Uma Anilise do
Capitulo de Abertura
da Confissao de Fé
de Westminster
Derek Thomas
EDITORA
OS PURITANOS
1998E proibida a reprodugao total ou parcial desta
publicacao, sem autoriza¢do por escrito dos editores,
exceto citagdes em resenhas.
Traduzido do original em inglés: The opening chapter
of the Westminster Confession of Faith. By Derek
Thomas (EPC - June/July - 1993 - Belfast)
Traducao:
Marcos Vasconcelos
Revisao:
Emir Bermeguy Filho
1". Edigao:
2.000 exemplares
Junho de 1998
Capa:
Elaine Bertoni Clemente
Editora Os Puritanos
Fone: (011) 6957-3148
Impressao:
Facioli Grafica e Editora Ltda.
Telefax: (011) 6957-5111Drefacio
A Assembléia de Westminster foi a mais notavel
assembléia protestante de todos os tempos. Na Aba-
dia de Westminster os grandes tedlogos puritanos
se reuniram durante cinco anos, seis meses e vinte
dois dias, com 1163 sessdes (1643-1649) para redigir
um dos documentos mais importantes da histéria
da Igreja: A Confisséo de Fé de Westminster, além
de dois Catecismos, um Diretério de Culto e um
Saltério.
Cada delegado participante desta assembléia
teve de fazer um voto:
“Solenemente prometo e fago voto diante de
Deus Todo-Poderoso, que nesta Assembléia de que
sou membro, nada sustentarei em matéria de dou-
trina sendo o que creio ser mais de acordo com a
Palavra de Deus..., senéio 0 que possa contribuir
para a gloria de Deus e para a paz eo bem de Sua
Igreja”.
Mas temos percebido ao longo do tempo que
existe um descrédito e falta de zelo por parte da
liderancga reformada do nosso pais em relacao a
importancia, validade e cumprimento da Confissao
de Fé de Westminster. Verdades confessionais sdo
freqiientemente omitidas para que se ordenem pas-
tores para congregacGes ditas reformadas.Temos conhecimento de igrejas “reformadas” que
elegeram oficiais que nao aceitam a doutrina da
predestinacao, da expiacao limitada, da deprava-
¢ao total do homem, da suficiéncia das Escrituras,
apenas por necessitarem de elementos para compor
o numero de presbiteros. O mesmo se aplica para
pastores. Sabemos de igrejas que ordenaram pasto-
res claramente arminianos para assumirem 0
pastorado de igrejas presbiterianas. O que eles vao
ensinar ao rebanho? O que a igreja aprenderé com
estes pastores? Se eles nado s4o reformados,
calvinistas, 0 que iréo ensinar? Nao ha doutrina
neutra. A resposta esta com Spurgeon e George
Whitefield que diziam: “o homem natural j4 nasce
arminiano”. Por que eles fizeram esta afirmag4o?
Porque a doutrina arminiana, centrada no homem,
na sua capacidade, no seu livre-arbitrio, é prépria
do homem natural. Isso é 0 que eles irao ensinar.
Infelizmente estA caracterizada o pragmatismo
jesuita na igreja brasileira, a falta de zelo pelas ver-
dades biblicas e o amor pelo rebanho: Os “fins” é
que séo importantes sem se olhar para os “meios”.
Estive conversando com determinado ministro
sobre o fato de que alguns pastores que se dizem
reformados, afirmarem categoricamente com um
“sim piiblico, no dia da sua ordenacdo, ao serem
confrontados com a pergunta constitucional:
“Recebeis e adotais sinceramente a Confis-
sio de Fé e os Catecismos desta Igreja
(Westminster), como flel exposigao do sistema
de doutrina, ensinado nas Escrituras?”.
Eles respondem: “ Recebo, sim, senhor"! E quan-
do dizem “SIM”, estéo apoiando afirmagdes como
estas.“Isto torna a Escritura Sagrada indispensdvel,
tendo cessado aqueles antigos modos de
Deus revelara sua vontade ao seu povo" ...Todo
conselho de Deus concernente a todas as coisas ne-
cessirias para a gloria dele e para a salvagao, fé e
vida do homem, ou é expressamente declarado na
Escritura ou pode ser légica e claramente deduzi-
“ dela. A Escritura nada se acrescentar4 em
mpo algum nem por novas revelagdes do
Eeutito, nem por tradigé6es dos homens”
(Confissio de Fé de Westminster cap. I. —
Paragrafos I.VI).
Mas, na pratica, por raz6es pragmaticas, negam
o que “sinceramente” e positivamente responderam.
Reconhego que muitos pastores nao se enqua-
dram neste raciocinio. Quero ser honesto com es-
tes. Quando sao ordenados dizendo “sim a Con-
fissao de Fé de Westminster e Catecismos o fazem
sem atentar para as implicagdes da sua afirmacao.
Outros acham que a existéncia de uma Confissao
de Fé é irrelevante e assim fazem afirmacées
insinceras e contraditérias como o “sim” ‘que pro-
nunciaram na ocasiao da ordenacao. Esta é uma ati-
tude condenavel. Para ser mais preciso ainda, afir-
mo que muitos disseram “sim” por nao terem estu-
dado com afinco a Confissao de Fé no periodo que
passaram no Seminario. £ verdade que alguns, de-
pois do ato de ordenagao, mudam de pensamento e
conviccées. Dizem: “Se soubesse que era assim, nado
teria dito o “SIM” na ocasiao da minha ordenagao!”.
