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© TRAFICO DE DROGAS NO RIO DE JANEIRO E SEUS EFEITOS NEGATIVOS EM TERMOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIO- ESPACIAL Marcelo José Lopes de Souza’ Introdugao Buscando contribuir para uma critica ndo-conservadora do trafico de drogas © contato inicial do autor do presente texto com a problematica das drogas se deu, descontando-se um acompanhamento distante da evolugaéo do fendmeno ao longo dos anos 80, no momento de sua pesquisa de doutoramento. Foi quando, buscando investigar a nova dinamica da “questo urbana” no Brasil em geral e na metrépole do Rio de Janeiro em particular, viu-se ele pela primeira vez confrontado com a influéncia e os efeitos, nas favelas cariocas entdo visitadas, da Presenga dos traficantes de drogas (SOUZA, 1993a). Aquilo que, em SOUZA, 1998a (bem como em SOUZA, 1993b e 1994a) circunscreveu-se a um contato algo periférico com o problema do tréfico de téxicos, deu origem, a partir de 1994, a uma investigagdo especifica, motivada pelo reconhecimento cada vez mais forte de que todo um conjunto de problemas direta ou indiretamente ligados ao incremento do trafico de drogas - especialmente 0 aumento objetivo da criminalidade violenta, ou ao menos do sentimento de inseguranga por parte da populagdo - constitui um dos fatores imediatos mais essenciais da complexificagéo e do agravamento da “questdo urbana” em indmeras cidades brasileiras, e muito particularmente no Rio de Janeiro, verdadeiro simbolo nacional do problema. Sem duvida, as favelas n&o s&o os tnicos loci do trafico de téxicos, mas apenas consistem na sua instancia menos rica e sofisticada (voltar-se-4 a isso mais adiante). Este apenas nao deve minimizar o fato, porém, de que as favelas constituem, nas cidades brasileiras, bases de apoio logistico essenciais ao negécio das drogas. O drama objetivamente representado tendo as favelas como palco, assim como a centralidade das favelas no discurso cotidiano sobre a violéncia urbana, discurso esse perpassado por preconceitos e ideologia, justificam um tratamento especial para as mesmas no contexto da andlise da relagdo trafico de drogas/“questdo urbana”. Esta justificativa ser4 aprofundada mais adiante na seco 3.. As favelas foram e continuam sendo “caixas pretas” para os conservadores. Associagdes simplistas e generalizantes do tipo favelados=vagabundos ou favelados=desajustados, substrato ideolégico do velho mito da marginalidade, néo desapareceram, mesmo com as varias criticas e competentes desmontagens de discurso ideolégico ja produzidas (p.ex. PERLMAN, 1981), e ainda por cima, a partir da década de 80, se véem suplantadas por uma outra: favelados=bandidos (ou faveladosetraficantes). © curioso é que, também para alguns dos assim chamados progressistas, os quais, por desconfianga em relag&o ao Estado e @ sua policia e por simpatia para com tudo o que pareca se opor ao status quo, as favelas séo “caixas pretas”, passando eles ao largo da riqueza de conflitos e dramas vividos pelos favelados; assim é que, por ter dificuldades em parar de assimilar traficantes a Robin Hoods, equivoco repetidas vezes denunciado por Alba Zaluar (vide p.ex. ZALUAR, 1994:54), mas sendo ao " Professor do Departamento de Geografia da UFRJ 1065 mesmo tempo arrostada com a truculéncia dos traficantes e os efeitos do trafico de drogas sobre 0 tecido social, boa parte da esquerda esta desprovida de um discurso coerente e sem propostas consistentes diante dos choques entre os atores sociais envolvidos (moradores de favelas, moradores dos bairros comuns, bandidos, policia, Exército etc.). Desmistificar as drogas n&o pode desembocar em uma negligéncia leviana para com a andlise dos impactos negativos da ampliagao do trafico de téxicos sobre 0 tecido social. Da mesma forma, ser critico do modelo civilizatério capitalista no deve redundar em automética simpatia para com qualquer forma de reag&o desenvolvida pelas camadas populares, sem se perguntar se essa reagdo é socialmente construtiva ou se ela é, pelo contrario, em tiltima andlise ou sob varios aspectos disfuncional até mesmo para os préprios pobres urbanos entendidos no ‘seu todo. Indubitavelmente, uma relativizag&o histérico-politico-cultural e mesmo médica da perniciosidade das “drogas” torna-se cada vez mais necessédria. Historicamente, o que se observa 6 que drogas passam a ser vistas - ou deixam de ser vistas - negativamente de acordo com variagSes culturais e de mentalidade, mas também politicas e motivadas por interesses econémicos. Pela mesma razao é que, atualmente, o status quo involuntariamente estimula o uso de drogas (ao criar legides de socialmente fracassados do lado tanto dos consumidores de classe média quanto dos pequenos traficantes