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R887 Roxin, Claus "A protegdo de bens jurfdlcos camo fungio do Dirol- to penal / Claus Roxin: org. ¢ trad. André Luts Calle fat, Hereu Jost Glacomolt~ 2. ed, Porto Alegre: Livre- Fla da Advogado Editora, 2008. 65 ps 21 em. ISBN 978-85-7348-048-3 1. DireltoPenal, 2. Bem Juridico: Protegio. 3, Tipo penal, 1. Callegari, André Luts, trad. Il. Giacomolli, Ne- Feu José, trad. IL. Titulo. cDU- 343.2 Indices para o catélogo sistemético’ Direito Penal Tipo penal Bem juridico: Protegao (Bibliotecéria responséivel: Marta Roberto, CRB-10/652) CLAUS ROXIN A protecio de bens juridicos como fungao do Direito Penal orgenizagic ¢ Tradugie André Luis Callegari Nereu José Giacomolli a EDICAO livraria, DO ADYOGADO. editora Porto Alegce 2009 © Clnux Roxin, 2009 Ongantzapto e Traduréo ‘André Luis Callegari Negeu José Giacomoltt capa, projet grfco« dagramocio Eiviara do Advogado editors Revisto Rosane Marques Borba Direitas desta edicao reservados por Livraria do Advogado Editora Ltda, Rua Riachuelo, 1338 90010-273 Porto Alegre RS Pone/ fax: 0800-51-7522 ecitora@livrariadoadvogado.com.br ‘www deadvegada.com-br Inipresso no Brasil / Printed in Brazil Apresentagdo A presente obra é resultado de duas conferéncias proferidas pelo Professor Claug Roxin, na Universidade Externado da Colombia, em Setninario Internacional de Direito Penal ¢ Filosofia do Diteito, em final de 2004. As duas palestras foram intituledas: “A protecao de béns juridicos como misso do Direito Penal?" e “Protecao de bens juridicos e liberdade individual na encruzilhada’ da dogmiatica juridico-penal". Na mesma ocasido, o Profes- sor Claus Roxin autorizou a traducao e a publicagao tio contetido das palestras no Brasil. No original, as confe- réncias nao estavam subdivididas em itens, o que se fez necessdrio para fins didéticos e para melhor visualiza go do contetide do que foi exposto. Assim, o titulo de cada capitulo representa uma conferéncia e foi dividido em vérios itens. No primeiro capitulo (primetra conferéncia), 0 au- tor trata do comportamento como objeto de protecio. conceituando bem juridico e suas implicagSes como limites ao legislador, na restrigao da punibiliciade, na proporcionalidade ¢ na legitimagdo dos tipos penais, culminando com as criticas a Hirsch, Stratenwerth e Jakobs. Conclui, ressaltando a importancia do bern juri- ‘ico, que’a) é absolutamente compativel que a interven- cdo estatal penal dependa da necessidade de protecdo subsididria de bens juridi¢os e da salva-guarda das regras culturais de comportamento publico, tudo dentro de marcos constitucionais e de controles democraticos: um sistema social ndo deve ser mantido por ser um Walor em si mesmo, mas atendendo aos homens que ; vivem na sociedade atual@) sua concepgio de bem juridico no Direito penal relaciona-se com o Estado de Direito. 4 Sumario No segundo capitulo {segunda conferéncia), Roxin problematiza 4 protecio de bens juridicos e a liberdade Capitulo individual, no marco do. injusto penal e do risco nao if ‘A protecio de bens juridicos como missio do Direito Penal? permitido. coneluindo que(@Jo injusto penal pressupde Pe eee ceyilds poms cu ma lesde ou colocagao em Berigo do bem jurdicoe que =D comperament como op punto 7-7 teoria da imputacdo objetiva estabelece, com detalhes, Bo A stunt ents Sen dec touts i. a partir de dito fundamento, o Ambito do juridico penal- 1 Rosblg de atuagbo do Direlto Ponal: Hirsch, Stratemwérth mente proibido, mediante a ponderacéo dos interesses fede ec eee reeereetoetenecateug pela protecao da tered 0 finalismo penal enrai- 5 Conceito de bem juridico se veer ees ra zou-se numa estrutura ontolégica da finalidade sem 6 - Limites impostos ao legislador . - 20 jesenvolver-sé completamente{c} uma teoria do injusto 7~ A restrigao da punibilidad= . ++ ue rechaga a lesio ao bem juridico nao pode ser . 8~ A proporcionalidade . 6 Cplicdvel seriamente. 8 Legitimacio dos tpes peals a Finalmente, cumpre agradecer 20 Professor Claus ‘ ne fate a Roxin por tet autorizado @ permitide a organizacao Capitulo Tt sj , i: desta obra, bem como ao apoio da Livraria do Advoga- Protegia de bens jriiens« ubeidade motvidual na Go Editora, por ter aceitado mais este empreendimento, Salt pot Neva Sot Gace a colaborando, decisivamente, na divulgagio dos questio- 10 injusto penal eo isco nio permitido .- 39 namentos atuais da ciéncia juridica. 2 = 0 ocaso do finalismo ‘ Beaune) Porte Alegre, outono de 2008. 