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6 O desenvolvimento sustentavel urbano Silvio Mendes Zancheti Resumo Essa aula est dividida em duas partes. A primeira apresenta o conceito de sustentabilidade na sua acep¢ao mais formal ¢ cientifica, Mostra que a sustentabilidade esté relacionada a expectativa dos sistemas € dos seus subsistemas, Discute 0 problema da aplicacao do conceito a dimenses parciais de uma sociedade, como: sustentabilidade econdmica ou social. A segunda traz a apresentacio do conceito de desenvolvimento sustentavel e das idéias basicas que o compoem. Mostra que DSé um conceito em construcao, resultante de um processo social voltado para implantar uma nova forma de desenvolvimento econdmico, politico e cultural que entenda a natureza e a cultura como uma parceira endo uma ameaca. Apresentacdo das estratégias basicas das novas politicas de de- senvolvimento para caminhar em djrecio ao DS, Necessidade de ver o DS como um processo de transformagao cultural. Conceito de cidade sustentavel e apresentagio da Agenda 21 Conceitos Sustentabilidade, resiliéncia e capacidade de carga, de- senvolvimento sustentavel, sustentabilidade restrita, ci- dades sustentaveis e Agenda 21 1. Oconeeito de sustentabilidade A definigao basica de sustentabilidade é: “(Uym sistema sustentivel 6aquele que sobrevive ou persist.” (Costanza, Patten, 1995). Existe um problema de preciso com essa definigio: qual é sistema, por quanto tempo o sistema persistee quando se pode averiguar se sistema persistiu? Qual é 0 sistema, ou 0 subsisiema que esta sendo avalia- do? Porexemplo, em uma cidade, é0 todo da mesma que sera sustentivel ou somente um bairro? Na cultura, 0 sis- tema sustentavel refere-se a alta cultura artistica ou a0 folclore? Nos sistemas sociais, como cidades, paises e cculturas, serd sempre essencial precisar que conjunto esta em questao. O desenvolvimento sustentavel somente po- deed ser atingido com um alto grau de interdependéncia centre os subsistemas. Um subsistema sustentavel pode significar a nao-sustentabilidade do outro. Quanto tempo? Os sistemas nascem, vivem e morrem. Por quanto tempo se avalia a sustentabilidade? Nao se pode imaginar em sistemas que sejam eternos. A sustentabilidade é um objetivo, que deve ter uma referén- ia de duracio. Os subsistemas ecoldgicos tém uma ex- pectativa de vida. Por exemplo, a expectativa de vida hu- ‘mana na América Latina é menor que 70 anos. Se as pes- soas passarem a viver mais que 70 anos, pode-se dizer quea sustentabilidade do sistema aumentou. Nocaso de sistemas sociais complexos, 6 dificil precisar a expectativa de vida, como 6 0 caso de uma cidade. Roma tem mais de 2000, anos mas a antiga cidade grega de Pérgamo morreu. Quan? A sustentabilidade de um sistema somente pode ser comprovada depois de sua scorréncia, isto-€, nao se pode saber se um sistema sera sustentavel se o tempo de sua vida nao tiver ainda ocorrido, Assim, sustentabilidade sempre um conceito'de previsio, algo que podera ocar- rer no futuro. Para melhorar a sustentabilidade de um sistema, serd necessario, portanto, criar mecanismos de previsio dos impactos de aces internas e externas sobre ‘omesmo, e conseguir reduziro grau de incerteza associa- doa essas acdes “(Space & Time Scale ‘sustainable systeme across a range of time & space scl uurcustainable systems ‘cell organism population economic system planer Sustaynability as scale time and space) dependent concepts A figura acima mostra um grafico que relaciona a sustentabilidade de varios ipos de sistemas (organismos) segundo duas escalas: x espaco e tempo, e y~ da expecta- tiva de vida do sistema . Os sistemas que vivem mais que sua expectativa sao sustentavels (Area esctira