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oa AS OBRAS DE JUVENTUDE DE DURKHEIM [A diferenga entre Marx e Durkheim nio ¢ upenas a que existe ent duas geragics diferentes de pensadores sociais, pois entre um e outr medeia um abismo no que se refers a0 contexto institucional ¢ tradi so intelectual qus informara o respectiva pensamento. Des trés auto. res estudados nests livro foi Durkheim quem sempre se conservou mai afastado, a um nivel pessoal, dos grandes acontecimentas politicos do seu tempor as stias obras sio quase todas de cardcter académico, ¢ por tanto muito menos dispersas — e menos progangaiiistices — da que a de Marx ou Weber!. As influéncias intelectuais que mais contributras ‘ara a constituicdo da doutring tesrica de Durkheim foram também mai homogéneas e mais facilmente identificéveis do que as que molars s obra dos dois outros autores. AS influéneias que mais contribuiram pare a formagao do per mento da maturidade de Durkheim derivam todas elas de tradigdes intelectusis nitidamente francesas. As interpretaydes até certo ponto convergentes que Seint-Simon ¢ Comte apresentaram do declinio 4 feudalismo e da constituigdo da sociedade modema so as principal fontes da totalidade da sua obra. O principal tema da obra de Durkheim Coasistiu na tentativa de reconviliagao da concepeao de Comte di estidio «positivoy da sociedade com a exposi¢ao parcialmente diver gente das caracteristicas de «industrialismo» feita por Saint-Simon’. Durkheim foi ainda influenciade por outros autores franceses de geragies anteriores, sais como Montesquicu e Rousseau: cerescen- taram-se ainds a todas as iefluéncias as dos ensinumestos contempo- Este afinagso no pode no entanto ser feta se wiguma Feseva, pois tm tants sige de Durkheim inttulogo,«O Insividuskim #2 inteleceaiss. Rev bir, vol. 10, 1898, pp. 7-13, elasiona-se ieectamente com a cas) Dreyfus, se bam: que se ie te de una tomata de posigie totalmette «politica». No decuts0 da Primeire Guera Mundial, Duriieen tabslhoo em varcs dbcumertos de propaganda, ene eles Qui a oud ba ghervs?,escit ema colaboragdo em, Denis (Paris, 1915), L5tllemagne aie eros eu (Dari, 1918) (CE. Alvin W. Goldner «inroduction» a Sl pp. 13-18 los Hineos de Renouvier, e de dois professores da Ecole Normale. que Durkheim frequentow de 1879 e 1882, Boutroux e Fusiel de Coulanges’ ‘As obras de juventude de Durkheim relacionam-se, coatudo, com as ideias de um grupo de autores alemfes contemporaneos, HA deter- mizados tipos de teora social que, se bom que contemporineos de outras que vontinuam vivas ne sociologi 1g ‘identificadas as propricdades da célula através da andlise microsed pica, ea tese de que todos os organismos eram constituidos por cor bimagdes de estruturas celulares semelhantes fo! aceite como um pri cipio estobelecide. Na obra de Darwin, <5 nogdes Sho integradt S obras de Sehafle ¢ de uutsos diferem assim consideravel- mente das de varios precursores que tinham recocrido anteriormente a analogias orgdnicas, ua medida em que estes partiam da premissa de que as leis que governam 0 funcionamento e a evolugao dos orgenismos anmais fomeciam © modelo de uma cieneia nafural de sociedade. A refeenla pormencriza 9 wolas as fonts do ponssmento de Durkheim tonne: sti tis, nv apresentando qualauerintroese 40 ponte de vista gue adoote! neste obra. Poderns cetevtar com fuilicade nas alas de Durkheim innéneis de cerns ator loses ¢glemes, infuincis de Kant exereou-se sobte Durkheim par imermécio ‘4 Renouvier, como o teferiremos mus sist no texte, Durkbeiy fo ainda cnarnal- Ene m tees ue Dem cone creer B ‘Tylot ¢ Rubertson-Smith), = a " de grande impartincia. comparsvil vaun a iecrpretogto da evel s prprins apesentatam. Mare steeveu Darwin propeidectie dios © prime: volimie de O Capi (preposia que Darwin deine). 