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veut ANTROPOLOGIA. VISUAL Heick, Dwight Heath, John e Patricia Hitchcock, Alexander H. Leighton, Michuel Mahar, Margaret Mead, Morris Opler, Davis Peri, Arthur Rotman, Bernard Siegel, George e Louise Spindler e Robert Wharton. | = ‘Agradecimentos especiais a James Hirabayashi pela permissfio em rolatar nossa parte em sua pesquisa sobre Integragtio Urbana Indigena; « Jonme Leonard, que fotografa wns dns fart i digenas; © aos pesqnisndores do campo com os quais trabathet Giestamonter, Luis Kenmitzer, Gordon Krutz, Wiehard) Moore, Franck Norrick e Daniel Swett. CAPITULO 1 © problema da observagio e a natureza da fotografia Este livro trata om geral da interagio humana e da observagao. Explora, em particular, 0 objetivo da visio global em antropologia, aleangada através do uso da fotografie. Por razdes diversas, os homens de hoje nfo sio bons obscrvadores © a grande capacidade de penetragio da’ cdmara pode ajudar-nos a ver mais e de forma mais acurada, A méquine fologréfica nao se apresenta como usn remédio para nossas limitagbes visuais, mas como uin auxiliar para nossa percepgio. Somente ‘a sensibilidade humana pode abrir os “olhos” dn cfimara de forma sigaificativa para « antropologia) Pera compreendermos a fungio da cmara na pesquisa, entuetanto, pre- cisamas primeiramente voltar nossa atengiia para o fendmeno da observagio humana (CE Fig. 2). HA problemas de percepgto que precisam ser reconhecidos, se formos fazer observagies seguras sobre a cultura, Aprender a observar visualmente, ver uma cultura em todos os seus comple- xos detathes, pode ser uma tarefa de muito empenbo para o pesquisador. A natureza fragmentada da vida moderna torna di- ficil 0 ajustamento A visto global. A eapacidade de visio de con- junto do observador depende da proparcio de envolvimento dele em relago ao seu meto ambiente. Nés, modemos, nos afastamos de um relacionamento muito envolvente com o ambiente que nos circunda, pois comumente Tidamos apenas com partes desse es- quema de grande amplitude. Em contraposigio, a percepgio do aborigene esté relacionada com a sua interagio no ambiente total em que vive, O nativo, com tecnologia limitada, tem que viver em hurinonia com a natureza ne o cerca, Flo precisa ser um observailnr astuto de todo seu 2 ANTROFOLOGIA VISUAL mundo, caso coutririo nfo sobreviverd. As forgas naturais rodeiant no e ele esth Iutando constantemente para sobreviver entre elas Quando 0 esquimé deixa sua choga prra pesca, ele preci meiramente fidar com todos os elementos que 0 cercam e dor técnicas iitels para proteger-se. Ele precisa fregitentemente tomer cada decisio de vida ou morte independentemente, sozinho, Essas decisies determinarko se ele encontra a caga ou ndo, se avanga em diregio de sua casa através dos gelos flutuantes, on & arrastade, para os mares articos. Nosso desenvolvimento cultaral, de outro Indo, fot orientado para dominar a natureza pela tecnologia, levailn a efeito coletiva- mente pola superviganizagSo de fungdes fragmentadas. Julgamo- nos senhores de nosso mundo ¢, apesar disso, ternos que tratar constante e pessoakmente com Forgas naturais. Fessa certera jimitow a série de fendmenos «que nés, como individuns, temos que observar para sobrevivermos e u0s tornamos observadores Himitadas, quando comparados com um cagator aborigene, Em nossa vida cotidiana, somente et miiiero do questies, temos que tomar decisics de vida ou morte apenas pelo nosso proprio senso. Apertamos 9 breque so ver 0 sinal vermolho, aceleramos quando a Juz se torna verde, Ou atra~ vessamos incontinenti a faixa de pedestres, confiantes que outros espectalistas guiaro seus movimentos pelos mesinos.sinai iE verdade que, em certas freas especificas, nbs tamhém somos analistas visuais bastante perspicazes. Fim nosso prépirio campo de trabalho, vemos com mais presisio que qualyner aborigene, em bora possamas ser visualcnte ignorantes quando deixeines essas freas: 0 radiologista pode diagnosticar uma tuberculose por uma mancha no pulmio através do raio-X; 0 bacteriologista pode re- conhecer os hacilos pelo mlerosedpio, Quando, porém, esses te- nnicos deixam seus Iaboratérios, eneontram o eaminho de easa sem difienldades, com um relance de othos A valta, on olham 0 céu para ver se serio supreendidos por wma chova. Deixatam suas capas impermedveis em casa, pois o reporter do récio dissera “tempo bom para esta noite © terga-feira, com ventos fracos do Oeste” Para a obtengio dessas conclusées, outros especialistas realizaran observagées instramentais altamente técnfeas. Somente podemos considerar-nos os mais acurados observadores sit ttistéria humana se considerarmos a soma total de nossas especializagies, relagio a vm pequeno © PRODLEMA DA OBSERVAGRO E A NATUREZA DA FOLOGRAFIA | Lndliseativetmente, a cegneira pessoal que obscurere nossa visio individual esta relacionada com o isolamento que & possivel em || wossa sociodade urbona ¢ mecanicistaJ Aprendemos ver apenas 6 qae praticamente precisamos ver/ Atravessamos nossos dias com | viseiras, observando somente uma Tragio do que nos rodeias E quando observamos critieamente, & quase sempre com o auuxilio de alguma tecnologia. Muitas observagdes em profandidade sfo feitas com instrw- rmentos. Podemos obscrvar a vida em wma gota de égua com nosios inicroscépios, olhar 0 espago celeste com telescdpios, ¢ até mesmo olliar retrospectivamente na bistéria com o instrumental de Ieitura do carhono 14. Observames mediante computadores, radates, fotd- metros; estes instrumentos especializaram ainda mais nossa visko A visio através do instramento permitin-nos ver 0s elementos muito Prbsimns © muito dlstantes, abstraindo muito a luz, o som, 0 calor @ oifeis, em-sumples medidas de presi ¢ tensio, ‘A miquing fotogréfica é uma extensfo instrumental de nossos j sentidos, anas 6 pouco ospecializada para registrar na escala de abstragao mals baita possivel. Qualquer unidade que desejemos fotografar, ainda a mais sclecionada e especializada, pode ser fiel- mente registrada pela edmara, ¢ depois todas as outras partes asso- ciadas que estejam dentro do foco e aleance da lente. Essa capa- \cidade poderia tomar a cfmara o instrumento mais valioso para '0 observador, A adaptabilidade da visio da Amara tornon a fotografia um tipo ile pereopgio de grande perfeiggio em muitos campos. Muitas disciplinas depencem do olho da ctmnara para ver sclelivamente 9 que 9 olho humano ndo pode ver; seja, por exemplo, tragar 0 dorenvalvimento dos funges\ de uma planta, procurar Togeres le esembarque na Ii, ou, mais popularmente, decidir o gonhador das corridas de cavalo de Kentucky, mediante chapa fotografica A imagem com meméria © ansitio da chinara ma observagio nfo & novo; Leonardo da Vinoi descrevew sens prinefpios. A luz entrando nin pequeno on- ficio de wna parede em vm quarto escuro forma na parede oposta ‘uma imagem invertida de qualquer coisa que esteja do outro lado. 4 AWTROVOLOOIA VISUAL. A. camera obscira, ov literalmente 0 quarto escuro, foi a priseica Ghmara onde og aFlistas podiam estndar a realidade projetada: as ‘arictaviGtiens da liz, 0 delineamento dé perspectiva, Por volta do séoulo XVILL, #s cAmaras dimioutram de tamanho; de um quarto grande, suficiente para comportar urn homem, para una catxa portatil de 60 cm com o orificio de observagio substituide pelo princfpio de Iente de fundo, Usava-se papel para traganento em Inger do filme e produzia ofpias exatas da reelidade delineada fem um vidro despolido de fundo que lembrava muito a imagem refletida da moderna cdmaxa Graflex. "A camera obscura podia reter a imagen projetada somente através de uma cépia tragada manualnente, operagéo trabalhosa fe mesino freqaentemente forinal. Em 1837, Lonis Daguere aper- feigoow a primeira placa sensivel 4 Iuz, 0 espelho com memirin. 6 tiaquersestipo intraduzin a fotografia po mundo, Essa, imager relativamente harata, rapida e mével mudon o eariter da repro- Gugdo Fotografia, Agora nio se registram tae-somente perspec: tivas e principios de luz para o estudo, mas a imagem humana, ume Tembranga precisa de como exatamente uma determinada_ pessoa se parece, quo podia ser examinada varias veres par um plier Indefinide de observacores, agora e anos depois. A imagem da cdunara, pela sua facilidade, introduziw wma nova fase do enten- SRecato Tnamano que contines a expacdic o nosso pensimento social. : © problema persistente nos séculos passados @ nas noseas 16+! lag6es humanas atualmente & ver os outros como eles realmente so, Antes da invengio da fotografia, 0 conceito de humanidade, flora, fanna, e1a freqitentemente fantistico. & por isso que a ct Vimar -com sua visio imparcial tem sido, desde 0 fneicia, esclarece- dora € modificadora da compreensdo ecoldgica ¢ humana. Os bor mens sempre ustram ns iinagens para dar forma aos sous concek tor de realidade. Fai a imagem dos artistas que exprimin 0 eéu ‘> inferno, a figura do diabo, dos dembnios, dos selvagens pe fosos imagens de poves tio strpreendentes ¢ diversas. As pes- Sons pensauam através. dessas tepesemtagies que gemhnente trae duziam o uc os artistas queria ver, oU ns Impresstes que thes ccausavam essas_ imagens. . ‘© entusiasmo com que se acolhien a invengio da fotografia inostiava a conseiéncia que 0 homein teve, pela primeira vez, de © THOBEATA PA OUSFAVAGTO FA NATUITZA DA PORERAKA 5. poder ver 0 mundo como realmente era, Essa -confianga nasceu «lo recouhecimento de que a fotografia era um processo dptico, ¢ niio, artistico, Suas imagens se produziam por luz real, tio na- tral como.a sombra projetada por uma mo, ott os rastros de um nimal no cominho. Gs exlticos podem alegar justemente que esta aceitagto do realismo indiscutfvel da cémara As vezes 6 mais de cardter mistico do que realidade, Ainda para muitos, o registro fotogrAticn & verdadeiro, porque “a maquina fotogréfica nto pode mentie*. Esta simplifieagio, 6 claro, se apdia somente no registro exato da cAmara em relagio a certos aspectes