do grafico). A linha que separa a area escura da clara define o limite da sustentabilidade dos sistemas, ‘Siloio Mendes Zancheti ‘Uma célula (Cell) vive pouco. Ela tera uma expectativa de vida menor que ado individuo que a contém. Se ela durar pelo menos asua expectativa de vida, ela esté contribuindo paraasustentabilidade do individuo. Na média, as élulas deve durar_o que se espera, no caso contrério estardo comprometendoasustentabilidade do individuo. Entretan- to, expectativa de vida do individuo é muito maior quea média de expeciativa de vida de suas células, 3s sistemas hierarquicamente superiores tem tendéncia a durarmais que as expectativas dos subsistemas queo com- ‘poem, Entretanto, se todos os subsistemas mormem aomes- mo tempo, mesmo ultrapassandoa sua expectativa de vida, sistema superior desapareceré. Uma populacio para ser sustentivel, deve durar sua expectativa de vida, que é,ne- ‘cessariamente maior que a expectativa de seus individuos. Em nivel de planeta, a expeciativa de vida € quase inimagindvel, eespera-se que o mesmo dure um perfodo pr6- ximo da sua expectativa .. No caso de sistemas menores, ecossistemas ou sistemas econdmicos,asua sustentabilidade depender4 da permanéncia dos seus subcomponentes, se- sgundo a sua longevidade esperada, mas no 96 desse fato. ‘Assim a sustentabilidade de sistemas complexos depende da dos seus subsistemas componentes organizadas em ni- ‘chos, um no interior do outro. Mais formalmente: “Lm sisieniné sustentve see somente se le persiste ens seu est- dode comportamerto nontina (esperndo) tanto ou mais que dade riatural, ou expectativa de vida; e nem a iabilade de urna componente on subsistema, calclado por de longevidade,assegurn a sustentailidade de nm ive! superior.” (Costanze, Patten, 1995). sistema de A aplicagdo desse critério 6 importante quando se refere & sustentabilidade parcial de sistemas sociais. E muito o- mum, hoje em dia, verem-se expresses como sustentabilidade econdmica, social, cultural ou ambiental Uma sociedade sera sustentavel, segundo occonceito de de- senvolvimento sustentavel, em sua totalidade. O sisterna econdmico de uma sociedade pode estar se reproduzindo segundo stias caracteristicas e durando a sua expectativa de vida. Entretanto, ele depende do uso de recursos natu- rais quendo estéo durando o que era esperado, isto, esto sendo dilapidados. O mesmo ocorre com o conceito de sustentabilidade social. Uma sociedade injusta e desigual pode reproduzi-se por muito tempo, No entanto, a sustentabilidade do pafs somente podera ser atingida se essa sustentabilidade social tenha fim, isto é, que 0 istema social possa sair do seu estado de comporta- ‘mento nominal, diminuindoa longevidade dos subsistemas de grupossociais que exploram economicamente a maioria dos outros grupos. 2. Conceitos auxiliares de sustentabilidade como resiliéncia Osconceitos de resiliéncia e capacidade de carga sto muito Litilizados para explicar o que seja sustentabilidade ambiental Resiléncia descreve a capacidade de o sistema ambiental ‘manter sua estrutura e padrao de comportamento diante de distarbios ou impacto externo (stress). Por exemplo, ‘quando um rio recebe uma carga de esgoto, ele demora ‘um tempo para absorver essa carga e deixar as gua lim- ‘pas. Aqui, otempo de regeneractio determina resiliéncia, docurso d’agua. No.caso em quea carga de esgoto é mui- to alta, o rio pode nao se regenerar, sendo rompida a resiliéncia do sistema. Capreidade de carga define o limite que um processo de desenvolvimento , ou crescimento, pode ser suportado por um determinado tersit6rio ou sistema ambiental. Por exer plo, uma cidade abastecicla por um rio teré o tamanho da sta populagdo e o volume de suas atividades limitadas pela capacidade cle producio d’agua do rio na sua esta- ‘clo mais seca. Os sistemas ambientais construfdas pelo homem tém capacidades de carga que variam muitocom © tempo. A tecnologia in‘lui nesse comportamento. As- sim, uma cidade pode ser adensada, sem aumentar acar- ga deesgoto no rio, se novas redes coletoras.e estacoes de tratamento eficientes forem construidas. 