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26 1.8. DISCUSSAO COM O CLIENTE: DIREITO POSTULADO, QUALIDADE DAS PROVAS TESTEMUNHAIS E VALOR PARA PROPOSTA DE ACORDO Com todas as informag6es obtidas nos procedimentos anteriores, essa é a hora em que vocé devera travar a conversa mais importante com seu cliente. E nesse momento que se pode dizer que vocé tem um “mapa” perfeito do que pode ocorrer na audiéneia, do que podera ou nao ser provado, quais as reais chances de vitria em uma ou mais das pretensdes formuladas, quer vocé esteja advogando para o reclamante, quer para a reclamada. Nao se deve perder de vista que uma coisa sao 0s fatos trazidos ao seu conhe- cimento por seu cliente; outra é a comprovacao desses mesmos fatos em Juizo. E comum perceber advogados que adotam a causa ou tese de seus clientes como se fossem suas, de modo que acabam perdendo parte de sua razio em face da emogao que passa a orienta-los. Isso nao ¢ bom. O advogado é contratado para bem defender seu cliente, ndo para tornd-lo vencedor® na causa. A partir do momento em que 0 advogado “adota” a causa do cliente, trazendo para seu trabalho um contetido emocional, tende a perder parte de sua capacidade téenica de rebater os argumentos da parte contraria. E necessdrio se buscar sempre uma “distincia segura” da situacao do cliente, pois sé assim, imbuido apenas dos contornos técnico-juridicos da questo, 0 advogado podera bem defender os inte- resses de seu constituinte. Visto isso, é chegado 0 momento de, ein particular com o cliente, o patrono Ihe expor 0 que 6 0 objeto da causa, quais as provas documentais e testemunhais que possui em defesa de seus interesses, 0 valor inicialmente discutido nos autos e os valores que poderao ser objeto de acordo. Essa andlise, nesse momento em que a audiéncia nem sequer se iniciou, & de vital importancia Nao raro se veem advogados cometerem 0 que pode ser chamado “suicidio processual”: no possuem qualquer prova, nao sabem das potencialidades de pro- va da parte contraria e, ainda assim, insistem na instrugdo do feito, ainda que a proposta de acordo da parte contraria seja excelente! (8) € terrivel se falar em “ganhar” ou “perder” uma causa, pois que 0 processo nao ¢ um jogo. A expressio aqui utilizada serve apenas para ilustrar 0 que se pretende expor, uma vez que num processo judicial o autor postula uma presta¢do jurisdicional do Estado em face do réu, e esse, ciente de que Ihe foi proposta essa ago, poderd se defender. Assim, o que pode acorrer é de a pretenstio deduzida em Juizo ser deferida ou nao, 0u 0 préprio proceso ser extinto. Jamais alguém “ganharé” ou “perder” o que quer que seja. Claro que 0 advogado néo ird dizer ao seu cliente que a parte contréria foi sucumbente, sob pena de ele pensar que algo muito errado ou grave aconteceu. O lingualar deve ser técnico entre profissionais, e acessivel aos que nao compreendem os termos juridicos.

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