRF/2005-Adaptada Podem os Estados cobrar contribuic&o previdencidria de seus servidores, para © custeio, em beneficio destes, de regime previdenciério, com aliquota inferior a da contribuig&o dos servidores titulares de cargos efetivos da Unido. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 73 de 122 E ow Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Estrategia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fabio Dutra- Aula 00 Comentario: Nés jé vimos que o § 1° do art. 149 proibe que tais contribuigdes tenham aliquotas inferiores as que s&o cobradas pela Unido dos seus servidores. Questo errada. Questo 86 - ESAF/AFRF/2003-Adaptada Indique a opcéio que preenche corretamente as lacunas, consideradas as pertinentes disposigdes constitucionais. As contribuigdes sociais e de interveng&o no dominio econémico previstas no caput do art. 149 da Constituigéo Federal sobre as receitas decorrentes de exportacao, sobre a importacdo de petréleo e seus derivados, gés natural e seus derivados e alcool combustivel. a) incidirao / podendo incidir também. b) nao incidirao / mas poderdo incidir. ) incidir&o / n&o podendo incidir. d) n&o incidir&o / n&o podendo incidir também. Comentério: Para resolver esta questo, faz-se necessdrio conhecer 0 § 2° do art. 149, da CF/88 e seus incisos. As contribuigdes sociais e as CIDEs nao incidirdo sobre as receitas de exportacéo mas poderdo incidir sobre a importagao de petrdleo e seus derivados, gas natural e seus derivados e alcool combustivel (art. 177, § 4°, CF/88). Logo, o gabarito é Letra B. Questao 87 - CESPE/Juiz Federal/2006 Em conformidade com as disposigées constitucionais aplicaveis, as contribuigdes sociais devem ter aliquotas ad valorem; ja a contribuicdo de intervencéo no dominio econémico relativa as atividades de importacdo ou comercializagao de petrdleo e seus derivados, de gas natural e seus derivados e de alcool combustivel deve ter aliquota especifica. Comentario: No art. 149, § 29, III, "a" e"b", é dito que tanto as contribuigdes sociais como as CIDEs podem ter aliquotas ad valorem ou especificas. Questo errada. Questéo 88 - FCC/Fiscal de Rendas/SP 2006 Sobre as contribuicées relacionadas na Constituig&o Federal, é correto afirmar que a Unido tem competéncia privativa para instituir _contribui¢do previdenciéria dos servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, cuja aliquota nao seré inferior a da contribuigéo dos servidores titulares de cargos efetivos da Unido. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 74 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 Comentario: Nés vimos que no § 1° do art. 149, permite-se que os Estados, 0 DF e os Municipios instituam sua prépria contribuig&o previdenciaria. Portanto, tal competéncia nao é da Unido, o que torna a questo errada. Questao 89 - CESPE/AGU/2004 Considere a seguinte situagao _hipotética. Determinado estado decidiu, a partir de 2004, instituir contribuic&o social, a ser cobrada de seus servidores, para custeio do sistema de previdéncia dos servidores estaduais. Nessa situago, a Constituiggéo Federal faculta a unidade federada a referida instituicéo, desde que a aliquota néo ultrapasse a estabelecida pela Unido para a contribuig&o dos servidores federais. Comentério: A quest&o esté errada, pois o que é proibido é que tais contribuigdes tenham aliquotas inferiores, podendo ultrapassar, sem qualquer problema, a contribuicéo cobrada dos servidores federais. Questdo errada. Questdo 90 - FCC/PROC. TCE-RO/ 2008 So caracteristicas comuns aos empréstimos compulsérios e as contribuigdes especiais: possuem vinculagao de receita. Comentério: Essa quest&o esta certa. De fato, as duas espécies tributdrias cujas receitas séo vinculadas sdo os empréstimos compulsérios e as contribuigdes especiais. Questo correta. Questdo 91 —- CESPE/AUDITOR TCU/2007 As espécies