fisicos da realidade, tais como as vistas das pirimides ou das cataratas de Nidgara. A despeito, porém, de algumas dliscrepancias entre a realidade e © rennheeido realismo visual da cimara, a fotografia influenciou grandemente 0 penstmento modernoy Os homens modificam suas coneepeses do mnndo pora ajusti-tns mais de acordo com a visio universal da eftinara \ ‘Ae imagens tiradas por repfirteres-fotdgrafos sto editadas na- turalmente, O que torna validos esses documentos & 0 proceso imparcial de visio da camara pois, uma ver. editados, eles contém um mitmero suficfonte de yerdades nio verbais que permitem ac espeetador reconstruir n ree BAUME “6 formar conceitos apoiadas no que reconhecem como evidénefa valida, Os projetos de foto-reportagem mudaram intensamentte 0 pensamento social, ¢ domonstraram © indiscutivel valor da cAmara, Os documentirios de Mathew Brady, autorizados por Abraham Lincoln, estio entze as primefras vistes ‘imparciais'da guerra. Esse documentario nao consistin de fnstantineos apressados, mas ern um registro do ex- posigiies de corpos cafdos, de edificios salvos de inedndio © de sostos de smutiladas @ eaptnrados. Brady rogistron os efeitos dit guerta © nig. simplesinente agies dramfticas. Algumas décadas mais tarde, 0 repérter polieial Jacob Riis recoreett & chunara para mostrar as’ condig6es das favelas da efdade de Nova lorque, As edmaras desajeitadas ¢ os Hashes de pélvora registraram cenas de handitismo, interiores de ensas de Favela © cscolas. Esses primeiros rogistros cle autropologéa urbana ajudaram a cstabelecet os pri meiros cécligos © regulamentagSes para apartamentos. Nas prime! ras décadas deste séenlo o soeiGloge Lewis Hine registrou a en- trada de imigrantes através do "has Ellis, conservando © aspecto original do curopen, antes | se mesclar ¢ dissolver na vida 6 ANTROFOLOGIA VISUAT. 10 trabalho das J Ting tambéan aplicon sia ef se fangas, ¢ suas imagens tiveram influéneia na aprovagio das pri ae pes: sotte 8 ratatio des iangas, (Newhall 1949: 167-173.) agio, slitese © agi — nao & essa a esséucia da antiopologin aplieada? = Paralelainente a esses estudos urbanes havia o trabalho de Edward §. Curtis, fotografo e etndgralo amador, que realizou es- tuudos fotogrdficos extensos de reeuperagio das culturas indigenas ia nativa desde 0 Artico até o Sudo- a Sricos, mas sio também wosio este, Evidentemente, sto dados historicos, mas sio a fateo documnentario’ visual de muitos tipos culturals ndigenas jf rtintos, um esforgo de preservacio compardvel cn seu espirito no do Dr. Samuel A- Barrett “Fin toda 9 vida moderna se pereche 0 efeito da fotografin coma Noun certo sentide ponsamos Fotografl- omnicaros fotogrticnmente Th caagem ngd-verbal do realismo fotogtdlico & a moais entendida ve ¢ trangculturabnente. Esto facilidade de recoubecimento & f vazio bisiea para a cdmara ter tal importincia antropolégica americans, registrandy a vide tum aspecto da reatidade ccamente, € certamente 108 oF A cdmrara como instrumento de pesquisa ‘i reciais da cimara que tornim a {oto- Quais os recursos especiais a ma fe: % rande valor para a antropologia?-A chmara é wm ews vream dos mais sensivels as atitades do lor de fita, ela documenta mecan ta, necessariamente, @ Sen Imumento automation, mas uv sev operador.|Como 0 graval : monte, mas a gua mecinica nfo limit = Mbitidade do observador humano — ela & um instramento que exige roma seletividede. i Orr Seramental da cAynara pennite-nos ver sem fags: « tke expec do fils 6 io deta quant prfineimts A. memoria fe lige substitul @ livro de anotagGes ¢ xealiza registracio com plete cx cleeuastiincias ag rants Diflecis.AA aperagko repetitive «que (camara assogura perinite a observagio eomparada de tn hep techinento tantas vezes qquantas fore mecessirias A pestis, Fase Apoto mectnico A observacto de enxnpo crtemte as possihicades ; is ifico contribul como wm da anblise critica, pois o registro fotogrtl n fator de controle para a observagio visual, Além de ser um com (© PROBLEMA DA OFSERVAGKO E A NATUREZA pA FOTOCHAFTA 7 trolo da moméria visual, tamb&m permite wy coitrole absolute i posigfo o identificagio una situagio de nudanga cultural. A arto fotogrifica é wm processo da abstragio logtimo na obsorvagio, £ um dos primeizos pastos na expressfo mais apurads da ovidéncia que transforma elreunstincias comuns em dades pasa _ eltborgio na anélise de pesquisa. As fotografias sto registros pro- ciosos da realidade material. Flas sio timbém documentos que po- dem ser organizados em arquives de consulta dircta © arquivos remissivos, como se fossem verbais. 4 pvidéncia fotogréfica pode ser reproduzida infinitamente, aumentada ou reduzida na dimenséo visual, ajustada a muitos esquemas de diagramas, e através de estudo cientifico a muitos modelos estatisticos. Grande volume de material inforinativo fotogrSfien est ac afcance do interessado. Um bom mimero de analistas pode perceber ‘os mesinos elementos da mesma exata manoira, Naturalnente, isso requir treino, como 0 exigem igualmente « interpretagio le mapas on of diapositivos bacterlalbgicos, Quais io, porém, as linitagées da clara? Fundamentaknen: to so as limitagées dos homens que usam, Novamente enfren- tamos o problema da observagao humana acurada e global. Ne- hum campo esté mais ciente desse problema do que o da anteo- pofogia. Em etnografia, coro em todas as relagées humanas, ver 6 estranho como ele “realmente” é toma-se, Sreqiientemente, um acidente dos nossos valores pessoais. Os socidlogos avaliam que é mnito pouco 0 que podemos ver que seja verdadeiramente livre de preconceitos e projegio pessoal, O realismo dessa inguictagao se es- tende A visio fotngeifiea, bem como A visio dos olhos Os etndgrafos aceitaram, com grande entusiamo, a fotografia como a ilusteacio mais clara de wma cultura. Apesar disso, hd, atualmente, poucas pesquisas em antropologia baseadas em folo- grafia. Os antropélogos, nfo totalmente sem razio, particularmente int Hox mecuniomos dn nvfguita pa pressionisino © « manipulagio valorativa da visio. Apenas os autre piilogos fisicos, com sitas medidas do corpo, ¢ os arqueblag. sepuliamentos ¢ caiveruas wentar suas pesquisas. Os pontos mais destaendas da pesquisa direte reatizada a efinara sio identificados rapidamente. O fotdgrafo pioncire, Eadweard Muybridge, procurando um métorla para eaptar agdes 8 ANTROPOLOGIA VISUAL elucidativas que 0s olhos nfo conseguiram, aperfeigoou umm método “primitivo de estados sobre tempo e movimento. Em 1887 publicou “animal Locomotion, onze volumes com vinte mil fotos de todos ‘as passiveis movimentos dos animais e clos homens, inclusive uma mie dando palnacas er unm exianga. Fnqumsto 0 esforge de Moy bridge foi concebido como um servigo aos artistas que buseavain realismo em seus esbocos, seu. método foi utilizado por um fisio Jogista francés, Marey, parn estudar minuciosamente 0 movimento de animais, pissaros © mesno insetos. Marey clesenvolven no pro- essa tima cdmara com uma chapa mével com a qual podia fo. togeafnr doze quadros por segundo, © que fol a precursora da ef- mara de filmar. A andlise de quadro por quadro de Marey se rowstituin num métody de investigagio que tem sido mputsionado fem todos os solores das citncias da vida em combinagia com © tnierosedpio © rai0-X (Michaelis. 1955:118; ¢ Newhall 1949.) No campo menos controkivel do comportzirento finmano, pro vavelmente o trabalbo mais intenso com fotografia ¢ 0 de Arnold Gesell, diretor por muitos anos da Clinica de Desenvolvimento Infantil, de Yale, Baseado em registro fotogrilico, dia por dia, de anuilas eriangas © cm intervalos programailos de alguns anos, Ge- “iL esbogot win qquadto de tempo, aw scqiidueia dh maturagito nor mal ¢ do processo de desenvolvimento social, ssa seqiéneia in flueneiou' profundamente a psicologia infantil, nio apenas como jéncia, mas como suid prétiea pelos pais das eriangas na nossa cultura (1984, 1945) _ Gregory Batozon © Margaret Mend fizeran @ primetin, @ aint iniguatvel, pesquisa Fotogeifica exaustiva em outta cultura, cu ‘aatados foram publica lor ‘em Balinese character (1942). De- pois desse trabalho, ambos contionaram a utilizar a fotogralis, Mead em sett interesse continvo pelo desenvolvimento infantil (por exemplo, Mead ¢ MacGregor 1951) ¢ Bateson particularmente no festudo da comunicagio ndo-verbal (1963; ¢ Ruesch e Kees 1958) ‘Ocampo da fotografia etnogréfien & sinda um dos mais espe- cializados ¢ experimentais, Edward T. Hall refere-se continuamen- to aon dados fologelificns, ao descnvolver sens coneritos de comn- nieagio nonverbal (v. The Silent Language, 1959), ¢ estudou So- Togpafiag para estabolecer alguns aspectos do significado do so dg espigdy “proxemies” (proxémica) (v, The Hidden Dimension, 1966). Tall sempre Tevava nina cimara consigo para registrar & (© PRONLENA DA OBSERVAGKO B A NATUNEZA DA FOTOGRAFIA. 