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Boris Kossoy Diveitos reservados © protegidos pela Lei 9.610 de 19.2.1998, F proibida a reprodugio total ow parcial sem autorizagio, por escrito, da Copyright © 2001 Baris Kossoy eed Ata, 1988 Ded, Atelié Exitorial, 2001 0, 2003 Dod, 1H reimpees Dados Intemacioais de Catalogagio na Publiagio (CIP) {Cimars Brasilia do Live, St Beas 0, ory 1941 Fotografia 8 Histia/ Boris Kossoy. ~ 2. ed rev, = Sig Palo = Atclié Editorial, 2007 Bibliogatia ISBN’ HE-7480.060.0 1. Fonograia — Mistdvia 2. Fo documentaria 1 Taal fis onams cpp.7709 Indices para cadloge sstemitico opin: Historia 709 Dirstos reservados & ATELIF EDITORIAL FR Manuel Pereira Leite, 15 4709-280 ~ Granja Viana ~ Cotia ~ SP Telefax (11) 4612-9666 www.ateliecombr — atle-editoriat@uol.com.br A memoria de meu pai Durante séculos o homem serviu-se da camera obscu- 1a, instrumento que o favorecia para desenhar uma vista, uma paisagem que por alguma razio Ihe inte servar a imagem, A imagem dos objetos do mundo visi- vel, formando-se no interior da camera ~ em conformi- essou con- dade com os preceitos da perspectiva renascentista -, podia ser delineada e, de fato, viajantes, cientistas e artis- tas fizeram uso do aparelho, obtendo, sobre papel, esbo- 08 e desenhos da natureza'. Coma invengio da na camera obscura ja pedia ser gravada diretamente pela agio da luz sobre determinada superficie sensibilizada quimicamente. Apesar ce 0 proprio tema “desenhar si mesmo” (nesta superficie) mantendo clevado grau de semelhanca na sua “auto”-representagao, 0 artista nao se tografia, a imagem dos objetos a 1, Sobre a historia da camera obscura, ver, entre outros autores, Helmut Gernsheim & Alison Gerrsheim, The History of Photography from the Camera Obscura to the Beginning of the Moder Fra, New York, McGraw-Hill, 1969, pp. 17 © ss 35 BORIS KOSsSOY viu dispensado de reger 0 ato; de comandar o proceso de 0 que tinha em mir: representagio visual de um trecho, um fragmento do real. Toda fotografia tem sua origem a partir do desejo de um individuo que se viu motivado a congelar em imagem um aspecto dado do real, em determinado lugar e época. Em ambas as situagdes ~ antes ¢ apds 0 advento da fotografia ~ o homem buscou destacar do mundo visivel criago com o objet obter uma um fragmento deste, cuja imagem, tal como se formava na camera obscura, se destinaya a ser materializada sobre um dado suporte, seja na forma de um desenho, seja na forma de uma fotografia. O homem, o tema e a técnica especifica (esta, por mais avangada que seja) so em esséncia os componentes fun- damentais de todos os processos destinados & produgao de imagens de qualquer espécie. Assinalei em outra oportunidade: o cendrio natural que abrange desde o infinitamente grande até o infinita- mente pequeno, a natureza pura ¢ a natureza recriada pelo homem (modificada pela sua intromissio), 0 homem em si mesmo ¢ suas intimeras manifestagdes € atividad constituem a esséncia do “visivel fotografico”. Sao os Ss componentes tr jonais, da paisagem e dos vestigi da acao do homem, que serviram de quadro para que um certo fotégrafo efetuas: registro sobre o plano bidimensional do material sens (daguerredtipo, chapa timida a colédio etc.). A imagem do real retida pela fotogeafia (quando preservada ou re- produzida) fornece 0 testemunho visual e material dos através da camara, o devido vel 36 FOTOGRAFIA E HISTORIA fatos aos espectadores ausentes da cena. A imagem foro- ifica é 0 que resta do acontecido, fragmento congelado de uma realidade passada, informagao maior de vida morte, além de ser o produto final que caracteriza a in- tromissao de um ser fordgrafo num instante dos tempos* ‘Trés elementos so essenciais para a realizagdo de uma oassunto, o fotdgrafo ¢ a tecnologia. Sao es- {es 08 elementos constitutivos que Ihe deram origem atra- fotografi vés de um processo, de um ciclo que se completou no momento em