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Organizadores BRUNO CaLanrict ' Doustas Fiscuer Epuarpo PELELLa | Alesiandea G.B, Pereira Lorenzo | ‘Amérieo Bed Jinlor ‘André Luis Callegart “Andrey Borges de Mendonga Dana de Resende Salgado Douglas Fischer Vadim Aras ‘Eduardo Patella ‘Wetington Cabra Saraiva Filo Gusman Wilson Recha de Almeide Neto Grévio Noguelea Grégio GARANTISMO PENAL INTEGRAL: Questdes penais e processuais, criminalidade moderna e a aplicacao do modelo garantista no Brasil 2 edigéo 2013 |g BOR | 40) | | | I Carirovo XVI EXECUGAO PROVISORIA DA PENA ‘Um contraponto a decisio do Supremo Tribunal Federal no Habeas Corpus n. 84.078 Luiza Cristina Fonseca Frischeisen ‘rbvuradora Regional da Replica da Regio 1. INTRODUCAO ee Ta ‘Bai S de fevereieo de 2009, depois de densas discuss6es © por maioria de 7 votos contra 4, 0 Ps o suspensivo. Fo que dispoe, aliés, 0 pardgrafo 2° do art. 27 da Lei 8.038/90,, 453 que continua vigente, spesar da referida decisto do Supremo. Decorrides alguns anos desde esta decisio, verifica-se que tem sido admitida alguma fexibilizagi0 do entendimento, tendo sido admitido que, em determinados casos, mesmo sem. © transito em julgado, o cumprimento da pena pode ser iniciado, 2, PANORAMA CONSTITUCIONAL 2.1, O principio da presungio da inoegneia ee wii ims eens pela ppria Constituipao, 14 & cero nos Tribunais que ents fnanentis ‘como a privacidade ppodemn ser cotejadas com is, ni que mesmo ess sarantias cedem com autorizac2o judicial para que sejarm levadas a cabo, por exemplo, a interceptagao telefSnica e a quebra de sigilo bancério previstos no proprio artigo 5°, inciso XI, 486 {ermingsseo inicio do cumprimento de pena antes de esgotados todos os recursos possiveis no ondenamento juridico. Fsteargumento &afastado pelo fate de que ro lado, o Superior Tribt igraus que a expressaio “ STIIC26H RI aga 270801994, Rel Minne Adhemar Mai 455 ‘Vale ressaltar que os Tribunais acabaram por entender que 0 antigo artigo 594 do CPP (revogado pela Lei 11.719/2008), que ordenava o recolhimento & pristio para o exereicio do direito de recorrer deveria ser interpretado em conjua- focom o artigo 3 ‘CPP, que prevé as condigdes e requisitos para a decreta- 0 que significa que aquele que respondew a0 processo solto, poderia na sentenga, se existent os requsitos do artigo 312, ser recalhido 2.2. Os mandados constitucionais expressos de elementos condicionantes da execugio proviséria’ inalizagao como PPor um lado, deve-se relativizar a presunglo de inocéncia para. a prpria rea- lizapio da pretenszo punitiva do Estado, conforme ja analisadoaci Sendo a presungao de inocéncia um principio, integrante de uma Consti- ‘igo aberta como é a de 1988, 6 certo que deve submeter-se ds anil pelo julgador.O instrumento mais adequado para tl and © da proporcionalidade, que tem, como jé vem 10 crimes, nko se per mitindo, por decorréncia Iogica do principio da supremacia, omissio do legisla- dor aesse respeito. Cabe ao legislador to somente tpificar tas eondiutas e suas ‘anges. A proterao pelo Direito Penal no pode set afastada es que fenham como | posse a ciliata de molde a thes garentir ast , tém carter suprelegal, é 7 fas dos Estados, Depen Sean ee gear igiam o direi- além de tipificar Te de guerra exp 7 3.0 PANORAMA SUPRALEGAL [A partir da década de 60 do séeulo XX iniciou-se uma nova geragio de di- reitos humanos que, coexistindo com as demas anteriores, se popularizou como “a terecira geragio”. Os direitos trazidos por tal tendéncia mundial, como ensina jem 0 dever de colaboragdo de todos as estadas e néo ape- dos processos no resse superior das ses, valores gerais que devem set absor- linha a Convengio Americana de Diteitos A Constituigdo Federal de 1988, apds a Fmenda 45/2004, eleva os tratados re Dircitos Humanos & condigao de norma consti relmente ja 0 tem), >, © Supremo Tribunal acerca da hierarq end 45. Hé posigdes segundo as quais a disposiga0 destes tratados sobre direitos humanos antes de 2004 so normas com stats constitucional, como professa © Ministro Celso tados com hierarquia “supralegal”™# {in Cosa Rin "4 Come dena ocr de {tp o as COTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, CASO MYRNA MACK CHANG VS ‘GUATEMALA, SENTENCIA DE 25 DE NOVIEMBRE DE 200 tem 29) 459 ~quisetotalidade dos pases do mundo, conforme se veré em item proprio deste ‘trabalho. 