9 * comunicagio ¢ a interagio, onde quer que eneantrasse tais fend- ‘mencs, Atwaimente esté identificando amostras destacadas de co municagio, usando a fotografia. Ray L, Biedwhistell recorreu a ‘fotografie para sistematizar 0 estudo de posturas © gestos cultu- talents padtonizades, as quais chamou “ ” (cindsica), um campo praticamente impossivel de se atingir sem a folograin, Paul « Byers, combinando a pesteia de fotdgrafo profistional com 0 treino antropoldgico, est tabalhando para uma compreensio mais elara da fotografie como um processo de comunicagio om trés_niveis, envolvendo 0 foldgrafo, © sujeito © 0 investigador, cada um com tum papel ative ¢ amplidvel (Mend 1963:178-179). Oswald Werner, agora na Northwestern University, também aplisow a perfeia de fotdgralo profissional & antropologta Sina tose examina © eampo da pratica ¢ do potencial da foto- grafia cluogrdfien: tim sumirio do sen trabntbo foi distribuide (1961), mas o trabalho completo ainda nfo foi publicado. No eonjunto da antropologia, porém, a fotografia permancee como um inétodo mais extraordinério do que usual. Nenbuim tra- batho comparivel a Balinese character foi publicado desde seu surgimenty em 1949, ¢ h& somente referévcias ocasionais 20 uso da cfimary ana literatura antropolégica Parece-me que as inibigdes visuals bésicas da antropolo deseneorajam o uso da fotografia como um instrumente de pesquisa, Um antropélogo contou-me suas frustrag6es a respeito da foto- gralia: "Nio € que a fotografia nto seja boa, Ela & tima. As fotogralias so 0 mais puro realismo. Gontém tudo, Temos aper- feigoudo técnicas para compilar dados verbais, mas o que podemos fazer com folografios?” Fs(a 6 scm divida a difieuldade, Uma fo- togratia pode conter mil referéncias. B, 0 que & mais desconcer- tante, a malotia das fotogtafias sf prova de um minuto de tempo — de um centésimo de segundo da realidade. Enguanto as pes- guisadores de campo nfo souberern 9 que fotografar, quando ¢ quantas vezes fotngrafar — e por qué ~, os antropélogos ndo vero modo funcional de usar a elmara. Fivalmente, se os pesquisadores fate. dispuseren sos seguNOS para penetrarem wo conterido dos Fotografias, se no soubesem o que 6 evidencin de coutiangie Jo valor © 0 que & intangivel @ enrtamente:improssioniticn, « eee eee cer do re 10 ANTROPOLOGIA VISUAL nfo haverd mancira de abandonar @ pura imi ct sistematizados Dendonse« pur imaginasio pelos dave Esta obra tentaré expor em Finhas gerais como podemes usar a ‘Amara na pesquisa e andlise, de modo que cheguemos 20 uso da fotogralia. nfio apenas para mostrar o que jf encontramos através de outros meios, mas tambéin para ampligr realmente os noss0s processos visuais e ajudar-nos a desvendar mais acerca da naltt~ rez2 do Homem e suas eufturas mullifertadas. CAPITULO 11 Orientagio ¢ “Rapport” © lugar pritico da fotografia no trabalho de campo pode ser demonstrado rolacionando-se suas fngSes com 0 desenvolvimento da, a de campo, O passo introdutérin em muitos: projetos consta de uma visio etnogtafica global ou de uma fase de estudo deseritivo, Este perfodo & uma fase de orientagio © educagio dos pesquisadores. E uma fase de actimulo de fatos sobre 0 ambiente eral em estado, Ireqientemente essencial & obtengio de uma vk 5X5 ampla, dentro da qual a pasticularidade cultural pote encon- Liar am lugar orginico, O entendimento da ecologia © da geogra- fia cultural abre um caminho ordenado aos futuros planos de sn vestigagao. Necessariamente se colocard em segundo plano « visio geral, 2 modida que se aleangarom progressos na pesquisa © se realizar uum estudo mais penetrante de aspectos selecionados. O trabalho de campo, como & razofvel, restringe seu foco de ago buscando a demonstracio particular pertinente aos objetives da pesquisa, O reconbecimento da etnografia iniclal inter-refaciona, guia ¢ coloc no Jugar essa amosteagem cultural. ‘Aprofundando 0 conhecimento, 0s métodos de investigagso tomam.se cada vez mais especializados, as entrevistas mais estrit- turadas, as especulagées mais analiticas com 0 apoio dos exames picolégicos, tester e questiondrios. Nesse periodo, os especiaistas das varias disciplinas podem entrar no campo, cada wm ebservart: do 0 pove e sna cultura de maneira diferente, dando contribuigdes adicionais % compreensio da pesquisa. Com essa multiplicidade, © background da visio global como base 4 compreenstin homo ggura © mis importante: de qme numen, CAPITULO V Fotografando a interagao social A fotografia de ages sociais nos condyz 9 uma rea riea de pesquisa ngo-verbal. Uma variedade considerével do iustragées soguras esse campo pode ser observada através de fotogratias ale aspeclos sociais, pois af encontramos dimensses complexas de cestrutnia sorial, dx idontidade cultural e da expressto psicolégica Fotografias de pessoas que se aglomeram podem oferecer-nos oportunidades para avaliar, qualificar e comparar, poxém estas avalingées podem ir muito além-e auxiliar ne definigfy da forma cxata de entra sneiah, Muitos aspectos da estratura social sin facilmente apeciados em entrovistas verbais, porgne as pessoas sente que canhecem sua posigio na estratificagio social, Para termos ma vivénein visual destes niveis sociais, devemos observar os natives fora de suas ocupagties profissionais. Quem fala com quem? Quem vai aonde? E quando? Quem vai a tillima sesstio de cinema sibado noite? Quem sao os que formam grupos vindos de bares e coguetéis? Para acompanhar de perte esses movimentos apenas com os olhos. & preciso ser muito perspicaz em observar. A jnstaposi¢io de pes- soas pode ser reconhecila © memorizada por um flash, ¢ as pes- soas devem ser observadas com muita ar; Isto exige tempo © muita convivéncia. Com a clmara, esta tarefa pode, em muitas oases, tornar-se wma peragio automitica agradavel ¢ ser efe: tuiadly sem_um ronhecimenta prévio, As mas da cidade podem: ser Jolngrdfic . de feximenos socia tor-yelagées comp exas da cultura urbana, o rastreamento fotoged- fico assume impo lncia estatistica na andlise de massas humanas Tahoratérin peftien para Através de todas as 50. ANTHOFOLOGIA visuAT, dirigidas por computador. As caraeteristicas racials, econdmtcas ¢ culttnais do Areas wrbanns podem ser examinadas no fliso e refluxo do teinsito irbano. Este Muir continuo da populagio, de- sempenhando cspontaneamente swas tarefas, agrapanco-se realis- Wicumente, 6 uma estrotura social monolitiea em movimento. Os Pontos de Snibus © erszamentas so como os pogos agua ¢ as pieadas nas selvas ~ aguarde pacienteente, © toda a floresta passaré na sua frente, O repértor-fotdgrafo W. Tavgene Smith observou a cidade cle Nova Torque, montando una teleobjetiva so- brea caigada com um aleance de 1m e $3 cm na esquina da Rua 18 com a 6 Avenida. Depols de um ano, quando esereven tum livro, obteve todas as perspectivas da enfturn de rua, Pedlintes, encontros de namorados, brigas de hébados, salteadores, neve no invomo, temporais repentinos no vero, tudo isto fot enptado por ele, sobre 1m e 88 em de area (Smith, 1958) (Cf, foto 6). Fotografias da paraita cle wm s6 automdvel dante de sma faixn de pedesires, desde a manba até an coisas sobre a comimidade urbana. Quem vai trabalhar As sete ta rnin: negros, orfewtais, causasianos? Homens ¢ inulheres mal ou bem vestides? Quem pega o dnibas As oito da manhi? Quantos escolares? Quantos funciondrios de escritério com ternos de flencla er de chiza © paste & rain? Quevstos rutheres? Qnantos: homens? Qinmtos jovens © guantos velhos® Tule isto pode sor elassifieada pelo enfoque do detalhe fotogréfico, om esealas aproximadas de Gpuléncix © pobreza, on avalisale qnanto aos encargos socinis, eupagties on fungGes. ® inypressionante a demonstiagio esta. Histica no perfodo de wna semana com a imagem que pode for- ecor da estrutura da comunidade, A aglomeragio de pessoas nas ruas da cidade pode deter a classificagio por slto da maioria das comunidades urba nits, Na cldade de Nova lorgue bé usa selagio inverse entre hiunincia e o miimero de pessoas nas ruas. Quanto mais pobreza, mais os cidadaos fogem pare a maior amplidéo daz calgndas. O nile nvimero de pessoas nas rnas de wn baire residencial sig 4 existéncin de edmodos acanhados © superlotados. Cada eomuniilade wana tem pontos tle contato onde o eardter do observado © aval clas das Todos estes sie pontoscchase, onde o flyso . contariio a voed muitas wifie lo: 08 que se agto~ igrejas & os que descansam nos FOIOGRAVANDO 4 INTENAGEO SOCAL 31 social pode ser documentado € onde a estrutura social pode ser observada em movimento, Em wm-centro roral ow na periferia de um centro urbano, os pesquisndores de campo, trabalhando durante um domingo, podesn caracleviaar raronvelmente as Silingdes religiosas da comu- nidade, fotografando a chegada ¢ a saida das diversas assembléias de igrejns. O investigador isolado pédert realizar este mesmo es | / tudo durante virios domingos. © encadeamento da estmtura social podria ser determinado através desta téenica. Quem vai As lojas do centro? Quem oferece as ceias da igreja? O investigador par- Uicipante pocle observar sistematicamente todos 0: agrupamentos comunitatios deste modo, ver os Hderes em suas fungOes ©, com © aurilio de um clemento humano local, estabelecer com precisto as associngées de pessoas. Registrar a impressio que as pessoas dio, o que clas vestem ca condigia de sen vestutrio é uma oportunidade descritiva que ‘oferece dtinas pistas para identificagées compardvels Aquelas for- necidas pelos aspectos externa e interno das residéncias, Os ro- gistros cle vestuitio podem ser classificados tio bem quanto as condigies dos tethados e dos quintals, Etnograficamente, o ves- trio fornope elementos pata a coimparagio dos genpas &nicos © das organizngbes sociais, define os encargos dus rieos o das pobres © diferencia 0 habitante rural do habitante urbavo. Una visio estatistion completa dos vestudrios pode revefar cniiiéteristieas culturais, tanto quanto os bens de uma casa. A simples abservagio, assim como a simples fotografia de uma demonsliagio social, éapta apenas alguns pontos de dados utiliziveis. Uma fotografia, assim como uma visita com abjetivos etuogrdficos, indica apenas camo 6 a vide naquelé momento < preciso, A. avalinggo 6 estitica e se refete a uma siluagdo esque- mitica possivelmente arbitrdria, Nao tem abertura para. qualificar 0 que muda. Quantas pessoas estiio presentes? Onde esto todas elas a uma determinada hora? O que esti acontocendo maquete momento exato? Uma finica ilustragio de amostra & cofsa estrita- mente empirica, Porém, quando falnmos de estrtutura social, fa- amos de compurtamcato prdrontRado repetitive. Este exipe aspec- ‘plos para se observar o que‘ & comportamento habitual + com 0 compertaments y —»vencional a ANTHOPOL Quando os registros de tempo e de movimento sie assoe A imager de interago social, temos a oportunidad dle cxa fluxo eo reflux dos agrupamentos. A edmara nos oferece fra- ges de tempo que podem ser avalfadas © acrescentadas a0 fluxo yApido do tempo. Diversas interagbes momentaneas podem ser avaliadas e comparadas, interagho de minutos, horas, dias, semanas mesmo um ano