de favelas e loteamentos periféricos) e, em parte, torna-se ele mesmo cada vez mais dependente do trafico (de policiais corruptos ao sistema financeiro) mas, por outro lado, dialeticamente é forgado a reprimi-lo, na medida em que esse “poder paralelo” ameaga a face oficial do Estado. Por fim, sabe-se que nem todas as drogas s&o igualmente perigosas, e que algumas delas, consideradas leves (como a maconha), nao sdo necessariamente mais perigosas que 0 alcool. A questo central, aqui, néo é, por conseguinte, a de ‘se as drogas, em si, devem ser ou ndo execradas. A pergunta que aqui interessa 6 ‘a seguinte: pode 0 comércio ilegal de toxicos, no nosso contexto cultural, politico e econémico, contribuir para desordenar/reordenar (parcialmente) a sociedade e a organizagao territorial A escala da cidade (ou metrépole) e mesmo na escala nacional (através de novas correlagdes de forcas e efeitos colaterais como 0 incremento da corrup¢ao, a formagao de enclaves territoriais no interior das cidades controlados pelo crime organizado, a espiral da violéncia e a “militarizagéo da questo urbana’) - e, simultaneamente, bloquear um verdadeiro desenvolvimento sécio-espacial nas favelas (via asfixia de organizagdes comunitdrias, tolhimento da liberdade dos moradores em geral etc.)? Conclua-se, agora, esta introdug&o com uma brevissima explicitagao do ‘significado que a express&o desenvolvimento sdécio-espacial assume neste trabalho. © conceito de desenvolvimento sécio-espacial objetiva superar duas falhas das conceituag6es existentes do desenvolvimento: uma, mais especifica, que 6 a antiga tendéncia de muitos especialistas de negligenciarem ou subestimarem a importancia da dimens&o espacial da sociedade, 0 que é um resultado da positivistica fragmentacéo epistemolégica da ciéncia social em campos independentes e, em ultima andlise, da artificial compartimentagdo ontoldgica entre Processos sociais, espago e tempo. O destaque dado ao adjetivo espacial na expresso desenvolvimento sécio-espacial no significa que, como revanche, esteja-se aqui a propor uma “concepgdo geografica do desenvolvimento”, em contraposigao as idéias oriundas de economistas e socidlogos; pelo contrario, 0 teferencial conceitual em tela tem a pretensdo de integrar as diversas dimensées da sociedade (dimensSes de processos sociais: economia, politica, cultura; dimensao espacial; dimensio temporal), visando lastrear andlises mais realistas. Uma segunda falha, mais geral, explica precisamente este desejo de maior 1066 concreticidade incorporado pelo conceito de desenvolvimento sécio-espaciak trata- se da monodimensionalidade das conceituagdes correntes (sobretudo no caso da idéia de “desenvolvimento econémico”), do seu contetido muitas vezes teleolégico e da sua amarrag&o acritica e apologética a um determinado modelo civilizatério (a saber, o Ocidente capitalista e sua modernidade), sendo elas portanto etnocéntricas. Diversamente, a idéia do desenvolvimento sécio-espacial, cuja construgao 0 autor iniciou em trabalhos escritos anteriormente (SOUZA, 1994d e 1995), n&o enfatiza, como parametro definicional basico, a performance econémica (crescimento + modemizag&o tecnolégica), e nem mesmo indicadores de qualidade de vida descolados de um exame critico do contexto sdcio-histérico, mas sim a idéia de autonomia, tal como trabalhada por Cornelius Castoriadis (ver p.ex. CASTORIADIS, 1983), e A qual o autor do presente artigo acrescentou explicitamente a dimenséo espago-territorial: a autonomia de uma sociedade ou grupo social para autogerir-se e gerir seus recursos e seu espaco - 0 que no fundo S&0 os dois lados da mesma moeda. Com isso abre-se, quer o autor crer, a Perspectiva de uma radical flexibilizagéo histérica e cultural do conceito de desenvolvimento, abandonando o teleologismo e 0 etnocentrismo, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento deixa de ser definido com base em aspectos parciais ou dependentes de valoragdes determinadas para reportar-se a propria condig&io fundamental para o estabelecimento livre, por uma coletividade, de seus objetivos em termos de ideal de sociedade. Para Contextualizar: Sobre Redes, Territérios e as Diversas Escalas do Tréfico de Drogas Em que a situag&io do Rio de Janeiro especifica, e em que ela se insere ‘em uma problematica muito mais geral? Compreender isso 6 importante para que um trabalho sobre o Rio possa servir, de modo realmente eficiente, para alertar sobre a gravidade do problema, ao qual nenhuma cidade esta a priori imune. E compreender isso exige a consideragdéo de varias escalas, além da local- metropolitana. © trafico de drogas é uma atividade multiescalar por exceléncia, manifestando-se tanto sob a forma de uma rede internacional do crime organizado quanto