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6 Biblioteca de Educagdo da Universidade de Brasilio Série Il — Textos Bésicos para 0 Ensino Médio Fisica Parte | Texto organizado pelo Physical Science Study Committee Edigao preliminar 1963 NL Editéra Universidade de Brasilia APRESENTACAO A Giéncia vem evoluindo com velocidade eres cente. O niimero de informacies disponiveis do- bra aproximadamente cada dez anos. Mais répi- damente ainda cresce a aplicagao da Ciéncia seu impacto na vida didria, tornando cada vez maior 0 problema do ensino basico de Giéncias 20 jovem Este grave problema foi relegado pelo Homem de Ciéncia até bem recentemente. O ensino de Giéncias, quer nas escolas primdrias, quer nas escolas médias, ¢, com o tempo, até o dos pri- meiros anos dos cursos superiores, nem sempre foi entregue aos elementos mais capacitados. “Educadores” infiltraram-se no ensino de Cién cias, e, nada conhecendo de Ciéncia, de sua evo lngio e estrutura, tornaram éste ensino 0 mais eficiente método de limitar a evolugio cultural # técnica de um povo. Em 1950, organizamos 0 IBECC-UNESCO, Segao de Sao Paulo, iniciando entre nds um movimento, através do qual chamdvamos a aten: go para a importincia do problema, e alertéva- ‘mos os cientistas para liderarem a reforma do ensino de Ciéncias. Lutando contra a indiferenca do Homem de Giéncia, preocupado com a mar. cha de seu setor de investigacio, conseguimos lentamente, nos anos seguintes, prosseguir em nossas atividades, e, em 1954, jd desenvoluiamos um amplo programa para atacar os problemas mais agudos e caracteristicos de nossa formagao, particularmente 0 do desinterésse pela experi- mentacio. Em 1957, fomos aos E. U. A. conhecer um fa- moso fisico que, com outros colegas, liderava ld um movimento semethante — 0 Prof. Francis L. Friedman, do MIT, trdgica ¢ prematuramente desaparecido, justamente na época em que pla- nejava nos visitar. A éle, a nossa comovida ho- menagem. Tomamos conhecimento, através do Prof. Friedman, do gigantesco esférco desenvolii do pela equipe do PSSC, na qual se destacava 0 Prof. Jerrold R. Zacharias, também do MIT, e que congregaua um grande niimero de fisicos famosos, alguns dos quais nobelistas, professres de escolas médias, ¢ industriais, tendo realizado um trabalho que revolucionou 0 ensino da Fisica ¢ de téda a Ciéncia. Que raxdo nos levou a escolher 0 Curso do PSSC para o Brasil? Nao foi certamente porque nao dispimhamos de vinte milhdes de délares para realizar um projeto semethante, ow porque ndo contdssemas com um grupo de fisicos de igual envergadura, ou porque nao estivéssemos habituados a ensaiar cientificamente projetos de inovagées no ensino que envolvem o futuro de nossa mocidade. Fizemo-lo porque nos convence- ‘mos de sua exceléncia, acompanhando cuidadosa- mente sua evolugiio nos Estados Unidos, desde sen inicio, e realizando alguns testes no Brasil E em 1961, enviamos aos E.U. A. um dos elemen- tos de nossa equipe de professdres, para parti: cipar de um Curso de Verio, através do qual to- mamos contacto direto com 0 Curso do PSSC. Em janeiro de 1962, organizamos 0 I Curso de Verio, no qual foram preparados quarenta professores, hoje liderando 0 PSSC na América Latina. Na oportunidade, veio a So Paulo, para dirigir 0 Curso, entre outros professéres dos E.U.A., 0 Dr. Uri Haber-Schaim, do Education: al Services Incorporated, entidade que supervi- siona 0 PSSC. O Gurso foi repetido em 1963, des- ta vez com cardter nacional, dirigido por um gru- po de professdres do Brasil, acrescido de um pro Jessor-visitante dos E. U. A. E, aos poucos, vido se multiplicando os cursos locais, liderados pelos participantes do Ie II Cursos de Verio. O PSSC nao é wm livro-texto, mas uma combi- nagio de texto, guia de laboratdrio, guia para 0 professor, equipamento especifico, filmes, testes, 6 APRESENNTAGAO ¢ literatura complementar, 0 conjunto represen- tando uma nova filosofia de ensino de Ciéncia, Hoje, como nds, numerosos paises americanos, europeus, asidticos, ¢ africanos, estdo preparando @ traducao das publicagdes do Curso do PSSC. Em 1962, lancamos 0 Guia de laboratério, pri- meira traducdo mundial. Foi éle usado no 1 ¢ 1 Cursos de Verdo, bem como em Cursos de Ve- rao de diversos paises da América Latina, Ainda ‘em 1962, através do Plano de Emergéncia do Mi- nistério da Educagto ¢ Cultura, sendo Ministro 0 Prof. Darci Ribeiro, iniciamos a tradugdo do livro-texto e dos filmes. Esté a cargo da Editéra da Universidade de Brasilia a edicdo preliminar do livro-texto em quatro volumes, corresponden- tes as quatro partes do original, cada um con- jugado @ respectiva parte de laboratdrio. Tam- bém, com 0 auxilio da Editéra da Universidade de Sao Paulo, iniciamos a publicagio dos livros da Science Study Series, que constituem a lite- ratura complementar do Curso. Fabricamos em nossas oficinas, e estamos for- necendo, todo 0 equipamento idealizado no ESI, ‘0 qual coincide plenamente com o conceito que temos sdbre como deve ser 0 equipamento para ensino de Fisica na escola secunddna: simples. econdmico, permitindo a redescoberta de fend menos cientificos fundamentais, quantitativa mente, ao invés da aparelhagem complexa ¢ cara que pouco ou nada estimula a mente do jovem. Nao teria sido possivel desenvolver tao amplo programa, sem o auxilio que nos foi prestade pela Fundacao Ford e Fundacto Rockefeller, ¢ ‘2 colaboracao da National Science Foundation ¢ Pan American Union. © programa nao esté terminado. Iniciamos a tradugio do Guia para o professor e dos filmes No ESI, elemento de nossa equipe colabora no preparo dos “Tépicos Avangados” do PSSC, para nivel universitério. Serd éste 0 ponto final? A Fisica continuard crescendo certamente, e caberd aos fisicos a con- tinua avaliagéo, no sentido de indicar as intro- ducies que se fazem necessirias ¢ 0 que thes deve ceder lugar. Dr, ISALAS RAW Disetor, Cientfico do. IBECC-UNESCO, Seqlo de Slo Paule oa PREFACIO © Physical Science Study Committee ¢ consti- tufdo por um grupo de professores de fisica, de nivel universitirio e secundirio, trabalhando no desenvolvimento de um curso aperfeicoado de introdugio & fisica. O projeto teve inicio em 1956 com uma doagio da National Science Foundation, a qual forneceu a principal ajuda financeira. “A Fundagio Ford e a Fundagio Alfred P. Sloan contribuiram, também, na ma- nutengio do programa. Este livrotexto ¢ a alma do curso do PSSC: néle a fisica ¢ apresentada ndo como um simples conjunto de fatos, mas basicamente como um pro- cess0 em evolugio, por meio do qual os homens procuram compreender a natureza do mundo fi- sico. Além do livro-texto existem, estreitamente correlacionados, um guia de laboratério e um conjunto de aparelhos modernos e baratos, um grande nimero de filmes testes padronizados; luma série crescente de publicagdes preparadas Por expoentes nos respectivos campos e um ex- tenso livro do professor, diretamente ligado a0 curso. © curso de fisica do PSSC ¢ 0 resultado do trabalho realizado, por mais de quatro anos, por algumas centenas de pessoas, em sua maior parte rofessOres de fisica de