You are on page 1of 210
Silvana Rubino AS_EACHADAS DA HI a criacio @ Patrimonio H 1937-1968 STORTA : 08 antecedentes, trebalhos do Senvigo do rico @ Artistico Ractonal, Diseertacio de Mestiado apresentada ao Departemento de Antropologia do Institute de Filosofia e Ciéncins Huianas da Universidade Kstadual de Campinas Este exemplar corresponde A redagko fine. da dissertagio defendida e aprovada pela Comissfio Juigadora en G/ 4/1992 Per Ao Dror Orientador: Dr. Antonio Augesto, Arantes Neto Janeiro de 1991 R825f 17379/BC Agradecimentos Introduce. +A légica dos tombamontos, a légica das fentes Capitulo I - a “proto-historia" do PHAN sIntradugto. + +O Brasil para Portugal: u pas no um objeto de HiStGri&ee sees +A primeira repiblica.. -Projetos pionei 0 Bry em Minas: o projeto de Jair Lins +05 projetos cette eee e eee e sees JApos outubré de 1930, um “regiae disericion&rio"..... Capitule IT - a criagto do SPHAN J TERORERB Oc ccareree a ee nireneinny oe a rains ee 28S +O mito de origems...... se wm +68 sD texte & lei: o SPAN © 0 25eeeecee i bag omen Z & paradigma JInstituieses .Concepeties & intoresses em qu 10 SFHAN em bases provisérias... sonzete 0 6 v scaveltR -G prajeto de Paula Duar Capitule III - © patrimonaio historico e artistico nacional sIntradugas 10 inicio das atividades do +O patrimonio histérico © o artistico......... +O'mapa do Brasj2 passado.... 10 tempo do passado. +Subeonjuntos finitos... *Subconjuntos por tipe.. +a preservagko sobre a preservagko.. ee... Capitulo IV - o patrimenio intelectual sntrodul yre @ Licie Costa ou a “boa tradigke +162 -0 sacerdote-jornalista ou “a Yigko de Rodrigo".........172 SPHAN: @ casa brasileira, entre a ma copia @ 0 redute da originalidade.. :Entre Dous, os génios criadores e @ pobreza: as igrejas de SPHAN. -Do prograna de Rodrigo aos diseurese Consideragties finais Bibliogratia... ogarrysZO2 Agradecimentos Esta, diss tag%o demorou muito tewpo para ce concluida, por razées de exclusiva responsabilidade ‘da autora. 0 Gnico saldo dessa demora foi o nimera de pessoas que teve participag%o nesse processe, diretamente lend e discutindo versiies, @ indiretam nte, até mesmo sem suspeitar de sua participagio. Foi um trabalho longs, m nee sofrids, diga-se, ent%o n&o vou agradecer aqueles que compartilharam anos dures, minha auséncia, desatensm Guero, sim, expr Fo meu reconhecimento @ algumas pessoas, re saltando que, teimosa como sou, 08 possiveis problemas © imprecisties do trabalho resultante slo sé meu Irene Cardoso e Gabriel fo tinal da graduagto, fo ohn que me fizeram desejar permanecer na carreira. Foi Gabriel (que seguranénte n&o se lembra disso) que disse me recomendar & antropolugie unicampense, & ela a mim. Agradeco ao meu oF tes. Foi entador Antonio Auguste Al a partir de suas inguietagtes enquanto presidente do Condephaat que nasceu, num seminario na UNICAMF, a idéia deste trabalho. Agradeco sua dadicagke © mais que isso, sua cumplicidade com ‘o @bjeto. Ele também nfo deve se lembrai “minha mas algumas veres teve o ato falho de d pesquisa". Avs professores do Conjunto de Antropelogia da UNTCAMP, especialmente Dra. Bela Feldman-Bianco @ Dr. Roberto Cardoso de Oliveira por sua leitura atenta e suas sugestties no exam da qualificagao. Maria Amélia Cupertino, Eduardo’ Noronha e Waldeck compartilharam daquele periode de projetes em andamento, © ainda me lembro de nossas discusstes. Cagsiano Guilici esteve préximo em diversos momentos, relatéries, revi stiles, etc. Naira Morgado escreven uma bela dissertego com questoes semelhantes. A eles; o agradecimento da troca. fA Zillah e Denise, per aquele apoio familiar incendicional e extra~académico. @ Rejane, al diccusstes (literalmente) fraternas do tipo meu Boas"? Agradege acs meus colegas da Faculdade de Arquitet Urbanisma da PUCCAMP por conversas tHo sérias quanzo informais, geraimente na temivel trajeto entre S%o Peulo © Campinas, onde ouvi supestties pertinentes, sugesttes bibliogrAficas © opinites "“nativas" imprescindivers. Agradeco a Bia Aranha, Sophia Telles, Aurea Pereira da to, @ Samuct Kruchin. E também a Ate Silva, Cristina Peix Izz0 dr. por alguns documentos que me cedeu © por alga que aprendi trabsihanda com ele. Arquitetos me polparam de sobre @ objeto, e creio que alguns julgamentos precipitedas con eles ganhei um certo olhar interno ao canpo~ "Historia qui Aos meus colegas dap Lalmente Helos Sociais" do IDESF, espe a Pontes, Fernandes Masei, Lilia Schwarez, Maria Arminda do Nascimante Arruda Maria Herminia Tavares de Almeida e Fernando Novaes, peia discusst%o de uma das princiras vers es & mais do que isso pela troca intelectual cotidiana. A Cin'tia Avila "Dinds Carvalho também por isso, e@ pela amizade guase “patrimonial". & ainda no IDES 2 a Sergio Miceli, pela dura lig%o intelectual que & trabalhar com ele, pelo aprend do que @ trabalho, por suas cobrangas t&o precisas. A © grupo e ao IDESP, pelos ganhos pessoais além intelectuais. Foi no ID ESF que Fern’e Dias de Lima me ensinew a nx temer computadores, @ agradeco sus paciencia com percur absurdas. Jacques Besen programou todas #6 tabelas de que precisei, me enginou que elas tém hipotese, e@ a usar o S*S3. @ ele todo @ carinhe de quem sabe que interrompeu trabalhos outros @ quis cruzar dados incompativeis. Sem ele © capitu ITT n&o ex stiria. Ho Antonio Luis Dias de Andrade, o Janjxo, © ac José MindL ny por entre vistas que munca realizei, mas que virara: conversas sobre © SPHAN que, sem divida, me ile algumas reas. fo Chico, que atrasou a tese mas adiantou todo o resto. A FAPESF @ 6 CNPQ pela concess%o de bolsas de pesquisa. E, finalmente, agadecimento especiais a dona Graciema Mello Franco de findrade, por ter mo recebide, por seu desprendimento @ atengie, por ter me deixado horas diante do INTRODUGSO. Temenos uma cai sa qualquer, como a que fica na rus Carlos Gomes, 57, na cidade de Salvador, Bahia. Dela pi saber que j& fei prejudicada por reformas “inadequadas". suas 4. Entrevista de Claude Levi Prés ct de Loinyg pp. 204, 1908. Strauss a Didier Erdbon em De editions Odile Jacob, Paris, arquivo de Rodrigo, em seu gabinete, cercada de meio SPHE a seus livros, pesquisando em WN por todas’ os lados. jJanclas si do tipo veneziano, Que sua constructs em alvenaria de pedra revela “influg a francesa, Gue Toi construida no século XVIII, e@ que documentos do pertocde ates Lam que era um lugar de cragke de jesuita N&o pode ser demolida ov alterada. Embors pertenca ao seu proprietario, simbolica @ formalmente pertence também nacto. Esté sujeita a restrictes legais, & qualquer atentado contra ela pode formalmente resultar em brigas judiciad ful tas @ mesmo priséo. & uma casa tombada, o que quer diser que foi inserita em um dos quatro livros de’ tombo do Patrim®nio Historice © Artistico Nacional. No casa, quem r consultar vai localizé-la na folha 32 de livre ¢ qu: Relas-Artes, sob a inserigzo n®. 183, de 18 de julhe 1938, resultado do processo it4-t. No 6, pois, uma casa qualquer. De um lade, @ uma casa que foi colocada em eterna sincronias De outre, podenss peite. & este o trabalho sempre saber algo a seu r tombamento. Retira bens de um continuo de outros bens once permaneceriam antnimos e desprotegides. E realiza sobre esse bem Um reinvestimenta que pode ir de restauro, transformaczo em museu, ediglo de textos a respeito até o esquecimento, =m un pracesso onde » do arte @ do pe esto presentes em todos os momentos. © ponte de partida di te trabaiho @ que cada tombanente uma construgto- de signivicade, de historia, mito, passade~ainda que sobre materia: tentes., Ao se Lombar uma ca: de ser uma cz quatau qualquer, © se ecionadas uma série de premicsas. O que se tomba merece destaque, deve revelar alguna caracteristica peculiar, ou representar uma tendencia geral. Tess o bem tombade porque singular, tipico. Ou porqu excepcianal, © Unico, © Spice. De uma @poca, da similtaneidade a um evento, de uma maneira de se construir. Para que uma casa como esta de Salvador chegasse ao século XX, foi precise que passasse por um primeire processo de triagem, no caso sua historia, que fez com que justemente ela f @ preservada até seu tambanento. Esse, processo nada tem de natural, ainda que saibamos ta tend@ncia das sociedades a tratarem que ha ume ce Socialis como espécies naturais categord. STRAUSS ,1986°17). 8X0 diversas as circu tancias * que determinam © que vai Sabreviver e © que vai ser destrutdo. Uma cidade pode durar sem muitas alteragtes por po! preza, um bem pode ser conservade pelo sev use. De qualquer forma, ha um processo de triagem histérica anterior ao tombamento @ que ‘fornece 05 materiais A atividade de preservasto. 0 fombamento realiza, a partir destes materiais brutos uma ségiinda triagem, confere ao que se tombou uma chancela que o diferencia de conjunto ondd se encontrava, @ constrei com estes bens um outro conjurto. Esse conjunto heteréclita & composte por iyrejas que abrigam ou n%o seus fidis, por que pers ane cem habitadas, so abandionadas ou tornam museus, por fort |e 54 n&o tem © que defender, por cadéias jnativan. Se parte de sua utilidade @ retirada, banida desses bens, por outro lado eles ganham outro atributo: tornam-se passiveis de fruig&o © contemplacao, @ perda ou atenuagko de seu valor de uso altera também seu valor de troca. Uma cutra histori, principia para cada casa qualquer depois de sq reconhecimento como passivel de preservagto. Mas permanece a questto: par que casas quaisquer s%o consideradas dignas dé eternizagio? No sO as "casas quaisiuer” sii tombadas. Hh edificios que j& s%o construides com uma chancela que o trabalho di preservagto pode reiterar ou passar ab largo. Em ou ra palavrast n&o @ jamais por um mer valor intrinseco que um é preserveda, mas por um valor que se Ihe atribui. O objetivo deste trabalho @ apurar o process através do quel outras cass come a citada vio, ao lado, de pontes, igreias conjuntos urbanos @ ruinas, compor esse conjunto de centenas de bens tombades que, aos alhos de um servigo federa? representa nosso patriminio histérico e artistico. Cabe averiguar como, por que e@ em que condictes tal quando um simples bem casa ou qual capela foi’ selecionad patrimonial torna-se um bem tombado, @, nesse processo, de que imagens tal bem se reveste. Esse processn pode ser: ineluide no que foi chamade por Eric Hgbsbawn de “invencxo da tradicte", ou seja, “um conjunto de praticas normalmente reguladas por regras t&cita ou abertamente aceitas."