Isso é possivel, mas nao menos estranho pois a situ-
acao continuara sempre contraditoria, visto que es-
tes pastores labutam em uma igreja confessional e
sem concordarem com a Confissao de Fé que a igre-
ja considera ser baseada na propria Palavra e umafiel exposicao escrituristica. E como se estivessem
sendo infiéis para com a igreja todos os dias. Al-
guns mais arrojados e pretensiosos (mas coerentes
por discordarem da mesma) defendem mudangas
na Confissao de Fé de Westminster e nos Catecis-
mos. Diante disso, as perguntas obrigatorias séo: O
que mudar? Quem ir4 mudar? Como mudar sem
ferir as Escrituras? Como mudar certas afirmacdes
sem ter de mudar outros pontos que a elas estéo
entrelagados? Isto me faz lembrar um pensamento
puritano que dizia: “E facil dizer uma mentira; difi-
cil é dizer s6 uma mentira”. Diria eu: “E facil mu-
dar uma afirmacaéo da Confisséo de Fé de
Westminster (seria?), dificil é fazer s6 uma mudan-
ca”.
Quero fazer um destaque aqui que considero
muito importante. A Confisséo de Fé nao é um
dogma que deve ser obedecido como uma bula Pa-
pal, uma afirmagio ex-catedra, considerada infali-
vel. Nao! Ela é falivel e nao canénica, mas é uma fiel
exposicao das Escrituras, uma “grande explicacdo da
Biblia”. Pessoalmente creio que este é um tempo em
que a Confissao de Fé de Westminster é de extrema
necessidade para as igrejas reformadas do Brasil.
Por que?
1) Ha uma necessidade de Unidade doutrindria
baseada na Verdade.
2) Para termos uma forte defesa contra outros
pressupostos baseados em tradic6es religiosas hu-
manas.
3) Para termos armas para defesa contra inimi-
gos teoldgicos.
4) Por vivemos uma época de indefinigao dou-
trindria na Igreja Brasileira.5) Por termos lideres que estao trilhando o cami-
nho pragmatico do experencialismo. Para eles, as
experiéncias é que ditam as doutrinas e nao o inver-
so. A experiéncia 6 que tem sido “a regra de fé e
pratica”. Se nds féssemos considerar como verda-
deiros certos ensinos, apenas porque as pessoas tém
experiéncias “extraordindrias”, estariamos destru-
indo as Escrituras, visto que muitos tém experién-
cias as mais bizarras e antibiblicas. E bom lembrar
que muito do que se ver relatado na Biblia de extra-
ordindrio nao era de Deus e até condenado pelo pr6-
prio Senhor Jesus. Devemos ficar com a Biblia ou a
experiéncia dos homens? E muito comum ouvirmos
esta pergunta: “O que vocé diz de ‘fulano’ que é tao
piedoso e teve tal experiéncia”? A resposta é: A ver-
dade vird como resultado de se ser muito piedoso
ou pela Palavra de Deus? Sera uma batalha para se
saber quem é mais piedoso e assim se aprovar seus
atos e ensinos? Nao. Quantos piedosos foram here-
ges? Nas seitas, por acaso, nao existiram e existem
pessoas tao zelosas que nos fazem corar de vergo-
nha?
6) O pluralismo religioso invadiu o “arraial”
evangélico brasileiro. Nao mais ha uma verdade a
ser aceita e ensinada. Todos sao donos da verdade,
ou seja, todos tém a sua verdade. Por outro lado,
esta afirmagao tem uma outra face. Ela pode ser dita
assim por alguns: “Ninguém é dono da verdade”!
Acham que est4o fazendo uma afirmagao piedosa e
coerente. Indago destes: Vocés quando sobem ao
pulpito para pregar, estariam pensando: ”O que vou
dizer aqui é apenas o que acho ser a verdade. Mas
talvez esteja errado e até acho que existem outras
verdades. Depende da forma como cada um faz sua
interpretagao ou depende de certas culturas onde
se vive. De modo que, espero que os ouvintes fa-cam as apreciagdes devidas e decidam o que acei-
tar, porque n4o sou dono da verdade, apenas pode
ser que seja verdade”. Teriam coragem de pensar
assim?
7) Por nao termos pureza doutrinéria. A influén-
cia arminiana, dispensacionalista, mistica, pragma-
tica, tem trazido impurezas ao nosso meio. Um dos
meios de se defender a fé (Fl. 1:27) é pela Confissao
de Fé. Nossa fé deve ser confessada.
8) Por nao se colocar em pratica a afirmacao de
que sé a Biblia deve ser regra de fé e pratica. Isto é
exatamente 0 que a Confissdo de Fé exige e afir-
ma. Mas muitos tém quebrado este pensamento com
0 pretexto de combater uma “ortodoxia morta”.
