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capitulo 3 0 Estado e as relacées internacionais Ber / Estado é uma Criago recente aa historia humana. Emibora esse ter iho Sia comumente usado para fazer referencia a. inmemss formas de articulagao do , Poder em sociedades antigas e medievais, cimento europeu. A Europ: Quias absolutss, ele $6 ganha sentido e conteiido no Renas- * pés-medieval inventou o Estado, sob a forma das monar- ‘AS monarquias absolutasinvestiram contra os intresses particularstas e as Prerro- Sativas anstocraticas do feudalismo, unificando 0 poder Politico. Esse proceso gerou ~ Com o Estado territorial, surgiram as teorias Maquiavel (1469-1527), autor de O Principe, Florenga, postulou a separa entre a moral e a poltt capitulo 3 O Estado e as relagdes internacionais O Estado é uma CriaGao recente da hiseria humana, Embora esse ter ‘Mo seja comumente usado para fazer referencia a intimeras formas de articulagio do Poder em sociedades antigas e medievais, ele ‘86 ganha sentido e conteddo no Renas- Cimento curopeu. A Europa pés-medieval inventou 0 Estado, sob a forma das monar- quias absolutas, AS monarquias absolutas investiram contra 0S interesses particularistas e as prerro- &ativas aristocriticas do feudalismo, unificando 0 poder politico. Esse Processo gerou Com as monarquiasabsoluas, a soberaniaassociou-e 20 tenia, Os monarcs empreenderam demoradas. medievais ¢ afirmando a sua autoridade sobre o Conjunto das populagdes dos reinos. 4408 poucos, desenvolveu-se 2 cobranga generalizada de impostos. ™ censos tornaram-se instrumentos vias da administagdo (0598-1679), autor do Levial, flo principal te6rico do absoluts: ss © Estado nase do ieteror da sociedad, mas eleva acim dea © estado de ws do monarca para a nacio. © poder ‘dentificando-se com 0 povo. O poder divino deu lugar a0 con- © liberalism surgiu como doutrina poltica do Estado-nacio. A transigio do abso- |utismo para o liberalismo processou-se por vias diferentes e contrastantes. Na Inglater- "2 feslou de progressiva e gradual imtagio do poder mondrquico através da afi $80 Go. fartamentn. Na da revoluclo popular de 1789, que destruiu os funda- © Bario de Montesquieu (1689-1755), autor da abra Do espirito das leis, desenvol a separagao dos poderes, cujos fi amentos encontram-se em Locke. O Estado liberal ass a-se sobre 0 equilibrio entre os poderes de produc: Gegistativo), de execuc sobre a apli > das leis ninistragio publica (Executivo) ¢ de controle dias leis Guidicidrio). Essa estrutura terrena do Estado deveria © Poder divino dos reis, a fim de defen A obra do filsofo sofreu forte in onde © proc tituir 0s interesses ¢ a liberdade dos homens. cia da sua estada de dois anos na Inglaterra, e550 de lin ‘titica publica 20 seu de , nitagao do poder real tinha avangado um longo caminho € a 10 era tolerada. Em Montesquieu, 0 contrato politico ganhava 0 mento, sob a forma da democra Jean-Jacques Rousseau (1 ‘obra Do contrato represe va. 12-1778), filésofo do grupo enciclopedista € autor da Social, inverteu a nogio hobbesiana do “estado de natureza’. Onde Mi @ guerra € a anarquia, Rousseau enxergou a felicidade e a harmonia da vida selvagem. No seu mode! ‘Momentos, como queria Hobbes, Hobbes enxen o desenvolvimento histérico nao se estrutura em dois sem trés. O primeiro € 0 “estado de natureza’, da inocéncia e da felicid: segundo é a “sociedade civil, no qual se perdeu a inoct ia original, mas nio ha yim contrato social. Esse momento reproduz algumas das carac- terfsticas do “estado de natureza” hobbesiano e impde a passagem ao estigio seguinte O terceiro momento é 0 do “contrato social’, que institui o Estado. w w capitulo 3 0 Estado e as relagdes internacionais | ppdes de consenso € leg de c Jiavel, que postulava a eclam em Maqu Iegittmidade ja apareciam a cates Boa sesee alg ‘Contudo, 0 consenso maqui cc Beau eg ao poi Cat : zie irtude do principe e da orientagio da s pa locke € Montesquiet dependia da vir fizeram do consenso a base do Estado a razao de ser das suas engrenagens de poder. idéia até o seu limite, assentando 0 consenso na panticipacao ativa ¢ pues es me ds eee ee poe eae Tre eseiceas3t visasaa Gecias Se Seca og ge eee treet alae eas Boy neeaiiln Se oe, cease ee be ee iio eat oe TE iperior ¢ livre do ser humano, 0 sistema internacional de Estados As teorias politicas classicas concentraram 0 seu inte: aos Estados, estabelecidas entre os governantes e relagdes intemacionais, ou seja, das relacdes esta mais recente e ganhou oes esse sobre as relagdes internas a sociedade em geral, © estudo das belecidas entre os Estados, € muito tatuto de“disciplina académica apenas no século XX. YPag20 com o sistema internacional de Estados foi estimulada pela consti- fuigdo progressiva de uma economia integrada, dle ambit na producao e na circulacio de mercadorias tipicas dos s da Revolugao Industrial — aumentaram a relevanci nas, A preocu 10 mundial. As transformagoes éculos XVIII eXIX — a época ia dps estudos de relagdes internacio- internacional de Estados como “o conjunto ‘mantém relagdes regulares entre si e que s4o suscetiveis de entrar numa ‘guerra geral” fs “unidades poltcas’ sto poderes soberanos. Na Grécia Clssca,o sistema em cons. am submetidas a um poder geral. Atualmente, constituido pelas unidades politicas que Soberanos do mundo. A imensa maioria Aud ts esemt ea 1 sede Oc nos Como Lis es tastes oe antecesso a OW sure tb Osi dadernagas Seta pels perso esas Senate epee ‘do sistema de Estados, co conmrandeayetes 0 equilibrio de poder Aestubilidade dos sistemas : internacionais coresponde. de modo geril, a uma situa «lo de equilibrio de Pe edhe ‘Poder entre as principais poténcias. A ruptura do equilibrio tende a RErUr tensdes crescentes e. °Cs crescentes ¢, eventualmente, a guerras generalizadas que modificam radi- Galmente o sistema de Estados No ambiente de anarquia do sistema internacional, cada uma das unidades politicas Stat Seguranga particular e, para incrementé-la, acumula meios ¢ recursos de po- der: O resultado da atinude de cada unidade politica isoladamente considerada € 0 apro- fundamento da inseguranga das demais, que reagem ampliando seu prdprio poder. Even- tualmente, a dindmica de todo o sistema produz a situagio de equilibrio de poder. © equilibrio de poder representa, algumas vezes, apenas um periodo de preparati- vos politicos e militares para a guerra. Na Grécia Classica, depois de derrotarem as invasdes persas, em 479 a.C., as cidades-Estado de Atenas ¢ Esparta organizaram coliga- des rivais. Atenas, poténcia maritima, organizou em torno de si a Liga de Delos. Esparta, poténcia continental, reuniu a Liga do Peloponeso. © conflito entre as duas poténcias eclodiu em 431 a.C., sob a forma da longa Guerra do Peloponeso, que acabou por abrir caminho para a hegemonia da Macedénia sobre 0 mundo helénico. Mas 0 equilibrio de poder representou, na Europa do século XIX, uma meta de politica externa das grandes poténcias, gerando um perfodo de paz prolongada que s6 ruiria, em definitivo, com a Primeira Guerra Mundial. Na origem desse periodo encon- tra-se a derrota de Napoledo Bonaparte e do seu sonho de estender a hegemonia fran- cesa para toda a Europa. ‘A Franca napole6nica foi o primeiro Estado-nagao a empreender a tentativa de lento ‘uniao almeja a fa efa a manuter 0 , es ee alema. No ‘Speed ipoleio, surg a Confede ie, : a Parte dos territ6rios setentrio- i meridionais faziam pane do império da cas ca epoca saizandoo Congress e Vane (2514 1S) Ferno, autorironiza 3 negOes f Setrarmaria cel enre os potbcieseP Do ponto de vista geopaltico, OS acordos do Congreso de Viena resultaram das | propostisbritinicas