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| Andon Patoldglen (1970) I, AS36140 As pessoas significativas no universo do adolescente No conjunto de trabalhos de investigagéo que temos vindo a efectuar sobre o problema do desenvolvimento da personalidade do ado- Tescente nos seus aspectos afectivo-cognitivos, assume uma importincia particular 0 estudo das relagies interpessoais como uma das fon- tes de formagio da identidade pessoal. Do iniverso do adolescente fazem parte pessoas que se tornam particularmente impor- tantes ou significativas, pelas fungdes ou pa- Péis que sio levadas a desempenhar nas suas elagées quotidianas ou nas situagdes dificeis que tio frequentemente enfrentam. A sua importincla, resulta do facto do ado- escente Ihes atribuir um certo mimero de caracteristices ou qualidades que, do conjunto dos individuos com quem entra em relagéo directa ou imaginsria, os individualiza des- taca. A forma como estas caracteristicas sfo adquiridas e o papel e influéncia que desem- penham os valores ¢ estruturas sécio-culturais na sua escolha, nfo est dentro do ambito do nosso trabalho por nos colocamios na pers: pectiva do estudo da conscitacia do adoles- cente, Consciéncia de si mesmo e do mundo exterior, representagao simultaneamente intelec- ‘Assisicste de Invesigasio do Centro de Invest- socio Pedaabsies, Insitute Gulbeakian d= Citncia, Fundasio Calouste Gulbenkian. Este trabalho fol par- lalmente realiaado em Paris no Laboratoire de Psy- ‘ho-Biologie de I'Eafant (director: René 72220). VIRGINIA RAMOS* tual ¢ afectiva dos outros ¢ dos seus préprios sentimeatos ¢ motivagies no sentido da elabore- co de um cEu> auténomo ¢ individualizado. ‘Nesta fase dai aquisicio da autonomis, po- mos a hip6tese de que o adolescente destocara progressivameate 0 universo das pessoas signi- ficativas do meio familiar para 0 vacio extre- familiar, nomeadamente 0 escolar, os grupos de jovens ¢.eventualmente para um universo imagindrio de personagens de identi casio, Para uma definigéo operacional das apessoas significativass baseamo-nos nos trabalhos de FRodrigues (196s, 1971-1972, 1973) efectuados folescentes franceses. Nestes trabalhos as significativas}sio definides como «as pessoas com as quais os adolescentes juleam_ poder contar quando se encontran numa situa- cGo imaginiria dificil e as pessoas 8 quais eles preferem fazer apelo em caso de necessidadey. (O estudo foi feito através da andlise das res- postas 2 um inquérito sobre a questéo a quem faria apelo em situacées, dificeis de oriem moral, material © sentimental. Com esta questio, procura-se delimiter 0 Ambito vasto das circhstincias em que 0 ado- lesceate poderd imaginar-se na situagio de ape- Jar para os outras a0 mesmo fempo cnglobar grandes drcas de problemas que em geral fazer. parte da sua existéncia, THKeer, ALICAY HI— MATERIAL E METODOS Método: inquérito sobrelos pedides de ajuda, OQ problema dos «pedidos de ajuda» ‘fot abordado com o método de inquérito, num Qquestiondrio’ elaborado para estudar outros aspectos da psicalogia do adolescente em parti- ‘cular a angistia, o medo e situagées de célera. © questiontrio apresenta-se sobre a forma de wm caderno no qual eram escritas as res- postas. Evocamse trés tipos de situagées dift- ceis e para cada uma delas os sujeitos eram convidados a indicar a pessoa que segundo eles, estaria mais disposta a prestarsthes ajuda @ aquela a quem eles preferiam fazer apelo. "As questdes eram sempre apresentadas por escrito ¢ segundo a mesma ordem, redigidas da seguinte maneira: 1, Admitindo que se encontrave em face de uma situacéo de ordem moral ¢ que tinha necessidade de ajuda: a) Quem seria a pessoa mais pronta a Gjudé-lo? b) A quem faria apelo? 