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ARTIGO ORIGINAL Terapia cognitiva: aspectos histéricos, teéricos e terapéuticos Luiz Fernando de Lara Campos* Makilim Nunes Baptista** A terapia cognitiva se constitui em uma das principais propostas RESUMO psicoterdpicas da atualidade, principalmente pelo crescimento de publicagies (presente abana stor Terapia Cops, © pesquisas, observado nas tiltimas duas décadas, Soe an cones haunt repos Entretanto, somente nos iltimos anos esta abordagem tem ganho mais _tenodvea'Sto arpicado on oncaton destaque na literatura nacional, principalmente pela tradugao de algumas _ erg. e¥0vercoonve. connate Tools obras fundamentais (Beck e Freeman, 1998; Scott, Williams e Beck, 1994; Dattilio e Freeman, 1995; Beck, 1997) e a produgao de eseritos nacionais, como o organizado por Rangé em 1995, PALAVRAS CHAVE ‘No Brasil, embora oaumento de intoresse soja visivel, aprodugto ciontifica rai Cogn, teapia compartment na fea érara on insuficiente, bem comoos cursos de especializagto, indicando _Cogrktes " a necessidade ndo apenas de formagao de psicoterapeutas cognitivos, mas também de pesquisadores nesta abordagem que possam validar empi- ricamente as técnicas e teorias advindas de outras culturas. O centro da terapia cognitiva se encontra na Pensilvania (Estados Unidos) e conta com cursos de especializagdo, pés-doutorado e supervisao clinica na linha cognitiva. Provavelmente, as diferencas culturais entre a realidade brasileira ea norte-americana, principalmente em termos culturais, devem ser melhor estudadas a fim de se evitar a transposigdo direta de uma teoria a realidades bem diferentes. objetivo deste trabalho 6 apresentar alguns dos principais aspectos tedricos e préticos da terapia cognitiva, contribuindo assim para a sua divulgagao junto a comunidade académica e profissional. Surgimento e desenvolvimento ‘A terapia cognitiva (TC) 6 uma das propostas psicoterdpicas que mais tengo vem recebendo na literatura, principalmente nos tiltimos dez anos (Rangé, 1995). ‘Aprimeira forma de'TC foi a Terapia Racional Emotiva Comportamental (REBT)(Ellis, 1962), de modo que a grande maioria dos métodos terapéuticos cognitivistas sao direta ou indiretamente dela derivada (Rangé, 1992; Foa & Steketee, 1987). 7 Ciermo Comportement bl mieauade na dorerinaro 3 ‘Sorounagies eens ana rea raoonal ota 6 ~Bepartamonto do Priciogia da Unive ie (109), 2 atrapse, ‘Sade PaultaoUnversdae Braz Cuba. CAMPOS FL; BAPTISTA, MAN. «Terapia cognitive Tnfanto- Reo. Neuropalg. da Inf © Adol. 6(2:60°76, 1098 laspectos hsiSricos, trios e terapbuticos 20. Este modelo foi postulado em 1962 por Albert Ellis, na época um psicanalista norte-americano (Ellis ¢ Dryden, 1987) que props um esquema de funcionamento cofmitivo denominado “A-B-C”, onde “A” 6 um evento ativador de “B”, que so pensamentos a respeito de A’. Por sua vez, os pensamentos em “B” geram conseqiéncias mC", que podem ser motoras, cognitivas ou emocionais Embora existam varios estudos sobre a grande validade e limites da REBT (Rimm & Master, 198: Gossette e O'Brien, 1993; 1992), 0 maior desenvolvi- mento da TC ocorreu a partir da obra de A. T: Beck (Beck ¢ cols, 1979; Rangé, 1995; Beck, 1997), que in- fluenciou decisivamente 0 seu desenvolvimento esta- belecendo os pardmetros atuais, embora a REBT ainda continue a ser objeto de estudo e producao cientifica. ‘Ambas, na realidade, podem ser consideradas modali- dades de terapias de base cognitiva. A influéneia de Beck e seu grupo ocorreu prin- cipalmente por sou maior esforgo cientifico (Beck e cols, 1979; Beck e Freeman,1993; Scott, Williams e Beck, 1994), que acabaram por desenvolver, a partir da proposta de Ellis, uma nova proposta psicoterépica para ‘que hoje 6 conhecida como terapia cognitiva. ‘Vale ressaltar que em seu surgimento a REBT foi muitas vezes classificada como um novo enfoque peicoter4pico, aparecendo em muitos manuais de psico- logia como uma proposta independente, como pode ser observado no livro de Burton (1978). ‘Nessa mesma época, a terapia comportamental ‘também ganhava forga, principalmente pelos trabalhos de Wolpe (1976) e Yates (1975), entre outros, Inicialmente baseada apenas nos principios operante e cléssico, a terapia comportamental rapids- ‘mente ganhou espago no meio clinico ¢cientifico, princi- palmente pela sua maior eficacia e comprovacao. Concomitantemente com o desenvolvimento da pro- posta