que © objeto teve sua imagem cristalizada nia bidimensao do material sensivel, num preciso e defini- do espago e tempo. produto final, a fotografia, é portanto resultante da ago do homem, 0 fotdgrafo, que em determinado espago e tempo optou por um assunto em especial e que, para seu devido registro, empregou os recursos oferecidos pela tecnologia, Pode-se estabelecer, 1 partir das consideragdes acima, 1 formulagao: ASSUNTO/FOTOGRAFO/TECNOLOGIA FOTOGRAFIA elementos constitutivos produto final ESPACO E TEMPO coordenadas de situagao Doris Kossoy, “Elementos para el Desarrollo de la Historia de la Foro syrafia en America Latina”, Memorias del Primer Cologuio Latino americano de Fotografis, México, Consejo Mexicano de Fotografia, 1978, p. 21. 37 BORIS KOssoY — que seria a esséncia do fendmeno fotogrifico, pois sin- tetiza 0 proceso (0 ciclo completo) em que uma fotogra- fia teve origem’, Assim, os elementos constitutivos: ASSUNTO tema escolhido, o referente fragmento do mundo exterior (natural, social ete.) FOTOGRAFO autor do registro, agente e personagem do processo. materiais fotossensiveis, equipamentos ¢ técnicas empregados para a obtengio do registro, diretamente pela acao da luz, ~ as coordenadas de situagao: ESPAGO geogratico, local onde se deu o registro. 3. Este modelo, onde se busca a esséncia do fendmeno, coincide em muito ‘com 0 de Joan Costa. Ver Joan Costa, El Lenguaje Fotognéfico, Madrid, ter Europeu de Ediciones y Centro de Investigacion y Aplicaciones de la Comunicacién-CIAC, 1977, pp. 14 ¢ ss, Costa em precnde sua anilise situando-se a0 “nivel da imagem fotogrifica” (original ou reproduzida) e desta “parte retrospectivamente para chegar a sua génese, composta pelas interagdes entre a realidade vi- J sual, @ fordgrafo e a técnica Nossa anilise foi eentrada #0 ato mesmo da tomada do registro no espace e tempo, isto é, a “realida- de® do processo (que gerou a forografia) tal como ocorre sempre, et toilos os processos: © proprio fendmeno, A fotografia complementa ¢ decorre do processo, dele se desvincula ¢ passa a ter sua realidade propria, autonoma. Sobre este aspecto, voltatei a 38 FOTOGRAFIA E HISTORIA remo cronol6gico, época, data, momento em que se deu o registro. = © 0 produto final: FOTOGRAFIA a imagem, registro visual fixo de um fragmento do mundo exterios, conjun- to dos elementos icdnicos que compoem o centetido ¢ seu respectivo suporte; = siio os componentes (interligados) a serem detectados nos estudos histories especificos, pois constantes em to- dos os processos. O Processo e Seu Vinculo com 0 Momento Histérico Sao os processos unos em sua ocorréncia: sua uni- cidade sera sua condigao. Tal singularidade decorre da intersecgao de coordenadas particulares de situagio (es- pago € tempo), as quais se encontram, inclusive, mate- rializadas fotograficamente (pela agao do forégrafo). O ato do registro, ou o processo que deu origem a uma tem seu desenrolar em um mo- representagao forografica mento hist6rico especifico (caracterizado por um deter- minado contexto econdmico, social, politico, religioso, estético etc.}; essa fotografia traz em si indicagdes acerca de sua elaboragao material (tecnologia empregada) € nos mostra um fragmento selecionado do real (0 assunto re» 39 BORIS KOSSOY xistrado). Outras consideragdes quanto aos componen- tes assinalados se fazem, ainda, necessarias e se seguem. Através do diagrama do Quadro 1 tém-se a génese da fotografia, isto é& 0 momento preciso de sua materiali- zagio documental, A Fotografia: Matéria e Expresso Uma fotografia original, assim como qualquer docu- mento original, no se constitui apenas de um contetido no qual as informagdes se acham registradas. As informa- {Ges expressas nao existem desvinculadamente de um su- porte fisico (refiro-me, obviamente, as técnicas forografi- cas tradi jonais). No caso da fotografia, esse conjunto de informagGes nao existiria sem as condigdes técnicas