110 enitica de Durkheim ao Bau und Leben des Soctalen Korpers ce Schatfe fol a sua primeira publicagao, que nos tomece indicagces muito cluras no que se fefete @ ortentacao do pensamento do scu autor no infcio da sua carreira jntelectuat. A critica de Durkheim ao livro de Schaifile da entender que stava de acordo com os pontas prineipais da argumentagdo da obra eri- ticada, Segundo Durkheim, una das coatrbuigdes mais importantes de Schdfll parao pensamenta social consivte x0 facto de esse autor ter def tide um modelo de anilise morfol6gica muito til dos prineipais com jponcntss estrutunais de diferentes formas de sociedad. Ao fez@-1o, Sch utiliza loreamente as analogias orginiens, eomparando as varies par da sociedade aos 61 ‘dos do corpo, Esse provesso &, segun Durkheim, perfeitamente vatido, pois Schafle nao protende deduzir dies famente as propriedades da organizacdo social das de vida organica, Pel contrario, Schiffle insiste en que o recurso 2 conctitos biol6gicos mi ‘gassa de uma «metéfora> que contribu para facilitar a andlise socialegic De resto, como observa Durkheim, concordando, Schaffle insiste em ‘que ha um discrepincia radical ¢ profundamente significative entre a ‘ida do organismo e a da sociedade. Enguento a vica do organismo ani- ‘mal € governada por leis «mecdnicayy, a sociedade deve a sua coesto cao a uma relago material, mas antes 4as lagos das ideiasn’. O con- ceita de «soriedad: como idea)», acentus Durkheim, ¢ um dos euncei- tos basicos do persamento ce Sehatile, eoordenando-se perfeitamente com a insisténcia deste em que @ sociedade se caracteriza por prupric dades especificas separaveis das dos scus membros incividusis. Par SchiMe, «A socicdade nfo & apenas um agregudo de individvos, mal anes um ser cuja existéncia & anterior & daqueles que a compdem ho} © que Thes subreviveri; que os influencia mais de que cles a influencia € que tem vida e consciéncia prépria, os sous préprios interesses ¢ de Durkin: erica u Albert Scale: Mau aad Leben des Socalon Karpers (segunds signe; (a erteatefoo-se apenas a0 voluste Ida obra de SckatTe). RP, va. 19, 1885 Jp. 4-101. Chea meu argo: «Dujeheim asa review ctitien, Soeiatagical Review, rol 1B, 1970, pp, 171-196, argo em que me inspisi para esta pate éo cept. Cates a Satie, p85. As capoes sto de Dark ds Durkiacim sobre g tsdace dae anelogian ‘nina ators ste ede pp 179180. "Cuiion a Soha, p84 To que $6 (SIE BS ides ni ‘viduo isolado» em estado de natareza seria mais livre ¢ mais feliz do que quando vinculado & sociedade, Pelo contrérin, tudo aguilo que leva a vida Jhumana acima do nivel da existéncia dos animais deriva da acumulac30 social de riquezas culturas e tecnolégicas. Tirando isso a0 hiomem, «tira-se- -hhe simultaneamente tudo o que nos toma verdadeiramente humanos»* Os ideais © os sentimentos que constituem a heranga cultural dos menibros de uma sociedade sto «impessosisy, isto €, desenvolvem-se socialmente, ¢ nio sao o truro nem a propricdade de individuos expect ficos. Demonstra-no-to 0 exemplo da finguagem: «cada um de nds fala sgem que no criouy*. SchelMe demonstra, segundo Durktel que 2 facto de se considerar que @ conscléneta colecitva & doxada g propriedades que se nfo identificam com as da couscigncia individu nko tem quaisquer implicages metalisicas!”, A consciéncta colecth S apenas sam composio, cujos clementas sfo as mentes individuais» Num trabalho bastantz longo, publicado em 1887, na qual analise a «ciéneia moral positivistey ns Mlemanbs, Durtheim repete algumes estas alirmagdes!” Esse artigo propde-se, porém, como cbjectivo fu damental examinar as contribuigaes dos principas autores alma para a eriagao de uma citneia da vide moral." Em Frenga, diz-n Durkheim, $6 se conhecem duas formas latas de teoria ética — por u lado 0 idealismo kantiano, por