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Atividade Fisica _ Saude 0 PENTACULO DO BEM-ESTAR - BASE CONCEITUAL PARA AVALIACAO DO ESTILO DE VIDA DE INDIVIDUOS OU GRUPOS MARKUS V. NAHAS Universidade Federal de Santa Catarina ~ CDS/UFSC Nicleo de Pesquisa em Atividade Fisica & Satide ~ NuPAF (CDS/UFSC) MAURO V. G. DE BARROS Professor da Universidade de Pernambuco ~ ESEF/UPE Nucleo de Pesquisa em Atividade Fisica & Satide - NuPAF (CDS/UFSC) VANESSA FRANCALACCI Nucleo de Pesquisa em Atividade Fisica & Satide ~ NuPAF (CDS/UFSC) resumo gue afetam asa wo bem estar individual esumitos canals, nivel de sites, avdad fice habia list de qualia de ia icarporarco as lho 00 evallaggo do esti de fangas compartments epromogio da side, Qualia de vide PALAVRAS-CHAVE Esto Vid, Be ‘CONCEPTUAL BASIS FOR A SIMPLII ASSESSMENT INSTRUMENT abstract EY WORDS:Lfestle, Welhess, Heat and Quali of Atividade Fisica 2. Saiide INTRODUCAO Neste século (particularmente na segunda metade} tem-se assistido a uma transtormacéo sem precedentes no padrio de vida das socieda- des humanas. A mecanizagdo, os avangos tecnologicos, a informatizacdo e a presenga cada vez mais freqiiente dos chamados labor saving devices (mecanismos que poupam esforgo fisi- co}; tem conduzido a diminuicao progressiva da atividade fisica no trabalho, em casa e no lazer. Isso tem acontecido paralelamente mudaneas significativas nos padroes alimentares (para pior) ¢, acima de tudo, temperado pelo stress ele- mento natural da vida humana, mas que tomou proporgies inéditas ¢ desastrosas neste século {EATON et al, 1988). ‘Trés grandes e rapidas mudangas sécio- demograficas tém redefinido 0 perfil das socieda- des humanas nos tltimos 50 anos: + inversio na proporgao da populagao rural/ urbana ~ em 1940 o Brasil tinha apenas 30% de sua populacao vivendo nas cidades, hoje essa pro- porgio aproxima-se dos 80% (a maioria concen- trada em dez grandes dreas metropolitanas|; + aproximagio na proporgao de jovens/ido- sos na populagao: o envelhecimento populacional, decorrente principalmente da diminuigio da mortalidade infantil ¢ conseqiiente aumento da expectativa de vida; + mudangas nas principais doencas ¢ cau- sas de morte: das doengas infecto-contagiosas pas- sou-se & predominancia das doencas crénico- degenerativas (como as doencas do coracio, cin- cer e diabetes} Avvida em ambientes urbanos com alta con- centragao populacional tem conseqiiéncias que nos fazem refletir: apesar de estarmos vivendo mais, questiona-se a qualidade destes anos adici- onais de vida, A qualidade da agua, do ar, da moradia, a falta de seguranga e a depreciagao nos relacionamentos sociais, o lazer cada vez mais individual e passivo, entre outros fatores do esti- lo de vida das pessoas, tém sido um campo fértil para o stress constante, uma vida sedentaria (mas exaustival, e com qualidade distante do ideal. No Brasil, em particular, a qualidade de vida de grande parte da populacao tem sido comprometida pela crescente disparidade social e desemprego. Para a maioria, porém, apesar das dificuldades de or- dem social, as escolhas e decisdes no comporta- 4g mento diario sio da maior relevancia para a sati- de e o bem-estar. Vive-se, atualmente, a chamada era do esti lo de vida, uma vez que as principais doencas € causas de morte nesta virada de milénio estdo prioritariamente associadas & maneira como vi- ‘yemos (BLAIR, 1993, BOUCHARD et al., 1994) Os fatores ambientais e de ordem médico- assistencial continuam a ser muito importantes para a qualidade de vida, mas s4o os comporta- mentos usuais (habitos alimentares, reacao a0 stress, nivel de atividades fisicas, dentre outros} que mais tem afetado a satide do homem con- temporaneo (DeVRIES, 1978; FLOYD et al., 1995) Quando se fala em mudangas comportamentais para um estilo de vida mais saudavel, a pessoas ge- ralmente pensam em optar entre coisas interessan- tes e agradaveis (mas que fariam mal a satide) ¢ ou- tras mais saudaveis, mas desinteressantes, cansati- ‘vas (como os exercicios fisicos) ou sem sabor (como certos alimentos). Nao € essa a concepeao recente de um estilo de vida saudavel! Mais do que mu- dangas extremas, 