2. Admitindo que se encontrava em face de uma situagao de ordem material que t= nha necessidade de ajuda: 2) Quem seria a pestoa mais promta a sjudé to? ¥) 4 quem faria apelo? 3. Admitindo que se encontrava em face de ema situagao dificil de ordem sentimen- tal e que tinka necessidade de ajuda: 2) Quem seria a pessoa mais pronta a ajudéito? ») A quem faria apelo? ‘Técnica de interrogat6rio Os inguéritos foram passados em estabele- cimentos de ensino secundério e preparatério da dvea de Lisboa A passagem do inguérito foi feita de acordo com as direogées das escolas ¢ os jovens que ‘eceltaram colaborar no inquérito foram reuni- dos em pequenos grupos, 0 mAximo de 10, fi cando na sala epenas o psicdlogo cuja pre- ‘enca tinka por fim esclarecer dividas ‘Em reora o inguérito «aos pedlidos de ajuda» era compreendido sem dificuldades. Por vezes Surgiam perguntas postas de una mancira geral 536 pelos mais jovens ou de meios sécio-culturais desfavorecidos e ax diividas ocorrian invaric velmente sobre o problema de ordem moral, embora algumas vezes se levantassein algumas dividas sobre o problema sentimental, ow ‘mesmo material. As respostas eram sempre muito simples tentando que eles interpretasser a questo sem explicacdes suplementares ‘0. questionério era andnimo ¢ joi sempre passado nas mesmas condicGes. Na dliima folha pedia-se-lhes que indicassem a profissio dos pais o que faciltaria wma estimativa, embora grosseira, do meio sécio-econdmico da famtlia: perguntava-se ainda com quem habitava, 0 que permitia co psicdlogo na recolha dos ingué- itos identificar os filhos de pais divorciados ou 0s drfdéos de pai ou de mae. Nao se acrescentava qualquer outro ele- mento de identidade adicional, a nao ser 2 dade e 0 sexo Amostra A nossa amostra é constitutda por 476 ado~ escentes de ambos os sexos ¢ de idades com- preendidas entre os 12 ¢ os 18 anos, O inqué- ito foi aplicado durante os anos lectivos de 76/77 ¢ 77/78, na area de Lishoa Para @ andlise estatistica das respostas for- maram-se dois grandes grupos de idades cons- tituldas pelos 12-14 e 16-18 anes, retirando-se da amostra os adolescentes de 15 anos, ficando © grupo constinufdo por: 12-14 anos — 139 ra- paze:, 125 raparigas; dos 16-18 anos— III rapazes, 101 raparigas (quedro 1). QUADRO 1 Nimero de adolescentes (N=A76) interrogados, Segundo 2 idade eo sexo (Liceus e Escolas Preparatérias Area de Lisboa) PEELE ee eee Sees ae 1 Rapaces 139 m1 Raparigas 1s vot 284 ale Procurou-se obter uma amostra de popula cdo diversificada que abrangesse varios niveis Sdelo-econdmicas, pelo que se passou o inqué Fito em dois estabelecimentos de ensino pri vad, dois Ticeus, duas escolas preparatérias ¢ tama escola comercial "A amostra repartiase entre of seguintes meios sdcio-econdmicos — operdrios da eintura industrial de Lisboa, classes miédias (predomi- nante), alguns quadros superiores e profissies lberais Codificagao das respostas Fezse uma andlise do’ contetido das res postas estabelecendo uma lista de pessoas sig- nificativas mencionadas pelo sujeito. Em geral ‘as respostas limitavam-se ao enunciado de uma, duas ou tr8s pessoas, por exemplo: ¢a minha mien, 603 mets amigosy, «os meus irmios> € com: menor frequéncia eram precedidas ou seguidas de wm comentério justificativo sobre os motives da escolha ou da rejeigiio. Estes comentérios serviram para, numa andlise de contetido, s¢ identificar as’ pessoas que eram escolhidas, mas nio foram objecto de uma anilise especifica. No inguérito no se colocou essa questo, uma vec que a sua finalidade era fazer unt inventirio das pessoas significa- tivas: Podemos super que muitos nao acres. centaram uma justificagio & designacto das pessoas