You are on page 1of 28
TERRITORIO E MULTITERRITORIALIDADE: UM DEBATE ' ROGERIO HAESBAERT Universidade Federal Fluminense Este trabalho esta ligado ao prosseguimento de diversos trabalhos PTilcos come Remco eat oke (ok ee sR etree abrver eke roe Me RCove (Corer e tel amcy que culminaram com a proposta da nogao de “multiterritorialidade” (HAESBAERT, 1997, 2001a, 2002a, 2004a). Trata-se de um debate sobre o desdobramento desta Roce ie RMT CORON ccc PR MRNA Cone! Feorcs COR maT TT Cem cnr Cr Ramee na RUS Rae ercee renter Ete TT emetic CTvTe Tinta coue Coe CUCe elon A multiterritorialidade, como ja enfatizamos anteriormente (HAESBAERT, PEE emo TMP MEN Orne MeCN TC TEV RCC tre MITT relent) denominado por muitos como “desterritorializago”. Muito mais do que perdendo ou destruindo nossos territérios, ou melhor, nossos processos de territorializagio (PETE RSM ELA er OME Re ETN eee EMU ETO Thee eRe AOE TITE Cod a intensificagéo e complexificagado de um processo de (re)territorializagéo muito PETS UIU (el COMTI Ee Cate Cer RCC OM MCS ccs eM NCCT Ze CMe TOM OS FASS) (7S) 4 ME PAU PAU DE Om emilee Om eemeL ABST TCC LCL) exista’” desterritorializagao, mas de que se trata de um processo indissociavelmente ligado a sua contraface, os movimentos de (re)territorializagao. Como ja afirmavam em seu “primeiro teorema” da desterritorializagdo os autores cléssicos nesta tematica, Deleuze e Guattari (ainda que numa conotagao filoséfica muito ampla): ', Uma primeira versio deste artigo, intitulada “Dos miltiplos territ6rios & multiterritorialidade” foi apresentada no I Seminério Nacional sobre Miltiplas Territorialidades, promovido pelo Programa de P6s-Graduagao em Geografia da UFRGS, Curso de Geografia da ULBRA e AGB-Porto Alegre, ROE ee! 19 os aha Se SRR eae RT Lee ee termos (...). E cada um dos dois termos se reterritorializa sobre o outro. ee RE eae aaa eg ec a uma territorialidade primitiva ou mais antiga: ela implica Tee RTT a era Da aa ge aa ae eg ea também perdeu a sua. (DELEUZE E GUATTARI, 1996[1980]:40-41) eR ea rN EEN ETT COME ECM Mar Ca Ea tr Cm eMC aCe ORS Or ck TR MAM ReUTT verte aa Cl “territorializador”, como afirmou 0 socidlogo Yves Barel). O que existe, de fato, € TO ORO Coca ee OEM Eze OMe eS NTE RON eee een TE de diversos territ6rios — configurando uma multiterritorialidade, ou mesmo a construgao de uma territorializagdo no e pelo movimento (HAESBAERT, 2004a). Por outro lado, é na dimensao mais propriamente social da desterritorializagao, to pouco enfatizada, que o termo teria melhor aplicagdo, pois quem de fato perde Cr MCC ce crite Crem ttee cert Cne Prt nce eC OTA MMSE TAT ence Pence cR Tr Tat Om Assim, afirmamos que, especialmente para os mais privilegiados, ditos por muitos “desterritorializados”, “mais do que a desterritorializagao desenraizadora, manifesta-se um processo de reterritorializagdo espacialmente descontinuo e extremamente complexo”. (HAESBAERT, 1994:214) Estes Pea CME er EEE Te CM cont Mca emer rete Oe especialmente pelo potencial de perspectivas politicas inovadoras que eles exigem renoretat SERV ETM Tr CTEM ECM ccs Ce MCC eT Cocos Teta esclarecer 0 que entendemos por territ6rio e por territorialidade. Desde a origem, PRC CCR rR CcmCe mre ME MCCn Tan terCmmettctr) Meant tell er Mester etimologicamente aparece tao préximo de terra-territorium quanto de terreo- territor (terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominagao (juridico-politica) CCR O ERO en OR Cr mn ORC mecr cor ence cet ttS cattcn RO neCme Oe RC CMC mar Crmmc emt tin Cm te OR ORCI OM Ome TCO ECM et enCORUe corm oem tecReTtte enter Ent ace ene CMC crt er ernie te et cnet (positiva) e a efetiva “apropriagio”. Territério, assim, em qualquer acepgdo, tem a ver com poder, mas nao apenas ao tradicional “poder politico”. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido At) Pree e Cn enr ere cm enn er RS CR CR COILS OMC UCU Sr cae ORC OREO oe AO mC ee Ce Oo Tee NT a ee OR CACO) (“possessio”, “propriedade”), o primeiro sendo um processo muito mais simbélico, UOMO MT CTR ORT COMM CORT oat ROMO teTn Ome mece Tact funcional ¢ vinculado ao valor de troca. Segundo 0 autor: ORO eee ee ean ee een Lem NMRA OR Ok Re Dg MCT OKO Cae ea implica tempo e tempos, um ritmo ou ritmos, simbolos e uma pratica. SE eRe Ler eae Oren Sen a RTT nT eg ee ed ee @ apropriacao. Por qué? Porque ele se coloca fora do tempo vivido, Pa Ma Le Re aS Kee Cre 412, grifo do autor) MN SOE ree rence carer meen Gy eee OR OMRON CCRC CeO TT TN OMRT RRC Cnt? Prot ORT COTCRMMT SCO Ma cee Oka cone Tat OR OPN Cite ReT Tel RIry hegemdnica, especialmente através da figura do Estado territorial moderno, defensor de uma légica territorial padrao que, ao contrdrio de outras formas de ordenagio territorial (como a do espago feudal tfpico), ndio admite multiplicidade/ Reenter easement errr C ET be eRe Meee etd cian eM ener enc cen Contre) OR CT Ce eC SCE Cer COMER et er eee OM TSC eM ATT CRETE OnTER CE COM COTM TCM Racer tocar Mc Teter Mary EORTC EMS TC MST OTe Man srs os eC IE EN SEC] Segundo Lefebvre, dominagio e apropriagdo deveriam caminhar juntas, ou melhor, Coemd CTEM OnE Mraz) ccm oe Meets MMe Me einem eterno) EVEN Cree TCM ETT Beco NIC CeRe TENOR Oe Com mera Te AT ce OES ess al CeCe CRC t Rae onetime Otay em Onn ad pelo aparato estatal-empresarial e/ou completamente transformados, pelo valor contabil, em mercadoria. SE Re RCS TTR Ce Ro Cn OREM Crt crc TC Tol Fee tM HORS RCE EMC Rory Mem TRS SUE COR le eee See OTTO TL CelS de um espago natural-concreto. Trata-se, isto sim, de um espago-processo, um ORCS RCO DTT ren ence CMC CONOR CT CTT CCRC OM te Re RRSs COR Ceen rc RCM Mes cot Ce Crt prima” para os processos de territorializagéo, como se 0 espago antecedesse a construgao do territério, para Lefebvre o espago, em sua triplice constituigao CL RCC OM rece CLR MTOM ACI cae ce nce tras De certo modo, 0 que diferencia a produgdo do espago lefebvreana das dinamicas aa Cel eee ea OU Oconee and Peer eer Re CeCe RST eee crn oe rrcemmen ar rat Cd PEVOMeT Me ten cern omen mee eet te ease) Saosin cer cick ita cree Recht errs assim, ser trabalhado de forma genérica, o territério e as dindmicas de des- eee OR Cone CAT EN Ren mcm Tenant Or ncn Reet que efetivamente exercem poder, que de fato controlam esse(s) espago(s) e, Coe eee CR cee esr Oncor ccct estar center ae Pome Ret ener mre Crcnt eet en nmr hecsat poder — e como todas elas sao, de algum modo, numa perspectiva foucaultiana, ORR eee nce tr ict Om Oten cet Om em rita te! nem ccm nme ne cam mater Creer tart Rene Sant el tcem STEM ETM COR CRT ORCC COTTE ORLY apropriagao, 0 territério e a territorializagéo devem ser trabalhados na PT CER RRR Caro eT RRM on Mel cent MTT CT TST de poderes, neles incorporados através dos miiltiplos sujeitos envolvidos (tanto PORT SER TeMCn Roc ster OC MCR RCC nce TET BIT Pete ee ET OMe CMO CCST ee eet omar ee ee TEM CR MeO CMe COCO taste tact cate hrs teat takes ere