Prensa

Informativo da Delegacia de Foz do Iguaçu do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná

ano II
número 11
Março/2002

Embaixador
ebate a Alca
e a “periferia”
Douglas ‘Bob’ Furiatti

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães es- embaixador se posiciona contrariamente à entrada indireta. “Quais são as
tará em março em Foz do Iguaçu para discutir o do Brasil na Área de Livre Comércio. Em 2001, características da colô-
Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Área de suas opiniões sobre o acordo lhe renderam a exone- nia? Não pode ter armas,
Livre Comércio das Américas (Alca). O diploma- ração do cargo de diretor do Instituto de Pesquisas não pode ter política
ta vai debater as conseqüências dos blocos para o em Relações Internacionais do Itamaraty. externa, não pode ter
Brasil e outros países sul-americanos, já nítidas na “Os americanos já propuseram uma área de políticas econômicas
crise da Argentina, seja sob os aspectos político, livre comércio com os europeus, já propuseram o internas, não deve ter
econômico ou social. mesmo para os japoneses, e ninguém aceitou. Por moeda”, afirmou o em-
Guimarães dará ênfase à influência que a atual quê? Porque sabem que saem perdendo na disputa baixador.
situação do país vizinho exerce com os Estados Unidos, dadas as Com vistas a um melhor entendimento des-
sobre o Brasil, bem como ou- condições do sistema america- sas políticas internacionais e uma integração en-
tros aspectos relacionados à po- Para Samuel Pinheiro no, tão poderoso que detém a tre os jornalistas e comunidade, a delegacia sin-
lítica e às relações internacio- Guimarães, a Alca é a moeda de reserva universal, o dical de Foz contatou o diplomata brasileiro,
nais. Promovido pela Delega- recolonização da dólar, tem todos os meios de que aceitou o convite para vir à fronteira. O
cia de Foz do Sindicato dos Jor- periferia, transformando pressão, é o único país que tem evento tem apoio da Varig, Acifi, Hotel Rafain
o Brasil em colônia realmente empresas multina- Centro, Instituto Maurício Grabóis e UDC.
nalistas Profissionais do Paraná,
o evento será realizado no pró- cionais em todo o mundo, uma Esta é a primeira promoção do ano da Dele-
ximo dia 26, terça-feira, às 20h, na UDC. capacidade tecnológica extraordinária, investe em gacia de Foz do Iguaçu do Sindicato dos Jornalis-
Com 38 anos de carreira, passagem por ór- tecnologia o tempo todo através do sistema mili- tas Profissionais do Paraná, que reserva também
gãos como Sudene e Embrafilme, e cargos diplo- tar”, disse à revista. futuras palestras nas áreas de jornalismo fotográ-
máticos exercidos na França e Estados Unidos, Para o autor do livro Quinhentos Anos de fico, cinematográfico e impresso, além de outros
Samuel Guimarães se mostra um ferrenho crítico Periferia, a aliança econômica com os EUA é um benefícios em prol dos profissionais que atuam no
à Alca. Em entrevista à Revista Caros Amigos, o processo de recolonização da periferia, de forma mercado local e regional.

PARTICIPE GOLPE CONTRA ENQUETE

DESTE ESPAÇO
Prensa está aberto a artigos,
críticas, comentários, notas.
Os textos, de até 35 linhas
de 70 toques, devem ser
entregues para os representantes
da delegacia ou via e-mail:
sindijorfoz@foznet.com.br
TRABALHADORES
FHC quer dizimar direitos trabalhistas
ao mudar a CLT. Trabalhador pode ter
férias e licença maternidade
reduzidas, 13º salário parcelado,
licença paternidade extinta. A CUT
prepara greve para o dia 21; Foz
também tem mobilização popular.
INTERNET
Qual o principal efeito que o fim
da exigência do diploma
provocaria no jornalismo?
Qual sua opinião sobre a
exigência do diploma para exercício
da profissão de jornalista?
Responda: www.sindijorpr.org.br
2 Prensa
imprensa
Deu no “JI”
“Queda na aprovação de Sâmis é de 5%
para pesquisa Exatta”, afirma o título da matéria
do Jornal do Iguaçu, edição de 20 de fevereiro,
sobre a pesquisa realizada no começo de
fevereiro para avaliar a atual administração
municipal.
Deu na Gazetinha
A Gazeta do Iguaçu, edição de 20 de
fevereiro, publicou o mesmo assunto com o
seguinte título: “Exatta revela aprovação do
governo de Foz”. A diferença no tratamento é
natural, afinal as interpretações dependem de
cada profissional. Como a Tribuna Popular
ignorou a amostragem encomendada pela
prefeitura, resta saber como o semanário iria
noticiar o resultado?
