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Quaternitinde Brasil Capitulo 2 VARIABILIDADE E MUDANCAS CLIMATICAS NO BRASIL E SEUS IMPACTOS REGIONAIS ‘Jodo Lima Sant’Anna Neto Jonas Teixeira Nery RESUMO. Este capitulo apresenta elementos para a discussdo da variabilidade ¢ das mudangas climaticas ocorridas no ‘Quatemério, no Brasil. Para tanto, analisamos o papel da dindmica atmosférica dentro do sistema climético. Os problemas € as limitagdes (presentes no meio académico) sobre a questo das mudangas climiéticas também sio tratados neste capitulo, uma vez que ele discorre sobre assunto extremamente polémico. Apresenta-se uma breve sintese da evolugdo dos climas pretéritos, principalmente do perfodo Quatemério, com Enfase nos dltimos séculos, na perspectiva de se compreender o ritmo climético de longa duragao. Na seqiéncia, analisa-se 0 sistema climético brasileiro, enfocando as diferenciagées regionais ¢ alguns aspectos dindmicos da circulagdo, que explicam as diferentes variabilidades sazonais anuais ¢ interanuais dos climas regionais. Apesar das limitagdes atuais, os modelos que tém sido desenvolvidos nos diferentes centros de pesquisas so importantes ferramentas para se entender a génese da variabilidade c a previsto climética em macroe meso escala. Palavras-chave: Variabilidade climética; Mudanga climética; Modelos climiticos. ABSTRACT. This chapter presents elements for the discussion of the variability and climatic changes happened in the (Quaternary, in Brazil. We analyzed the role of the atmospheric dynamics into the Climatic System. Problems and the ccurrent limitations on the subject of climatic changes are also approached in this chapter, once this is an extremely controversial matter. We present a synthesis of the evolution of the past climates, mainly of the Quaternary period, emphasizing the last centuries, in order to understand the climatic rhythm of long duration. We analyze the Brazilian climatic system, focusing the regional differences and some dynamic aspects of the atmospheric circulation that explain the seasonal, annual and interannual variabilities of the regional climates. In spite of the current limitations, the models that have been developed in the different research centers are important tools to understand the origin of the variability ‘and the climatic forecast in large and meso scales. Key-words: Climatic variability; Climate change; Climatic models. L.INTRODUGAO A atmosfera terrestre & um dos dominios mais importantes da natureza, pois sustenta a vida no planeta garante o suprimento de gua e calor necessdrios para ‘amanutengio da biodiversidade nos diversos ambientes naturais. Nessa esfera gasosa, uma complexa combinagio de elementos e fatores meteorol6gicos, eograficos e astrondmicos forma os mais variados tipos de climas do globo. Em cada parte do planeta, h4 diferentes manifestagdes dos climas, interferindo na ‘maneira pela qual as sociedades se relacionam com esse fendmeno e obtém os seus mais variados tipos de produtos (Sant’ Anna Neto & Zavatini, 2000). Pode-se considerar a atmosfera e os climas terrestres como resultado das forgas que agem sobre 0 globo, tanto provenientes do Sol (através da energia solar) quanto originadas no interior da Terra (a péitit 28 da energia geotérmica). Portanto, os climas resultam, entre outros fatores, da combinagao desgas duas grandes fontes energéticas. Qualquer alteraccfocorrida ‘em uma dessas fontes primérias afeta profundamente os climas da Terra, a exemplo das atividades vulcénicas, ‘ou da variago do ntimero de manchas solares. Além disso, o homem, cada vez mais, interfere na superficie terrestre e a transforma (principalmente a partir da -Reyolugdo Industrial, com a evolugao das técnicas e do conhecimento cientifico, que tém propiciado as rmmis espetacufares alteragdes no espaco geogrifico}, tomando-se um dos principais agentes modificadores do ambiente natural. Dessa forma, o homem também é responsével pelas mudangas dos climas, se nio em escala global, pelo menos em escala local (Monteiro, 1999). As mudangas climéticas globais representam 2. Variabilidadee Mudangas Clim: uma das grandes preocupagoes atuais da humanidade em relagdo aos destinos de nosso planeta. Trata-se, também, de uma das questdes mais polémicas, pois, apesar dos grandes avangos técnicos alcangados pelo homem, os cientistas ainda néo conseguiram chegar a uma conclusdo definitiva quanto ao papel desempenhado por cada um dos principais fatores responsdveis pelas alteragées globais e como eles interferem no clima terrestre, Desde a formagao do planeta e da constituigio dda atmosfera terrestre, o clima tem sofrido alteragdes através das eras geol6gicas. Sabe-se que, em eras remotas, 0 clima no foi sempre idéntico e que suas oscilagdes possibilitaram tanto o surpreendente desenvolvimento da vida no planeta, quanto desastres e catéstrofes, como a extingdo dos dinossauros e as grandes glaciagbes. Apesar disso, o homem ainda fica perplexo diante da repercussio que os elementos do clima exercem sobre a sua vida. Como 0 clima € muito dinamico, torna-se necesséria a observago, por um longo perfodo de tempo, de seus principais elementos, para verificar se as variagdes de seu comportamento sao realmente permanentes (¢, portanto, fatores de mudanga climdtica), ‘ou se slo ciclos’periédicos que tendem a se repetir de tempos em teinpos, tratando-se apenas de oscilagdes do clima. fato é que o clima esta em constante e permanente transformago, assim como todos os demais sistemas da natureza. Entretanto, deve-se distinguir as mudangas climéticas que ocorrem na escala ‘geol6gica do tempo (em milhares ou milhdes de anos) daquelas de curta duragao, que ocorrem em um perfodo de tempo perceptivel na escala humana (em anos, décadas ou séculos). Na regio Nordeste do Brasil, por exemplo, a diminuigdo das chuvas, além de provocar enormes perdas na agropecusria, assume importante papel no éxodo rural das populagdes menos privilegiadas que, obrigadas a migrar para outras partes do pats, provocam sérios problemas sociais e econdmicos. As grandes, nevascas, apesar de comuns nos paises do Hemisfério Norte, vém, a cada década, superando os recordes de temperaturas mfnimas, aleangando inimaginéveis 51°C. no norte dos Estados Unidos. Por outro lado, verdes surpreendentemente quentes e secos assolam o sul da Europa: em pafses como a Espanhae a Grécia, atingem