eee tenn cen mene cena ements sociais/culturais, o Estado, empresas, instituigdes como a Igreja etc. Os objetivos CO Feo ive ee CEE Nake RCM COC Pz etm E eC MMO Oan oe Bee ec oeelty cultura, 0 grupo e, muitas vezes, com o proprio individuo (no caso da diferenca de género, por exemplo). Controla-se uma “frea geogrdfica”, ou seja, cria-se 0 Por OMT U CREST orm Ceci Reenter ae Cunt e relacionamentos” (SACK, 1986:6). OCC UEC OCs UCC MO OMICS Steed POLI Mn RTS NST OMT CUM CECO Lemont Te emcmen tne Tam TI RmCNtT} Seater Orie ecceeneeme cer mec tracert se organizam no espaco e como elas do significado ao lugar”. Sack afirma também: Waa RCM RL LR ea meio para criar e manter a ordem, mas é uma estratégia para criar e- Lee ee On Tee gece ea ae Cae experimentamos 0 mundo e o dotamos de significado. (1986:219) 2, Enquanto autores como Castoriadis propdem uma nogdo muito ampla de poder, envolvendo toda Pt On sc me Cee Roemer CORR etc eroncy Pee et ee ee ea RS ee CO eck cd Pe Cae cee ec cet eN eee RIO ema Ca esc eae Reece eee ese eMC eI EDD) vrs eer caal ogee om OL Nc Portanto, todo territério é, ao mesmo tempo e obrigatoriamente, em Cerro STE TCoocm TTS OTR Tero COMM OSES EcCorcea Meteo Con BT CORRS enn Ce nT NST NORE CMs Tze to Canin coscane tetany PCR Cm NMA OM Coarse Mae Meron tcc Tan re OCCT TT] POET OR TOT SCO ht CATE MCS ECC CMC MOMG TEC OMe CoO TT Toa Sr eT CM TORE RSMT ere UtSe Mm Ce teertoRcer COM sto sociedade(s) vigente(s) — como € 0 caso do petréleo no atual modelo energético COTE Uc Pew CTE e enka Ree hr MCR e COU EAS am A UTLEY RSP MCNTeRC CVA ler am ceyera eer Cm Cece eM Mee Tar ter ORs Pee REL Se Rec nen Ce Cc eC ieta nie nua geen) ee aa rae 10 estavel, pois surge e desaparece na historia das técnicas e da conseqiiente Pree CSCC YT OTTO Oem eRe rceUN PU CRT Re Csr Cs OXON OM rece AEN REC Ced emt € 0 territério como abrigo, dos “atores hegemonizados” (Santos et al., 2000:12). Name ROCmOn Mac R COTM Lc Rae oom ae ere CR CEL rec EMC CTI Te RCo MeN econ We (tease CC Rem Re Cente eC Om Cn omer mat Tiny CORSO Cae CS MENT Mase mccne ar Crk Mme Terns men nT de um sentido, “desaparecer”, como propuseram Bonnemaison e Cambrézy (1996). Sores ecentonttat came mcm rcetrtteMn ont mt territério adquire muitas vezes tamanha forga que combina com igual intensidade funcionalidade e identidade. O territério, neste caso, como defendem Bonnemaison Coen AMO LS) MOR A oor ee wie COR TER CnC cae SC CROC Neer ceen cnt mcr Tr Crate tey PCE EMC Ccae con cr nor CnC R cca Mone een eRe Tg exemplo, é entre aqueles que esto mais destituidos de seus recursos materiais eT eect COS MEM CURR Te cer Mem) COMM Cela Cee (ous TCe) Ba usloet insite PSS ee ORM CMa nee CRMC CoCr Soe Cae ROR Tec MmCeemen Cr CnC reenter PEAT OR EMP Om TCR EN cette McMe OMEETRRST nT TOT OMT TOR Cert impondo em importncia nos tiltimos tempos. Enquanto “tipos ideais” eles nunca se manifestam em estado puro, ou seja, todo territ6rio “funcional” tem sempre PIM eee MSTA Cer Mn mente TMs rrr Me CRN MCMC Ore aT) SO CMm CT eT mmc te cm eh Mme eee rat Okemos Num esquema genérico dos extremos deste j4 aludido continuum entre funcionalidade e simbolismo, podemos caracterizé-los da seguinte form: Tet Pere eC ERR ke em eee kere hd yx} cee ee eae BC er eee Processos de Dominagao sore nce tow Berm creme Cormeen ict) ae Ok Rent Cones ones teen tS) Per Orr nee Om EIR Cnty (controle fisico, produgao) Lr BCE en me Oe ae NO Ce ee aren estar) Se renee este STEEN ECR RCT