3" Asmawpela neiansistve coinunas oo Bs : 5 Conelusto aaceanen pnt loa André Lufs Callegari Bibliogratia we Nereu José Giacomolli Capitulo I A protecao de bens juridicos como missao do Direito Penal? Traducao de André Luis Callegart ‘sera sempre um problema central \gGSlador Was, também, para a Ciéncia do Direito 1 - O comportamento como objeto de puni¢ao ° Penal. Ha muitos argumentos a favor para que o legisla~ dor moderno, mesmo que esteja legitimado democrati- camente, nao penalize algo simplesmente porque néo gosta. A critica veemente 2 usn governo, a prética de Convicgbes religiosas fordneas, ou um_comportamento privado que se afaste da norma civil serao ci an- as incOmodas para uma autoridade que poe especial interesse em cidadaos obedientes, conformistas e facil- mente dirigiveis. A histéria ~ também, inclusive, a atual = conhece muitos exemplos de uma justica penal que busca a represséo de um comportamento semelhante. Entretanto, de acordo com o estandar alcancado por nossa civilizacéo ocidental - e minhas apreclagdes se moverfio;somente neste marco ~, apenalizacao de um comportamento necessita, em todo caso, de iti rages cikerem les discricionari adios See ee ee i [A proteg de bens juriicos como fungto to | 2- A situagao na Alemanha no pds-guerra A ciéncia do Direito Penal alem&o do pés-guerra tentou limitar 0 poder de intervengio juridico-penal na teoria do hem juridieo, A ideia principal foi que o Direito Penal deve proteger somente bens jurfdicos concretos, ¢ no convicgées politicas ou morais, doutri- nas religiosas, concepsdes ideoldgicas do mundo ou simples sentimentos.! O projeto alternativo alemao do ocidente de 1966, do qual ful co-autor, ¢ que pretendia opor-se ao projeto do governo de entéo com uma politi- ca criminal alternativa moderna rezava, programatica- mente, no artigo 2%, § It: "As penas e as medidas de seguranga server para protecdo dos bens juridicos ¢ & reinsercao do autor na comunidade juridica”. Ainda qui o legislador alemo nao tenha assumido esta ideia programatica, ao menos reformou integral- mente, nos anos seguintes, 0 Direito Penal alemao no ambito sexual, sob a influéncia da teoria da protecao de bens juridicos. Desde entéo, 0 capitulo correspondente de nosso Cédigo Penal jé tid se intitula “Delitos e contravenges contra a motalldade”, mas, “Fatos punt- veis contra a auitodeterminacao’ sexual”. Isto 6, a “mora- ‘Tee artigo fo traduaido para o expan por Jorge Fernanto Perdomo Tore Cane cenigaconcr on Derecho y Fiesohin Universided Excenado de Colombe. ‘Gslitres'mets importante sobre a sora da bei joridlco ¢ que dferem Stnplamente quanto ao conteuida a tendoncia so: Jer, Stefgestzgsbun aaa peep sl de Stich ictsdeicn, 1s. Sine Die Doge [eschichte des Bogeltis"Resntsput™, 1982: Among, Rechisgversehute und Sepals dor Geselchat, 197 tors, ue Dafinion des Segre “Rechtsgu. 1512: Fastener Theos und Soatlogie des Verorechens ~ Ansatz 2 einer prbvsorientiocen Rechtsgulehr, 19: Hetendel/ Ven Hirsh Wohlers (a {ores Die Recnagutsteori, 2008, | 3 tint indiatea do atigo, no Cédigo Penal Alemto, ol raduzido coma sig. Se eseceeee receaereeeeseeeeceeceaee eee 12 4 ‘Clous Rwln Mopelidoat dade" ja nao ¢ protegida juridico-penalmente porque nao é um bem juridico, de maneira que, por exemplo, a homossexualidade entre adultos (entdo tida como imo- ral), a troca de casais, os atos: sexuais com animals outros atentados contra a moral foram, de forma conse- quente, dispensados de pena. 3 - Comportamento ético: delitos sexuais A reforma do Direito Penal no ambito sexual, con- cluida no ano de 1973, Ievou atloutrina do bem juridico 20 ponto culminante de seu retonhecimento na Alemia- nha, ainda que isto seja negado por alguns dos adyers4- s da teoria do bem juridicg? com a afirmacao'de que a punibilidade da homossexualtéade entre adultos se su- primiu, ndo porque um compoftamento semelhante 120 Iesione os bens juridicos de alguém, mas porque.as conviccdes mudaram, e este tomportamento | nao se considerou como imoral. Cort efeito, a homossexualida- de 6 considerada hoje na Alemanha como uma forma especial, eticamente neutra, de orientagio sexual. Entre: tanto, isso foi, em grande parte, a consequéncia da despenalizagao, ¢ no sua cauise; poucos anos antes da supressio da punibilidade, 0 projeto governamental para o novo Codigo Penal no ano de 1962 qualificou a homossexualidade como um “comportamento ético es- pecialmente ceprovavel ¢ ignominioso segundo a con- vicgao géral".* Stratenwerth Zum Roppiteles *Rochtsgutes" io em hamenagem a Lencker Lean tre ce 80) irsabote aktuelle Diskussion Gber den Rechtsgu begrift livro em homenagem 2 Spinelli, 2001 p. 428 e ss. (132. 3 Bogrdndung des Reglerungsentivurs, 1982, p. 376. ‘A protegao de hens juridicos como fungho do Direito Penal 13 k

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