inteiro, podem ser ealculadlas a partir de observa- gGes cronomotradas do flix de vida numa rua de um povoado, © grande valor de uma cimara € que ela pode fazer um registi ropétiivo, cobrindo multas combinagies de intervalos. Griando a interagGo & examinada repetitivaiments, os esqpemas sho fixados em padres orginicos: flux0, rofluxo, ageupamento © dis- persio — ligam a interacio As miltiplas relagies de cansa ¢ efrito de uma cultura. Como exemplo cito 0 caso de um estudante que fez. registros eronometrados de pesquisa de campo das assembléins politicas do meio-dia com a esperanga de definir um padrio de agrupamento. A primeira vista, 05 resultados foram cadtions. Parecia nfo haver ‘um esquems sélido ou uma:definigio marcante, mas muitas mu- dangas peqitenas. O altwno relacionon entio sexs espagos de tempo com trés Fatores: ([) 0 Fator de tempo dos horirios de alas (2) intervatos de tempo relacionados com quem estava falando, (3) 0 assunto de cada individuo que falava. Quando as Fotografias foram ampliadas examinadas em sita precisa associngtio de tempo, os padtcs fotogriticas sugestivos do estudantos que acorriam om dizegio a0 aglomerado © que se distanciavam dele, grupos se dis sipando e se dispersando, repentina afhigneia de estudantes se aproximande, tados estes fatores comegarain a assumir esquemas intolighveis © estuclo detallindo a este respeito refletia tipos padroniza- dos de ouvintes, 08 corpos avangando, quando a um estudante se clava a palavra; em outras fotos esto os alunos indo embore, rindo-se uns dos outros, enquanto 0 assunto do debate mudava ontra vez. Quando a reuniio tratava do horirio de aulas, notava-se ontro movimento de grapo. Considerando.se melhor, observa-se isto: quando os alunos simplesmente ahandonayain a renniGo por falta de interesse, parcein haver wm padrio diferente de eampor- tamento, do que quando irrompiam do gritpo para irem A aula, Neste iiltinns eso. os alunos oi se apresstvam ow mostravan re- FOTOGRAFANDO A INTERAGKO SOCIAE, 53 Iutineia, voltande a cabega para a multidao, engquanto se afas- tavam. Obsereagaes sociométricas de estruture social Uma ampla variedade de unidade na sociologia urbana apre~ senta problemas de observagio e compreenséo: a estiutura social da organizagio monoliticn do eserit industriais, mobifidade e 0 status social dentro das assovingies. Arthur Rotman, com nm projeto apresentado em semindrie part mnétodo de pesquisa de campo, no San Francisco State College, terton dofinir a estrutura social do quadre dle empregados de um hospital ¢ observar a naturez das relagies racinis (1964). Poréen, os hospftais tém seus priprios tabus © wne hierarquia fixa de argos ¢ costumes. Os hospitais também tém a sua fachada assép- tien de rowpas braneas ¢ regulamentos, Onde ccmegar? A quem entrevistor? O que perguntar? Na busca da estrutura real ¢ da fnteragio, Rotman procurot uma cireunst4ncia comum com fluta- cia maxima, com a esperanca de observar os agrupamentos es pontaneos de estrutura social e relacées huinanas, 0 ponto de observagio selecionado fot « bar do hospital, onde as pessins dispunham de um self-service — 0 método de observa cao era a fotografia. Metodologicamente, a escolha envolvia trés problemas de campo: (1) 0 fator tempo de entrevista, hhem cal- culadas n respoit de toda a extrutura, ext um enpecilho; (2) 0 protocol fazia as cutrevistas perigosas, send impossiveis dentro do proprio hospital; (3) 0 ritmo de vida e as provaveis linhas ih rirquicas dificniterian as perguntas sobso a estrutura inter-social © Local cécolhido da sala cle refetgGes permitiria a ohsorvagio da estritnra social em movimento, de um modo controlado. O- papel de Rotmai, foi de observador patticipante, pois cle trabalhou no hospital e também vestin um avental branco. O estudo foi feito ‘com a periissfio do diretor. A téc ea cle Rotman: um estudo de tempo ¢ movimento realizado e-2 intervalos de quinze minutos, foros os dias durante ima semans em nove posieGes que The deram uma documentagio de tods 0 «radto de emprogados durante a hora do alinogo. Para completar, ‘1a demonstragko imprnhe uma yniio com alguma 54 AWMOPOLOGTA vISwAr agitagio individual, poréin sein ataques de gravidade. O- vestuirio usado por todas os inembros de hospital permitia uma idontifien- so segura da posigio de cada individuo, Enfermeivas ausiliares, enfermeiras especializacas, técnicos em raio X e outros especia- listas usavam emblemas e identificagses eseritas. Os médicos usa vam estetoscépio. Auxiliares de cirurgia usavam roupas verdes, ‘As fotografias foram batidas com wm filme de 35 mm, com wna lente grande-angular. A pelicula de 35 mm, com todas as chapas numeradas na’ margem, oferecia maior controle para ang lise dos fatores tempo © movimento do estudo, Todavia as chapas foran ampliadas para 8x10 polegadas, tle tal mania que a observagio precisa de todas as relagdes podleria scr feita, (Os dados apareceram em duas categorias bfsicas de demons- tragio observével: 9 flaxo de interagio, dit por dia e hora por hora, como foi visto na sala de ahnogo do hospital, © o lugar ccnpado dia por dia pelos individuos dorante x semana. Esta ‘ltl ma demonstragio era a ais significante no estuda porque do- monstrava que a estrutura social era erfadn pela csbntura tecno- Jigica, e que havia poucos elementos novos entre as expecintidades neste periodo livre. Nao havia segregagfo racial notivel na estra- tura. Os negros sentavam-se com especialistas do mesmo nivel profissional: médicos sentavam-se com médicos, fossem eles nogros ox braneos. Por outro Iedo, o estado mostron nm nimero consi. derdvel na proporgfio de megros e outros grupos niio cancasianos em diferentes Areas: tum desequilfbrio de fungées reais, compart. vel aos niveis de oportunidade existente na sociedade mais ampla © refletindo-os. A natoreza espontinen da cireunsttineia eseelhida para obser. vagiiv © consideragie operon como um controle sobre aquilo que fo encarregado de relagées piblicas do hospital podia narrar an obsorvador interessado na cultura do hospital. Na verdade, a na- tureza empirica da demonstragio agruparia daclos qualifieados, obtidos através de entrevista individual, se 0 projoto da pesquisa restigagio. Esta cra uma obsorvagio de cs trotnra social em movimento, estudada por abservagio fotagrfien direta. A observagio da cultura escolar cm So Francisco apresentent ym problema semelhante para Alyce Cathey. professora de wma escola de graduagio racialmente diversiticada (1904), A cultura FOTOORAPANDO A aNTENAGKO sociat, 55 formal da sala de aula crn uma outro fachada da estrutura social real ¢ da interngfio pessoal de suas alunas, Para aprofundar sina eompreensia dos problemas das alunas, Miss Cathey foi para o pitio da escola, a fim de observar o reagrupamento espoutineo dla vida social de suas criangas, Neste caso, era 0 comportamento social institucionalizado, comparado a cultura do grupo dominante padio, que sobressaia assim que as alunns deixavam a sala de auls Antes de poder analisar a cultura de suas alunas, Alice Cathey, assim como Rotman, necessitava de uma grande quantidade de Anclos empiricos daquilo que realmente acontecta no patio. O meio- din no pitio da escola vferecia-lhe a mesma oportunidade como a hora do almogo no hospital. Durante duas semanas, Miss Cathey fox csiudos gerais, posém detalhados, de mas alunas, enquanto almogavam & jognvam no pitio da escols, Seu papel de. protessora pennitivthe cirenlar pelo patio © folografar sem causor raptura social, ¢ assim ela era -capaz de obter 1ima amostra repetitiva do mundo diniimieo de suas eriangas fora da sala de aula, Miss Cathey estudou os fotografias de 85 mm em cépias por contato, selecionou as ampliagdes de 8x10 polegadas. Ela utilizou estas eipias por contata nas entrevistas com suas akinas. As fotos mostravam claramente a atuaglo de personalidade e os grupinhos constantes er que as meninas agiam, ¢ os resultados das entre- vistas forneceram insights do modo como elas viam a si préprias ¢ as outras meninas, Por exemplo, uma menina de cor negra do quinto ano superior sentia-se aparentemente rejeitada por suas colegas de classe predominantemente chinesas, ¢ procurava diariamente com pensagao, comendo com as criangas mais novas, alunas de Miss Cathey de nmi estigio inferior. Dia apés dia, a chimara sevclon que cla sentava iia poriferia do gmpo do quinto ano inferior. Um estudo mais aprofundado reveloa um sério preconceito, mas en- coberto, das alunas ehinesas part com as de cor negra. © estuclo fotogrdfico também apontou os hfbitos de aline tagio dis alunas. Afguinas altnas levavain faring mnerendas, as quai elas fro nente repartiam, Outras levavan meventlns modestas, desprovidas de _verdwras € frutas. Poucas tinham dinheiro para comprar batatinhas e siico artificial de frutas; isto furiefonava coino tum sfmbolo do status social para as criancas mais ahastadas. Todas, com algnmas excegies, levavam o In. saquinhos de papel; esta gorota Tevava 0 seu almogo nin lizendo: “Minha mie 56 ANTROPOLOGIA VssUAL acha que os eartuchos de papel para ila. sto earos o, aléin do mais, niio se pode trazer cht em cartucho de papel”, Bla per tencin a ina familia ortodoxa chinesa, onde 0 ché era considerado cesseneial Vin outro valor para posquise de um estado feito através de fotografin como este, é gue o exame pode ser repetide no ano segninte para avaliar qualquer evolugio da cultura na escola, em igo sua mulli-étnien vizinhanga Observagses de microcultura Observar a maneira como as pessoas so misinram c se agenpam. & fundamental para se compreender a esteitura social dindmica Psicoldgicn © socinlnente, as fotografins fornecem umn diagrama Ge cen ee en tar te ape | oe represent le Tlerarigu? esp nun ponte foe Na dindinica de microcuttura, os detathes das relagiies. entre as pessons podem ser analisadlos através do so de simples foto- grafias. As fotografias permitem a observagio do comportamento fisico pessoal, da post be das expressdes faciais, dos eae das jis & dos