3, Distingao entre crescimento econdmicoe DS © crescimento de sistemas econdmicos significa a expan- so quantitativa do produto social, no tempo. Ocrescimen- to econdmico susentivel sera, portanto, aquele capaz de fa- zer crescer 0 procisto, sem sofrer ameagas de “feedback” negativos do meio ambiente (natural, cultural e politico), isto &, nao é previsivel que a expansio encontre obstacu- Jos vindos do meio ambiente ou pela exaustio de seus recursos. A sustentabilidace econdmica exprime, portanto, acapa~ cidade de um sistema se reproduzir no tempo, de forma simples ou expandida, a saber, mantendo ou ampliando as stas caracteristicas qualitativas e quantitativase utili- zando os seus recursos sem dilapidé-los. A sustentabilidade pode estar relacionada ao crescimento quantitative do sistema, Oconceito de desenvolvimento econdmico foi elaborado nos anos 60 para exprimir o processo de crescimento que vem acompanhado de um processo distributive do produto ‘economico. Atualmente, oconceito de desenvolvimento sustentavel subs- titi ode desenvolvimento econbmico, para expressar que 2 utilidade dos individuos, ou 0 bem estar social ‘per ‘capita’ est crescendo com o tempo, ou os indicadores de desenvolvimento esto crescendo com o tempo, no con- junto de suas cinco dimensdes (ver ite 5). 4, O conceito de desenvolvimento sustentavel (DS) ‘O conceito mais usado de DS foi elaborado, em 1987, pela Comissio Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi- mento, e expresso no Capitulo 2 do livro “Nosso Futuro Coniwnt” (Relatorio Brundtland): 6 “0 desenvolvimento sustenbiee! éaquele que ntensesis necesside- des do presente sen comiprometer a possibilidade de as geraches uturasatederent asus propria necessidades, Ele contén dois conceitos-chawes: * oconceite de ‘necessidade’, sobretud as necessidades essenciais los pobres do muni, que deer receber a muxime priovidade; + a nogio das limitagdes que o estigi da tecnologia een organiza- io socal pie ac meio ambiente, impedindo-o de atender as ecessitades preseniese teas.” (Nosso Futuro Comin, 1991:46). ‘Dues caracteristicas sao fundamentais nesse conceito. Pri- ‘meiro,oD86uma buscr, Nao é possivel afirmar queo DSde ‘um pats pode ser alcancado em pouco tempo, nem que s¢ fenha um referencial preciso para avaliar o“ gra” deDSde ‘um pais, Naoexiste ainda esse referencial. DSéum conceito cemonstrugdo, Nao se abe ainda o que sea uma economia, ‘uma politica ou uma cultura sustentavel, mas sabe-se quea sustentabilidade é um processo multidimensional que ain- da deve ser desvendado pela ciencia. Segundo, © DSnéo podeser alcancado por um pais. DSéum processo que requer a colaboragio de varios paises para a solugao dos prablemas interligados do desenvolvimento. Essas dus caracteristicas atuais do processo de desen- volvimento sustentavel impdem que a formulacdo de po- Itticas, programas, planose projetos de desenvolvimento estejam no marco de uma sustentabilidde restrita, isto €, ‘uma sustentabilidade parcial, no fempo.e no espaco, que pode contribuir para um proceso de longo prazo. Oconceito deDS é uma sintese de compromisso entre vari- os conceitos formulados no ambito do proceso ce desen- volvimento do pés-guerra. Quatro deles so fundamentais. O de desenvolvimento: o crescimento da riqueza e sua dis- tribuigko de forma maisjusta CO ite necessidade: 