Nada mais equivocado, pois os que formularam a
Confisséo de Fé foram homens de extremada pie-
dade (puritanos) e de profundo conhecimento bi-
blico. O problema é que muitos sao influenciados
pelo pdés-modernismo que afirma que as crengas do
passado foram condicionadas pela cultura da épo-
ca que as produziu e por isso nao serve para nds
hoje. Assim, surgiu a idéia falsa de que se pode ser
piedoso e sincero sem doutrina, sem um corpo teo-
l6gico formulado sistematicamente. Uma piedade
sem biblia, uma piedade mistica. Chegam a pensar
que doutrina sao meras palavras e que servem ape-
nas para dividir ou nao tém aplicagao pratica. Ja
ouvi de pastores afirmagées como esta: “Agradece-
mos muito a Calvino e todos os reformadores; as
doutrinas da Reforma foram importantes para aque-
la época, mas temos de ficar é com a Biblia” (Como
se a “batalha” da Reforma nao fosse fundamentada
na Biblia). Se é assim, nao podemos fugir daquele
ensino que a Reforma mais resgatou; temos de ficar
com o principio Reformado: Sola Scriptura.Quando alguém fizer a afirmagao de que s6 aceita
a Biblia e nao a Confissdo de Fé de Westminster, pois
é “coisa de homens”, devemos perguntar: Aceita a
Biblia aberta ou fechada? Se aberta, deve ser apenas
lida ou também explicada? O coerente era té-la ape-
nas fechada, ou no maximo lida, pois se for aberta e
explicada, creio que todos nés vamos preferir nado a
sua “explicagéo” mas “explicagéo” da Confissao de
Fé. Além do mais, nao é coerente fazer uma afirma-
cao desse tipo (de que prefere somente a Biblia) e
subir ao pulpito, pregar a Palavra, explicar a Pala-
vra, interpretar a Palavra, expor a Biblia, e exigir
que aceitemos a sua interpretagdo que pode estar
tao cheia de pensamentos pessoais, tao centrada
no homem (caso seja simpatico 4 énfase arminiana,
por exemplo). Nao é mais coerente aceitar a inter-
pretagdo da Confissao de Fé, fruto de quase seis
anos de intenso estudo, debate, oragdo e preocu-
pagdo em ser o mais preciso possivel? E verdade
que a Confisss4o de Fé é uma interpretagao falivel
das Escrituras, mas desafio, especialmente os pre-
gadores de hoje, que preguem e facam uma inter-
pretacao biblica a altura da Confissdo de Fé de
Westminster. Vocé pregador, que lera este livro,
acha que seus ouvintes devem ficar com sua expli-
cacao das Escrituras e rejeitar a explicagao da Con-
fissao de Fé de Westminster?
Chamo atengao para esta argumentacdo: Pas-
tor, néo entendeu ainda que rejeitar a Confissdo e
ficar “s6 com a Biblia” (como dizem) é “pedir” para
que eu nao aceite também sua exposi¢&o biblica?
Nao percebeu que ao pregar vocé esta fazendo uma
confissao também; uma confissao daquilo que cré,
e mais, esta exigindo que a congregacao aceite esta
sua confisséo? Se vocé pensa s6 “aceitar” a Biblia,
nao faga exposi¢ao biblica, nado faga sua confissao,apenas leia a Biblia para a congregacao. Nada mais!
Caso contrario, entraré em contradicao.
Mas 0 problema é que nao queremos ficar s6 com
as Escrituras. Queremos “algo mais”. Os
reformadores diziam: Sola Scriptura! Ela é sufici-
ente! Mas os lideres de hoje querem novas revela-
ges. O nosso problema hoje é um problema de fal-
ta de fé, nao de falta de fé em Cristo, mas de fé nas
Escrituras, elas nao sdo mais suficientes. Isso acaba
sendo um menosprezo as Escrituras e um insulto a
Cristo.
Creio que este livro podera nos dar uma visao
profunda da importancia das Escrituras como uUni-
ca regra de fé e pratica. O Pr. Derek Thomas é um
estudioso do pensamento puritano e expde aqui o
pensamento dos puritanos com respeito as Escritu-
ras, conforme é apresentado na Confissao de Fé de
Westminster, no seu primeiro capitulo.
Manoel Canuto
(Editor da Revista OS PURITANOS)A Vis&o Puritana
das Escrituras
Uma Anilise do Capitulo de Abertura da
Confissao de Fé de Westminster
A composigdo da Confissao de Fé de
Westminster constitui a realizaco central da As-
sembléia de Westminster e, provavelmente, a
maior aquisicao do século XVIL. Ao avaliarmos
o seu valor nés consideraremos apenas o seu ca-
pitulo de abertura, DAS SAGRADAS ESCRI-
TURAS, que é uma avaliagao extensiva e cuida-
dosamente redigida da natureza das Escrituras.
B.B. Warfield escreveu certa vez sobre a im-
portancia deste capitulo:
“Certamente néo ha em todo o conjunto da
literatura confessional nenhuma exposi¢ao de
doutrina concebida de manceira t4o nobre, ou téo
habilmente trabalhada como o capitulo ‘Das Sa-
gradas Escrituras’, que os tedlogos de
Westminster colocaram no topo da Confissao, e
' Assembléia de Westminster e sua Obra. (Mack, 1972), p.155colocaram-no como o fundamento do seu siste-
ma de doutrina”!.
Warfield cita Schaff, o historiador da Igreja
que assinalou:
“Nenhum outro simbolo Protestante tem uma
exposi¢gao to clara, judiciosa, sensata e exausti-
va deste artigo fundamental do Protestantismo”?.