(1984:9) Para esse historiader, tais pr&ticas procuram estabelecer a continuidade do presente com um passada —histérico apropriada. Esea invengio da tradigwo nia @ caracteristica apenas das seciedades modernas. A relacio com o passado, © sentimento historico (MALINGWSKI, 1978276) est& presente de diferentes formas em diversas sociedades relatadas pela literatura antropolégica: est& nos Nupe de Nadel, nos Nuer de Evans-Pritchard, em outras que Jacques le Goff resenhow seb a denominas%o comum ge’ “memoria Gtnica"= sociedades Agratas onde homens-memoria, genealogistas,. "especiali da memoria cumprem o papel de instituigas quardia (1984715). Vale recorrer a Lévi-Strauss, antropélogo que tem em mente que todo acontecimento histérico resulta do recorte do historiader (19761278), em texto onde o tema é a histéria a reflexta @ sobre o uso des churinga australianas, o' que ropresentam o corpo fisico de ancestrais. Levi-Strau: comparanda os “churinga aos rquiv' constréi tras o tema para a atualidade: guardados px pessoas de confianga, inspecionades @ se necesssrio reparados, ambos remetem a lembrangas de antepassados, mais do que isso, possuem carater probatério.? 2. Para Lévi-Strauss ambos nos levam a pensar sobre historicidade @ acontecimento, sincronia e ‘diacronin. por que damos tanto valor a mossos arquives? acontecimentos a que se referem s&o. independentemente © de mil formas: vivem no nosse presente © nes nossos livres; em Si mesmos sto dezprovides sentide que s@ lhes vem de suas repercusstes historicas © dos coment&rics que oS explicam ligando-os a out atontecimentos. (.+.) Por pouco que tenham sido publicad nada seria midsdo ne nosso conhecimente nem na nossa Mas @ preciso sublinhar que nosso objete ¢ tipico das sociedades modernas e com escrita. Tem em com memoria @tnica o fato de que esse carater de prova pode ser dado por uma via institucional, através da criacg%o de um corpo de pec listas, a quem se outorga o direito de decidir 0 que se preserva e, por tabela, o que pode se esquecide. No caso, estudaremos uma instituigta , 0 Servico da Patriménio Historico e@ Artistico Nacional™ , criade em 45 » dirigids por Redr go Mello Franco de Andrade até 1947, periedo em que foram tombados algumas centenas de bens. 0 qué nes conduz a uma outra disting&o: quem toma as rédeas da defesa dessa memoria @ 0 Estado ~ @ ali que se cria © abriga © corpo ¢e etpecialistas, & dali que parte o processo de selecta © atribuiste de chanéelas. condigxo se um cataclisma de Sse as pel aukenticas. (...) 08 churinga s% as testemunhas palpaveis do par‘odo mitica: es alcheringay que na sua falta se poderia aind. conceber, mas que n%o seria mais fisicamente atestado. Assim se perd®ssemos nossos arquives, nosso passado nXo seria por isso abolide: estaria privado do gue tentari chamar scu sabor diacrénice. (.-+) por conseguinte, ele também estaria destobrade na sincronia(1976:27/) 3.0 Service do’ Patrim6nio Historice e@ Artistica Nacional (SPHAN), criado em 1936 © organizedo em 1927 tarnou-se Diretoria em 1946 (DPHAN);' em 1970, portanto j& fora da cronoiogia deste estude, tornou-se Instituto CIPHAN) @ em 1979 Secretaria (novamenté SPHAN), no mesmo ano em que foi criada a Fundac%o Proé-temdria, Em 1984, passa a Subsecretaria, mantende a sigla SPHAN. No texto, me referd mitas veres A instituigao apenas coma PHAN, no caso patrimonio histerica e artistico nacional, quando ALTERAGOES na hierarquia e@ organizag’o n%o forem relevantes para a andlise. Nos mamentos em que essa disting%o se fizer hecess4ria, ser& utilizada a sigla correta. 0 fombamento é€ © momento por excel@ncia de processe de preservacao. & um discurso, pois diz alga sobre o bem, & instituinte, pois lhe confere historia.* Confere aes bons esse carater de prova, cria um corpo de especialist para guarda-lo @ estuda&lo. Como no continue contar e@ recontar dos mitos + aproxima diacronia sincronia, Vistos pa conjunto, a igreja barroca @ a de Niemeyer, a casa bandeirista e a imperial esttio no presente, desdobradas, na sincronia, Ao mesmo tempo que Tixa uma imagem do bem, o ‘tombamento abré espago = para autras «© constructes ~ presentificado no momento em que @ inscrito na livro de tombo, a bem pode receber investimente continuo.® Privado de sua.diacronia, o passado torna-se presente. G que os arquivos, assim como 6s bens tombades, Du outras instituigSes da memoria coletiva realizam & colocar-nos em contato com “o | que’ Lévi-Straus denominau "pure historacidade", onde arquivos e objetos sagrados “dao uma 4. Sahlins, retomando Saussure, destaca o carater instituinte do discurso:" In speech is history ade. Here signs are set in various and contangent relationships accordingly to people: course that are socially constituied as they may individually variable." (498185) instrumental purposes ~ purposes of Me . Podemos comparar o trabalho de tombamento ao que Clifford Geert escreveu sobre 6, relato. Em perspectiva, todo relato 34 @ em Si uma interpretagta de segunda ou terceira mio. Gq portanto ficsbes, ou seja, construghes. Sues tre caracteristicas da deseric’o etnografica podem 5 transpostas ao tombamento, "Ela @ interpretativa; o que do se interpreta @ © fluxo do discurso social @ a interpretagte envolvida tenta salvar o ‘dito’ num tal discurse de sua possibilid de oaxtinguir-se © fix&-lo em formas pesquisdveis. 0 hula desaparecou ou foi alterado, mas, desea forms, Os Argonautas do Pacifico Ocidental continua a (19782389) ‘seja, fala de um “nés" genérico, nos ica & histéria, porque neles apenas fica existencia f superada a contredigio de um passado terminade e@ de um presente que nele sobrevive" (19762278) Retomando a fala de Lévi-Strauss que usei como, epigrate, 5 monumentos, n6s ‘os constituimes com nossa atengto, Nos fazemas com que o passado sobreviva em algumas casas como a citada no inicio, enquanto out tam come tesouros virtuais. Mas Lévi-Strauss, ac pontuar a construska contemporanea que existe em cada monumento, por antiga que © presente. -O "nos" dessa dissertagto se restringir’ ao SPHAN. Ha um Gltime aspecto que n&fo pode ser esquecida. Ao se eleger o conjunto que representa a pais, afirma-se, de un que hAvum pass. Segunda, que ali h& algo que o distingue dos sutros ( @ que vale a pena), ou seJa, que esse pais possui alouima singularidade. Terceiro, que isso merece 6 futuras @ mostrada para as ser guardado para as geracts cutras paises. O terme patrim@nio assume simultaneamente a conotagke de coisa velha, auténtica « tamhém de nacional, de posse coletiva porque de posse do pais. No caso do SPHAN, as relagtes entre patriménio @ questo nacional sto fundamentais, como veremes. A logica des tonbamentos, a légica das fontes ai @ maioria do material para quem pi tisa temas ligados tence, © ao patrim@nio hastérica e artistico brasileiro per portanto & fornecida pelo préprio servico que gerencia a materia. pesquisader vivencia a légica de PHAN ap pesquisé-lo: um enorme arquivo esta & espera no eitave andar do glo edificio do ministério da Educaglo e Satde que Le ri cl Corbusier e Licio Casta projetaram, Portina Oro a fachada © o SPHAN tombou. Da janela em brise avist alguns bens tombades, @ sabe-se que se est& a poucas quad> do Pago Imperial, da Tgreia de Santo Antonio, owrkros, objetos da peequisa, O PHAN cuidou de seus documentos assim como dos netaveis do pats, do passado nacional do mesmo modo que preservou e retocou Sua memoria, Se apresenta A opinixo pliblica © aos especialistas do tema cada vez que nos apresenta suas reelizagtes, Mais do que uma situ peculiar de pesquisa, isso gera uma quest® crucial: qu quer contar a hisiGria do PHAN passa pel crivo daquilo gue a instituigto permite. O proprio PHAN se conta @ reconta em discurses oraig © em suas publicagtes que contém suas cartas, artigos, cédigos, leis © interpretacties. Excelente inventor de tradigtes, comegou a inventar a sua JA ao 5 fundar, @ desde hte ha& um processo continuo de reiterag#o, como demonstra um discurse do ent%o presidente do Tphan em 497is "Tudo ou quate tudo que fer preservado no “pais ~ cidades, conjuntos urbanes, conventes, igrejas, Ton palacios, — ¢ SaS, bens noveis, a paisagem, sitios arqueolégices, testewunhos diversos da nassa cultura ~ deve~ se 8 tarefa pertinaz e freqiientemente penosa do Service entio entreque & compet@ncia e dedicagio de Rodrige Mello Franco de Andrade, Servigo em seguida transformado ‘ox Diretoria e hoje em Institute, 0 Instituta do Patrinonto fonal.”. Histérico e@ Artistico Na 0 discursd @ de Renate Soeiro® © a situagio & um encontro da instituic%o na Bahia, mas poderia ser ocutra e@ outro discu eu carSter’ exemplar. O PHAN esta sempr sua criagio e@ sua impertancia frente acs seus pares, especialistas da 4rea e@ simpatizantes da “causa, @ se defendendo frente a seus detratores. Em textos eztritos predomina a mesma légica ~ seus documentos € sua histéria interpretada s&o editados pelo proprio PHAN ou outros servicos do mesma ministério, Funarte e Pré-Moméria e 34 0 ram; embora em edighes mais modestas desde o inicio de suas atividai Se is circunsereve sempre, Um documento fundamental para a criacko do SPHAN, © projete de lei S11 de 1936, assinade por Getdiio Vargas n%o consta de “livrinho amarelo"? que pretende ser 6. Renate Sooire foi @ segundo direter do EPHAN, sucassor de Rodrigo. 7, Protesto © Revitalizacae do Patrimonio Histérica e@ Artistico no Brasil: uma tratetoria /SEHAN/PrGeMemer ia. Muito utilizade, o “livrinho amarelo" reine documentos ¢ comentérios, desde os antecedentes do SFHAN até sua fusao com & Fundagta Pro-Mamarias oo tray poucos impadimentos para a pesquisa, a, abrangente, est& também ausente da Legislacie Brasileira de Protes%o aos Bens Culturais, publicada pela DPHAN em ‘i947, est& parcialmente reproduzide no folhete n.82 da Ministerio da Educacio e@ Satie, Protegio do Fatrimonio Histérico @rtistico Nacional, e@ se encontra bem guardade no bad & papéis de Rodrigo, que Carlos Drummond de Andrade organizou apos sua morte, e@ que o FHAN consulta quando quer ou precisa. A constatacks dessa Jogica de destaque © ocultameanto ¢ © argumento e a condig# da pesquisa. 