0 que 6 necessario para as pessoas varia no tempo eno espaco. F dificil precisar o que sera neces- sério para as geragdes futuras. O de preserongio da natureza: a natureza tem uma capacida- de deregeneragio limitada face ao crescimento econémi- co e populacional dos paises, dentro dos padroes tecnoldgicos da atualidade, Esta claro que ¢ preciso dimi- auir a degradagio dos grandes ecossistémas da Tetra, ide trausmisato de riqueza: as getagées atuais entendem bbuscam deixar para seus hercieiros, pelo menos, 0 atual padrao de riqueza de valores (econémicos, politicos, cul- furais e ambientais), acumulacos ao longo de séculos de civilizacho. ‘© compromisso de varios conceitos na sintese do DS le- vvanta sérios problemas de decisio politica e econdmica. Porexemplo: + Ocrescimento econémico pode ser sustentével para to- dos, quando se quer manier 0 padrao de qualidade de vida | alcancado por grupos sociais, ou por pafses com graus Gestio do Patriménio Cultural Integrado diferentes de desenvolvimento econdmico? * Qual valor da natureza, hoje, edaquela quese val deixer paras préximas geracées, sea percepgao dos valores natu: | ais tem mudado muito ao longo dos tltimos 50 anos? Fasas perguntas néo podem ser respondidas de imediato. Flas dependem da construgéo do DS e de seu conceit. ‘Apesar da “fragilidade” do conceito de DS, a sua forca ¢ tevidente, pois se tomnou tm paradigma para a formulagao da maioria das politicas locais, nacionais e intenacionais de desenvolvimento. Uma das caracteristicas sélidas do conceito esta na idéia de possbildades futures, ow seja: Inf tumia politica de deservotvimentoatualHitar as possbilidades de agio das geracées futuras? Existe, por tras do conceito de DS, uma nova postura éten que procura gavantir aequidade nite as pessoas © grupos da mesina geracao (equidade intrageracioncl) e entre as geracdes (equidadte intergeracions. 3, As dimensbes do DS CO desenvolvimento sustentavel é um conceilo que requer uuma andlise multidimensional das sociedades. Quatro i- ‘mensbes so as principais para a sua compreensd0:@ €co- nnomica, a politica, a social, a ambiental ea cultural, A dimensio econdnien trabalha, cie modo qualitativo equan- titativo, com o processo de producéo, distribuigao econ- sumo do produto social, Ela trata, também, dos modos e processos de como 0 produto é gerado, isi ¢ incorporaa anélise da ciéncia ¢ da tecnologia e sua relagéo com 2 natureza. ‘A dimensio politica trabalha com os processos de relacio- namento humano e grupal, especialmente dos processos de decisdes sobre a economia ¢ uso dos recursos indivi- dhiaise coletivas de uma sociedade. Ela analisa como sao testabelecidas as relacdes de poder e de hierarquia social, ‘bem comoas formas de organizacao da tepresentacio de interesses, visdes de mundo utopias de individuos e gru- posem uma sociedade. ‘A dimensi social ¢ uma dimensto subordinada, segundo a viséo dos analistas marxistas, pois ela expressa a quali- dade de vida relativa dos individuos ¢ grupos em uma dada sociedade. Portanto, ela € derivada dos processos teconémicase politicos. Enquanto instrumento de andlise, ela éuma dimensao importante, pois caracteriza estados de uma sociedade e de seus grupos. ‘A dimensto ambiente trata da forma como os individuos e grupos sociais véem e agem sobre anatureza, segundo as Gimensdes econdmica, politica ecultural. Essa dimensao esté profundamente interligada a cultural, pois depende da forma de representagab da natureza como entidade dependente/independente dos homens. A dimensio cultural trata das concepgdes ¢ das representa ‘Goes que os individuos eos grupos fazem de sua insergio tna sociedade e da sociedade como um todo. Fla esta pro- fundamente ligada as