O fato deste capitulo ser colocado em primei-
ro lugar, antes de qualquer considerac4o sobre
Deus ou Cristo (como outras confissdes o fize-
ram) nao se trata de um acidente de composi-
¢40. Mas reflete a convicgao dos tedlogos de
Westminster de que toda teologia que sabemos
de Deus é baseada naquilo que o préprio Deus
revelou-nos nas Escrituras. A Biblia é, nas pala-
vras de Calvino’, nosso “guia e mestre” em cada
area da vida. O fato de a Biblia ser a Palavra de
Deus escrita forma a pressuposi¢4o basica sobre
a qual toda e qualquer outra doutrina é formula-
da. Segue-se a isso que uma visdo defeituosa das
Escrituras leva a uma teologia defeituosa.
* Ibid. Warfield esta citando “Os Credos da Cristanda-
de”, 1877,p. 767.
* Os tedlogos de Westminster tomaram emprestado de
Calvino na produg4o deste primeiro capitulo, vide B.B.
Warfield, Op. cit., p. 161O capitulo comega com uma afirmagao sobre
a Escritura:
“Ainda que a luz da natureza e as obras da
criagdo e da providéncia manifestam de tal modo
a sabedoria e 0 poder de Deus, que os homens
ficam inescusaveis, todavia nao so suficientes
para dar aquele conhecimento de Deus e de sua
vontade, necessarios 4 salvagao; por isso foi o
Senhor servido, em diversos tempos e diferentes
modos, revelar-se e declarar a sua Igreja aquela
vontade; e depois, para melhor preservagdo e
propagacdo da verdade, para o mais seguro es-
tabelecimento e conforto da Igreja contra a
corrup¢ao da carne e malicia de Satanas e do
mundo, foi igualmente servido fazé-la escrever
toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensa-
vel, tendo cessado aqueles antigos modos de
Deus revelar a sua vontade ao seu povo” (Capi-
tulo I. p. I).
A relevancia desta afirmacfo vai muito além
de uma simples exposi¢ao escrituristica. Ela con-
tém uma afirmacao de tremendo significado so-
bre a revela¢ao em geral. Todo homem tem im-
plantado dentro de si um conhecimento de Deus,
ou como Calvino coloca, “a semente da religiaio”.
Mesmo sem a Biblia o homem natural esta cons-
ciente da bondade, sabedoria e poder de Deus. E
isto, naturalmente, que Paulo deixa claro no ca-
pitulo de abertura de Romanos, uma verdade que
13é fundamental para tudo que ele vai dizer mais
adiante. A conseqiiéncia desta revelagao é que o
homem € indesculpavel. Se ele reconhece a real
revelagéo de Deus é outra questo: o homem
natural se apropria da verdade em injustiga. Po-
rém esta supressio da verdade nao invalida de
modo algum a genuinidade da revelagao. Todo
homem sabe mais do que esta preparado para
admitir. Mas a revelagao geral nao traz consigo
a mensagem redentora. Ela diz aos pecadores
nada mais do que Adao em sua inocéncia sabia.
Ela nao da qualquer indicagao de que Deus pode
perdoar aqueles que quebram a Sua Lei. Ela con-
vence do pecado, porém nao oferece qualquer
esperanca de perdao. Ela prega a Lei, mas nao 0
Evangelho. Por isso, Deus decidiu assegurar que
sua mensagem de perd&o por meio da fé em Je-
sus Cristo fosse escrita na forma de um registro
permanente. A afirmacdo da Confissao de Fé €
um testemunho de que a Biblia é mais do que um
simples registro de revelagdes passadas de Deus
através dos séculos; ela é em si mesma uma re-
velac4o de Deus. Ao produzir a Biblia, Deus es-
tava revelando-nos o que precisamos saber para
nossa salvagao.
A afirmacdo de abertura contém uma nega-
cao da continuacao de revelagdes da parte de
Deus. Tudo que precisamos saber foi escrito na
Biblia, e todas as assim chamadas revelagGes pri-
vadas cessaram. Isto tem relevancia para um pro-
14blema contemporaneo: o fendmeno do falar em
linguas e a profecia. Se profecia e linguas sao
novas revelagées - como elas sem duvida sdo no
NT - elas sao rejeitadas e nio admitidas até ao
ponto que concere esta afirmacAo da confissiio.
Inspiragdo e Canon
A segunda afirmacao do capitulo de abertura
é uma afirmagao do canon da Escritura. Para es-
clarecer melhor, uma terceira afirmag4o descar-
ta os escritos apécrifos como sendo Escritura.
Além disso, a segunda segao acrescenta uma afir-
magado curta, porém crucial no sentido de que
todos os livros canénicos foram “dados por ins-
piragao de Deus para serem uma regra de fé e
pratica”. A expressio “Inspiradas por Deus” (as
referéncias Biblicas foram acrescentadas mais
tarde como notas, na Confiss&o, mas indicam as
passagens das Escrituras que eles tinham em
mente ao formularem esta Confissao) traduz uma
unica palavra grega, theopneustos, que quer di-
zer “soprado por Deus” - expirada, poderiamos
dizer, e uma tradug4o mais acurada do que ins-
pirada. Esta é uma referéncia nao tanto para os
escritores, mas para os seus escritos: toda Escri-
tura vem de Deus. Em outras palavras, 0 que os
tedlogos queriam dizer com inspiracdo é que
homens escreveram precisamente 0 que Deus
queria. Ao citarem II Pedro 1:21 eles estavam se
referindo aquela expressdo, “movidos” pelo Es-
pirito Santo que capacitou os homens a falarem
15da parte de Deus e escrever de Deus. Deste modo,
as palavras das Escrituras sio as proprias Pala-
vras de Deus: elas sao os ordculos de Deus, ci-
tando a frase de Paulo (Rm. 3:2). Segue-se tam-
bém que a parte do homem na produgio das Es-
crituras foi meramente transmitir o que recebeu.