temperaturas superiores a 45°C. Nas grandes cidades, a poluigao atmosférica, as inversdes térmicas e as ilhas de calor, como serd visto mais adiante, causam enormes transtomos e afetam a satide, o conforto ambiental e a qualidade de vida de seus habitantes (Sant’ Anna Neto, 2002). Muitas questdes ainda permanecem sem respostas conclusivas. As mudangas do clima, afinal, sfio causadas apenas por fatores que ocorrem em nosso préprio planeta ou sio derivadas dos acontecimentos provenientes do Sol? As grandes transformagées da paisagem natural, realizadas pelo homem principalmente a partir da Revolugdo Industrial (devastagio das florestas, poluigao urbana emissio de gases destruidores da camada de oz6nio, entre outras), jé podem ser consideradas como agentes de mudancas climéticas? O aquecimento global é uma realidade ou € apenas parte de um ciclo natural de longa duracao, ou seja, uma probabilidade estatistica sem maiores consequéncias? Se fossem verdadeiras essas hipsteses, 0 aumento de temperatura do planeta seria responsével pela elevacio do nivel das 4guas ocednicas, por causa do degelo das calotas polares, que inundaria enormes extensbes de dreas costeiras. O problema é que muitos aspectos a serem considerados ainda dependem de estudos mais aprofundados, como o ciclo das manchas solares, o efeito das erupges vulednicas, as alteragdes do campo magnéticoe o angulo da érbita terrestre,além da intervengo humana no ambiente natural. Nao hé s7 Tx z 80N PR be | __} 4010 [ae i 7 |, | e = ‘As direcBex 280 milibares > Directo dos ventos médios na superficie torrestre Figura 2.6. Distribuicao global da presso atmosférica reduzida ao nivel do mar (Fonte: Sellers, 1974), 38 2. Variabitidade e Mudangas Climuitieas de carbono e do vapor de égua, obtém-se perfis verticais de temperatura ¢ umidade do ar (Troup & Streten, 1972). As condigdes climéticas atuais, em vérios aspectos, so bem conhecidas e as configuragves de varidveis meteorolégicas, como precipitagio, temperatura e presso atmosférica para todo o planeta, tém sido convenientemente difundidas. Mapas (Figura 2.6) relativos & distribuigo de pressio atmosférica média do nfvel do mar, ou mesmo a precipitagao, temperatura, evaporagdo ¢ vento, sfo comuns nos textos didéticos da escola de ensino médio. Ainda que muitas ‘vezes nao sejam to conhecidos, os extremos climaticos formam parte do nosso clima e merecem atengio especial nas pesquisas relativas ao clima. Figura 2.7. Outros aspectos importantes do clima do nosso planeta sio as flutuagdes e variabilidades. J4 foi dito que as mudangas € flutuagdes do clima ocorrem constantemente. As variagSes manifestam-se através das variagdes dos elementos climéticos, tais como luz do sol, temperatura, nebulosidade, precipitacao, ‘evaporagio, estado do solo e da superficie do mar, vento de superficie, observagdes atmosféricas de altura etc. ‘As variagdes desses elementos sio temporais eespaciais € a escala é‘determinada por fatores astrondmicos, ‘geogrificos e dindmicos. Hoje sabe-se que os elementos climéticos apresentam uma instabilidade que é caracterfstica de uma dessas variagdes, observando- se, por exemplo, as mudangas diurnas, o desenvolvimento das tormentas, as variag&es sazonais etc. Também existem variagdes especiais, associadas com a superficie continental e os oceanos e com as ccadeias de montanhas. Os fatores fisicos que governam o clima slo os ‘mesmos que governam o tempo: luz, calor e umidade. A influéncia desses fatores fisicos sobre o clima é medida em termos dos elementos climéticos anteriormente citados. Os dados relativos as flutuagies climéticas so obtidos de 9.000 estagdes sinoticas de superficie, além dos dados de altura referidos anterionmente. A essas estages terrestres, somam-se ‘outros dados obtidos junto a 7.000 barcos mercantes ‘que efetuam observagdes de superficie € 1.500 avides comerciais que enviam diariamente suas constatacdes. A utilidade imediata de todas essas observagGes é gerar uma base para os estudos do clima e sua variabilidade. A pesquisa sobre os climas do passado necessita também de outro tipo de informagao, como a andlise das circunferéncias dos troncos das érvores, da distribuigo das diversas variedades de pélens nos sedimentos lacustres e da historia dos glaciais. 4, SISTEMA CLIMATICO BRASILEIRO Pela posicio geogréfica que teritério brasileiro ‘ocupa nas terras emersas do globo, estendendo-se desde a latitude de 5° Norte até cerca de 34° Sul e de 35° de longitude Leste até aproximadamente 72° Oeste, uma variada gama de climas regionais distribui-se espacialmente, de forma a caracterizar diferentes regimes termopluviométricos, predominantemente tropicais. Os climas do Brasil sao, por zonas, mais ou ‘menos uniformes; regionalmente, porém, multiplicam- se em variedades, em fungo do tragado litordneo, das cotas de altitude, das linhas gerais do relevo ¢ dos grandes biomas. Do ponto de vista da climatologia indica, o territério brasileiro € controlado tanto por rmassas de ar tropicais e equatoriais quanto por massas, polares. As massas de ar originam-se nos centros de ago e desenvolvem-se adquirindo as caracteristicas de temperatura e umidade das regides por onde se deslocam. A configuragio do relevo (altimetria € disposigao das vertentes) ea proximidade (ou distancia) do mar influenciam nas propriedades das massas de ar, particularizando e definindo suas caracteristicas (PBEG, 1980), Cinco massas de ar e dois grandes sistemas Figura 2.7. Variagbes da drea total de gelo e neve no Heinisfério Norte, desde abril de 1967 até agosto de 1973, obtidas partir de imagens de satélites, segundo Van der Haar & Cart, 1973. Na abscissa estio os valores, em milhoes de km? de cobertura de gelo e neve, representados para cada ano (os anos estdo representados no eixo X) (Fonte: Sellers, 1974). 