OOM Sia ec Beier Mme Om eat) Princfpio da multiplicidade (2) (no seu extremo: miltiplas identidades) Pen CRM OR OOM E TR TT Te (“abrigo”, “lar”, seguranga afetiva) SR CRM LS Sn sss ee eerie ORC aa oa OR eR nen nnn rR Ok cas rm Mere econ cn cecum COTE EMS ORC CO CORTE MCRC CRM Cn rec TE CCocoMees OTIC or uTC) Ronen a Crk ete cece cre Rh Cheri idealista” de territ6rio Para os ge6grafos Bonnemaison e Cambrézy (1996), por exemplo, vivemos hoje sob uma “I6gica culturalista” ou “p6s-moderna” de base identitéria e reticular que se impde sobre a légica funcional ¢ zonal (estatal) moderna. Por isso, “o territ6rio é primeiro um valor”, estabelecendo-se claramente “uma relagao forte, MRSC CR sn mcc ncn cem CCCMN TR tnt) bastante questiondvel, 0 proprio “territério cultural” precederia os territérios SOT Comme ona eM NERO CE RCO GS eR COR Remar Ucar e Trl Rents cone a ilha de Tanna, no arquipélago de Vanuatu (Bonnemaison, 1997), trata-se mais de uma territorialidade —ou mesmo, em suas palavras, de uma “ideologia do territério” —do que do territério em sentido estrito, Cabe aqui, entio, distinguirmos territério re eec cn ence eRe cern Rent ret cn cna Per Me mn OCU Ret eR Cean taconite Rete omen nM teenie Tce Che const sna) territ6rio, mas se identificam com ele. Todos os conflitos, antigos ou recentes, sio POR OM emt RCC COCR CMa Cc ost R cnr ran enone Remand See oon a RU em OR hen een ian sen influéncias sociais muito diverso das sociedades tradicionais, teriamos hoje um certo retorno as “ideologias territorialistas” que, em pleno mundo globalizado, Pe ee ne oe Coe eee Re ees ay TRC can Ren RO ee eer eT ec COR en ce Se ee eee eee eT eM ect Renee ee ee en yo ‘Territ6rio e Multiterritorialidade: Um Debate PEE COO MT One Me Mee Te CTICeCC CAML MECNE COD simb6lico, impondo-se como argumento para a construgio efetiva do territério ou 0 territério tornando-se, provavelmente, como afirmam Bonnemaison e Cambrézy (1996:14), 0 mais eficaz de todos os construtores de identidade. INO TTOMT Cene TSO TOM rete NCO Rt CRITE OCMC SCC TG Ta Ter ee ear Ce Come CORO RT MHC USOC OCMC CRITE RETO UCOOIE MRC CCOTTCS CO SCCORCCM eee OCR LTS MON Cae Tate) SLO eR OCC Om CE Cee CUT Cm mS MIT ne CTT aT ete CeCe Co ereRe OC ROMA ORO eSATA DROOL Sth ET Celera Ms CM Cree Coe COm ome CM CuuCelarieLte (om PUTCO CM OMT ke Lc CeIn EM RSLS Ce LCoS CRON GN come UME COd oer CeCOMSM CTE CCR RTT SR Te Ne rr oon de identificagao territorial. Na maioria das vezes, porém, eles nao fazem esta CIT OMRON Rent Ren ce REL Tet Caen rece eT Po rconte Cite cern Corte TI ORC CR Lea RCE erm core Os RCT Cie TOMA STZ TO Rs ME rcs eee ee ear These ies ema teens Eons ncaa Cee On ORR CAIN Re CKO CEO ORO ROR ORS CME COLORS estivermos partilhando. A territorialidade, no nosso ponto de vista, nao € apenas “algo abstrato”, num sentido que muitas vezes se reduz ao carater de abstragao analitica, epistemoldgica. Ela é também uma dimensio imaterial, no sentido ontolégico de Peer CMTE Co TMMROTTRRS TTT OC CCRT CCoreT rg COMM TS CORCM et OMT Recrr ToS eficazmente como uma estratégia politico-cultural, mesmo que 0 territ6rio ao EVR ce MONS Recor e nen RET ar CMe Con Takeo rete oer tnt ta da “Terra Prometida” dos judeus, territorialidade que os acompanhou e impulsionou através dos tempos, ainda que nao houvesse, concretamente, uma construgio territorial correspondent AT OM a ORC CR OR CC OC CaCO mT concepgao de territorialidade foi proposta, podemos sintetizar através do