de uma favela controlada por uma determinada quadrilha ou organizagao. Na realidade, melhor seria falar, sob o prisma das organizagoes criminosas, de redes internacionais no plural, pois, embora existam as mais variadas conexdes intercontinentais, h& organizagdes particulares em certos _continentes especializadas no trafico de determinados tipos de drogas, em sua maior parte exportadas para a Europa Ocidental e os Estados Unidos. Mesmo na escala intra-urbana, por exemplo no Rio de Janeiro, no existe uma Unica rede, a nao ser fazendo-se abstragéio da dimenséo politica - ou seja, enquanto simples conjunto, somatério de nds e arcos, superposigdo de todas as redes. Cada uma das organizagdes que, no Rio, disputam o mesmo ou aproximadamente 0 mesmo mercado consumidor (Comando Vermelho - CV, Terceiro Comando, Comando Caipira e bandos independentes), constitui sua propria rede. As redes articulam territérios vinculados a uma mesma organizacao, integrados pelas mesmas relagdes de poder e fluxos de comando e controle, se bem que nao formem territérios contiguos, pois entre os nés de uma rede existem espagos que nao pertencem a ela, ainda que possam sofrer sua influéncia, No que concerne aos fluxos de comando e controle supra-referidos, devem eles ser entendidos de modo bastante amplo, pois existem evidéncias de que o crime organizado no Rio de Janeiro é, na verdade, menos organizado do que 1067 muitos supdem. Talvez mesmo uma organizagao como o Comando Vermelho, responsdvel pela maior parte do trafico de téxicos na metrépole carioca, seja antes uma espécie de “cooperativa criminosa’, uma rede funcional mas também de solidariedade e amizade com origens que remontam ao final da década de 70, do que uma estrutura hierarquica rigida, em estilo mafioso.'* (E, ao que parece, a partir de 1993 mesmo essa solidariedade vem sendo solapada, com disputas sangrentas no interior do préprio CV, contrariando o espirito dos “fundadores”, os quais estéo, atualmente, mortos ou encarcerados). Uma das evid&ncias empiricas do relativamente baixo nivel de organizagao do trafico de drogas carioca reside em ‘sua extrema pulverizacao, com constantes “guerras” motivadas pelas disputas por bocas-de-fumo. Isto determina uma territorialidade distinta daquela que ¢ caracteristica de um cartel ou quase-cartel, como 6 0 caso do jogo do bicho, onde, de conformidade com um “pacto territorial”, cada bicheiro possui sua area de influéncia, a qual 6 um territério contiguo, portanto um territério em sentido convencional. J& cada uma das organizagdes do trafico de drogas se manifesta sob a forma do que se pode denominar de territorialidade descontinua ou em rede. © conceito de territério descontinuo expressa a necessidade de se construir uma ponte conceitual entre 0 territério em sentido usual (que pressupde contigiiidade espacial) e a rede (onde nao ha contigilidade espacial: o que ha 6, em termos abstratos e para efeito de representag&o grafica, um conjunto de pontos - nés - conectados entre si por segmentos arcos - que correspondem aos fluxos que interligam, “costuram” os nds - fluxos de bens, informagdes, pessoas). Trata-se, a0 mesmo tempo, de uma ponte entre escalas: 0 territ6rio descontinuo associa-se a uma escala onde, sendo os nés pontos adimensionais, nao se coloca evidentemente a questdo de se investigar a estrutura interna desses nés, j4 que cada ponto interessa somente enquanto parte de um todo maior, ao passo que, & escala do territério continuo, que 6 uma superficie e nao um ponto, a estrutura interna de cada territério é relevante de ser considerada. Ocorre que, como cada nd de um territério descontinuo é, concretamente e em outra escala, dependendo da distancia a partir da qual o objeto geografico 6 observado, uma superficie, ela mesma um terrifério (uma favela territorializada por uma organizago do trafico de drogas, um loteamento periférico, uma residéncia de luxo tipo bunker), temos que cada territério descontinuo representa, na realidade, uma rede a articular dois ou mais territ6rios continuos. O territério descontinuo 6, porém, de fato ainda mais complexo do que acima sugerido, j4 que, entre os nds de uma rede (territérios continuos individuais), existem areas nao direta e fortemente territorializadas, conquanto constituam uma rea de influéncia da rede, definida essa drea com base na influéncia que se exerce @ partir de seus nés, concretamente em termos de um mercado consumidor. Essas Areas so os bairros comuns ou, para usar a giria carioca, o “asfalto”. Por isso 6 que os territérios-rede das diversas organizagées do tréfico significam territérios apenas em um sentido bastante sofisticado; na verdade, cada uma das organizagSes por trés dessas redes territoriais, ao disputar sanguinolentamente