significativas, porque isso ndo hes era pedido nas instrugées. A colificagiio das respostas fez-se a partir da constituigdio de uma lista exaustiva das pes soas mencionadas na amostra. Numa segunda fase agruparam-se algumas categorias, tendo em conta a baixa frequéncia de respostas. © cddigo das pessoas significativas encon- trado na nossa amostra & sobrepontvel ao en- contrado na amostra francesa e tal como nos trabalhos de R. Tomé mantivemos as catego- tias de «Padter e «Professor pelo seu signi cado socal embora a sua fequbncia de pare cimento fosse bai 0 cédigo definitive das pessoas significativas 0 seguinte: 1 pat «Pain, a0 meu pain, «ao pair 2 Mie Maen, 0d mice, «2 minha mien. [oes tacs maz Se ee os pals, rimplesnente pale mde Ou ¢ a bon are fraquentemente precetita de corer: Tee eee mie porque embora nZo concordasse comigo, tatarle pronta @ajudenme, eae ets bal PoP. que sei que ele se sacrificaria para me ajudar>, ‘cao meu pai porque jé passou pela minha idade € como se sabe, gostam de ajudar os filhos», xaos pais porque eles sio as pessoas que go5- tam mais de nds, eaos pais porque esto iem- pre prontos a desculpar as nossas faltaso, «a minha mie porque & a pessoa que melhor me compreenden, eao me pai porque ele € para nim como unt camaradé», eaos meus pais por- que tem experiéncia destes problemas, «aos ‘meus pais porque € a eles que amo acima de tudos. Muitas vezes 0 apelo estava formalizado como uma rejeigao: «os meus pais seriam as pessoas mais prontas a ajudar-me, mas et niio tenho coragem de apelar para eles, eseriam os meus pais, mas eu nio poss apelar para eles orgie tenho receio de os magoar ou que eles ido me compreendams, etc fréquente s z ordem moral ou seat menial ¢ por vezes a rejeigdo é destavordvel. 05 meus pais niéo me compreendert porque 8 sto velhos», «os meus pais pertencem a outra ‘seraciion, «ao meu pai por causa da masse. Favordvel ou, desfavoravelmente, 0 apelo. aos est muiias vezes implleito ras respostas: taos meus avés porgue nesse aspecto jd tinka medo que os meus pais me batessenin. Estes comentérios no foram codificados. [a sana Panetera ‘Nesta categoria encontram-se reunidos: avds, tios, primos, madrinka, padrinho, cunhadola ‘Muitas vezes aparece a resposta «a farnlia», a minha familias, sem qualquer outra expli- cagiio. Outras vezes fazrse referéncia cos avds, ‘ios, primos, ete, acompankado ou néo de co- mentério quase sernpre favordvel: asomos wana familia muito unidas, «a uma prima da minha idadeo, aao meu padrinko que me compreende®, a0 avé porque tem experiéncia da video 5. iRaios, resis Irmo ou irma ou «aos meus irmfios, aa nha irmi, ou irmio, mais vethon, ete. (6 CAMARADAS E AMIGOS Nesta categoria agrupamos todos os indi duos da mesma idade, ecolegas>, scompanhei- ros», nolvos, namorados. Por veces as respos- tas eram acompanhadas de comentério: aa mi nha amiga porque a minka mae este caso (3i- tuagdo sentimental) no me compreenderia; em todas as outras situagbes apelava para @ mi nha mae, ow stalvez a alguns colegas porque $37 0 meu pai niio ousava pedir ajuda de ordem sentimental, ao meu namorado porque é a nica pessoa que me compreende e ajuda 7. PADRE Um padre [8 pRovesson _j “"Embora esta categoria apareceste muito pouco frequentemente, surge uma das vezes ‘acompankada do comeniério: «se 0 problema surgisse na escola, recorreria ao men professor de moral, 9. ourmos apucros Nesta categoria englobdmos todos os adultos que pelo seu papel social ou presttgio pessoal, so citados pelos adolescentes com ou sem comentérios elogiosos: psiquiatra, médica, vi= zinho, advogado, policia, bombeiro, psied- logo, ete 10, Eu PROPRIO, NINGUES As respostas a esta categoria abrangem todas aquelas