colégios ¢ universidades. Li, no fim do livro, uma resenha desta colabo- ragio. £ oportuno destacar, entretanto, o traba. tho de dois déstes colaboradores. O Professor Jer- rold R. Zacharias, do Departamento de Fisica do Massachusetts Institute of Technology, rev: niu um grupo de expoentes em fisica © em edu cago, que dew origem ao projeto; éle trabalhou ativamente em tOdas as fases do projeto. O Pro- fessor Francis L. Friedman, também do Depar tamento de Fisica do MIT, e membro do Comi. té desde 0 inicio, desempenhou o papel princi pal no desenvolvimento do livro-texto, e contri buiu significativamente em tédas as partes do programa. Este névo curso difere de forma marcante, sob muitos aspectos, do curso de introducao a fisica, habitualmente ministrado nos Estados Unidos Para ter certeza de que éste novo sistema era consistente € suscetivel de ser aplicado, foi soli citado o auxilio de professéres e alunos. Em 1957 58, oito escolas © 300 estudantes experimenta- ram 0s primeiros materiais. Seus comentirios ¢ sugestes ajudaram a melhorar e ampliar o con tetido € 0 sistema. Depois, em 1958-59, aproxi madamente 300 escolas e 12.500 estudantes vale ram-se do curso, e em 1959.60, quase 600 esco las € 25.000 alunos participaram do terceiro ano de prova. O curso foi, entio, cuidadosamente revisto, & luz desta experiéncia. As reagdes de professores © alunos mostram que uma grande percentagem de estudantes se inte: tessa por éste curso, € com bom aproveitamen- to, Sets conceitos se firmam por meio de traba thos no laboratério, anilise do texto, e estudo dos filmes. O curso atrai tanto os estudantes inclinados para as humanidades como os {4 in- teressados em ciéncia. O Curso do PSSC © curso do PSSG compreende quatro partes estreitamente interligadas. A Parte I consiste numa introdugio geral as nogdes fisicas funda. mentais de tempo, espago e matéria: como nés compreendemos € medimos. Quando o aluno aprende 0 alcance praticamente ilimitado das di- mensées, do imensamente grande ao infinit mente pequeno, dos microssegundos a bilhdes de anos, éle verifica como estas grandezas podem ser medidas. fle aprende que os instrumentos valem 8 PREFA( como uma extenso de seus sentidos. A experién- cia de laboratério mostra que inicialmente me- dimos por contagem direta, e estendemos, a se- guir, nosso alcance de medidas pela calibracio € pelo uso de instrumentos simples, tais como es- troboscépios ow telémetros. A partir destas experiéncias, medindo tempo ¢ espaco, passa 0 estudante & compreensio de ve- locidade e aceleracio, de vetores € de movimento relativo, Prossegue, entio, estudando a matéria, que vemos se movimentando no espaco € no tempo. Neste primeiro exame da matéria desen- volvemos 0s conceitos de massa e de sua_conser- vacio. Usamos, entio, a evidéncia experimental acumulada por fisicos e quimicos para concluir que a matéria é formada por um mimero rela- cieamente geen ae Aionioe diferentes. Prep rase, no laboratério, a experiéncia direta, At os estudantes calculam, por exemplo, 0 tamanho de uma molécula, a partir de medidas de finas peli- culas de éleo. Filmes complementam esta pritica direta de laboratério, mostrando experiéncias que estariam além do alcance de estudantes, Do coméco ao fim, o estudante é levado a con- cluir que a fisica deve ser estudada como um todo. Tempo, espaco, e matéria, em particular, no podem ser separados. Ele percebe, além dis- so, que a fisica € um assunto em desenvolvimen- to, € que éste desenvolvimento resulta do tra- balho de imaginagio de homens e mulheres a éle semelhantes. Qs wépicos no curso do PSSC sio escolhidos ordenados de modo a evoluir do simples e do comum as mais sutis idéias da fisica atémica mo- derna, Na Parte I avistamos um amplo quadro do universo. Ao examinarmos mais detalhada- mente certos campos da fisica, iniciamos, na Parte IL, 0 estudo da luz. Vivemos pela luz, € © estudante passa sem dificuldade ao estudo de sombras nitidas e difusas, da reflexiio em espe- Ihos, € da refragio da Tuz em superficies épticas. A evolugao natural do tema nos leva a desen- volver uma teoria (ou modélo) corpuscular da luz. A discussio déste modélo ilustra repetida- mente 0 modo pelo qual se desenvolve, virtual- mente, todo conhecimento cientifico. Filmes — como por exemplo o filme sobre a pressio da luz — ajudam, de novo, o estudante a ir além do laboratério. Submetido a constantes exames, 0 modélo cor- puscular se revela inadequado, e 0 estudante percebe que necessitamos de outro modélo — um modélo ondulatério. O laboratério, novamente, fornece uma fonte insubstituivel de experiéncia, e aqui 0 estudante se familiariza com as proprie- dades das ondas. Ele observa 0 comportament de ondas em cordas € na superficie da agua, Ble comeca a identificar 0 grupo de caracteristicas que constituem o comportamento ondulatério O conhecimento da interferéncia e da difracao surge diretamente do estudo de ondas em uma cuba. Pela primeira vez, possivelmente, os halos de Iuz em volta das limpadas de rua, as cores das manchas de dleo, € a formagio de imagens por meio de lentes, surgem como aspectos da na tureza ondulatéria da luz. Durante a primeira metade do curso, a énfase principal esti na cinematica de nosso mundo: onde est2o as coisas, qual & seu tamanho, como se movimentam, e nao por que. Na Parte III voltamos a um estudo mais detalhado do movi mento, desta feita sob um ponto de vista dina mico. Com aparelhamento simples de laborato- rio, os estudantes descobrem a lei do movimen to de Newton, Bles aprendem a prever os movi- mentos quando as forcas sio conhecidas, e a de terminar as fOrgas quando sto dados os movi mentos. Assim preparados, acompanham éles a extraordiniria historia da descoberta da gravita So universal, a sibia suposicio de Newton, que o féz saltar das leis conhecidas do movimento para a lei da atragho gravitacional. Introduzse as leis da conservagio da quanti dade de movimento e da energia por uma asso, ciagio entre a teoria ¢ a investigagao de labora trio. Estas leis constituem uma parcela substan cial da Parte TI, e damos énfase a seu emprége em situagdes nas quais ndo & possivel a obser vagao minuciosa do movimento, como por exem: plo na descoberta do néutron por Chadwick « na teoria cinética dos gases. A Parte IV inicia 0 aluno em eletricidade € através dela, na fisica do dtomo. O estudante se vale, entio, do conhecimento de dinimica, ad. quirido na Parte 111. Comecamos com observa cOes qualitativas, € prosseguimos com um estudo quantitativo das {Orcas que se exercem entre car gas. Aprendemos a medir forcas elétricas pouco intensas, ¢ percebemos que a carga clétrica se apresenta em unidades naturais. Estudamos, en tao, 0 movimento de particulas carregadas em campos elétricos, e aprendemos a determinar as massas do eléctron e do préton, Segue-se uma discussio sObre campos magné: ticos produzides por ims e correntes, ¢ um es tudo das forgas por éles exercidas sobre cargas em movimento, Como parte final da eletricidade discutimos as leis da indugao, e damos ao estu dante uma percepcio qualitativa da natureza electromagnética