um mesmo mercado consumidor, esté de fato empenhada em territorializar de forma continua e exclusiva a area de influéncia, ao buscar deter 0 monopélio da oferta de drogas. A complexidade da territorialidade em rede se coloca na medida em que Sobre as origens e a natureza do Comando Vermelho ver especialmente o relato de William da Silva LIMA (1991), 0 “Professor”, um dos seus fundadores, o qual salienta a necessidade dos detentos do antigo presidio da liha Grande, no litoral fluminense, de se tunirem contra abusos (estupros, espancamentos) praticados pelos préprios presos, bem como 0 contato entre presos comuns @ presos politicos, como 0 caldo de cultura em que se formou o CV, 0 qual posteriormente extravasaria os muros do presidio. 1068 varias redes territoriais podem se superpor no interior de uma mesma drea de influéncia em disputa (ou de 4reas de influéncia distintas mas com fortes intersegdes). Durante todo o tempo em que existirem essas superposigées, cada uma das redes territoriais representaré uma territorialidade de “baixa definigao”; uma “alta definigéio” s6 ser alcangada quando uma das organizagdes conseguir eliminar todas as rivais dentro da drea de influéncia econémica, ou se chegarem a um acordo de convivéncia estabelecendo um pacto territorial claro. As redes que articulam favelas no Rio de Janeiro através do trafico de drogas nao “dominam”, é dbvio, todo o Rio de Janeiro, mas so poderes (ilegais, paralelos ao Estado) que tém como rea de influéncia a metrdpole carioca (ou mesmo outros estados). Cada rede em questao territorializa contiguamente cada um de seus nés, ou seja, cada favela (que assim deixa de ser ponto a escala da metrépole para virar Area internamente diferenciada) e _ territorializa descontinuamente - e em regime de baixa definig&o - um espago muito mais amplo. Também no Rio de Janeiro se superpdem, em acirrada disputa por poder no interior de uma area de influéncia basicamente comum, essas diversas redes, em uma trama complexa: entre dois nés (favelas) de uma rede podemos encontrar, no espago concreto, um né (favela) pertencente a outra rede. Se mudar a escala do local (metrépole carioca) para o nacional ou internacional, porém, a rede local de uma determinada organizagéio estabelecida no Rio aparecerd, ela mesma, como um simples ponto, um né. Cada uma das redes descontinuas 6, de fato, um sistema aberto, e ndo um sistema fechado; cada uma delas esta conectada a redes internacionais, como subsistemas auténomos no interior de sistemas maiores, e 6 via essa insergao que se d&o os fluxos de mercadorias, armas e dinheiro que alimentam as redes locais em suas disputas por dominio exclusivo da area de influéncia comum. Essa consideragéo de escalas mais abrangentes 6 essencial para se observar mais claramente as desigualdades inerentes ao trdfico de drogas: internamente & tavela controlada por uma organizag&o do trafico j4 se pode notar hierarquia e desigualdade na distribuigéo dos frutos do negécio (diferenga notadamente entre o “olheiro” ou o “avido”, que recebem as vezes apenas em espécie, e 0 “gerente”, que possui participacaio nos lucros da boca-de-fumo); mas é a partir da consideragao da escala da cidade como um todo, do pais e do mundo, incluindo os financiadores e todos aqueles que, sem morarem em favelas e sem se exporem diretamente, so os principais beneficiarios do tréfico, que se percebe 0 quanto o tréfico de drogas nada tem de igualitdrio ou progressista, sendo um capitalismo altamente selvagem, a utilizar-se da populagao pobre como méo-de-obra barata e descartavel, verdadeira bucha para canhdo. Além do Rio de Janeiro, indmeras outras cidades brasileiras, da Amazénia a Regifio Sul, e com portes que variam do metropolitano ao pequeno, encontram-se integradas as redes de distribuig&o e comércio de drogas ilicitas. O estado de Sao Paulo destaca-se a esse propésito, pois, além da enorme importancia de sua regido metropolitana (ndo apenas como centro consumidor, mas também como centro de gestdo, dada a sua posigéio como mais expressivo centro financeiro do pais), pelo seu interior passam importantissimas rotas da cocaina, que ligam o exterior 4s duas metrépoles nacionais, SAo Paulo e Rio, e a alguns pontos do litoral além do Rio de Janeiro, por onde parte da droga segue para a Europa e os EUA. Diversas cidades paulistas, muitas delas présperas cidades de porte intermediario nas quais 0 consumo local é relativamente significative e algumas delas inclusive de porte pequeno, vo sendo abastecidas pelo caminho. No entanto, apesar dessa generalizagao do consumo e do tréfico de drogas em escala nacional, a situag&o do Rio de Janeiro mantém, no tocante & visibilidade sdcio-politica do 1069

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