39 (Quaternsirio do Brasil ‘Tabela 2.5. Caracteristicas dos sistemas atmosféricos atuantes no Brasil (Fontes: Monteiro, 1976, adaptado; Coati & Furlan, 1996). pecans ON ar igla Sa Equatorial Alintiea Ea ‘Massa Equatorial Continental Be ‘Amazénia " Area/Origem ‘Anticiclone de S. Helena Oceano Atlantica Norte as ‘Area de atuagio ia Note e litoral do Nowdeste “Qe Quente e instével Norte ¢ Ceatro-Oeste Massa Tropical Ainica Ta Atcilone subtropical Quentce imida ——_‘Nordest,Sudestee Sul Mussa Tropical Continental Te Depressio do Chaco Quenteeseen —_Centro-Oestee Sulewe Massa Polar Atlntica Pa Antciclone Migratédo Subpolar Fine seca Sule Suds Sistemas perturbados Sigla Area/Origem Caracteristicas ‘Area de atuagio Frente Polar Ailantica FPA Attlantico Sul ‘Umida e instivel Sul, Sudeste ¢ Centro-Oeste Convergéncia Interropical ZCIT Zonaequatorial daconvergéncia Quente,vimida einstdvel dos alisios Nort litoral do Nordeste perturbados atuam no territério brasileiro, configurando 05 climas regionais, conforme mostra a Tabela 2.5. As 4reas de dominio e as trajet6rias mais habitu dos sistemas atmosféricos atuantes no Brasil (e na América do Sul) podem ser observadas na Figura 2.8, (Na figura A, estd representada a posigao média anual, em que prevalecem as correntes de ar do quadrante leste (Ea ¢ Ta) em toda a fachada atlantica do pais. A figura B representa a situagio tipica de vero, quando as massas continentais (Ec e Te) avangam sobre as regides Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste ¢ Sul. As frentes polares restringem-se & porcio sul ¢ a CIT (Convergéncia Intertropical) aproxima-se do litoral norte. Na figura C, que representa uma situago de inverno, observa-se 0 desaparecimento da Te, 0 encolhimento a Ec, a expansio da Ta sobre 0 Sudeste e Nordeste, € © avango da Pa sobre o Sul, chegando até 0 Sudeste € Centro-Oeste. Essa disposigdo geral dos sistemas de circulagao secundéria (massas de ar e sistemas perturbados) é a mais freqiiente, porém as trajetérias e as-intensidades da atuago desses sistemas variam significativamente. O que prevalece é 0 ritmo da sucessiio dos sistemas (Monteiro, 1976; Boin, 2000). O tervit6rio brasileiro é marcado profundamente pelas caracteristicas de tropicalidade, excetuando-se a porcao sul, tipicamente subtropical. De acordo com Conti & Furlan (1996), as cinco. principais caracterfsticas que determinam os ambientes tropicais ‘ocorrem de forma significativa no territ6rio brasileiro, como est demonstrado na Tabela 2.6. Essas caracteristicas geograficas, associadas & ‘génese ¢ & dindmica dos sistemas atmosféricos atuantes ‘no Brasil, resultam em regimes de chuvas abundantes, excetuando-se a regido semi-drida do sertao nordestino. Seguro Nimer (1989), os totais anuais so superiores, 2 1.200 mm, concentrados principalmente no periodo de primavera e verio. Apesar dos elevados totais de chuvas na maior parte do pafs, a concentragZo pluvial em poucos meses € as altas temperaturas que prevalecem na maior parte do ano provocam deficiéncias hidricas significativas nas regides Nordeste, Centro- Oeste ¢ Sudeste, © outono € 0 inverug ado os perfodos Figura 2.8. Areas fontes principais trajetérias dos sistemas atmosféricos (Fontes: Monteiro, 1976; Boin, 2000). 40 2, Variabilidadle ¢ Mudangas Clinics ‘Tabela 2.6. Caracteristicas dos ambientes tropicais (Fonte: Conti & Furlan, 1996), ‘Caracteristicas: i. Temperaturas médias superioresa 16°C diferengas sazonats mareadas pelo regime das chuvas 2. Amplitude témica anual inferiora °C Gsotermi). 3. Circulagao atmosférica controlada pela ZCIT, baixas (doldrums), altseos 4, Cobertura vegetal que vai do deserto quente 2 floresta ‘ombréfila, passando pela savana. 5. Regimes fluviais controlados pelo comportamento da precipitagio. Papel no espaco brasileiro corre em 95% do territério. Regisra-se dese o extremo norte até o paralelo de 20°C de latitude sul Afeta quase todo Brasil, exceto ao sul do ttGpico de Capricémio ¢ onde a ago da frente polar é mais relevante. Embora os desertos quentes eslajusa ausentes, a floresta ombrofila eas savanas cobriam, originalmente, 94% do teritéio, Eo que se verifica em todas as bacias hidrograficas, com excegiio da Amaz6nica, onde alguns afluentes dependem da fusdo das neves andinas. de estiagem para a maior parte do Brasil. As chuvas escasseiam significativamente, exceto no litoral nordestino e extremo norte do pais, como se observa na Figura 2. O regime térmico é predominantemente tropical, com temperaturas médias anuais elevadas e com vvariagsies sazonais significativas no centro-sul. Os verdes so bastante quentes em todo o territério brasileiro, mas as temperaturas mais elevadas ocorrem na primavera, principalmente nas regides Norte e Nordeste, quando as chuvas diminuem. No inverno, entretanto, as regides Sul (pela latitude) e Sudeste (pela altitude) apresentam, temperaturas relativamente baixas, pelas incursdes da ‘massa Polar Atlantica (mPA) sobre essas dreas (Figura 2.10). 4.1. Climas Regionais © complexo mosaico representado pelo relevo brasideiro (e sul-americano) e as caracterfsticas dinamicas da atmosfera sobre esse territério produzem uma variada gama de climas regionais, que mais ou menos se adequam as grandes regides geogréficas do Font: IME 1631/1960 Figura 2.9. Pluviosidade estacional (Fonte: INMET, 2002). pais, Na Amaznia, ocorre o clima Equatorial Umido, quente e chuvoso. Na por¢o mais meridional do pais, tem-se um clima mesotérmico, freqiientemente denominado Subtropical Uimido, ¢ nas demais regides do Brasil prevalecem os climas tropicais com nuances regionais, como o Semi-Arido no sertio nordestino, 0 Tropical tipico (ou moncdnico) no Centro-Oeste, 0 ‘Tropical de Altitude no Sudeste ¢ o Tropical Umidio da zona costeira oriental (Nimer, 1989; Conti & Furlan, 1996) (Figura 2.11). * Clima Equatorial Umido Esse clima 6 basicamente controlado pelas oscilagdes da Zona de Convergéncia Intertropical (ZCIT), pelas ages dos alisios e pelos doldrums (baixas pressdes equatoriais). E controlado pela massa Equatorial continental (Ec), muito instével, quente (25°C de temperatura média anual) e chuvosa (mais de 3.000 mm de chuvas) 0 ano todo. A regitio da Amazénia Na regio mais central (Manaus) € no norte de Mato Grosso, as chuvas diminuem (cerca de 2.000 mm recirnagio uu 41 Quaens TEMPERATURA MEDIA ANUAL ‘TEMPERATURAMINIMA- JULHO. io do Brasil “TEMPERATURA MAXIMA ANUAL Figura 2.10. Temperatura média anual, minimas méximas (Fonte: INMET, 2002). anuais) € ha uma pequena estagao menos timida entre julho e setembro. Nesse perfodo, as temperaturas elevam-see a média anual ultrapassa 0s 26°C. Na poredo mais oriental, do baixo Amazonas até 0 litoral atlantic no Paré (Belém), as ondulagées da ZCIT eas influencias oceanicas, representadas pelas ages da massa Equatorial atfantica (Ea), provocam diminui¢ao da temperatura e ligeiro aumento da pluviosidade. Fssas caracteristicas podem ser observadas nos gréficos “ombrotérmicos da Figura 2.12, representando as trés feig6es principais do