0 que se procura é “aparar arestas” ou “preencher lacunas” no perfil comportamental das pessoas, de modo a tor nar suas vidas mais enriquecedoras e ativas, ‘mas nao exaustivas e com alto risco. A propos ta é de mudar comportamentos para uprovei tar mais a vida, nao para evitar a morte. Ali- nal, como afirma ORNISH (1996), “quem quer vviver mais, se nao gosta da vida que tem?” Esse autor tem pesquisado (com sucesso} 0s efeitos de mudangas comportamentais nao apenas na prevengio, mas na reversdo da doenca arterial coronariana (DAC}, reduzindo ~ em muito ~ a necessidade de medicagdes com fortes efeitos colaterais ou cirurgias extremamente caras € desgastantes psicologicamente para os pacientes e familiares. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Satide Em geral, as pessoas ainda associam saitde 8 mera auséncia de doengas, preservando 0 con- ceito equivocado e dicotémico de que uma pes- soa ou € absolutamente saudivel ou doente. Di- ficil de definir objetivamente, a tendéncia atual é considerar satide numa perspectiva holistica, como uma condicao humana com dimensies fi- 50. sica, social e psicoldgica, caracterizada num cor tinuo com polos positivos e negativos. A satide positiva seria caracterizada como a capacidade de ter uma vida dindmica e produtiva, confirmada geralmente pela percepcao de bem-estar geral, enquanto sauide negativa estaria associada com 10s de doengas, morbidade ¢, no extremo, com mortalidade prematura (DeVRIES, 1978, NAHAS, 1991; BOUCHARD et al., 1994, NIEMAN, 1999) Bem-Estar Por bem-estar entendle-se a integragdo har- Moniosa entre os Componentes mentais, fisicos, espirituais e emocionais, Este conceito (ou paradigma) proposto inicialmente nos anos 70, preconiza que o todo (bem-estar} é sempre maior que a soma das partes que o compoem |Seaward, 1997}. Enquanto a condigao de side é determi- nada por meios objetivos e subjetivos, o bem-es- tar € sempre uma percepgio, portanto fruto de uma avaliagao subjetiva individual. Qualidade de Vida A inter-relagdo mais ou menos harmoniosa dos fatores que moldam o cotidiano do ser hu- mano resulta numa rede de fendmenos e situa- coes que, abstratamente, pode ser chamada qua: dade de vida. Em geral, associam-se A expres- sao qualidade de vida fatores como estado de sai de, longevidade, satisfacao no trabalho, relagdes, familiares, disposicdo e até espiritualidade e dig- nidade. Diffcil de se definir objetivamente, qua- lidade de vida pode ser considerada como um conjunto de parémetros individuais, socioculturais e ambientais que caracterizam as condigdes em que vive o ser humano (NAHAS, 1997). GILL & FEINSTEIN (1994) e ARGYLE (1996), definem qualidade de vida como uma percepedo individual relativa as condigées de sati- de ¢ d outros aspectos gerais da vida pessoal Promogio da Satide Promogao da Satide, como area de estudo, pode ser considerada como a cigncia e a arte de ajudar as pessoas 2 modificarem seu estilo de vida pata uma condiggo étima de saiide. Os progra- mas dle promogao da satide, em geral, envolvem um diagnéstico de necessidades e interesses, um programa informativo ¢ de conscientizacao, se- Voure's, mimero2, 2000 guido de estratégias e oportunidades para que as pessoas optem por acrescentar ou eliminar alguns aspectos do seu comportamento especificamen- te relacionados satide ou A qualidade de vida em geral. Nos programas de promocao da saiide, seja em entidades pablicas ou privadas, é funda- ‘mental que se tenha 0 apoio das pessoas em car- 4805 diretivos e que se discuta com as pessoas en- volvidas |puiblico alvo) formas de conduzir as in- tervengées com a participacio direta dessas pes- soas (NIEMAN, 1999; US DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1999). Habitos Hibitos so formados pela repeticdo de cer- tos comportamentos [ages do cotidiano|. Depois que se aprende algo ¢ se repete tal agao varias ve- zes (amarrar os sapatos ou escovar os dentes, por exemplo), 0 subconsciente passa a ser responsi: vel por essa agio, nao sendo mais preciso “pen- sar” para realizé-la, tornando-se, entao, um hdbi 10 ~ por isso sio dificeis de serem alterados. Como sugere MATTHEWS (1999), o seu