Otimismo
Para muitos, ser otimista é uma virtude. Mas
quando essa qualidade sobrepõe o bom senso
pode ser interpretada de outra maneira. A análise
pode ser feita com os comentários publicados
na imprensa sobre a extinção da Ferfi e
“fracasso” do Foz Futsal na Taça Brasil.
Mudança de sede
A Folha de Londrina em Foz do Iguaçu
mudará de endereço . Em breve, a sucursal
estará na Rua Rui Barbosa, 473 - Loja 1. Os
telefones, inclusive do fax, continuam os
mesmos. A Gazeta de Iguaçu, por sua vez, já
mudou. A Gazetinha está ao lado de sua antiga
sede, na Marechal Floriano Peixoto.
Rádio Corredor
• A Gazeta do Iguaçu está com duas novas
jornalistas. Formada na Universidade Estadual
de Londrina (UEL), Juliana Fontanella prestou
assessoria para uma escola de Foz e agora
engrossa a equipe de jornal. Formada na
Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG), Leila Gesing completa o time de novas
repórteres da Gazetinha.
• Patrícia Iunovich firmou contrato de prestação
de serviços para a Itaipu Binacional.
• O repórter Erikson Rezende, da TV Cataratas,
agora também dá aula na UDC.
• Sônia Inês Vendrame deixou a reportagem de
A Gazeta do Iguaçu para dedicar-se à UDC.
• Silvana Canal estreou em março na
assessoria do Iguassu Convention & Visitors
Bureau.
redações
Farsas com
ares de verdade
Depois de perceber a armação, é impossível não pensar
na diferença entre “mulheres acampam em frente
ao quartel” e “mulheres fecham avenida do quartel”
Alexandre Palmar
A interferência do repórter numa pauta é
um assunto que a maioria evita discutir com a
seriedade exigida pelo tema. É constrangedor
debater esta prática condenável, mas registra-
da de forma surreal em Foz do Iguaçu, com
uma distorção da realidade capaz de levar lei-
tores, telespectadores ou ouvintes ao Procon
para reclamarem contra notícia enganosa.
Esse debate é oportuno diante de algumas
cenas registradas na cidade nos últimos meses.
Antes, faz-se necessário restringir a polêmica,
pois do contrário seria preciso uma tese de
doutorado para tentar esboçar uma conclusão.
Embora os exemplos a seguir sejam triviais e
corriqueiros, será possível perceber que deter-
minadas condutas merecem ser repensadas.
Mulheres de soldados protestam em fren-
te ao quartel do 14º Batalhão da Polícia Mili-
tar (BPM). Elas estão acampadas desde as 7
horas. O jornalista, de forma sutil, pergunta se
o grupo poderia fechar aAvenida General Meira
para valorizar a notícia. Simpáticas à idéia, as
senhoras fecham a via por pouco minutos, mas
suficientes para o profissional sustentar a ma-
téria dizendo que as “Mulheres de PMs fecham
avenida em Foz”.
Depois de perceber a armação, é impossí-
vel não pensar na diferença entre “mulheres
acampam em frente ao quartel” e “mulheres
fecham avenida do quartel”. Já para o consu-
midor, as senhoras foram valentes, estavam
revoltadas com o mundo. Ou foram irrespon-
sáveis porque prejudicaram o trânsito. As in-
terpretações são inúmeras...
Atitudes semelhantes a essas acontecem
diariamente. Certa vez um repórter sugeriu que
o acusado de roubo segurasse o produto rouba-
do para “sintetizar a cena”. A imagem pôde
ser encarada como a prova de um crime ainda
não julgado. Outro repórter pediu para o co-
mandante da PM deslocar o helicóptero, que
estava no heliporto, até o gramado do quartel
só para mostrar que a aeronave seria usada
num arrastão policial.
Em Foz, tais abusos estão longe de serem
punidos, mas em São Paulo um caso —digamos
menos problemático— virou objeto de discus-
são na coluna do ombudsman da Folha de S.
Paulo, Bernardo Ajzenberg. Ele descobriu que
uma foto publicada na primeira página do jor-
nal, edição de 19 de junho, foi montada. Nela,
aparece um homem encolhido, com frio, em-
baixo de um termômetro de rua, na Av. Paulista,
que marcava 11 graus. Depois de descoberta a
fraude, o autor da cena montada foi penalizado.