outro o utilitarismo. As obras ma recentes dos pensadores soviais alemics propdem-se porém tratar tica de forma cientificn — 0 que fora ju feito anteriormente por Comte, que anunciou algumas das ideias expressas agora por esses pensado- res, Esses autores S30 na sua muieria econamistes ou juristas, os mais CCritewa Soham p. 87 “Tait Bhi. pp $9 eens uo idealism. Dutkim cle a Led 1885, p. 27 p92, Durk seusa no entanto Solile de ecir pur vezes i Ghmmplowicz: Grandrise der Sasininge. RP, Wl. 20 5-284 Ci turer Les Allorsgnen. RP. vel. 24, 1887, pn. 33-56 ene seca, RP nl. 22, 18N, pp. 61-80 smo ala meraisy, 9 qual & ambiguo em 2» ou aslesy (ie. 0 eslulo da morligade) ‘um sentido ou routro eqneaaute @ cententi em que fei itad> far whioralida por Durkheim, 2 eS importantes dos quais so Wagner ¢ Schmoller*, A obra desies dois ‘autores, diz-nos Durkheim, difere consideravelmente da dos econo- aistas orlodoxes. A teoria econémica ortodoxe ¢ baseada no utilita rismo individuelista ¢ abstrai da perspectiva historica: «Ou seja, as ‘principais leis da economia seriam exactamente as mesmas ainda que ‘po tivessem existido no murdo nagdes ou Estados; implicam apenas 4 cxistincia de individuos que trocam os seus produtos.»!* Porén Wagner ¢ Schmoller afastam-se substancialmente deste porto de vista, Para eles (tal como para SchafMe), a sociedade € uma unidade coi caracteristicas especificas, que nfo podem ser deduzidas das dos se Inembros individuais. E falso partir do princfpio de que «um todo al soma das suas partes: na medida em que essas partes est Grganizadas de forme bem definida, essa organizagao das relaghet te proptiedades préprias™. Bste principio apliea-se igualmente ais reg ‘momais que orientam a vida dos homens em sociedade: a moral én propriedade colectivs, ¢ tem de ser estudada como tal. Na teoria d economia politica ortodoxa, palo contrarig, ¢o interesse colectivo n passa de uma forma de interesse pessoal», ¢ «o altruismo é meramen um egofsmo disfarcadon”. Schmoller demonstrou, diz-nos Durkheim, cue os fenémenos eco- ‘némicos no padem ser estudados pelo método da teoria econémica classica, como se fossem independentes das normas ¢ crergas moreis que regem a vida dos individuos em soviedade, Nao hi nenkuma soci dade (nem pode haver nenhuma sociedade) 1a qual as Telagdes econd- jam subordinadas as regras consuetudinirias ¢ Iczais. Ou cae ua dos pontos em gus pede eboloorcnime soba de Dusk s de se Weber uma cone dtsta.AdbF Wagner e Gusty Seino contami ere 08 fundadoces a Foren fr Sostlpolu da quel Weber Rusia de vex um Gas memes mais ‘usces, Mas Weber neca ecco aspects das ideias ds Wagner «Schaller quem essen # Dike —e lentaia Gcfagie ésums ics vtec, Weer scr tan ‘eau da plca de iterreneo ett na econonin, defends partcuermante por’ Te Science naive de Ta meralon. pate.» 37. " Durkcim exave i mulagado com ct pricipo, ara ce Renowie, o frequenteneste ns ata obras, Como observa me cftica publicads muito ts te, sfomos buscar a Renuuvier © axons de que un todo nfo € igual & some das sus poe tea» (estos a Simon Deploige: Le conf de lo morale et de ls secoiogie. 48, vo. 12 1909-1912. 326) A.obra de Deploge conlitl viento utaaue i escola de Feito do umporio de vista torts. “oi tadusida pum inglés com otitlo de Ti Between Eties and Socicigs (St. Lous, 938% vie, de modo gervcue, Agus das pcipn cxleas pula por Durtsin em ‘ule de Journal Setolopigne (Pais, 1969) ‘lgSeience positive dela morslen, pare p. 38, n3 } | i =——SS—S=«SsS es GOPTPABRTON im eontesta Sol POEM TAOS Se nao existissem & normas socisis que permitem contraircontratos, einaria no mundo Geonomico «am cans mcoerentey. As regras que eontrolama vida eco- Phics nio podem sor explicadss cm tempos puramente econGinivls «20 € possivel compreender as regras de moral que regem a