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ADAM PRZEWORSK! “"Doutor em sociologia pela Academia Polonesa de Ciéncias (1967) e em Ciéncia Politica pela Northwestern University (1966), ‘c.autor dos trabalhos aqui publicados é um marxista confesso e irreverente. Ele faz par tede um grupo de destacados cientistas so- iis americonos e europeus -~ entre os quais Jon Elster, John Roemer, Geoffrey Cohen, Klaus Offe, Goran Therborn — res= ponsdvel por importante esforco de renova ¢Go do marxismo académico. Os ‘textos deste: livro séo um bom: exemplo de saudavel heterodoxia @ go mes- mo tempo, de fidelidade a termas'e desafios analificos que fazer parte do legado mar xista. co pensamento social contemporBneo’” CAPITALISMO ESOCIAL-DEMOCRACIA eo profile de Maria Hlerninia Taveras de Almeida —— sees, _ Compania Das LETeas ee ‘COMPANHIA DAS LETRAS PREFACIO Os escritos de Adam Przeworski desmentem aqueles que tm afir- mado, com alguma ligeireza, que o marxismo morreu, sufocado em ygia pela Academia Polonesa de Ciéncias (1967) pela Northwestern University (1966), 0 autor dos jeados € um marxista confesso faz parte de um grupo de destacados cientistas sociais americanos ¢ europeus — entre os quais Jon Elster, John Roemer, Geoffrey Cohen, Claus Offe, Géran Therborn — responsdvel por importante esforso de renovacao do marxismo académico. xiae, ao mesmo tempo, de r fazem parte do legado marxista ao pensamento social contempordineo.. Com efeito, Przeworski se propde a tratar com frieza cientifica uum assunto que mobilizou édios e paixdes de marxistas de todos os timbres: jcado da experiéncia da social-democracia européia. Como se Iternativa social-democratica ocupou lugar p: vilegiadorna rica tradicao polémica da esquerda marxista. A oposigao reforma versus revolugao vertebrou o acalorado debate entre socialis- tas pelo menos desde 1896, quando, na Alemanha, Eduard Bernstein ‘comesou a publicar seus artigos sobre 0s Problemas do socialism, ques- tionando as premissas da doutrina marxista vigente. E terminow por set 0 motivo da cisio dramética eirreversivel entre 0s Social-democratas,, ditos reformistas, da Segunda Internacional e os comunistas, que dela se separaram para eriar a Terceira Internacional, em 1918. or ser um problema de politica prética, envolvendo opts in~ conciliéveis, o caminho social-democrata despertou entusiasmo ou foi 7 alvo de execraco. Quase nunca tornou-se objeto de andlise para os ‘autores marxistas, nem mesmo no mundo académico. Com raras e re- centes excepdes. Przeworski enfrentou esse desafio, chegando a resultados que, cer tamente, néo serfo do agrado dos doutrinarios de ambos os lados da arena socialista. Apoiado em farta documentag&o e no dom{nio segu- ro da literatura sobre a polémica entre reformistas e revolucionarios, © autor foi além das interpretagdes doutrindrias e dos projetos de in- teng2o. Ele analisou as mudangas efetivas na atuagio dos partidos social-democratas curopeus, resultantes, em ultima andlise, de uma es- colha ettatésica’a de participar do jogo eletoral nas sociedades capi- talistas em processo de democratizagao. Através do estudo da trajetéria da social-democracia na Europa, Przeworski encarou um dos dilemas que tém aprisionado os analistas de tradigao marxista: 0 do peso relativo dos constrangimentos da si- ‘tuago objetiva e, alternativamente, das decis6es auténomas dos‘ato- +65, na modelagem do curso das agdes coletivas. Esse dilema no é novo, nem constitui um problema exclusive dos. marxistas. Ao contrario, ele tem acompanhado, desde sempre, os fild- sofos e cientistas 08, Entretanto, a ambigiiidade do pensamento marxista nesse terreno teve efeitos especificos. Pet ses oscilassem entre duas visdes polares. De um lado, uma interp: do determinista, que reduz a politica a epifenidmeno de processos €

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