Essas atitudes são descabidas para uma im-
prensa em que a maioria dos profissionais busca
a ética como horizonte. O limite para a intro-
missão numa reportagem é mínimo (a possibi-
lidade remete a uma outra contenda). Em con-
dições normais, cabe ao profissional —ou à sua
equipe— ser bom observador.
Como disse Ajzenberg, numa crítica à reda-
ção da Folha de S. Paulo, essas atitudes têm a
ver com “artes plásticas, publicidade, com o
que for, menos com jornalismo. E não importa
se tratava-se de assunto supostamente “menor”,
como a temperatura da cidade. É questão de
princípio”. Quem discorda poderia seguir a car-
reira de diretor de cinema.
O limite
para a
intromissão
numa
reportagem
é mínimo
(a possibilidade remete
a uma outra contenda). Em
condições normais, cabe ao
profissional —ou à sua
equipe— ser bom
observador e investigador.
3 Prensa
ação sindical

Estudo revela perfil

de jornalistas Levantamento aponta setores em que
número de postos pode crescer, além de
sugerir debate sobre o mercado de trabalho
Alexandre Palmar nal do ano passado, mas a cidade registrou a
saída ou transferência de pelo menos seis Jornalistas em Foz
Levantamento feito pela Delegacia de Foz do jornalistas devido ao fechamento e
Diplomados 47 53%
Iguaçu traz números interessantes sobre o per- enxugamento de redações.
Provisionados 21 23%
fil do jornalistas que atuam na cidade . O estudo Os impressos são os responsáveis pela
tem como principais objetivos, num primeiro maior geração de emprego. Somente os dois Rep. cinematográficos 11 12%
momento, identificar quem são os profissio- diários empregam 27 pessoas —ao somar os Rep. fotográficos 7 8%
nais e suas áreas de atuação. Com este esboço, empregados nos jornais estaduais, semanais Diagramadores 4 4%
é possível indicar os ramos jornalísticos com e mensal, o total sobe para 41. O segundo
potencial de expansão do mercado. setor com maior número de jornalistas é a Mudança de perfil
O primeiro ponto revela a existência de televisão aberta, com 22 profissionais, num
90 profissionais regulares, seja repórter, re- universo de três canais. As assessorias têm O mercado de trabalho está em
pórter fotográfico, repórter cinematográfi- demonstrado crescimento, abrigando 20 jor- transformação. Embora não haja dados
co, assessor, pauteiro, editor, diagramador, nalistas, enquanto a faculdade de jornalismo anteriores a 1999 (quando a delegacia foi
entre outros. Esse número foi maior no fi- emprega seis. restruturada), é possível identificar um
aumento no número de trabalhadores que
passaram pelos bancos acadêmicos. Esse
Rádios empregam apenas 3 regulares quadro tende a aumentar por causa do
crescente número de jornalistas formados
O lado negativo traz as cinco rádios Esses abusos, aliados à crise nas empre- pelas universidades criadas em cidades do
estabelecidas na cidade. Elas empregam ape- sas de comunicação, são responsáveis pelo interior do Paraná. Em 1998, o curso era
nas três profissionais de forma regular, um dado mais gritante do estudo. Foz tem nove oferecido em cinco instituições de ensino
índice muito pequeno para o potencial do profissionais desempregados (neste item es- superior, totalizando 302 vagas abertas por
setor. O resultado é ainda mais preocupante tão incluídos aqueles sem remuneração fixa ano. Em 2000, por exemplo, o número
ao lembrar que as rádios há tempos ignoram e sem nenhuma remuneração; também ex- subiu para 16, somando 1.330 vagas. Em
a legislação, contratando muitas vezes traba- clui quem abandonou a profissão). pouco tempo, a disputa por espaço no
lhadores em qualificação necessária. Este número é bem maior ao compara- mercado estará ainda mais acirrada.