comportamentalista, o desenvolvimento toérieo do final dos anos 60 e inicio dos anos 70, marcada pelo trabalho de Bandura (1969), Mahoney (1974) ¢ ‘Meichenbaum (1977), permitiu que a REBT pudesse ser avaliada dentro do behaviorismo social, que enfatiza mais aspecto cognitivo (Bandura, 1987).Finalmente,n0 final dos anos 70, ambas as propostas ja eram utilizadas ‘conjuntamente, eriando a terapia comportamental- ‘cognitiva. Em termos de behaviorismo,a terapia cognitiva pode ser considerada como fruto do desenvolvimento de ‘sua proposta metadoldgica (Rangé, 1995). Quanto & semelhanca entre a terapia cognitiva ea comportamental, existem varios estudos que avaliaram 8 aspectos om comum, com a maioria indieando para ni existéncia de diferengas significativas no que tange ‘A relagdo clionte-terapeuta ea eficacia (Lazarus, 1971; 7 Faroe patra Baton nga CAMPOS, LL. BAPTISTA, MAN. Terapia cognitive. laspectonhistrico, eric terapéutine Rimm e Master, 1983; Beck e Freeman, 1993). Os estudos sugerem, ainda, que a maior taxa de eficdcia 6 obtida com a utilizagao conjunta de ambas as propostas. Entretanto, muitas vezes os psicoterapeutas preferem. atuar baseado apenas em um dos enfoques, sugerindo que esta decisao ¢ guiada pelo estilo do terapeuta e sua visio cientifica. A divergoncia todrica e filoséfica cexistente entre as correntes comportamentais (radical, ‘metodologica, social ou cognitivista) é, na maioria dos casos, 0 dpiee desta escolha. Contudo, nfo 6 objetivo no presente escrito abordar essas questées, devendo os interessados buscar informagdes nos escritos de Staats (1987), Bandura (1969) ¢ Matos (1995). Fundamentos da TC: 0 aparelho cognitive Na terapia cognitiva, o determinismo do com- portamento humano nao est4 em estruturas psiquicas inconscientes, como no caso da psicandlise, ou pré- determinadas biologicamente. Também no se encontra totalmente no ambionte como para os comportamen- talistas. O conceito mais frequentemente utilizado 6 0 de Determinismo Reefproco, ou seja, 0 homem nasce com_um potencial biolégico, o qual sera desenvolvido ‘em fungao das suas experiéncias e relagdes com o meio ambiente (Bandura, 1969; 1987), sendo que o individuo er visto e determinado pela relagao multideter- rminista entre: Ambiente | «+ _Comportamento Homem Desde o seu nascimento, 0 ser humano est em contato com o meio ambiente, no qual mantém uma série de experiéncias. Essas vivéncias, através dos prin- cipios de aprendizagem (classica, operante e vicéria), irdo fornecer elementos para que individuo estabelega sum padro de comportamento adequado ou nao no seu meio ambiente. 0 resultado deste processo de apren- dizagem e experienciagao pode ser denominado de es- truturas cognitivas, ou seja, formas de avaliagBes basea- das no conhecimento que o sujeito possui e que servem de base para o pensamento. E interessante notar que Beck e cols. (1979) nao estabelecem diferencas significativas entre cognicdes € pensamentos, sendo os termos muitas vezes utilizados como sinénimos. Outro termo designado para identificar ‘0 substrato cognitivo deste processo so as crencas, 0 qual pode ser definido como uma regra para a ago, seja la motora, cognitiva ou emocional (Bem, 1972). Tnfanto™ Rev. Neuropuig. da Inf e Adol. 6289-76, 1008 Nao se devem confundir erencas religiosas ou dog- ‘mas com 0 conceito de erenga propasto por Beck, onde fs diferengas sto bastante observaveis. Crenga pode ser definida também como um significado estabelecido que auxiliao ser humano no entendimento dos eventos eno processamento das informagées provindas do meio ambiente. ‘Um exemplo de erenca pode ser expresso ne idéia do um individuo sobre o seu padrdo de beleza, ou seja, ‘no se achar bonito como as outras pessoas. Esta erenca pode influenciar, de maneira particular, como o sujetto percebe os acontecimentos do seu cotidiano. Se este su- Jeito estiver almogando em um restaurante algumas ‘pessoas da mesa ao lado comecarem a rir, a probabili- dade de este individuo achar que o motivo das risadas provém da sua feiura pode ser aumentada, o que nio Aconteceria com um outro individuo, que poderia achar {que as risadas sa0 consequéncia de uma piadacontada. Contudo, as diferengas e semelhangas entre crengas « cognigées ndo séo muito claras, ois ao mesmo tempo que Bem (1972) aponta para uma rogra de ago cog tva, outros, como Beck e cols. (1979), nao estabelecem eritérios precsos entre