em que o adolescente pretende uma afirmagao de si e de responsabilizagao indivi. dual. Séo respostas por vezes lacénicas, ea mim mesmon, 6a ninguém...», «56 a mim...», aé mi- nha consciéncian, Alguns dos comentarios que acompanhamn este tipo de resposta: «a ninguém porgue niéo podia admitir que os outros sou- bessenm, xa mim préprio porque no teria coragem de falar fosse a quem fosse de pro- dlemas de ordem sentimentaln, ad minha pes- soa porque nesse caso ninguém poderia ajudar @ tentar resolver uma situactio desse género>, ‘eniéo recorreria a ninguém porque acho que é um problema musito delicadon, ta ninguém por- que riéo podia admitir que os outros soubes- ser, 11. piversos Nesta categoria joram agrupadas todas as respostas que niio puderam ser classificadas por conterem referéncias vagas e ficar indetermi- nada a identidade da pessoa a quem era pe- dida ajuda, e ainda as frases que embora pre- cisas, eram referidas muito raramente Para as trés situagoes faziam parte desta categoria frases do seguinte tipo: situacZo mo- ral e sentimental — calguém que estivesse perto de min», «ima pessoa que me conhecesse ema, ealgiaém que me compreendesse e tivesse 538 - assado pelo mesmon, epessoa que me aconse- thasse ou que estava a causar a situagdov, «pes- soa em quem eu tivesse grande confianca», uma pesioa qualquer, a uma pessoa 5 vel © compreenstvels, ou ea uma amigan cram anotadas nas categorias 2 — Mae © 6 — Camaradas e amtigos. Quando bavia mais do que uma resposia da mesma categoria, por exemplo: ¢a um colegs ou 2 um amigo> ano- tava.se apenas uma tinica ocorréacia na cate- goria 6 Os resuitados podem ser observados nos quadros 2, 3, 4 @ 5, em que os dados estio sumarizados de acordo com os dois niveis et4- rios considerados (12-14 € 16-18 anos), com © sexo e ainda com as trés situagdes diliceis: de ordem moral, material ¢ sentimental e para cada. uma delas separadamente as queslées @)—quem estaris mais pronto a ajudé-lo? ¢ +) —a quem faria apelo? Exprimem-se em per- centagers calculadas sobre o tofal des sujeites @ frequéncia de aparecimento das diferentes categorias de codificacio QUADRO TL ADOLESCENTES (ENSINO SECUNDARIO) DA CIDADE DE LISBOA. PERCENTAGEM DE SUJEITOS QUE MENCIONARAM CADA CATEGORIA RAPAZES: 12-14 ANOS ( y= MORAL | > ye ® = ° | na ee ' 2. Mie 10 TSR BT SBT 3. Os meus pais m9 kB 3 LOL Total 14243 4977 8B 5947 HLA BS 4A minha famitis Br M63 GSS 12 te 5. Temas, irms us 65 43 12 12 12 6 Camaradas, amigos di-s-t EHH ni SHEE Haar EEE Ear eee HEP 7. Padre 14 29 = = 58 22 8. Professor 29 1 ut rr as 14 9. Outros adultos 58 38 1 or 07 14 10, Eu proprio, ninguém i 22 29 43 2 65 1, Diversos sem eodifcagio 10.8 65 94 86 79 18 H 12, Nio sei MM 29 29 43 43 43 ‘Sem resposta 14 va 50 50 50 65 i QUADRO IIT ADOLESCENTES (ENSINO SECUNDARIO) DA CIDADE DE LISBOA. PERCENTAGEM DE SUJEITOS "QUE. MENCIONARAM CADA CATEGORIA. RAPARIGAS: 12-14 ANOS (N = 125) 1 MORAL MATEUAL 1. Pai us BA 80 2 2 Mie 416 60208 320304 3 Os meus pais 248 6a (286 BE os Total 14243 ao 12 Oh 536 48.0 4 A minha familia 16 a8 aa 188 4. Infos, irs 48 12 32 meu 6 Camaradas, amigos 160188178 m2. 34 7. Paice ox 08. = = 8, Professor 16 08 56 os. - 9. Outros adultos 43 40 os 38 16 10, Fu préprio, ninguém 1s 2a os 32 40 11, Biversos, sem codifieacio 64 72. 58 30 12, Nit sei . 