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capftulo 5 5.1 - ESCOAMENTO NOS ENCANAMENTOS E CONDUTOS Considera-se forcado 0 conduto no qual o escoa sob presstio diferente da atmosférica. ‘A canalizacéo funciona, sempre, totalmente cheia e o conduto é sempre fechade. Os ‘condutos livres apresentam, em qualauer ponte da superficie livre, presto igual @ - stmosférica. Nes condicdes limites, em que um conduto livre funciona totalmente cheio, na linha de Feeante; Junto a geratriz superior do tubo, a pressdo deve igualar-se & pressio atmostérica, Funcioram sempre por gravidade, We prética, as caralizasées poder, ser projetadas e executadas para funcionarem como condutos livres ou come encanamentes fercados. Os condutos livres so executados com declividades preestabelecidas, exigindo nivelamento euidadoso. Os ries e canais constituem o melhor exemplo de condutes livres Os coletores de esgotos, normalmente, também funcionam como condutos livres. Os condutes forgades inéluem: Encanamentos, canalizages sab pressio, tubulagées de pressto, eanalizagies de recalque, canalizagées de succdo, sifées canalizagies forcadas das usinas hidrelé+-rese Os condutos livres compreendem. Conaletas, calhas, aquedutes livres, golerias, ttineis-cancis, canais, cursos de dgua naturais, Devem-se distinguir tubo, tubulacdo, cana e encanamento, Tuto . Ua sé pega, geralmente cilindrica e de comprimente limitado pelo tamanho de fabricagéo. De um modo gral, «palavra tube aplica-se ao material fabricate de didmetro néo muito Pequeno. Exemplos: tubos de ferro fundido, tubos de concrevo etc. Tubulagio . Conduto constituide de tubos (varias pecas). Sinénimos: canalizacéo, encanamento. Cano . Peca geralmente ci didmetro, Exemplos: canos de ch Eneanamento . Conjunto de cavios au tubos © mesmo que tubulaci, Potovra mais empregada no caso de condutos forcades, Sinénimos: canalizacto, tubulactio. ‘As palavras conduto e canalizagio séo as que possuem significado mais lato, Foura 5.18 FET /R: Curso Téenice de ‘Sergio L Froenke} 40 5.2 - EXPERIENCIA DE REYNOLDS: MOVIMENTOS LAMINAR E TURBULENTO Osborne Reynolds (1883) pracurou observar © comportamento des liquidos em escoamento. Para isso, Reynolds empregou um dispositive semelhante ao esquema apresentad na figura 5.2, que consiste em um tubo de vidro transparente inserido em um recipiente com paredes de vidro. A ‘entrada do tubo, clargada em forma de sino, facilita a introdugdo de um corante. A vaziio pode ser regulada pela torneira existente na sua extremidade. Abrindo-se graduaimente a torneira, pode-se observar a formacio de um filamento colorido retilinea. Com esse tipo de movimento, as particulas fluidas apresentam trajetérias bem definidas que no se cruzam. E 0 regime definide como laminar. (No interior do liquide podem ser imaginadas amines ou lamelas em movimento relative.) ‘Abrinde-se mais obrurador, elevam-se a descarga e a velocidade do liquido. © filamento colorido pode chegar a difundir-se na massa liquida, em eonsegiéncia do movimento desordenado das particulas. A velocidade apresenta em qualquer instante uma ‘componente ‘transversal. Tal regime € denominado turbulento, Fgura 5.2 Teduzida gradetivamente; existe um valor de Vpara o qual o escoamento passa de turbuleme para ‘aminar, restabelecendo-se 0 filete colorido e regular. A velocidede para o qual essa transicdo ocorre denomina-se velocidade or inferior. lidimetro da canolizacdo (m), iscosidade cinen-itica (m*/s), Qualquer que seja 0 sistema de unidades empregadas, ¢ valor de Re seré 0 mesmo, Se 0 escoamento se veificar com Re superior a 4000, ¢ movimento nas condigies correntes, em tubes comerciais, sempre seré turbulento. Em condigées ideais de laboratério, jé se tem observado o regime laminar com valores de Re superiores « 40000; entretanto, nessas condicées, 0 regime € muito instével, bastando qualquer cousa perturbadora, por pequena que seja, para modificd-lo, Na prética, admite-se que tais cousas perturbadora sempre estejam presentes. Para os encanamentos, 0 escoamento em regime laminar ocorre e ¢ estdvel para valores do ndmero de Reynolds inferiores a 2000. Entre esse valor e 4000 encontra-se uma zona critica, na ‘qual néo se pode determinar com seguranca a perda de carga nas canalizacdes. Nas condigées préticas, © movimento da égua em canalizacées é sempre turbulento. 