Vale destacar que os poderes Executivo e do à realidade do mesmo período do ano
Legislativo são responsáveis por contratação passado, quando havia menos de cinco de-
irregulares de assessores de imprensa. As ile- sempregados. A delegacia avalia que é pos- Ilusão no estágio
galidades são alvo de denúncia da delegacia sível reverter a situação desfavorável com O estágio começa a transformar-se numa
ao Ministério do Trabalho. fiscalização rigorosa. realidade na cidade. Os alunos, na ilusão de
aprender a prática jornalística, são explorados
pelas empresas, trabalham sem orientação de
Mídia Total Postos Índice professores e com salários inferiores à metade do
Jornais 11 41 40% piso. Tudo isso só agrava os problemas da
Tevês (canal aberto) 3 22 22% categoria e pouco contribui para formação do
Assessorias 9 20 20% acadêmico, que deveria ocupar seu tempo na
Faculdade 1 6 6% faculdade para o aprendizado da teoria. A
disposição do aluno em ocupar seu maior tempo
Rádios 5 3 3%
na faculdade com a prática jornalística é
TOTAL 29 92 100%
preocupante. A maioria dos formados em
Desempregados 9 - jornalismo tem na graduação o único momento de
Obs: alguns profissionais ocupam mais de um posto de trabalho contato constante com a teoria da comunicação,
portanto é imprenscidível dedicar esse período
Mídia Total Postos Índice aos livros. Em tempo: segundo o decreto 83.284,
Jornais diários 2 27 66% constitui fraude a prestação dos serviços
Sucursais 5 8 20% profissionais gratuitos, ou com pagamentos
Jornais semanais 3 5 12% simbólicos, sob pretexto de estágio, bolsa de
Jornais mensais 1 1 2% estudo, bolsa de complementação, convênio ou
TOTAL 11 41 100% qualquer outra modalidade.
4 Prensa
Me dá um
dinheiro aí!
Roberto Stelzer - Caros Amigos (imagem invertida)
Os magnatas da comunicação se es-
forçaram para alterar a Constituição e
permitir a entrada de capital estrangeiro
nas empresas nacionais, até o limite de
30% do controle acionário.
Os donos das empresas — com um
gordo olhar nos “doletes” de outros can-
tos — alegam dificuldades financeiras e
sustentam que os investimentos serão
apenas no setor comercial, não interfe-
rindo no projeto editorial das tevês, rádi-
os e impressos.
Para a alteração do projeto, FHC mo-
bilizou sua renca de deputados, após ter
se reunido com chefões da mídia nacio-
nal. Os representantes do Fórum Nacio-
nal pela Democratização da Comunica-
ção que solicitavam audiência com o pre-
sidente da República para tratar do as-
sunto nem foram recebidos. Como se
nota, o tema foi conduzido de forma bas-
tante democrática.
A questão que se coloca é de extre-
ma gravidade. Sem a participação estran-
geira, pelo menos oficialmente, a grande
mídia já atende aos interesses dos anun-
ciantes e do poder. Pior será agradar anun-
ciantes, poder local e governos e empre-
sários forâneos. Pior porque isso com-
prometerá a produção e a cultura nacio-
nal. Será o auge dos “enlatados”, pois
sem dúvida as tevês aproveitarão os pro-
gramas de fora que já estão prontos, ou
melhor, fabricados.
A banalização e a parcialidade da in-
formação são fatos bastante sentidos por
todos. O pacto que FCH e seus amigos da
comunicação agora selaram visa entregar
a choupana para quem tem a grana, como
nos ensina a sabedoria popular.
(Fonte: Jornal Movimento, edição
número 1)
FHC quer dizim
direitos trabal
Alexandre Palmar
O presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) prepara mais um duro golpe contra os
trabalhadores. Depois de inúmeras investidas
visando diminuir os direitos trabalhistas, FHC
resolveu mostrar suas garras, impondo o projeto
de lei 5.843/01, que altera o artigo 618 da
Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). A
medida permite, de forma simpática e perversa,
que o negociado prevaleça sobre o legislado.
A proposta soa como uma piada num quadro
nacional de desemprego acentuado. É fácil prever
que não haverá equilíbrio nas negociações diretas
entre trabalhadores e sindicatos. Em pouco
tempo, as empresas cortarão o direito do
trabalhador em tirar férias por 30 dias, as mulheres
podem ter a licença-maternidade reduzida de
quatro meses para alguns dias, a licença-paternidade
poderá ser extinta e o 13º salário pago em até 12
meses. Isso para ficar em alguns exemplos.
Com o desemprego batendo à porta, os
patrões iriam pressionar diretamente seus
funcionários para eliminar esses direitos. “Os
sindicatos possivelmente seriam obrigados a
assinar contratos inferiores, perdendo direitos
históricos. Eles serão empurrados a isso pelos
próprios trabalhadores que almejam preservar os
seus empregos”, afirma o economista Marcio
Pochamnn, professor livre-docente da Unicamp
e secretário do Desenvolvimento, Trabalho e
Solidariedade do Município de São Paulo.
Essa situação está perto de tornar-se
realidade. Durante o segundo semestre de 2001,
a Central Única dos Trabalhadores (CUT), parte
do movimento sindical e várias entidades
tentaram brecar o andamento da matéria na
Câmara Federal. Somente na quarta tentativa,
em 4 de dezembro, o governo reuniu votos
suficientes: 264 a favor, 213 contra e 2
abstenções. Agora, o governo FHC pode bater o
martelo, com a proposta sendo votada em breve
no Senado.