tributarias se distinguem, originariamente, a partir do seu fato gerador. Todavia, com o advento das contribuigdes de mesmo fato gerador do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, o texto constitucional inaugurou um novo critério de distingdo, de natureza juridica especifica, para os impostos e as contribuicées sociais. Comentario: Excelente questo! Como hoje é possivel encontrar contribuigdes de mesmo fato gerador de imposto, no é possivel utilizar este critério (0 fato gerador) para se fazer tal distinc&o. O novo critério seria 0 destino da arrecadagao. Questao correta. Questo 92 — ESAF/PFN/2007 Contribuig&o previdencidria classifica-se como contribuic&o social. Comentario: As contribuigées previdencidrias fazem parte do grupo das contribuigdes destinadas a custear a seguridade social. Portanto, podemos Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 75 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 classificd-las como contribuigées sociais e, ainda, como contribuigdes especiais. Questo correta. 4.5.1 - Contribuicées Sociais Veremos agora a primeira das subespécies das contribuigdes especiais. Conforme dissemos, as contribuigdes sociais merecem ainda mais uma diviséo, de forma que podemos classificar as contribuigdes sociais em: contribuigées de seguridade social, outras contribuicgées sociais e contribuicées sociais gerais. Vamos estudé-las, uma por uma... 4.5.1.1 - Contribuicgées de seguridade social As contribuigdes de seguridade social tem por objetivo carrear recursos para a seguridade social, obviamente. A seguridade social, de acordo com o art. 194 da CF/88, “compreende um conjunto integrado de acées de iniciativa dos Poderes Publicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos 4 sade, 4 previdéncia e 4 assisténcia social". Memoriz Seguridade Social = Satide, Previdéncia e Assisténcia Social. As regras especificas dessas contribuicées foram dispostas fora do capitulo do Sistema Tributario Nacional, estando inseridas capitulo que trata especificamente da seguridade social. Por esse motivo, varios aspectos atinentes ao Direito Tributério ser&o vistos no art. 195 da Magna Carta. De acordo com esse artigo, as contribuigées para seguridade social poderdo incidir sobre varias bases econémicas. Vou listar os principais e apresentar os tributos que foram instituidos para satisfazer a disposicao constitucional. PRR) Cae eur) Receita ou Faturamento COFINS (LC 70/91) Lucro CSLL (Lei 7.689/88) Importagao de bens ou servigos do| PIS/PASEP-Importacéo e COFINS- exterior Importagao (Lei 10.865/2004) Além disso, as contribuig8es sociais poderdo incidir sobre as seguintes bases econémicas: Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 76 de 122 Kui Direito Tributério para Pref. Niteréi— Agente Fazendério Estratégia Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 > Folha de saldrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer titulo, @ pessoa fisica que preste servico ao empregador; > Do trabalhador e dos demais segurados da previdéncia social, néo incidindo contribuicgdo sobre aposentadoria e pensdo concedidas pelo regime geral de previdéncia social; > Receita de concursos prognésticos. INDO PR fundo Existe distingdo entre o Regime Geral de Previdéncia Social (RGPS) do Regime Préprio de Previdéncia Social (RPPS)? RGPS > Regime de previdéncia social aplicavel os trabalhadores da iniciativa privada em geral. O trabalhador contribui até a aposentadoria, momento em que passard @ nao incidir contribuigéo previdencidria sobre aposentadoria. Também néo incide esse tributo sobre as pensdes concedidas pelo RGPS. RPPS > Regime de previdéncia social abrange apenas os servidores ptiblicos efetivos. Cada ente federativo é competente para instituir 0 seu RPPS (CF, art. 149, § 1°). Neste caso, a contribuic&o incide no sé enquanto o servidor ptblico