da luz, Muitas das idéias fun. damentais slo exploradas no laboratério ~ a lei de Coulomb, 0 campo magnético em volta de uma corrente, a forga exercida por um campo magnético sobre um fio condutor percorrido por uma corrente, sio exemplos. Valemo-nos, a esta altura, do conhecimento adquirido em escala macroscépica para pesquisar a estrutura dos atomos. Acompanhando 0 traba- tho de Rutherford, estabelecemos 0 modélo nu- clear do tomo, Algumas perguntas, entretanto, ficam sem resposta. Por que, por exemplo, é um determinado tomo estivel? Por que nao se de- sintegra ao emitir luz? Buscando as respostas, descobrimos que a luz é tanto corpuscular como ondulatéria, Percebemos, ainda mais, que ape- sar da matéria se comportar como particulas, em alguns aspectos também se comporta como’ on: das. Combinando ambas as propriedades, pode- ‘mos compreender a estabilidade do itomo de pREFAcIO 9 hidrogénio e a estrutura de seus niveis de ener gia. Dado que nesta parte do curso a experimen tagio direta se torna mais dificil e mais dispen diosa, so filmes que trazem ao estudante expe riéncias como a de Millikan e a da interferéncia de f6tons, No fim do curso, chegamos ao modé lo moderno de dtomos. Ficou patente ser perfeitamente possivel ensi nar 0 curso do PSSC tal como é apresentado. & lum curso proveitoso para uma ampla variedade de colégios. Os que colaboraram na estruturacio déste curso desejam, entretanto, aperfeigoilo progressivamente. Como o Physical Science Stu dy Committee prossegue neste desenvolvimento, suas sugestdes serio sempre bem recebidas, JAMES R. KILLIAN, JR. Board of Trustees Services, Incorporated CONTEUDO PARTE | CAPITULO 1 2 3 4 5 6 7 8 yD 10 O UNIVERSO Que é fisica? Tempo e sua medicio Espago € sua medicio Funcées e escalas Movimento ao longo de uma trajetéria Vetores Massa, elementos e atomos Atomos e moléculas A natureza de um gas Mensuragao OO OC aa eee Roe cee cépio Schmidt de 48 polegadas, em Palomor, mostra dois eae eC eet ee ieee ti extraordindria distancia da Terra. Se pudéssemos obser- Pa OR Rca et ey (eee ee et ey eee eat eet ae ee ean ee eR QUE E Fisicn? ail A Fisica é a ciéncia fundamental da natureza. Ela nos conta o que sabemos a respeito déste mundo, como homens e mulheres descobriram ‘© que conhecemos, e como ainda estio desco- brindo nos dias de hoje, uando o clarao de um relimpago corta a es- curidio, 0 ridio produz estalidos, e seus olhos ficam ofuscados por alguns segundos. Um ins- tante depois vocé ouve 0 estrondo do trovio, e uma vidraca s6lta estremece, A milhares de qui- Jémetros de distincia, num observatério meteo- roldgico, um radio-localizador pode acusar o im- pacto do relimpago; e na cidade, 0 meteorolo- gista, ouvindo um estrondo distante, acena com 4 cabera como se estivese esperando a tempes tade. Eis ai uma seqiiéncia de fendmenos, de acon- tecimentos diversos, ocorrendo em lugares € tem- pos diferentes. Bes esto todos encadeados. Como estiio éles interligados e, exatamente, que esté acontecendo 4 vista, a0 ouvido, ao ridio, e & pro- pria atmosfera? Considere outra cadeia de acontecimentos. Nos laboratérios de ensaio de uma industria de ago vocé pode ver uma barra fina de uma nova liga sendo esticada pelas garras possantes de uma m: quina de testar do tamanho de uma casa, acio- nada por um motor elétrico que gira rapida- mente € niio maior que uma bola de futebol. A barra compacta cede lentamente ao esforco. Ela se distende como se fdsse um caramelo, e quebra, pouco depois, com um ruido. Como funciona tudo isto? O que mantém a barra compacta? Por que ela cede, finalmente? E, a propésito, por que 0 aco mais resistente que o vidro? Por que é Ge mais pesado que o aluminio? Por que en ferruja? Os homens, antigamente, temiam a “doenga do Sol”, nas ocasides em que 0 Sol desaparecia € a Terra escurecia. Conhecemos, mais tarde, 0 movimento complexo da Lua. Tornowse muito mais facil prever os eclipses do que 0 tempo que fara amanha. A Lua vem girando em volta de nosso planéta muito antes do primeiro dinossau- ro andar pela Terra. Um satélite feito pelo ho- mem pode girar em térno do globo por um lon- go periodo sem propulsor, jato, ou asas — uma mindscula lua sintética. Como se movimentam 05 satélites? Como podemos desenhar nossos pré prios satélites? Como podemos visitar a Lua? A fisica nos habilita a responder a tais pergun tas, Ela nos di a capacidade de prever e plane: jar, de compreender e de nos aventurarmos no desconhecido, Novas coisas sio feitas a partir do que aprendemos em fisica. Com novas respostas em fisica, novas perguntas estio sempre surgin- do. Muitas destas perguntas nunca teriam sido formuladas, se a prépria fisica ndo tivesse sido posta em pratica. Anteriormente a Galileu no havia telescépios astrondmicos. Depois de Galileu, que associou duas lentes para fazer um telescdpio astrondmi co, € descobriu quatro Iuas girando em volta de Jipiter, planejaram-se e construiram-se melhores ielescépios e em maior mimero. Com sua ajuda, descobriram-se novos corpos celestes, tais como 16 que & Fisica? ‘os numerosos pequenos planétas chamados aste- réides, que se deslocam entre as érbitas de Ji piter € Marte. Surgiram, entio, novas questdes, Como pode- riam ser explicados os movimentos complexos destas luas € asterdides? Foi para responder a perguntas como esta, que tomou um grande de- senvolvimento um ramo matematico especial da fisica chamado mecdnica. A partir do século de- zoito, avangou-se rapidamente neste estudo do movimento de objetos submetidos a frcas com- plexas. O ndvo conhecimento dle mecinica levou a um melhor planejamento de méquinas, Ve- mos, pois, que sem 0 telescépio, a mecinica teria tido um progresso mais lento. Mais recentemente, ha cérca de cingiienta anos, 0 inicio do entendimento dos atomos pos- sibilitou a construgZo de bombas de ar superio- res is até entiio feitas. Com estas novas bombas, era ficil obter um bom vacuo, € com um bom vicuo iniciaram-se experiéncias que anterior mente eram de realizacio impossivel, com quisadores sondando a natureza de eléctrons € dtomos. Esta capacidade de produzir um alto va uo, € 0 conhecimento que isto trouxe, levaram as mais variadas realizagdes priticas, como vilvu- las para radio © televisdo, suco concentrado de laranja, € energia atdmica. Esta investigagio ato- mica esclareceu, também, o alicerce da quimica, por tornar possivel determinar o que mantém dois dtomos unidos ou 0 que os conserva sepa rados. © assunto, pois, vai se desenvolvendo. £ como um grande edificio em construgio, € nio uma estrutura terminada que vocé apenas deve visi tar, levado por um guia. Ainda que algu partes estejam satisfatdriamente concluidas € se jam mente tteis e belas, outras esto sd- mente semi-executadas, Outras, ainda, estiio ape- nas planejadas. Novas partes serio iniciadas € completadas por homens ¢ mulheres de sua ge- ragio, possivelmente por vocé ou seus colegas. De ver em quando, verifica-se que uma das depen- déncias j4 terminadas nesta estrutura conhecida como fisica, é pouco segura ou nio mais bastan- te ampla para novas descobertas, e a dependén: cia é abandonada ou reconstruida. Isto acontece freqiientemente, mas os grandes alicerces esto bem assentados ¢ localizados em terreno bastante sdlido. Estes alicerces permanecem inalterados, ainda que sdbre éles continuem ocorrendo mu- dangas. Constitui intengio déste livro deixi-lo ver a planta do edificio, mostrarthe 0 que os construtores fizeram, fazé-lo observar algumas day partes nas quais éles esto trabalhando agora ¢, ocasionalmente, alerté-lo nos pontos em que © projeto ainda esté incompleto. A fisica e as outras ciéncias da natureza A fisica 6 a ciéncia bisica da natureza, mas nao é a tinica déste tipo. A fisica é fundamental porque trata de varios aspectos do universo como tempo, espago, movimento, matéria, eletricida. de, luz, € radiagio; ¢ algumas caracteristicas de cada fato que ocorre na natureza podem ser xa- minadas nestes térmos. A astronomia, ciéncia que procura conhecer a Lua, os planétas, as estrélas, € 0 universo além das estrélas, esti alicercada na fisica. A geologia € uma espécie de “astrono- mia” pormenorizada do planéta que melhor co- nhecemos, nossa prdpria Terra. A meteorologia, a fisica de nossa atmosfera, procura explicar as causas do tempo em térmos de fisica. A quimica € uma ciéncia quase tio fundamental as outras quanto o é a fisica, Sua especialidade é conhecer o grande mimero de substincias que nos rodeiam aqui na Terra, como também. as novas substincias preparadas por quimicos, ¢ que nunca existiram. Um importante ramo da quimica, chamado bioguimica, a quimica da vida, ocupa-se de nossos préprios corpos € dos ali mentos que ingerimos. Ea totalidade do pré prio mundo vivo é 0 objetivo de muitas cién cias, da anatomia 4 zoologia, cada uma se espe- cializando em um tipo particular de objeto fisico, tal como plantas e animais em tédas as suas va riadas e maravilhosas formas. ituando-se, por certo, mais préximo a fisica, ha um grupo de ciéncias afins conhecidas como astrofisica, geofisica, € biofisica. A astrotisica a fisica do mundo astronémico. Voce poderia di- zer que as posigdes € a identificagio das estré. las sao problemas de astronomia, mas um estudo do que faz as estrélas brithar é uma parte da as. tofisica. A geofisica se ocupa da fisica de nossa cerma, € a biofisica da fisica das coisas vivas. 1 = 2. Fisica e engenhario A tecnologia — 0 conjunto integral de recur sos € equipamento que o homem criou para me- Ihorar sua situacio neste planéta — est basea da na ciéncia, Tédas as ciéncias contribuem para ela — e a fisica, por certo, muito freqilentemen: te, Quando os fisicos aprendem a compreender Que & Fistea? 18 que & ristea? € controlar um tipo particular de fendmeno, di- gamos as ondas de radio, surge, entio, um grupo de especialistas cujo trabalho ¢ tornar proveito- sa esta nova aquisiclo. A engenharia de radio a electrénica surgiram, déste modo, como um ramo especial da fisica, e sio atualmente estuda- das por um ntimero maior de pessoas e com mais empenho total que a prdpria fisica, Isto se repe- tiu varias vézes: para a eletricidade, para a avia- io, € para o movimento do ar e da gua (chama- dos aerodinimica ¢ hidrodinamica). Ha trezentos anos, o pioneiro fisico italiano Galileu (1564-1642) tentou descobrir como sus- tentar pesadas vigas sem rompé-las. Naquela épo- ca, uma longa e penosa experiéncia de ensaio ¢ érro havia formado mais ou menos hé- beis na arte de construir edificios, sendo porém reduzido o conhecimento cientifico sObre tais as- suntos. Hoje em dia, a compreensio desta parte da fisica € tio importante na vida disria, € est tio bem desenvolvida, que ¢ confiada a um gru- po profissional de engenheiros, muito afastados do estudo geral de fisica. Sao éles as pessoas que ptojetam e constroem arranha-céus, pontes, ¢ es tradas. Seu trabalho se baseia em princfpios fisi- 0s tio bem testados em trés séculos de experién- cia que 0 fisico no mais duvida de sua aplicabi- lidade. Ble reconhece que pouca coisa nova Thes pode ser acrescentada. De modo andlogo, a liber- tagio de energia nuclear (poténcia atomica), cria- Gio recente da fisica do século vinte, est, no mo- mento, na iminéncia de se tornar uma importan- te ¢ fascinante atividade técnica, especializada independente, chamada engenharia nuclear. Este € 0 trajeto da fisica. Ela dé origem a ou- tras ciéncias e a suas proveitosas aplicagées, que podemos denominar tecnologia. Estas ciéncias, tal como filhas agradecidas, retribuiram, freqiiente- mente, dando a fisica novos materiais, novos ins- trumentos, € movas idéias. Muitos déstes novos instrumentos sio agora priticamente indispensi- veis a fisica. O radio ¢ outros dispositivos electrd- nicos, por exemplo, originaram-se da fisica, € sio agora usados na solucio de problemas do mo- mento em fisica, Tanto a pesquisa moderna em ciéncia fisica como a inchistria de manutengio de televisio estio subordinadas & electronica, des- cendente direta do que nos laboratérios de fisica de 1900 pareciam ser fendmenos obscuros e sem importincia. 1 — 3. Os instrumentos da fisica A fisica necessita de instrumentos — instru. mentos de tédas as espécies. Como em quase t6- das as atividades dos séres humanos, o instrumen- to-chaye do fisico é sua mente. Em seguida, éle precisa de uma linguagem para tornar claro, para si prdprio ¢ para os outros, o que éle pensa € féz, € o que pretende realizar. A matemitica, que pode ser considerada como uma linguagem internacional especial de relagio e quantidade, extremamente clara e flexivel, é, também, um instrumento importante de seu equipamento — sio muito importantes, sem divida, seus pré- prios olhos, ouvidos € mios. Ble considera éstes ltimos como os principais instrumentos na ob- tengio de informagées sobre as ocorréncias do mundo que éle tenta compreender e controlar. Além disso, para auxiliar seus sentidos e produ- as circunstincias especiais que por vézes dese- ja estudar, éle deve se valer de uma grande va- riedade de outras ferramentas, outros instrumen- tos, miquinas, ou invengoes. Nossos sentidos falham freqiientemente, ¢ es to sujeitos a érro. Geralmente no nos é difi- cil, por exemplo, dizer se uma coisa aconteceu antes ou depois de outra, mas constatamos que nossas avaliagées de quanto antes ou quanto de- pois, no sio dignas de confianca. (Olhe para um relégio, depois niio olhe para os ponteiros durante um tempo que julga ser cinco minutos, € verifique, entio, quanto tempo decorreu efe- tivamente). Se voce no tivesse relégio, poderia medir 0 fluxo do tempo, de modo rudimentar, pela contagem das batidas de seu coracio. Vocé perceber’, entretanto, que o ritmo de seu pulso se modifica de dia para dia, da manhi para o anoitecer, e, por vézes, de minuto em minuto, Sem relégio, vocé poderia no descobrir estas mudangas, a no ser que comparasse sua pulsa- io com a de outras pessoas. As pulsacdes de dois de vocts nao corresponderiam exatamente ao me- direm interyalos de tempo, e vocés poderiam, entio, tentar descobrir alguma coisa fora de vo és que batesse mais regularmente que seus pul- 808, Ha uma histéria muito conhecida que exem plifica 0 proceso que estivemos