0 universe estudada & 9 univ so que se enfrenta para estudé-lo, e a todo o temp informa sebre o ebjeto. HA censura e@ ha destaque en cada pasta e cada publicag%o. Fosse a inteng&o da pesquisa denunciar o PHAN, © que nae houve, apontar © patrimOnie virtual que valeria o estorge de buscar fontes antayonicas, que contassem outra historia, Todavia, « intengio & demonstrar como o PHAN con ruiu dia a dia © de diver: formas algo que hoje chamamos de memoria nacional ( seus criadores jamais usaram o termo , preferido ‘carater, identidade nacional, @ senda assumidamente naciona tas. coisa que j& no somos), que podemos acusar de historia oficial, mas que constitui um conjunto e uma tradigzo vibivel © palpavel. Ao se criar, 6 primeiro SPHAN 3A inventou uma traciczo que ia de Minas a Bahia © Pernambuc rr SXo Paule 1 pe 14 pelos paises cultos da Europa e chegava no Rio de Janeiro © ao Servigo @ seus homens. A um vinculo com o Estada, onde instituigao nao era um mero porta-voz, was seguramente un de seus esp & contraditérios. Ainda sobre as fontes, hA que se consider que todes 08 debates sobre conceitos, prioridades e-outros aspectos da pratica preservacionista foram pouco ptiblicos. Quande o personagem & Mario de Andrade,. para mencionar -o caso mais evidente, 25 questtes muitas vezes se resolviam por cartas — neo NRO por acaso sua correspondéencia com Rodrigo Mello Fr: ce Andrade ¢ fundamental. Em uma pesquisa antropoladica xO atual, a carta equivaleria certamente & fotoc, + & inform que temos © na&o podemos citar as fontes, aquile que o informante diz antes ou depois da entrevista, com o gravacor desligado. A informas%o com © gravador ligado, de ito oficial, ou aquils que probatorio, corresponde an docu se publica na imprensa. Uma etnografia da PHAN prescindir dessas duas fontes de informastio, e dev determinar seus limites. Hoje temos as tais cartas: as de Mario para Redriga- foram publicadas em 1981, as de Redrica para M&rio, sem as quais as primeiras s&o muitas v incompreensiveis, em 1987, ambas pela fundactio pré-Meméria Hoje @ um documento, mas que exige uma leitura com ressalvar j4 %0 Sto mais 0 que foram, do privado passaram mencionadas j& morreram ou n&o estes a0 piblico, as pessoa’ Mais nO exercicio de suas FUNGOES, © a edigko cumpr simul tancar a fungi de esclarecimenta e ¢ momenta co processo de reabilitag’e e enabrecimento de personagens Cada documento ¢, assim, um dado etnografico, que fala similtaneamente de si, de seu autor, de seu contexto, das condigtes que o produziram, das que fizeram que ele 2 tornasse um documento de pesquisa. Se a correspondéncia ¢ Mario @ Redriga possui evidente carater dialagice, os outros documentos possuem una dialagia virtual. H& interlocutores a serem destacades ou destruido nesses documentos. E ainda que seus autores sejam excritores, jornalistas, intelecluais © politicos, e muitas vezes - Mario de Andrads ¢ 0 exemple maximo ~ figuras intocdveis do pantet%o dos notaveis da intelig@ncia narional ~ nessa pesquisa eles xcelentes informantes. S%o 05 entrevistados que ja faleceram, que fornecem suas entrevistas por escritc, em textes e@ documentos onde tento inserir as questt]es oa pesquisa em cada lacuna encontrada. Os documentos do SF lo SPHAN, as pt os bens tombados nlicagties do SFHAN possuem aqui carhter probatéria, @ 5 us personagens, 36 obstante serem figuras .proeminentes, n&o poss Lem explicativas para es questtes virtuais que rematidas, Suas categoria! plicativas tornam: So Mario, Redrigo, Licie, @& © que escrevem sto dados etnogr&ficos, possibilidades, versties. 0 processe de selegzo, ocultamento © entesouramento do objeto SPHAN 6 continuo. As revistas do SPHAN, que serao analisadas s%o uma demonstragta dessa continuidade. Dos bens 46 tombadus ou inventariades pele PHAN, alguns merecem textos OU pesquisas; destes, alguns S#o publicados; anos depois, as revistas j& ¢ gotadas, € feita nova publicag%e, com os melhores on. A pesquisa repetiu esse processo, de alquma maneiray presentificando o abjeto. Selecianou'a PHAN dentre possiveis objetos para uma dissertasta, trouxe-e para, a discussie sobre historia intelectual tal como se faz hoje © para algumas: questties da antropologia que @ autora aprende a -praticar. A impress%o final, além do prazer da des pberta, que’ Maria. de Andrade j3& considerava o melhor resultado, @ a constatag3o de, para além dos discursos laudaterios ou detratores que o PHAN abriga, ter lidado com um abjeto sélido, resistente e multifacetads, de ter tentada recompor alguns aspectos de uma forte experiéncia que o estado brasileiro viveu, tanta do aspecto institucional como intelectual. @ reconstruct dessa experi@ncia evidericia o quanto a! nogtes mais corriqueiras a respeito de patriminio histérico e artistica foram construidas na insterseccto possivel entre condepgtés muito diversas. No legac do SPHAN h& espago para nacignalisma, influencias suropé tradicional, para @ ma&cionalismo modernista, para oO hacionalismo ufanista, para religiosidade, para luxo fausto, para restos toscos de um passado perdido. Esse B. PUBLICACOES FAUUSP/MEC/SFHAN: 17 + para o novo, para 0° conjunto furma um idioma tto arbitrario quanto difuso, que ser4 decomposto em quatro momentos. No primeiro capitulo, através do que chamei, a partir de um texto de um personacem, Luis Saia, de protochistéria do PHA + reconstruf as tentativas legais, discursive: e intelectuais de construir uma instituig%e que desse dos assuntos de preservagtio de patrimonio no pais. Elas nko criaram um servigo no moidez do SFHAN ~ @ © porqué desse insucesso @ parte dessa reconstrugto - mas tematizaram a quest%, além de langarem e debaterem conceites e NOGEES acerca do tema que foram depois rechagadas ou reinventadas pela servigo. Z QO segundo capitulo focaliza a criaczo do SPHAN, tematizanda as raizes de seu mite de origem ~ a inspiracko do servigo em um anteprojeto de Maria de Andrade. Sao cotejadas os dois documentos da criagto do SPHAN, tal como contam seus contadores de histéria: © SPAN (sem h) © o decreto-lei ne 25, de Mario (de Andrade) @ de Rodrigo (Mello Franco de Andrade) ~ que denominei o profeta © 0 sacerdote da instituicae. .' 0 terceiro capitulo analisa ,. através de decompasic#e em tipos, 9 conjunto dos hens tombados pelo SPHAN na gest®e de Rodrigo. & colesxo que aos olhos da instituicto representa o pais @ dess ombrada para compor mapas territoriais, temporais © tipolégicos do que foi casa tradigto inventada sobre materiais prévios. Se os dois primeiros capitulas recompt come’ o SPHAN foi concebida, 9 18 conjuntd desses quase 700 bens evidencia como foi essa pratiy se torna o trabalho do SPHAN, quando » @ au envolvia Simltaneamente ago @ reflexto. A pratica nao & assim posterior an conceito de patriménio, nem sua antecessora: € um dos momentos de construg%o desse conceito. Construgie que tem outra faceta nos textos que os Intelectuais do servico escreveram sobre os bens tombados ou @ se tombar. Encontramos ali os bens que mereceram estudo, as categorias de patrimOnie que no couberam nas livros de stombe mas tiveram seu lugar enquanta objeto de pesquisa, ox siléncios ‘© os debates. Também os autores com espace garantido, @ os que encontram na revista seu espasa dentre do quarto capitulo. do campo. S%o estes os desatio A publicagio n&o explica totalmente os tombamentos, nem os documentos fundadores, nem o SPHAN. O SFHAN ¢ pesquisa € construido a partir de Sas quatro dimenstes sua Proto-historia, seu documentos fundadores, sua pratica © seus textos. O conjunto possivel dessa colagem resulta tho he eroclito, difuso, multifacetada e@ por veres transparente quanto o préprie objeto, pois, coma j& foi dite, analisou-se © SPHAN a partir do que este permitiu, @ sua légica interna @ hombloga A com que trata o passado do pais. 20 ORTA" pO PHN No infcio dos anos 70 Luis Saia, © arquiteto que xta onde dirigiu o 4°: Gistrito do PHAN, escreveu um t qualificava de "heréico: os anos em que esse servigo teve Rodrigo Melle Franco de Andrade & sua frente. contrapartida, antes de 1957, quando o SFHAN foi criade, houve para Saia uma “proto historia", um pertodo de trabalho, de “muito amor por romantisno" 2 “pouco respeito | por desconhecinento”*, Essa apasigh entre periode herdico © proto histéria ( assim coma a oposig%o entre os anos até 1967 @ 0s posterioras) 26 ganha sentida porque 9 SPHAN fundou institucionalmente a proteg%o ao patrinonio no Bre 1 @ tomou para si a tarefa‘de relatar esse momento fundadar. 86 ha um prot -SFHAN porque depois houve o SPHAN. 0 PHAN. d fe sua fundegto © em suas diversas sempre contou @ recontou seu mito de origem. Com pequenas variagties, essa narrativa remonta ao modernismo @ a0 escritor MArie de Andrade, mas admite alteractes conforme o interlocutor e a situag&o. Guer dizer. narrative que, ainda que com um niclea comm, alters no tempo e conforme a quem se dirige. Uma historia plena de her6is, que 1+ BAIA, Luts "Ate 1967, a fase heréica" Cd Arquitetura juncionérios, diretores & pessoas ligadas ao servico repetem em discursos oficiais, documentos internas eu de circulasko mais ampla, sempre de modo incompleto, com lacunas. Uma historia mitica e presentificada ~ como toda historia - que conta tanta sobre seu objeto como sabre seus relatores. Sue tem inicio em 1937, que remete tudo que é@ anterior a ela a uma proto~historia @ tem a fim de seu perioda heréico com a morte do fundadir Rodrigo Mello France de @ndrade. Esse capitulo @ uma tentativa de reconstrugto dessa “proto historia" até a fundagio do servicgo, baseada nas fontes propiciadas préprio PHAN. € uma prete-histeria do SPHAN, utilizands as verstes de seu personagens principais, Que S%o olhade: rmantes ora coma comentadores: da informag%o documental. Em outros termos, a instituicke é trabalho um objeto © seus funcion&rias, por ord For intelectuais que sejam, s%o os contadore: esta rarto, no texto tornam-se muites vezes apenas Rodrigo, Nério, Carlos, Saia, Helot Yentei unir as diferentes verstes fragmentadas da historia que o SPHON selecionou © repetiu enquante selecionave @ contava a histéria do pats. fi proto-histéria que exponhe aqui @ uma colagem das variaches n documentos, discur encontradas — ¢ se artigos da instituigxe, © -cherada com documentos “, sejam eles originais, ou via o relate @ as citactes de Redriga Nello Franco de Andrade ~ Rodrigo. Tal rolagem compte uma versio de referencia, qué nao exclui a possibilidade de versties contrarias. No entanto, auto ela permite o acessa & ldgica com que o PHAN representa, andloga & légica com que o Vigo representa o pais. Recompor esta trajetoria nem sempre linear, & situa-la ho campo intelectual @ institucional que Ihe confere sentida sto, ents, oS objetivos des pitulo @ do seguint Trata-se de verificar como, via leis @ instituigtss, foi se formando no Brasil o que podemos denominar “eampe do patriminio", cu da “campo de preservacko". Os projetos apresentados a sequir sao distintos em suas definighes sobre "o que" © “para que" preservar. Revelam também uma disputa entre estades sobre “de onde vem a definicxo do que @ © acerve do pais ~ posteriormente definighes v%o se reproduzir no interior do trabalho 19% SPHAN. Tes , porém, um denominador comum quando 9 SPHAN foi criade por decrete, nenhum prajeto de lei. com « fim foi aprovado pelas vias legais. © Brasil para Portugal: una coltnia, mas no um objeto da histéria No pertedo colonial ne, houve nenhum projeto de lei que protege: qualquer bem cultural brasileiro, 9 que seria impraticavel em uma colonia onde tude foaer. Toda iniciativa a respeito, se houvesee, deveria partir, da Metropole. Em 1721, D. dove V editou uma carta de lei cule objetivo era proteger e inventariar os edificios histéricos portugueses. Sua intengo era defender as monumentes do tempo em que os fantcios, S dominaran godos @ arab regito onde se. formou Portugal, assim como incentivar estudos a esse respeito por parte de especialistas Todavia, © Brasil se encontrava fora do raio de alcance de que n&o atingia suas coloni No Brasil colonial, @ primeira mengao sobre o tema data do s@culo XVIII. Trata-se da iniciativa de D. André de Melo © Castro, Conde das Galveas, qu © 1749 foi Vice Rei do Estado do Brasil. Ao sul igo de Governador de Pernanbuco de Transformar o Palacie das Duas Tor construide por Mauricio de Nassau ~ em quartel, redigiu = 1942 uma carta argumentando pela construgiy de um nove sdificio nos sequintes termos: aoe “Pele que respeita avs quartéis que pretendem muder para @ Palacio das Terres, ebra do Conde Mauricio de Nassau, en que os governantes fazem a sua assisténcia, me lastino muito que se haja de entregar ao uso vielente @ pouse cuidady dos soldados que em pouco tenpo reduzirte aquela fabri una tetal diszolt ainda mais me fastima que, com ela, se arruinard também una wemdria que mudamente estava recomendands & posteridade flustres e fam Ss agtles que obraram os Portugueses na Restauragto dessa Capitania.