questées do espago (lugar, pais, na- ‘A, cidade) edo tempo (hist6ria, meméria, pasado, pre- sentee futuro), dos simboles (lingua, leis, imagens, religi- des, artes) e representacies simbélicas (festas, cddigos de ica, ritos), Ea dimensao que se sabrepée a todos as ou- tras, pois a economia é um modo de estabelecer relacées sociais com base em um valor, (o monetério), a politica € um modo de organizar as hierarquias de poder eas repre- sentacies relativas cos grupos sociais segundo leis e de tratar com o meio ambiente, pois é a forma como o ser humano vée se telaciona com 0 mundo natural. 6. A Agenda 21 Para a realizagao desse processo de implementacao do DS, em escala internacional, a 2 Conferéncia Geral das Nagoes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento claborou um documento base que serve de guia para as discussoes e para acriacao de estratégiase politicas na onais de desenvolvimento: a Agenda 21, Os paises signa Marios da Agenda 21 se comprometema formular politicas nacionais, regionais ¢ locais de desenvolvimento basea- das nas recomendacdes contidas no documento, ajusta- das is suas especificidades locais. A Agenda 21 tem orientado a colocacao em pritica dos Préceitos globais do desenvolvimento sustentavel em vi- ios paises (especialmente os europeus) ¢ a formacao de redes de cooperacao internacional e interinstitucionais, No Brasil, a Agenda 21 tem sido discutida em nivel das Politicas nacionais, estaduais e mesmo municipais, Nos liltimos anos, o Governo Brasileiro promoveu estudos ¢ discusses para a elaboracao de uma versao brasileira da Agenda. Em alguns Estados, foram criadas comissdes para claborar propostas de Agenda estadual. A grande novi- dade esta em que também alguns municipios tém procu rado criar Agendas locais. 7. O desenvolvimento sustentavel urbano A ideia de DS tem uma aplicagao clara para os processos de desenvolvimento de grandes unidades territoriais, como um pais ou uma regid0, Contuco, quando se fala do desenvolvimento sustentavel de uma cidade, a sustentabilidade fica dificil de ser definida. A cidade um sistema complexo eaberto, isto é um sistema com mui= {as variaveis e com um elevado grau de interacao interna cexterna ao sistema, no qual as varidveis esto em cons- {ante transformagao. A sustentabilidade de uma cidade sera um processo que dever4 tratar das relacdes internase externas do sistema que a compoe. Alguns modelos tesricos cle sustentabilidade foram cria- dos para auxiliar © desenvolvimento do coneeito de sustentabilidade urbana e tomé-lo mais aplicavel. Todos Partem da premissa de que a sustentabilidade da cidade significa um sistema que se valoriza e utiliza, de marveira ssustentavel, os recursos contilos em seu territorio, Tam- ‘bem se complementa essa proposicio com uma caracte- ristica ‘pro-ativa’, que associa a sustentabilidade a uma tendéncia dos agentes urbanos em criarem seus proprios recursos a partir do potencial existente no territr cidade. A postura permanente, ede larga aceitacao os agentes sociais locais, de geracao de recursos (h nos, finaneeiros, organizacionais, culturais e outros) + define entao a sustentabilidade da cidade, ou de cic sustentiveis Dois problemas| estao associados a essa idéi sustentabilidade urbana, Primeiro, nenhuma cidade pode ser sustentavel inde dentemente, pois ela ndo podera gerar todos 0s rect: de que necessita, Assim, uma cidade sustentavel som Pode existir em relagao com outras cidades, que ope na forma de rede de cooperacio, Segundo, mesmo operando em redes de cooperacai cidades produzirao trocas desiguais de recursos (aq tao do valor, novamente), pois elas possuem bases ¢ tenciais de recursos diferenciados, e a sustentabilid de partida de cada cidade