4.0 PANORAMA LEGAL E ADMINISTRATIVO, Conforme se expori a seguir, o Supremo Tribunal Federal jé se manifestou ppor virias vezes a respeito da perfeita recepeio das disposigdes do art. 594 do (CPPna ordem constitucional de 88, O Superior Tribunal de Justiga chegou a tara Simula n° 9 enunciando que “a exigéncia de prisao proviséria, para apelar, indo ofende a garantia const 0 do art. 594, a nterpretago da necesidade de prisfocontnansendo feita luz do art. 312, so imposta, © entendimento de que nica pristo cabivel 20 eondenado &a- Dristo eauteler, contudo, vai até o julgamento do-aeértio do Tribunal focal. Corroborando a disposigdo antiga do art. 637 do CAdigo de Processo Penal, on deca msi oncom pre do conecinent cape querer 8 Se foro ca, apa de pid Fm 2006, 0 Consetho Nacional de Justgaeditou a Resolugio n®19.que,con- siderando expressamente a existncia de “presos provisiios”e seus direitos de petipd sobre direitos pertinentes& execugdo penal, ordena a expedigdo da guia de recothimento provisério “quando da prolagao da sentenga ou aebrdao conde- nalGrios, ainda sujetos a recurso sem efeitos suspensivo, devendo ser pronta- mente remetida ao Juiz da Execugzo Criminal [Em 24 de Junho de 2008, a Resolugao n® 57 do Conselho Nacional de Justiga ratficou aquele entendimento, dispondo que a guia de rec {foi revogada pela Resolugo CNI n® 113, As observagdes aqui feita de direitos © para as penas pri lem da mesma forma para as penas restitivas 8 de liberdade™, 5, PANORAMA DA JURISPRUDENCIA, 5.1. Jurisprudéneia do STF até o julgamento do HC 84.078, ‘extraondnaio, Em caso memorive, 19 do Habeas Corpus n° $9757, ‘no qual atuou como Subprocurador Geral da Repablica o Professor Francisco de Assis Toledo, a ordem foi denegada sob o argumento de que “o Recurso Extraor- linério ndo importa a suspensio dos efeitos da sentenga condenatéria”™. A de~ por diretamente 0 Je inocéncia com a possibilidade de execugio provis6ri. do STF apés 0 julgamento do HC 84.078 Gulgados que ia exeeusao da pena antes do trinsito em julgado) >ermitem o i ‘Mesmo hoje, 6 panorama das deci seito da exccusdo da pena antes do t us $4,078 de telatoria do Ministro Eros Grau na qual se referendou a idéia de mpossibilidade de execugto da decistio condenatéria quando tramita contra tal {ecisdo recurso aos Tribunais Superiores, com quatro votos de Ministros dissi- Jentes. [Em4 de margo de 2009, em deci- ‘io monocritiea de indeferimento de liminar no HC 98.018, 0. Em sesso da 2° Turma datada de 24/05/2011, no jul gimental no Agravo de Instrumento n° 795.677 (caso Pi x celentissima Mini SpE rape eeileericndenin- or fim, na septo de de dezembro de 2012, a2*"Turma do Supremo Tribunal “de inadmissibilidade de Recurso Extraorinirio 793.454 (que se name 0 de dirsitos ha devises qu a io da presungto da inocéncia, mas também no artigo 147 da Lei de Exe- ‘cugies Penais (Lei n? 7210 de 11/06/1984). 53. No STS to no tribunal de origem). Dizia que a exigéncia de pristo proviséria para apelar nfo ofenderia o principio da inooéncia, ApSs, editow-se a i ‘dado de prisao se pendente recurso sem efeito suspensivo. ‘Coma intensificago dos debates sobre o tema no mito do Supremo Tribu- nal Federal, ilidade de execu seu trabalho “Ensaios iinsito em julzado dos Somente ume no caso de ages origindras dos Tibunas) 465 No ambito da 5* Turma discutiu-s, ‘mandado ée pristo pelo préprio Tribun od veto da norma iin pejus. Ha acérdaos nos dois sentidos: enquanto a decisio 3 tao pla Mi. Lauria Vi) admit xs cond sta ds no He 16845 (ej lator ¢ Min Alo Fores) cores expat dado epi el Tribunal on cases qu aseeng sep tee Seuudarem rae oa tei draco aes femate in pejus. Neste wltimo " ' pois to sertpocsvel nexceut brevis da pena, em vite do spt na setenga de prmeito gen, Verse ma sonal a entendimento da Toa Apa prolagtoda devi do HC 84.078 0 psicionament da modieado, como sepa enna de ulgarentos mai tects ST tion gt Tr oie uo as rdnris, com a cntnayde do aa erases de aan dbs Recursos Roos (Rt © Rp) mes doen em o eee de suspender escent do elope 77.8 20, dle 805890 eda tease recese, sem eo obsta « expedigo de mandado de prisio,(..). Mostra-se, inclusive, despicienda eventual andlise quanto 4 existéncia de motivagao id6nea para a decretagao dda custbdia do paciente, na medida em que decorrente a restrigo da prépria ‘condenarao imposta pelo Tribunal Bandeirante, esgotadas as vias ordinarias de revisdo do julgado.”