biagos. Birdwhistell desenvolven métodos para decifiar esta lingnagem visual de cinésica (“kinesics”) (1952). Hal} estidou © significado daquilo que ele chama prosémica (“proxemics”), tal como 0 espago entre as pessoas e a orientagio do empo, que variam de cultura para cultura e de acordo com certas circum tincias (1966). © espngo pode nos dizer muito sobre como as pessoas se comuitéam dentro fe suas culturas. Com que int aade, quantas vezes se tocaram, na conversa? Hé uma formalidadé “de distineia, um clreulo de reserva sin Franqueado 20 piiblico? © spac em volta das pessoas © © que est entre elas pode re Netir iifesioridad on smperiarichide, pade desticar 0 elemento re- jeitade on 6 desviante, Cada eutiar tem determiados modos es- Lihelecides de Tidar com espace. © Unie compreensiio de tais fatos no cotnporlamento de grnpo permitin a Panl Byers abstrair das fotografins certos padibes. bie Aindiniea de grupo, observades mmm eneantra. de bolsis- tas do M-thright, norte-americanos © estrangeiros, realizado mima FOTOGRAFANDO A INTERAGKO soctAL 5 Faculdade americana, Através de uma anilise precisa de apenas nove estas Fotografias, Byers foi eapax de demonstrar a mudanga al at no de comportamento padronizado previstvel, A mnedid que ‘prgrediam as ciremnstincias da conferéneia, Sua in- terpretagio de tts destas daré uma idéia do tipo de comporta- mento que foi objetivamente fotografado para a anise. © primeiro exemplo mostra os bolsistas na sala de recepgao, © comportamento & estraturado logicamente em tomo da intera- gio cortés inieial. Byers observa: © grupo esté razoavelmente disperse no recinto. © espago ocupade do modo iguel por toda a parte. A mobilia também ert igualmente die porsa om toda a. ale ‘Todlos vesters paletd ¢ tin 0 nome naina etiqueta wa lapels, As prssine este sestathas com nm espace smiforme entre si © tendem iiras e das sofhs (cxecto mus by iesivel), As xbetrms tho enfd esto ynnformenute dite wqctas, onde Doidae enn relaesio Ax hordas da mosa, Emibors Tinja wnifermidede na colo- 1 di xicera em cada mest, dss tnesas so diferentes entre st Cem wna, a axfcara 6 cofocads na borda; em outra, cerca de cinco centimetros da bord). ‘As pessoas mantéim uma postura oreta, {nclinenda 0 corpo a partir da cintura, ea exhega, em dlegiy ao colega. Poucos esto de pemas cruzadas e niio se véem bracos eruzads. HE uma constante posigfo masculina de pernas afastadas, com os xtebragos apolados logo scima dos foethos © as mAos funtas (¢ visiveis) na frente, ‘A msioria das petsons geralinente conversa doi — As veres, em grupor de trés Quare todos se enteenihiam © tod indlvfdiis mestra, pelo menos, algn= in ordentagtin corporal ent relighr a quem sid fslande Nfo hi snévels (Mond © Byers, 1987), tre das on mals pessons em comnoleagio clitcia A segunda fotogin foi ok noite do segundo dia da conferéuicia, durante um intervalo, Aqui, o comportamento clo grupo € canrtrastante com a observagio anterior. As cfreumnstincias alte. ram comnlotamente a fisionomia car" "iva do grupo. As pes- 5S ANTROPOLOGIA VISITAT, Sas parecem ler se entrosado, como sugerein as expresses mais livres, © maior proximidade Fisica A posfe snsis commun le fi eltn can plot, pyonton dnke 4s tonirreann, we & We Slomte cer quite sabre a ee dele om eof, reelinande 9 como, Os bragas dow hnincns te se apian nos pews UE mois pessoas ra menos espago do que na cena antetlor, O expao vnlre as pessoas é menor e hb algun eontate [sic Os méeis foraur afestedes, Fonnande soe ospécie de eivesto © Lk wa Talersgty culre ag pessoas (Mend o Byers, 1967), Byors salient que é significaite a sala cstar pouca iluminada, @ fax wma hipdtese: “de qualquer mancira, as pessoas wmudario A nalurera de swos expresstes faolats, iio interagie com a provie midade das faces, e/on reforgario a articulagio da fala, qnanelo a fraca iluminagio dimtouir a clara visibilidade entre clas” (Mend © Byers, 1967) Byers continua a deserever outros enconttos, a maioria deles Je acordo com min dos trés padrées hisicos de rrhicionamento: Je mn para outro, de unites pare rem, eepresrntade pelo axditéria co orador ou performer, ¢ 0 cireulo — ai grupo eqitidistaute sem Hideranga, onde qualquer _membro pole, por sua. ver, doxinar a afengio em um relacionamento de wm para smuitos. Esses pa: ries sao todos tao familiares que parecem apenas de significdneta tedrica; eles representam 0 comportamento culturalmente regulado qne 1s, cama americanos, achamos sempre natural. Poréin, te iam estes Dolsistas se desempenliado da mesma maneira dentro do contexte do uma universidnde frahe com héspedes tambéer Arabos? ‘A nona fotografia de Byers thuistra o fato de que os padrées 6m owtras culluras podem ser muito diferentes, A cena mostra un grape de holsistes, somente um deles american, sentandos na erayna em um espago limitado por eles prprins, dentro de urna dlistAneia que permitia um contato fisieo entre eles. Mas ax posi fies dy compo pin evn 9 estalelecido, Byers relate que a maioria dos americanos, ao cxaininar a foto: grafia, smpfie que o grupo ester ouvinds um concerto oy uma conferincia fora de alcanco da fotografia — © nfio era o cato. ‘explicagio razoivel para mn anericano, Porém, 1 conlonmes 21 un pad 1 & a tn IPTOGHAPARDO 4 RVEERAGIO SoEAAY 59 g1po nao é prineipalmente amevicano, Eles podem estar medi fando, descontraidos ¢ indiferentes, no compelides a se relacio- narom, de modo americano, com aqueles que lhes esto péximos, smelhante paderia estar astis demonstra que “yuypo™ jie gem | Um grumo de navajos em situago Cinder a wart cliseeession pollticn, Dye plicn na patticipagéo de “seus “membros em reyularidades de. comportamento observaveis e compartilhadas. O padrio destes (ere nlos varia consideravelmente, porém, sempre dentro de ni Tinite, que & culturalmente estreito e espociticn e pode ser avaliado através de fatores do contexto. A comunidadle com um pequeno gram de interrelagio 6 fre- qientemente confusa, devido A sin natureza muito Muida, Isto pode ser particufarmente vordadeiro em eomuniclades que sofre- yan von shpida madanga, onde ¢ provavel que a reelidade da estrutura social seja encontrada neste processo de rexgrupamento, O primeito contata com ima comunidade orientade historicamente porle ser decencionante, Os lideres podem ter 6 desejo de manter a imagem de mm cultura tradicfonal, c pode estar évidos de dare a impressiio de que @ estrutura social & basenda em um hackground Wistiries, com familias antigns, eos antepissados runtiveram a regio identificada, camo as prinneiras faunilins © grupo de satus social & quo detém © podry & mantén a situagio, Estimiilados por esta perspectiva, somos tentados a classificar as pessoas nesta ordem decrescentes das familias antigas, proppletirias de fabricas @ grandes labSindios, através de wma classe média andnimna, até aos lavradores © operitfos, Esta ordem assim carac~ terizada por ter sido real hé algumas déeadas, mas sob o impacts da sandanea econdmica, com oportinidades de ripidas mudancas de posigées sociais, esta estrutura clMssien pode no corresponder aos fatos, pois nko nos informa sobre a naturozn fhuida da sccte- dade ou das reais divistes do potler np presente, A maneisa con- vencional de ver também nfio nos informa onde as pessoas atuais se ajustam & estrutura. Tris esquemas podem permanecer sem significado, enqyanto no os ajustamos ds fungées exales dos in- divans. Na commidade (rdicfonat nos coafeontneres conto problene do Ideal, enqnanto comparaito 2 fhngio realistica da comunidade, 6 priinetto com ns sat rafzes na histéria © 0 segunclo baseado na madanga répida ¢ ne sartueiseo, dentro do qual os desenvol- o ANTROPOLOGIA VISUAL, vimentos pragmniticos de uma cidade tiveran lugar. De certo modo, estas sfo as cenas de abertura e de encerramento de relagées humans, onde as deeisdes cerimonfats sio tomadas na igteja epis- copal, por cxemplo, # outras reunites formnis (Instituighes) da cidade, © as negocingées importantes. fo feilas scerctamente. ‘Como podemos distinguir a realitlade funcional do ideal tra- P ste Jor unr dos problemas que sin peseprisadar de 10 projet de estuda de wna commnidade ne anadi, Ele suspeiton que tivesse apanhado somente a fachada dx estrntura social, Usa siluagio social particular apresenten-se once 6 funcionamento da cormunidade menos formalnente esta: turada podia sor observato. Esta era o baile de abertura do jate clube local, que havia sido tradicionalmonte wna ocasifo de status elevado na vila social da cidade. Fle tinha razio em acreditar qne um novo grupo agressive tinha tomado comta do iate clube, cesta ocasifo, que néo estava franqueatla a0 piiblicn em goral, de- veria indicar como se organizava a estruttita soci) na cidade, Como fotdgrafo do projeto, oferectme para fotografar este acon- tecimento inicial, um convite gue foi aceito com um sentido de brineadeira pelos sécios do clube. Mas o que sentiriam os convi- dados © membros do clube, quando © pesquisador de campo e ex aparectssemas com flashes © cmaras? No espirito da circuns- Lineia divertida da festa, ou devido a isso, a fotografia foi sandada coin alegria, ¢ fomos capazes de fotografar ininterruptamente due spate toda a noite quem dangava corm quem, quem se afastava para conversar confidencialmente. A interagio observada foi um estorgo para conseguir a imagem convencionalmente apresentada da es- trutura social desta cidade, Status autigos misturavam-se sfgnifican- femente com novos grupos de poder no clube fechado. Hava uma quantidade considerével de bebidas, apesar dos tradicionafs senti- montos ahstémicos da comunidaee, onde heber em public era tabu Revelamos rapidamente as cenas representativas da noite, que mostravain todos os participantes do acontecimento, O pesquisador, fara sttx satisfacio, cescobrin que todas as pessoas envolvidas queria examinnr as fotos do fate chihe e conversar sobre els. Como resultado da pesquisa deste feedback, foi feita a completa identifieagio de today as pessoas ¢. com o avxilio de um