orunrie~ Gite, os vonttaios, o trabalho, ete, e280 se nao connegam a causis Gondmicas que Ihe estéo subjacentes; por outro lado, @ nossa concege Ko do desenvolvimento econémico seria inteiramente false, NO tamissemos em eont as causes morais que o influensiaramn >” in importante entrbuigdo dow pensadoresaiemies pera o prosresso th Sociologia consiste em terem deronctredo que us regmns e as uegaes rorsis podem ser vientficamente estudadas, na sin qualidade de pro Triedades da onginizacia social. Durkheim define neste pono um preeiza ue havia de vir a ser um dos principios orientadores de toda 9 sua obra, Até A datz, os fildsofos tam partido do principio de que a moral assenta num sistema dedutivo de principios abstractas. A obra dos auto- tes alemfes demonstra-nos, porém, que ¢ profundamente errado pro- veder dessa maneira, como se a vida social humana pudesse ser redu- vida a meia divzia de normas formuladas intelectualmeatc. Temos antes de partir da realidade, do estudo das formas concretas das segras marais tz] como as encontramos nas sociedades concretas. Qurkheim Gita ums vez Schall no que e este ponto se rolere: fol Schifle que demons- trou que. as regras morais so modeladas pela sociedade. sob a press? das avcessidatles Goleotivas’ Nao se poce pois partir do principio ce aque essas euras, per operarem de faco empiricamterte, podem ser red Zides alguns princpiow a prior, dos qual lols as cranes 5 espesificas consituiram mea cxcrssaq, Osi fuelon motais sibaa kee) lidace «de uma prodigiosa complexidaden: 0 esludo empire das dife- Fentes sciedades mosta-nes gus hé «qu numero cada ver miior de Gres costumes edisposiqBeslegaiab©S Esau diversidade aio enclid A possibiitace de ums andlise, mas £8 08 socidlogos poderto levé-lk Bicabo, classificando ¢ incomreiando esses clementos divergentes atria ‘vés das observacio e da descricio. ° Durkheim dedica grande parte do sou artigo sobre os pencaisras ale mies & anzilise da Ethit de Wundt, obra gue considera camo um dos tnais significativos frutos do ponto de vista atris referido. | m1 ia Principals contriouigdes de Wundt consiste, segundo Durkheim assi- * aStience pasive dea moraien pane, p 4, S thid. p41 * «Science positive de f mazalen, pane 3, » 114 als, em ‘er Chamado a atengio para o significado basico das institui- és religiosas na sociedade. Wundt demonstrou que se manifesiaram sins relies primiivas duasespetis de fenémenos interreacionados: ‘por um fedo, uma série de cespeculaghes metafisicas relativas & nalu- qeza e & ordem das coisas», ¢, por outro, regtas de conduta e disciplina ‘moral? Além de fomecer desis de conduta, a religiaa € ainds uma prea de coetao social Dursherm accita esse postulado de ordem gerat se bem que os idecis possam variar de soviedade para sociedade, «nod ‘mos ter a certeza de que nao ha nem houve nunen homens complet inente desprovidos de ideais, por muito humilde que estes fosser: pois 0s ideais comespondsu juan necessidade profundamente coreizeda na, hnossa atirery", A eeligife consttui nas sociedades primitivas pode {tosa fonte de altruismo: as ezengas ¢ as priticas roligiosas tém 0 eftito! de «reprimir 0 egoismo, de incliaar os homens para ¢ socrificio @ para Sc cide ee Sones sine sar-se por ontras coisas aléen de si mesmo, e tomum-no dependente dae poderes superiores que simbolizam o idea)». @)imdividualisme © Hm) rocuto da evolcto social, S220 m See aati maleate Eas pine St eNOS ATT, ‘mas antes pelo contréio, a primeira sb lentaments emerge da segunday™, U Grlticas que Durkheim dinge a Wundt® que esic tltino autor nfio parece compreender plenamente 0 caricter dual do efeito Gegiledor das roorasrelisiosas e Morais Todass cccdes moru's podem ser considerudas sob dois pentos de vista. diz Durkheim: um deles ¢ 0 da atracgdo positiva exercida por um