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1.8. DISCUSSAO COM O CLIENTE: DIREITO POSTULADO, QUALIDADE DAS
PROVAS TESTEMUNHAIS E VALOR PARA PROPOSTA DE ACORDO
Com todas as informag6es obtidas nos procedimentos anteriores, essa é a
hora em que vocé devera travar a conversa mais importante com seu cliente. E
nesse momento que se pode dizer que vocé tem um “mapa” perfeito do que pode
ocorrer na audiéneia, do que podera ou nao ser provado, quais as reais chances de
vitria em uma ou mais das pretensdes formuladas, quer vocé esteja advogando
para o reclamante, quer para a reclamada.
Nao se deve perder de vista que uma coisa sao 0s fatos trazidos ao seu conhe-
cimento por seu cliente; outra é a comprovacao desses mesmos fatos em Juizo.
E comum perceber advogados que adotam a causa ou tese de seus clientes
como se fossem suas, de modo que acabam perdendo parte de sua razio em face
da emogao que passa a orienta-los. Isso nao ¢ bom.
O advogado é contratado para bem defender seu cliente, ndo para tornd-lo
vencedor® na causa.
A partir do momento em que 0 advogado “adota” a causa do cliente, trazendo
para seu trabalho um contetido emocional, tende a perder parte de sua capacidade
téenica de rebater os argumentos da parte contraria. E necessdrio se buscar sempre
uma “distincia segura” da situacao do cliente, pois sé assim, imbuido apenas dos
contornos técnico-juridicos da questo, 0 advogado podera bem defender os inte-
resses de seu constituinte.
Visto isso, é chegado 0 momento de, ein particular com o cliente, o patrono Ihe
expor 0 que 6 0 objeto da causa, quais as provas documentais e testemunhais que
possui em defesa de seus interesses, 0 valor inicialmente discutido nos autos e os
valores que poderao ser objeto de acordo.
Essa andlise, nesse momento em que a audiéncia nem sequer se iniciou, & de vital
importancia
Nao raro se veem advogados cometerem 0 que pode ser chamado “suicidio
processual”: no possuem qualquer prova, nao sabem das potencialidades de pro-
va da parte contraria e, ainda assim, insistem na instrugdo do feito, ainda que a
proposta de acordo da parte contraria seja excelente!
(8) € terrivel se falar em “ganhar” ou “perder” uma causa, pois que 0 processo nao ¢ um jogo. A expressio
aqui utilizada serve apenas para ilustrar 0 que se pretende expor, uma vez que num processo judicial o autor
postula uma presta¢do jurisdicional do Estado em face do réu, e esse, ciente de que Ihe foi proposta essa
ago, poderd se defender. Assim, o que pode acorrer é de a pretenstio deduzida em Juizo ser deferida ou nao,
0u 0 préprio proceso ser extinto. Jamais alguém “ganharé” ou “perder” o que quer que seja. Claro que 0
advogado néo ird dizer ao seu cliente que a parte contréria foi sucumbente, sob pena de ele pensar que algo
muito errado ou grave aconteceu. O lingualar deve ser técnico entre profissionais, e acessivel aos que nao
compreendem os termos juridicos.