espe- cificas que possibilitaram seu respectivo registro. A foto- grafia é uma representagio plistica (forma de expresso visual) indivisivelmente incorporada ao seu suporte ¢ re sultante dos procedimentos tecnolégicos que a materia~ lizaram. Uma fotografia original é, assim, um objeto- imagem: um artefato no qual se pode detectar em sua estrutura as caracteristicas técnicas tipicas da época em que foi produzido, Um original fotogeafico é uma fonte primaria, Ja em uma reprodugio (que, por definigio, pressupde-se integral), seja ela forogrifica, impressa et realizada em periodos posteriores, serio detectadas, ob- viamente, outras caracteristicas que diferem, na sua estru- tura, do artefato original de época. Uma reprodugio fo- 40 rogritica .cumental da imagem gio dos © Ato do Registro Fotografico y i E é ESPACO emo) i eigen i 2 é FOTOGRAFO (cute) I Il 1 ! 1 + IMAGEM FOTOGRAFICA, BORIS KOSsOY togrifica — qualquer que seja seu contetido ~ remete a um objeto-imagem de segunda geragio, mesmo que sejam empregados em sua confecgao procedimentos tecnol6gi- cos analogos aos da época em que a foto foi tomada. Uma reprodusao 6, pois, uma fonte secundaria © objeto-imagem de primeira geragao ~o original -é essencialmente um objeto museolégico, ¢ como tal tem sua importancia especifica para a historia da técnica fo- tografica, além de seu valor histérico intrinseco, enquan- to 0 de segunda geragao ~ a reproduso sob os mais dife- agio do conteddo (particularmente quando publicado), fundamentalmen- te um instrumento de disseminagao da informagao hist6- rico-cultural. D. cia da organizagao de arqui- ‘onotecas destinadas a preservar e difundir a meméria historica. E em fungao. dessa multiplicagao da informagao que a fotografia alcan- ¢a sua fungao social maior. rentes meios ~ é, em fungao da multipli a importa vos sistematizades de iagens: O Fotégrafo: Um Filtro Cultural A cleigio de um aspecto determinado — isto é, selecio- nado do real, com seu respectivo tratamento estético -, a preocupagao na organizagao visual dos detalhes que com- poem o assunto, bem como a exploragao dos recursos oferecidos pela tecnologia: todos so fatores que influi- rio decisivamente no resultado final e configuram a atua- cio do fotégrafo enquanto filtro cultural. © registro vi- 42 TOGRAFIA E HISTORIA sual documenta, por outro lado, a prépria atitude do | fotSgrafo diante da realidade; seu estado de espirito e sua | \deologia acabam transparecendo em suas imagens, par- | ticularmente naquelas que realiza para si mesmo enquan- | to forma de expressiio pessoal. Desde os primeiros anos da década de 1970, em nos- sas aulas na Faculdade de Comunicagao Social Anhembi, ‘em Sao Paulo, e através dos primeiros artigos, procurdva- mos chamar a atergio para o “entrelagamento ideal do’ conjunto fot6grafo-camara-assunto”. Buscavamos enfa- Liar que diante de idénticas condigdes (mesmo assunto € tecnologia) havia os fot6grafos que produziam imagens que em qualquer época seriam consideradas importantes) ¢ definitivas, e outros que produziam apenas imagens. O objetivo primordiel era o de ressaltar © papel decisivo que bagagem cultural, a sensibilidade a criatividade po- dem imprimir no resultado final’, O Tempo Interrompido ¢ a Segunda Realidade “O mundo exterior nos fornece um campo continuo indiferenciado de fendmenos que animam permanente- mente 0 campo de nossa retina com impressbes cuja ca- racteristica é serem continuas [...]". 4. Ver Boris Kossoy, “A Chave do Exito”, © Estado de S, Paulo, 3 mar, 1974, Suplemento L 5, Pierre Francastel, A Realidade Figurativa, S20 Paulo, Perspectiva, 1972, p. 70. 