28 16 24 2 Sem resposta 16 Ls 24 28 539 QUADRO IV ADOLESCENTES (ENSINO SECUNDARIO) DA CIDADE DE LISBOA. PERCENTAGEM DE SUJEITOS (QUE MENCIONARAM CADA CATEGORIA. RAPAZES: 1618 ANOS (V=111) 1 NORAL 2 MATERIAL STENT 1 Pai ws 153, 198 45 34 2. Mie 307d 108 180148 3. Os meus pais 297 198 ms 162 90 Total 14243 49 323 95 387288 4A minha familia 90 a1 ny 5A 34 5. Kemfos, ins 12 5a = at 54 90 6, Camaradas, amigos 2700 BAR 7. Padre 2 aT = - = = 8. Professor 18 09 = = - - 9, Outros adultos 18 27 - 09 2a 09 10. Eu proprio, ninguém 63 72 54 63 BS 144 HL Diversos, sem codificagio 38 99 99 63 90 2 12. Nao set op 18 27 09 og ar ‘Sema resposta ~ 27 18 81 os Bt QUADRO V ADOLESCENIES (ENSINO SECUNDARIO) DA CIDADE DE LISBOA. PERCENTAGEM DE SUJEITOS ‘QUE MENCIONARAM CADA CATEGORIA. RAPARIGAS: 1618 ANOS (N= 101) ‘MORAL 3 STEAL 1, Pal 39 59 B18 30 20 2 Mae 406 307s 6267 3. Os meus pais 238 WS 4637 19 69 Total 14243 7254586189388 4A mioha familia 109 69198188 59 79 5. Iemfos, fomés 49 19g 39100 30 6 Camaradas, amigos 5 485 89 1295485 7. Padre 30. 30 ~ ~ 20 10 8. Profesor 50. 40 10 1 20 40 9, Ourror adultos 40 ~ = 20 20 = 10. Eu proprio, ninguém 20 30 30 20 39 HL Diversos, sem codificago 0 9 10 50 69 40 12. Nao se = 7 ‘20 i | i } ial Este inventério delpessoas signifcativas|sera analisado em fongio das caracteistica’ as su jeltos (idade € sexo), do tipo de situacio dificil, 2_das_categorias em que foram classificadas 2 ‘espostas auma perspectiva genttca e com: parativa, Faremos um estudo das tendéacias gecais das respostas em fungio da idade e do ‘sexo © uma andlise diferencial das categorias mais significativas. Estudo desQtendéncias gerals Veritictmos duas_principais tendéacias ge- ‘als nas respostas, por um lado o apelo a0 pais, ¢ por outro aos eamaradas e amigos, Pode observar-se nos quadros 2-5 que as_percentar Sens mais clevadas se verificaram nestas duas_ categorias, Para além desta bipolarizagio en- contra-se uma terceira categoria de Tespostas que recai sobre a familia, entidade no sentido lato jd referido. camaradas, amigos e membros da fam{- Jia aparecem como as figuras Privilegiadas para 05 adolescentes nas tr&s situagies dificeis em qe slo solicitados. imaginar-se, exceppio situacéo sentimental em que se vertica que Para. os rapazes © raparigas de 16-18 anos, 3 lerceira categoria a ser mencionada com mais froquéncia € a categoria — «Eu proprio, nig, suémp, o que revela uma maior tendéncia neste srupo elério para a autouomia, 0 debrugat-se sobre si mesmo ¢ para resolver isoladamente os problemas sentimentais Podemos afirmar como Rodrigues (1973), que obteve resultados semelbantes, que «95 p -stio_investidos de uma grande’ response ‘dade: sendo_ a eles com eleito que ¢ awibuido um. papel preponderante. com maior frequén: (Na tealidade comstata-se oa liaht” total 1+2+3 (quadros citados) que a percentagem de suxitos que mencionam quer © pal, quer a mie, quer os dois simultaneamente sig para 6 duas questies a) 8): entre $23.9 e 88 96 me situagio moral, enter $23.% e 86,1 % aa situagio material ¢ entre 288% © 61.2% na situagdo seatimental. Nos grupos em que a ereentagem destas respostas (xpaisy) é inferior 8 50%, apenas na situaggo sentimental do grupo. de rapatigas de 16-18 anos surge em segundo lugar a seguir a categoria «camaradas © amigoso (respectivamente 35,6% © 46,5 %), sendo nos restantes grupos de idade © sexo ¢ em todas as outras situasfes a resposta mais frequente. Esta inverse entre os camaradas ¢ 0s pais @ respeito dos problemas de ordem sentimental nas raparigas de 16-18 anos foi também observada por Rodrigues no trabalho citado (1973) Estudo diferencial das categorias de pessoas significativas Dut. Popéis dos pais ¢ camaratas Fazendo uma andlise comparativa nos dots ‘srupos de idades em ambos os sexos entre 0 mimero de respostas as categorias apaise «ca- maradas ¢ amigos», verifica-se que 6 significa- iva (Teste x4) a tendéncia geral para aumentar © apelo aos camaradas e diminuir 0 apelo aos Pais com a idade (embora se manteaha sempre em primeiro lugar 0 apelo aos pais), Esta dife- renga varia com 0 sexo € o tipo de situacio Assim