clima Equatorial: 0 supenimido, nna AmazOnia ocidental (lauaret€, AM), 0 Subequatorial, da Amaz6nia central (Manaus, AM) ¢ 0 Litoréneo, do golfao paraense (Belém, PA). * Clima Tropical Oclima tropical “tipico” das baixas latitudes (de 5 a 20° sul) encontra-se no Bra ‘wea ata oo Figura 2.11. Classificagao. ica para 0 Brasil (Fonte: PBEC, 1980), 42 ocidental da regio Nordeste, no Centro-Oeste e n0 interior da regifio Sudeste. Esse tipo climatico, também conhecido como mong6nico, apresenta duas estacdes bem definidas, menos pelas temperaturas, mas principalmente pelo regime das chuvas. ‘O veriio quente ¢ chuvoso estende-se de outubro ou novembro até marco ou abril, conforme a latitude, e € controlado pelas massas tropicais, bastante instiveis nessa época do ano (primavera/verao). Nas latitudes mais baixas, como Teresina (PI), a alternancia das estagdes seca e chuvosa é bastante evidente, uma vez que cerca de 80% das chuvas cacm em apenas quatro meses (janeiro a abril). Apés 0 periodo tmido, as temperaturas sobem significativamente, tornando 0 lima bastante quente (superior a 28°C, em média) © seco. No Brasil central, como em Porto Nacional (TO), 80% das chuvas ocorrem entre outubro e marco (seis meses), também demonstrando forte variagao sazonal, tipica dos climas continentais tropicais. A medida que a latitude e adistincia do mar aumentam, entretanto, as precipitagSes diminuem fortemente, de 1.600 mm em Porto Nacional (cerca de 10° sul), para 1.000 mm, em Corumbé, que se localiza a 18° de lattufle e asnais de 1.500 km do litoral. No inverno, a massa Tropical continental (Te) praticamente desaparece, a Tropical alantica (Ta) estabiliza-se ea estiagem prolonga-se até final da primavera. O ar seco e quente provoca quedas abruptas da umidade relativa a valores menores que 10 a 15%. A Figura 2.13 mostra os gréficos ombrotérmicos ddessas trés localidades tropicais (Conti & Furlan, 1996) © Clima Tropical Semi-Arido Uma derivagao do clima tropical ocorte no sertio nordestino, onde as precipitagGes anuais mal atingem 600 mm, provocando a existéncia de uma vasta drea semidesértica de quase 1 milho de km”. Varios sio os Processos que explicam essa mancha seca sobre 0 nordeste brasileiro. De um lado, as chapadas e planaltos 2. Variabilidade e Mudangas Climaticas lan Fev Mar A Ma Ag Set Outer “mlm lan. 2eue g Figura 2.12. Climogramas das normais climatologicas (193 1-190). Chuvas (colunas): temperatura (linha) (Fonte: INMET, 2002). do agreste nordestino, dispostos paralelamente ao litoral oriental, interceptam a umidade e as chuyas que poderiam chegar através das correntes de leste (Pa Ea), No litoral setentrional, a temperatura da superficie do mar é mais fria (ao sul do Equador), diminuindo a possibilidade de aumento da umidade do ar. Akém disso, em termos da dindmica da atmosfera, 0s deslocamentos € oscilagées da ZCIT provocam a formacio de uma grande célula de alta pressio, bastante estével durante © invemo e a primavera, perfodo mais seco da regio. Bsea rey jo, com cerca de 1 milhio de kn como caracteristica bésica a concentracdo e escassez pluvial, ou seja, quase a totalidade das chuvas ocorre ‘em apenas 3 ot 4-meses, 0 que, em fungdo das altas temperaturas, € insuficiente como recurso hidrico. Assim, a estiagem € bastante protongada (entre 8 € 10 meses) © agravada pela forte irregularidade pluviométrica, que em alguns perfodos (como aqueles afetados pelo ENOS —El Nifio-Oscilacdo Sul) pode durarde3 a4 anos. Os gréficos representados na Figura 2.14 demonstram o curso anual das condigdes termopluviométricas (normais climatol6gicas) de duas localidades: Quixeramobim, no sertao cearense, a cerca de 5° de latitude a menos de 300 km do mar, com cchuvis de outono e forte aquecimento no periodo seco de primavera e vero; ¢ Remanso, cidade baiana localizada no médio vale do Sao Francisco, a 10° de latitude e a quase 1.000 km de distancia do mar, com cchuvas de verdo (total anual inferior a 500 mm) e seca de inverno, periodo em que as temperaturas caem ligeiramente (Nimer, 1989; Conti & Furlan, 1996). Teresina Porto Nacional | torneo * Clima Tropical Umido ‘A fachada atiintica,estreitafaixa paralela zona costeira do litoral oriental do Brasil, estende-se desde o Rio Grande do Norte até Sao Paulo, Apresenta largura varivel de 1 a 100 km, onde as massas Tropicais maritimas (Ta), potencializadas pelos alisios instabilizam-se pela presenga de elevadas altitudes do Planalto Atlantico, que se encontra paralelo & linha de costa. A umidade proveniente do oceano & capturada pelas encostas ingremes das vertentes, produzindo chuvas orograficas em abundancia (PBEG, 1980). Pode-se identificar pelo menos trés setores distintos: ao norte, no litoral nordestino, como em Salvador (BA), as chuvas sao constantes 0 ano todo (quase 2.000 mm), um pouco mais concentradas no outono e no inverno devido a presenga de instabilidades tropicais ¢ A ocorréncia de frontélise; no litoral fluminense, as baixas temperaturas da superficie do mar ealocalizagao da drea em relago 2 diregio dos sistemas produtores de chuvas, como a FPA (frente Polar atlantica), provocam forte diminuigao pluvial (em torno de 1,000 mm); mais ao sul, na cidade de Santos, no litoral paulista, a 24° de latitude sul, as chuvas aumentam novamente (2.200 mm anuais), com maior concentragao no verdo e sem periodo seco. Por Jocalizar-se nas proximidades do tr6pico de Capricémnio, © efeito da latitude jé se faz sentir e as temperaturas decrescem significativamente (a despeito de sua localizago a0 nivel do mar), prineipalmente no inverno, quando as médias mensais ficam em torno dos 18°C, como se observa na Figura 2.15 (Nimer, 1989; Conus * 43 Quaterndrio do Brasil Remanso 1300 7 30| [250 + + 28 [200 | 26} 150 | [ 100 ol a =f ale 2a Jan Fey Mar Abr MaiJun Jul Ago Sot OutNovDez | Quixeramobim | ‘300 7 20) tesa [ ee come [oa 200 | 29 ‘0 3 I 3 7 i i [a >; Bl 2) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set QutNovDez | Figura 2.14, Climogramas das normais climatol6gicas (1931-1990). Chuvas (colunas); temperatura (linha) (Fonte: INMET, 2002). Monteiro, 1976). * Clima Tropical de Altitude Outra érea marcante inserida no dominio tropical € aregido serrana do sudeste brasileiro, onde as altitudes, em média, ultrapassam os 1.000 m e, no raras vezes, atingem mais de 2.000 m. Nao fosse a altitude, suas caracteristicas seriam semelhantes Aquelas reas sob a influéncia do clima