“Teologicamente”, escreve J. I. Packer: “...a Bi-
blia encara os escritores humanos como nada ten-
do contribuido, e as Escrituras como sendo in-
teiramente a criac&o de Deus”.
Dois corolarios emergem da inspirac¢&o. A
primeira é o canon das Escrituras: para que um
livro seja canénico ele deve ser inspirado e a ta-
refa da Igreja no estabelecimento dos limites do
canon era de discernir se os escritores eram ou
nao inspirados. Ao reconhecer esta qualidade, a
Igreja nao conferiu autoridade a escritos huma-
nos, mas simplesmente reconheceu a autoridade
inerente ao proprio escrito. O segundo corolario
tem a ver com a autoridade, e a Confissdo forne-
ce uma exposi¢4o separada para isso:
“A autoridade da Escritura Sagrada, razZo
pela qual deve ser crida e obedecida, nao depen-
de do testemunho de qualquer homem ou igreja,
mas depende somente de Deus (a mesma verda-
4“ Inspiragao da Escritura” , A origem da Biblia, ed.
P.W Confort (Tyndale, 1992), p. 33
16de) que é 0 seu Autor; tem, portanto, de ser re-
cebida, porque é a Palavra de Deus” (Cap. I p.
IV).
A autoridade biblica se apoia na inspiragao
biblica. A autoridade das Escrituras se apoia no
fato que Ele a deu. Por que deveria eu acreditar
no que a Biblia diz e obedecer 0 que ela ordena?
Porque a Escritura é nada menos do que o falar
de Deus a nds dirigida: “O VT em Hebraico...e 0
NT em Grego...sendo inspiradas imediatamente
por Deus...”* (Cap. 1 p. VIID). As palavras da Bi-
blia sdo nada menos que “o Espirito Santo falan-
do” (Cap. I p. X). O dobrar-se perante as Escri-
turas resume a pura religiao. E 0 Cristianismo!
Inerente a esta exposic¢ao da confissao de fé
esta uma crenga na infalibilidade ou inerrancia
da totalidade das Escrituras. A doutrina da Con-
fiss&o é 0 da inspiragdo plenaria: tudo que for
Escritura é inspirado. Segue-se a isso como
Warfield insistiu tao vigorosamente, que a afir-
mac&o da Confissdo sobre inspiracao exige a
veracidade e confiabilidade total de tudo que as
Escrituras dizem. Nada nos faz concluir das pes-
quisas e estudos modernos das Escrituras que a
Biblia contenha erros em algum ponto. Essa é a -
pedra de toque do evangelicalismo hoje. O capi-
5A oitava secao deste capitulo foi considerada tao impor-
tante, que uma conferéncia especial foi feita entre certos
membros da Camara dos Comuns e os Tedlogos da As-
sembléia.
17tulo de abertura da Confissfo de Fé de
Westminster néo encontra nem um minimo de
falta neste exato ponto.
O Testemunho Interior do Espirito
Seguindo Calvino, a Confissao enfatiza o tes-
temunho interior do Espirito Santo (o
testimonium internum Spiritus Santi). Apesar de
todas as evidéncias da autoridade das Escritu-
ras, o homem precisa da preparagao interior do
Espirito para convencé-lo da sua confiabilidade:
“...contudo, a nossa plena persuasGo e certeza
da infalivel verdade e divina autoridade provém
da operacdo interna do Espirito Santo que, pela
Palavra e com a Palavra, testifica em nossos
coragées” (Cap. I p.V). A razao para tal nao é
dificil de se achar. O pecado dentro em nos, a
tendéncia anti-Deus que esta enraizada em cada
um é um legado recebido de Adao que tem um
efeito sobre nossas mentes assim como sobre
nosso comportamento: ela produz uma insensi-
bilidade para com a verdade; a isso a Biblia cha-
ma de cegueira ou dureza de coragdo. Assim
como a luz de nada serve para um cego, a Biblia
permanece um livro fechado até que o Espirito
Santo o abra. E a verdade exposta por Paulo em
1Co 1. Nas palavras de Calvino: “Se nds deseja-
mos providenciar o melhor caminho para nossas
consciéncias - para que elas nao fiquem perpetu-
amente tomadas pela insensibilidade da duvida
ou do vacilo, e para que elas também nao hési-
18tem diante das menores discussdes - temos que
buscar nossa convicc4o num lugar mais elevado
de que razdes, julgamentos ou conjecturas hu-
manas, isto é, no testemunho secreto do Espiri-
to” (Institutas I. 4). Esta é uma énfase que € no-
vamente repetida no capitulo que trata da Fé
Salvadora (14). Refletindo sobre o que a Escri-
tura nos diz de como o coragao de Lidia foi aberto
para que ela cresse, a Confissao da mesma for-
ma enfatiza que “a graca da fé, por meio da qual
os eleitos sao capacitados a crer para a salvacao
de suas almas, é obra do Espirito de Cristo nos
seus coracées...” (14.1).