discutindo. En- quanto observava um grande lustre oscilando no teto de uma catedral, Galileu notou que o lus- tre parecia gastar aproximadamente o mesmo in- tervalo de tempo para completar cada oscilacio. Fle imaginou, entao, poder se valer do lustre, ou de qualquer outro péndulo com movimento se- melhante, para usé-los como um bom dispositive de medida de tempo. A amplitude da oscilagio, entretanto, se modificava_consideravelmente: co- megava com um amplo arco, terminando por um movimento apenas perceptivel. Podéria realmen- 1 = 4(a). Em 1896, o fisico-quimico francs Henri Becque- tel descobriu a radioatividade pela exposigio de uma chapa fotogrifica a um sal de urinio. A chapa fotogrifica Gstava envolvida em papel préto, ¢ sdbre ela foram colo: ados cristais de acetato de urinio te acontecer que ritmo da oscilago indepen- desse do comprimento déste arco? Nio obstante saber Galilen que sua pulsagio nfo era unifor- me, tinha éle certeza que seu ritmo estivera sufi cientemente regular durante o tempo relativa- mente curto que decorrera até o lustre parar. Constatou éle que o mesmo numero de pulsa- ges caracterizava cada oscilagio, qualquer que fosse a distincia percorrida pelo lustre durante a mesma, Esta observacio de Galileu levou & idéia de que um péndulo mantido em oscilagio por uma mola ou por um péso em queda lenta, mediria 0 tempo com precisio. Tais relégios po- deriam ser testados dando partida simultinea em dois ou mais déles, ¢ observando, entio, se éles dariam o mesmo ntimero de oscilagdes em tem- po igual. Os conhecidos relégios de péndulo se originaram de tais experiéncias, € sio ainda ins- trumentos praticamente tio precisos e dignos de confianga quanto qualquer outro que 0 homem possa construir. Esta é a histéria tipica de como pode ser esta- belecida uma nocio fundamental, Comecamos com uma experiéncia pessoal precdria, como a das batidas do coracio, ¢ a transferimos para um instrumento que parece se comportar de ma- neira mais simples e digna de confianga. Testa- mos, ento, o instrumento, para verificar se éle efetivamente funciona como imaginamos. A fi- sica € edificada déste modo, partindo de nossa propria experiéncia, lancando uma hipstese ar- rojada, que é freqiientemente um verdadeiro asso no escuro — Galileu no poderia saber com certeza se a oscili¢io do péndulo nio estava sim- Que é Fisica? 19 1 = 40) A exposicéo resultante, como a aqui reprodu poderia provir de alg. fo. invi sivel, porém penetrame, do sal, desde que ndo foi p mitido que a luz ati ‘chapa fotogrifica. Eis al tum exemplo de um recurso simples usado pata obter um importante resultado bisico plesmente correspondendo & su pulsagio. irre- gular — e testando, depois, a hipdtese pela veri- ficagao do que ela deve implicar. Construimos, desta forma, microscépios que podem tornar visi- veis coisas mintisculas, € telescépios enormes que sondam as profundezas do espaco. Os instrumentos da fisica podem ser simples. Em 1896, Henri Becquerel descobriu as estra nhas propriedades radioativas do urinio, e ini ciou 0 ramo chamado fisica nuclear, sem outro equipamento além de uma chapa fotogrifica en- volvida em papel préto, e alguns cristais de um sal quimico especial. Em 1934, em Roma, Fermi € seus companheiros descobriram 0 néutron len- to, base da energia atOmica. Usaram éles uma aparelhagem simples — um suprimento hospi lar de ridio, uma pia de mirmore com Agua cor. rente, alguns pedacos de prata e de cédmio, € um instrumento feito de pedacinhos de uma fina folha de metal montados mum pequeno micros. cépio. Prosseguindo no trabalho de Fermi, cinco anos mais tarde, Hahn e Strassmann descobriram a fisio do uranio. fles tabalharam com equi pamento quimico simples e um contador Geiger comum. Quem seré o préximo a descobrir um, ramo da ciéncia com equipamento simples e uma idéia efetivamente boa? Nao 0 sabemos, mas isto acontecer com certeza. Os instrumentos da fisica podem-se tornar ma- ravilhosamente complexos. O satélite equipado com aparelhos € seus foguetes de lancamento po- dem ser considerados como os instrumentos do fisico que procura estudar as camadas superiores da atmosfera e a chuva de particulas do espaco 20 QUE & Fisica? do University. of Califor mento, O homem no canto inferior gigantesco, O enorme in fquena cidade Pate grande instrumento ¢ of California Lawrence Radiation Laboratory) exterior. Para faer um eléctron se movimentar ao longo de uma trajetéria em espiral, como se mostra na fotografia da Fig. 1 — 6 (b), necessita-se de um equipamento complexo. No University of California Radiation Laboratory existe um enor me ima em forma de anel, pesando tanto quan to um navio, ¢ tirando sua poténcia de gerado. res suficientes para suprir as necessidades de po téncia de uma pequena cidade (Fig. 1 — 5). Atra ha um tubo em forma de aro, suficientemente grande de forma que néle um homem poderia rastejar. O didmetro do aro é do tamanho de uma quadra de basquete. Devendo ser éste tubo mantido livre de ar, foi néle feito um alto vacuo, como o existente em valvula de ridio. O dispositive completo ¢ operado por uma réde de interruptores, vilvulas € medidores, tao complicada quanto uma pequena central telefd- nica. E para a fotografia propriamente dita, as ndes cimaras Wevem ser focalizadas numa gr a Lawrence Radiation Laboratory constitu i direl dle anel pesa tanto quan D para obter evidénc ‘mente pequenas para serem vistas com qualquer disposi le um da uma idéia das dimendes déstc acclerador tum navio © requer tanta poténda quanto uma pe do comportamento de particulas demasiada reparado pelo homem. (Cortesia: University cuba cheia de hidrogénio liquido, que é extre mamente frio mas altamente inflamavel [Fig. 1 — 6a) 1 — 4. Quem constréi a fisica? Chamam-e fisicos as pessoas que planejam o tipo de equipamento sobre o qual voce estéve Iendo. Quando suas habilidades sio_ principal mente as de planejar e realizar experiéncias, eles sfo chamados fisicos experimentais. Quando, por outro lado, éles so peritos py almente no emprégo de matemtica em problemas de fisica Mio éles chamados fisicos tedricos. Benjamin Franklin ¢ Mme. Marie Curie foram fisicos ex perimentais. Isaac Newton ¢ Albert Einstein fo: m fi talvez os maiores. Antigamente, os instrimentos, t c tem sicos tedricos 0 OS expe bs, eram tio. sim. 1 — 6). Aqui novamente um instrumento muito com: plexo para ampliar nossos sentidos, Esta clmara de bolhas de hidvogénio liquide, em ligacio com uma fonte de elétrons de elevada energia (como o bevatron da Fig. 1 —5), foi usada para obter a imagem da espiral de Por um elétron, mostrada na Fig. 1 — 6(b). (Cortesia University of California Lawrence Radiation Laboratory). ples que um homem ou uma mulher, individual mente, poderiam se habilitar em ambos. Isaac Newton nao somente féz a emocionante expe ia de decomposicio da luz solar em cores usando um prisma, como efetivamente idcalizou, para seu proprio uso, uma das mais. proveitos formas da matemitica, 0 cilculo. Franklin con: tribuiu para o desenvolvimento da teoria sobre a eletricidade. Atualmente, alguns dos instru- mentos so tio