esta diferenga ‘Na busca de respostas para as questzes que enfrenta no dia a dia, o sor humano utiliza suas cognigdes no processo de avaliagae e resposta ao seu meio ambiente. ‘ avaliagdo se inicia com o processamento dos eventos ambientais pelos sentidos, de forma que, a partir da pereepedo do evento, o individuo significa o fato a esta ocorrendo, tendo como base sua meméria ecogni bes/erengas. Apenas apés a significagdo é que ocorre a Tesposta,seja esta motara, emocional, seja cogntiva, ‘0 acontecimento de um evento leva 0 individuo @ processarasinformagées dele ariundas nosentidodeesta- belecer um signifieado para ele, de tal sorte que possa responder adequadamente no contextoem que se encnntra. "A premissa principal nesta proposta remete a evolu- gto do “A-B-C" de Ellis, na qual o individuo formula Interpretagies de eventos em seu mundo a partir de rogras cognitivas(crengas), as quaisseinterrelacionam formando uma estrutura complexa e dindmica, denomi- nada de aparelho cognitivo (Mahoney, 1974). ‘As crengas em um primeiro momento podem ser confundias com os pensamentas que oindividuo elabo- ra obre evento, mas nao podem ser consideradas como equivalentes, pois sao padroes pelos quais o pensamento serd elaborado, ‘Uma répida comparagdo com a computagio pode ajudar na compreensao do problema. No caso de oindivi- duo estar utilizando um programa para computador tipo ‘Word for Windows, os eomandos, as janelas, as operagdes do editor 0 que 6 visive na tela, poderia ser denominado de pensamento, enquanto toda a programagao ea lingua- ‘gem utilizada para a exeeugéo das tarefas na tela seriam consideradas erengas ou cognigdes do individu. ‘As crengas servem de base para que 0 pensamento ‘ocorra, embora, semelhantemente, o préprio pensamen- to poséa influenciar as crengas. Eo que se denomina de idlogo interno: como os pensamentos serao elaborados e articulados internamente a fim de propiciar uma res- posta adequada. O dilogo interno permite ao indivi- duo avaliar e estabelecer parametros de compreensao resposta ao evento em questo. Pode ser considerado ‘como uma fala interna do tipo monélogo que acaba por influenciar 0 comportamento do individuo, podendo estar relacionado na identificagéo de desempenhos anteriores, motivagao, auto-avaliagao, busca de mem6- rria, preparo de estratégias para novas tarefas e forma- ‘so de hipéteses ( Meichenbaum, 1977). ‘Segundo Dobson e Franche (1996), 0 modelo cogni tivo reconhece muito mais do que apenas os processos ¢ produtos cognitivos: inclui a interdependéncia entre cognigao, afeto, comportamento e fisiologia, ou seja, a avalia¢ao multidimensional do problema. ‘Noentanto, os mesmos autores atentam para o fato denao estarem totalmente claros alguns conceitos, como ‘anatureza dos esquemas e creneas, ou mesmo avulne- rabilidade cognitiva para o desenvolvimento de deter- ‘minados transtornos (por exemplo: transtornos depres- sivos ou fobias especificas), j4 que nao se pode afirmar ‘em que grau essa vulnerabilidade é constituida de predis- posigso genética, primeiras experiéncias ou modelagdo social, sugerindo ainda maiores investigagoes futuras com relagao a esses tépicos. ‘Outro ponto fundamental, e que também foi proposto ppor Ellis (1962), 6a nogao de racionalidade e irracionali- dade das crengas de um individuo. Racionalidade neste ‘caso néio possui o sentido légico como na filosofia, mas sim a idéia de que a cogni¢ao em si representa uma alta probabilidade de adequagao do comportamento do individuo ao seu meio ambiente, enquanto irracionali- dade indica o contrario. ‘A importéneia da racionalidade ou irracionalidade da cognigéo é fundamental para a terapia cognitiva, pois indica uma das possiveis fontes dos distuirbios cog- nitivos, emocionais e comportamentais dos individuos. ‘Na analogia com um programa de computador, é como uum defeito ou distorgao de programagao na parte de célculo estatistico. O usudrio executa a operago, o com- putador responde, mas 0 mimero apontado nao est de acordo com a realidade, ou seja, 0 individuo percebe 0 evento, processa as informagdes dele oriundas, mas 0 significado e a resposta ao evento esta distorcida. Para ilustrar isto pode-se citar o individuo com transtorno parandide de personalidade, onde ele possui uma forma de processar os eventos baseados na idéia de que as ‘outras pessoas ndo sdo confidveis, e sim ameagadoras. ‘Em todas as situagdes que este