Bem no come¢o da Confiss&o, encontramos
uma énfase na obra do Espirito Santo: na inspi-
ragdo e preservagao da Palavra de Deus, junto
com a necessidade da obra do Espirito em con-
vencer o nao crente da credibilidade e do signifi-
cado da Biblia. Ja que a Confissao é comumente
criticada por sua omiss4o de um capitulo sobre o
Espirito Santo, estes pontos precisam ser trazidos
na mente. Hoje em dia, a Igreja poderia desejar da
Confissdo uma afirmacao mais clara sobre os dons
do Espirito, e possivelmente sobre o batismo do
Espirito, mas estas nao eram questées de contro-
vérsias no século XVII. Em esséncia, cada aspec-
to da obra do Espirito é abordado.
19Suficiéncia
Numa outra secao (I. VI), elaborando mais
adiante sobre a necessidade da iluminagdo inte-
rior do Espirito de Deus como necessaria para 0
entendimento salvifico das coisas como sfo re-
veladas na Palavra, a Confissao acrescenta uma
exposigdo sobre a suficiéncia das Escrituras.
“Todo o conselho de Deus concernente a to-
das as coisas necessarias para a gléria dele e para
a salvagao, fé e vida do homem, ou é expressa-
mente declarado na Escritura ou pode ser logica
e claramente deduzido dela. A Escritura nada se
acrescentara em tempo algum, nem por novas
revelagdes do Espirito, nem por tradigdes dos
homens...” (Cap. I, p. VI).
Duas questées estao por detras desta afirma-
go: primeiro, a posi¢ao de Roma em reclamar a
autoridade da Igreja em matéria de fé e vida; se-
gundo, a tendéncia dos anabatistas de citar no-
vas revelacdes do Espirito como algo normativo
da fé e comportamento cristos. A implicagao
desta afirmagao para o fenémeno carismatico
moderno dificilmente poderia ser mais relevan-
te. Reivindicagdes de revelagées diretas e imedi-
atas do Espirito nao tém lugar no pensamento
dos tedlogos de Westminster.
Varias quest6es emergem desta afirmacfo:
20I) A Biblia € completamente adequada para
governar cada area de nossas vidas.
II) Sobre a quest&o da consciéncia crista, nds
nao temos o direito de ir além do que a Escritura
claramente colocou. Trata-se de uma imposi¢gao,
insistir na obediéncia a qualquer lei feita pelos
homens.
TID A Palavra de Deus é¢ a unica regra para
nos guiar na fé e na vida. Por conseqiiéncia a
propria Confissdo nao deve ser colocada ao lado,
muito menos acima das Escritura; A Confissado
sao padrées subordinados cuja autoridade ape-
nas é derivada da sua conformidade aquilo que
diz a Escritura.
IV) Nem tudo que precisamos saber é acha-
do explicitamente e afirmado nas Escrituras. Al-
gumas coisas devem ser inferidas por “boa e ne-
cessaria conseqliéncia das Escrituras. Assim as
doutrinas da Trindade, batismo infantil e o direi-
to das mulheres de participarem no ceia do Se-
nhor s&o todas deduzidas das Escrituras. A Bi-
blia nao nos da descrigdes minimas e detalhadas
de cada detalhe da vida. No culto, por exemplo,
a Biblia nada tem a dizer sobre horarios de culto
ou coisas como roupa, ordem de culto, as ver-
sdes das Escrituras a serem usadas. Aqui nds
devemos usar nossas mentes renovadas, ordena-
das pelo Espirito Santo, usando tudo que a Bi-
blia diz, como um guia.
21Clareza
Talvez seja a doutrina da clareza da Escritu-
ras, agora muito negligenciada, porém ainda con-
servada na teologia Protestante, que parece ter
um lugar de honra na Confiss4o de Westminster.
“Na escritura ndo sdo todas as coisas igual-
mente claras em si, nem do mesmo modo evi-
dentes a todos; contudo, as coisas que precisam
ser obedecidas, cridas e observadas para a salva-
¢4o, em uma ou outra passagem da Escritura so
tao claramente expostas e aplicadas, que ndo sé
os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso
dos meios ordinarios, podem alcangar uma sufi-
ciente compreensao delas” (Cap. I. p. VII).
A razdo para esta énfase nao é dificil de en-
tender. Eles sabiam que existem partes nas Es-
crituras que seriam dificeis de entender. Jesus nao
disse que as pardbolas seriam dadas para que
aqueles que as ouvissem nao pudessem entendé-
las? (Marcos 4:1 1-12). Nao foi Pedro que disse
que achou alguns trechos de Paulo ininteligiveis?
(II Pe 3:15-16). E verdade! Porém, os
reformadores queriam afirmar algo importante:
que cada crist&o tem acesso 4 verdade da Pala-
vra de Deus. Em outras palavras, por detras des-
ta doutrina da clareza da Escritura esta a igual-
mente importante verdade do periodo da Refor-
ma: o sacerdécio de todos os santos.