( as fdbricas em que se incluem estimdveis crrcunst@ncias ) s%o Livros que -falan sem que seja necessdrio 10~los cine Dig nlutawente, para defensa -dessa Praga, Palacio, © com ele uma mendria tho ilustre, ‘peciéncia, porque esta mesma desgraga tn experimentado outros edifficios igualmente famosos:(...)"* Como todas as iniciativas anteriores a 195) nZo houve qualquer efeito prétice., No mesmo, século, temos outro documento do quai so restaram fragmentos, equisitands o que poderia ser nosso primeiro estude sobre as artes plasticas brasileiras. Trata-se da ordem régia de D, Maria I, de 20 de julho de i792, que de que @ gevernador da Capitania de Minas Gerais mand fazer “uwas meadrias anuais dos noves estabelecinentos, fates @ casas mats notdveis e dignos de historia que tivessen sucedide desde 2 Funda o desta capitania.” Fodemos notar nessas duas iniciativas independentes, ainda que proximas no tempo, uma preacupagae, com os testeminhos da histéria recente © mesmo um olhar do presente para o futuro, uma vez que a intengto era salvaglardar os resultados materiaic de um processo ainda em curso. 0 documents resultante do pediso de D. Maria I deveria ser examinado por todes os membros da Camara, de modo a garantie sua autenticidade e veracidads. @ texto contenda 2. Esse documento est& parcialmente reproduzida em HEC/SPHAN/Pré-Memoria.Protegto 2 revitalizagao do Patrimonio Cultural no Brasil: uma trajetéria, Brasilia, 1980, © também parcialmente repreduzida em artigo sobre o referide palacio ha KPHAN 10, Rd, 1946. Q trecho acima transcrite une as duas versties, que se encontram ao longo do texto. tais informagtes foi escrito pelo vereador sequnde da Camara Municipal d@ Mariana, © resultou em um resumo historico de arquitetura e da escultura mingira no pertodo de seu maior apogeu. Deste trabalho sé restam fragmentos. Mas, pars Rodrigo Mella Franco de Andrade, trata-se oe dna contribuigko singular, pois nao iste noe arguivos brasileiros utra registro que, como este, demor preocupagko com as artes @ arquitetura como “fate netavel & digne de histéria”* . Mais do que isso, era a consagracto de uma cidadé importante, sede de bispado, & que foi a primeira cidade planeiada do Brasil. Em 1909, © principe regente D. dJo&% , am visitar Igreja Vitéria, em. Salvador, determinou que fesse reconstruida, © suas primitivas lapides, cam inseriche res vuradas © refeitas? . Em 1822, 0 mesmo principe regents ardenou por ato acs Tribunais, Ministras e Oficiais 6a dustiga e da Fazenda “deste reine e seus dowfnios” xs sequintes medidas, que visavam reiterar a primeira led portuguesa a respeito: “Hei por bem suscitar @ dispesigae de Alwara de Lei de 70 9 agosta de 1724, pelo qual o senhor Rei d-Jo%o Quinto, meu 3. ANDRADE, Rodrigo M.F. "@ proteg&o do Patrimonio Histerico ho Brasil’. Trabaiha apresentado ao Congresso de Histéria ca Arte © MuseGlogia, Nova Torque, 1954. Cépia do Arquivo do SPHAN, Rio de Janeiro, pasta Geral Il. 4. 8 inseriches lapidares ~ mas m&o a ioreja ~ foram tombadas pelo SPHAN em 1939. Q& respeito ver CARRAZONI, Melisa Guia dos bens Tombados. Rio de Janeiro, Expressso © Cultura, 1980. avO, ordenara em Beneficio da Academia Real de Histéria Portuguesa conservagte © integridade das estdiuas, en ndrmores , cipos, Iaminas e outras pegas de antiguidade. que se achassem figuras, Ietreiros ou caracteres, 0 qual alvaré mando nevamente publicar para se por em inteira ob rvancia, a bem da Real Biblioteca de Lisboa, Determine, porém, que as fungtes ‘no mesmo alvaré deciaradas pertencentes ao Secretério da dita acadewie, quanto & correspondéncia com as Cana bre monunentos que se acharem, fiquem pertencendo ae Bibliotecdrio maior da dita Real Biblioteca...”° Para Rodrigo Melle Franco de Andrade, n&o existem evidencias de que essa iniciativa tenha surtido quaquer efeite pratico no Brasil. A préxima medida preservacionis a acontece em 1855, j&4 apos a Independéncia. Um aviso do Ministre do Império incumbia os Fresidentes das Provincias de relacionarem e remeterem & Biblioteca Nacional uma copia da epigrafia das respectivas regites. 0 ministro, mais tarde Visconde da Bom Retiro, pedia ao diretor de obras piiblicas da corte “que tive: e- 0 maior cuidado na reparagio oe nonunentos, a fin de que n&o se destrufssem as inserigtc que porventura nele estivessen gravadas.”° 5. N30 foi possivel consultar o documento ‘original. @ citacio do mesmo esta no j& referide trabalho de Rodrigo Mella Franco de Andrade. 6. Idem. @ referencia a esse documento ests em Protecxo © revitalizag&o.-., op.cit. ot oo n&o faz qualquer referencia a monumentos sem inscrigtes, antigos ou n&o, Dewnnstra, contudo, uma preacupagto per parte de setores do governo imperial em catalogar © coligir documentagdo histérica. Trinta e dois ano depois, Alfredo do Vale Cabral; chefe da secao, de Manuscrites da Biblioteca Nacional, percarreu as provincias da Bahia, Alagoas, Pernambuco @ Paraiba, a fim de recolher a epigrafia dos monumentas dessa regizo7. Entre esses fates isolades, essas iniciativas sem @xito, € 0 que tomaria corpo na primeira metade do século Vinte, h& um vazio. Segundo Rodrigo Mella Franco de Andrade, a despeite go interesse do Imperador Pecro Il por assuntos histéricos, s| u. reinado se encerrou sem que fosse tomada qualquer providéncia legislative no sentido d= se organizar a preservasxo dos monumentos nacionais. No entanto, havia histerd um claro projete de reconstruc%e do pais, no via monumentos , mas sim proposta pelos institutos histéricos fundados em meadas do século © Cujo apogeu se deu hos Gitimos anos do Império. A semelhanga de um servicgo de patrimonic, a tarefa desses institutos era a uma sé tempo guardar e@ compor uma histéria @ um passado nacional. Porem. © isso é fundamental, o8 institutes ~ dos quais se, destacavam 0 Instituto Histérico e Geografice Brasileiro, Instituto Arqueslégico e Geogrfico Fernambucano e@ © Institute Histérico @ Geogrético de S%o Paulo ~ tinham em 7. Idem p 13. suas fileiras nobres diversos, individuos “de mérito", esctrevendo antes de tudo biografias, compondo um todo ém que pesa o diletantismo que © discurso de SPHAN posteriormente procuraré combater.? Também proximos de um serviso de patrimonio em suas atribuicBes eram os museus criados no século XIX no Brasil, a saber, o Museu Nacional em 1818, © Museu Goeldi em 1844 © o Museu Paulista em 1874. No caso do Museu Nacional, importante e que retomaremos posteriormente, havia um destaque para a Antropologia, entendida como uma rama das Ciencias Naturais. D Museu Paulista em seus primeiros anos formou uma colegio de méveis, cristais © porcelanas que hamenageavan & elite paulista (SCHWARCZ,1999:56). De qualquer mancira, assim coma o Museu Nacional, o também chamado Museu do Ipiranga vai ‘retornar ae campa do patrimOnio no préxino s@culo através de seu diretor Afonso d’Escragnole Taunay que colaburaria com a Revista do SPHAN no inicio de suas atividades. Diferentes dos Institutos, os Museus eram e se pensavam como lecais de ciéncia, enquanto que os primeiros eram claramonte oficiais, criados para inventar a historia do Brasil e@ construir uma memoria - © os institutos: 8. Na verdade seria uma redugéo qualificar os institutes Simplesmante de projetc imperial, uma vez que estes si remodelam com a Repablica, e@ uma vez que mesma no séc n%o chega a haver exatamente uma ruplura entre os "Velhinhos" dos institute © oS intelectuais modernistas. A respeita dos institutos, ver SCHWARCZ, L.M. "Os Guardifes da Nossa Histéria Oficial", S%o Paulo, IDESP, 1997. tu 8 utilizavam esse termo - nacional. Porém es museus, mantéo uma semelhanca com as institutes na medida em que coletan uma certa histéria do pais, seja através da cultura material que abrigam, seja através da ciéncia que, ainda que de forms restrita, propagam? ® primeira republica Se no curto periodo Imperial brasileiro nada se pela preservago do patrindnio do pais, apos « Proclamaste da Repiblica, os novos cirigentes tampoure tonaram qualquer iniciativa a respeito. Ao contrério, nesse periods ¢ conhecida a queima dos arquivos relatives & escravidzo por iniciative de Rui Barbosa.*? Durante esses anos, segundo os relatos do SPHAN, apenas alguns particulares, antiquarios, diletantes, escritores como Aratijo de Porto Alegre, fratijo Viana e Afonso Arino por vezes se lembravam de pedir que alguns bens arquitetonicos fessem preservados. 0 espage de Manoel Ar aie 9. Schwarcz Lilia M. “A era dos Museus", in MICELI, Sergio (arg) Historia das Ciéncias Sociais no Brasil S%o Paulo, IDESF/Vértice, 1987. 40s Curiosamente, Rud Barbosa realizou uma conferéncia ne teatro de Ouro Preto em 1910 onde, num tom parnasiano muito proximo ao que Godofrede Filho viria a escrever na RSPHAN, disia que Ouro Preto no se aniquilou com a aus@ncia de sua vida oficial, pampa e riqueze. "A vitalidade da velha metropole mineira nasce das qualidades imatas ao seu papel native, singular, necess&rio na expans%e moral do Estado © da Unize." 11. Segundo Rodrigo, Aratijo de Porto Alegre e Araujo Viana foram os precursores dos eetudos sobre arte colonial no Brasil. Afonso Arinos era seu parente. de Porto Alegre © Araijo Viana era o Institute Historico e Geogréfico brasileiro, onde realizaram trabalhos pioneiros sobre a tema. Aratijo de Farto Alegre escreveu sobre pintura tradicional, escultura do periodo colonial © arquitetura religiosa, focalizando as igrejas do Rio de Janeiro. Segundo texto de Rodrigo, seus “confrades"’ do Instituto Historic lhe rogaram que elaborasse um ens lo nos moldes do que escreveu sobre a pintura, desta ver sobre o patrimanio arquiteténico do Brasil. Seu sucessor Aratjo Viana tentou -suprir esse tema e em 1904 publicou em A Noticia artigo que relata: “coma tude quanta @ antigo no que diz respeita a edificacio particular tende a desaparecer, tomei 0 conpromissa de ir registrando nestas colunas ligeiras notas de arqueologia urbana do Rie'de Janeiro."** @s iniciativas seguintes, mais articuladas, 56 volt. iam a aparecer, como j& dissemos, transcorridos vinte @ poucos ancs desse século. Fica deste periodo que j& havia no Brasil, de algum modo, intengtes de preservagio que poderiam antecipar a criagto de um servigo de patrimQnic, medidas guardits de objetos © papéis, e@ criadoras Je historia(s). Os relatos posteriores ao SPHAN, que eScrevem @ inscrevem essa proto- historia, destacam sobretiide o documento de D.Maria I, por possibilitar a recuperagto @ criac%o de um virtual sentimento mineire de aprego e cuidade com seu patrinonio. 