seguinte eee ee ners tere PPM Sr OC Ca Ren Ce mee Recenter Stree MC eM ear eM COs ete MMe cuter MICO cnet et) (dependendo, assim, do conceito de territ6rio proposto) 2) Territorialidade num sentido mais ontolégico: a. Como materialidade (ex. controle fisico do acesso através do Core CORT em ocr mcr Te 3) b. Como imaterialidade (ex. controle simbélico, através de uma SCOT Ce rte CoM Coun Cec) Mel MMUOO LIT Ter Tem Coen CO eHT mnt Tarr RST CORES COAT OME TCS CROSS Coe Cc CCT territ6rios, formais-institucionais), conjugando materialidade RES ECO ca is} GEOgraphia - Ano IX - N° 17 - 2007 ORCS Como essas concepgdes devem estar sempre associadas a concepgdes ee ot uenca mem CTO rao CURE rr aM SORT etS SSS DCCs RRC MOLE Be ere US Com Cae (Cele COMM Cone Cee CTI CeLeCeCeame LUC ROCs Car mE OIELLL A Menrnny eM te teiteMe tres cme ear Te estas leituras teriamos desde a territorialidade como uma concepgiio mais ampla do que territ6rio até a territorialidade como algo mais restrito, uma simples Ree OMn ON cr CLO eet NEMO en mt Ccua nlc Ten trie! distingue claramente territorialidade e territ6rio. Daf: a) MW USeatcosrl Cen CiCmee ene Cee er ORIEN OE Me Com Coae [Cela Ceomme Coa Steere crest trent DTM Oe ETE NICOLL MIMS TUTTO CMU CES LOE) tee CReuInonm nt Mert inrter eee mcr rtrd efetivamente construidos quanto como “condigado” (teérica) para PREM oE MSCS COM ern CCR RST Ces cocina) acima aludidas). b) Territorialidade praticamente como sinénimo de territério: a territorialidade como qualidade inerente a existéncia, efetiva, do territério, condigao de sua existéncia. 1} Territorialidade como concep¢ao claramente distinta de territério, one Ht Ces 1 territorialidade como dominio da imaterialidade, como Perec nen a cri cntm sccm enn crt Ts rol ecm Cs COerV CCM COTO M Ime er as concepgées | e 2b, acima, ou seja, enquanto ‘abstracdo” analitica e enquanto dimensao imaterial ou pe Te anne Pere ee teeter rma het Oma (cots P29) ou do nao institucionalizado, frente ao territério como PO Oe OT TIMT NTSC Een CRC eet One TmTTTEY visio mais estrita de territ6rio, a partir de sua dimensio Racecar) v d) Pr ere C Cee Micon Cre T eC) simbélica (ou a “identidade territorial”), conforme utilizado algumas Sree OR OREM Mirco ae Clee Mtcrer Goer ICLT Reet Tone PMS Ce Conte) e 26 Pear oR Cee oem One Pret Assim, quando falamos em “territorialidade sem territ6rio” devemos tomar MCE OR TER ncoe Ree cee on econ ee Ronee ace hte trent territ6rio ¢ territorialidade estamos nos referindo. Optamos aqui por tratar a Pern e CCRC ORME TCR Ce caer Orns Om Deon cc com 0 cuidado de identificar, a cada momento, se estamos nos referindo 4 Remon e et Reon neen ener re Ee Re CoerR CR Tn orm Ey CROCS RS CROTON Conc DMCC ICM omc Tne) CTO ON Conco eC RRR UNUM OR rer Orc tes ee OeLa) ode eg rene ore er ia Oem Ten Cer OCR mOR Onan tes Cine en ke te tecree teem em rer Orn cantare Rar internet simbélica — ao contrario da territorialidade, ele sempre envolve uma dimensao material-concreta. Assim, distinguimos duas dimensées principais do territério, uma mais funcional e outra mais simbélica. Por isso, no quadro em que propusemos “territério de dominancia funcional” e “territ6rio de dominancia simbélica”, identificamos como possibilidade, num extremo (pois 0 esquema deve ser visto dentro de um continuum), a territorialidade “sem territério”, embora, no outro Cece Cte CeO Cte EEC MMR OLe er MeCN Coe OT Cer Col Preece COM eR RCs eC MRM eR ee inn teint rt Sm Cons (Cee OMNULNE LCOReRee TLE ee SNe Na OMNI cae Cente CM on emma Cana om ene Reiter ween territ6rio também inclui o poder no seu sentido simbélico (tal como proposto por Bourdieu, 1989). E justamente por fazer uma separag’io demasiado rigida entre ere Os ORM eT RU CRC ORCUas Ce et om Tmt OR ET Rc Toca Tite to rt Mat eer EN eens ncn het ean itemn oer ec atre ment tte) das miltiplas territorialidades em que estamos mergulhados. Propusemos assim Cia one once (NNR On Oe ee ee ee aR a ee ee ee ee ie ee aR RT Ta eR em ag Te Cn CORAM een aac Rm ere od RY MLTR Le RL Cd CL Pree RR CLR SCOR LLCO ECO CY a [na acepgdo de Jean Gottman], ou 0 que melhor nos aprouver. (...) 0 earn RLM gia Ra eee CT Paar politicas ao poder mais simbélico das relagées de ordem mais estritamente cultural. (Haesbaert, 2004a:79) Na verdade, hoje, mais do que nunca na hist6ria do capitalismo, a “sociedade do espetaculo” (na famosa expresso cunhada por Guy Débord) instituiu 0 POM Me cet Re CC Meme eM ccceenre tre de identificagio e (re)criagdo de identidades. Compramos um produto muitas vezes 22) Celerra LOC mais pela sua imagem (valor simbélico) do que pela sua “funcao” (material). O “marketing” em torno destas imagens criadas sobre os objetos ampliou-se de tal Oe eer eMC t em mercadoria e vendido, como ocorre no “mercado de cidades” (e de regides, deveriamos acrescentar) global. O “territério simbélico” invade e refaz as “fungdes” Ree om een CORR eee Ren Ce cere BUULICU COLT CeceCe eae (Osea ecu COS Cr PMR Conti tcl Sm Cur Cre mncree CCRT Ce mete Mr COTtery RETR ecm CoM RECHT Con ORC at Mm MTT Emerg Ree OnT CUES MUON CRMC nO m Tesco ed Mais importante, portanto, do que esta caracterizagao problematica, porque ROR nee CNC ae rco eee NCSC ree Cn cr Crm] RETIRES OTOH Crammer ts meat CS TRC TO ressaltamos, dentro das diversas fases do capitalismo. Os objetivos dos process Cr Cre UNSER CR Onn eT erect ke eee CUC ETTORE COM OM CT COM OSC Tee CTT Mere ome rear enreTsr Fd Free oCMARCT UNECE coer ea te MR kas Cost kcern Es) Se acre mont et Ciniiete er Tearce carmen een referentes simbélicos fundamentais 4 manutengao de sua cultura. JA na sociedade Seinen nrtaan cer Ren RCo eh enre enter TMT ame eS resTentea Os T dissociada, é claro, da construgao das identidades-suporte da modernidade, a do individuo e a da nag&o (ou da “nagdo[enquanto]-Estado”). Mais recentemente, nas sociedades ditas “de controle” ou, para nés, “de seguranca’” (e, para outros, num outro sentido, “pés-modernas”), vigora 0 controle e/ou a contengao da mobilidade, dos fluxos (redes) e, conseqiientemente, das conexdes — 0 territ6rio passa entio, gradativamente, de um territ6rio mais “zonal” ou de controle de dreas (I6gica tipica do Estado-nagao) para um “territ6rio-rede” ou de controle de redes (Iégica tipica das grandes empresas). Ai, 0 movimento ou PRC e Cee eMC RS ens TEV ICT Meer Ran ected Mere rr CIRC meee TCC RTM Oey CERO TZ TeOMe eer oMmCeTT EC OMe RC TEN SRC OTAt Oe) longo do tempo: PEO OTR RCO EET ts Concer (tc BECO ee CRO RS Ate OR ra CAA ccs ote StI Cd Con ete sc eR TER te Oh Chr cnr CON ROR ee EMA CEO OR COR oe enon CECT de individuo através de espagos também individualizados, no caso do Pent) Bree een cos ORC COMMS TT CTO E Od Ca Seer Moree ERNIE ts E importante que ressaltemos agora, ent&o, dentro dessa multiplicidade territorial em que estamos mergulhados, quais os tragos fundamentais que 28 Sonesta POT Tam ECON CAC ta Once Cen Territ6rio © Multiterritorialidade: Um Debate distinguem a atual fase des-reterritorializadora de cardter dito mais flexivel do OVEN OMRON Te cernte eT OMT ME TT SMa GR Ce oerT TL CMM TEC TTS “modernidade radicalizada” [Giddens, 1990] ou “liquida” [Bauman, 2001]). Entendemos que uma marca fundamental é, ao lado da existéncia de miiltiplos fey eee Cees CONOR he nar mer CRC MO eve LT Ome Teme CoOL U Ce multiterritorialidade. Pee a POOP VRC eee eMC RT Sar Ome me Cn Ten cman TT CT territ6rios” e “multiterritorialidade” — a multiplicidade de territérios como uma Coen TCM c TCU Cnt CCm TR Mrincatctc ny multiterritorialidade. Rompendo com o dualismo entre fixidez e mobilidade, Soe ey ee ea ma nc constituigao dos “miiltiplos territérios” do capitalismo, entre territ AOC tradicionais, e territérios-rede, mais envolvidos pela fluidez e a mobilidade. Mais do que suas formas, entretanto, importa o tipo de poder e os sujeitos neles oe hates Ee oer ATOR CRM ee CR Re scent) Re CMC een Ca ROT ma ct naa cnr Ore Reet en TTS TR CMCC Rare ctor Man cere Mc RRO RT TRCCe Tee} controle de areas, quase sempre continuas e de fronteiras claramente definidas; outro mais relacionado a légica empresarial, também controladora de fluxos, porém PICONET CTE RUE RACUEL Tee Came RCN Toe OMe eae tene tone redes), de alcance, em Ultima instancia, global. Arrighi (1996), de forma geograficamente questiondvel, distinguiu dois “modos opostos de governo ou de enon Common ernie wsncre re Cesc tense See U IEAM OREN CSTC RTS MCCOMS TTOm TO ls CMM UCM geopoliticas (e geo-econdmicas) que ele denomina de “capitalismo” e ba Coast Oec lI One Os governantes territorialistas identificam 0 poder com a extensdo e a ECS COE OM COST TS CONT Re OMS M OTTVT Noite fee ot OME Ma eI tterz Teer TEN SCOT um meio ou um subproduto da busca de expansio territorial. Os governantes EVENT E MME TOMS tr Te TOMMTCCOTTT Cec Tn MRO etter mrcern Be Wend oe edte MRT MSCOT COC Rr nC erectus crt errinatn in tetra SOR renner certs mt mce)) ee eRe Oe No Cen ec Raa Oo se simultaneamente nos dois espagos. No espaco-de-lugares (...) ele triunfou ao se identificar com ee On eee Cem ORC ee eT Cee aa ecco ee eee CeCe Cree oe ce Pena DD 29 eee Rogério Haesbaert aE aon Se eRe a ened Py een aE See CCC OER En Conta UCR Seat Cen oC ORS SH ORS OMS MUI Cer Mele cette OB ued COM) ree OSB UTES EAC (o) organizagdes empresariais, enquanto a outra, o “territorialismo”, marcado pela eM STRUT an OM Cont TOR RRcS Ot Oe eta O autor destaca, contudo, que so duas légicas naio-excludentes, pois historicamente funcionariam em conjunto, “relacionadas entre si num dado contexto CONC OCI MEL OE DSR CR COM Oe Cre nme TCT tnt) BEATE CeleRers yee MME Merz eC Rew OL te ml (Cele Meme MY ere Steno} norte italiano, percebe-se com clareza a constituigdo de “territérios-rede” onde o ete eee CORCH One oC mere Remote Rs Cae ERSTE eis CROCE om SET OME OS TET TERI CCR Cee ercee Te eeTCUTE Toren tee ETT Cy ROMS M Ce a CRETE TOMMY MEUM CTV COm IccCOMOT MET Teco (no comércio) sobre outras reas (territérios-zona) e 0 dominio das rotas maritimas Ce SEEMS Tce Bourdin (2001), comentando Balligand e Maquart, afirm: Re ne en One ee Cn era eT balcées, os das peregrinagées e de suas igrejas de romaria, aang Ree aR eg cee me eee eT ilustragdo. Hoje, este tipo de territério domina, dando um outro TO RMR AME OCR eT OUT eC CY) Assim, dentro da diversidade territorial do nosso tempo devemos levar em OTE ELTON Ue RRO ET er (eke renee eRe eR IEW Cel erm CUNO