tropical tipico. O fato que as caracteristicas do relevo (a disposi¢do das vertentes © altitude) provocam sensivel diminuigo da temperatura 0 longo dono, principalmente no outono eno inverno, dada a faixa zonal de latitude (Conti & Furlan, 1996). Quanto mais préxima da zona costeira, maior a precipitago, como no caso das éreas localizadas nas vertentes da Serra do Mar. A medida que se interiorizam, vio gradativamente diminuindo os totais de chuvas pelo feito da continentalidade. Essa, por sua vez, acentua as diferengas térmicas entre dias ¢ noites e entre vero e inverno, de tal maneira que a mais de 200 ou 300 km do litoral encontram-se dreas em que ocorrem estiagens, principalmente no inverno, como se pode notar nos gréficos da Figura 2.16. controle climstico dessas regides € 0 mesmo ‘que controla os climas tropicais, com verdes quentes © chuvosos, associados as baixas press6es tropicais (Te), as ZCAS (Zonas de Convergéncia do Atlantico Sul) € as penetragées frontais da FPA. No inverno, as temperaturas abaixam para menos de 18°C, chegando Jan Fev Marr Ma Ju 299 St Ou RovDez Figura 2.15, Climogramas das normais climatolégicas (1931-1990). Chuvas (colunas); temperatura (i 2002). 44 1 Friar RM. Ap Set Oa NovDez aatingir menos de 10°C, tanto pelo efeito da alta altitude, quanto pela presenga das massas polares (Pa). Dois exemplos tipicos desse clima podem ser citados: Petropolis, cidade serrana fluminense, a cerca de 50 km do litoral e a mais de 900 m de altitude, cujas caracteristicas térmicas se assemetham aquelas dos climas subtropicais; e Belo Horizonte, capital mineira, localizada a quase 1,000 me a mais de 400 km do litoral, apresenta temperaturas mais elevadas e chuvas menos abundantes pelo efeito da continentalidade. * Clima Subtropical A regidio Sul do Brasil é caracterizada pela ‘existéncia de trés grandes unidades do relevo: as planicies costeiras, a leste, o Pampa gaticho, ao sule um isnenso planalto, que se estende do nordeste do Rio Grande do Sul ao norte do Parand, com altitudes que variam entre 500 ¢ 1.000 m. Essa topografia é responsdvel pela grande diversidade térmica da regido, cujas médias mensais podem variar de 20°C em Paranagué (PR), a0 nivel do mar, baixando para cerca de 10 a 12°C no alto das serras catarinenses, como em Sao Joaquim (Nimer, 1989). Apesar dessa enorme variagio térmica, muito caracterfstica dos climas de médias Idfitudes, com sucesso sazonal bem definida, 0 clima Subtropical da regio Sul do Brasil é extremamente homogéneo no que se refere ao ritmo estacional da pluviosidade. A excecao do norte do Parand ¢ parte do litoral sudeste gaticho, a ‘maior parte da regio recebe chuvas anuais superiores Variabitidade | Petrépolis Mudangas Climaticas Belo Horizonte | Jan Fev Mar Abr Nai Jun Jul Ago Set QutNovDez Jan Fev Mar Abe bial Jun Jul Ago Set Out NovDez Figura2.16, Climogramas das normais climatol6gicas (1931-1990), Chuvas (colunas); temperatura (linha) (Fonte: INMET, 2002). 1.500 mm, bem distribuidas ao longo do ano (Fi 2.17). Considera-se que essa homogeneidade pluviométrica esté associada mais a aspectos hidricos ede umidade elevada na maior parte do ano do que em relagdo & época mais chuvosa. Enquanto no Parand € litoral catarinense, © periodo mais chuvoso ocorre na primavera e vero (de novembro a margo), no interior de Santa Catarina € no Rio Grande do Sul, as chuvas, distribuen-se mais uniformemente ao longo do ano, mas com ligeito'aumento de precipitagao no perfodo de ‘outono e inverno (de abril a setembro). O ritmo pluvial & explicado pelo controle climético exercido pelos sistemas perturbados (frente Polar atkintica) e pela orientagao do relevo, que produz chuvas orogritficas na zona costeira € nas vertentes interiores. Esse mesmo sistema, associado & penetracdo da massa Polar Atlantica (mPA), também é responsével pelas baixas temperaturas de inverno (Monteiro, 1976). 4.2. Aspectos Dinamicos e Impactos Regionais Otertitério brasieiro€ palco de varios processos dindmicos que ocasionam anomalias de forte impacto regional. Entre eles, os mais marcantes e renitentes s30 0s eventos El Nifio e La Nina, fendmenos que ocorrem no Oceano Pacifico Equatorial, ocasionando impactos principalmente nas regides Sul ¢ Nordeste do Brasil Guarapuava Xaneeré “Sun Fear A man J A Sat OutNerDar || (Kousky & Cavalcanti, 1984), El Nifio € 0 aumento anémalo da temperatura nia superficie do mar (TSM) no Pacifico Equatorial Leste. Na verdade, a (0 correta para este fendmeno & El Nifo- Oscilagio Sul (ENOS), pois se trata de uma teleconex: entre oceano (EI Nifio) ¢ a atmosfera (Oscilagao Sul), (ou Seja, so fenémenos inter-relacionados que ocorrem a intervalos irregulares de 2 a7 anos, podendo durar de 1 a2 anos, Em 1928, Sir Walker sugeriu que a precipitagio andmala no nordeste do Brasil era relacionada Oscilagio Sul. Kousky & Cavalcanti (1984) observaram uma forte tendéncia para o El Nito ocorrer simultaneamente com a seca no nordeste do Brasil ou com a defasagem de até um ano. Secas intensas, tais como as de 1983 © 1998, parecem estar associadas aos eventos El Nifio. Essa associagao provavelmente & explicada, 20 menos parcialmente, pela ocorténcia de forte convecgio sobre 0 Pacifico Central Leste na regio de éguas extraordinariamente quentes. Essa conveccio assegura movimentos ascendentes sobre 0 Pacifico Central Leste € 0 movimento subsidente sobre as outras regides, incluindo o nordeste do Brasil. O movimento subsidente inibe a convecgao e causa seca. Tendo em vista que a estagio chuvosa da regido Nordeste se restringe aos primeiros 4 ou 5 meses do ano (vero ¢ outono), os efeitos do EI Nifo sao fortemente sentidos nesse denomin: Porto Alegre | | 43 0 an Farr ido a gp 5 Out Figura2.17. Climogramas das normais climatolégicas (1931-1990). Chuvas (colunas); temperatura (linha) (Fonte: INMET, 2002). 