12. Citada por ANDRADE, 1987786. Qu s ja, permite a construg%o, quase que de uma dinastia, onde 68 mineiros zelariaw por seu barroco desde o s ule XVIII. m disso, esse documento de D. Maria se perdeuw seus fragmentos s6 s%o conhecidos porque foram transcritos por Rodrigo Bretas, bisavO de Rodrigo, em estudo sobre o Aleijadinhe que ¢ tido como o primeire do Brasil. No bin®mio museus-institutes, a historia passada era criada e guardada via objetos, no primeiro caso, © documentos, no segundo. & historia evocativa, oni ‘monumenta assume carater probatirio, viria com o SFHAN. Fara este, faltavam, mo entanto condigtes politicas, mas principalmente intelectuais para que pudesse surgir servigo noy noldes sto SFHAN. Faltava”uma fede de apote que incluisse um -ministério, servigos cong®neres, enfin, uma politica que colocasce a cultura de um lado, como algo que no: perdm, wm: de KGtrO) ac Mu Histérico Nacional -da tarefa-de assistir e° defender o patriménie da nage, ponfificando a necessidade de “um aparelho técnico, autdnono, inediatamente subordinade Hinistério da Educagio, isso @, em igualdade de condi! a estabelecinentos de categoria equivalente™?.” José Mariai no Filho considel Va as atribuicgtes do Mus nitidamente delimitadas, @ assim propunha a criagto de uma Inspetoria de Monumentos Pablicos de Arte, suberdinade so Ministério da EducacZo, Na definig% de Marianne, per patrimanio se entende ” os monuwentos arquitetdnicos que apresentem real interesse artisticos, e cuja co rvagto 28 faga necesséria ao estude do desenvolvimento xrquitetsnico da nego.” Contude, seu projete Aaa previa a inclus reproduzido em Rodrigo e 0 SFHAN, Rio de Janeiro, Fundagto " procMemSria, 1987, p &7. 29. sees dois personagens nXo fazen parte da historia oficial do SPHAN. José Marienne Filho passou por disputas severas com Liicio Costa ma Escola Nacional de Belas Arte: Augusto de Lima dr. fez criticas aos trabalhos do SPHAN nos primeiros anos, no que foi rebatido por Rodrige. BO. "Comiss%¥o de parecer ao projeto de decreto que dispae sobre a defesa do patrimdnio histérico, artistico = tradicional do Brasil’, 1924. Arquivo SPHAN, RJ. imoveis de valor e@: cluszvamente histérico, que deverian 1 Historico Nacional. continuar sob a guarda co M Essa tltima athibuic&o evidencia um aspecta crucial da constituiczo do campo do patrim@nie no Brasil ~ n&o se conhecia o acervo a ser preservado. Havia uma nogXo prévia de que estados como Pernambuco, Bahia, Minas @ S%0 Pawo possuian bens a se proteger ~ justamente seus representantes estaduais ou federais propunham essa proteg%o. Mas é visivel que @ criagto de um éra%o piblico nos moides desse service respondia tanto & urgéncia de medida acerva previamente conhecido como A necessidade de que protegessem um descoberta @ conhecimento do que viria a ser o conjunto dos bens tombados do Brasil. T&o urgente quanto proteger um Exceto por casos mais evidentes, em que JA havia uma icadixto de c@dihar @ eetieme aaduaens 18a - eon acontecia en Minas, Pernambuco, Bahia #,, de modo diferente, io de um acerve Sk0 Paulo — n%o havia um conhecimento pr nacional. Como veremos no coniunte do que se tembou, as construidas nessa iniciatives estaduais e as definigt preto-historia nortearam # politica nacional: foi onde ja havia uma tradigzo de se guardar tradictes que o SPHAN realizou seu trabalho mais acabado, Tombou-se muito daquila ava "de mérito". Cristalizou-se, atraves que j& se consid: do tombamanto, muito do que j4 estava pretigurade em toda a discuss%o anterior A criagtio do Servico, desenhands assim uw mapa do pais j& existente hA muito para tradigtes de 0 1 lideranga local de tados como Bahia, Minas Gerais, Pernambuco & S%o Paulo. A existéncia dessas nogties prévias, ainda que pouco explicitas do que deveria ser preservads ¢ © Plificada por uma carta de Mario de Andrade a Rodrigo em i937. Dizia "E Ad o problema geral de S%o Paulo. Voce entendera conmigo que no € posstvel entre nds descobrir maravilnas espantosas, do valor das mineiras, baianss, pernambucanas paraibanas ew principal. A orientagko paulista tem que se ‘adapter ao weior primando a preocupagRo histérica & estétice. Recenswar 2 Tuturawente tonber » pomes gue nos resta seiscentista e setecentista, 03 wonumentos onde se passaramn grandes fates histéricos. Seb e ponto de vista estético, mais’ que a beleza proprianente (esta quase- n¥o existe) tonbar os problenas, as solughes arquitetinicas mais caracter{sticas e originais."(Andrade, 1981:69)™4 A Constituiglo de -i934 dedicou seu capitulo II a Educag%o @ Cultura, @ seu artigo 149 dispunha que: "Cahe @ UniBo, aos Estados e aos Municfpios tavorecer e aninar 0 desenvolvimento das ciéncias, das artes culiyra em gerai, protager os objatos de intaresse histarico | e@ (0° patrindnio artf{stico da pats, bem coma prestar agsisténcia ao trabalhador intelectual.” A partir de ento um principio .constitucional, a politica de protege ao patrimenio pode dar seus primeiros St. Voltaremos a essa quest%o no capitiule IIT. passes. Valendo-se de seu novo regulamento, o Mus Histérico Nacional realizou as primeiras obras de conservacdo em Ouro Preto as custas da UniXo, embora seu regulamento he conferisse apenas uma tareta, a “inspeste aos monumentos nacionais.” Ou seia, o tombamente de Gura Prete foi mais de que uma medida proclamatéria ~ a partir do Museu Nacional, comega ali a politica efetiva de protecia ao patrimonio do pais. Em carta a M&rio de Andrade, Rodrigo menciona um ‘decrato de 1934 , n®- 24.3370 que apravou o regulaments do Conselho ‘de Fiscalizagio das Expedigtes 4rtisticas ¢. Cientificas no Brasil™*. Em 1938, o-Primeire Congresco de Proteg’o &,Natureza aprovou um voto para’a criagko de um Servigo Técnico Especial de Menumentos Nacienais, com fung%o educativa, e ligado aq Ministério da Educacko e Satde Publica. Anda om £955 Aratlia Pinhe rebpresetin Wel aroswte & Camara Federal, mas a documentas%o zo rece o que aconteceu depois. 0 préximo passo inaugura uma nova fase, pois 34 @ parte da hist6ria da politica cultural no Brasil. Ou.melhor, ¢ 0 mito de origem dessa politica: o anteprojete do SPAN- Servigo do Fatrim@nio Artistico Nacional-, redigido pelo polivalente Mario de -Andrade. 32. in @NDRADE, 1987:122, op.cit. Introduczo *o ererercura se 8% Paulo. Expus~lhe 0 verte ge Edusus®o 9 trabalho’ de que fora fieuMeEge, x Sues OND pbstante Desusse 2 apenas @ orpantrasmy do “Service do 0 de. projeto que se nee de prateréy ao “Carlos Drummond de Andrade relata que quanda a DPHAN completou 20 anos de trabalho, Rodrigo reuniu seus fuggionarins @ contou a eles a histria da instituicza, wtinada Literadeente do nada a 19 de abril de 1936, quanto ¢ ministro Gustavo Capanema pedin ao Sr. Getuiio Vargas, @ obteve, autorizas%o para’ criar experimentalmente um drgte dria até ent%o protetor de nosso acervo de arte @ hi abandonade.”(arifos adicionais J. Em A Ligdo de Rodrigo. 64 Coexiste na histéria do SPHAN uma oscilacto entre uma proto-historia © um ato inaugural inédito, que seria a criag&o do servico. Os textes de lei analisados no capitulo I, em que pese sua inoperancia, demonstram que quando o PHAN foi criado, a preservagdo do patrimonio brasileiro 3&4 estava bastante tematizada. Na fala de Drummond, todavia, aquilo que Saia denomina a proto histéria @ reduvido ao nada © surge Capanema como o criador mégico, 0 autor da idéia. O SPHAN nasce nesses relatos sob o signa da ruptura®, seja com uma tradic®o equivocada, insuficiente, indeseidvel, ou om a inewistencia de tradicto. A instituicao exemplar que @ o-SPHAN tem seu mito de origem repetide de odo intermitente, com poucas variagtes + 1) Mario de Andrade, a pedido ge Gustavo Capanemay escreveu um texto sob a forma de anteprojeto, onde sua visio de mundo modernista foi -canalizada para a criac%o de um servico puiblico federal de protecko ao patriménio; 2) seu trabaiho resultou em um texto que é um modelo, mas que recebeu alguns acertes para tornar-se um texto de lei; 3) a partir dessa segunda versdo foi criado o SPHAN, pelo decreto-lei n. 255 heréica da instituicwe, fase que Ay Sniciéu-se ent%o a fase Se encerrou com a aposentadcria © a morte de Rodrigo. 0 mite se encerra cém a fase herGica, mas sua origem ainda persegue a atividade do SPHAN, de duas maneiras. De um lado, @ tragada uma histéria linea da instituic%o, una 2. Essa idéia de ruptura vai ressurgir na criagto da Revista do Patrimonio, que analisaremos do capitulo IV. 65 seqgili@ncia sem dilemas que vem do trabalho de Nario até a atualidade - do trabalho de Mario criou-se o SPHAN que cresceu @ tornou-se Diretoria, Institute © Subsecretaria. 4 Gnica ruptura admitida nessa trajeteria ¢ o fim do per: heréica com a aposentaderia e morte de Rodrigo. Inici ent®o um periods. com diretorias menos estaveis, cria-se uma fundagtio - a Pré-Memoria, @ temos ness= momento, na década de 70 0 segundo aspecto onde o mito de Mério n&o abandena a instituic%o. No periodo posterior A fase heréica, lig%o de Maria, no exemplo de Maria, que aparece como que reivindicanda um resgate, como se houve: um verdadeiro SPHAN, 9 de seu projeto, uma origem a ser recuperada ~ o SPAN sem "h" de Mario torna~se uma meta.> No fosee por essa duplicidade entre mito © meta, entre um SFHAN virtual, presente no anteprojeto de N&rio e u SFHAN real, aquele que nasceu do texte de Rodrigo, a comparag%o entre os dois textes e seus autores n%o passaria de um exercicio y&o, Afinal,; o trabalho de Mario foi tio ineficaz quanto qualquer outro da proto-histéria da instituic&o. Contudo, permanece no horizonte da pratica S"Ressuecitande-se N4rio de Andrade © Macunaima, pretende-ce na Fundagzo Nacional Pré-Memoria, realizar o sonho de MArio para 0 SPHAN, sonha madernista de dimensGes quase infinitas. 4 cultura do povd, 4 ser preservada para a consolidagio do carater nacional, & tudo." F texto, da funcionaria de SPHAN Regina Lopes, publicade Revista do Patrimonio ne-22, @ ilustrativo desse mito do reterne a uma erigem menos corrompida, que ¢ o patrimonio tal coma o concebeu Mario de Andrade. Essa imagem attica retorna com frequencia quande se fala do Centro Nacional de Referénciz Cultural @ da Fundag&e Pro-Meméria. Preservacionista como, aquilo que a SPHAN deveria ter se tornado nwo fossem as circunstancias externas — Estado Novo. Gettlio Vargas, etc. Tal discurso, que caricature: intencionalmente, pe por obscurecer alguns pontos da his “Em Loria do SPHAN. primeiro lugar, fei no govern de Getilio Vargas que o servigo ganhou bases provisorias, @ mai : foi seu pertod: mais produtive: Em segundo lugar, Maric se tornow u funcionério do SFHAN e@ seguiu uma linha muite préama ce Rodrigo, do privilégic concedidoe ao bem imovel, as "coil! com uma atuag%o pouce préxima Lquile que preconizava em seu anteprojeta. Se h& um discurso laudatério do SFHAN, presente nos textos publicadas pela instituigte ou por instituigtes prévimas — FUNARTE, ete*~ ha um outro diecurso, um FF altes funcionéries da contradiscurso, também proferida pi instituigo, onde a critica A gest%o de Rodrigo toma a forma, especialmente durante @ apos gest®o de Aluisic Magalh%es, do elogio & da proposta de retorno as idéi Mario. 