5.3 - CONCEILTO GENERALIZADO DO NUMERO DE REYNOLDS. O nimero de Reynolds é um pardmetro que leva em conta a velocidade entre o fluido que escoa € © material que o envolve; uma dimensdo linear tipica (didmetro, profundidade, etc. Jéa viscosidade cinemética do fluido, como € observado na equactio 5.1. No caso de escoamento em tubos de seco circulor (canalizagdes, encanamentos, etc.), considera-se 0 didmetro como dimensio tipica, resultando a equactio 6.1. Para se¢des ndo-circulares, pode-se tomar pe- VR v equagdo 5.2 sendo Riso raio hidréulico (ver cap. 24, vol. IT, Manual de Hidrdulica, José M. de Azevedo Netto / Guillerms Alvarez, 6° edi¢o, S80 Paulo Edgard Bliicher, 1977). ‘Tratando-se de cancis ou condutos livres, considera-se a profundidade como termo linear, assim, ‘equagiio 5.3, Neste ultimo caso, o valo critico inferior de Re é, aproximadamente, 500. 6.4. REGIME DE ESCOAMENTO NOS CASOS CORRENTES Na prética, escoamento da dgua, do ar e de outros fluidés pouco viscosos se verifica em regime turbulento, como é facil demonstrar. A velocidade média de escoamento, em canalizagdes de dgua, geralmente varia em torno de 0,90 m/s. Seja a temperatura média da dqua admitida 20°C. Para essa temperatura a viscosidade cinemdtica é v= 0,000001 m/s. Em uma canalizacdo de diémetro relativamente pequeno como, por exemplo, 50 mm, teriamos Valor bem acima de 4000, Para didmetros maiores, os valores de Re seriam bem superiores. O contrério se verifica quando se tratar de liquidos muito viscosos, como Gleos pesados, etc. 6.5. PERDAS DE CARGA: CONCEITO E NATUREZA A adogéo de um modelo perfeito para os fluidos néo introduz erro aprecidvel nos problemas de hidrostética. Ao contrério, no estudo dos fluids em movimento ndo se pode prescindir da viscosidade e seus efeitos, No escoamento de dleos, bem como na condugéo da dgua ou mesmo do ar, a viscosidade é importante fator a ser considerado. . Quando, por exemplo, um liquido escoa de (1) para (2), na canalizagdo indicada na figura 6.3, € figura 6.4, parte da energia inicial se dissipa sob a forma de calor: a soma das trés cargas'em (2) no se iquala a carga total em (1)(conforme diz o teorema de Bernoulli). A diferenca fy, que se denomina perda de carga, é de grande importancia nos problemas de engenharia e por isso tem sido objeto de muitas investigagdes, A resisténcia ao escoamento no caso do regime laminar é devida inteiramente a viscosidade. Embora essa perda de energia seja comumente designada camo perda por fricgdo ou por atrito, ndo se deve ‘Supor que’ éla seja devida a uma forma de atrito como ocorre com.os sélides.-Junto ds paredes dos tubos ndo hd movimento do fluido. A vewcidade se eléva de zero até o seu valor ‘méximo junto ao eixo do tubo. Pode-se assim imaginar uma série’ de’ camadas em movimento, com velocidades diferentes e responsdveis pela dissipagio de energias figura 6.3 OEE Quando 0 escoamento se faz em regime turbulento, a resisténcia é 0 efeito combinado das forgas devidas 4 viscosidade e a inércia. Nesse caso, a distribuig&o de velocidades na canalizagdo depende da turbuléncia, maior ou menor, e esta é influenciada pelas condigdes das paredes. Um tubo com paredes rugosas causaria maior turbuléncia. A experiéncia tem demonstrado que, enquanta no regime laminar a perda por resisténcia é uma fungiio da primeira poténcia da velocidade, no movimento turbulento ela varia, aproximadamente, com a segunda paténcia da velocidade. 