4B BORIS KOSsoY ‘Toda fotografia representa em seu contetide uma in terrupgao do tempo e, portanto, da vida. O fragmento selecionado do real, a partir do instante em que foi regis- trado, permaneceré para sempre interrompido e isolado na bidimensao da superficie sensivel. Um forograma de um assunto do real, sem outros fotogramas a Ihe darem sentido: um fotograma apenas, sem antes, nem depois. Sem antes, nem depois; é este um dos aspectos mais fascinantes em termos do instante continuo recortado da vida que se confunde com nascimento do descontinuo do documento. A partir do momento em que o processo se completa, a fotografia carregard em si aquele fragmento congelado da cena pas ‘ada materializado iconograficamente, Se é possivel recuperar a vida passada, primeira realidade, e se temos, através da fotografia, uma nova prova de sua existéncia, ha na imagem wma nova realidade, passada,limitada, transposta’, Inicia-se, portanto, uma outra realidade, a do docu- mento: a (segunda realidade, auténoma pot exceléncia. Inicia-se um outro proceso: o da vida do documento. Este nao apenas conserva a imagem do passado, faz parte do mundo: “...cle pode mesmo ser forografado™” 6. Jean Keim, Lt photographie et "hone, Pais, Casterman, 1971 64 erifo mew) 1971, pe 7. Idem, p. 66. 44 FOTOGRAFIA E HISTORIA A Trajetéria da Fotografia Toda fotografia tem atras de si uma historia. Olhar para uma fotografia do pasado € refletir sobre a traje dria por ela percorrida é situd-la em pelo menos trés estigios bem definidos que marcaram sua existéncia. Em primeiro lugar houve uma intengao para que ela cexistisse; esta pode ter partido do proprio fotdgrafo que se viu motivado a registrar determinado tema do real ou de um terceiro que o incumbiu para a tarefa. Em decor- oato réncia desta intengao teve lugar 0 segundo estagi lo registro que deu origem & materializagio da forogra- fia. Finalmente, 0 terceiro estagio: os caminhos percor- ridos por esta fotografia, as vicissitudes por que passou, as mos que a dedicaram, os olhos que a viram, as emo- gGes que despertou, os porta-retratos que a emoldura- ram, os dlbuns que a guardaram, os pordes € sétaos que a enterraram, as mios que a salvaram. Neste caso seu contetido se manteve, nele o tempo parou. As expres- soes ainda sao as nesmas. Apenas o artefato, no seu todo, envelheceu. A Fotografia, uma Fonte Historica ‘Toda fotografia é um residuo do passado, Um. artefa to que contém em si um fragmento determinado da rea- lidade registrado fetograficamente. Se, por um lado, este artefato nos oferece indicios quanto aos elementos cons- 45 ico 20 estado das fontes fotogrificas a: esquema metodol iro 2. A fotografia ena igre ice ein tad en etic oid pete) antesAToFOTOGRARICO ‘esse e pte) ‘hale poads (iri dees food) ‘Shiga Tae FosTENSTONICA (sovtetnincmes) FOTOGRAFIA E HISTORIA titutivos (assento, fordgrafo, tecnologia) que Ihe deram origem, por outro o registro visual nele contido reine um inventatio de informagdes acerca daquele preciso frag- mento de espagoftempo retratado. O artefato fotografi co, através da matéria (que lhe dé corpo) e de sua expres~ sio (0 registro visual nele contido), constitui uma fonte caracterizado e percebido, pois, historica, Este artefato cnicas que lhe configuram pelo conjunto de materiais ¢ t externamente enquanto objeto fisico e, pela imagem que © individualiza, 0 objeto-imagem, partes de um todo indivisivel que integram o documento enquanto tal. Uma fonte historica, na verdade, tanto para o historiador da fotografia, como para os demais historiadores, cientistas sociais ¢ outros estudiosos. Assim, uma mesma fotogra- fia pode ser objeto de estudos em areas especificas das ciéncias ¢ das artes (Quadro 2). Esta concepgio esta sub- jacente ao longo deste estudo, ‘A Imagem Fotogeafica: Caracteristicas Basicas do Conteado Nessa altura caberiam algumas consideragSes quanto a0 contetido das imagens fotograficas em termos da én- fase que Ihes foi imposta pelos fordgrafos no passado. Toda fotografia foi produzida com uma certa final dade, Se um fordgrafo desejou ou foi incumbido de re- tratar determinado personagem, documentar o andam 10 de uma estrada de ferro, ou to das obras de implant: 47 BORIS KOSSOY os diferentes