que haviam sido organizadas no chamado Plano Pit. A Gra-Bretanha rreionou explickamente os esadictas de Viena para um acordo geral baseado 90 principio do equibrio de poder Past sustenté-lo, articulou a Quédrupla Alianga, com posta também pela Austria, Prissia © Rassia. A Franca, que foi representada em Viena por Talleyrand, a ‘abou sendo reintegrada a0 concerto Je poténcias européias em 1818, ‘vindo a participar da Quintupla Alianga. Desa forma, 0 equilibrio pentagonal do conti- nente ganhava uma expresso diplomatica adequada. © principe austriaco Metternich desempenhou © papel de elo de ligagao entre @ cestratégia britanica e a cruza ca legitimista russ, © Sistema de Metternich, como ficou ‘conhecido 0 concerto da Europa de Viena, cristalizava a estabilizagio de um equilibrio de poténcias soberanas que zelavam pela manutengao da ‘ordem continental. A ordem européia passava ase estrturar sobre um arcabougo de geomet imegular: uma potén- ‘cia maritima que sediava um império mundial (Gri-Bretanha), uma poténcia do ociden- AEuropa do Congresso d da do século XIX. A esta bilidade da cena euro- péia, perturbada apenas por conflitos secundarios, ‘garantiu um ambiente fa- vordvel para a constitu ‘¢a0 do Império Britinico a instauragio da Pax Britannica nos territo- tios de além-mar. © equilibrio penta- ‘gonal sofreu flutuagdes durante todo o século, mas apenas uma grande mudanga —a Unificacio: alema de 1871. Esse even- to-crucal divide 0 sécuto ‘em dois periodos distin- tos: depois dele, 0 cres- cimento da influéncia da (© con stairs ara Front ce Comune Gort > conquest nN insite Roa. saa Rn erm ri ns esos Go hoar Escer ns ‘Alemanhairia comer len- tamente a estabilidade européia, até precipitar 0 continente na Primeira Guerra Mundial. 0 foco de instabilidade principal do Sistema de Metternich foi, desde o inicio, a rivalidade entre a Prissia e a Austria. Ao distribuir regides da Confederacao Germinica para os dois competidores, mantendo Estados neutros entre eles, o Congresso de Viens tinha acendido um pavio que continuaria a queimar através do século. A disputa pela hegemonia sobre a Alemanha desaguaria na gu 0s contendores. A uii- canttln 21 Fatadn # 20 relarhan intemarinnae , v efesa do aliado balcini ©0. Em agosto, a Aler declarava guerr anha aA Rissia © Franca se mobilizavLo- 80 depois, Alemanha in vadia a Bélgica, ameagan. do a Franca, Como 0, 4 Gri-Bretanha engajava-se 0 lado da Franga e da Riis- sia, declarando guerra a Ale- manha. A Primeira Guerra Mundial foi um conflito eu- Soldados britanices nas trincheiras, durant a bata do Somme, Fopeu, nao propriamente na Primeire Guerra Mundial (1916.18), 0 sistema de equilbrio europeu comeenes nes cma quem nundial, De certo modo, representou a continuacao ¢ a expansio da Guerra Franco-Prussiana de 1871, pois o eixo do con fronto foi a difputa continental entre a Al F nha € a Franga, A Rissia, aliada da Alemanha, participaram como coadjuvantes no wa, & a Austria-Hungria conflito principal aliada d A guerra destruiu o sistema de Estados erguido no Congreso de Viena. A Alemanha, derrotada, perdeu parte de seu territ6rio € conheceu a humilhacio nacional pro cada pelo Tratado de Versalhes, Os impérios Austro-Htingaro e Tur- co-Otomano implodiram, modificando a arquitetura geopolitica da Europa Central € dos Bileas. A Revolugio Russa de 1917 transformou o antigo império russo na Unio Soviética Mas catistrofe nio terminou com a rendigio alema. Ela prosseguiu, impulsionada pelo nazismo, ¢ as poténcigs voltaram a se enfrentar na Segunda Guerra Mundial. Uma nova orclem € um novo equillbrio surgisiam apenas sobre as ruinas das velhas poténcias européias, PARA REFLETIR 1. Leia a passagem seguinte, de Maquiavel: seen b e capitulo 30 Estado as relagbes internacionais

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