ideal ou um conjanto de idesis. Mas as regras morais apresentam também caracteristicas de ot dade ou coastrangimento, uma vez que a prossecucdo de abjectivos tmorais nem sempre se busciz na valéncla positive dos ideais. Ambos esses aspectos das regras morais sto essentials 2 sus 2p (Os objectives que Durkheim se propuaha em Divisio do Trabalho [As ctiticas de juventude de Duskhsim & obra de pensadores soeiis falemaes indicem-nos gue algumas das ideias que defenden em obras * sSelauce postive ce lx meralen, purte2,pp. 116-117. & aniline esien de Webor 1 Wand ft crc 3 isoienes pestive de Is morale, p. 117, Bid p. 120, ‘hd p, 129. Para cutee Fonte de lformaya ao que se refers Avapinides de jure tude de Durkheim soerce ds rligito, ride a eat cxiten 4 Lirrilipion de Vavenir de Goyau, RF, wl. 23, 1887, pp 299-311 us ] posteriores datam do inicio da sua carreirs intelectual”, Nao & Pic determinar até que ponto Durkheim teri sido directamente influenciai pele obra desses pensadores, e até que ponto essa influéncia se ter limitago @ reforgar conclusies derivadas de owtras fontes. Esta tltimy hipotese ¢ a mais provavel. Quando foi criticado, muito mais tard como tendo «importado as suss ideias de Alemanba». Durkheim repu iow essa acusegt0, afimmando que a influencie de Comte fora mult mais marcante ¢ que se baseaTa 20 pensamento de Comte para prac er & crition das conttibuigdes dos autores alemes em causa”. As ci teas redigidas por Durkheim ao inicio da sua carrcita intelectual pro® vam-nos que ja nessa altura se encontrava consciente de aoydes que s considerou terem side expressas muito mais tarde". Essas ideiss su sm-nos definidas de forma ridimentar, é certo, ou ter80 de ser in idas da exposicio que Durkheim fuz das ideias de outros autor Encontramos, porém, nessas primciras obras um esboro dos conceit que passo a referit: a importincia dos «ideaisn e da unidade moral po: 4 continuidage da sovicdade™: o significado do ind'viduo como agen activo ¢ simultineamente como recipiente pussivo das influéncia sociais"", a natureza dual da ligaedo do individuo @ sociedade, a Temase necescivio insti nose ponte, pois # suioia os somentedor sérios 2m to incidira sua anise sobre evelucdo a {evia sofrdo no decurs da ata carreia intelectual, evolsto cur sere testenuntada pos ie mals porters ene twas ss Gast tipo & x de Telott anon The «af Sova! Aetion (Gleneoe, 1949), np. 301-408. Para yaa versio Simplificade 8. mesa interpretauio, vide Jean Duvignind: Durthe, se vie, sa oew 1955), pp 39-50, Nisbet detende a mes posi, em Rover A. Niste,Z (Englewood Clils, 1965, particalamieate na p. 37. Essa nterneag inisisar © mportincis de Divisao do Tratatin tlatvaiiente 4s abrts stores Durkheim, sotesenton mereadety fqee m realidude 0 fi. CE mew watalho «Duetheim 26 9 teview envien, p. 186-191 2 Critica 2 Deploigs, p. 326, Temos do ter em conte facin de 0s comertiring é& vos em vispeas da Princita Guara Mundiel Pia uma soc anterior do orrespondéneia erien euve Durthein e Depoige, vide Revue nézseotae digue, vl. 14, 1807. pp. 612-621 * Vie do modo paricular Parsons, 9. 303-307; ¢ umhém Alessandra Piz2aen ‘cLectre actuelle ds Dutlieim», Archives earapéennesde meivlyie, vol 4, 1963, pp 3 * Crifcando a obra de Toanies, Gomeimachaft und Gesellchajy, Dusthelm etn, gue Tomas mai der 0 penssmesta se Du hom ferenciado de neem soca (Sea preserve a umdade © enidade hem por isso deixa de ser ua soe RP. vol 27, p 421 olaamente ma critca de Darko Grutdhics der Socal tamplowiez (RP, vol 20, 1885. pp. 627-534), na quel Durkicie afrma, ettiomds 116 inlice a obrigaedo ¢ o empeuhamente positivo mos idesis: a concea- de que uma organizacdo de unidades (isto €, de individuos como jdades de sociedade organizadas) tem propriedades que no podem x directamente ceduzidas das caracteristicas