exboca, oi possivel Gaver soclogyaunas dy interagio emnplosa erpresentande sn 1 Sn veal da estratura se al ¢ da interagéo, OTOGRAFANDO A INTERAGKO SOCIAL, ol Os tipos de grupos entre os diversos individuos sugeritacn uma estrutura mével de poder. Nesta particular circunstancia, If- deres histéricos eram vistos cortejando homens de nogécio que estavam, na verdade, assumindo a lideranga efetiva da comuni- dade, As respostas As entrevistas salientaram a natureza oculta desta interagio. O St, Fulano de Tal nunca estaria sontado prd- ximo a0 Sr. X, exceto na festa da fate clube, A Sra. Z jamais dan- gavin como St. Y, excetn nesta oeastiv, De certo modo, «festa do inte clube era a projegio da oculta estrutwra social que po- deria vin 9 ser 9 ostratura conlecida em outra déenda: Un dos xesultados importantes deste experimento foi a avaliagion signi cante dn posigio espacial, que poderia ser comparacta as posigdes ocinis formais da vida paiblice — 0 dima criando 0 aspecto da festrutia social histérica, O tragado sociométrico freqiientemente nos oferece esta oportimidade para avaliagao © comparagio pre- isas cla intoragho social, (Ver também a discussio da entrevista projetiva, Cap. 6.) Riseos nas pesquisas fotogrdfioas A Sotografia pode os fornecer unt ponto de apoio numa co munidade, Porém, do mesmo modo, répida e totalmente, pode nos tomar rojeitados, se nos fizcrmos culpados de inteusio indevida com a clunara. Deve estar claro que, quando comegarmos a foto \ grafar os teaballios internos de estrutura social {posta 4 sua formal institucianalizada externa), deixamos 0 dominio piblico e pene- fzamos nos limites do comportamento e da crenga mats privados.| As atividades culturais envolvem a comunidade, desde as fun- ‘g0es externas, impessoais e Inteiramente abertas, que se realizam fio dominio piiblico, até as atividades pessoais e rosguardadas das familins © dos intividuos. Podemos fotografar livremente nas Areas extornas de ngripamentos piblicos de tecnologias Iisiens, po: iéin, quanto mais nos aprofundamos, mais o terreno se tora tra {gociro, e deveriamos aceitar o fato de que pode haver Ingres Sacros Uciiltof, os quais nunca seremos capazes de obsexvar com & chmara, Temos estas eirounstinelas em nossa prépria eultunn, onde fotngeafar pode ser completamente 5 Pevieoso ot Titeralnente: impossivel 0 ANTHOPOLOCIA VISUAT, Em muitas culturas, 0 culto religioso é uma das fingdes deli- eadas da comunicade. A igreja, o templo, a kica dos indios pueblos, io Ingares onde os mais profundos valores sio experimentados. Esses logares e circunstncias estio cercados de pratocolo ¢ sao } persensivois a estranhos © & falte de respeito, Em muitas sociedad, esta sensibilidade envolve também os temores yelados ou decla- rados de perigo migico. A maioria dos indios pueblos do Sudoeste da América protbe a fotografia de dangas cerimoniais. Em Sio Domingo, os Koshares, cordotes que cxecutam dangas burlescas, tomario a clmara dlo turista ¢, sem quebrar o ritino da danga, rerio habilmente 9 filme, expddo-20 mui deliendamente i Juz ¢ 0 desenyolveraio ao fotdgralo. Comunidades, indligenas isoladas na rogiio de Oaxaca, no México, seceinm tanto os observadores “gringos”, que alguns povoados proibem « fotografia permancutomente, Na tionia. das culturas indigenas hé objetos © higares que nfo deve ser vistos pela cémara, Geralmente, a coriménia religiosa é um ponto de prestigio na cultura, Freqiientemente envolve chefes iinportantes, disfargados em papéis sociais da casta e de classe. Cada cultura apresents uum modo pelo qual vocé pode conquistar a simpatia dos chefes josos e desempenhar um papel que néo desonre a cetiménia Mais do que finezas espectficas, a tentativa de aproxiutagio deve aide coms dignidade ¢ respeito com respeito, Vooe info precisa fiear entre os hopis para descobrir este problema. Voot pode ter ama exporiéneia completa do assunto, quando pede para fotografar o casamento de wm amigo ou um culto religioso na sinagoga local. jf eafrentet tal problema ao fotografar para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos os Tavindoses amish * do con- dado de Lancaster, na Pensilvania, A fotografia era recebida com ‘grande hostilidade, embora fosse importante para completar este estudo, Visitei 0 bispo amish do local, um lavrador {doso notdvel. | Expliqnet meu problema, salientet o valor e a natteza importante | de meu estudo, que era registrar & mais rica cultura de lavoura [na América, como um documenta para a histérla e a pesquisa, © Amish, membros da stowlo XV CI. T.). igoross sella ext dog menunitas, fondada v0 | Genie \ | FOTOGRAFANDO A INTERAGKO SOCLAL 63 © bigpo een hospitaleire, poréin, irredutivel, “N&o leve w mab, f Iho, Nao 6 que no sejamos amistosos em relagio ao seu trabalho, Apents, nfo podemos ajudé-lo a construir imagens esculpidas dos homens nm pecado contra Deus. Mas & ébvio que voce jé esta erdido com esta cfmara, assim nfo nos preocupamos com sua alma, Va andando, filho. ‘Porém, quando nos © vitmas, nos des- viaremos!” Inclubitavelmente, 0 bispo contou A sua congregagio quem era eu © 0 que eu estava fazendo, Achei os amish cordiais, mas eles Viravame @ rosto, Com esta comprecnsiio, eu fotografei as de agricultura © também a interagio social. Quando ex quando cu a erguia, se eles baixava minha chmara, eles sor aie vissem, viravam-me as costas. ste problema de abordagem pode set examinado em dots nivols: pesquisa no dominio piiblico © fotografia de lugares sactos privados, Em cada cultura h& atividades abertas ao piblico em gral, e circunstancins da vide que si0 consideradas completarnen- te pessoais. Quando uma situagio defen de ser piiblica, € wma cireunstaneia culturalmente determinada, © que voce pode fazer com uma cAmara a 6 metros de um individuo, © 0 que oe pode fazer a 1 metro ¢ meio, pode mudar muito de uma cultura para outra, Cada cultura estabelece st: distincia, Podemos nos referir ao estado de Edward ‘T. Hall, The Hidden Dimension (1966), para um ested das distingdes cul- quanto A utilizagio do espago. Os Iatino-americanos sentem freqiientemente a necessidade de tocar (contato fisico), quando falam. Os norte-americanos, por outto Iado, geralmente acham 0 toque repulsivo, exceto em termos muito intimos, ov entio, entre sex0s diferentes. Movimentar-se entre as pessoas com uma edinara esti sujeito a estas mesmas sensibilidades. Um pequisador experimentado de campo poderia por em diivida 9 prationbilidade de nossa sugestio de ura pesson nova no lugar ficar em frente a igreja e registrar a entrada e a salda de cada pessoa. Certamente, se vood realizasse isto de mancira mecanien e agressiva, provavelmente voc’ serla impedido. Pot outva lado, as igrojas so locris de prestigio na maiorie das co- anunidades, Os natives tém orgutho de suas estiuturas; elas re- presentim 0 tipo de local onde os nativos gostariain que vor’ t oA ANTHOrOLOGIA Vistar { Imtesse oma fotografia, se vor# fosse wm turista, Em wine pequenn { commnidade, depois do culto teligioso, ha getabnente uma for- | magiio espontinea de grupos, quando as familias deixam a igreja. | Algumas Fotografias da igreja que incluam n congregacéo seria tudo @ que voet necessitarin para mma pequenina amostra dos L grupos que mantém a igreja Por outro ado, sev extn & uma questio intehamente diferente. Fstudes deste tipo esti registranda quem vai aos hares, que consiar de vistas de grande aleance de suas que inclunm a ntrada dos hares, ow as fotos tém que ser batidas om determina: dias noites, guanda houver muitas pessoas nas runs, de myancira que os freqientadores dos hares sejain apenas uma pario dy amos. no fate de es sentivony cf conte, patra os anengin unt ath an pertar « hostilidade \ © que pibien, pessoal © amoacador se toma antihmente jive | portante, quando consideramos 0 feerhack de fologralias de téria. Ervos de discernimenly em mostrar Frtogea- fias a algném podem causne mais explosties do que qualquer outta falha de protecole na estndo da comunidade. Un excinplo perigasn de feedhack imprdprie foi 0 empreyo \ numa entrevista de fotografins da Festa do iate clube que haviam ilustrado to bem a estrutvya de classe, Como foi deserito, para & obtengio de insights das relagSes interpessoais, o investigadar teve que trabslhar com um mativo para, através das fotos, identificar as pessoas ¢ localizétas como participantes do baile no iate clube. Para sua satis{agao, ele nfo teve problema ao obter as entyevistas compentadoras baseadas nas fotngrafias. De fato foi uma ava Janche de convites: “Vevhia e traga as fotografias do iate clube”. Todos na cidade qneriam ver as fotos daquela festa tio falade Mas, subitamente, 0 excesso de cordinldiade transformou-se em hos- tilldade, ¢ o investigador e eu, como Fotdgrafos do projeto, fomos duramente criticadas. Logo perdemos nosso investimnente de boa vontade, Estava claro que tinbamos cometide wma gafe. Nosso erro era Sbvio, pois a projegao das fotografias da festa tinha auxi- Hiado © incitade os mais maliciosos mexericos na comunidade. Foi um erro infeliz de titien mostrar todas as Fotografias ao pidblico FOPDCRAVANDO A NEAT Shetar w ndiscriminadameute. Provavelinente a série toda deveria ter sido | | pestada apenas a0 nosso informante de confiangs, ge wo Flanl | dew-nos a mais completa interpretagio do acontocido Esta experiéncia sugere um procedimento seguro € pritivo, ¢¢ Fotografias obtidas no dominio pilblico podem ser exibidas no dominio pitblico, Fotografias obtidas em circunstincias privadas deveriam ser cxibidas somente ds pessoas nestas circunstdncias, A: fotografias de uma familia podlent ser mostradas proveitesamnente { & prdpria familia, porém, ynnen a outras familins, nem nesino | amigas. Uma excegio passivel serian os retyatos mais on menos formais, tirados para reprosentarsm a imagem pttbliea aceita, geral, as anotagies fotogrifieas devem ser tratadkis da mes} Ja maniien que ns ontras anotagies de pesrisa de campo, Ma-/ terial obtide em segsedo deve ser mantide em segredo, pore [6 wn afo da maior confianga para wma familia deixé-lo rogistrar | ha vidh particular dela, 1 1 1 reter consigo as domonstragies de boa vontade das pessoas e scr considerade pelo antropélogo parte integrante do pro» to da pesquisa étien, e por isso, naturalmento, cle fdiante of objetives da pesquisa com honra e discrigao. Julgamos que wen das tacelas profissionais do investigador & deixar a porta aberta para quando vollar, assim ele pode retornar e ser bem- vindo tantas vezes quantas forem necessérias para completer son esha, Geralmente, 0 suvesso do estudo de campo depende da & generosidade da cultura nativa Nuina ocasido, tive a ineumbéncia de registrar uma platura Se arcie. (sand-painting *) dos navajos, porém os eantores navajo: nig colaboravam como homem branco qe portava a. chinara, © comercianto Roman Hubbel de Ganado cstava strpresy ¢ dik vertido com 9 que ou considerava tun dilema, “Par que voce xii compra um quadro da corimBnia? Teto ¢ que os Havajos fariam. Com quem voot csteve? Afinal de contas, voo! ufo poderin esperar que um dos sens amigos brcos o admitisse cosno cotega ni0s seus fratamentos médicos”, A solugéo era tio simples enn fora cionats. 