consciente pre- cisa tomar as decisoes de mudar certos habitos (cessar ou acrescentar}, e agit ~ conscientemente = repetidas vezes, até que um novo habito exista (ou desapareca o que se quer eliminarl, Estilo de Vida © estilo de vida representa 0 conjunto de goes cotidianas que reflete as atitudes e valore: das pessoas. Estes habitos e agoes consciente: esto associados 8 percepcao de qualidade de vida que 0 individuo traz consigo. Os componentes do estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, mas isso s6 acontece se a pessoa conscientemente enxergar algum valor em algum comportamento que deva incluir ou excluis, além de perceber-se como capaz de realizar as mudangas pretendidas (SALLIS & OWEN, 1999} Atividade Fisica Por atividade fisica entende-se todas as for- mas de movimentagao corporal, com gasto energético acima dos niveis de repouso (Caspersen et al., 1985). Inclui os exercicios fisi- cos © esportes, deslocamentos, as atividades laborais, os afazeres domésticos ¢ outras ativida- des fisicas no lazer. E importante destacar que a atividade fisica do ser humano tem caracteristi- Atividade Fisica 2. Sauide St cas € determinantes de ordem biol6gica, cultu: ral, demografica e ambiental, igualmente signifi- cativas nas escolhas e nos beneficios derivados desse comportamento, ESTILO DE VIDA, SAUDE & QUALIDADE DE VIDA Ainda que nao exista uma definigio univer- salmente aceita para qualidade de vida, existe uma tendéncia a se incluir com freqiéncia duas clas- ses de fatores determinantes dessa caracteristica da vida humana: (a] fatores sécio-ambientais (como as condigdes de trabalho, educagao, meio- ambiente, transporte, atendimento de saide, lazer, entre outros}; ¢ (b| fatores individuais, ca- racteristicos dos comportamentos de cada pes- soa. Alguns autores (ORNISH, 1996; SEAWARD, 1997, ROIZEN, 1999) incluem a espiritualidade como outro fator determinante da satide da qualidade de vida. Isto vai ao encontro da 10 holistica da qualidade vida, proposta por FRIEDMAN [1997]. Nas iiltimas décadas, 0 estudo dos determinantes das diversas doengas crénico- degenerativas (principalmente as de maior inci- déncia nos dias atuais - doengas cardiacas, cin- cer, diabetes, artrite, obesidade, hipertensio] tem aumentado muito, uma vez que afetam a satide ea qualidade de vida da maioria da populacao. Estes determinantes (associados 4 maior incidén- cia dessas doencas| sio referidos como fatores de risco - alguns modificéveis, outros nao - sendo importantes esses estudos para que se possa in tervir preventivamente, reduzindo a chance de ocorréncia da doenga Tradicionalmente, faz-se referencia a tres caracteristicas principais do estilo de vida associ adas (ou determinantes) da satide individual: 0 nivel de stress, as caracteristicas nutricionais ¢ a atividade fisica habitual (DeVRIES, 1978, ‘NAHAS, 1991). Mais recentemente, propés-se, em lugar do “trindmio”, 0 Pentdculo do Bem-es tar (NAHAS 1996), incluindo os componentes Comportamento Preventivo e Ndo uso de dro- gas. Neste artigo, modifica-se o pentéculo, inclu: indo o nao uso de drogas como um comporta mento preventivo e acrescentando-se um com- ponente que nao poderia ser deixado de fora quan- do se pretende avaliar o estilo de vida nas socie- dades contemporineas ~ a qualidade dos relacio: namentos humanos Assim, 0 novo Pentdculo do Bem-estar é proposto com os componentes (fatores} represen: tados na figura abaixo e que passam a ser descr tos a seguir FATOR 1 — CARACTERISTICAS NUTRICIONAIS (0 FATOR NUTRICAO) Neste século de mudangas impressionantes, a humanidade também passou por alteracdes muito significativas em seus comportamentos alimentares. Passou-se de uma dieta predomi- FIGURA 1 - 0 Pentdculo do Bem-Estar Nutrigtio Stress Atividade Fisica Relacionamentos Comportamento Preventivo 82. nantemente baseada em vegetais € nao processa- da, para outra centrada em produtos industriali- zados, refinados, abundantemente submetidos a0s agrotdxicos, pobres em fibras vegetais € ricos em gorduras - principalmente as chamadas gor- duras saturadas (EATON et al., 1988}. Essas mu- dangas, ao lado da crescente inatividade fisica, tém