sujeito experimentar contatos sociais, sera enviesado por esta estratégia de (CAMPOS, LFL; BAPTISTA, MIN Toropia eign spect histsrico, tesco ¢leraptuticnn 22 pensamento, Por exemplo: um individuo realiza uma primeira entrevista com um psieélogo e, durante a ses- ‘880, pensa: “Ele me tratou muito bem, mas est escon- dendo algo atras desta gentileza. Ele quer saber meus segredos para me chantagear”. ‘© pensamento que o cliente formulou baseia-se no seu. funcionamento cognitive, Por mais gentil, atencioso e pprofissional que o psioblogo possa ter sido, a dimensio controladora da avaliagao de seu comportamento 6 a for- ma de processar este evento, que, por ser distorcida © absoluta,ndo permite uma adequada significacao do evento. ‘A origem da irracionalidade est no fato de que 08 individuos nao possuem a tendéncia de verificar a vera- cidade de suas idins ¢ erongas (Campos, 1995), de modo {que suas pereepgées de mundo se tornam auto-reforea- doras, mantendo-se assim estaveis ¢ com baixa probabili- dade de modificagaio natural. Bsta afirmagao esté basea- dda na suposigdo de que o homem nfo possui a tendéncia natural de checar suas crengas, percepedes e pensamentas. Esta tendéncia de sempre estar buscando verdades ‘pessoais pode ser melhor explicada pelo conceito de Ateneo Seletiva, na qual o individuo procura explicagdes para ‘confirmar suas verdades. Um exemplo claro de atengio seletiva pode ser deserito na propria psieologia, onde profis- sionais de uma determinada linha teérica tendem, com mais faclidade, a encontrar incoeréncias e pontos falhos znas outras linhas teéricas divergentes da sua, ‘Assim, a forma pela qual o individuo seleciona as informagdes a respeito dos eventos 6 guiada por suas préprias cognigdes, de modo que sua atengio seletiva ‘acaba por captar estimulos no ambiente que possuem maior probabilidade de confirmar seu estilo cognitive ‘endo confronté-lo, Embora a TC nao utilize diretamente a nogto de ir- racionalidade e racionalidade proposta por Ellis (1973), preferindo a nogao de andlise cognitiva em termos de funcionalidade ou nao dos esquemas cognitivos, as eren- ‘ga8 propostas por este autor so guias muito ‘iteis na prdtica clinica, significando, talver, as mais freqilentes formas de funcionamento disfuncionais. ‘As crongas irracionais podem ser consideradas como sendo do tipo absolutista e pouco flexivel para mudan- gas. Como exemplo, pode-se citar a erenca irracional ‘Todas as pessoas devem me aprovar no meu jeito de ser. Ao contrério, as crengas racionais so aquelas mais voltadas para o real, mais flexiveis e menos extremistas, podendo ser expressa por idéias semelhantes a esta: Gostaria que a maioria das pessoas me aprovassem, ‘porém sempre haverd pessoas que discordem de mim. Quanto mais racionais forem as erengas, menos distor- ‘ido sera o significado do evento, ocorrendo menor probabilidade de o individuo ter emogtes inadequadas na situagSo (raiva, culpa, ira). ‘Ascrengas irracionais identificadas por Elis (1973) so: 1) Uma pessoa dove ser estimada ou aprovada por todas ‘as pessoas virtualmente importantes om sua vida. CAMPOS, LFL; BAPTISTA, MAN Terapia cognitive ‘apecionhitérlaos,tebrcos«teraptuticnn 2) Uma pessoa deve ser plenamente competente, adequada e realizada sob todos os aspectos poss! veis, para que se possa considerar digna de val 8) Certas pessoas sao més, perigosas ou despreziveis, fe deveriam ser consuradas e punidas por suas maldades. 4) E horrivel e catastréfico quando as coisas nao acontecem exatamente como a pessoa gostaria ‘muito que acontecesse, 5) Ainfelicidade humana 6 causada por razbes exter- nas, € 88 pessoas tém pouea ou nenhuma capaci- dade de controlar seus sofrimentos e preocupagtes. 6) Se alguma coisa é, ou poderé vir a ser, perigosa ‘ou apavorante, o individuo deve ficar tremenda- mente preocupado e pensar persistentemente na possibilidade de esta coisa acontecer. 7) Emais fécil evitar do que enfrentar certas dificul- dades e responsabilidades pessoais na vida 8) Uma pessoa é dependente das outras e precisa de alguém mais forte do que ela para poder confiar e apoiar-se, 9) 0 passado de uma pessoa é o determinante pes- ‘soal de seu comportamento atual, eo fato de algu- ‘ma coisa haver afetado seriamente sua vida, deve- 14 influencié-la indefinidamente. 