6.6. CLASSIFICACGAO DAS PERDAS DE CARGA. PERDAS AO LONGO DAS CANALIZACOES E PERDAS LOCALIZADAS Na prdtica, as canalizag8es no so constituldas exclusivamente de tubos retilineos e nem compreendem tubos de mesmo didmetro. 4, também, pecas especiais, tais como curvas, registros, pecas de derivagdo, reducde ou aumento de didmetro, etc, todas elas responsdveis por novas perdas de carga. Devem ser consideradas, pois, as perdas apresentadas u seguir: ) Perda par resisténcia aa longa dos condutes. Ocasionada pelo movimento da dgua na prépria tubulagilo. Admite-se que essa perda seja uniforme em qualquer trecho de uma canalizagéo de dimensdes constantes, independentemente da posigtlo do encanamento. b) Perdas locais, localizadas ou acidentais, Provocadas pelas pecas especiais e demais singularidades de uma instalagdo. Essas perdas sido retativamente importantes no caso de canalizag8es curtas com pecas especiais; nas conalizagdes longas, o seu valor fregiientemente & desprezivel, comparado ao da perda pela resisténcia ao escoamento. 6,7, PERDAS DE CARGA AO LONGO DAS CANALIZAGOES. RESISTENCIA AO ESCOAMENTO. Pouces problemas tém merecido tanta ou tém sido tio investigados quanto © da determinagtio das perdas de carga nas canalizagées. As dificuldades que se apresentam ao estudo andlitico da questo so tantas que levaram’ os pesquisadores as investigagdes experimentais. Assim foi que, apés indmeras experiéncias conduzidas por Darcy e outros investigadores, com tubos de segao circular, concluiu-se que a resiténcia ao escoamento da dgua é: a) diretamente proporcional ao comprimento da canalizacdo: b) inversamente proporcional a uma poténcia do didmentro: c) Fungo de uma poténcia da velocidade: d) varidvel com a natureza das paredes dos tubos (rugosidade), no caso do regime turbulento; e) independente da posigdo do tubs: f) independente da presstio interna sob a qual o Iiquido escoa. Para uma tubulagdo, a perda de carga pode ser expressa como: uv" hak om equaciio 6.4 rearrajando vem, ont =kyn equaciio 6.5 Designando-se wes, isto é, a perda de carga unitéria, por metro linear de canalizacto, Ons =kv? equagtio 6.6 podendo escrever, DT = o(V) Q coeficiente k leva em conta as condig8es dos tubos, envolvendo questdes de certa complexidade. Na prdtica, essa expresstio geral de resisténcia é substituida por férmulas empiricas estabelecidas para determinadas condig8es, ou pela equacio universal. 6.8. NATUREZA DAS PAREDES DOS TUBOS: RUGOSIDADE Analisando-se a natureza ou rugosidade das paredes devem ser considerados: @) material empregado na fabricactio dos tubos; b) processo de fabricagdo dos tubos; ¢) comprimento dos tubos e niimero de juntas; d) técnica de assentamento: e) estado de conservacio das paredes dos tubos; f) existéncia de revestimentos especiais; 9) emprego de medidas protetoras durante o funcionamento. Assim, por exemplo, um tubo de vidro, evidentemente, é mais liso e oferece condigdes mais favordveis co escoamento do que um tubo de ferro fundido. Uma canalizagéo de aco rebitado opde maior resisténcia ao escoamento do que uma tubulagio de ago soldado. 090 Por outro lado, os tubos de ferro fundido, por exemplo, quando novos, oferecem resisténcia menor ao escoamento do que quando usados. Com o uso, esses tubos sto atacados, oxidam-se e na sua superficie podem surgir “tuberctilos” (fenémeno da corrostio). Essas condigdes agravam-se com o tempo, figura 6.5 c). Modernamente, tem sido empregados revestimentos internos especiais com o objetivo de eliminar

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