levado o planeta (em particular as nagdes, mais desenvolvidas) a um surto de obesidade — uma epidemia de abrangéncia global, segundo a OMS. Depois de décadas de dietas “milagrosas’, sabe-se que elas nao funcionam a médio e longo prazo. Pretende-se eliminar em semanas a gor- dura acumulada ao longo de anos. Mais que isso, as dietas radicais podem ser perigosas para a sati- de, nos roubam a energia vital e, com frequéncia, podem levar as pessoas a desequilibrios nutricionais ¢ comportamentais sérios. A unica coisa que comprovadamente funciona a médio e Jongo prazo é a modificagio no estilo de vida (mudangas comportamentais definitivas nos hi- bitos alimentares e de atividade fisica). Entretan- ‘©, isso nfo é uma urefa facil, prineipalmente porque as pessoas vem essas mudangas como algo muito dificil de conseguir, imaginando que suas vidas precisariam ser totalmente modifica das, deixando os prazeres em troca de sofrimen- to. Da mesma forma, a maioria das pessoas bus- ca transformagées imediatas, a curto prazo, as vezes com metas inatingiveis, dadas as suas ca- racteristicas hiolégicas. Infelizmente, os progra- mas oficiais e os profissionais da satide nao tém sido eficazes na modificagio desses conceitos equivocados FATOR 2 - CONTROLE DO STRESS Vive-se um tempo ém que 0 ritmo de nos- sas vidas € extremamente ripido - as vezes alucinante, além do nosso controle, Muitos fa- tores da vida moderna contribuem para isso: 0 trabalho exigenté, 0 risco de perdé-lo, as agdes, (e falta de agoes) do governo, a violéncia urba- na, a degradacao do meio-ambiente, a intole- rancia entre as pessoas, 0 futuro incerto de nossos filhos, entre muitos outros. De uma forma ou de outra, esse conjunto de agentes tem afetado as sociedades de forma generaliza- da, fazendo do stress um mal que nio respeita fronteiras geograficas nem demograficas. De Voume. Numero 2. 2000 fato, a OMS (Organizagio Mundial da Saiide} considera o stress [assim como a obesidade] uma epidemia global Ostress, entretanto nao é algo que necessa- riamente se deva ou se possa evitar. Hans Selye (um dos pioneiros no estudo do stress, propos a existéncia de duas formas de stress: 0 eustress (positivo, estimulante] © o distress (negativo, desgastante). O distress pode ser agudo (momen- taneo, geralmente intenso} ou crdnico |repetido, continuo, por vezes imperceptivel no inicio} (SELYE, 1974) A forma como se enfrenta 0 stress ¢ a espiritualidade presente em cada um de nos pa- recem estar associadas. Espiritualidade nao sig- nifica necessariamente religiosidade, mas esta pressupde a primeira condigao. Ao discutir essa associagao (religido - espiritualidade] SEAWARD (1997) faz a seguinte analogia: a espiritualidade € como a agua (universal, imprescindivel, tinica para todos 0s povos}, enquanto as religides re presentam os recipientes que a contém (diferen- tesem forma c tamanho, tendendo a separar mais do que unir os povos). © bem-estar espiritual, associado 4 forma como reagimos ao stress, é construido a partir dos valores humanos, dos re lacionamentos e dos propésitos na vida de cada um. £ preciso que encontremos um ponto de equilibrio em nossas vidas, reagindo as situacoes estressantes com mais tranghilidade e seguran- a. Afinal, mais do que o stress propriamente, & a maneira como se reage aos agentes estressantes que afeta nossa satide e qualidade de vida ‘Ha evidéncias suficientes de que as emogées. associadas ao distress - agressividade e raiva, prin- cipalmente - sio extremamente prejudiciais 4 satide e podem matar! Por outro lado, também. se sabe que 0 bom humor representa uma das formas mais eficazes para se lidar com as situa- bes de stress (ORNISH, 1996]. Neste caso, a percep¢ao {reconhecimento dos sinais e sintomas} € importante para se reagir com equilibrio e, se possivel, com bom humor a essas situagoes, De- finitivamente, a capacidade de manter 0 equili- brio (c isso se aprende} representa o segredo para se lidar com o stress. 