verifice-se que no grupo de raparigas do 6 significativa (y°=2,06, p>0,05) a dife- Fenga entre o miimero de resposias as duas ‘ategorias referidas entre o grupo 12-14 e 16-18 ‘nos na situagio sentimental, embora se man- tena a tendéncia geral com um ligeiro acrés- imo nas respostas «camaradas> em relagio a «paiso com a idade (quadros 3 e 5). Nos grupos do mesmo sexo na situagdo material, inverte-se esta tendéncia, acentuando-se o apelo aos pais com a dade (\°=5,86 diferenca signiticativa, 0.01 nas. respostas as questdes «a quem faria apclo%» do que: «quer seria a pessoa mais pronta a ajudi-lo?» Isto significa que, tendo os sujeitos mencionado alguém do seu meio ambiente como a pessoa mais pronta 2 ajudé-los, nfo querem fazer apelo aos outros ¢ preferem coatar consigo mesmo, No entanto, 2 nogo de afirmagio de si, no cobre todo campo semintico desta categoria, podendo ex- primir secundariamente umm seatimento de soli- io que faz parte das vivéncias habituais da adolescéncia T~{CONCLUSOES iva ira A partir da andlise dos resultados podere- imos tirar algumas conclustes gerais sobre 0 problema das pessoas significativas no universo do adolescente, que podem ser sintetizadas do seguinte modo: —Pais, camaradas ¢ amigos ¢ outros mem- bros da familia aparecem como as figu- ras privilegiadas nas situacdes dificeis em que se podem encontrar. © papel prepon. derante € atribuido com maior frequen: cia 20s. pais, estando estes investidos de uma grande responsabilidade, —Veritica-se a existéncia de um processo, genético que assinsla momentos diferen- tes do desenvolvimento da personalidade. do adolescente no sentido da progressiva autonomia, do qual so sigaificativas as tendéncias para aumentar com a idade_ © apelo aos camaradas e diminuir 0 apelo aos pais, embora estes sefam quase sem- re com major frequéncia, © aumentar g.apelo a si mesmo. Numa anilise diferencial entre as trés situacSes. propostes: moral, material ¢ seatimental, verifica-se que hé uma cliva- gem enire as situagdes de ordem material ¢ as de ordem moral ¢ seatimental no que respeita aos papéis, desempenhados pelos pais em conjunio, pelo pai, pela, mie e pelos camaradas € amigos asso- ciada & idade, ao. sexo, ¢ possivelmente a0 meio de origem dos sujeitos interroga- dos. Observa-se ainda uma relagio de or- 543 *y dem entre as trés situagies (moral>mate- rial>sentimental) na proporgio entre 0 apelo aos pais e aos camaradas com @ idade. A situagdo sentimental diferencia -se das restantes no apelo referido «a si proprio, pinguém» obteado maior percen- tagem de respostas —0 papel do pai e da mie encontra-se dife- renciado, sendo esta menciovada nas si- tuagées moral ¢ sentimental com maior frequéncia do que 0 pai Verifica-se a oposigio entre a Mie — preocupagées de ordem seatimental e moral ¢ Pai— preo- cupagoes materiais, A distribuigéo dos papéis parents fez-se segundo certas de- terminantes dos quais a idade © 0 sexo dos sujeitos parecem ser bons indicadores. —Numa comparago com resultados obti- dos com 0 mesmo inquérito numa popu Iago de adolescentes franceses (anos lec tivos 65/66, 70/71, ¢ 71/72) observa-se © mesmo tipo de tendéncias gerais nas respostas quer na perspectiva genética quer na diferencial, Este resultedo leva a por a hipstese que a distribuigio das ungdes das pessoas significativas 6 pouco influenciade pelos factores de ordem cultural ¢ mesmo pelo efeito de acorte» produzido pela diferenca de cinco anos entre a passagem do inguérito as duas amostras. £ reforgada a conelusio da adolescéncia de um pro- nomia, caracterizado no nosso estudo pela substituigio. das: ligagdes parentais por relaggo de natureza mais igualitéria. com 03 sujeitos da mesma idade ou por um