das unidades compo- das outras; as bases da fensamesto dorvada do Comte reprsenada por afore como Schatl foc aceuta a importincia de um consenso moral oremente Jefiide ra perpetunyin da orden Social” Durkheim seeka esse coneeio Tras apenas pars awl ds sociedndestiionas ‘Cimplica, segundo Durkherm, « andlise ce Tonnies em Gemeinschaft und Gesellschaf?) que o eftito integrador da divisio especial:zada do ‘trabalho possa ser interpretedo como o interpreta o utilitarismo, ou seja, como nm resultado de contratos individueis multiplos. ecbisivanon de Gloire sons go mame temp eines eos fein, senda una Ue noe conn pura forma de ma consmessbel ue 105 asa todos (9 632) °" Ceo arigo de Dutkhem sire w sulle, 0 qual fim que: ae eau ssc os iat, noo una ogo dock ariel sre npr cs cents do hunmdateeo poarewo da si elds. Se = sastgo és necevidales theo ete de esimlar sarciment de neces sda snes esjoce a ss sas poe meso servers. «Si ue de tals re wea wae nem aceoeats areas wd een esx gu i ic2O "CE Goulet. pp. 252 7 basicas ¢ consensuais relativas 4 dignidade ¢ ao valor do individuo fumano, tais como foram formuladas pelos philosophes do século xvm, # que estdio na base da Revolugio Francesa — pode contrabalangar a individualizagto produzida pela expansio dz divisio do trabalho, cons- vituindo o principal suparte moral cm qu esta se baseia', O ponto de vista adoptado por Durkheim no tratamento dos pontos ue se propéc abordar em 4 Divisdo do Trabalho é idéntice Aquele que fende na sua critica aos pensadores sociais alemies. «iste livro, afime. Durkheim Togo no thi nada uma tentativa para al las cigacias positivanyy® Toma-se nevess qo bem clera entre esse método ¢ o da filosofia ética: os moralistas parem sempre de un qualquer postulade a prior’ relative as caracte= Fiotieas essoncinis da natureza humana, o1 de proposiviies extraigas da psicologia, construindo depois a partir dessas promissas e por dedugto ics ms cscuiema. tice (OuHeReim BropBe-scy porém, info enitair & ‘ica da ciéncia, mas antes eriar uma cigacia da moral, o que & muito diferentes? As regras morais surgem no sein da soviedade, ligand: integralmente is condicdes de vida social vigentes em determinado tempo ¢ local. A ciéncia dos fenomenos morais propde-se pois aneli- saro modo como a evolugio das formas sociais se repercute no caric~ ter das normas motais ¢ «observar descrever es classificam, cols. ipal problema subjacente is preocupagies de Durkheim em '0 Trabalio ¢ o da ambiguidade moral aparente da relagdo enire individuo € socicdade no mundo contempordneo. Por urt tudo. & GVolucao da forma maderna de soviedude esti ligada & expansio do individvalismo». Este fenomeno relaciona-se com 0 ineremento da ivisa0 do tabalh, que dt origem a uma especielizacdo dus fungdes Poissionais, contsibuingo postanto para possibiltae o desenvolvimento dos tslentos, capacidude e atitudes espectfiens que catueterizam grupos Guiintos a0 interior da sociedade. © teil demionstrar, diz. Dutkeeim, be existeri na nossa época fortes correntes de idcias morals segundo cuais a perwonslideds individual deverd realzer-se de acosdy com cualidades expecificas de euda individio, pelo que a edaceeao nko Gev> ser uniforme'*, Por outr kudo, manifestem-se simultancamente |eras comentes morsis contraditérins, que entoam louvores ao cindi- DST, "DST. vide J. A. Barnes: «Durkin's Division of Labour in Societys, Man (Neve Serie) Sol 1966, pp 158 © segs as ‘ost, ‘Durklsim cis Secrétant> 4) aute-apereiyaumemte consists ein aprender sslhor ‘© nasso papel, em tormaro-ros capazes de desempenar as nossa fungics.» DST, us hivo universalmente desenvolvido», «De uma maneira geral QB fo que ordena que nos especializemos parece ser constantemente con- io pelo preceito que nos manda adoptar todos o mesmo ideal.»"