16 ron, tne cos pitilicas cm enti OF Sond printing — Desenho de Figura do com espargimento de areia seca ecole idles c curandeiismas CN | | 60 ANTMOPOLOSIA VISUAL, Nio tivemos nenine difieuldade em comprar ama pinture de areia que nos convinba, ¢ uma ver feito 0 neydcis, 0 terror de peri gos inagicos dimfania espantosamente, Com sina total colaboragio, nibs fotografamos eada passo da cerimdnia e fomos conviclados a x gistrar detathadamente 0 contetido do pacote de remédios do cantor. Na maioria das vezes, impde-se um modo cortés dle se realizar documentagio. CAPITULO VI Entrevistando coin fotografias Que valor tem entrevistar com fotografias? H4 a singular van- tagem de outros insights que seriam impossiveis de so obter através de owtras téenicas, mas hé também, om geral, 0 apoio de entro: vista com fotografia, Um breve resumo das cxigéncins que impbe cesta metodologia sien nos ha de mostrar onde ¢ como interroga’ native cons fotngrafins ¢ consegitir assim reunir os dadlos ¢ amen: fay sine compre O primciny obstéculo bisieo a veneer para a entrevista & entrar cam casa do nativo, Isto supéie que sc apresentem razées para a Visila, Requer que voce indique sxa missio, explique por que Tax, as porguntas e aborde o ponto principal de sua pesquisa. Cer- iamente, algumas vezes vooé hé de confundir fungio © objetivo € eatrevistar somente através de conversa amistosa e hibil. Mas na pesquisa de uma comunidade maior isto é difieilmente prati- civel, pois todos sabem algo sobre voce, de gialquer maneira “Vood é um daqueles sujeitos da efdade universitéria que estio fazendo todo tipo de perguntas pera certo estudo”. ‘Uma vez que vocé estabelece o contato, © problema é fixar-se a esta circunstincia e de algum modo fazer com que o nativo goste de sun visita. Se cle pedir a vocé que fique, que aceite um pedago de holo ¢ wma xicara de eaf6, sinta-se como se fosse voce que tivesse feito isto. Entio, surge o problema de que geralmente, hia primeira visita, o favrador disse tudo 0 que devia dizer, ou pelo menus assine pens, © Flea deseoncertady se Youd sigere ina se- nda entrevista. Mesmo quando vooé & bem-vindo na volta, o Javendor pole desistir, quando voc comegar a questioné-lo. "“Con- loisthe tudo sobre isto na siltima vex.” As vezes, elo se torna mal humorado ¢ entio esta terf sido a sua iillima entrevista. Pe » AvrRoroLDGtA. vseas leilso, “Come pregador, eu no deveria falar assim; porém, seria preferivel que aquele homem matasse a mulher a deixar que ela 6 trate da mancita como faz! A esposa dele sai com todo homnem devasso na comunidade,... Ve aqueln garota? Ta esti gravida = — Ku sef quem 60 pai...” Apés essa inter mpgin emacional, et trovista madou completamente e, com palavias fnflamadas, 0 mis nistro nos dew tums imagem hem desconecrtante desta comunidad . ear tradicional Assim, de um modo geral, as Fotografias funcionam como os © processo da evidéncia néo-verbal quadios de apercepgio temitica, s6 que as histérias contadas si sobre circunstdncias reais que cnvolvem pessoas reais Transformar o conteyido das folografias ein dadas estatisticos © serbats significa converter a evidéncia da descrigto grifiea em depoimentos qe se podem tomar parte do conjunto verbal dos ' datos © da conclusio. Quer analisemos as fotografias através de | um estrdo dircto on através da interpretagio de foto-entrevistas, aie conseguisnos completar a pesquisa com a ciara fotogrAfien, amends que possamos deixar as fotografias dle lado em nosso re- " Jatério final, Esta parte de nosso estado que nao foi interpretada ' desta maneisa fie como ilustragio, nfo como conchisio. da pes: . 6 guise Pode ser uma decepefio para o fotdgrafo sensivel que di grande importineia a qualquer nuanga de sew trabalho. Foi umn chogne para mim, quando, na minha primeira tarcfa de pesquisa antropolégica, ew soube disto pelo dirctor do projeta! “Voce sabe. John, disse-me ele, quando vooé no fim apresentar os resultados Imente a publicagiio nfo ter fol, de eanceridnets dliss, A Tinguagom: de stsorings celta A exprrincia pritica © processamento do contetido foto, gréfico & ame transi Sonamentel que toma Postivel pensar mais em termos de dados slo que em imagem ilustrativa, Voeé pode observer ae fotogralies neessantemente © née chegar a unin base factual, a se realize algom processo sistemitico de abstragho. O Brimetra passo de abstragio 6 obter um investério, Que dados voet tem'O que a cdmara testemunbou? Fetes Pergirntas podem ser feitas indefinidemente. Antes de voce fuser une he Visio do seus registros, tudo que voc tem & ana membrig, ya risio penctrante do. que aetotceen. Vac pute ofservay sus fee Srafias como se Fossem umn verifiengio di mene, mvc devetn cansieray ua efimara fotogrética coin wn disparity de contrake, dius Ihe fomece uma sstabilizacio posterior dle experience ea Raramente voct sabe 0 que contém os segistias de sin ntmen, © els por que sort infefa de um modo metédlico, Bm clos procestos mais significativos em avallagin fotogrfier fa sttecto de vacisveis que voce entende rastre pelos registrns fotograficos. A incapaeidade de reconhecer esses inucos Freniien- femente faz com que a tarein de camputagio se tne tin eam nao ser que estudos fotogri- | refered experiéncia}, 100 ANTROPOLOGIA VISUAL plexa, que redinda nism emperho contraproducenta, Estas vari teoricamente tio significantes ma anilise de conteiido, sie determinadas no inventério exaustive, cm que certos fendmenos marecem em quantidades suficientemente grandes para possibili- farem a concretizagio de instrumentos estatisticos, ou onde a ter-relagiio de certas varidveis parece ter wn significado conside- rive sogundo paso vai aléin do inventitio e comeca a construir estruturas. categéricas, servindo-se. do material classiticado. Vocé faz, julgamentos baseados em mimero de operagées. O julgamento mais palpivel 6 baseado em diversas quantiades de elementos visuais, ecoldgicos, de agripamentos sociais, de bens culturais. O eSleulo estatistico freqiientemente fomcce os primeiros resultados extogdricos abtidos dos documentos fotogrificns cortas caracte n pole. F nica determi estydo cultural, Kin arqueolog tram chassifieagin «a ied ele 0 os aspectos cstilsticos também sio uma ase vida para dife agi slementos ientifien elarainente a renciagio, A presenga de ccrtos elementos i influgneia cultuial. Assim. tambxin em vin estle do Fendienes sicoldgicos numa circunstivicia cultural, as variévcis comportamen- tins, pouens, podem servir ennwy win fndice considerdvel da pre- senga ow auséncla de tensio, Seria tambéam o caso em estudos de aculturagio. As varidveis limftadas podem parecer medidas ding, nosticamente importantes dle mudanga cultural, “Conte o némero ‘ons com sandilias ¢ voce ter& contado 0 niimero de Indios ada fe clo pess pederia provar a verdade em uma detern HA ainda um outro nivel de julgamento que deriva da corre: Iagio de variévels de atividade, Onde como aparece freqiiente- inente um tipo seleefonado de comportamento? Uma anilise destas varifveis 6 um estirdo dos elementos selecionados do conteGdo fo- togrifien, © voce pereehe que cles fornecem wma compreensio profanda para seu campo de pesqrisa ‘As vategorias simplificadas, sob as quais se pode ann docunentiio fotografico, para uso geral ou para reserva, podem ser inadequadas pnra uma avaliagto mais apurada cle aspectos de- ica¢dio © comparagio de varidveis organizar alhaclos para wna rapida vi comportninentais, tais como proporgio espacial ¢ postura, Para se (© Fnocesso DA evipiNciA NAO-Venat, 107 isolarem todos os fatores, requer-so um tipo exaustive de deme tagio. Esta imultiplicagio do documentagio de materia! fotografie pisleria toma-se incrivelmente embaragosa e financciramente in possivel. O sistemna de cartdo de MeBee fornece urna solucio ideal. Une vez que a anélise de contedido tenba transformado as vi~ ridvels de pesquisa, um estude posterior pode ser realizado dire tamente com a eSpia do documento cronoligico, ajustando-se os contatos ot as céplas de contato diretamente aos carties. Qual- quer niimero de variéveis pode ser rapidamente extrafdo do do- camento prinespal, furnndo-se os cartes para se soltarem todos os contatos que a varidivel possta. Isto permite um estudo dos clomentos especializados na documentacho, sem perturbar 0 eon texto da experitncia ambiental cronolégica. Isto protege contea mia fallin comm na pesquisa fragmentada — a perda de vista do todo, Recorremos § fotografia primeizamente num esforgo de obter uma visio total. Seria eontrapradiconle perder esta visio pelo proceso de abstengio, Um tereciro passo para se transformar a imagem visual em iclusio cicntifica € condensar a evidéncia encontrada dorante anilise total ou transiormar as variéveis em qytadros estatisticos, tabelas e diagramas. Este ¢ um outro objetiva de nosso