45 Quateriiriy do Brasil perfodo. A grande seca de 1983 no Nordeste ¢ na Amazénia central ¢ oriental esteve relacionada as anomalias da circulagdo de Walker. Além das secas do sertZo nordestino, outra anomalia muito recorrente no Brasil €a das precipitagdes na regio Sul, que também se relacionam com os eventos ENOS, particularmente durante a primavera/verdo. Anélises de precipitagdo para eventos ENOS recentes mostram que a érea sul do pais experimentou condigles anormalmente chuvosas. Em perfodos de El Niio, 0 Jato Subtropical (ventos em altos niveis troposféricos) é mais intenso do que 0 normal, fazendo com que as frentes frias fiquem estacionérias no sul do Brasil. Esse fenémeno ocasiona um inverno menos rigoroso em Santa Catarina € © aumento das chuvas entre 0 inicio da primavera do ano em que se estabelece ao final do invemno do ano seguinte. As maiores enchentes de Santa Catarina ocorreram em 1911 € 1983, anos de EI Nifio de maior intensidade. Os efeitos do El Nitio no Brasil causam prejuizos considerdveis, principalmente na agricultura, afetando mais intensamente a regio Sul. Em cada epis6dio do El Nifio, € observado nessa regio do pafs um grande aumento de chuvas na primavera, fim do outono e comeco do inverno, podendo ocorter um acréscimo de até 150% da precipitagao normal. Isso faz com que nos meses de safra agricola achuva atrapalhe a colheita, causando grandes prejuizos aos produtores, principalmente na produgao de graos. As temperaturas também se modificam, resultando mais amenas na regio Sul ¢ mais elevadas no Sudeste, ‘comparadas aos seus valores normais. Outro sistema de escala sindtica que atua nas regides Sul e Sudeste € 0 vértice cicl6nico, que atua nos altos niveis, oriundo do Oceano Pactfico. Quando esse sistema penetra no continente normalmente ocorre instabilidade e precipitagdo nos setores leste e nordeste do vértice. Antes de sua penetraco no continente, onde costuma apresentar mais nebulosidade, 0 vértice € facilmente detectado em uma imagem de satélite ‘geoestacionério GOES, no canal de vapor de 4gua. As caracteristicas fisicas desse vértice sto semelhantes as dos vortices que penetram no nordeste do Brasil (Kousky & Gan, 1981; Gan, 1983), porém possuem algumas diferencas. Estes se deslocam de oeste para leste e formam-se durante todo o ano; muitas vezes, hé ocorréncia de ciclogénese associada & passagem dos Vértices em altos niveis. Outros tipos de vértices ciclonicos que atuam no Hemisfério Sul foram estudados por Troup & Streten (1972) e Carleton (1979). Os vortices cicléniéos dos 46 altos niveis troposféricos que penetram no nordeste brasileiro formam-se no Oceano Atléntico Sul entre os meses de setembro e abril, ocorrendoem maior nimero ‘no verdo, especialmente em janeiro, Sua vida média varia consideravelmente, sendo que alguns duram apenas algumas horas e outros chegam a ocorrer por mais de duas semanas. Sua trajetéria € irregular, porém quase sempre se deslocam de leste para oeste. Geralmente estio confinados na média e alta troposfera. Quando um vértice penetra no Brasil, na maioria das vezes 0 faz préximo a Salvador (BA), causando tempo bom na regido sul e central do Nordeste e provocando chuvas no setor norte e nordeste dessa regio. 5. SIMULACAO MATEMATICA DO CLIMA 5.1. Prinefpios Bésicos do Modelo do Clima O clima é a sintese sobre um perfodo suficientemente longo para estabelecer suas caracterfsticas estatisticas (valores médios, variancia, probabilidade de eventos extremos etc.), visto que a previsdo climética se relaciona com as mudangas que as estatisticas poderiam “experimentar” no futuro. Ainda que os mecanismos que tém a responsabilidade de manter o clima presente sejam conhecidos, no é possvel afirmar o mesmo em relagZo aos mecanismos responsdveis pela flutuago do clima. Os primeiros modelos numéricos desenvolvidos foram destinados ao estudo, compreensio e previsio do movimento atmosférico. Entretanto, ao estudar 0 clima, € necessério incluir nos modelos as interagdes da camada limite planetéria e, também, uma vasta érea (nao atmosférica) no estudo. Isso tem dado lugar 20 desenvolvimento de uma nova gera¢do de modelos numéricos (modelos climéticos acoplados) que incorporam processos fisicos. Nas escalas temporais sazonais, anuais e decenais, os novos moflelos levam ‘em conta as interagSes da camada superior‘dos oceanos € do gelo do mar com a atmosfera, assim como as mudangas na composigao atmosférica, incluindo a concentragio de aeross6is e as mudangas na natureza da superficie continental terrestre devido a processos biolégicos. Na escala de tempo mais longa (da ordem .de milhies de anos), 0s novos modelos deveriam incluir as mudangas nas profundidades dos oceanos, como também as variagdes na extensio dos gelos continentais (Manabe & Hahn, 1981). 5.2. 0 Problema do Modelo Climético © processo do Sistema Climético pode ser representado em relagdo ao conjunto de equagdes dinamicas ¢ termodinamicas para a atmosfera, os 2. Variabilidade e Mudangas Climaticas ‘oceanos € 0 gelo, junto com as equagées apropriadas de estado e as leis de conservagao para constituintes, tais como a agua, 0 CO, € 0 oz6nio do ar, além do sal dos oceanos. Essas equagdes contém os diferentes pprocessos que determinam as mudangas na temperatura, na velocidade, na densidade ¢ na pressio. Outros processos relevantes ao clima so levados em consideragio, tais como evaporago, condensagio, precipitagdo, radiagio e transferéncia de calor, € quantidade de movimento por advecedo, convecgio € turbuléncia. Também sdo relevantes 0s processos quimicos e biolégicos (Manabe, 1983). © modelo matemitico do clima leva em considerago os mesmos principios fisicos discutidos no pardgrafo anterior, introduzindo um nimero de aproximagGes fisicas ¢ numéricas que so necessérias pela capacidade limitada do homem para observar 0 sistema climético e computar seu comportamento. Pode-se, portanto, dizer que os modelos climaticos consideram a atmosfera como um fluido turbulento em rotagdo, aquecido pelo Sol.e trocando calor, umidade e impulso com os continentes € oceanos subjacentes. Também sio.simuladas as mudangas na radiagao recebida, as temperaturas da superficie ocednica, do gelo, das nuvens e da camada da vegetagéo. 