complexos que pouces fisicos si0 suficientemente versiteis para se assenhorearem de todos. Quer tedricos ou experimentais, entre tanto, todos os que constroem a fisica so fisicos Os fisicos podem ser auxiliados por engenhei 105 € por diversos tipos de técnicos. Todos éstes — os fisicos, engenheiros, e téenicos — formam uma equipe coordenada. & evidente que nenhu individuo isoladamente poderia ter construido, ‘ou mesmo projetado, em seu todo, um grande moderno laboratério como o de Berkeley. Fisicos, entretanto, as pessoas que determinam o objetivo a ser atingido pela equipe. O engenhei ro concentra seu interésse principalmente no pro- jeto © manejo dos instrumentos, ou mquinas, ‘ou processos em mira. O fisico esti interessado no que éle pode descobrir pelo emprégo déstes instrumentos, quaisquer que éles sejam. Ficard claro que nao demos neste capitulo uma definicio cabal ¢ simples do que é a fisica. Isto 1 — 6(b). A medida que passa através do hidrogénio i quido, 0 elétron deixa um rasto visivel, semelhante i tritha de vapor deixada no ar por um avito a jato @ grande altura, como 0 que conhecemos sobre o mundo, dose, também, 0 que podemos realizar com conhecimento, Apds ter concluido éste livro, vol tando ao que viu € aprendeu, € a0 que o des- lumbrou, teré vocé uma visio muito melhor do que é a fisica do que poderiamos descrever num capitulo, Nos proximos capitulos falaremos sobre tem po, espaco, movimento, matéria, € medigio. Es. Uo todos éles relacionados, € so todos essenciais, em nossa discussio sobre fisica. Bles formam um alicerce sobre 0 qual construiremos — € nao algo que podemos estudar ¢ depois esquecer. Além disso, © que dizemos nos préximos capitulos € ente um coméco; € as idéias sobre as quais mos tornar-se-do mais claras & medida que as usamos ao longo do livro. Perceberemos nelas, mais tarde, um névo significado, Isto é parti cularmente verdadeiro no que diz respeito as idéias expostas neste capitulo introdutério. A medida que vocé avangar na fisica, esteja pre parado para voltar, de ver em quando, a éstes capituloy iniciais. A maioria dos que estudam oy fundamentos da fisica_niio serio fisicos mais tarde. Alguns continuarao seu estudo de fisica, ou trabalho cor relato, na engenharia ou em outras ciéncias. Quer prossiga ou nao, voce pode encontrar na historia da natureza, como os fisicos a véem, muita coisa que o auxiliard a compreender 0 mundo mutivel no qual vivemos. Isto porque a fisiea esti atris das manchetes dos jornais, atrés dos inventos que criamenovos emprégos, ¢ atris dos novos problemas que todo cidadao' tem de 22 ue # Fisica? enfrentar. Estudando éste assunto em crescente desenvolvimento, um dos mais significativos na histéria do homem, vocé terd a oportunidade de alimentar esta curiosidade acérca do mundo no qual nés, humanos, nos diferenciamos tio niti- LEITURA COMPLEMENTAR ANDRADE, E. N. da C,, Sir Isaac Newton. Doubleday ‘Anchor Books, 1958, CURIE, EVE, Madame Curie, Doubleday, 1919, FERML, LAURA, Atoms in the Family. University of Chicago Press, 1054. Um relato da vida e obra de Enrico Fermi FRANKLIN, BENJAMIN, Autobiography. Pocket Books. GAMOW, GEORGE, Nascimento ¢ Morie do Sot Globo ~ Porto Alegre (Cap. I: Transmutagio dos Elementos). damente dos outros animais, éste maravilhoso sentimento de querer saber, que se pode consti- tuir numa profunda satisfacio por téda uma vida, HEATHCOTE, N, H. de V, Nobel Prize Winners in Physics, Henry Schuman Co., 1953. Esb6co biogrifico € sumario do trabalho Inureado de cada um. JEANS, JAMES, The Growth of Physical Science. Cam bridge University Press, 1951. (Galileu, pags. 145-150, A/L-I78. Newton, pags. 183-196, 204-210, 225-227. Ein: stein, pigs, 239-301) TAYLOR, F. SHERWOOD, 4 Short History of Science ‘and Scientific Thought. Norton, 1949, TEMPO E SUA MEDICAO CAPITULO 2 2 —1. Ponto de partida — os sentidos Os instrumentos fisicos mais universais se en- contram em nossos corpos. Através de nossos olhos obtemos a maior parte de nossas informa- es sobre 0 mundo. Quase tio importantes sio nossos ouvidos, que nos trazem os sons. Exis- tem ainda as diversas impresses do tato. Elas incluem 0 tato sensibilissimo da ponta de nos- 503 dledos, no qual nos baseamos para avaliar as contexturas, as sensagbes musculares de disten- der comprimir, pelas quais formamos as im- presses de péso e solidez, a sensacio de quente € frio, € nossa percepgio interior de equilibrio. olfato € a gustacio — mais titeis em quimica do que em fisica — sao também fontes impor- tantes para nosso conhecimento do mundo exte- rior, Como vocé sabe, éstes instrumentos que nos trazem informacdes continuamente sio cha- mados os sentidos. Além disso, nds nao sentimos ‘o mundo de forma inicamente passiva, pois ma- nejamos e movimentamos algumas de suas par- tes com nossas mos, costas € pernas. E verdade que ninguém precisa fabricar ou comprar seus olhos ou seus ouvidos, mas suas tutilizagdes nZio nos sio inteiramente dadas a0 nascer. Todos nés tivemos que nos exercitar para usi-los, Todos nds tivemos que aprender a in- terpretar as imagens que vemos e os sons que ouvimos, aprender que o pequeno borrio ld em- baixo, na rua, ¢ o prédio da escola, grande como a vida quando déle nos aproximamos. Quando criangas, gastamos muito tempo aprendendo es- tas coisas. Nao podemos lembrar como foi difi- cil, assim como nao nos recordamos como apren- demos a falar. Os sentidos podem ser Iudibriados, Husbes de ética so habituais. Talvez a mais comum seja aquela que constitui o fundamento do “cinema”. Se voce examinar a fita de um filme cinemato- grifico, veri que ela & formada por uma se- qiiéncia de fotografias pouco diferentes umas das outras. Passando a fita bastante ripidamente, sua vista funde as imagens sucessivas numa se- qiiéncia continua, que di a sensagio de movi- mento. Sua percepcio de temperatura pode, tam- bém, ser lograda: se voc€ mergulhar uma de suas mos em um recipiente com agua quente, ¢ a outra em Agua fria, ¢, depois, mergulhar ambas, simultineamente, em um recipiente com gua morna, a mio “fria” sentira quente, e a mio “quente”, frio, (Se voce nao féz esta experiencia, faga-a). Tanto quanto os sentidos, todos os outros ins- trumentos do fisico sio faliveis - mesmo os mais precisos ¢ sensiveis, tais como balancas de pre- cisio, medidores eletrénicos, € dispositivos mar- cadores de tempo. Tém todos éles suas limita- Ges. Testar as indicagdes de seus instramentos faz parte do controle que deve ser incluido em cada conclusio a que © fisico chega, da mesma forma que deve analisar criticamente as primei- ras impresses fornecidas pelos sentidos. Esta verificagio cuidadosa di-the, pois, confianga em seus instrumentos, do mesmo modo que nosso sentido de tato pode constituir um valioso teste de confirmagio do que vemos. 