10)Uma pessoa deve ficar extremamente preocupada ‘com os problemas de outras pessoas. AExiste sempre uma solugto correta, precisa ¢ perfeita para os problemas humanos, e é uma ‘catdstrofe quando a solugdo exata nto 6 encontrada, Para Mahoney (1974), as crengas (ou cognigdes) s80 0s principais constructos da terapia cognitiva, devendo ser compreendides em termos de seus quatro pilares: pensar, sentir, comportar e interagir. Para este autor, as ereneas podem ser classificadas em: 8) Primérias: so aquelas formadas sem confirmagao empfriea, pois sdo informagdes provenientes da fase inicial da vida, basicamente origindrias do meio familiar, em uma etapa do desenvolvimento nna qual o individuo nao consegue checd-las ou vvalidar empirieamente, ) Secundérias ou de ordem superior: podem requerer ‘confirmagio empfrica e formam cadeias complexas de inter-relagao, formadas principalmente a partir do final da infancia o inicio da adolescéncia, onde ‘ individuo i possui condigdes de avaliar as situa- ‘gee de uma forma mais critica e ponderada. ‘Nocaso de uma crianga que foi continuamente puni- dda quando tentava expressar emogoes, talvez tenha sido desenvolvida uma crenga priméria do tipo: é errado expressar emogoes. Quando adolescente esta crenga primaria pode se tornar secundaria (ou derivada) e ser expressa no nivel afetivo e comportamental como: hhomem que homem néo chora. Neste sentido nao haveria a exprosséio de sentimentos, nem tampouco 0 comportamento de chorar. 69-76, 1988 Para Mahoney (1974) as origens das crengas reme- tem a dois prineipios: 1) Ensaio. erro (primérias). No caso acima exempli- ficado, 0 processo de manifestagao de emocéo & ppunigio,verbalizagbes dos pals e modelagio pedem ter sido responséveis pela formagao desta crenga, uma ver que a erianga, ao nascer,ndo dispunha de informagbes eestratégias inatas para lidar com a eros. Dessa forma, por manifestagao da emocao (ensaio) e punigho erro), a erenca fo formada. 2) Justificatva logica, ou por manulengio de um esta- do afetivo/emocional ou por congruéna igi entro comportamento e erenga. Ja neste caso a partir da visto de que exparemoghasé errado, a pessoa jusiica a renga Homer nao chara com a argumeniagao de que emngao ¢ coisa dos fracos ¢ mulheres. ‘Uma das diferengas da terapia cognitiva em relagto AREBT que esta concebe um aparelho cognitivoestru- turado em niveis de crengas, o qual serve também de guia de atuagao para o psicoterapeuta. Esse aparelho pode ser delineado em termos de uma espiral, onde a base sejam as erengas primarias, no centro as erengas secundarias e no topo as atitudes e valores, de modo ue o produto final seja comportamento. Graficamente, uma forma de entender o aparelho cogeitiva & Aiivdes, Ids (Crengas ou Copnigses Crangas ou Cognigpes ‘Primariae ‘Valores ‘Secundirine ‘As crongas primdrias servom de base para a forma- ‘¢ho das socundérias que, por sua vez, determinam atra- ves de uma ampla variedade de combinagdes as possi lidades de atribuir significado por parte do individuo através de seus valores e atitudes. ‘As cognighes de um individuo esto, portanto, ongani- zadas em niveis de complexidade, formando uma rede de combinagBes denominada de constelagao cognitiva, que resulta em um esquema de prontidao para o funciona- ‘mento cogmitivo ea agdo de responder ao meio ambiente. ‘Esto esquoma cognitive (ou set) também 6 0 respons vel por toda a ativacdo cognitiva que o evento ge envalvendo meméria, pensamento e o préprio didlogo terno, Caso este set cognitivo seja disfuncional, ele nao tenderd a modificarse de acordo com a e: ambiental, repetindo 0 tipo de ativagso peito da mudanca ambiental, com o auxflio da atencao seletiva, Para este quadro disfuncional o termo utilizado é modo, e serd este o responsivel pela eliciagdo dos pensa- ‘mentos automsticos do individuo, a significagao privada irreal eas conseqientes emogdes distorcidas Rangé, 1995) ‘CAMPOS, LPL; BAPTISTA, MAN. Terapla cognition (apectoshisiirico, tesco © traptatios 0 individuo pode estar avaliando as situagdes em ‘um modoou esquema depreviativo; endo assim, as risa- das da mesa ao lado podem gerar pensamentos auto- Iaticos (Eu sou feio; Todas me zombam) que eausam tristeza (emogdo e, onseqdientemente, comportamen- tos observaveis (o individu levanta e vai embora do restaurante por nfo aguentar a suposta zombaria). (0 processo terapeutico deve, sempre que posaivel, observar a ordem inversa no sistema de reestruturagao tognitiva, iniciando-se pelo comportamento para se determinar a erenga/eognicao. Outro