5.3. Utilidade dos Modelos Climéticos A comprovacao e avaliagdo desses modelos toma-se dificil, requerendo grandes recursos cientificos © computacionais. Mesmo assim, ja tem logrado importantes progressos na simulago dos campos globais observados de presso, vento, temperatura € cchuvas, juntamente com mudangas sazonais regionais ‘importantes, tais como as mongdes. Os modelos também podem ser usados, com certa confianga, para pesquisar a reagio do clima diante das imagindveis perturbagdes naturais ou provocadas pelo homem. Por exemplo, é possivel realizar experimentos para avaliar os provaveis efeitos de mudangas naturais na radiagdo solar, na umidade do solo na vegetagao, na temperatura da superficie do mar e nas mudangas nos gelos polares. Também é ppossfvel realizar experimentos para avaliar os provaveis efeitos das mudangas provocadas pelo homem, como ‘ocontetido de CO,, ozénio, poeirae calor na atmosfera, fe saber se essas mudangas podem ser diferenciadas das flutuagées climéticas naturais (Weiner, 1992; Manabe, 1983). Geralmente, célculos de modelos sugerem que um aumento de 1% na constante solar faria aumentar a temperatura média global da superficie da Terra em 1 a 2°C ea precipitagao pluviométrica em aproximadamente. ‘5%, Como as mudangas na constante solar so menores do que 1%, mesmo durante as erupgdes solares, niio é surpresa que as flutuagdes do tempo ou mesmo flutuagdes climéticas indiquem correlacdes pouco significativas com 0 ciclo das manchas solares. Por -enquanto, tudo. indica que o método mais eficaz para conheceaas bases fisicas do clima atual e suas variagoes 6 construir complexos modelos fisicos mateméticos 5A, Classificagao dos Modelos Climéticos O modelo climatico tem sido um instrumento extraordindtio, desenvolvido nos siltimos 20 anos, principalmente porque tém aumentado as preocupagdes com os impactos socioecondmicos, devido as perturbag6es climéticas, sejam essas de origem natural ou antropogénica. A necessidade e a urgéncia de previsdes climéticas, junto a proliferagio de modelos, conduziram a uma bibliografia abundante, que nem sempre € coerente. Os modelos climéticos variam em resolugio e grau de sofisticagdo. Alguns tipos sdo desenhados para resolver certa classe de experimentos, € suas conclusdes nem sempre séo coincidentes em relagdo a outros modelos. As razdes para essas diferencas em relago aos resultados dos diferentes modelos nio sao faceis de ser encontradas, principalmente porque as pessoas nfo esto familiarizadas com os modelos climaticos. 6 adotada aqui uma classificag4o que considera quatro tipos basicos de modelos (Manabe, 1983), conforme se segue: (1) Modelos de Circulagéo Geral (MCG): a natureza tridimensional da atmosfera do oceano resolve- se de forma tal que 0s processos, de escala sinética, so modelados explicitamente. Representam-se, além disso, todos os processos fisicos considerados importantes para o problema que se deseja estudar. (2) Modelos de Balanco de Energia: esses modelos, na sua forma mais elementar, sao unidimensionais e computam a temperatura da superficie do mar como uma funglo de latitude. Usam relagies ou expressdes simplificadas para 0 célculo de cada um_ dos termos que contribuem para o balango de energia de cada latitude. (3) Modelos Radiativos-Convectivos Unidimensionais: esses modelos computam a estrutura vertical da temperatura na atmosfera a partir do balango centre o aquecimento ou resfriamento radiativo eo flux vertical de calor. Geralmente, esses tipos de modelos recorrem a avangados modelos de transferéncia radiativa. (4) Modelos Dinamicos Bidimensionais Utilizando Médias Zonalmente: nesses modelos da atmosfera, representa-se um sistema latitude versus altura. Os 47 Quaternairio do Brasil process0s Fisicos e dindmicos so calculados em fungio de variveis com médias zonais. Em geral, todos os modelos buscam simular a variabitidade e/ou prever assintoticamente um estado que represente 0 clima. Lorenz (apud Weiner, 1992) considera dois tipos de previsdo climética: a) previsibitidade de primeira classe, que € uma simulagao da realidade a partir de condigdes iniciais observadas para produzir uma previsdo climética; b) previsibilidade de segunda classe, por meio da determinagao das respostas dos diferentes modelos ante as perturbagdes conhecidas (na realidade é um ensaio de sensibitidade). O ponto crucial € conhecer e entender a sensibilidade de um modelo antes de tentar qualquer classe de previsio. E por isso que se dé atengao & previsibilidade de segunda classe, particularmente nos ‘modelos mais complexos, como de circulagao geral. Os modelos climéticos incluem as interagdes entre algumas ou todas as componentes do Sistema Climético com um grau de complexidade varidvel, ‘mesmo que o desenvolvimento de um modelo climético requeira a consideragao dos seguintes processos: a) radiago; b) dindmica; ) processos de superficie; d) resolugao. Em meteorologia, j4 existe uma infinidade de ‘modelos de circulagao geral. Em oceanografia, o modelo de circulagdo geral usado € 0 de Bryan (1969), que inclui a topografia do fundo dos oceanos e as correntes barotrépicas e baroclinicas. A temperatura ea salinidade sto explicitamente calculadas pelo modelo em cada nivel de coordenada vertical. Particularmente, esse modelo apto para estudar a fisica que governa as mudancas térmicas nas camadas superiores do oceano. Muitos modelos de circulagao geral da atmosfera uusam os métodos de diferengas finitas para calcular 0 estado atmosférico. Todas as varidveis, incluindo os componentes do campo de ventos, a temperatura € 0 conteiido de vapor de agua, so armazenadas em uma matriz. de pontos, em um reticulo que cobre toda a atmosfera. A distancia entre os pontos do reticulo é tipicamente de 5° de latitude por 5° de longitude, e 0 niimero de nfveis na vertical varia entre 6 € 10 niveis. ‘Os novos valores das varidveis armazenadas so obtidos usando-se equagdes de prognéstico que incluentas, equagées de movimento e energia. Os esquemas numéricos que utilizam esses modelos geralmente conservam massa, energia, impulso e gua, dentro de condigies apropriadas. As equagGes de prognésticos ineluem termos que descrevem a fric¢ao na superficie, a radiagdo, 0 calor latente € outros processos cconsiderados importantes. As nuvens so intyoguzidas no modelo como dado ou como funcao de alguns dos 48 campos que 0 modelo previu, como umidade « velocidade vertical. A parametrizagdo da interago entre a superficie e a atmosfera é de importancia crucial. Geralmente, os fluxos na superficie de quantidade de movimento, calor sensivel e umidade sao parametrizados. ‘Os modelos acoplados simulam explicitamente 08 diferentes processos que ocorrem na atmosfera ¢ nos oceanos. As equagdes que governam os modelos MCG formam um sistema matematicamente fechado de equagdes, com condigdes de contomo ou de fronteira claramente especificadas, ‘Um esquema geral dos componentes principais na simulago matemética do clima € apresentado na Figura 2.18. Para melhor interpretagao, deve ser complementado com a observagio da Figura 2.19. A simulagao inicia-se com um conjunto de condigées iniciais que nao necessariamente devem ser