22Tendo exatamente derrubado o Papa do lu-
gar de autoridade, a Igreja Protestante foi con-
frontada com o dilema: “Como saber que vocé
entendeu corretamente a mensagem de Escritu-
ra a menos que tenha uma interpretagdo autori-
zada?’. A resposta esta na clareza das Escritu-
ras: a mensagem da Biblia ¢ essencialmente cla-
ra. Ao dizer que a Biblia é “clara”, a Confissfio
esta dando uma descrigéo geral de toda a Escri-
tura, ao invés de sua partes individuais; esta fa-
lando das principais doutrinas, mais do que da
exegese de um versiculo em particular. Enquan-
to Roma apontava para as sucessGes dos sacer-
dotes como intérpretes da verdade, a Igreja Pro-
testante apontava para a Biblia como um livro
para 0 povo, capaz de ser compreendido pelas
pessoas através do uso dos “‘meios ordinarios”.
Isso foi, é claro, uma “bomba”; isso queria dizer
que a maneira de conhecer a Deus e viver para
Ele era dar a devida atengfo 4 leitura da Biblia e
a pregag&o biblica. Isto é parte da propria essén-
cia da Reforma Protestante.
Transmissao
A proxima secao trata da transmissao das
Escrituras. Dois pontos séo desenvolvidos.
1. A inspiragao das Escrituras diz respeito aos
autégrafos originais e nado a qualquer tradugao
dos mesmos.
2. As cépias dos originais foram mantidas
23puras em todas as geracdes pelo singular cuida-
do e providéncia divinos.
Esta afirmagdo nfo quer dizer que nenhum
erro tenha se infiltrado em qualquer um dos ma-
nuscritos existentes em nossa possessdo. E tam-
bém n&o quer dizer que qualquer dos textos ori-
ginais existe de forma completa e inerrante em
qualquer dos manuscritos. O que a afirmagao faz
referéncia é que Deus por meio de Seu cuidado e
providéncia singulares, nos proporcionou um
numero enorme de testemunhas (no caso do NT
mais de 5.000: alguns dos Classicos tém apenas
uma!); que existe uma consisténcia assombrosa
entre eles (somente uma referéncia em mil tem
alguma duvida). Nas palavras de B.B. Warfield:
“Ele tinham a intengao de asseverar que as vari-
as leituras nas varias copias nao evitaram a pre-
senc¢a do texto absolutamente puro na
multiplicidade de copias’’. Isso quer dizer que a
Igreja, pelo uso devido de comparaco de ma-
nuscritos e analise, pode chegar ao texto verda-
deiro e “Admite-se em todos os lados que 98%
do texto do NT esta além de qualquer disputa e
os 2% onde existe algum questionamento real
nao abalam a certeza de qualquer doutrina Cris-
ta, qualquer que seja a interpretagao preferida”.®
5 Rowland S. Word, A Confissio de Westminster para a
Igreja Hoje (Igreja Presbiteriana do Leste da Australia,
1992), p.21
24Um ponto importante freqtientemente esque-
cido é que, para os tedlogos de Westminster es-
tava clara a obriga¢ao da Igreja de providenciar
para 0 povo uma traducdo “na lingua vulgar de
cada nagfo”. Seguindo a descoberta de que o
proprio Novo Testamento fora escrito em grego
comum, ao invés do grego classico dos acadé-
micos, houve um impeto de traduzi-lo no idioma
moderno daqueles dias. A versaio King James (Rei
Tiago, de 1611) é baseada no exame dos manus-
critos e vers6es antigas a disposicdo naquele tem-
po, no entanto se deveria perceber que os tedlo-
gos de Westminster néo mencionaram a Versio
Autorizada, nem o Textus Receptus (um termo
latino que significa “o texto recebido” - apesar
de nunca ter sido recebido por qualquer igreja
ou reuniao ecuménica, ele serve de base para o
texto da Versdo Autorizada) como o unico texto
digno de andlise. A Nova Versio King James
(NKJV) de 1983 usa os mesmos textos base que
a King James, porém usa variagées de notas de
rodapé de outras fontes. Também tenta-se tra-
duzi-la de forma mais fiel ao inglés correntemente
usado. Ambas as traducdes tendem a uma abor-
dagem da “equivaléncia dinamica” favorecida
pela Nova Versdo Internacional de 1978 (New
International Version). A Confisséo de Fé de
Westminster, no entanto, reflete uma convic¢ao
Protestante sobre a necessidade de se fazer tra-
ducGes das Escrituras que sejam fidis ao original
25e que sejam compreensiveis por parte daqueles
que as léem.
Uma outra verdade de grande significagao
emerge no capitulo de abertura: a verdade que
sublinha 0 principio hermenéutico reformado que
“A regra infalivel de interpretac4o da Escritura é
a propria Escritura” (Cap. I, p. EX). Se a Biblia é
o produto do sopro de Deus, como a Confissao
insiste, e j4 que Deus nao pode mentir (Hb. 6:18),
segue-se dai que cada palavra por Ele expirada
nao contém erro (é inerrante). Isto quer dizer
que nenhuma parte da Escritura pode contradi-
zer outra parte da Escritura. Ao lermos a Biblia,
este principio - de que temos 0 compromisso de
harmonizar 0 que encontramos numa passagem
com 0 que encontramos noutra - tem que preva-
lecer. “A Escritura nao pode falhar”, disse Jesus
(Jo 10:35) - literalmente: ela nao pode ser “frag-
mentada” ao colocar-se uma passagem em con-
flito com outra.