4, Aspecte 34 explorade na introdugtin desta dissertagto. && 5 de Mario Brockman Machado® vocaliza essa vertente ao se indagar criticamente que historia , memoria e cultura tinal, recebem eseo adjetivo de meméria nacional. Adjetivando, num discurso caracteriatico desse periode de revis%o do SPHAN, © carater restritivo de seu conceito ‘de patrimonio, © autor destaca algumas medidas de renovagio @ arejamento ocorridas nes anos 80: “Foi 9 periods de Aloisio Magalhwes, e @ ‘de justicga que se destaque o estergo entio realizado de re’ uperagzo do conceite mais amplo de patriménio national originalmente formulado por Mario de Andrade." (1984213) Joaquim de Arruda Falexo também estabelece uma polaridsde entré o rico @ ousade trabalho de Mario e 0 restrito decreto que cricu o SPHAN. E do mesmo modo sublinhs os trabalho dos anos 80, notadamente © Centro Nacional de Referencia Cultural como um certo reterno. Ainda que recunhecends a import&neia do SPHAN, pois este colocou o Brasil no roel dos paises que servam seu patrimtnia, FaleBe” constréi um discurso entre o elogie @ a dentincia, @ & quase em tom de delagto que afirma que essa politica federal se reduziu aq monumente de-pedra e@ cal e Aquile que 5. Subsecretério da cultura no Ministérie da Educagzo © Cultura durante a gestko do ministro Rubem Ludwig. 6. 0 CNBC, assim como & Funarte, foram criades em 1975, durante a gestde de Ney Brag 7.Joaquim Falc%o foi pesquisador da Fundacto Joaquim Nabuco © presidente da FundagSo Pré-Meméria. 68 representava a elite religiosa, econdmica e politica do pais. (1984:27,28) Enquante os discursos laudatéries proferides pelos funcionarios remanescentes ¢ a fase heréica do SPHAN buscam aproximar @ estabelecer um elo de continuidade entre ‘os trabailhos de Mario e de Rodrigo, onde inteng&a e pratica de preservagto formam uma totalidade coerente © sem fissur os discursos d@ dentincia, ainda que dentincia int no intuito de demarcar diferenca dos trabathos futures, constroem essa clivagem entre os dois trabalhos. Surge assin um SPHAN das intengtes fracassadas e@ outro da pratica vitoriosa. 0 mito de origem Ha diferengas entre a proposta de Mario @ o decreto-les ne 28, de intencio e natureza. Marie redigiu 6 que ob projetos pioneires chegaram a esbocar em alguna medida + uma teoria de preservacto, Dentre todos om projetos, aprovados ou n&o, @ 0 que procura prever com mais detalhamento c que deveria ser preservedo. E o decreto é estritamente um texto de lei. Gutre specto fundamental € que o anteprojeto de Mério n&o tinha qualquer tom meworioss, Patrimonio em seus termos era o residue do passado mas era também sincronia: o folelore vive, as tradicgtes populares, © saber fazer. Fotografava o passado, procurava apreendé-lo através do 69 sentide que sua contemporaneidade, por atrasada que fos: parecesse, lhe conferia. © que teriamos, ent&%o ne confronte entre os dois textos? Em primeiro lugar, o didlogo entre mario © Rodrigs- Que @ mais calcado na diferenga e complementaridade do numa identidade especular. Em segundo, a auto-representag&o do SPHAN. N&o se trata de verificar se esta representaste & falsa ou verdadeira, ou de contar outra histor tampouco de supor que seus personagens desconhegam os textos em quest%o quanto repetem incessantemente G mite. A origem no trabalho de M&rio de Andrade & um dogma no camp presery Gt no Brasil. Dogma ne sentido religiosa, como empregado em por Edmundo Leach :" Pode parecer surpreendente que os homens persistam em expressar crencas formais que s%o palpavelmente falsas, mas n¥o se chega a parte aiguma apli javse cAnones de racionalidade # principius de te. Tudo oc que © analista pode fazer @ observar as circunstancias nas quais o degma falso € afirmado e estuder de outras maneiras o contexto da afirmag%e."(Leach, 19: 129 0 texte de Leach ilumina o problema ( mesmo tenda out questao © outro objeto), uma vez que remete a compreensie do, dogma n&e as palavras, maz ao contexto em que estas szo proferidas. Repetida em textos oficiais, em aberturas de encontros, @m momentos rituais, essa origem em Mario fnidrade @ hoje parte fundamental na histéria que o SPHAN conta i mesmo. & uma historia ideolégica, no sentido que Permitem que os personagens do SFHON se interpretem, se Jegitimem a partir dessa erigem no modernismo ~ um tom argumente contra qualquer acusac%o de passadismo ou conservadorisma. de fornecer base, legitimidade, Jo fundamentos, 0 mito de origem apanta para o futuro: aplica ou nfo, tudo se passa comm sa o projeta do HAN fosss a projeto de M&rio, e qualque corrigir. & uma histéria que opera como meta, como o desvio é ents algo a se contraponto perfeito para o SFHAN real, aquele de decrete- lei ne: 25. Esse aspecto ideolégico, presente tanto na histéria que © SPHAN. constréi sobre o Brasil como naquela que sobre si mesmo poderia nos conduzir a um terreno move pois nas definigties marxistas tradicionais o termo ideologia traz consigo a idéia de representagao ilus6i ia que legitima uma ordem social. Maurice Godelier (1981:190-192) recoloca o dilema em termos antropolégicos e precisos. Tomanda como paracigna de todas as representagtie ilusérias que ot vive as representagtes religiosas, afirma que todas as representagtes que o homem tem de si e do mundo e@ que organizam suas atividades, contém - @ ai Godelier retoma Lévi-Strauss - um tesoure de conhecimentos, que fermam uma cifincia do concreto. Mas, se indaga, se h& representagties ilusorias, s%o iluserias para quem? "Nie para aquele que acreditam melas, mas para tedes sauel que n%o acreditam melas ou n&o acreditam mais. Fortanto, ilusérias para outros, para nés por exemple, que podemos Ihes oper 70 interpretagtes diferentes do mundo que nos parecem mais comprovadas, mais verdadeiras, sendo as Uinicas verdadeiras For definigto, conclui Godelier, um mite s6 ¢ um "nite" para aqueles que n&o acreditam néle e aqueles que o inventam os primeiros @ acreditar. Criadores do campo do patrinénio, Mario, Gaia, Rodrigo, Lucie © todos os outros personagens creem claramente na clivagen entre ‘prote-histéria @ SPHAN, entre anos mais @ menos heréicos, nos discursas que a instituict%e proferiu por anos para si @ para a opini&o publica. Tal crenga repousa no sucesso da empreitada, pois apenas uma politica cultural tho bem equacionada @ sucedida como o SFHAN poderia manter mites dessa nature: aca seu respeito e@ torna-los dogmas no questionaveis. Verdade, diziam es T1517 € uma glosa de mana, © liga-se so pader de faze com que algo exista, do nesmo modo que uma as%o que fracassa por falta de mane torna-se uma mentira. Cientes do sucesso da empreitada e@ mais, construtares iménio intelectual compartilhade por grupos @ geractes, os personayens do SPHAN sé poderiam solidificar sua origem mitica, que hoje cumpre exeminar. Feitas essas ressalvas, passemos aos dois anteprojetos e «um terceira, © oculto mediador que foi a lei n>-S4i. 8. Citados por Hocart em 1914 © retomados por Sahl ins(1990). Do texto A lei: o SPAN eo 25 O texto de Maric, o anteprojeto de Servico do Patrimanio Artistico Nacional ~ SPAN ~ principia ror onde o texto anteriores deixaram lacunas: explicitando sob a forma de categorias 0 que deveria ser servado ~ para ele, todas as obras de arte. Seu projeto ¢ abrangente, a ponts de incluir, © isso foi aproveitado no decreto definitive, inclusive manifestagtes artisticas estrangeiras, 9 que rompe com particularismos estaduais @ mesmo nacionais. Mais do que os respectivos trabalhos, as figur dois @ndrade, Mério e Rodrigo, permitem um contr complementar. De um lade, um escritor polivalente, com va obra, uma participac%e crucial na semana de 22 e transito entre os intelectuais de varias areas e@ entre a elite paulistana, @ uma carreira de homen publico que circunstancias externas (ou sua inabilidade para lidar com elas) sempre truncaram. De autro, © advegado. que t literatura pela carreira burocratica, 0 escriter de um dnico @ elogiado volume de contos, © jornalista mineiro que acompanhou @ divulgou a Semana de Arte Moderna eo modernisma sempre meio & distancia. Embora possa parecer incompativel, foi Rodrigo quem mais tangenciou, em seus escrites @ seu trabalho, uma propasta préxima A de Mario. Sua carreira de escriter, ao longo & sua vida ptiblica escondida pela vulto da instituigao @ retomada em seus artigos sobre arte © arquitetura — Mario permaneceu eternas ente o inspirador, a utopia onde o SPHAN escila entre afirmar sua inspirac%o © em localizar seu devir. Se a figura de Mario ¢ salientada por seu fracasso, & de Rodrigo se oculta atras da realizag%o: o que se ve em sua obra & 6 SPHAN, ainda que o SPHAN de Rodriga. 0 famosa -trabalho de Mario previa um organismo denominade apenas SPAN, e n%o hayeria a separas%o entre histérico © artistico, pois este deveria englobar tudo. “Todas as obras de arte” deveriam ser inscritas em quatro livros de tombe © pertencer a pelo menos uma das cito categorias: arte arqueolégica, amerindia, papular, histérica, erudita nacional, erudita estrangeira, aplicadas nacionaic, aplicadas estrangeiras. Mario principia si com o detalhamento dessas categorias: "Das artes arqueoléqicas e amerfadia (1 @ 2). Incluen-se nestas duas categorias todas as manifestashes que de alguma forma interessem & Arqueologia em geral principalmente & arqueologia & etnogratia amerindias. Essas wanifestastes se especificam ent a) objetas: fetichess instrumentes de casa, de pesca, de agricultura; objetos de use’ demésticoy — vetculo Indumentaria, etcetc bd monumentos S3 agenciamento de pedras; jazidas funerari saubaquis, litégrafos de qualquer espécie de gravasto, etc. paisagens: determinados lugares da natureza, cuja expanstéo floristica, hidrografica ou qualquer outra foi determinada pela industria humana dos Bra Sy come Cidades grata, Jacustres, canais, aldeamentos, caninhos trabalhadas, etc Da_arte popular (3) Incluew-se nesta terceira categoria todas as manifestagtes de arte pura aplicada, tanto nacional como estrangeira, que de alguma forpa interes Etnografia, com excluste da amerindia.