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INTRODUCAO AO DIREITO LIGOES DE PROPEDEUTICA JURIDICA ANTONIO BENTO BETIOL! © soead oe 188 EQUIPE DE REALIZAGAO Coordenapdo: Thareza Bisa Chemotio rejto Eo: Caros Liner Produsdo Gréfca: Ronaldo Emaré Ludwig ComposicZo:tintom de Siva Brandio Nérima Mendes 8. Leal Sandra Bly ¥.Salipena Pastup: Niey Biss Dario C, de Abreu Fovisdo: Fomendo de Benedto Gio/Vora Lie F, Peri Gito Projeto 66 Capa C.12. Resonarnseleds'os datos eroprodupon edepaga Hermes Etre fomagto Lita, Hermes Edtora ¢ Informacao Ltda, Rua dos Cranés, 263 Foes: 542-0866 - 539-6954 — CEP 04087-SP As presentes ligées sio fruto, dos anos de magstéio na Faculdade de Diito das Faculdades Mtropolitanas Unidas (FMU). Nzo tm pietensées maiores do que simplesmente “introduzit” o aluno no ‘undo faseinante do Dirt, cujs segredos toda wma vida ¢insui- ciente para descobcit, Una confisio deve ser feita de plano: servran-thes de base outras ligbes,e essa de om “meste”, as “ides Pretiminaes de Direito” do Prof, Miguel Reale, com sue iresistivel visfo tridimensional da realidad juridica: o Direito como fato, valor e norma, ‘Com o objetivo ainda de auxifiaro luno na compreensio de matéria dada, foi claboraco um questionéio apés cada uma das presentes Ii- oes. ‘86 nos resta esperar que elas de fatoauxiliem os que pretentem de- dicarse & uma profiséo jurdic, no alcance da meta maior que os deve atrar ¢ assim traduzida por Dalmo Dallari nesses trés manda- meitos: 12) “Conhever bem o Direito, para sent-lo eacreditar nel”. 2) “Acreditar no Dieito sempre, jamais cedendo a0 aibtrio, a qualquer pretexto”. 32) “Fazer da crenga no Direto, uma arma de intransigente defesa a jstgae da dignidade bomana”. A ELYANE e CARLINHOS ‘que me ensinaram ligdes de vida, estas lies de Dieito, ANTONIO BENTO BETIOL ~ Profesor de Jatroagina Esto de Dirt das Exatades Meo- lianas Uris, ~ Membre do Servigo Jurisn da aio CCONSIDERAQOES PREVIAS 1. “Propedéutica” (do gr. “pro” =preliminar, ¢ “paidewt ari de instrct)signfien itrodugéo, prolegtmenos de uma eiéncia, 0 emu que dove servir de prepragio nocasiria para se tratar uma cigacia, no caso, o Direito, Estas ligGes sfo de “propedutica jurdice”, pois de fito 0 ‘que buscemos & fornecer as nogbes bisicas e indispeaséveis,& com- preensfo do fendmeno jurtic, itreduzindo o aluno no mando do Direto © preparando-o para receber eonhecinentos futuros mais completo eexpectices, 2 Objeto: Essa propedéuticn ao estudo dos diversos ramos do Direito poss um tripive objeto: «) Procure oferecer 20 iniciante dos estados jridicos wma wie ‘sao panordimica do Digit, uma visto de conjuato da drvore fori ca, gue no pode ser obtita attevés do estud isola de sua partes cspecias, das seus diferentes ramos: Direlto Civil, Penal e Proces- sual ee. Por isso, a discplina introdutsria jf foi onmparade com o alto de um mirare, de onde o estrangeiro observa a extensao de um pas, pare face dele a su anise (Peper). °) Busca mostar 06 peineios bdsios ¢ os 'concetes geris do Dirsito, que derdo ao alumo condigées favoriveis de estudar posterionenie as vérias dsciplinas especielizadas do currfoaka, una ‘ve que so eplcdveis« todos 0s ramos da érvoe juridica, Exeinplo: souceitos de “ditito”, “lei”, “fat juridico”, “melagéo juridica”, “Sjstica”, “seguranga jmridica”, “aloe, os “ptineipios geras do ddicito” 2, «) Visa ir mostrando a terminologia ¢ 0 métado jurtico, pois pois cade Ci8ncis exprime-se numa Linguager 6 tein um método que lhe so pripros, O Direito, como ciéncia que & possui uma Hing+ ‘gem propria © smutinilenar, 2a qual expresses de nso coments, elos ae Vinculim 6 “homer a "soiedade"™ sgl; nf Ds para o homem gato smllete pata sum exit 2 fio o torial: 0 homem “exits” @ “coexiste”s para ole, "ivee™ 6 “eoaviver" "sex com". Donde a afinnazfo do brbeard latina: B “UBT HOMO, IBI SOCIETAS” (onde o homem, af a sociednde). 1.2 — Interpretagdes da Dimeasio Social do Homem: — Como explicar esse impulso associativo do ser humano? ® PLATAO e ARISTOTELES interistaram de maneira oposia a dimensto social do homem. Segundo Plato, trata-se de um fenémeno contingent, enquanto para AritGieles cuida-e de una propriedade essencial. Tal divergéncia nasce das suas concepsoes diversas do homer Para Platio, ohomem é essencialmente alma; ele realiza a sua perfeicio © choga a aleancar sua felicidade na contomplagso. dat Téias, qve povoam um mindo denominaco metaforicamente por ele de Iugar celeste (topos uranos). Nessa atvidade nfo necessta de ninguém; cada alma existe e e realiza por sua prépria conta, inde. pendentemente das outras. Mas, dovido a uma grande culpa, aa al. mas pecderam sua condicéo original de absoluta espirtualidade © cairam na terra, onde teriam sido obrigadas a essumir tm corpo para pagar as proprias culpas purifcare, Agora 0 corpo compora fada tuna série de necessidade que podem ser satiseitas apenas com a ajuda dos outros. A sociabilidade ¢, portato, uma conseqiéneia da corporeidade, © dura apenas até que as almas cstejam ligadas a0 cor. po. Ariststeles, de mancira oposta, v8 0 homem como essencial- ‘mente constituide de alma e corpo e, movido por tal constituigho, € necessariamente ligado aos vinculos sociais. Sozinho ele ndo pode satisfazer suas proprias necessidades, © nem realizar suas préprias aspiragées, E, portanto, a propria natureza que induz o individuo a associat-se com os outros indivfduos ¢ a organizar-se em uma socie~ ‘dade. Por isso considerava 0 homem fora da sociedade um bruto ou ‘ou um deus, significando algo inferior ou superior & condicdo huma- ‘nai “O homem é, por natureza, um animal politico. Aquele que, por spatureza, néo possui estado, € superior ou mesmo infetior a0 ho- ‘mem, quer dizer: ou € um deus ou mesmo um animal” (A Poltica). b) S. TOMAS DE AQUINO, como Aristételes, considera que ‘9 homem é naturalmente socivel: “O homem é, por natureza, ani- ‘mal social e politico, vivendo em multidéo, ainda mais que todos o% ‘aitros animais, © que se evidencia pela natural necessidade” (S.Th.1,96,4). Assim, a sociedade politica deriva a sua origem di- etamente das exigéncias naturais da pessoa humana. Tomés de ‘Aquino afirma, entio, que a vida solitéria ¢ fora da sociedade € ex cece, que pode ser enquadrada numa das trés hipéteses: “mala fortuna”, ow seja, quando por um infortinio qualquer o individuo acidentalmente passa a viver em isolamento; “corruptio naturac”, 14

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