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Capitulo 1 Introdugao a Engenharia de Pontes 1.1 Definigées 4.1.1 Ponte E uma obra destinada a carregar tréfego sobre obstaculos a continuidade de uma via; estes obstaculos podem ser rios, cérregos, brags de mar, outras vias de trafego, vales, ravinas, entre outros. 1.1.2 Viaduto Ponte sobre vales, outras vias, ou obstéculos geralmente nao constituidos por agua. Fig. 1-1. Viaduto Rodovidrio 1.1.3 Pontilhao Ponte de pequeno véo. A fixagao dos vos limites para os pontihées é bastante subjetiva. No hé, entretanto, qualquer importancia na distinedo entre pontes e pontilhdes, pois ambos esto sujeitos aos mesmos procedimentos de projeto e execuco. PONTES - CAPITULO 1 12 1.1.4 Passagem superior e passagem inferior Obras destinadas a permitir 0 cruzamento de duas vias em niveis diferentes, sem interferén- Gia de tréfego de uma sobre a outra. Geralmente constituidas por viadutos, podendo também empregar-se obras enterradas. A denominacao da passagem 6 geralmente referida em rela- 40 @ via de maior importancia, uma vez que esta tem menor flexibilidade na modificacgo de seu greide. Um viaduto rodovidrio sobre uma ferrovia denomina-se passagem superior, ja uma obra en- terrada sob uma ferrovia denomina-se passagem inferior. Da mesma forma, no cruzamento de duas rodovias, a denominagao de passagem é referida a rodovia mais importante. Assim, um viaduto de uma estrada secundaria sobre uma auto-estrada 6 denominado passagem superior Fig. 1-2. Passagem superior na BR-101/SC. 1.1.5 Obra-de-arte especial sideradas trabalhos de arte. Obras- estacas de madeira; ~ estacas pré-moldadas de concreto armado ou protendido; ~ estacas de concreto moldado no local; ~ estacas metilicas ~ perfis laminados simples ou compostos, trilhos simples ou compostos, * Fundagdes profundas: ~ tubuldes ~ a céu aberto ou sob ar comprimido; Além disso, fazem parte da infraestrutura as pegas de ligagao de seus diversos elemen- tos, tais como: * Blocos de coroamento de estacas; + Vigas de ligagdo. Encontros Encontros so elementos estruturais que possibilitam uma excelente transigo entre a via de trifego e a obra-de-arte especial. So, simultaneamente, 08 apoios extremos da obra e elementos de contengao estabilizagao dos aterros de acesso Dependendo de seu porte, findagdes e do tipo de contengiio que proporcionam, os en- contros podem ser classificados em dois tipos: + Encontros leves; ‘+ Encontros de grande porte. 210 CAPITULO 2, ELEMENTOS CONSTITUINTES DAS PONTES, PUCPR — PONTES — Prof Wilson Gorges Suporte da ponte Parede posterior Ala lateral ®) Sapata © ® Figura 20. Encontros de pontes: a) encontro de gravidade com alas laterais; b) encontro em U; ©) encontro vazado; d) encontro com alas laterais transversais, sobre esiacas. 2.5. Referéncia iografica Este material tem finalidade dinica ¢ exclusivamente didética, ¢ visa servir de apoio as aulas da disciptina de Pontes do Curso de Engenharia Civil da Pontificia Universidade Catélica do Parana, Este material nao pode, em hipétese alguma, ser utilizado como referéncia bibliogrifica, ¢ muito menos comercialmente. A seguinte bibliografia é re- comendada. + PFEIL, Walter. Pontes — Curso Basico. Editora Campus, Rio de Janeiro, 1983. * PFEIL, Walter. Pontes em Concreto Armado. Livros Técnicos e Cientificos, Rio de Janeiro, 1983, + LEONHARDT, Fritz. Consirugdes de Concreto ~ Principios Basicos da Construx do de Pontes de Concreto (Vol. 6). Editora Interciéncia, Rio de Janeiro, 1979, + BARKER, Richard M. ¢ PUCKETT, Jay A. Design of Highway Bridges. John Wi- Jey & Sons, New York, 1997. + TROITSKY, M. S. Planning and Design of Bridges. John Wiley & Sons, New York, 1994. 