ponto importante na terapia cognitiva é conceito de dominio ou campo pessoal (Beck e cols, 1979). ‘Ocampo pessoal écomposto por tds os obetos tangiveis, (carro) ou nao (conceito de justga), animados (pais) ou no (casa), com os quais o individuo mantém relagbes afetivas. No centro do campo pessoal estéo autaconceito do individuo, agregado com seus valores, caracteristicas pessoas, atributosfiscos, ete. Graficamente, uma forma de conceber o campo pessoal pode ser assim exemplificada: Insnimedos com ‘aio mantém lic aqder afetivas ‘tmlgos,iéias poe Ics cbjetos pee- iia, ee Figura 1 ~ Caracterizagio gréfica de campo pessoal (© campo pessoal 6 um conceito fundamentalmente Util para explicar as emogdes que os individuos sentem apés significarem um evento (Beck e cols. 1979). © aparelho cognitive do ser humano tem como funcao precipua fornecer compreensao sobre os eventos, que cada individuo experiencia. Entretanto, este signifi- cado pode variar de acordo com as erencas do sujeito, de modo que em uma mesma contingéncia dois indivi- duos possuam respostas diferentes em fungées de pro- cessos de significagao divergentes, Cada evento possui sempre dois significados: o pabli- ‘co eo privado, O significado publico é a definigao objeti- vva doevento sem qualquer avaliagio pessoal. Jé osigni- ficado privado é freqidentemente fantasioso e pessoal, pois se baseia nas cognigées pessoais do individuo que no tem a oportunidade e a tendéncia de checar a sua autenticidade e validade. ‘Quando da ocorréncia de um evento, ocorre 0 seu processamento, tendo como base o didlogo interno (pen- samento ou cognicdes), de modo que seja atribuido um significado, o qual serd diretamente relacionado com a resposta motora, emocional e cognitiva. 74 Para exemplifcar a questdodo processo de signiticagao, pode-se considerar a sesuintesituagdo: Um rapaz marcou lum encontro com sua namorada as 21h na porta da universidade. Entretanto, ele chegou as 21h30. Sua namorada comecou imediatamente a chorar. Quando 0 rnamorado chega ao encontro tém-se dois significados; 0 significado pablico deste evento, que é: Ele chegou 30 ‘minutos atrasado, e significado privado, que poderia ser: Ele nao gosta mais de mim, se gostasse realmente de mira ‘le chegaria no hordrio. Pe-se perceber que em nenhum momento houve tempo ou a tendéneia da parveira em checarou verificar algum dado real em relagdo ao atraso. 0 significado privado foi simplesmente atribuido em termos de seus valores, crengas e experiéncias passadas. O choro da namorada fia resposta emocional emitida a partir da signifieagéo do evento. Deste modo, a natureza das respostas emocionais, do individuo s80 diretamente determinadas pela forma com que os individuos significam os eventos. Se for at buido um significado irreal, a resposta emocional tam- bém seré inadequada (Beck e cols, 1979) ‘A natureza da resposta emocional especifica a0 ‘evento, ou até 0 disttirbio emocional, depende de como ‘a pessoa percebe os eventos: acrescentando, subtraindo, arriscando ou violando o campo pessoal. No quadro 1 pode ser observado um sumério da relagéo entre signi- ficado e emogao. Contudo, o psicélogo ctinico deve ter uma certa precaugio na relacao emogdo/eampo pessoal, devido Justamente ao significado privado dado ao evento,sendo ‘que este depende da historia de vida do sujeitoe de sua contextualizaglo. A perda de um emprego, apesar deini- cialmente parecer indicar tristeza, pode ser avaliado pelo individuo como o alivio de pressbes do chefe, o que, contrariamente ao que se supunha, leva o individuo & felicidade, endo tristeza, Da mesma forma, o ganho de um cachorro, apesar de iniialmente poder ser visto como proporcionando felicdade, pode trazer tristeza para o Sujeito, pois é vista como algo ruim ou trabalhoso, Aspectos préticos da terapla cognitiva O processo na terapia cognitivo é marcado por uma estratégia orientada para solugdo de problemas, de modo que a terapia ocorre de forma estruturada e dire- tiva (Rangé, 1995). Na execugao da TC, Beck e cols. (1979) postulam alguns passos fundamentais que sao, em grande parte, 0s objetivos da terapia cognitiva, dentre eles: + a auto-obsorvagao de pensamentos automaticos; * 0 reconhecimento da interdependéncia entre a cognigéo, afeto e comportamento, além de suas conseqiléncias fisiol6gieas; + examinar as conseqiéneias a favor ou contra os pensamentos negativos autométicos; e ‘+ aprender a identificar e alterar as formas de signi- ficar 0s eventos, portanto, as crengas disfuncionais que predispem 0 individuoa distorcer arealidade. Assim como em outras abordagens, 0 terapeuta cognitivo deve ter alguns requisites bésicos que, para Beck e cols.