0 Pentéculo do Bem-estar é um instrumen- to que pode ajudar as pessoas a identificarem as situagoes de stress, permitindo que aprendam a reagir de maneira equilibrada ¢ sofrendo menos as conseqiiéncias desses eventos — comuns na vida de todas as pessoas. Atividade Fisica SP. Satide FATOR 3 — NIVEIS DE ATIVIDADE FISICA HABITUAL A vida moderna oferece todas as condigées para ndo se realizar esforcos fisicos. O conforto da vida moderna, que inicialmente parecia 0 ca- minho para o bem-estar absoluto, tem se mos- ado como uma das prineipais causas de doen- cas (principalmente cardiovasculares} e morte prematura, na sociedade contemporanea indus- taializada, automatizada ¢, mais recentemente, informatizada, Apesar de cada vez mais agitada ¢ competitiva, a vida nas sociedades urbanas ge- ralmente nao oferece estimulos ou condigbes para a pratica de atividades fisicas regulares, com significado para as pessoas, Tanto os niveis de atividade fisica habitual {incluindo exercicios, trabalho, deslocamentos ou tarefas domésticas}, como o nivel de aptidio fisi- ca individual, tem sido consistentemente associ- ados & condicao de satide, disposigio, incidéncia de diversas doencas e mortalidade por todas as causas [AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1992; BOUCHARD et al., 1994; US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). As evidéncias mais recentes indicam ser a inatividade fisica um fator de risco primario e independente das doengas cardiacas — principal causa de morte entre adultos |AMERICAN HEART ASSOCIATION, 1992). Outros fatores modificaveis, considerados prima- rios e independentes, incluem a hipertensio, 0 fumo e 0 colesterol elevado As recomendagées atuais sugerem que as pessoas em geral deveriam acumular, na maioria dos dias da semana (5 ou mais} pelo menos 30 minutos de atividades fisicas moderadas - equi- valentes a uma caminhada répida (PATE et al., 1995]. Esta recomendagao ¢ semelhante a do Surgeon General americano (US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996), que propde um gasto caldrico minimo semanal em atividades fisicas de 1.000 Keal, identificado ‘como © ponto 4 partir do qual se observam bene- ficios significativos para a satide (0 ideal seria aproximar-se de 2,000 keal semanais, para um beneficio étimo]. E claro que, para aquelas pes- soas que realizam atividades mais intensas regu- larmente {exercicios fisicos), nao se est sugerin- do que reduzam suas atividades. As recomenda- Goes gerais tém como alvo a grande parcela se- dentéria (ou insuficientemente ativa) da popula- 53 do: em torno de 60%, na maioria dos paises onde existem dados populacionais (PATE et al., 1995; US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). FATOR 4 - COMPORTAMENTO PREVENTIVO Nos dias de hoje nao se pode falar de com- portamentos relacionados a salide sem incluir certos elementos que passaram a ser fundamen- tais na vida contemporanea. Si0 exemplos des- ses compartamentos preventivos + uso do cinto de seguranga e a forma de- fensiva de dirigir, observando a regras e leis fun- damentais de transito. Em particular, nao dirigir depois de ingerir bebidas aleodlicas ~ a nao ob- scrvncia desse comportamento tem como risco principal: acidentes graves, muitas vezes fatais. + uso de protetor solar (cremes, liquids), evitando-se a exposigao exagerada ao sol, princi- palmente entre 10 e 16 horas ~ risco principal: envelhecimento precoce e cancer de pele. + uso de preservativo {camisinha] nas rela- goes sexuais, particularmente em casos de muil- tiplos parceitos — risco principal: DST - doengas sexualmente transmissiveis / AIDS. + observacao de principios ergonémicos (posturas € mobilidrio adequados, intervalos © variagao em tarelas repetitivas; adequacao de car gas) ~ risco principal: LER - lesdes por esforgos repetitivos; acidentes; incapacidade para 0 tra- balho. + uso de equipamentos de seguranga no trabalho — risco principal: acidentes graves (até fatais). + no fumar ~ risco principal: morte prema- ura por diversas causas (doencas cardiovasculares, cincer} + ingestao moderada (ou abstinéncia) no consumo de bebidas alcodlicas ~ risco princi pal: doencas hepaticas, cancer, problemas soci- ais e comportamentais. + nao usar drogas—os riscos envolvidos com uso de drogas sao de ordem psicolgica, orgini- ca ¢ social, geralmente associados 4 problemas