reais ou naturais. O modelo € integrado sobre um intervalo de tempo que é estendido suficientemente para permitir alcangar um estado de equilibrio que permita obter um estado médio ¢o ponto de vista estatistico. Alguns outros autores tém trabalhado com modelos mais complexos que os unidimensionais, particularmente com tipos de modelos chamados circulagao geral da atmosfera, usados para fins climéticos, e com modelos acoplados de atmosfera e ‘oceanos. Esses modelos foram usados para calcular as ‘mudaigas na estrutura tridimensional da atmosfera por feito de uma duplicagdo na concentrago de CO, atmosférico. A Tabela 2.7 apresenta alguns resultados obtidos que indicam as magnitudes dos aquecimentos esperados para diferentes modelos. Ennotével a diferenca existente entre os resultados, obtidos dos modelos que consideram uma interago com © saat © do modelo utilizado por Gates & Tantrapom (1981), que supuseram que a temperatura do mar no se altera quando se produzem fnudancas na concentragio do CO, atmosférico, 0 que, por sua vez, condiciona a variago de temperatura na atmosfera Novamente deve-se ressaltar que as mudancas de ‘temperatura assinaladas na Tabela 2.7 sao valores médios slobais, ainda que esses modelos (tridimensionais) calculem valores pontuais com os quais se obtém os valores médios jé assinalados. A Figura 2.20 apresenta as mudangas anédias de temperatura em um corte longitudinal de pélo a pélo (norte-sul). Como se pode observar nessa figura, uma duplicagéo de CO, atmosférico provocaria um aquecimento geral da troposfera que, para o ar préximo & superficie terrestre, alcangaria um valor médio de 3°C. Através dessa figura, nota-se um resfriamento estratosférico. 2. Variabilidade e Muth ATMOSFERA Radiagio ‘Solar (Vapor e Nuver) Precipitagio EQUAGAO DE) BALANGO PARA ‘OSAL [OceANos Figura 2. “Transporte RADIAGAO EQUAGAO DE ENERGIA Chintitiens: EQUAGAO DE ReflexdolAbsorsio i PARAA AGUA RESFRIAMENTO MOVIMENTO- i Tranaferdncia ralativa EQUAGAO figura mostra esquematicamente os componentes principais de um modelo matemético de simulagao da circulagao geral da atmosfera; acoplado a um modelo de circulagio ocednica. Os circulos representam as equagdes envolvidas no ‘modelo, a flechas representam os fatores externos ao Sistema Climético (radiagdo) e os processos fisicos interatuantes (Fonte: Manabe, 1983). Informes cientifigos mais recentes, bascados nos resultados de modelos unidimensionaise tridimensionais (ou de circulagdio geral da atmosfera), mostram que 0 aquecimento do ar na superficie (valores médios globais) por uma duplicago na concentragao de CO, atmosférico resultaria em um aumento de temperatura de 3°C, com tum erro de +1,5°C ou ~1,5°C. Essas variagdes na tempe- ratura do ar provocariam uma mudanga climatica que po- deria afetar de forma notével o ciclo hidrolégico, ou seja, 18 valores médios, tanto na precipitago como na evapo- ragdo, aumentariam, Esses aumentos provocariam um acréscimo nos valores médios da vaziio dos rios do nosso planeta. Também poderia ocorrer aquecimento nas zonas polares, conduzindo a mudancas significativas no volume de geloe neve, particularmente na Antartica, Esse aqueci- ‘mento nas Zonas polares aumentaria 0 nivel relativo do ‘mar (estimado em 5 m), 0 que causaria inundagGes signi- ficativas nas regides costeiras. Deve-se ressaltar que as mudangas climéticas causadas principalmente pelo aumento de temperatura ainda nao foram detectadas pelas observagies. Isso significa que mudangas no clima da Terra esti ainda muito difusas, devido a presenga das variagSes climaticas naturais, que so causadas por outros fatores, como: interago entre a atmosfera e o mar, variagdes de luminosidade ¢ mudangas nas concentragdes dos diferentes constituintes atmosféricos. Apesar disso, como conclusio, caberia assinalar que, se 0 CO, atmosférico ‘Tabela 2.7. Aumento da temperatura do ar na superficie (DT) quando se duplica a concentrago de CO, atmosférico (resultados de modelos climsticos de circulagao geral) (Fonte: Gates & Tantraporn, 1981). Autores ‘Tipode Geografia ‘Oceano Acoplado DT¢CO) ‘Manabe e Welherald (1981) Tdealizado ‘Sim 30 Manabe e Stoufler(1979/1980) __Realistico Sim 20 Hansen e co-autores (1979) Realistico ‘Sim 35 Gates ¢ co-autores (1981) Realistico Nao 03 49 £ Ava al . Need lester! atest es! cster eal ele ilna nal ale ae laa lw ANOS Figura 2.19. Variagao temporal da concentrago de CO, (medigdes realizadas em Mauna Loa, Hawai) Fonte: Keeling, ‘apud Weiner, 1992), continuar aumentando, no haverd razo para duvidar da ocomréncia de mudangas climéticas globais, e essas mudangas nao seriam despreziveis. Nao s6 0 CO, chegaria a ter efeitos sobre 0 clima, como outros gases presentes na atmosfera também poderiam induzir mudangas climéticas ao terem sua concentragio ‘modificada, por exemplo os clorofluorcarbonetos. REFERENCIAS Boin, M.N. 2000. Chuvas e erosées no oeste paulista. Rio Claro. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociéncias € ‘Ci€ncias Exatas, Universidade Estadual Paulista. Bryan, K. 1969. A numerical method for the study of the circulation of the world ocean. Journal of ‘Computational Physics, v.4, n.1,p.347-376. Bryant, E. 1997. Climate process. Cambridge : Cambridge University Press. 209p. (Calder, N. 1983. El libro del clima. Madrid : Hermann Blume. Dp. Carleton, A.M. 1979. 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Aquecimento ¢ resfriamento na atmosfera, indicados pelas isolinhas, devido & duplicagao do contet- do de CO,, Os resultados sao de uma simulago numérica com um modelo tridimensional de circulagao geral da at- ‘mosfera (Fonte: Manabe, 1983). ( 2. Vuriabilidade e Mendangas Climates, Environment Programme. Cambridge : Cambridge University Press. 362p. INMET-- Instituto Nacional de Meteorologia. 2002. Normas Climatolégicas 1961/1990. Brasilia : INMET. IPCC- Intergovernmental Panel on Climate Change. 1995. Technical summary of the working group I. Cambridge + Cambridge University Press/WMO. Kousky, VE. & Cavalcanti, LEA. 1984, Eventos Oscilagao Sul-E! Nino: caracteristicas, evolugdo e anomalias de precipitagio. Ciéncia e Cultura, v.36, 0.11. Kousky, V.E. & Gan, M.A. 1981. Upper tropospheric cyclonic vortices in the tropical South Atlantic. Tellus, 1.33, 538-551 Ladurie, ELR. 1991. Historia del clima desde el aio mil. Mexico : Fondo de Cultura Econémica. 522p. 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