(...) a) objetos, + fetiches, ceramica em geral; indumentaris, ete. z b) wonumentos: arquitetura popular, cruzeiros, cruzes portudrias de beira de estrada, jardins, etc. <) paisagens deterninados lugares agenciados definitivamente, pela indéstria popular, como vilarejos Jacustres vives da AmazOnia, tal morro do Rio de Jancire, tal agrupamento de mocambos do Recife, etc: 3) folclore: nisi popular, cantos, fh superstistes, medicina, receitas culinérias, provérbies, ditos, dangas drandticas, etc. Sobressai de seu texto o detalhe © a extenstio con que enumera as categorias previstas. Seu projeto fixa clerawente 74 concepstes estéticas alinhadas com sua vis%e de Brasil, ou, seja, sua busca do Brasil desconhecido © sua projegzo de outro Brasil virtual. © um projete nitidamente informada por suas viagens de descoberta, de turista aprendiz, assim como por seu trabalho de administrag%o cultural realizado em S%o Paulo. Se em suas viagens Mério se torna um einéarato amador? , seguindo a via de muitos antropdlogos que sb realizaram essa vocag3o apés uma viagam de canpd, no Departamento de Cultura torna~se um prefissional (guarda’ as proporgties de que era a profissXe no perfocio}, fundande = primeira associag%e de pesquisadores na area de que temos noticia, Sociedade de Etnografia © Folclore, onde trabalhou junto ao casal Lévi-Strauss. Mario redigiu um projets profundamente marcade por lina “generosidade etnografica" { Miceli, 1987:44). Tal viés deve sem dévida muito ao aprendizado da Sociedade de Etnogratia @ Folclore, onde Dina Lévi-Strauss redigia instrugtes ura de al folcloricas que recomendavam a 1 vtropolagos como Boas, Tylor, Malinowski e@ Frazer*®, onde © préprio Mario elaberava enguéte folclorico-etnogréficas com temas ci tabus alim tares ou cura de tergol com anel** . Seu anteprojete do SPAN é muito semelhante as instrugtes por redigidas para a sec%o do arquivo etnogrético, uma 9. Fernanda Peixoto Massi (1991) chama a ateng%o pi importancia da viagem - tanto a vivida coma a, narrada posteriormente - para a configurag%o do antropéloga, tomande como caso justamente um antropélogo que trabalhow com Marso de Andrade: Claude Lévi-Strauss. 10. Ver a Folclore, F pesquisadores — a Sociedade de Etnografia © Folclore e@ a Sociedade de Saciologia. 8% Paulo, IDESP, 1987- respeilo SOARES, Mario de Andrade @ o 11. Em mitro trabalho (IDESP, 1989) chemei a ateng3o para o fato de que Lévi-Strauss em Tristes Tropicos retoma esses temas como pesquisas que poderiam ser realizadas em Paulo, © que sugere uma divida do antropologo francés com c escritor paulista. NARTE, 1981, @ também, RUBINO, S. Clubes de* principais atividades da Sociedade de Etnagrafia e Folclore + Tem semelhanga também com o contetkio que Gilberte Freyre atribuiu ao terma cultura em Problemas Brasileiros de @ntropologia.** E semelhante as questtes que o antrophloso alem%e Franz Boas levantava sobre suseus: como preserve que no ¢ material? @ “mao de Mario" (Soares , 199 0) dava ao anteprojete do SPAN uma vertente antrepolégica ne sentido mais classico, via Boas e Tylor, que ternava miltiplo e abrangente o cenceito de patrimOnio artistico. Dite em outras palavras, o que Mério denominava rtistic: (@ @ SPHAN mais tarde “histérico @ artistic poderia ser denominado de cultural, no sentido exato da aprapriagto de uma antropolagia culturalista, que era o gue Mario praticava com seu grupo no Departamento de Cultu e@ © que cutro funcionério do SFHAN, — o Bilberto Freyre preconizava.*® Q carAter idesl@gico do projeto de Mario aparece na medida em que est& vinculado @ um projete politico mais 12. "Alguns antropélogos sugerem a seguinte classificagxo do conteido de cultura. no seu sentide antropolégice: L)elementas materiais, isto é, instrumentes de trabalho, casas, vestuariog 2) técnicas ou habilidades especializadas como: escrever, pintar, dangar, _tacar33) elementos simbélicos como 2 lingua, a Misics, 0 Desenho, « Fintura, o, namero, © emblema; 4) crengas, conhecimentos, teorias e métodas de explicar as coisas; §) estruturas, instituictes, costumes; 6) valores sociais como: honektidade, temperanca, lealdade, patriotisme, solidariedade humana “© num outros". Os autores a que Gilberto Freyre se refere sto Boas, cher, Lowie © Boldwess 13. Vol taremo: capitulo IV. A importéncia de Gilberto Freyre no SPHAN ne ampla © @ longo praza: a crescente papel de éroXos piiblice de cultura (Duarte,1977), a unificag&o das classes cultas, e a utilizag3o das classes cultas como elemento transformadar (Bandreni, 1988)34, Projeto politico que teve seus desviados depois de 1937, quando o apoio cam que o grupo do Departamento de Cultura contava, com © prefeita Fabio Prades © Armando de Salles Gliveira, ruiu. Com Rodrigo, um repr mineiras; © tante das elit: SPHAN pode se efetivar. Maria, ligada a membros da go! federal @ ao préprio Ministro-da Educag%o por lagos de amizade © simpatias estéticas, elaborou uma propost politicamente solitaria, arente de forgas importantes gue pudessem apai&-la a nivel nacional. 0 apoio de Rodrigo © ce Capanema, eram insuficientes, cu, © que @ mais provavel, houve um deslocamento gradu: 1 da proposta de Miric, gue toi aos poucos perdendo seu lugar de proposta efetiva e ganhando seu posto virtual, de inspiracko pers para o Servigo. Apenas na cidade de S%o Paulo, no curte periods durou o Departamento de Cultura - de 1935 a 1938 ~ Andrade © seu grupe puderam tornar realidade miitas das idéias contidas no anteprojeto do SPAN. Seu fracasso no 14, Paulo Duarte relata que os planos do Departamento ce’ Cultura incluiam a criag%o de um institute, primeiro a nivel nacional depois a federal, além do servign paulista ce patrimonio, que examinaremos posteriormente. — - 15. do grupo que trabalhou com Mario no DC & ma SEF faziam parte, entre outros, Sergio Milliet, Paul Arbousse-Bastide,o casal Lévi-Strauss, Plinio fAyrosa, Luis Saia @ o proprio prefeito Fabio Prado. 738 Brasil - junto ao governo federal- @ seu curte sucesso local sXe duas faces do contexte politica © institucional em da do que o SPHAN foi criado. Isso reaparecer& na derre projeto estadual de Paulo Duarte, que examinaremcs a seouir. @ solid%o acad@mica vai surgir na polémica entre Mario e a antropéloga Heloisa Alberto Torres. Na Visio nacionalista/modernista de Mario, © objetive n¥o era reter somente nossa tradic’o manifestadamente lusa. Ao contraric, ests presente o que # negra, india, estrangeiro, residual © mesmo inisitado. @' ctnografie © a cultura popular ocupam lugar privilegiada (mais uma vez, & semelhanga do Departamento de Cultura), assim como formas inacabadas @ genores de arquitetura: podemos pensar cinguenta anos depois, que um “tal worre do Rio de Janeire” era uma favela? Tudo indica que podemos @ devemos. Mario expressao no item "paisagen um stib item de utiliza “arte popular": "Determinados lugares egenciados de forma definitiva pela inddstria popular, come vilarejos Lacustres vivos da Awazdnia, tal morro do Rio de Janeira, te agrupanento de wucapbos no Re Retomando a léicida expressiio de Antonio Candida, Maric € , principalmente por aquilo que escreveu, o lado menos , rotinizado do modernism que se burecratizou apos 1930. has isso n%o o torna o heréi que o SFHAN, de um lade recusou ¢ de outro busca canonizar: a idolatria € a contrapartida do fracasso, @ certamente o projeto de Wario nto se burocratizou porque, nem no SPHAN nem no Departamente chegor a ser plenamente realizado. Nos termos da teoria weberiana, poderfamos dizer que na histéria do SPHAN politica cultural no Brasil - Mario foi o pi aquele que propagou a idéia pela idéia, o homem exemplar. Na congregasto do SPHAN criado em 1937, Mario permaneceu, como 6 sacerdote, mas coma o profeta ética.%¢ As razfes dessa permanéncia, que s&e a outra face ce seu "N%o lugar" se encontram simultaneamente nas idéias que propagava, @ no fato de propagd-las do alto de um edificia na rua Fleréncie de Abreu, em S%o Paulo, onde a efémera instituicée que foi o Departamento de Cultura, instituicties e@ paradigmas em conflito Em O Turista Aprendiz ¢€ notavel como a asso civilizadora preposta por Mario de Andrade se vinculava ao que observou em suas viagens de descobrimenta, que deveria resultar tanto em sua obra literaria como em sua ativid de escritor pliblice. (SOARES, 1981:21) Contuda, sua vi positiva do Brasil coma local de mistura de ragas, linguas, origens em povos ditos primitives, n&a era um pens hegemOnico entre os meios intelectuais do periodo. Era uma faceta do madernisma de 1922, um pensamento emblem&tico 16.Max Weber utiliza terminologia em seu trat "Tipos de cominisdade Religiosa ( Sociologia da Religi Economia e Sociedade, México, Fondo de Pesquisa Eco 1974. Lhe 79 20 para o pequene grupo que acalentou o projete de administrar a cultura paulista entre 1955 © 1937. E cuja ressoi entre o grupo de modernistas mineiros que entz: transferia para a capital federal para trabalhar com Gustavo Capanema era fragil, insuficiente. 6 marc da solid%o e da nSo hegemonia do pensamenta de Mario de Andrade, @ de sua aplicabilidade restrita foi dada por uma questo delicada que envelven o eseritor, a antropéloga Heloisa Alberto Torres, ent&o diretora do Mus Nacional, @ Rodrigo Melle Franco.de Andrade. Depois de redigide, © anteprojeto do SPAN circulou entre intelectuais para receber comentarios. Em Li anteprajete, no, item "sugesttes", Mério JA previa futuros colaboradores para o Serviga. “No Rio de Janeiro, Portinar:, José Marianne Fiiho, Helossa Alberto Torres, h& muito bastante bons para cada especialidade @ isentos de paixtes . Nacdonal — partidarias.97 Dona Helotsa, em ‘nome dom que cone vinos, desempenhava algumas fungties que passarian a caber ao SHAN - fez crdticas contundentes justanente ao aspecto antropoldgico do anteprojeto, em carta que enviou a Rodrigo em 9 de maie de 1924. Chamando o anteprojete de sentimental, afirmou @ vVinculagSo entre etnografia © ci€ncias naturais. 17. No Rio Grande do Norte, © projeto sugeria Camara Cascudo © Antonia Bente de @ratijo Lima; na Paraiba, Pedro Batista © José Américo de Almeida; em Pernambuco Gilberto Freyrey © em Sto Paulo, Afonso de Taunay e Paulo Prato, além de Vittorio Gobbic. Nos outros estates nao he sugesttes. Posse afirmar que, ao estudar o projeto, 38 tive em nente o desenvolvinento dos estudos etnografico e@ 0 beneticio que, das nossa organizagdes culturais, po advir ao publico. Nada aconselha, na situag%e atual dos extudos etnograsi entre nés - situag¥e que provavelmente .se prolongara por muitos enos ainda - 0 afastamente dos laboratéric de etnogratia dos qualquer estudo ¢ histéria natural. Por tal forma esté a pesquisa: etnogratica ligada as cidvcias naturais que a sua instalas%o ew laboratérfos distantes Ihe poderia ser prejudicial. Que vantagem adviria para 0 piblico com a eriag%o de .nove fiuseu Etnogrdfico? Um prejufze certo ecerreri deslocamento da figura do homen, do seu ambiente natural, geolégica, botanico, zoolégico, perturbande a ‘vista de coniunte do quadro en que ver processande sua evolusto. 18. copia da carta , arquivo SFHAN, Fd. A-carts também foi publicada em ANDRADE, 1987, op.cit. Dona Hweloisa, como chamavam, posterionmente colaboraria com 0 SPHAN, publican em sua revista. Na década de 40, através dela, o Nacional travaria outra pol@mica, desta vez con © antropélege Artur Ramos, ent®o presidente da Sociedace Brasileira de @ntropalogia @ Etnologia, que funcionava na Faculdade Nacional de Filosofia. Um revelador da animosidade entre as instituictes & ausencia de representantes do Museu na Sociedade. Heloisa Alberto Torres tomou parte ca banca: da tese de Ramos para a catedra de @ntropologia e Etnologia em 1944, onde o criticou por erros de tradugto. Sm 1949, quando da viagem de Ramos a Par Pleiteou a interinidade da catedra e@, n&o obtendo resultado sabistatéria, voltou a faz@-lo apés sua morte, pardendo para Marina de Vasconcellos. » dona Helotsa BL 82 A razzie ela @ a seguinte: no anteprojets de a Mario de Andrade, 9 Museu da Quinta ja Boa Vista deveria passar A algada do patrimonio federal, ser administrado © reformitade pelo serviga do patrimanio. De acordo com sua Classificas%e de arte popular e@ etnografica, Mario suge num Muse de His que o Museu deveria ser convertido Natural, retirando~ 2 a Arqueclogia e Etnagrafia ou o contrério, mas mantendo-se as sectes separadas.