Ciente do problema, a CUT está convocando
os trabalhadores brasileiros para um greve geral
no dia 21 de março. Sob o slogan “Só depende de
nós”, o movimento grevista quer dar um basta à
ofensiva governista contra a classe operária
iniciada em 1990, com o início dos governos
neoliberais. A central já organiza plenárias,
inclusive no Paraná, para definir os detalhes da
paralisação. Trabalhadores de Foz do Iguaçu
também estão discutindo a participão na greve
geral (ver texto na página 3).
Onde os jornalistas se encaixam nesse
cenário? A categoria demonstra pouco interesse
por questões trabalhistas, em parte, porque a
maioria se considera profissional liberal. Este
pensamento é equivocado. Basta lembrar da
escravidão nas redações e recordar que o piso
muitas vezes é o teto salarial, apesar dos direitos
previstos na CLT e convenção coletiva. Esta aí
uma oportunidade para começar a reverter esse
comportamento apático.
 5 Prensa
trabalho
“Negociado sobre o legislado”
mar significa a redução do período de
férias e da licença-maternidade
de quatro meses. Licença-
lhistas paternidade poderá ser eextinta
xtinta e o
13º salário pago em até 12 meses
Paulo Stocker/Caros Amigos
Conceitos neoliberais
Política neoliberal trabalhista baseada em 3 eixos
1 – As pessoas estão desempregadas porque não têm qualificação necessária. De
1995 a 2000, cerca de 10 milhões de brasileiros foram “qualificados” nos cursos
profissionalizantes. Nem por isso o desemprego diminuiu. Mas o desemprego persiste
nesta idéia, como se existissem vagas esperando as pessoas qualificadas.
2 – O segundo prioriza o microcrédito. O governo diz que se o desempregado quiser
ser dono do seu próprio destino, basta tomar um empréstimo e montar o seu pequeno
negócio. Como se fosse simples competir com as multinacionais subsidiadas;
3 – O terceiro diz que o trabalhador está desempregado porque não aceita trabalhar
com custos menores. Daí as medidas voltadas à flexibilização trabalhista.
Fonte: Revista Debate Sindical, novembro 2001
Estratégia para o desmonte
1 – Flexibilização dos direitos sociais;
2 – Implantação do contrato coletivo do trabalho;
3 – Redução dos encargos trabalhistas;
4 –Redução do acesso à Justiça do Trabalho;
5 – Fim da contribuição sindical;
6 – Introdução do pluralismo sindical.
Fonte: Revista Debate Sindical, novembro 2001
Articulação em Foz
Os trabalhadores iguaçuenses programam a realização
de atos públicos no dia 21 de março contra a proposta de
flexibilização das leis trabalhistas. Membros do Fórum
Popular por Terra, Trabalho e Soberania planejam uma
passeata, distribuição de panfletos e até um arrastão de
conscientização. O calendário das atividades para greve
nacional deve ser fechado na primeira quinzena de março.
Daniela Valiente
E TEM MAIS....
Governo quer
acabar com a
unicidade sindical
Fim da limitação pode gerar
quebradeira das entidades
O pacote de mudanças na legislação traz
a gana do governo em quebrar a unicidade
sindical, caracterizando mais um golpe con-
tra as entidades. A unicidade sindical é de
suma importância, pois garante um sindicato
por categoria em cada cidade. O fim da limi-
tação possibilitaria vários sindicatos atuar
numa mesma base territorial, isto porque de-
sapareceria a própria delimitação de catego-
ria profissional.
A modificação pretendida através de Pro-
posta de Emenda Constitucional 623 (PEC)
resultaria, num primeiro momento, na cria-
ção de mais sindicatos. Surgiriam entidades
iguais, apenas com nomes diferentes. Diga-
mos que, por algum motivo, funcionários do
jornal xis, dáblio ou zê resolvam montar um
sindicato. É provável que nasçam entidades
frágeis, ocasionando, num segundo momen-
to, o fechamento de grande parte delas.
Para o deputado federal Aldo Rebelo
(PCdoB/SP), “sempre que se propõe alte-
rar a atual forma de organização sindical, a
intenção do governo é a mesma: reduzir
o poder dos sindicatos, limitando sua re-
presentação apenas aos associados; ins-
tituir o sindicato por empresa, para que
as negociações trabalhistas sejam feitas
de forma pulverizada, o que vai contri-
buir ainda mais para diminuir a forma da
pressão dos trabalhadores; por fim, asfi-
xiar financeiramente as organizações de
trabalhadores e desmontar os direitos co-
letivos dos assalariados”.