fechar-se sobre si mesmo, sem recorrer 0, 58 outros estudes inter culturnis com populagdas em que as rel2- ges sociais e de parentesco difiram con- sideravelmente das cultures ocidentais poderé trazer novos dados a este pro- blema. ou PALAVRAS.CHAVE Personalidad, adolesctncia, desenvolvimento, pessoas significativas, papéis familiares ¢ extra familiares, estudo genético ¢ diferencial, estudo intercultural. RESUMO, Definem-se, com base nos trabalhos de Ro- drigues (1965, 1971, 1971-72), as pessoas signi- ficativas como «as pessoas com as quais os ado- lescentes julgam poder contar quando se encon- tram rama situagéo imaginiria dificil e as pessoas ds quais eles prejerem fazer apelo em caso de necessidades. Um inquérito aplicado a 476 adolescertes, alunos de estabelecimentos de ensino preparatdrio e liceal da érea de Lisboa, permit. jazer um inventério pormenorizado das pessoas significativas, ou seja das que so mencionadas pelos sujeiios como correspordien- do & definigéo dada inicialmente (preenchendo a primeira, a segunda ou as duas condigbes pos- tas) em situagées dificeis de ordem moral, ma- terial e sentimental Qs pais e os camaradas aparece como as, Pe ig signijicativas para o adblescente, ‘mas absérva-se em relagio a idade uma clive: gem entre os respectivos. papéis, expriminda um processo genético de jormacéo da p. nalidade, O5 papéis do pai e da mac estio dife: renciados de acordo com 0 tipo de sitwacao, considerada. (O estudo diferencial evidencia certas varia~ $6es associadas a idade € ao sexo. 0 estudo comparativo com os resultados obtidos na populagio de adolescentes franceses permite analisar, numa perspectiva interculti- rel, as irfluéncias do meio e o efeito do tempo entre a passagem as duas amostras, sobre o unt verso de pessoas significativas na adolescéncia RESUME, On a defini, en accord avec les travaux de Rodrigues (1955, 1971, 1972-73) les personnes ‘significatives comme «Les personnes sur lequel- les croient pouvoir compter des adolescents se trouvent dans une situation difficile imaginaire, ef Tes. personnes auxquelles ces mérmes adoles- cents feraient appel en cas de besoin». Une enquéte effectide aupres de 476 adolescents, heéens de Lisbonne, a permis de dr inventaire détaillé des personnes sig re des personnes ayent éié mention: nées, en accord avec la définition donnée au début (remplissant Pune, Pautre ou les deux conditions), dans les situations difficiles d' ordre moral, matériel et sentimental ‘Les parents et les camarades apparaissent comme les personnes les plus significatives pour Padolescent, mais on observe un clivage entre leurs réles. respectifs, en rapport avec Tage, révélatrice d'un processus générique de la formation de la personnalité. Les réles des parents se trouvent différenciés, selon Ia situa- tion difficile envisagée. Lidtude différentielle met en evidence cer- taines variations associées V'ége et au sexe. Léétude comparative des résultats obtenus parm’ la population d'adolescents francais, dans tne perspective inter-culturelle, a permis an Iyser U'injluence du miliew culturelle sur un vers des personnes significatives dans Tadoles- cence, compte tenu de Vintervalle de temps éeoulé entre les deux enquiétes. REFERENCIAS RODRIGUES, TH. (1965)—eLe r6le des personnes ‘adultes significatives dans Vadolescences, Enfance, 5:603-512. RODRIGUES, I.H, (1971-72)—eLes attentes d'aide ‘chez des adolescents avant et aprés Mat 68, Bulle tin de Psychologie, 301, 25:14-17. RODRIGUES, T.-H (1973) — 2A propos des person- ines signficativer dans Ventourage des adolescents. Bride. eifféreatielles, L'Ovientation Scoloire et Profisionclle, 2, 2° 4 2a

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