na rede sera diferente. Para sistema de cidades em rede, possa operar de modo= tentavel e equilibrado, sera necessério que estejam 1 sentes mecantismos compensatérios das trocas desiguait recursos. Assim, a sustentabilidade das cidades dep deré muito de sistemas de gestio intra e inter-urbane natureza complexa e multissetorial A cidade sustentavel é um conceito queexerce grande at gio sobre os gestores ¢ planejadores urbanos, mas a implementacao é muito dificil no mundo real. Existem d tipos de problemas: 0 de como passar da formulacao ge de CS, como a realizada acima, ¢ o de como tor ‘operacional oconceito, de modo aque permita trabalhe questo multidimensional, ou multissetorial nas cidad A questo conceitual de CS tem sido muito discutida, Fx tem varias formas de interpretacdo, muitas segundo pe pectivas dimensionais restritas. Em um trabalho recet (Acselrad, 1999), foram identificadas trés matriz discursivas da sustentabilidade urbana, que sao expe tasa seguir, Representa tecno-material: essa matriz aborda, princips mente, 0s aspectos materiais e energéticos das cidades suas inter-relacdes com a vida social, econdmica e cult ral, do ponto de vista da tecnologia, A cidade vista con uum sistema material dindmico (espacos, construcdes, m {erias-primas), na qual os seus estados sio transformade or fluxos energéticos. E 0 caso, por exemplo, da ‘ec nergia’ que procura tornar a cidade uma entidade mene consumidora e degradadora da energia, especialmente f6ssil. No ‘equilibrio metabolico’, a cidade ¢ vista com tum sistema dinamico desequilibrado, segundo o model do metabolismo dos oFganismos vivos. Osdesequilibrio, ua insustentabilidade urbana, estaria sendo gerada pel ineficiente locagao dos bens materiais (edificios, infra e« ‘tuturas, equipamentos de uso coletivo, etc), da concent: so ot dispersio dos habitantes e dos seus movimentos, da forma de utilizacao energética dos mesmos. Qualidade de vida: essa matriz privilegia a ideéia de ‘asceticismo e pureza’ da cidade, no sentido de condi- «goes ambientais que favorecam a vida “biolégica’, social cultural dos seres humanos (e dos outros seres vivos). ‘Os temas abordados de sustentabilidade das cidades gi- ram em torno da satide e saneamento (cidades sauda- ‘eis), da qualidade dos recursos natura (ar, gua esol0), da oferta de espacos (livres, vegetados, éreas construidas, ttc) edos espacos urbanos (pracas, ruas, mobiliario), das representagoes ¢ identidades culturais e da qualidade eatatica da cidade, A sustentabilidade é vista como um processo dethumanizacio’ da cidade, no qual os fatores Tequalidade seriam determinantes nas politicas de trans- formacio. Legitintdade das pliticns piblcas: essa matriz favorece os aspectos politicos da cidade. Essa é vista como um orga- Aismohumano coletive que deve ser organizado e trans- Jormado segundo regras democraticas de consenso sobre 2 aplicacao de fundos publicos. Nessa viséo, a insuotentabilidade esta associada a incapacidade do po- tjerpabliceedosistema de gestaoe representasio Poll ce criar mecanismos participat6rios que possibilitem s resolugao de conflitos entre grupos sociais, no processe aealocacdo de recursos pablicos para. transformacso ¢ se trutengao da cidade. Assim, o governo da cidade ¢ anaficionte, porque desperdica funds pablicos ne Pro” sacle gestao, e ineficaz porquendo consegue lends so ee eSidades dos habitantes das cidades. Os Governantes tornamse, pois, legtimos frente 3p! a pliea, por nao poderem cumpris seus objetives come representantes publices, Do ponto de vista da implementacio de politicas dea Frorganizagao dos sistemas de gestao urbana. APC eer ea central. A multidimensionatide da

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