Dentro desse quadro, vale lembrar um
discurso do senador Darcy Ribeiro em 1996.
“A unicidade sindical dá possibilidade da clas-
se operária ter atuação política, de estar pre-
sente no quadro nacional. (....) É uma coisa
criminosa, que se deve à inspiração estran-
geira, ao pluralismo sindical dos financiadores
do movimento sindical no mundo, os alemães,
os franceses, os norte-americanos. E adotar
isso no País é como se jogar fora o nosso
passado e adotar o passado norte-america-
no, o passado inglês.” (A.P.)
6 Prensa
opinião
Douglas ‘Bob’ Furiatti
A exemplo do que ocorre em todo o
Brasil, algumas classes do movimento
sindical dão sinais momentâneos de en-
fraquecimento no Paraná. Um exemplo
disto está bem próximo de nós jornalis-
tas, cujo trabalho diário está pautado na
cobertura de fatos, apurados a partir da
informação, nossa matéria-prima.
Ao partir desse pressuposto, saberia
você, colega e leitor, responder quais fo-
ram as condições de negociação no últi-
mo acordo coletivo assinado entre o Sin-
dicato dos Jornalistas Profissionais do
Paraná e o Sindicato dos Proprietários de
Jornais e Televisão? Acredito que não.
Sem muita reflexão, é possível apontar
alguns motivos para isso, mas para saber o
principal deles é necessário fazer uma
autocrítica e questionar como vai seu in-
teresse em buscar informações a respeito
de um tema cujos reflexos vão recair dire-
tamente sobre você, sobre nós. Trata-se
É necessário fazer uma autocrítica e questionar
como vai seu interesse em buscar informações
a respeito de um tema cujos reflexos vão
recair diretamente sobre você, sobre nós.
Daniela Valiente
Uma pausa
para reflexão
da participação, do grau de envolvimento com as Terreno Minado
causas da categoria a que pertencemos.
Infelizmente, em Foz esse parece ser um as-
A desunião clara em torno de assuntos que
sunto sem importância para a maioria dos profissi-
permeiam a vida profissional, e se refletem dire-
onais que atuam no mercado local. E esta afirma-
tamente na vida pessoal, faz com que percamos
ção posso fazer sem medo de generalizar, o que em
terreno. Assim as negociações a respeito de salá-
muitos casos provoca injustiças. Mas não na im-
rios, condições de trabalho e qualidade de vida
prensa de Foz. As reuniões realizadas pelo sindica-
ficam cada vez mais difíceis; como ocorreu no
to mobilizam invarialmente quase sempre o mes-
mo grupo de pessoas.
final do ano passado.
O Sindicato Patronal bateu o pé e dificul-
Um argumento muito usual, fraco e que não
tou ao máximo a manutenção de um diálogo.
isenta de responsabilidade, como prevê a própria
As discussões aconteceram em um terreno
Constituição, é o desconhecimento de causa. Po-
minado, em que qualquer deslize poderia acar-
rém, nos eventos idealizados pela delegacia de Foz,
retar perdas para nossa categoria profissio-
a divulgação é feita com insistência. Faxes são
nal, principalmente porque a representação
emitidos às redações, mensagens eletrônicas são
dos patrões esteve irredutível em sua posi-
passadas aos endereços pessoais dos jornalistas,
ção. Assim o novo piso dos jornalistas do
telefonemas confirmatórios são dados, além do tra-
Paraná é R$ 1.184,63.
dicional boca à boca feito quando os profissionais
O quadro é este, e diante dele estamos nós
encontram-se em campo ou mesmo fora do horá-
com contas para pagar e com dificuldades estru-
rio de trabalho.
turais, as quais em muitas empresas afetam a
Iniciativa em vão? De forma nenhuma, afinal
qualidade da atividade jornalística. No Brasil é
poucos ainda têm a noção da relevância da repre-
notório que a tomada de consciência tenha como
sentação da classe, além da
ponto de partida, em muito ca-
coragem e competência
sos, o bolso. Então jornalista, es-
para desenvolver as ativi-
pecialmente você que recebe o
dades relativas aos postos
salário mínimo profissional da ca-
que ocupam. Muito tem a
tegoria, o piso (ou piso-teto), re-
se fazer, embora passos im-
flita se não valeria a pena envol-
portantes já tenham sido
ver-se com as questões inerentes
dados em âmbito local.
à profissão que escolheu.