24 TEMPO E SUA MEDIGAO 2 — 2. Os conceitos-chave da _fisica; necessidade de estender os sentidos Consideremos algumas das nogdes mais funda- mentais da fisica, fempo © espaco, ¢ sua combi nagio no que chamamos de movimento © mat ria. Nao resta dtivida de que as primeiras impres- ses que adquirimos a éste respeito sio dadas pelos sentidos. Mas & perfeitamente compreensi vel que para aprendermos tudo que desejamos conhecer s6bre tempo, espaco, ¢ matéria, preci samos estender © agucar nossas impresses sen- soriais pelo emprégo de outros instrumentos. Consideremos de inicio o que chamamos fem- po. Deitados na cama, correndo pelo corredor, viajando em um avido, estamos sempre seguros (se € que estamos seguros de alguna coisa) da pas- sagem do tempo. Todos temos uma medida de tempo em nosso préprio corpo: as batidas do coracao. Durante téda nossa vida, 0 coragio bate mais ou menos uma yez por segundo — fis vézes mais lentamente, as vézes mais depressa. Temos outras medidas de tempo, também, que sio por todos conhecidas. O Sol marca o dia ea noite. Passam as quatro estagdes, € nds esperamos ver algumas centenas delas surgirem © desaparece- rem. Nao podemos determinar diretamente mui- to mais do que isto, ow muito menos que uma pulsagio ou um piscar de olhos. Mas, certamen- te, o tempo se estende para muito além déstes, limites — para trés antes de nosso nascimento, para frente depois de nossa morte — ¢ por inter- valos curtos demais para que possamos capt os, Nossos pais recordam uma época que nio conhecemos; 0s historiadores nos contam mais que isso; arvores enormes existem hi séculos; ¢ no duvidamos que as montanhas e rochas se jam aii igas. Todas estas coisas esto muito acima daquilo que nosso sentido pessoal de tempo pode abarcar diretamente. Uma segunda nogio importante em fisica ¢ de distancia, ou espaco. Podemos caminhar um quilémetro, sem muito esférco. Conseguimos abranger uma pequena distincia com nossos de- dos, ou com nossos bracos estendidos. E. possivel até juntarmos nossos dedos o bastante para entre éles deixar um espaco igual & espessura de um fio de cabelo, mas tornase dificil medir menos que isso. Como podemos medir distincias maio- res que as que podemos andar, ou menores que as que nos & possivel perceber? Como veremos, a medida de distincias extremamente pequenas ou incrivelmente grandes, é importante para a compreensio do funcionamento do universo. Para chegar a éste conhecimento, os fisicos de- m métodos para medir as distincias as € as estrélas, © os meios de deter minar o tamanho de um tomo. A terceira nocio-chave é a de substincia, terial, ou matéria como é mais comumente ch; mada, Um dos maiores sucessos da fisica em nos: sos dias reside no fato de térmos aprendido muito a respeito da estrutura intima da matéria, Apren. demos que todos os diferentes materiais — pele, 0550, sangue, rocha, aco, nylon, ar, € até o Sol — so compostos pelos mesmos pequenos blocos de construcio, oy sitomos, Suas combinagbes “deci fram” a natureza do mundo complexo em que vivemos, € até mesmo a constituigio de nossos corpos. Da mesma forma que com duay diizias de letras do alfabeto foram compostos todos os livros escritos em Portugués, a combinagio de alguns blocos de construgao forma téda a mat ria em sua grande variedade. Nés nao descobri mos éstes dtomos pelo uso direto de nossos sen tidos. Bles sio demasiado pequenos para que os vejamos na nossa experiéncia de todos os dias. Chegamos a saber de sua existéncia pela exten so de nossos sentidos, conseguida pelo uso das idéias © téenicas da fisica € da quimica. Nio definimos aqui exatamente espaco, tem- po, € matéria. Bstes conceitos fundamentais sito bastante familiares a todos e, apesar disso, dili ceis de definir. O essencial & que conseguimos chegar a éstes trés conceitos bisicos pela expe- riéncia cotidiana. Nés os firmamos pelo uso de nossos préprios instrumentos detetores — olhos, mitisculos, € assim por diante. Nos percebemoy, por exemplo, grandes volumes de matéria: mon. tanhas, uma extenso de oceano, talver; ¢, tam bem, pequenas porgdes: até, talves, pequeninos graos de farinha ou as particulas de pocira que vemos num raio de Sol. E nossa primeira tarefa encontrar um meio de ultrapassar estas experiéncias comuns. & preciso achar um modo de falar ordenadamente sobre coisas muito alastadas da experiéncia familiar ds vida cotidiana. Procedendo desta forma, chega- remos ao ponto essencial do problema. 2 — 3. O tempo e seu curso Feche seus olhos por alguns instantes. Abra 6s, entio, enquanto conta “um, dois, trés”. Fe che-os_novamente. Que notou vocé enquanto seus olhos estavam abertos? Se voce estiver numa sala comum, pouca coisa ter acontecido, Nad pareceu sofrer modificaclo, Mas se vocé tivesse estado sentado durante algumas horas, manter TEMPO E SUA MEDIGKO 2 — 1. As Cataratas do Nid stram as mudancas lens que © tempo imprime fi face de nosso mundo, A Tinh pontilhada, na fotografia, mostra a forma da American Fall antes que um desabamento carregasse eérea de 15,000 foneladas de rocha do seu bordo, em 1954. Este proceso, continuado por longos periodos de tempo, féz com que as fataratas se fossem «eslocando de muitos quilimetros, para cima, até sua localizagio atual, e, dentro de 10.000 anos levi-las-d muito além, na directo do lago Erie. (Foto United Pres do os olhos abertos, veria pessoas indo e vindo, movendo cadeiras, abrindo janelas. O que acon teceu. na sala parece depender do intervalo de tempo durante 0 qual vocé observa. Olhe du: rante um ano, e a planta em seu vaso hi de crescer, florescer € murchar Continue a experiénci mento, Observe por um século, 0 edificia prxte te i sua volta, Um milhar de Nenhuma cidade brasileira durou mil anos, ex ceto, possivelmente, aldeias de indios. Dez mil anos? Dentro déste periodo o Rio Iguacu ters dlesgastadlo as rochas, e as cataratas terdo subido rio até muito longe. Dentro de um milhio de anos, muitas das paisagens da Terra estard inreconheciveis (Fig. 2 — 1). Podemos tent. desmoronado dos grandes in. nos. Imagine a mas agora abra seus olhos por tem: pos cada vez menores — que tenham a duragio ora, pass: los de tempo para os pequ sma sl ter de “um piscar de olhos", como se diz. Isto , exa tamente, 0 que faz uma n fotogr’ Entio a mancha formada pelo ventilador em movimento parece estar parada, € define-se em quatro liminas distintas, Um pouco mais depres sa, € 0 bater de asas de , que normal mente vocé nio pode ver, nem mesmo borrado, apareceré também claramente. Neste ponto, seu dlho — ou a cimara fotografica que éle é, es nte — esté se abrindo apenas por al guns milésimos de segundo. 