EAOIE | e uma l6gica territorial reticular*. Elas se interpenetram, se mesclam, de tal modo PLoS eee ten Cece anere nee Rar nt Lee ry de retalhos politica, pretensamente uniterritorial (no sentido de sé admitir a forma estatal de controle politico-territorial) do mundo moderno, vé-se obrigada, hoje, a CONT mc Cee eet caret cen Mee ese ee centre rts em geral na forma de territérios-rede, como € 0 caso das territorialidades do narcotrafico e do terrorismo globalizado. MOMS aT Ce MCS CU TOME MEM Caer Mota Eta TOTTI) inexoravelmente dentro de uma “sociedade em rede”, e que defendamos, de forma ST MEMS ot eM M Cem E MR CRNrenirA tee rrr mew tate wane PEO ECR Cer itec Rene Ra Rc Cen cree Co RR rr Tens rT PRTC EN RRC ROTM CROP cme r ee noe Cottey Sn ec Oe tn eee en Rn con er eer © item 7.1 (Tertit6rios, redes e territ6rios-rede) em Haesbaert, 2004a, pp. 279-311 RU eee ec nr eet Or ee Se ne eee cy em processos de uma renovada “reclusdo” ou, num termo provavelmente mais consistente, “contengao” territorial (Haesbaert, 2004b), por referir-se mais a un Coe ken er Once! CRMC crane it) Bere CRY cree CY om TPS Qe TN Rs ORTON STINE ORO Reka rts Meer Teton aero LOT ea CUT MUA MCAS CON Cee aOMME CRU ECLA TCU Mo I Core Comoe TOM Cie sabem, nunca preenchem 0 espago social em seu conjunto, inserindo-se, portanto, “naturalmente”, dentro de dinamicas sociais excludentes. A defesa de um “espago de todos” (ou 0 “espaco banal” de Milton Santos), de um territ6rio efetivamente a ad (COR t Ce MOOR RCM CMH ee LEZ Cer OME OM see MLTR TO LaLa PSM teen aerate ee Dre MCS CRC ROC et OR Tee TE ACR RCTS elementos fundamentais constituintes do territério (para Raffestin, duas das trés “invariantes” territoriais — a terceira seriam os p6los ou nds, que no nosso ponto de vista sao, juntamente com os “dutos” e/ou fluxos, constituintes indissocidveis das redes), devemos destacar a enorme variedade de tipos e niveis de controle e/ou contengdo territorial. Se 0 territ6rio é moldado sempre dentro de relagdes de poder, em sentido lato, ele envolve sempre, também, no dizer de Robert Sack, o controle de uma area pelo controle da sua acessibilidade. Este controle, contudo, dependendo CMTC TN Tce ROTC TRMSTIn Tc) comm cermsncenTy OO MoR MTT Ter onal ca promovem (a grande empresa, 0 Estado, grupos étnico-culturais, etc.), adquire PTAC Re CRT CSITS Ces CROMER S RRO OCIS TCO Mor ean Me eee Trea (Haesbaert, 2002b e 2004a), propomos identificar “muiltiplos territérios” — ou melhor, “miiltiplas territorializa UMMC NMC UOO TCO eC ED) MLSs ez Creen eee Ur Red Cle ETN eed Cl oR RAO HELO oe COL ARNO CCN ONT MME one Ecce OMe da ordem vigente) mais desterritorializantes, “desidentificadoras” (“espacos de indistingo”) e destituidoras PERCE MCORe Mon Ce ORM Oar atc ORt rman Ly PMSA COPTER Cae MP Ccrtnl vo eX Oa) Cente et refugiados e outros espagos através dos quais se tenta conter a PN CASO hare oe Creat orn ee centrtectenrorcon ty “campos” (tendo no seu extremo o efetivo fechamento dos ere emer centre) ie DS) Dore Ca com roe ECM EMRE Corre COT Came) RONEN CMT ors MEMS rcs ent ee MC Tom er Cam tte identidade cultural, ligadas ao fenémeno do territorialismo, CSO SM TE OTTO S T SM COMTETT COCTeer ie (TS PSC nme TEN ONC errs MME CReT ttn OMTTTEY pluralidade territorial de poderes e identidades. Se Tee Re OE RT CONOR ene mnt e a me RCT sido realizado, no qual o poder tem diante de si sendo a pura vida nua, sem qualquer mediagao” (2002) 31

You might also like