7 Prensa
carteirinha Reconhecimento

Novos convênios König vence

Prêmio Esso
INTERMÉDICA, CINE BOULEVARD O jornalista Mauri König recebeu o Prêmio
Rua Engenheiro Rebouças, 306. - 50% na entrada. Esso de Jornalismo – Regional Sul, na categoria
- Consultas médicas de R$ 30,00 FOTO IGUAÇU impresso, com a reportagem “Dossiê Paraguai –
nas especialidades de alergia - 10% para revelação. Mentiras envolvem crimes em quartéis”. König
respiratória (testes alérgicos e PLANETA JEANS disputou o prêmio com os finalistas dos jornais
vacinas), cardiologia, clínica geral, - 10% em todos os produtos. “Zero Hora”, de Porto Alegre, e “O Pioneiro”, de
dermatologia, emagrecimento, CIRURGIÃ DENTISTA Caxias do Sul.
queda de cabelo, gastroenterologia, -Drª Vanessa Marques - Descontos No total foram 1.100 trabalhos, 960
ginecologia, obstetrícia, medicina do sobre a tabela do Conselho Federal de profissionais de todo Brasil e 42 finalistas
trabalho, medicina ortomolecular, Odontologia. Orçamentos gratuitos. disputaram as mais de cinco categorias de
masoterapia, neurologia, CONNECTION CD’S premiação. Entre o material inscrito, constavam
560 reportagens, séries de reportagens ou
nutricionista, oftalmologia, 10% nas vendas à vista.
artigos, 113 trabalhos fotográficos, 189 trabalhos
ortopedia, otorrinolaringologia, ESCOLA FISK
de criação gráfica em jornal, 68 trabalhos de
pediatria, psicologia clínica, varizes 10% sobre o valor do semestre, no
criação gráfica em revista e 85 primeiras
e urologia. curso regular. páginas de jornais.
- Descontos até 40% em exames EDITORA ANITA 574-7300 A mesma reportagem rendeu ao jornalista o
complementares; 15% sobre assinaturas da Revista prêmio Vladimir Herzog e o Prêmio Imprensa
- Descontos nos pacotes para Princípios, Debate Sindical e Presen- Embratel na categoria Regional Sul. Mauri também
terapia nas áreas de psicologia e ça da Mulher e livros sobre política foi um dos concorrentes finalistas ao prêmio Mídia
fonodiaulogia. marxista e economia. da Paz (Revista Imprensa-SP).
Em breve convênio com livraria, videolocadora,
academia, loja de calçados, farmácia e lanchonete 1963 - 2002
DANIEL PEARL
Faça a sua carteira já !! Nota do Repórteres sem Fronteiras
Para fazer a carteirinha, bastam duas fotos três por quatro, Repórteres sem Fronteiras (RSF) expres-
fornecer o número do Registro Geral (RG) e pagar uma taxa de sa seu horror e repulsa após o anúncio da bár-
encaminhamento e confecção (o documento é plastificado) de R$ 5,00. bara execução do jornalista Daniel Pearl por
Vale destacar que o cartão tem validade de um ano e não substitui a seqüestradores no Paquistão.
identidade profissional da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Agora, mais do que nunca, apoiamos firme-
mente sua esposa, Marianne Pearl, e expres-
samos nossa solidariedade aos repórteres do
7º Prêmio Abrelpe de Reportagem Wall Street Journal. Homenageamos a memória
de um grande jornalista e a coragem que ele
A Abrelpe (Associação Brasileira de iniciativas como a coleta seletiva e a mostrou na terrível prova imposta por seus car-
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos reciclagem tenham êxito. cereiros e assassinos.
Especiais), com o patrocínio da Volkswagen Somente reportagens publicadas em A loucura que usa um jornalista como bode
Caminhões e Ônibus, está lançando a sétima veículos impressos —produzidas por jornalistas expiatório para a política de seu governo é a
edição do Prêmio Abrelpe de Reportagem. Este profissionais no período de 16 de outubro de ameaça mais séria ao direito de informar no
ano, a proposta é incentivar a produção de 2001 até 30 de setembro de 2002— podem mundo. Lembramos que, nos últimos doze
matérias que abordem o tema O lixo nosso de concorrer ao prêmio. O participante deve meses, trinta jornalistas foram mortos ao redor
cada dia, fazendo com que os jornalistas enviar para a Caixa Postal 61590, CEP 05424- do mundo, em circunstâncias que a cada vez
mostrem à sociedade a importância dos bons 970, São Paulo, SP, até 1º de outubro, sete mais envolvem grupos armados, extremistas,
hábitos e da busca por soluções completas para cópias da reportagem (ao menos uma a separatistas ou do crime organizado, insensí-
os resíduos sólidos urbanos gerados no País. original), acompanhadas da ficha de inscrição veis a qualquer forma de pressão. No entanto,
Cada cidadão precisa conscientizar-se da corretamente preenchida. pedimos aos repórteres que não abandonem
própria conduta quanto ao lixo produzido e Vale lembrar que o primeiro colocado ga- as áreas perigosas onde, mais do que nunca, é
despejado de forma indevida no meio ambiente. nha um automóvel Volkswagen Gol zero quilô- importante fornecer informação.