? Segundo Durkheim, s6 nos € possivel compreender as fontes esses, fdéois morais aparentemente contraditérios, através de uma anilise his fotice c sociolbsica das causas e dos efeitos éa expansto da divisto do fmabalha. A divisio do trabalho, observe Durkheim, nfo é um fenémeno € praticada tambéra nas sociedades mais tradicional, assi- ido, porem, uma forma rudimentar, ¢ confinando-se geralmenre a uma fio sexual 0 clevado yreu de especializarao na divisig do wavaloo Bi iiia particularmente da producao indusisiel moderna, im Kano 0 farem muitos cconomistes, QUSalaneBiieaaada diviseo do jew da esfera «ecanémicar, ou que Sacaap cespecializagio Ie esemplo da cigncia: artignmente havia ume tinice disciplina, a \ilo- Rolie», que se dedicava 20 escudo de tofa a realidade natural ¢ social, ¢ (Bde hole se enconira dividida em inimerss disciplines independentes Esse incremento da diferenciagao social que é caracteristico de pro- 850 de evalucdio das sociedades tracicionais nara as formas socisis Godcrnas pede se? coMpalido a certos principios brotosicos. Of pH- Hivos organismos que nos epacecem na estale evolutiva sio de estrutura Ginples; a esses orgenismes simples seguem-se outros mais compl ‘os. caracterizatios por um seu mais clevado de especiclizacfo funci- ona) inierna: aquanto mais especializadas sto as funcdes do organismo, slevada € a sua posicao na escala cyolutiva”. Trata-se de uma mmparacio entre a anailise ue Durkheim fez do desenvolvimento da ‘sN0 do tabalio e suas relagbes com a ordem moral. Case pre.ei= KGjmos analisar a signifieagto da diferenciagao na divisto do watallio, ‘Benos de comparar e contiastar os principies sexundo os qusis estio Dlesnizadas as sociecades menos evoluidas, com aqueles que reger a Glgsnizugdo das sociedades vevangedas. (© que implica uma tentariva ée medigio das mudangas que se \erificam nu natureza da solidariedade social!. Uma vez que a soli- Gariedade scial no &, segundo Durkheim, ditectamente mensvravel > per ° ast, 1 Vids | E,S. Hayward: aSolearet emdealiem Du Poview, val. 8.1969, partes 102, pp. 17302 185-202 rind Dats Settee ne a © que se verifica também em todos os outros fendmenos morsis — caso pretendamos registar a forma incorstante da solidariedade moral «temos de substitairao facto interno, que nos eseapa, um indice externa Liair exterieur| que o simbolize»“. Encontrams esse indice aps cédi- ‘gos Tegs.s, Serapre que has uma forms estavel de vida social, as resras ‘ovals serao eventualmente codificadas sod a forma de leis. S: hem Gee possum suryir confitos ocesionais entre as modalidades consuctadin’- Bids de comportamento ¢ o diteita, o facto & excepeional, e $5 se verifica indo 0 dircito «dcinu de corresponder av estado actual da sociedade, Basa pela Face do A Scie GualGiia talon Datanialn {Um proveito legal pode ser definide como uma regra de conduia que € sancionads; ¢ as sangies divider. se em dois tipos principais. As san- Ses «reprensivase sto caracterfstieas da Iai penal, consistind na impo- sigio de qualquer tipo de softimento ao individuo que transgride a lei Como castigo Ga sts Iranspressia, Fsscs sanetcs incluem a privagto da liberdade, a imposicio de castigos ‘Tsicos. parda da bona. aioli sanges erepardoras, por outro lado, implicam a restaursgaa ou zs. tabelesimento das relugdes tais qusis estas se processavam antes de a Riser Vibladay Se um homem exigir 2 outro a compensacio de danos que este The causcu, 0 objective do proceso legal consiste em recom- pensar 0 queixoso, caso a sus queixa sela aceite, por qualquer perda que este tenha softide individualmente. O indiyiduo que perde um c deste tipo nio fice desonrado & face da Sociedade. Sio deste aéncro a miaigria. dos pancessas. de iito, civil comercial: uusconstiiucionaly A lei repressive aplica-se 2 todo o tipo de transgressio