aspectos de uma cidade, ou qualquer um dos 0 ou outra demanda- infinitos assuntos que por uma ra ram sua atuagio, esses registros ~ que foram produzidos com: wna finalidade documental ~ repre entario sempre um meio de informagao, um meio de conhecimento, e contero sempre seu valor documental, iconogrifico. Isso nao implica, no entanto, que essas imagens sejam despi- das de valores estéticos. O grande fordgrafo Brassat (1899-1984) esclarece com lucidez este aspecto: A fotografia tem um destino duplo... Ela a filha do mundo do aparente, do instante vivido, e como tal guardard sempre algo do documento histérico ou cienttico sobre ele; mas ela é também filha do retingulo, um produto das belas-artes, o qual requer 0 preen- chimento agradavel ou harmonioso do espago com manchas em preto e branco ouem cores. Neste sentido, a fotografia teré sempre tum pé no campo das artes grficas e nunca ser suscetivel de esca par deste fato®, Neste sentido o tema é captado através de uma “at- mosfera” cuidadosamente arquiterada; imagens onde a informacao se vé registrada dentro de uma preocupagao plastica ~ uma estética de representagio que pode ser, por exemplo, apreciada nas fotos de Paris dos anos de 1930 do préprio Brassai, ou pela obra de André Kertész (1894- 1985), Henri Cartier-Bresson (1908), Werner Bischof (1916-1954), Eugene Atget (1857-1927), Ansel Adams (1902-1984), Manuel Alvarez Bravo (1902), Edward Weston (1886-1958), entre outros mestres, 8, Brassai, New York, The Museum of Modern Art, 1968, p. 13. 48 FOTOGRAFIA E HISTORIA A fotografia nao esta enclausurada & condigio de re- gistro iconografico dos cenarios, personagens e fatos das mais diversas naturezas que configuram 0s infinitos assun- toa cireundar os fotdgrafos, onde quer que se movimen- tem. A fotografic, por ser um meio de expresso indivi- dual, sempre se prestou a incursdes puramente estéticas; a imaginagao criadora é pois inerente a essa forma de ex pressiio; ndo pode ser entendida apenas como registro da realidade dita factual. A deformacio intencional dos as- suntos através das possibilidades de efeitos opticos e qui- micos, assim corio a abstragd0, montagem e alteragio visual da ordem natural das coisas, a criagio enfim de novas realidades tém sido exploradas constantemente pelos fotdgeafos. Neste sentido, o assunto teatralmente construido segundo uma proposta dramatica, psicolégi- ca, surrealista, romantica, politica, caricaturesca etc., embora fruto do imaginario do autor, nao deixa de ser um visivel fotogrdfico captado de uma realidade imag nada, Seu respectivo registro visual documenta a ativida- de criativa do autor, além de ser, em si mesmo, uma ma- nifestagao de arte. Testemunho/Criagao: O Bindmio Indivisivel Isto posto, retomo a colocagiio do inicio acerca da definitiva atuagao do fordgrafo enquanto filtro cultural: seu talento ¢ inte'ecto influirdo no produto final desde o momento da selegao do fragmento até sua materializagio 49 - BORIS KOSSOY iconografica. O testemunho que € o registro fotogrifico do dado exterior é obtido/elaborado segundo a mediagéo ctiativa do fotégrafo. & por isso que © testemunho ¢ a criagao s4o 0s componentes de um bindmio indivisivel agens fotogrificas. Qualquer que seja o assunto registrado na fotografia, esta também documentara a fotografia é, pois, um duplo testemunho: por aquilo que que caracteriza os contetidos das isio de mundo do fordgrafo. A ela nos mostra da cena passada, irreversivel, ali congela~ da fragmentariamente, ¢ por aquilo que nos informa acer- ca de seu autor. ‘Toda fotografia é um testemunho segundo um filtro cultural, ao mesmo tempo que é uma criagdo a partir de um visivel fotogrifico. Toda fotografia representa 0 tes temunho de uma criagao. Por outro lado, cla representa 14 sempre a criago de um testemunho. 7 2 cnaces cro“ 50 As Fontes FOTOGRAFICAS £ os Estrupos Hisroricos

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