familiares, escolares, perda de emprego, debili- dade fisica, comportamentos anti-sociais e mor- te prematura, muitas vezes violenta 54 FATOR 5 — QUALIDADE DOS RELACIONAMENTOS O relacionamento - do individuo consigo ‘mesmo, com as pessoas a sua volta e com a natu- reza ~ representa um dos componentes fundamen- tais do bem-estar espiritual c, por conseqiiéncia, da qualidade de vida de todos os individuos. A vida humana, por natureza, é assentada em relaciona- mentos € € preciso estar bem consigo e cultivar os relacionamentos com outras pessoas para se ter ‘uma vida com real qualidade (Offer, 1996] Nos ultimos 20 anos diversos estudos en- volvendo pacientes e pessoas em risco para do- engas cronicas (AIDS, cancer, doengas cardiacas) produziram evidéncias de que o comportamento das pessoas pode predizer a incidéncia ou reinci- déncia dessas doencas. Caracteristicas como hos tilidade, cinismo e excessivo individualismo mostraram-se como fortes indicadores de risco para novos eventos cardiacos, independentemen- te de outros fatores (SCHERWITZ et al., 1986) O stress e a percepgao de isolamento {geralmen- te associados) sao, segundo ORNISH (1996), fa- tores de agravo para as doencas coronarianas e aumento da mortalidade por diversas causas. Segundo esse autor, qualquer coisa que provoque a sensacio de isolamento leva ao stress crdnico ¢, freqiientemente, 3 doencas como as cardiacas; por outro lado, qualquer coisa que leve sensa- Gio de intimidade e relactonamentos {conexdes), podem promover a satide ¢ ser curativas — no ver- dadeiro sentido da palavra ORNISH [1996} refere-se a duas perspecti- vas de intimidade ou relacionamento: horizon- tal, quando se desenvolve contatos conexses com outras pessoas (grupos de apoio, desenvol- vimento de habilidades comunicativas, confian- a, perdio, altruismo, etc.); e vertical, quando 0 relacionamento (conexio] se da consigo mesmo (em nivel psicolégico ou espiritual, através da reflexao, meditacdo ou oracdo) SEAWARD {1997) refere-se as questdes do relacionamento consigo mesmo como politica in terma, € © relacionamento interpessoal e com a natureza como politica externa, Diariamente te- mos que lidar com essas questdes de politica in- tena e externa, buscando harmonia e equilibrio em nossos relacionamentos. Ao menos por cinco minutos, a cada dia, devemos nos ater 2s nossas questoes interiores; orando, ouvindo nossa mtisi- Volumes. Nimere2, 2000 ca favorita, apreciando uma bela paisagem ou sim- plesmente relaxando confortavelmente num amv biente calmo, Em nossos relacionamentos soci- ais, talvez a tolerdncia seja a pocio magica (cada vvez mais escassa no dia a dia das pessoas) Nossos relacionamentos podem, ainda, ser melhorados se exercitarmos 0 que SEAWARD (1997) denomina miisculos da alma: otimismo, bom humor, criatividade, curiosidade, persistén- cia, tolerancia, confianca, amor, perdio, entre muitos outros, Sorria, faca as pessoas rirem, tor- ne o bom estado de humor o seu padtio, ¢ os relacionamentos (em todos 0s niveis) favorece- rio um estado de positivo bem-estar ¢ melhor qualidade de vida (OFFER, 1996). AVALIANDO 0 ESTILO EA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS E GRUPOS Os indicadores da qualidade de vida (e 08 respectivos instrumentos} podem ter carter pes- soal (individual) ow podem considerar grupos sociais como um todo [pequenas comunidades, cidades, paises} Perfil do Estilo de Vida, derivado do mode- lo do Pentaculo do Bem-Estar, é um instrumento, simples, auto-administrado, que inclui cinco as- pectos fundamentais do estilo de vida das pessoas que, sabidamente, afetam a satide geral e estio associados ao bem estar psicaldgico ¢ & diversas doengas referidas como cronico-degenerativas (ou crdnicas, nao transmissiveis|, como o infarto do miocardio, o derrame cerebral, 0 diabetes, a hiper- tensio, a obesidade, a osteoporose, entre outras. Alem de responderem aos 15 itens do que: tionario, as pessoas sio estimuladas a colorir(pre- encher com lépis de cor) as faixas representati- vas de cada um dos itens auto-avaliados, numa escala que vai dle zero (auséncia total de tal carac- teristica no estilo de vida) até trés