* ados que indiquem que tanto a 5* quant ‘nd casos em que o verbete 267 do Superior Tribunal de ustiga se afastaro eleito suspensivo dos recursos especial e extraordiné b i 6.APLICACAO DAEFICACIAIMEDIATA DAS SENTENCAS PENAIS INCRIMINADORAS BM ALGUNS PAISES ‘Vale lembra, inicialmente, trecho do voto da Ministra Ellen Gracie quando do julanmento do HIC 85886 de 06/09/2005. Diz-a Ministra que “em pats nenfuum io NAPOLBAO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, goo umdate lpi Nes mene mess ne, nef nna eq Gn ie 9) do mundo, depos de oberade ody dan, rad o diploid, «execute Condon fo stapes, guaran oro ta Con Sapam” h om algun pase pao coobrar atta da Mii G1. Inglaterra © direito inglés & arauto mundial angie ins india dos direitos civis que resguardam o inc ‘mundo surgiram “de harmonia com asl fem 1354 trocou a expresso por “processo ‘anos depois ainda persiste como refers os de persis feréneia do p ", que quase 800 em legislagbes de todo epee ral Justice Act” inseriw modifieagbes significativas no Jo de rosters, nnd os poder cia, 0 sistema de recursos ¢ o sistema do juiri. ae Pode-se dizer que as ‘da *orde-se dizer que as idgas iniiais do principio dt der a seu processo em liberdade, sob prestagio de fama, Cot: “et” de 2003 reformou 0 antigo “Bail ‘Conforme se percebe, mesmo no pats em que se originaram os direitos do ‘idadio contra os abusos do Estado, o principio da presungio da inocéncia no $ interpretade de forma absoluta,respeitando-se, assim, as decisdes da primeira instincia. 6.2, Estados Unidos “A deja do devido processo legal nos Estados Unidos coincide com a propria ormago consttacional no século XVIII. Ants da formagdo da contederagao, & Constituigio do Estado de Maryland de 11 de novembro de 1776 j@ incorporava, ‘ contetida da Magna Carta o ce process. © Bstado de Nova lorque, aderindo & Federacdo, pediu a0 Congresso que s© adicionasse a expressio “due process” & Constituigao do novo Estado. Coube @ James Madison a redaglo do dispositive na Constituigfo Americana. due pro- sistema legal norte-ameri imposta ainda que pender formando qt 140 se ofende com a imediata execugito da pena tua revisdo™ noc jning of eit ™ 63. Canada sft espropositigo i un jue e Tia que no ou a lesltahas 6 @ 3 apresentacio das provas e que no estava presente nos debates orais possa-tomar q ramitam recur vo © temporal cficazes, mesmo aquelas cont ‘do mundo ps todas as pessoas so la instaneia oral que tem a le suas ‘dependentes da revisdo da instinciahierarquicamente superior 0 Tribunal Consttuc ntuguésintepreta principio da presungdo de gue 0 bi que 0 mandsmento constituefonal que garante a ria a forma de exercé-o, As decisdes aque tratara presungio de inocéncia de | 7,APLICACAO DAEFICACIAIMEDIATA DAS SENTENGAS PENATS custo de qualquer medida privat, INCRIMINADORAS NO AMBITO DO TRIBUNAL PENAL INTERNA- CIONAL PARA A EX-IUGOSLAVIA 67. Espanha, A presungdo da inocéneia ests express no n.*2 do art. 24, no titulo de direitos e dever 10 Espanhola de 1978 (o contexto do processo penal em ambito deste incipio da presun- da Constituigio [Nao se trata aqui, propriamente, nitiva do Estado e dos direitos e garanti da presungo da inocéncia ¢ pereita crime, como 0 éna Inglaterra, no C2 asd oa Onc ds Nes Uns, om competi yr lament "aime cots andes cont vars sera gestas ne 981 ¢ 45 de forma preventiva &oindicio suiciente da autora ea ondem pibica (art 312 «do Cadigo de Processo Penal ‘Nao se cogite aqui, presentes outros de ofensa A da presungio de inocéncia. Do mesmo medo, seguindo- ‘sungdo da inocéncia, ninguém podria fi policial, ou ninguém poderia cumprir pena até que criminal fosse julgado, de tomar absoluta a pre stigado em um inquérito 10 recurso da revisio {6 FRISCHESEN Lala isin MOSCOGLIATO, Macela. Eure de Quad nro ‘Piblic Federal BrstisESMPU, 208 eg 3 cuits. 16 abstengio do Estado na persecuyio penal ‘mandados de eriminalizalo dispostos ste na Constituigao Fe

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