(1979), so de suma importancia para o su- ccesso da terapia. O sucesso da terapia cognitiva nfo é apenas baseado no uso de técnicas e prineipios tedri cos, mas também em caracteristicas e habilidades de quem a pratica. Dentre os requisitos que o terapeuta deve possuir, t8m-se: ) Calorhumano: Preocupagioe interesse no cliente, demonstrando uma atitude aberta ¢ interessada (Com de voz, modo de se expressar), porém nao em demasia, O melhor mesmoé obter um feedback do cliente (Como ele percebe o terapeuta?). b) Empatia: Como oterapeuta penetra na vida do cliente ce experimenta a vida do mesmo modo que ele. Esta atitude auxilia na compreensio e na predicaa de comportamentos, evitando falhas. Porm cuidado deve sor tomado para manter a objetividade,cuidado ‘em néo projetar expectativas. Por exemplo:a mae do cliente morren eele nao est triste. Vale lembrar que ‘aempatia na'TC é cognitiva,racional,enioemocional como na proposta rogeriana. ‘Autenticidade: Honestidade consigo meamo e com cliente, Porém nao precisa ser 4spero com sua franqueza. Ser assertivo é fundamental. Pro- ‘messas nf so bem-vindas. Cuidado com os pen- samentos automaticos em relagao ao cliente, Por ‘exemplo: ele ¢ um irresponsavel ou ele nunca con- seguird sair desta. 4) Confianga bésica: Importancia na autonomia do cliente (iniciativa de falar, planejar, etc.), necessidade de estruturagéio (diretividade do tera: peuta, sua iniciativa), confiabilidade e receptivi- dade (ser pontual, atender a telefonemas do clien- te) e estabelecer limites (nao fazer pelo cliente aquilo que ele pode fazer por si mesmo). O terapeuta deve encorajar o cliente a observar ¢ avaliar sous pensamentos de uma forma mais objetiva, além de verifieara validade de suposigoes, ou seja, teste de hipdteses. Por exemplo: Seeu faltar na escola, a diretora néo vai deixar eu irao passeio no 200ldgico com os amigos da classe (mesmo ndo tendo nenhuma relagdo dos dois acontecimentos). esse caso, 6 interessante discutir com o cliente que certezas ele tem sobre a relagao falta/punigo; por que chogou a esta relaedo; até que ponto esta relagdo pode ser verdadeira; a possibilidade de outras formas de se avaliar a situacio; até que ponto esté havendo uma tendenciosidade em avaliar a situagio com experiéncias anteriores, etc. A tarefa de casa também ¢ considerada extrema ‘mente importante para o bom desenvolvimento do procosso psicoteraipico, bem como para se conseguirem CAMPOS, LPL; BAPTISTA, MAN. Terepla cogntva ‘apectoshistbricog ebricos¢teraptations Tnfanto- Ren. Neuropeig. da Inf e Adou. 67269-76,1908 QUADRO 1 Emogio e significados atribufdos a eventos (adaptado de Beck, 1976). Emogio Percepgao/Bvento ‘Tristeza (ignifeagdo do evento em termos da perda real ou nao de elementos do campo pessoal) Alegria/Excitagao (ignifiengio do evento em termoa da percepeio ou oxpectativa de aumento real de elemento do ‘campo pessoal) 1 perda do um objeto tangivel valorizado. 2. diminuigdo da auto-stima pela perda de um objeto intangtvel 43. inveraio de valor ative do campo peasoal 4 expectativafantasia de poss(vel perda futura, ‘5 perda hipotética: ndo aconteceu, mas poderia ter ocorrido. 6 - pseudoperda acha que perdeu, mas isto nfo aconteceu. 1 pereepgio de aumento de elementos do eampo pessoal. 2 expectativa de aumente de elementos do campo pesson 3 aumento da auto-estima, Ansiedade Gignitieagio do evento em termos da possibilidade de perda futura de elementos do campo pessoal) 1 antecipagie cognitiva do medo do perigo de perda de lementos do campo pessoa, seguida de roagio emocional desagradivel Riva (eigniticagho do evento om termos de transgressio 4o campo pessoal) Medo (signiticagio do evento em termos de perda eminente de elementos do eampo pessoal) resultados em um perfodo mais curto de tempo. Uma das tarefas de casa muito usada em alguns transtornos (como no caso de depress) &0 Registro Diario de Pensa ‘mentos Disfuncionais Beck, 1979; 1997), ondeo cliente tenta descrever os eventos que ocorreram no seu cotidiano, especificando que tipo de pensamento teve a reapeito, que emogao foi express, qual o comportamento executado e outras formas de se avaliar a situagao. (O método terapéutico na terapia cognitiva se baseia xno método socratico, ou seja, fundamenta-se nas ques- tes que o terapeuta formula para o cliente questionar os principios de seus pensamentos automaticos. Por exemplo: Cliente: ~Nao tenho nenhum autocontrole, ‘Terapeuta: —Com que base voré diz isso? Cliente: — Uma pessoa me ofereceu um doce e eu nao consegui recusar. ‘Terapeuta: ~ Quantas vezes voce comeu doves nesses ditimas dias? Cliente: =S6 desta ver. Terapeuta: — Quantas vezes sentiu vontade de ‘comer nesses tiltimos dias? 1 causada por ataquefsio ou moral a elementos do campo pessoa. 