pontos (com- pleta realizacao do comportamento considerado) Quanto mais colorida (preenchida) estiver a fi- gura (0 penticulo], mais adequado esta o estilo de vida da pessoa, considerando os cinco fatores individuais relacionados a qualidade de vida instrumento apresentado a seguir (Perfil do Estilo de Vida Individual) foi idealizado para uso com adultos, podendo ser interpretado in- dividualmente ou coletivamente (considerando Atividade Fisica —_ Sauide os escores médios para um grupo determinado) Sugere-se que a andlise individual seja sigilosa, mas que a anilise grupal possa ser discutida en- tre os membros do grupo, uma vez que nio se identifiquem os respondentes. E claro que o ideal seria que todos os itens fossem preenchidos no nivel maximo (correspondente a 3 pontos na escala). Escores nos niveis zero e um indicam, que 0 individuo (ou o grupo) deve ser orientado e ajudado a mudar seus comportamentos nos itens assim avaliados, pois eles oferecem riscos a sua satide. A idéia geral é permitir que a pes- soa (011 0 grupo] identifique aspectos positivos negativos em seu estilo de vida, recebendo in formagées e oportunidades para tomada de de- cisdes que possam levar a uma vida com mais qualidade. Dados preliminares indicam que a fidedigni: dade deste instrumento pode ser considerada boa. FIGURA 2 — Representacao pictorial do pentdculo do bem-estar SS Os valores do erro padrao de medidas (fidedigni- dade absoluta) variam entre 0,29 e 0,44 nos cinco dominios do instrumento, o que vel, con- siderando a escala de medidas utilizada (0 a.3 pon- tos}. O coeficiente de concordancia entre duas medidas realizadas [fidedignidade relatival variow entre 74 ¢ 93% nos diversos dominios. Estes ¢ outros dados de validade © reprodutibilidade do instrumento estao em desenvolvimento ¢ serio publicados num trabalho futuro ‘Nas figuras seguintes, estado ilustradas repre- sentagoes do Perfil do Estilo de Vida em duas twagdes. Na figura 2, observa-se uma predomi- nancia de escores nos niveis zero e um, indican- do que a individuo [ou o grupo} apresenta estilo de vida desfavoravel. Na figura 3, observa-se uma predominancia de escores nos niveis dois e ués, correspondente a um estilo de vida favoravel a manutengio da satide e bem-estar FIGURA 2 — Representacao pictorial do pentéculo do bem-estar 56 Votume 5, Nimero2. 2000 Veja e utilize livremente o instrumento apresentado a seguir, desde que citada a fonte. PERFIL DO ESTILO DE VIDA INDIVIDUAL O ESTILO DE VIDA corresponde ao conjunto de ages habituais que refletem as atitudes e valores, das pessoas, Estas agdes tém grande influéneia na satide geral e qualidade de vida de todos os indivi- duos. Os itens abaixo representam caracteristicas do estilo de vida relacionadas ao bem-estar individual Manifeste-se sobre cada afirmagao considerando a escala: [0 | absolutamente nao faz parte do seu estilo de vida [ 1 | As vezes corresponde ao seu comportamento {2 | quase sempre verdadeiro no seu comportamento [3 | a afirmacao é sempre verdadeira no seu dia a dia; faz parte do seu estilo de vida. Componente: Nutrigdo a, Sua alimentagao didria inclui ao menos 5 porgdes de frutas e verduras. {| b. Vocé evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras| e doces, il c. Vo’ faz 4 a 5 refeigies variadas ao dia, incluindo café da manha completo. (| Componente: Atividade Fisica 4. Vocé realiza ao menos 30 minutos de atividades fisicas moderadas / intensas, de forma continua on acumulada, 5 ou mais dias na semana, 14 €. Ao menos duas vezes por semana vocé realiza exercicios que envolvam forga e alongamento muscular. (1 £ No seu dia a dia, vocé caminha ou pedala como meio de transporte e, preferencialmente, usa as escadas ao invés do elevador, 11 Componente: Comportamento Preventivo g. Vocé conhece sua PRESSAO ARTERIAL, seus niveis de COLESTEROL e procura controlé-los, tl hh, Voce NAO FUMA ingere ALCOOL com moderagao {menos de 2 doses ao dia). ||] 1. Voce sempre usa cinto de seguranga e, se dirige, o faz respeitando as normas de transito, nunca ingerindo alcool de vai dirigit. 