esta na ativa, mas também quando se aposenta. Também incidira contribuig&o previdencidria sobre as pensées concedidas pelo RPPS. Cabe observar que os proventos de aposentadoria e pensdes somente sofrerdo incidéncia da contribuigdo previdencidria sobre o valor que ultrapassar o teto estabelecido para os beneficios do RGPS. Essas ltimas trés hipéteses n&o foram especificadas, por serem cobradas de modo superficial no Direito Tributario. Trata-se de assunto objeto de estudo do Direito Previdenciério. Hd também outra contribuigéio que incide sobre o faturamento, que é a contribuig&o ao PIS/PASEP, instituida com base no art. 239 da propria CF/88. De acordo com o STF, trata-se, na verdade, de um bis in idem permitido pela CF/88. Bis in idem ocorre quando um ente federado institui mais de um tributo sobre um mesmo fato gerador. Na caso em tela, o fato gerador é o faturamento. Se a propria CF permite que se cobre os dois tributos concomitantemente, ndo hd que se falar em qualquer restric&io. Mas isso é assunto de outra aula, ok? Nao se preocupe, por enquanto. Nesse rumo, cumpre ressaltar que a contribuigéo para 0 Fundo de Garantia do Tempo de Servico nao possui natureza tributaria. Esse é a corrente que tem sido seguida tanto pelo STF como pelo STJ, e que vocé deve guardar pois pode cair em prova! Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 77 de 122 Direito Tributério para Pref. Niteréi- Agente Fazendério Curso de Teoria e Questées Comentadas Prof. Fébio Dutra- Aula 00 No confunda! 0 fato de se dizer “contribuicéo” para o Rest FGTS n&o significa que se trata de contribuigdes atencao| especiais. Afinal de contas, essa contribuiggo nado é tributo e nao faria sentido inclui-la em uma espécie tributaria. Ok? Acrescentamos, ainda, o fato de que atualmente os bancos comerciais e as instituigdes financeiras contribuem com aliquota superior ao que é cobrado dos demais setores da economia. Tal cobranga é perfeitamente possivel, por estar de acordo com § 9° do art. 195 da CF/88. Ademais, o STF (AC 1.109- MC/SP) ja se posicionou favoravelmente a essa exacao. Por fim, julgamos relevante transcrever a ementa do julgamento do Recurso Extraordinario 573.540, no qual o STF deixa patente o seu entendimento acerca do vem a ser regime previdencidrio: EMENTA: CONTRIBUIGAO PARA © CUSTEIO DOS SERVICOS DE ASSISTENCIA MEDICA, HOSPITALAR, ODONTOLOGICA E FARMACEUTICA. ART. 85 DA LEI COMPLEMENTAR N° 62/2002, DO ESTADO DE MINAS GERAIS. NATUREZA TRIBUTARIA. COMPULSORIEDADE. DISTRIBUIGAO DE COMPETENCIAS TRIBUTARIAS. ROL TAXATIVO. INCOMPETENCIA DO ESTADO-MEMBRO. INCONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINARIO NAO PROVIDO. 1 - E nitida a natureza tributaria da contribuic&o instituida pelo art. 85 da Lei Complementar n° 64/2002, do Estado de Minas Gerais, haja vista a compulsoriedade de sua cobranca. +) Ill - A competéncia, privativa ou concorrente, para legislar sobre determinada matéria ndo implica automaticamente a competéncia para a instituigéo de tributos. Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuigées que Ihes foram expressamente outorgados pela Constituigao. IV - Os Estados-membros podem instituir apenas contribuigéo que tenha por finalidade 0 custeio do regime de previdéncia de seus servidores. A expresséo "regime previdencidrio" nao abrange a prestagéo de servicos médicos, hospitalares, odontolégicos e farmacéuticos. (STF, Plenario, RE 573.540/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em Entendamos a situac&o: 0 Estado de Minas Gerais instituiu contribuicéo para o custeio dos servicos de assisténcia médica, hospitalar, odontolégica e farmacéutica. Nao se nega a compulsoriedade da referida contribuico, possuindo natureza tributaria. Prof. Fabio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Pagina 78 de 122

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