+7 @ réplica de MArio de @ndrade d& a medida do sow envelviments com e trabalho de etnografia que realizaya em S%o Paulo, de sua convivencia com os professores das novas faculdades paulistas, e do quante essa dispute. ere simultaneamente institucional, conceitual © pessoal Aparec: também © quanto ele ao redigir o ant projeto, supunha de antem%o que pouco de seu trabalho seria aproveitado. En carta a Rodrigo, esclarece saber de antem%o que tudo ozo passaria de um anteprojeto, que deveria ser acomodada 3s circunstancias - que ele afirmava desconhecer. Seus 19.0 anteprojeto para o SPAN apresentava a seguints proposta:” 0 fuseu Arqueoldégico e Etnografico serd apenes uma reorganizagze do Huseu Nacional da Guinta da Boa Vista. Este museu aduiréve! € no entanto uma mixdrdia, cone o British Huseuw. - Acho isso um deferto que — preve necessariamente a dispers%o & @ pouca eficiéneia trabalhos. Ou converte-se o Museu Nacional exclusivanente nun fiuzeu de Historia Natural, tirando~se dele w Arquectogia e Etnografiag ou convertase ele no prosetaco iuseu Arqueolégico @ Etnografico, tirando~se dele 3 parte de Histéria Natural © farendo ua Musex de Histdéria Hate anexo 20 Jardim Botanicc, completado por un enfin’. (ANDRADE; 1991:53.54) comentarios &.carta de dona Heloisa ilustram essa acomodacao necessariat : ” Alias, pretivinarmente & precise que eu Ihe diga con toda # Jealdade que dado o anteprojeto ac Capanena, eu hem sabia que tudo n®o py: sava de anteprojeto. Vo 5 ajudem com todas as luzes possiveis a organizasto definitiva, facan & desfacan a vontade, modifiquem @ principalmente acomode circunstancias, 0 que fiz e@ n®o tomou em conta nuitas circunstancias porque n¥o as conhecia. 0 que fiz foi teoria “e acho bom como teoria . Sustentarei minha tese em qualquer tempo. Um Mus ua Etnogréfico deve estar separado dum Musee de Historia Natural. Se up organise e@ se os “burocratas des e organisna forem, n%o digo perfeitos, was apenas bem intencionados & eficientes, um wuseu de histéria natural nko recusard nunca sua colaborag%e eficaz 2 outro de etnogratia s sucede hélas que a qualquer pedido de que a pedir. He colabyrag%e, os nossos arganismos ou ficam enciumados, ou ne colaboram ou colabe de ma vontade.” No momento de criagto do SPHAN era necessdrio o consenso entre os diferentes grupos interessados. Dentre eles, fica evident que o Museu Nacional n&o ceveria sotr restrighes e que no caberia ao grupo do Departal Cultura a tarefa de organizar se consensa. Coube a Rotrigo, © sua resposta a Mario reatirma a fragilidade da situagts que se criou © a importancia de apoio institucional © pessoal do Museu. 84 “Achei procedente tudo quanto voce escreveu a respeito da carta de dona Heloisa. ++. Como porém me pareceu inpos stvel organizar um museu de arqueologia, etnogratia © arte popular con a oposigto intransigente’ de todo @ pessoal Museu Nacional, tive que me conformer com a inclus%o de apenas um dispositive no projeto prevendo para o futuro a realizacko do enpreendinento, a fin de centar com a cooperaste de dona Helofsa, quer para o tombanento do “materia! reanide aw Quinta da Bea vista, quer para o tombawente geral. see se agente insis reformd-Jo agora de acordo cap! seu profeto, seria tido, por dena Helelsa e pelos especiali a5 mais capazes de ld, como inimigo. Com que elementos poderfamos contar para prir a falta de cooperasto do pessoal melhor do Museu Nacional?” (Andrade, 19972120) Instalar o SFHAN era um projeto sempre por um triz, que requeria o maior leque de aliangas possivel, de Capanema A dona Heloica, passando pelo cl 0 @ pelo prépric presidente da Repiblica. Nessa tens%o, o anteprojeto de M4rio octipa a incbmoda posic%o de um trabalho que, se jamais imilado. chegou a ser desautorizado, ‘tampouco foi concepgbes e@ interesses em questo Mais do que criou o SPHAN, a proposta de Nar projetos pioneiros © que o decreto que io coloca ®m quest%e, ou em sua "Verdadeira dimensio"(AZEVEDD, 1987:82) 9 prablema do inventario de bens da nagko. Nes uma dimens%o totalizante, pois classificagio e preservagzc. @ aspecto, seu projeto tem n%o distingue os ates de Em outras palavras: su: concepga de patriménio, de arte nerteia sua concepg%o de preservagio . Assim, como tombar os itens “tombamento @ museus ” tomba se ins: everia aquilo qu pertencer ao patrimonio nacional: Fosse A Chefia de t tombar seria composta, além do cantos, dangas, madi mseu texte, tombar & inscrever em livros de tombo, & S80. um sé, Nos livros de @ passasse oficialmente O€ museus guardariam © qu: colecionado para o enriquecimento do povo brasileiro. smento, 4 quem caberia a decisde sobre 0 que Diretor- do Servigo, de um arquiteto, um etnograta, um historiador © um professor de histéria da arte, Cada proposta hada des acompa “1) Fotografia, ou varias fotograt 2) Explicas%o dos caracteres condigves de conservagha, etc; 3) Quando possive] nome do autor 4) Datas; de tombamento deveria vir gerais da obra, tamanhop © biografia deste; 5) Justificaske de seu valor ‘arqueoldgice, etnografico bu histérico no cas » de pertencerem a una desta categorias? 6) No caso de ser obra folcldrica, a sua reproducto cientific exata (quadrinhas, — provérbios, — receit culinarias, etc.)i 7) No caso de ser obra musical folclérica, acampanhara a proposta uma descrigte geral dé como ela @ executada, possivel a reprodugto da musica por meios manuscrito. Gescrigdo das dangas e instrumentos que 2 acowpanhan, datas em que es cerimOnias se realizam, para a Chefia. do Tonbanento mandar discar ou filwar a obra designadaz 8) No caso de ser obra de arte aplicada popular tanbém deveré propor-se a filmagem cientifica de sua wanufature (fabricaste de rendas, de cuias, de redes, etc.)3” "9 luxe”, era © que seu projeto pedia para as filmagens e para a discoteca: pracessos grAficos, fotogratias da melhor qualidade, ainda que para isso fesse nec importar técnicés estrangeiros. Mesmo prevendo que ficaria “nan dinheir%e", era uma pricridade, pois a fotografia e a filmagem eram , em suas palavras elementos reco] DYES, @ parte o tombamento: de tombanento “Da mesma com que a inserigte num dos Live de-tal escultura, de tal quadro histérico, dum Debret cono dum sambagui, inpede a destruigho ou dispersto deles, fonografia gravando uma cang%o popular cientificamente ou o filme songro gravando tal versio baiana do bumba~meunhor, impedew a pérda destas criagtes que o progresso, 0 rédio, ° cinema estde watando com wielenta rapidez. 86 Feito este trabalho, ‘towbadas’ as obras foleléricas que dependen de realizacko no tempo, ent¥e poderd se pensar em fotografar os monumentos plasticos, 03 edit fcios, paisagens, 0s quadros, 03 wbietos de arte que o towbamento d@ preservara anteriormente da morte ou da fuga. £ ent%o rose também, ow ainda mais tarde, na repredug&e por gr&ficos, de tude isso.” A publicidade do servigo previa ain @ publicagto dos quatro livros de tombe, de “valor woral de incitamento & cultura”, de uma revista para “estudos tecnicos, erfticas especializadas, a5 pesquisas estéticas e todo o material folelérico do pafs", além da publicag&o de livros, monogratias, catélogos, cartazes e folhetos de propaganda turistica. Na hist ia linear que o SFHAN remontou, criow segili@ncia sem brechas entre o anteprojeto de Mario da @ndrade © 0 decretc~lei n.28, que instaurou o Service. Entret, anto, entre esses dois episédios, o SPHAN funciona provisoriamente, baseado em um terceira documenta que, mai uma ver conta sua fundag%o, @ faz a devida ponte entre os dois documentos. A reformulag&e do’Ministério de Educacxe & Satide permitiu essa situag%o emergencial. 87 © SPHAN em bases provisérias Em 23 de outubro de 1936, Mario screvia a Rodrigo indagando qual a situag%o do SFHAN, se jA po: regulaments, pois havia planos encabegadas pelo Deputase Estadual Paulo Duarte de se er em SKo Paulo um servigo semelhante, onde Estado @ Uni&o deveriam trabalhar em conjunto. Resposta de Rodrigo, j4 Diretor: “Nuo hd lei nenhuma, por enquanto, instituinde o SPHAH. O que hd € apenas uma exposicto do Capanema ao Presidente da repiblica (da qual remeto uma cépia) e # suterizagie do Getilio na conformidade do plano que voc® tragara."2° Em sua expocic#o ao Fresidente da Reptblica, Gust Capanema argumenta ser velha a idéia de se defender o patriménio histérico @ artistico # relata que, Lhe ocorrendo iniciar @sforgos neste terreno, padiu a MArio de Andrade, “conhecedor cono poucos da quest%o”, que redigiese um plano para a tombamento dease patrimgnio. Afirma que ainda qua o ae projeto n&o tenha a forma de lei,” as Jinhas mestras da erganizac%o nto podem ser outras @ que o rumo do trabalho ficou definitivamente tracado.” Contudo h& uma ebjeg%o: enquanto Mario previa denominar © futuro servigo do patrimonic de art + @ ministre ive bh te do adj solicita @ inclu stori Hodificac%e que poderd desde loge ser feita e que resultou de converse que 20. Em @NDRADE, 19872171. tive com o Sr. Mario de Andrade depois de ter Iido o trabalho, @ que, a0 invés de se tratar semente de a histérica, se cogite de todo 0 patriwante histérs artistico ou n%o. Verifican: e, de fato, @ impossibilidade separar os diz azsuntos: patrivdnio histérico © patriné artistico. Results daf que @ organizagzo propo ser 9 Servigo do Patrindnio Historica « wacional.7= Em 15 de outubro de -19%6, Getilio Vargas enviou Congresso o projetoa de lei Sil, que versava sabre princip de protests ao patrimanio, ao me © tempo que estabelecia plano de criar um servigo federal para este fim. © documento 6 influencias © inspiractes. “Desde longos anos, em verdade, as vores autorizads: seu rte 87 um nv@ sa proto-histéria do SPHAN, nomeando . suas levantado para propugnar a adog%o de medidas necksserias & defesa dos valores de arte @ histéria existentes no Bras ¢ Nos atime ide os, dois prajetes foram apresentados & Camare visando @ mesma finalidade, pelos deputades tufs Cedro e Wanderley Pinho, enquanto nos Estados da Bahia adotar criteriosa legislac&o a respsite. Zi. A cépia da exposicto do Ministre ‘Capanema consulted encontrasse no Arquivo Mario de Andrade do Instituto Estudos Brasileiros, na pasta de correspond@ncia relative SPHAN. Fato bastante interessante ¢ que na mesma pasta encontram duas copias do anteprojcto de Mario, sendo que + tem uma corregio manual feita por ele, onde acrescents adjetivo "histérico" so SPAN, ce de Capanema. consegeis na tamente atendendo ac pedide

You might also like