11 Componente: Relacionamento Social }. Vocé procura cultivar amigos e esta satisfeito com seus relacionamentos 1 k. Seu lazer inclui reunies com amigos, atividades esportivas em grupo, participagio em associagoes. tl 1. Vocé procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se titil no seu ambiente social. | | Componente: Controle do Stress ‘m, Vocé reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para relaxar, 11 n. Vocé mantém uma discussao sem alterar-se, mesmo quando contrariado. i ©. Voc’ equilibra o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer. tl Atividade Fisica {2 Saude ST Considerando suas respostas aos 15 itens da pagina anterior, procure colorir a figura ibaixo, construindo uma representaco visual do seu Estilo de Vida atual. # Deixe em branco se voc® marcou zero para o item; * Preencha do centro até 0 primeiro cireulo se marcou [1] # Preencha do centro até 0 segundo cireulo se marcou (21; # Preencha do centro até 0 terceiro efrculo se marcou [3] Data: 58. CONSIDERACOES FINAIS Ainda que nao se tenha uma definigao uni- versalmente aceita para bem-estar ou qualidade de vida, hé concordancia de que essa condigao da vida humana (de pessoas ou grupos} é determi- nada por miiltiplos fatores interatuantes, de or- dem individual, sécio-ambiental e espiritual. Nesta perspectiva, o todo (bem-estar] é maior que a mera soma das partes. A diversidade natural entre seres humanos tem ao menos um ponto de convergéncia: a bus- ca por equilibrio e harmonia - consigo, com os outros e com a natureza. Por milénios a sabedo: nia humana (e mais recentemente a ciéncia] nos tem mostrado que a radicalidade nas escolhas ¢ os extremos nas relagdes nos afastam do bem- estar ¢ afetam negativamente a satide. O grande “segredo”, redescoberto periodicamente, parece ser o da moderacdo, a busca por equilibrio em todos os aspectos da vida ~ outrora uma receita popular para uma vida longa, isso hoje reflete as, evidéncias cientificas para uma vida com quali- dade. E, afinal, manter uma vida com qualidade € aumentar, também, as chances de uma vida mais longa. Considere as pequenas mudancas que pode realizar em sua vida, antes de pensar em mnidangas radicais, Nao se deve tentar mudar Voume', Nimare2, 2000 muitas coisas de uma s6 vez, pois mudar velhos habitos e incorporar novos pode levar algum tem- po. Pequenos e seguros passos na direcdo certa aumentam as chances de sucesso, reduzindo a frustragao (e 0 stress) por nfo atingir o almejado Procure avaliar sua capacidade individual para as mudaneas desejadas, busque 0 apoio social (ami- g0s e familiares) e, o que é mais importante, apre- cie as vantagens de cessar ou incorporar um com- portamento. A proposta do Penticulo do Bem-estar nao 6, certamente, algo novo. Buscou-se apenas sis- tematizar uma idéia, baseada no pressuposto de que, para a maior parte das pessoas no mundo atual, o estilo de vida representa o elemento mais importante para a saiide e o bem-estar. Toda in- tervengéo que vise facilitar mudancas comportamentais |cessar ou iniciar novos com- portamentos) parte do reconhecimento pelo pr6- prio individuo do estado atual das caracteristicas do seu estilo de vida (pelo menos as cinco discu tidas neste artigo). A partir dai, os programas de promocao da satide podem servir para informar, sugerir estratégias comportamentais, criar opor- tunidades e reduzir barreiras para que os indivi duos ou grupos conhegam as vantagens, desejem € ajam para ter um estilo de vida ativo ¢ sauda- vel, socialmente e espiritualmente em harmonia. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AMERICAN HEART ASSOCIATION. Statement on. exercise. Circulation, 86(1), 2726-2730, 1992. ARGYLE, M. Subjective well being. In: A. Offer, In pursuit of the quality of life, New York: Oxford University Press Ine, 1996, p.18-45. BLAIR, S. N.C. H. McCloy research lecture: physical activity, physical fitness and health. 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ENDERECO PARA CORRESPONDENCIA: Niele de Pesquisa om Atvidade Fisica & Snide Cento de Oespotas Unversidade Feral de Santa Caterina Campus Universiti, fade, Fatendpos $C ‘CEP 33040900, Fax (48 331.907 Email: marhus@cds wer

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