2 — 4. Intervalos de tempo, longos e curtos; flash-miltiplo Naturalnente Ihe é impossivel piscar de modo stficientemente répido para notar os efeitos ci tados na ultima secio. .O obturador de maqui nas cinematogrificas, entretanto, pode ser aber 26 TEMPO E SUA MEDICKO to ¢ fechado muito rapidamente. Para filmes co- muns, a chmara tira dezesseis ou vinte e quatro quadros (fotografias individuais) por segundo, que sio exibidos em uma tela no mesmo ritmo (Fig. 2 — 2), Estes mimeros foram escolhidos por- que nossos olhos retém as imagens por um tem- po pouco superior a um vigésimo de segundo. Esta retengio € chamada persisténcia de visio, € € a responsavel pelo aspecto de movimento sua- ve, continuo, que vemos no cinema. Em muitos casos, 0 movimento todo que de- sejamos fotografar leva o tempo de uma s6 expo- sico numa cimara cinematogrifica comum, Para fotografar movimentos como éstes, usamos, mui- tas vézes, uma técnica mais apurada — o flash- miiltiplo — que nos permite a medida de inter- valos de tempo muito curtos. Neste caso, em vez de abrir e fechar 0 obturador de uma maquina fotogrifica, usamos flashes breves e intensos em intervalos regulares, numa sala escura. Uma ci- mara com seu obturador aberto, registra os qua- dros apenas quando a cena é iluminada. Flashes repetidos produzem uma seqiiéncia de imagens que sio registradas no filme da cimara. Desde que conhecemos © tempo entre dois flashes su cessivos, 0 exame da série de imagens fixas assim obtidas permite-nos determinar a duragio da cena fotografada. A Fig, 2 — 3, por exemplo, mostra uma série de treze imagens de um projétil atingindo um ba- Io cheio de gis. Neste caso, 0 intervalo entre 1 dois flashes sucessivos foi de , de modo 4000 nak que o tempo total decorrido entre a primeira 12 3 a tiltima imagem é de = s. Pelo 4000 1000 exame da terceira, quarta, e quinta imagens, & possivel, também, concluir que a bala gasta me nos de de segundo para atravessar 0 ba- 2000 . Ho. Assim, estas fotografias tiradas com flash nos forneceram duas medidas fisicas — 0 inter- valo de tempo gasto por um projétil para atra 2 — 2, Produzindo 0 efeito de movimento com imagens fixas, Estas cinco fotografias foram obtidas com uma ch- mara cinematogrifiea de 35 mim, a freqiiéncia de 24 ima- ‘gens ou quadros por segundo. Os orificios A esquerda da fita so aberturas denteadas, pelas quais o filme & conduzido para tris das lentes, numa série de impulsos. Observe 2 mudanca de posicio do mergulhador de uma foto para outra. A agio tda teve a duracfo de 1/6s. Quando 0 filme & projetado, vemos realmente uma se- qiiéncia de imagens Gixas em ripida sucessio, Entre- tanto, como o élho retém uma dada imagem por uma fragio de segundo, temos a impressio de movimento. TEMPO E SUA MEDIGAO ia instantinea mostra uma bala de ndo o bulbo «de uma Kimpada. A dura Go do flash foi inferior a um milionésimo de segundo. Observe as ranhuras na superficie da_bala, bem como 1 ruptura do vidro, (Cortesia: Harold BE, Edgerton), vessar 0 balio, € 0 tempo necessirio para o ba lio se desfazer. Nenhuma destas medidas pode- ria ter sido feita sem um processo de extensio de nossos sentidos Com a fotografia de flash-muiltiplo podemos filmar varios objetos em movimento ripido — coisas familiares que vio desde gotas de chuva até pecas de maquinas, bolas, € projéteis. £ pos. sivel, também, fotografar coisas que poderemos querer medir no decorrer de nossa pesquisa em fisica, Neste livro vocé encontrara numerosos exemplos do uso da técnica do flash-miltiplo no estudo do movimento. Esta técnica e outra simi lar que vocé desenvolvera no laboratério, esta- 2 — 8, Fstas fotografias, batidas num ritmo de 4.000 por segundo, mostram uma bala perfurando uma balfo cheio de gis, Decorteu um tempo total de 3/1000s entre a primeira e a wltima imagens. Note que o balio se esvaria Ientamente, se comparada esta yelocidade com a da bala, que sai do campo da fotografia em menos de 1/1000 apés haver atingido e atravessado 0 balo. (Cor- tesia; Harold E, Edgerton) 28° TEMPO E SUA MEDIGkO 5.0 lho humano mio é sufici me ripido para captar os ripidos movimentos (60 por segundo) das de um beija-flor. Nesta fotografia instantanea, obtida com um flash estroboscépico, a iluminaclo durouapena 1/100.000s, Desta forma, vemos as asas aparenteme ns por segundo, mostraria, apenas, imagens bo Jo na obtenco das fotografias instantineas do rompimento do | a, observe 0 disparador, © baldo, a iluminacio estroboscipica (sob o balio), « Lica, (Cortesia: Harold E. Edgerton), Yo entre nossos mais importantes instrumentos. Nao é necessirio tomar cada uma das fotogra fias da seqiténcia em uma pelicula separada. Po- demos fazer uma exposicio nuiltipla em inter valos iguais de tempo sobre um pedaco de fil me. Veja a Fig. 6 — 19, por exemplo. Tirar fotografias em intervalos regulares de tempo nfo s6 nos permite analisar movimentos que de outra forma nio passariam de simples manchas a nossos olhos, como nos habilita a ob servar éstes movimentos com a velocidade bas tante reduzida. Por exemplo, fotografias tiradas com a freqiiéncia de 4000. por segundo podem ser exibidas num ritmo de 24 por segundo. Usa- mos esta técnica ao inverso no estudo de movi mentos que se processam lentamente. O cresci- mento de uma flor, 0 fluxo das marés, o desloca mento de uma geleira, si0 acontecimentos mui 10 vagarosos. Os intervalos de tempo enyolvidos » 420 longos que, normalmente, no se percebe 6 movimento pela observacio direta. Para tornar possivel a observacio déstes movi- mentos como um todo, usamos 0 processo. de quadros isolados. Neste caso, é tirada uma foto- fia de uma planta florescendo, digamos, a cada hora. Esta série de fotogratias é, entio, pro- jetada numa tela na freqiiéncia normal de pro- jecdo. Vése, desta forma, em minutos, um mo- vimento que pode ter durado dias. Na discussio da fotografia de flash-miltiplo falamos apenas a respeito dos intervalos de tem- po entre os flashes. Voeé, provivelmente, con cluiu que cada flash deve durar um intervalo muito curto de tempo. Freqiientemente conse. guimos aprender muito com o resultado de um 6 flash, como no caso das Figs. 2 — 4 e 2 — 5. De- Nido & breve duraco do flash, 0 movimento em cada caso, aparece “‘congelado”. A Fig. 2— 6 € uma fotografia do laboratério onde foram exe cutadas estas fotos de alta velocidade. 2 — 5. O estroboseépio As Miminas de um ventilador elétrico, bem como 0 martelo de uma campainha elétrica, apre sentam um movimento que se repete, de modo idéntico, periddicamente. Voce pode medir os cantos intervalos de tempo envolvidos nestes mo- vimentos de um modo mais simples que o da fotografia de flash-mdiltiplo. Para éste fim, us mos um estroboscépio. No Guia de Laboratorio mostrase um tipo déste instrumento. Ble con- siste de um grande disco com ranhuras igualmen te espagadas, distribufdas 4 volta de sua circun- feréncia. TEMPO 1 SUA MeDIcko 29 neipio do estroboseépio. Quando o disco, em frente a0 6tho do observador, gira no mesmo ritmo que © prato, 0 observador somente veri a seta quando ela se contra numa posigao particular, O movimento é, entzo, ;parado”. Quais so as limitagies déste dispositive? Para compreender como éste dispositive per- mite medir pequenos intervalos de tempo, con- sidere inicialmente um estroboscépio com apenas uma abertura. Podemos usar éste estroboscépio de abertura tinica para medir 0 tempo gasto pelo prato de um toca-discos para completar uma ro- tacio. Marcamos, primeiramente, 0 prato com uma seta, € deixamos o tocadiscos atingir sua velocidade normal. Fazemos, entio, 0 estrobos- copio girar, e olhamos através da fenda, como indica a Fig. 2 — 7. Toda ver que a abertura passa diante de ‘nossos olhos, temos uma visio do prato, Suponha, entio, que giramos o estroboscépio de tal forma que a abertura descreva toda a vol.

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