O que isto quer dizer é que ao lermos a Bi-
blia, temos que permitir que outras passagens
lancem luz sobre a passagem em mos. Quanto
mais vocé souber do restante da Biblia, mais cla-
ra se tornara a passagem corrente para vocé.
Freqtientemente uma passagem que, inicialmen-
te parece obscura, pode tornar-se mais clara por-
que alus6es a algo semelhante so feitas em um
outro trecho.
26Uma Palavra Final Sobre a Autoridade
da Escritura
O primeiro capitulo das Confiss4o termina com
uma afirmacdo que ressalta a autoridade das Es-
crituras em solucionar cada discussdo teolégica.
“O Juiz Supremo, pelo qual todas as contro-.
vérsias religiosas tém de ser determinadas, e por
quem sero examinados todos os decretos de
concilios, todas as opinides dos antigos escrito-
res, todas as doutrinas de homens e opinides par-
ticulares, o Juiz Supremo, em cuja sentenga nos
devemos firmar, ndo pode ser outro sendo 0 Es-
pirito Santo falando na Escritura” (Cap. I p. X).
E uma mensagem primariamente dirigida con-
tra Roma, mas ela pode ser igualmente aplicada
as tendéncias correntes no ensino evangélico.
Como ja notamos, clamores de que os dons de
profecia e linguas existem hoje, devem ser con-
frontados com o fato de que estes dons eram for-
mas de revelagao, acompanhadas de toda auto-
ridade de tais revelagdes. Reivindicar a formula
“Isto é 0 que diz o Senhor”, como fazem os
carismaticos, formalmente implica numa reivin-
dicagao de uma revelacdo divina. “Em principio
existe alguma diferenga entre um protestante afir-
mar pronunciar revelagées imediatas através de
profecia e linguas interpretadas, e um Catélico
Romano afirmar as revelacgdes por meio do ofi-
cio de ensino da igreja?”, pergunta Sinclair
27Fergunson? A aproximag4o entre “cristéos
carismaticos” Protestantes e Catdlico-Romanos
sugere que esta visdo é freqiientemente compar-
tilhada de forma inconsciente.’ Ela apenas subli-
nha qudo continuamente relevante é 0 capitulo
de abertura da Confissao de Fé de Westminster
no final do século vinte.
7 “Como a Biblia Olha Para Si Mesma”, em Inerrancia e
Hemenéutica: Uma Tradigao, Um Desafio, Um Debate
editado por Harvie M. Conn (Daker, 1988), p. 61
28EDITORA
PUBLICACOES
DA EDITORA OS PURITANOS
‘OSPURTANOS
A Profecia no Novo Testamento, George W. Knight, Ill
Avivamento na Africa do Sul, Erlo Stegen e Augustus Nicodemus
Caivinismo, As Antigas Doutrinas da Graga, Paulo Angiada
Chelos do Espirito, Augustus Nicodemus
Fazendo a Igreja Crescer, W. Smith e Solano Portela
Nada Se Acrescentara, Josafa Vasconcelos
O Espirito Santo sob ataque, Augustus Nicodemus
O Outdoor de Deus, Josafa Vasconcelos
Paulo, Plantador de Igrejas, Augustus Nicodemus
Sola Scriptura, Paulo Anglada
Spurgeon e o Evangelicalismo Moderno, Paulo Anglada
Titanic (folheto), Josafé Vasconcelos
Revista Os Puritanos
Visao Puritana das Escrituras, Derek Thomas
OUTRAS PUBLICACOES
Que Fazer Quando as Coisas Dao Errado?, Jorge |. Noda
Somos Deuses?, Jorge |. Noda
DISTRIBUICAO
Facioli Grafica e Editora Ltda
Telefax.: (011) 6957-5111
e-mail: purltano@mandic.com.brA Vis8o Puritana
SEM eulelttc)
O autor faz uma andlise do contetide ¢ importancia do
primeiro capitulo da maior Confissao de FG reformada
elezonrtes
“A composigio da Confissdo de Fé de Westminster
constitui a realizacdo central da Assembleia de
Westminster ¢, provavelmente, a maior aquisigag do
século XVIE Ao avaliarmos o seu valor nos
consideraremos apenas o seu capitulo de abertura, DAS
SAGRADAS ESCRITURAS, que 6 uma avaliagao
extensiva ¢ cuidadosamente redigida da natureza das
Seco
“O fato deste capitulo ser cologade em primeire lugar,
antes de qualquer consideragda sobre Deus on Cristo
{como outras confissdes o fizeram) nao se trata de um
acidente de composigao. Mas reflete a convice
tedlogos de Westminster de que toda teologia que
sabemos de Deus & baseada naquilo que o proprio Deus
POCO Neco Sess eam el Cometh eC
(Or) OOO UIE RU eS Oman een (en nn en Gen ee
AOC ae Ste eS ch eae Bee
pressuposicao bdsica sobre a qual toda ¢ qualquer outra
doutrina 6 formulada. Segue-se a isso que, uma visdo
Raat tonne Pen re Own Re oe ecole
A afirmagdo de abertura contém uma negagdo da
continuagae de revelagdes da parte de Deus. Tudo que
precisamos saber foi escrito na Biblia, ¢ todas as assin
RHR OO CCRC eM ERn Seca
Rua Canguarctama, 181
aOR ua Cn TORT Og
1S OR Nem od
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