24 Levy, Capitulo 3 Parametros Geométricos das Pontes Deve existir uma estreita integragio entre os projetos de obras-de-arte especiais eo rojeto geométrico da rodovia. Anteriormente, as pontes 6 que condicionavam o tragado da rodovia. Isso devia-se a0 fato nao somente do alto custo relativo das obras-de-arte especiais, mas também em decorréncia das tecnologias mais limitadas de construgdo, bem como de menores exi- géncias em termos de fluxo e velocidade de tréfego. Os obstéculos, quer sejam rios ou outras vias de tréfego, eram transpostos preferencialmente em ngulos retos, em niveis baixos e com o menor comprimento possivel. Cabia entéio a rodovia, através de curvas rampas, adaptar-se & geometria das pontes, Com a evoluglo das técnicas construtivas, com as exigéncias cada vez mais rigorosas do trafego, © com a conscientizagéo da necessidade de serem projetadas e executadas obras-de-arte de bom aspecto estético ¢ integradas ao meio ambiente, 0 projeto geo- métrico da rodovia, em planta e perfil, passou a comandar a geometria das obras-de- arte especiais. Assim, atualmente, as pontes frequentemente se situam em segmentos de curvaturas horizontal e vertical, de niveis elevados, ou so ainda forgadas a vencer obsticulos com grande esconsidade, Entretanto, deve-se lembrar que o projeto geométrico da rodovia ndo tem liberdade to- ‘al, estando atrelado ao bom senso e a racionalidade, e muitas vezes torna-se indispen- sivel a participagao do projetista de estruturas durante a sua elaboragdo. Assim, devem ser evitadas pontes desnecessariamente longas, travessias de obstaculos em pontos desfavoriveis, grandes dngulos de esconsidade, e implantago em solos de fundagdes particularmente dificeis. Caracteristicas geométricas das vias de trafego As caracteristicas geomeétricas das vias de trifego so estabelecidas pelas autoridades competentes. Para o caso de pontes rodoviarias, essas caracteristicas so fungSes da classe da rodo- via, do niimero de pistas ¢ da topografia geral da regio ~ plana, ondulada ou monta- nhosa. A Tabela 1, complementada pelas Figuras 1a e Ib, apresenta os parémetros fi- sicos € geométricos das rodovias, estabelecidos pelo DNER em seus manuais de Projeto, 34 PUCPR - PONTES — Prof Wilson Gorges pe oma psp as op UIE AY = 9{ sh saan oso ope exe meses pm ‘ese apm ons epeopna jammin og a sas RG Ry eres | wvier | wer [| ot | ming ere oo or) ee ee | comp me we ee Sea a ROS WRT cr Sot | emma ox mS PamnD Am Sat | eaWrRaR CRT RoR EAT = (Casta man Ra] oi A als | a o oe y chromatid he zi See |e @ 7 io € ad weerntma] | & mos = earner : at mains eee | aaa con| Smid woot is ool smmee Deen eosininrereste [aa aa a a a a a pa a ta tat te ae Ce STR a RN rom wo son, | at, [ecezemn steceee) meee [encocereneen | § saeene essemy | wom ay pane | sims omen cemey, | cor nivel maximo das enchentes (N.M-E); + rodovia > ponto mais alto do pavimento; = ferrovia > topo dos trilhos. Ponte esconsa: é a ponte cujo cixo longitudinal no forma angulo reto com o eixo do obsticulo (Fig. 3); 0 ngulo de cruzamento ~ esconsidade a esquerda on a direi- ta — tom grande influéncia no comprimento da ponte; neste caso tem-se o vo reto (Lr) medido segundo a normal ao plano dos apoios, ¢ o vaio esconso (Le), conside- rado segundo o eixo longitudinal da ponte. A estrutura