consiierada | como um «crimes. Um crime é um acto que viola sentimentos «uni- versalmente aprovados» pelos membros de una sociedade. A hase oval étfsa do diretio penal ¢ evilenciads pelo caricicr gencralizaco 4g ssn. A Iai reparadora deine com precisila ambos os sspectos da obrigayio Tegal tanto a obrigacao como a pens aplicada em caso de HANEETESAON}-O cireito penal, pelo contririo, cstabelece apenas as See ses, omitindo qualquer referéneia as obrigegdes n que cssas sangie correspondem. Nao ordena que haja respeito pela vida de oatrem, sf ate 0 assassino, No comacs por dizer, como 9 este o dever: mas pelo contrario ¢ este o castign st A mzfo pele qual a lei repressiva nao tem de especificar a nutureza sda obrigacdo moral, diz. Durkheim, é evidente: & porque todos « conhe- eeme aceltam, © direito civil © pst, ® ast. * DST 10 Alpfedomindncia do direito penal no interior do sistema juridica ama dada sociedade pressupde assim, necessariamente, a exis- cia de uma conseiéncia cofectiva bem definide, de crengas e sen- entos partilhados por todos os membros da sociedade. A ousicio Bates de mais naca uma reacgdo emoliva a una iransgressio. Demorstra-no-lo » facto de nem sempre se eonfinar aos culpados: iividuos completamente inocentes, mas intimamente relacionados Neon 0 culpado — tel como os seus pe famnbem por veres, porque esto «manckados» pela associeg’o com G_culprdo. © castigo tende ée modo mutio particular # revestirse sce carictercogo e reflexo nas snciedadcs primitives: mas © io que esid na base do direito penal € 0 mesmo Em todos os tipos iedade, mesino nas mals desenvolvides. Nas soctedaces con Tnporincas, o argumeato a que se recorre frequentemente pare jus- Bar manutecgho das wngdes ccprosdivas € quela perspertiva do Kedstigo poders evitar o crime. Mas se assim fosse realmente, ¢iz DDhrkheim, « lei castigaria os criminoros, nfo de acordo com # gra. lade do crime em 25 segundo a forca da morivagdo do Eeminoso quando eometen o crime. «Os ladeBes t8m tanta inclina- Glo para roubar como os essassinos para matar...3 mas 0 assassinia G)no catanto, sujeito a sangbes mais severas do que o rouboo» O cas- igo maniém assim o scu cardcter cxpiatirio (no que se refere 20 Feutor do acto criminoso), continuando, por Outro lado, a ser um acto Ue vinganca (por parte da sociedede). sive «passa a ser constituida por modaltdedes de pensamenio e de sen- timento muito gersis e indeterminadas, que nermitem a afirmacao das ifvrengas individuals) As sociecades modemas nem por isso caem BE esoréem, como o pretendem agueles que parem da principio de aie S6,hi coesto social qusnilo existe us conseuso-smuraj-besiedeti. nido. Nas soviedades contemporincas esss forma de coesao (a solida- riedade mecinica) ¢ progressivamente suplantada por um nove tivo de (aoestio Soetal (= solidariedade prefnica)) 0 fimcionamsnto da solidarie~ ale orginica no pate porém ser intezprotado 4 mancira dp teoria uii- liters; @ soviedade contempordnes, continua a ser uma order moral. A consciéncia colectiva das sociedades mosiemas «meforgou-se © diliniu so) mesmo no que se refere a um aspecto especifica, que é 0 do-«culto do indivicuoy® O progresso do. «culto do individuo» sé se tornou pos sivel devido & secularizayaa da maioria dos sectores da vide social Difere das formas tradicionais da consciéncia calectiva na medida em ut esta consiste em crencas e sentimentos comuns, e aquele se centra HO valor coma Giouidatl co. indivicdo tials dlasciissddecolsctividade, © Keutto do ingividum» ¢ 0 equivatente moral do progresso da divisio do trabalho; porém, difere consideravelmente, no contelide das formas tadicionais de comunidade moral, e nio pode constituir a base tinica fem que assenta a sotidariedade das sociedades contemporireas

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