Afinal, a responsabilidade não é só dos órgãos metro. O segundo e terceiro lugares viajarão Aqueles que ordenaram e cometeram a exe-
governamentais e das empresas que cuidam da para Fernando de Noronha e Porto de Gali- cução de Daniel Pearl devem ser encontrados e
coleta, tratamento e destino final dos resíduos nhas, respectivamente, com direito à acompa- levados a julgamento. Este crime bárbaro não
sólidos. A mudança no comportamento da nhante. Mais informações no telefone (11) deve permanecer impune.
população é um fator primordial para que 3021-2825 ou no site www.abrelpe.com.br. Na internet. www.rsf.org
8 Prensa
contabilidade

Prestação de contas - (setembro a fevereiro)

MOVIMENTO DATA VALOR MOVIMENTO DATA SALDO
Telefone 10/09 R$ 15,90 Saldo janeiro 20/10 R$ 2.337,89
Devolução crédito 28/09 R$ 13,21 Repasse outubro 17/10 R$ 292,30
Cópia Prensa, ed. 10 10/10 R$ 50,40 Repasse novembro 19/11 R$ 264,72
Tarifa conta ativa 10/10 R$ 6,00 Repasse dezembro 2/01 R$ 253,69
Papel sulfite 24/10 R$ 8,70 Repasse janeiro 22/01 R$ 284,40
Combustível 24/10 R$ 30,00 Repasse feveiro 21/2 R$ 266,63
Envelopes 24/10 R$ 27,00 Sub-total 11/3 R$ 3.699,63
Correios 24/10 R$ 2,55 Despesas 11/3 R$ 1.293,88
Combustível 31/10 R$ 30,00
Correios 31/10 R$ 2,20 TOTAL 11/3 R$ 2.405,75
Cópia texto diploma Fenaj 1/11 R$ 16,00 Observação:
Correios 7/11 R$ 7,50 As contabilidades anteriores a setembro foram repassadas
Cia Teatro Foz (panfletos) 8/11 R$ 70,00 em edições passadas.
Correios 12/11 R$ 2,20
Transporte palestrante 3/12 R$ 76,00
Tarifa palestrante 10/12 R$ 50,00
CPMF
CPMF
5/10
19/10
R$ 0,60
R$ 0,21 EXIJA!
CPMF 26/10 R$ 0,06
CPMF 09/11 R$ 0,11
Tarifa conta ativa 12/11 R$ 6,00
CPMF 16/11 R$ 0,52
CPMF 30/11 R$ 0,09
CPMF 7/12 R$ 0,28
CPMF 14/12 R$ 0,02
Tarifa conta ativa 10/12 R$ 6,00
Correios 28/12 R$ 2,55 cumprimento da
CPMF 28/12 R$ 0,26
nova Convenção
Tarifa conta ativa 10/01 R$ 6,00
CPMF 18/01 R$ 0,02 Coletiva de
Tarifa conta ativa 13/02 R$ 6,00 Trabalho,
Papelaria 14/02 R$ 8,70
que determina
Cópias fichas 14/02 R$ 14,40
CPMF 15/02 R$ 0,02 piso salarial de
Papelaria 14/02 R$ 12,60 R$ 1.184,63
Correios 19/02 R$ 6,10
CPMF 22/02 R$ 0,07
Cópias e cartucho 26/02 R$ 40,64
CPMF 27/02 R$ 0,11 Prensa
CPMF 1/03 R$ 0,11 É um informativo da Delegacia de Foz do Iguaçu e Região
Passagem embaixador 6/03 R$ 768,45 do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
Redação, edição e diagramação: Alexandre Palmar
CPMF 8/03 R$ 0,15
Revisão e redação: Douglas Furiatti
CPMF 8/03 R$ 0,15 (Textos da página sete são de assessorias)
Tarifa conta ativa 11/3 R$ 6,00 Jornalista responsável: Alexandre Palmar - MTB 3717
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