proceso } do computagio, que nos permite ter uma visio dos dados Soto- | geificos, em termos estritamente numérieos ¢ em forma de dine gramas. Quando alcangamos este ponto, podemos tranqtiilamente transportar nosso material fologréfico para a documentagiio cien- tifien do antropotogia O contetido intangivel: um segundo nivel de dados encontrados em fotografias antropoldgicas A utilizagio segura de dados verificadas cin fotogri a divisio do conteddo em duas entegodas distintas © 1 para processar cada uma destas Areas. Se isto nfo for Feito, qual quer uma das duas consegiiéneias igualmente desastiosis posto surgic. Por um lado, 0 que & rctirado das fotografins pode tornar= se terrivelmente Jimitado, quando se procma uma eonfonnidade com o conceito de comparatibilitnde cientifien. Por onto Into, pe 108 AMMOTAL.OGIA “SUA, demos fentar utilizar nossa rengao global ao conutesido da fotografia, como uma fonte de dados, porémn, sem base de controle, isto po- deria produzir uma demoustragio altamente improssionista, que encontraria pouco Iugar numa conclusio cientifica, Para fagirmos também A casualidade, devemos definir os niveis 2 de contesido. Um nivel, que classifico como palpivel, tem a ver diretamente coin a cultura material € as dimcnsées soctomélricas, S, wna série de fotografias devidamente relneionadas, com a ordem de ocorréncias ¢ a mudengn nas relagdes espaciais, Disouti- mos este nivel detalhadainente na primeira metade deste capital O segundo se ocupa dos efeitos das possibilidades materiais e soci métricas, assim coma dos efeitos de grande némero de pressies imperceptiveis da cultura e do meio ambiente ei goral, No easy de nossa pesquisa, os efeitos de répida mudanca social poderiam lser_ uma ordem de contetido particularmente significante enco: ftrada neste segundo nivel Neste nivel heterogéneo, consideramos os artofatos da eul- tura, enquanto resultantes do ritmo de vida de cada familia, ou tentamos relacionar o esquema material das easns & fungio de cada fruntlia. O problema sério da interprotagao cientifien esté ent avaliar @ descrigio factual dos artefatos edo arranjo sociométrico, 8 em aeguida, afustar estes dados assimilados a. nm juizo equili brado de significdncia global destas partes parn o significado total da existéneia de cada familia Metodologicamente, temos duns manciras de pyroceder. A. pr meira 6 uma avallagio bastante mecinica e dircta dos elementos materiais ¢ ajustes culturals. A segunda & uma relagio de nosso sentido do padrio geral da cultura familiar com todos os niveis de dados aproveitévets da pesquisa, Esta correlagio raramonte Pode ser felt por qualquer cstimativa ou avaliagio controlada, mas sim através de fulgamentos que podem qualifier o caréter visual de cada familia fotografada. Para conclusies globais de pesquisa, 0 plano de estudo de- verin acomodlar estes dois niveis de signilietncia, O primeiro nivel lo dados nao apresenta maiores problemas. Pode ser computado jeulo bmparcinl pela avalingia © identifiengio de esque as visiveis de cultura material, ¢ pode facilmente ser waduvido fietneia eslatisticn. O segimelo nivel, que deve contar a evidéncia de cultura’ e personalidad, apresentase de a mais Ia 109 9 mitocesso pa mvupfinera wKoov um mode mais ot menos nebaloso, que 6 um desafio para a eum: prcensio cientifica. Muitos antropélogos tentaram utilizar o toqne de cultura que se sente presente era fotograflas, Uma experléncia comitm & aquela ‘em que 0 aéervo do fotos frastra a velidez delas através de algun dlos sistemas controlados, em que outros dados Tnmanisticos po- dom ser avaliados, Quando este descontrole € descoberto, a ten- dencia nio & o emprego de dados fotogriticos. Possivelmente nilo haveria sta rejeigio se a qualidade total da oportunidade foto- grifien Fosse explorada para este fim. © processo de sintetizar, isto é, a fungin da intnigio na com- pirenstio humana, nao é certamente rejeitado pela ciéncias na ver~ dade, a cigncia depende muito dele, A funcio de controle @ ava- lingo, onde eles podem ser planejados, é fornecer verificagbes e testes para moderar e racionalizar a trajetéria do pensamento, Niio valorizamos 0 “sentido” que 0 antropélogo vai dando ao cn- rater de cada cultura com a qual ele trabatha? Este é um sentido subjetivo ¢ thtultivo; nao € contralada nem invalidado apenas por- qr cle vat nocessarfamente aléin da consideragin dos fatores qe podem ser controhidos © verifieados. Qual & 0 valor da reagio do investigador & interagio com 0 grupo que esté cstudando, totalmente & parte da sna tarefa de administiar testes © obter informagiio especificata, ow hater uma série de fotografins? Nelo € uma interagtio a base de insight pos- soal, ¢ una posstcel fonte de interpretagio de qitestionsrios, testes © Fotografias? Qualquer meio de julgamento dos fenidmenos cul. turais, empregado dentro da estratura de um estnda, parcee de grande importincia. Se isto pudesse ser verdadeito ¢ aplicivel, ontio também o cariter de cada série de cstudos fotogedficos sobre a familia se- ria de igual importincia. Porém, como sueede com as fmnpressios de pesquisador de eampn, as dacumentagies fotogréficas compos- tos aperam em inn nivel diferente e tém uma frngéo diverse da quela da massa de dados controléveis sobre 2 qual as cimelnsties dg pesquisa se apdiam mais formalmente. Reahnente, nie b& grande probloma em ul togralins on séries de fotograting em nossa pesqsa, se jul incorporickis a metodalogna, & dessa Torn pode ser ¢ serf devidamente utilizado. rar todas ag fos ® 0 ANTHOPOLOGA visttaL Como podemos utilizar todos os aspectos iio palpiiveis das J fotografias, como 0 que véen, por cxemplo, numa foto dramé. ica de_uma akdeia de pesca, rodeada de penhascos, numa ten- pestade? Contar as casas? Desenhar uma mapa esquemético da Cidade? & claro que assim no se aproveita a riqueza de contetide obtido em um registro deste tipo. O meio de se atingir esse obje- tivo esté. na qualidade emocional da imaginagte. Emocional para quem? Para o investigador? © problema que a fotografia eolocn & este: quais as atituces dos Tishitantes do pavoatlo cm relagio a esta cong riistion? A roe posta de mn peseador poderia ser mito diferente da nossa “Tempo das grandes Ingostas! Una tipica tempestade de ontono. Quando o vento e as Aguas do mar se acalmarem, langaremos nos S08 coves para a pesca da Iagosta”. Ou: se ufo fusse de vez cm quando uma hoa rajada de vento, © governo jamais veparatia nnsso qnebra-mar”. Por outro Indo, num depoimento, outro pesendor po- deria confessar wm medo do mar que o persegsim por toda a vida, Ou a mulher de um peseador poderia revelar o pavor qne a domina por toda a vida por causa dos “noscos snaridos or alto-inar.” Num outro extremo, wm voterano podesia expressar sna afeigio sofisticada pelo vento © pola Agua agitada. A fotografia estimulante pode ser uma chave para o ethos de wm povo. Através da folo-enteevista, pademas dloscobriy es temores, as crengas anks- ticas © os valores estéticos da cult Vina segunda explicagio leva este processo de de potice mais adiante. Da mesma maneita como o informante native pode ser entrevistade, socidtogo também pode st-lo com dads palpaveis on nfo. En 1958, Margarcth Mend desereven-me como cla seconcu A utilizagio ciontifica de fotografins parn o estude do desenvolvimento da erfanga. O grupo a ser pesquisads sentou- se a uma mesa redonda, que estava repleta de um grande némero de Fotografias de wma area especializadia da pesquisa. As fotogra- figs davam uma abundante seqii@acia de imagens. O grupo apre senlaria suas impressbes, informado e estimulnds pela eviden miltipla, e freqiientemente apareceriam novos conceitos e corre- tagties.? 2. Inforne pessoal ‘0 PnOGESSO Da EVIANCIA NAO-VEIWAL mM ‘Ao considerar tal interpretagio, posso ver que o aspecto dt saturagio da evideneia fotogréfica stua como sna propria Inga controladora, que oferece uma visio estdvel de agio © eomporta~ mento, ao contririo do filme; exceto neste caso, a cobertnra tem poral seria cousideravelmente mais ampla do que nam filme de- talhado. Poss apreciar que Margareth Mead procurava uma ea racterizagio precisa de comportamento, que pudesse ser obtida icnas através dle um inventirio extensivo da personalidade e de una amostra de tempo igualmente expansiva, O feito psicolégico do observar intensivamente uma grande quantidade de fotogralias Jacionadas & que elas se sobrepGem @ imagens pouce caracte- nisticas. Entretanto, podem ser reconhecidos modelos tipicos de comportamento ¢ de meio ambiente. Paul Byers (veja caps. 4 e 5) aplicou esta técnica a wma metodologin de ago, onde 0 fotigralo faz. registros Intensivos pre~ elsamente para pesgitisa, e conduz uma série organizada de foto- -dados que pole ser cmmpregada para uma andlise extensiva no laboratério, O método depende de “grande mimero de fotografias do fatos de interagio para a documentagio de rudangss minimas ‘ou diferengas, que podem ser decisivas para uma andlise dle fatos num nivel mécrocultural, porém que nao poderiam ser observadas com precisio sem o uso de uma cfmara” (Mead, 2943, 178). A »-compreensiva ¢ inlensiva de Byers, aprosentadt de organizada para observarlores especfalizados, poderia ter 0 mesmo efeita da visio geral reatizada peta Dr. Mead, porém, mn nivel cstenturacto, Mais uma vez, a antenticidade vitia da totali cde da amostea fotogréfica, poréin, 0 conjunto de registros antro- poldgicos de Byers poderia’ ser empregado para tevar adiante proceso analitic. A peeuliavidade desta téeniea & que os registros de episidios micro on macroculturais invariavelmente contém impresses nie palpfvels ¢ passageiras, que nfo podem ser simplesmente nanie puladas por uma andlise estrutural sistemtica. O emprego do for fografias, desde modo extensivo, pore dar ao antropélogo novas fipressGes auténticas © empiticas que produzem insights que, se ontra maneira. poderiam ser obtidos apenas rctomando 0 autre pologo 2¢ campo de pesquisa.

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