esconsa é frequentemente utilizada para minimizar eroséo em pontes fluviais, ¢ também em passagens supe- riores e inferiores de ferrovias ¢ auto-estradas. CAPITULO 3. PARAMETROS GEOMETRICOS PUCPR —PONTES - Prof. Wilson Gorges @ © Figura 3. Esconsidade de uma ponte: a) a esquerda; b) a direita. Gabaritos Sao os conjuntos de espagos livres que uma ponte deve apresentar para atender sua fi- nalidade. Segées transversais de tabuleiros — Pontes Rodoviari: As pontes rodovidrias podem ser classificadas em duas categorias: as pontes urbanas, que atendem as cidades, e as rurais, que atendem as vias interioranas. As pontes urbanas devem ser providas de pistas de rolamento com largura igual a da rua ou avenida a que serve, além de passeios para pedestres, correspondentes as calga- das da rua. Algumas vezes, as pontes urbanas devem atender a um tréfego misto rodo- vidio ¢ ferrovidrio (bondes ou trens), Em principio, as segdes transversais das pontes rodoviirias rurais serio determinadas de modo a conter os seguintes elementos faixas de rolamento; acostamentos ou faixas de seguranga; faixas de aceleragao e desaceleragio; faixas para pedestres e ciclistas; elementos de protecdo ao tréfego (barreiras, guarda-corpos, etc.); tubulagdes. As Figuras 4 © 5 mostram segdes transversais de obras-de-arte especiais para pista simples ¢ para pista dupla com duas faixas de rolamento, 35 CAPITULO 3. PARAMETROS GEOMETRICOS. PUCPR - PONTES ~ Prof. Wilson Gorges Figura 5. Seco transversal de obra-de-arte especial para pista dupla. A incorporagao dos acostamentos largura da sego transversal das pontes é de gran- de importancia pois os acostamentos destinados & parada eventual de veiculos server, sobretudo, para absorver desvios eventuais de veiculos em movimento. Este fator & es. sencial para o condicionamento psicol6gico do motorista, No caso de redugo da largura, ou eliminag%o do acostamento, produz-se um estrangulamento psicolégico na estrada, o que resulta em redugéio da capacidade de escoamento do tréfego. Um estudo da AASHO, apresentado em 1965 na publicagio Highway Capacity Manual, fornece os seguintes valores (Tabela 2) determinados cexperimentalmente: Distineia da obstrugio | Capacidade da pista de lateral ao bordo da | 7,20 m, em porcenta- Pista, em metros | gem da situago ideal 1,80 100 1,20 2 0,60 3 0,00 2 ‘Tabela 2. Efeito psicolégico da redugdo de largura em uma estrada. Quanto a drenagem do tabuleiro, as segdes transversais deveriio ser estabelecidas de forma a observar-se uma declividade minima de 2% para as pistas de rolamento, o que implica em se localizar a obra fora dos trechos de transigtio das curvas horizontais, Quando isso nao for possivel, ¢ a variagdo da declividade transversal se justificar pela necessiria concordancia das corregdes de superelevagiio, cuidados especiais deverio ser dispensados 4 drenagem de areas possivelmente horizontais, CAPITULO 3, PARAMETROS GEOMETRICOS. PUCPR— PONTES — Prof. Wilson Gorges Segdes transversais de tabuleiros — Pontes Ferrovidrias: As dimens0es bisicas dos gabaritos devem ser suficientes para acomodar a linha fér- Fea com 0 respeetivo lastro, Devem ainda ser previstos refiigios regularmente espaga- dos para a seguranga de eventuzis pedestres durante a passagem da composigdo (Fig. 6a), Ou entéo, passeios continuos quando se tem transito regular de pedestres, como ¢ © caso das regides urbanas (Fig. 6b). 378 (ainamoy 15 (Minimo? 