2 fruatragao de dessjo oa impuleo 1 ameaga de ataque fisice a elementos do eampo pessoal. Cliente: ~ Umas 50 vezes. Terapeuta: ~ Ent voce se controlou numa pro- porgio de 50:1. Isto quer dizer que voc® 6 completamente fraca? Cliente: ~ Acho que ndo, nao completamente. (Beck ¢ cols., 1979, p. 78). (Os questionamentos buscam levantar informagdes que sustentem ou ni o esquema cognitivo do cliente, de forma a eriar um estado de desconforto cognitivo ‘que propiciaré, entdo, condigdes para a busca de novas estratégias de pensamento, Para Rangé (1995), a TC 6 uma proposta baseada no ‘método educacional, pois ensina o cliente a questionar de forma coorente seus proprios prossupostos,fornecendo habilidades e experiéncias para que, em uma situagao futura, possa enfrentar funcionalmente os seus problemas, sem ter necessariamente a presenca do tara peuta, também evitando-se a dependéncia entre clien- te-psicoterapeuta. O terapeuta cognitivo auxilia ocliente ‘pensar mais realistica eadaptativamente com respeito a seus problemas. CAMPOS LFL) BAPTISTA, MIN. Terapia cognitive ‘ipettn Natron tdroos © tarpeatione Tnfanto™ Rew. Neuropsig, da Inf.e Adol. 62)69°76, 1998. 76. ‘No centro do processo de modificagao cognitiva esta aidéia que a falta ou insuficidneia de evidéncias justifi- céveis e a percepeto de outras interpretagies tende a abalar aconfianga em uma determinada crenea, tornan- do-se entdo uma hipitese sujeita a verificacao. Outro ponto virtualmente importante 6 0 fato de a TC ser orientada para o problema, ndo para alteragies ou ajus- tamentos da personalidade futuros. Consideragées finais A aplicagao da terapia cognitiva, que nos seus primérdios (Beck e cols,, 1979) focou principalmente a depresséo, tem ampliado seu eampo de atuagio a outros tipos de problemas e diversos transtornos. Dentre eles podem-ce citar (Dattilio e Freeman, 1995): problemas conjugais; familias em crise; abordagens grupais; transtornos de personalidade (Beck e Freeman, 1993), entre outros. ‘O campo de pesquisa e de atuagao para profissionais| com este enfoque de atuagdo 6 crescente, pois possibilita uma atuagéo mais efetiva para o terapeuta e uma melhoria significativa para o cliente. ‘As informagdes complementares a este escrito podem ser buscadas nos trabalhos mais amplos de Beck e Freeman (1993), Scot, Williams e Beck (1994) e Rangé (1995), que fornecem nao apenas uma gama maior de informagdes, mas também propiciam contatos com diversas area de atuagao, SUMMARY “This paper is about the oogntve therapy, origin, basio concepts and therapeutic approach. Te concepts of bel, cognitive scheme, ‘egniion and copntve therapy are ustated. KEY WORDS Cognitive Therany: Behavior Therapy; Cognition. Bibliografia {.BADURA, A196) Prinlples of Behavior Modification Now York 2, BADURAA. (1967) Social Fundations of Thougth and Action. New Jersey: Prentice Hal, 2 BECK A J./3978) Copnitive Therapy and the Emotions) Disorders. New York New American Library 4. BECK, ATT; RUSH, J SHAW.BK. & EMERY.G.(1079) Cognitive “Therapy of Depression. New Yor Tho Guitoré Press. 5. BECK, AT & FREEMAN, A 6.BECK, J. (1997 Terapla Cogaltiva: Teoria e Pratica, Porto Alegre ‘ates Mécione ‘CAMPOS, LPL; BAPTISTA, MN. Terapia cagnitiv: ‘atpecto hsirico,terics e traptutions 7.BEM,D..(1072)Atuds, Crongas e Convigdes. 5 Paulo: Herder {8 BURTON, A (1878) Teorias Operacionais da Personaldade.Fio de Janeiro: maga 9.CAMPOS, LF de (198) Terapia RacionaLEmotva Comportamerta. In 8. Rangé [Org] (1995) Psleotrapla Comportamental © CCognitiva. Campinas: Edtorial Poy. 10, DATTILIO, FM. & FREEMAN, A. (1998). Estratéglas Cognitve- ‘Comportamentals para inarvensio er Crises. Campinas torial Psy 11, DOBSON, KS. & FRANCHE, RL. (1906) A Price da Terapia CCogntva In: Cabal VE. 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