4901 RECOM.) @) ) Figura 6. Segdes transversais de pontes ferrovisrias: a) reffigio em via singela; b) passcios continuos em via singela, Gabaritos de obras-de-arte especiais sobre/sob outras vias de trifego: Deverdo ser atendidos todos os gabaritos horizontais e verticais, tanto da via superior uanto da via inferior, fixados pelo Srgio oficial que possui jurisdigao sobre 0 cruza- mento (DNER, DER, prefeituras, RFFSA, etc.). A Tabela 3, complementada pela Fi- gura 7, fomece os gabaritos fixados pelo DNER em seu Manual de Projetos. Distéincia Classe da Rodovia ) [ea Teen Tm _| D 2.0 a s o E G H ‘Tabela 3, Gabaritos fixados pelo DNER. SSE sate kat — Sas hl Frinopsl Figura 7. Gabaritos fixados pelo DNER (complementa a Tabela 3) 37 CAPITULO 3, PARAMETROS GEOMETRICOS. PUCPR -PONTES ~ Prof, Wilson Gorges Gabaritos de obras-de-arte especiais sobre vias navegaveis: As pontes construidas sobre vias navegaveis deverdio atender as condigdes de navega- sao. A Tabela 4, complementada pela Fig. 8, fornece alguns gabaritos de navegacdio: Tipo d Nena “ Lim) | 7m) Chatas 10,0 40 ‘Embarcagies ae Torte | 400 12,0 Embarcagbes anicas | 250.0 55,0 Tabela 4. Gabaritos de navegagéo, Figura 8, Gabaritos de navegacio (complementa Tabela 4), Para a navegagio de chatas e rebocadores, pode-se prever uma altura de 3,50 m a 5,00 ‘macima do nivel maximo das dguas, e uma largura minima de duas vezes a largura da embarcagdo mais um metro. Para pontes sobre vias navegaveis de importincia, faz-se necessério contatar o Ministério da Marinha, através da Capitania dos Portos na juris- digo da obra, 0 qual estuda cada caso especifico, apresentando a limitagdio quanto as ccaracteristicas que a obra deveré atender. Gabaritos de obras-de-arte especiais sobre cursos d’dgua nfo navegaveis: As pontes construidas sobre rios devem apresentar vis livres tais que as vazdes mé- ximas, determinadas por observago ou por formulas empiricas, possam passar sob a ponte a uma velocidade que no cause instabilidade dos apoios ou erosdo do canal do rio, ou para a qual a elevago do nivel das dguas a montante nao seja grande demais. A folga minima entre o nivel de maxima enchente (N.M.E.) e a face inferior da superes- trutura serd igual a + 1,00 m> para condigdes normais de escoamento; + 0,50m > no caso de bacia de represamento, quando houver controle do nivel mé- ximo das dguas ¢ ndo existir vegetacao flutuante: * 2,00 m > no caso de rios de regime torrencial ¢ com possibilidades de transporte superficial de vegetagiio densa. CAPITULO 3. PARAMETROS GEOMETRICOS, PUCPR —PONTES — Prof. Wilson Gorges Referéncia Bibliografica Este material tem finalidade nica e exclusivamente didatica, ¢ visa servir de apoio as aulas da disciplina de Pontes, do Curso de Engenharia Civil da Pontificia Universida. de Catélica do Parand, Este material nao pode, em hipétese alguma, ser utilizado como referéncia bibliogréfica, ¢ muito menos comercialmente, A seguinte bibliografia ¢ re. comendada + PEEIL, Walter. Ponies — Curso Basico, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1983 + PREIL, Walter. Pontes em Concreto Armado. Livros Técnicos e Cientificos, Rio de Janeiro, 1983. * DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Projeto de Obras-de-arte Especiais. Divisto de Capacitagio Tecnolégica, Rio de Janciro, 1996; + BARKER, Richard M. e PUCKETT, Jay A. Design of Highway Bridges. John Wi- ley & Sons, New York, 1997, + TROITSKY, M. S. Planning and Design of Bridges. John Wiley & Sons, New York, 1994, 39

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